Ašipu
Na antiga Mesopotâmia, os ašipu (também āšipu ou mašmaššu) atuavam como sacerdotes. Eram estudiosos e diagnosticavam e procediam ao tratamento no vale do Tigre e do Eufrates (hoje Iraque) por volta de 3200 a.C.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Os textos ritualísticos e de encantamentos sumérios e acadianos estavam associados a uma profissão específica, o especialista era chamado em acadiano āšipu ou mašmaššu, que se traduz como “exorcista”.[3] O registo cuneiforme formou a tradição da sua prática, traduzindo āšipūtu como “sabedoria exorcística” ou, simplesmente, “magia”. Schwemer explica que a própria tradição babilónica "considerava este corpus de textos como sendo de grande antiguidade, escritos em última instância pelo próprio Enki-Ea, o deus da sabedoria e do exorcismo".[3]
Especialização
[editar | editar código-fonte]Alguns descreveram os ašipu como especialistas em magia branca.[4] Naquela época, as ideias de ciência, religião e bruxaria estavam intimamente interligadas e formavam a base do ašiputu, a prática usada pelos ašipu para combater a feitiçaria[5] e curar doenças.[6] Os ašipu estudavam presságios e sintomas para formular uma previsão do futuro para um sujeito e então realizavam rituais apotropaicos na tentativa de mudar o destino a seu favor.
Funções e tarefas
[editar | editar código-fonte]Asipu dirigia o tratamento médico na corte assíria, onde previam o curso da doença a partir de sinais observados no corpo do paciente e ofereciam encantamentos e outras magias, bem como os remédios indicados pelo diagnóstico.[7]
Os Ašipu visitavam as casas dos doentes e tinham a tarefa de prever o futuro do paciente (por exemplo, ele viveria ou ela morreria) e também de preencher detalhes sobre os sintomas que os pacientes podem ter desconsiderado ou omitido.[8] O objetivo da visita era identificar o remetente divino da doença com base nos sintomas duma determinada doença.[9]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Black & Green (1992), pp. 83, 102.
- ↑ McIntosh (2005), pp. 273–76.
- ↑ a b Schwemer (2014).
- ↑ Kuiper (2010), p. 178.
- ↑ Abusch (2002), p. 56.
- ↑ Brown, Michael (1995). Israel's Divine Healer. [S.l.]: Zondervan. 42 páginas
- ↑ Oppenheim (1977), p. 304.
- ↑ Horstmanshoff (2004), p. 39.
- ↑ Horstmanshoff (2004), p. 99.
Trabalhos citados
[editar | editar código-fonte]- Abusch, Tzvi (2002). Mesopotamian Witchcraft: Toward a History and Understanding of Babylonian Witchcraft Beliefs and Literature. [S.l.]: Brill Styx. ISBN 978-9004123878
- Black, J.; Green, A. (1992). Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia: An Illustrated Dictionary. [S.l.]: The British Museum Press. ISBN 978-0-7141-1705-8
- Horstmanshoff, Herman (2004). Magic And Rationality In Ancient Near Eastern And Graeco-roman Medicine. [S.l.: s.n.]
- Kuiper, Kathleen (2010). Mesopotamia: The World's Earliest Civilization. [S.l.]: The Rosen Publishing Group. ISBN 1615301127
- McIntosh, J. R. (2005). Ancient Mesopotamia: New Perspectives. Santa Barbara, California, Denver, Colorado, and Oxford, England: ABC-CLIO. ISBN 978-1576079669
- Oppenheim, Leo (1977). Ancient Mesopotamia: Portrait of a Dead Civilization. [S.l.]: University of Chicago Press. ISBN 0226631877
- Schwemer, Daniel (2014). «Healing and Harming: Mesopotamian Magic». www.phil.uni-wuerzburg.de. Consultado em 21 de setembro de 2023