Retificador de onda completa
Um retificador de onda completa ou um retificador em ponte é equivalente a dois retificadores de meia onda voltados um de costas pro outro, com um retificador controlando o primeiro semiciclo e o outro o semiciclo alternado. Por causa do enrolamento do secundário com derivação central, cada circuito do diodo recebe apenas metade da tensão do secundário.[1] O circuito melhora o nível de CC a partir de uma entrada senoidal em 100%. O circuito empregado para realizar tal função é o que utiliza quatro diodos e uma ponte.[2]
Funcionamento
[editar | editar código-fonte]Este circuito é também denominado de retificador de onda completa convencional. Há uma defasagem de 180º entre as tensões de saída do transformador, VA (uma das duas saídas do trafo) e VB (outra das duas saídas do trafo). As tensões VA e VB são medidas em relação ao ponto C (0 V). Quando A é positivo, B é negativo, a corrente sai de A passa por D1 (diodo) e por RL (carga) e chega ao ponto C. Quando A é negativo, B é positivo, a corrente sai de B passa por D2 (diodo) e RL (carga) e chega ao ponto C. Para qualquer polaridade de A ou de B a corrente IL (corrente de alimentação da carga) circula num único sentido em RL e por isto, a corrente em RL é contínua. Temos somente os semiciclos positivos na saída. A freqüência de ondulação na saída é o dobro da freqüência de entrada.[3]
A ondulação na saída do circuito retificador é muito grande o que torna a tensão de saída inadequada para alimentar a maioria dos circuitos eletrônicos. É necessário fazer uma filtragem na tensão de saída do retificador. A filtragem nivela a forma de onda na saída do retificador tornando-a próxima de uma tensão contínua pura que é a tensão da bateria ou da pilha. A maneira mais simples de efetuar a filtragem é ligar um capacitor de alta capacitância em paralelo com a carga RL e normalmente, utiliza-se um capacitor eletrolítico. A função do capacitor é reduzir a ondulação na saída do retificador e quanto maior for o valor deste capacitor menor será a ondulação na saída da fonte.[4]
Sempre depois da filtragem aparece uma tensão de ripple que é o componente de corrente alternada que se sobrepõe ao valor médio da tensão de uma fonte de corrente contínua. Quanto maior a capacitância do capacitor usado na filtragem menor será essa tensão que aparece. A filtragem para o retificador de onda completa é mais eficiente do que para o retificador de meia onda. Em onda completa o capacitor será recarregado 120 vezes por segundo. O capacitor descarrega durante um tempo menor e com isto a sua tensão permanece próxima de VP até que seja novamente recarregado. Quando a carga RL solicita uma alta corrente é necessário que o retificador seja de onda completa.
O PIV (tensão de pico inversa do diodo) é de grande importância no projeto de sistemas de retificação, pois a tensão máxima nominal do diodo não deve ser ultrapassada, logo, para a configuração em ponte este deve ser maior ou igual à tensão máxima. Entretanto, para a configuração com derivação central, o PIV deve ser no mínimo duas vezes maior que a tensão máxima, pois deve ser levado em conta a tensão do secundário e da resistência somados.
Comparação entre diferentes circuitos retificadores
[editar | editar código-fonte]Retificador de meia onda
[editar | editar código-fonte]O circuito retificador de meia onda é composto por um único diodo acoplado na saída de um transformador. Graças a essa configuração, após a passagem pelo diodo, observam-se somente semiciclos positivos, pois durante o semiciclo negativo a tensão na carga é nula.[5]
A corrente de carga se anula em cada ciclo de funcionamento do retificador, nesta situação a condução é dita descontínua. Se a corrente na carga não se anula antes do inicio do próximo ciclo, a condução é dita contínua. O fato de a condução tornar-se contínua ou descontinua, é conseqüência da constante de tempo da carga. Para constantes de tempo elevadas (L muito grande) a condução poderá ser contínua.[6]
Por não possuir mais a parte negativa da onda, o sinal de saída, retificado, agora tem um valor resultante médio positivo determinado por: 0,318*tensão maxima.
A desvantagem principal do circuito retificador de meia onda está justamente no fato de apresentar um fator de ondulação não satisfatório.
Retificadores de onda completa
[editar | editar código-fonte]Nos retificadores de onda completa, a conexão dos diodos pode ser de duas maneiras, resultando em dois tipos de retificadores com características distintas: com center tap e em ponte.[5]
Ao contrário do retificador de meia onda, estes não apenas cancelam a parte negativa da onda como também a projetam para a parte positiva do gráfico, assim a frequência de saída é duas vezes maior que a de entrada. Desse modo, o sinal de saída possui um valor resultante médio igual ao dobro do retificador de meia onda: 0,636*tensão máxima.
