Exército da Aliança Democrática Nacional de Myanmar
Exército Nacional da Aliança Democrática de Mianmar (birmanês: မြန်မာအမျိုးသား ဒီမိုကရက်တစ် မဟာမိတ်တပ်မတော်), também conhecido como Exército da Aliança Democrática das Nacionalidades de Mianmar e Exército de Kokang, é um grupo insurgente de inspiração comunista da região de Kokang, Mianmar (Birmânia).[1] O exército existe desde 1989, tendo sido o primeiro a assinar um cessar-fogo com o governo birmanês que durou cerca de duas décadas.[2][3]
História
[editar | editar código-fonte]O exército foi formado em 12 de março de 1989, depois que o líder local do Partido Comunista da Birmânia (PCB), Pheung Kya-shin (também escrito Peng Jia Sheng ou Phone Kyar Shin), insatisfeito com os comunistas, separou-se e formou o Exército Nacional da Aliança Democrática de Mianmar.[4] Junto com seu irmão, Peng Jiafu, basearam a nova unidade em Kokang.[5] A força do exército é entre mil e quinhentos e dois mil homens.[5]
Os rebeldes logo se tornaram o primeiro grupo a concordar com um cessar-fogo com as tropas do governo. Assim, o governo birmanês refere-se à região de Kokang, controlada pelo grupo, como "Região Especial do Estado de Shan #1", indicando que o grupo foi o primeiro na área do Estado de Shan a assinar um acordo de cessar-fogo.[4] Após o acordo, a área passou por uma explosão econômica, com o grupo e as tropas regionais das Forças Armadas de Mianmar (Tatmadaw) beneficiando financeiramente do aumento das colheitas de ópio e do refino de heroína.[6] A área também produz metanfetamina.[7] O EADNM e outros grupos paramilitares controlam as áreas de cultivo, tornando-o um alvo fácil para o tráfico de drogas e grupos de crime organizado.[7] O Peace Myanmar Group é usado para lavar e reinvestir os lucros do comércio de drogas do grupo na economia legal.[8]
Incidente de Kokang de 2009
[editar | editar código-fonte]Em agosto de 2009, o Exército da Aliança Democrática Nacional de Mianmar se envolveu em um violento conflito com as forças armadas de Myanamar. Este foi o maior surto de conflitos entre os exércitos étnicos e as tropas do governo desde a assinatura do cessar-fogo, vinte anos antes.[9]
Como resultado do conflito, o grupo perdeu o controle da área e cerca de trinta mil refugiados fugiram para a província de Yunnan, na vizinha China.[10]
Ofensiva de 2015
[editar | editar código-fonte]Em 9 de fevereiro de 2015, o grupo tentou retomar a Zona Autônoma de Kokang, que estava sob seu controle até 2009, e entrou em choque com as forças do governo birmanês em Laukkai. Os confrontos deixaram um total de 47 soldados do governo mortos e 73 feridos. Após vários meses de conflitos ferozes, os insurgentes de Kokang não conseguiram retomar a área. Após o incidente, o governo da China foi acusado de dar assistência militar aos soldados étnicos Kokang.[11]
Confrontos de 2017
[editar | editar código-fonte]Em 6 de março de 2017, os insurgentes do grupo atacaram postos policiais e militares em Laukkai, resultando na morte de trinta pessoas.[12][13]
Referências
- ↑ «Myanmar. Uma manta de retalhos de etnias e conflitos». Rádio Renascença. 28 de novembro de 2017
- ↑ Ethnic group in Myanmar said to break cease-fire. Associated Press. 28 de agosto de 2009.
- ↑ Fredholm, Michael (1993). Burma: ethnicity and insurgency. Praeger. p. 205. ISBN 978-0-275-94370-7.
- ↑ a b South 2008, p. 140.
- ↑ a b Rotberg 1998, p. 169.
- ↑ Skidmore; Wilson 2007, p. 69.
- ↑ a b Shanty; Mishra 2007, p. 70.
- ↑ A Failing Grade: Burma's Drug Eradication Efforts (PDF). [S.l.]: Alternative ASEAN Network on Burma. 2004. ISBN 978-9749243343
- ↑ Johnston, Tim (29 de agosto de 2009). «China Urges Burma to Bridle Ethnic Militia Uprising at Border». The Washington Post (em inglês). Cópia arquivada em 8 de maio de 2019
- ↑ Mullen, Jethro; Mobasherat, Mitra. «Myanmar says Kokang rebels killed 47 of its soldiers». CNN (em inglês). Cópia arquivada em 11 de abril de 2019
- ↑ «Myanmar Kokang Rebels Deny Receiving Chinese Weapons» (em inglês). 13 de fevereiro de 2015. Consultado em 22 de maio de 2019. Cópia arquivada em 11 de maio de 2019
- ↑ «Deadly clashes hit Kokang in Myanmar's Shan state». www.aljazeera.com (em inglês). Consultado em 9 de março de 2017. Cópia arquivada em 22 de março de 2017
- ↑ «Myanmar rebel clashes in Kokang leave 30 dead». BBC News (em inglês). 6 de março de 2017. Consultado em 9 de março de 2017. Cópia arquivada em 8 de maio de 2019
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Rotberg, Robert (1998). Brookings Institution, ed. Burma: prospects for a democratic future. [S.l.: s.n.]
- Shanty, Frank; Mishra, Patit Paban (2007). ABC-CLIO, ed. Organized crime: from trafficking to terrorism. [S.l.: s.n.]
- Skidmore, Monique; Wilson, Trevor (2007). ANU E Press, ed. Myanmar: the state, community and the environment. [S.l.: s.n.]
- South, Ashley (2008). Taylor & Francis, ed. Ethnic politics in Burma: states of conflict. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-203-89519-1