Retificador com derivação central
[editar | editar código-fonte]Esse tipo de retificador utiliza um transformador com tomada central (center tap). Os diodos são ligados em cada uma das saídas opostas ao center tap e, como resultado, obtêm-se duas tensões defasadas de 180° entre si.[5]
O Circuito também é conhecido como retificador em antifase, devido ao posicionamento dos pontos em relação à derivação central, no secundário do transformador. Cada diodo conduz durante um dos semiciclos da rede elétrica, conforme seja a tensão positiva de seu secundário.[7]
Retificador em ponte
[editar | editar código-fonte]Essa configuração é diferente do retificador de meia onda, que utiliza apenas um diodo. Num retificador de meia onda, o semiciclo negativo tem sua passagem da corrente interrompida devido ao diodo, que só permite a passagem de corrente em um só sentido. Com a estrutura em ponte, os dois semiciclos (positivo e negativo) conseguem ter sua passagem de corrente.[8]
O retificador de onda completa não necessita de transformador com tomada central e utiliza quatro diodos. A tensão de entrada (V1) pode ser tanto a tensão da rede como a do secundário de um transformador. Observando a tensão senoidal aplicada na entrada, pode-se perceber que, durante o semiciclo positivo da tensão de entrada, os diodos D2 e D4 estão polarizados diretamente e os diodos D1 e D3 cortados.[5]
As oscilações que aparecem na tensão sobre a carga, denominam-se “ripple”. Este ripple de tensão pode ser reduzido com a inclusão de um filtro capacitivo, normalmente um capacitor eletrolítico de alto valor em paralelo com a carga.[6]
Uma das poucas desvantagens do retificador em ponte é a queda de tensão adicional por causa do uso de mais diodos, pois enquanto o retificador com derivação central perde apenas 0,7 V com relação à onda de entrada, no retificador em ponte os diodos consomem 1,4 V da tensão inicial.
As vantagens do retificador em ponte são saída em onda completa, tensão ideal de pico igual à tensão de pico do secundário e não necessitar do enrolamento secundário com tomada central. Essas vantagens fizeram do retificador em ponte o projeto mais popular de retificador. Muitos equipamentos usam o retificador em ponte para converter a tensão CA da linha em uma tensão CC adequada ao uso dos dispositivos semicondutores.
Aplicações
[editar | editar código-fonte]A maioria dos sistemas eletrônicos,como os aparelhos de televisão,DVD e computadores,precisa de uma fonte de alimentação cc(corrente contínua) para funcionar corretamente. Como a energia elétrica disponível é em tensão alternada,a primeira providência que deve-se ser tomada é a conversão da tensão da rede elétrica ca(corrente alternada) em uma tensão cc. A obtenção de corrente contínua, a partir da corrente alternada disponível, é indispensável nos equipamentos eletrônicos. Estes, invariavelmente, possuem um ou mais circuitos chamados Fontes de Alimentação ou Fontes de Tensão, destinados a fornecer as polarizações necessárias ao funcionamento dos dispositivos eletrônicos. [9]
A parte do sistema eletrônico que produz a tensão cc é chamada de fonte de alimentação.Dentro da fonte de alimentação estão os circuitos que fazem a corrente circular em apenas um sentido,os retificadores. No Brasil,as concessionárias de energia elétrica fornecem tensões nominais de linha de 127V rms(Volts Root Mean Square) em algumas regiões e 220V rms em outras regiões com frequência de 60Hz. A tensão real medida nas tomadas pode variar cerca de 5% dependendo da localidade e de outros fatores.A tensão de linha é muito alta para a maioria dos circuitos usada nos equipamentos eletrônicos.É por isso que usa-se geralmente um transformador no circuito da fonte de alimentação de quase todos os equipamentos eletrônicos.O transformador baixa a tensão da linha para um nível seguro,mais adequado para o uso com diodos,transistores e outros dispositivos a semicondutores.[10]
No foco da disciplina de Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica,os retificadores possuem aplicações nos três contextos. Na geração, sua importância é permitir a integração de geradores CA assíncronos à rede, por meio de uma conversão de CA (em qualquer frequência) para CC. Ao processo de retificação segue uma conversão CC-CA e, então, uma conexão síncrona com a rede. Na transmissão, a aplicação de retificadores acontece nos sistemas de transmissão em corrente contínua, normalmente de alta tensão (HVDC). Há ainda a aplicação de retificadores na interligação de sistemas assíncronos como, por exemplo na subestação de Uruguaiana (RS) que interliga os sistemas brasileiro e argentino (50 Hz).[11]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Malvino, Albert (2014). Eletrônica-Vol.2.7 ed. [S.l.]: mcgraw-hill
- ↑ Robert L.Boylestad, Louis Nashelsky (2016). Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos. [S.l.]: Prentice Hall
- ↑ http://www.netsoft.inf.br/aulas/EAC_Curso_Eletronica_Aplicada/2__Circuitos_Retificadores.pdf
- ↑ http://www.nartlof.com/Retificadores_Tipos.aspx
- ↑ a b c d Pinto, Luiz Fernando Teixeira (2011). Eletrônica: eletrônica analógica. [S.l.: s.n.] pp. 60–68
- ↑ a b http://www.corradi.junior.nom.br/eli_2011_apo.pdf
- ↑ Almeida, Pedro (2015). «Circuitos de Aplicação de Diodos» (PDF)
- ↑ Félix, João. Retificadores monofásicos. [S.l.: s.n.]
- ↑ Frenzel Jr., Louis (2015). Eletrônica Moderna. [S.l.: s.n.]
- ↑ Malvino, Albert (2011). Eletrônica: Diodos, Transistores e Amplificadores. [S.l.: s.n.]
- ↑ Pomilio, José (2012). Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica. [S.l.: s.n.]