EDUCAR PARA EMPREENDER E INOVAR: A EXPERIÊNCIA DE UM
HACKATHON ACADÊMICO
EDUCAR PARA EMPRENDER E INNOVAR: LA EXPERIENCIA DE UN
HACKATHON ACADÉMICO
EDUCATING TO ENTREPRENEUR AND INNOVATE: THE EXPERIENCE OF AN
ACADEMIC HACKATHON
Frederico PIFANO DE REZENDE1
e-mail: fredpifano@gmail.com
Afsaneh HAMEDI D’ESCOFFIER2
e-mail: afsanehamedi@gmail.com
Marco BRAGA3
e-mail: marcobraga@namelab.education
Como referenciar este artigo:
PIFANO DE REZENDE, F.; HAMEDI D’ESCOFFIER, A. H.;
BRAGA, M. Educar para empreender e inovar: A experiência de
um hackathon acadêmico. Revista Ibero-Americana de Estudos
em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00, e024037, 2024. e-ISSN:
1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.18310
| Submetido em: 02/08/2023
| Revisões requeridas em: 20/10/2023
| Aprovado em: 20/12/2024
| Publicado em: 19/03/2024
Editor: Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Executivo: Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) e Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-RJ), Rio de
Janeiro – RJ – Brasil. Professor do Curso de Engenharia de Produção e Doutorando em Engenharia de Produção
e Sistemas.
2
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro – RJ – Brasil. Pesquisadora. Pós-Doutorado (Centro Federal
de Educação Tecnológica - RJ).
3
Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-RJ), Rio de Janeiro – RJ – Brasil. Professor do Programa de
Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas e do Programa de Pós-Graduação de Ciência, Tecnologia
e Sociedade. Pós-Doutorado (University of California Berkeley: Berkeley, CA, US).
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RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00, e024037, 2024.
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.18310
e-ISSN: 1982-5587
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Educar para empreender e inovar: A experiência de um hackathon acadêmico
RESUMO: O presente trabalho estudou um hackathon acadêmico e como as universidades
podem promover o empreendedorismo que transcenda a experiência acadêmica, considerando
a percepção de estudantes que decidiram criar uma startup. Pesquisa de natureza qualitativa,
teve como campo o evento promovido pela Universidade Texas A&M (EUA), com
componentes da COPPE/UFRJ e do CEFET-RJ. A coleta de dados aconteceu por meio de
entrevistas semiestruturadas e grupos focais. Percebeu-se que a iniciativa empreendedora foi
motivada pela experiência vivida no evento, uma vez que a universidade não ofereceu educação
para o empreendedorismo e nem suporte à iniciativa de empreender do grupo. Constatou-se que
hackathons estimulam a inovação, mas são insuficientes no fomento ao empreendedorismo.
Propõe-se um Programa de Desenvolvimento de Startups para que as universidades auxiliem o
processo de inovação, construindo estruturas de apoio para estudantes em etapas posteriores
aos eventos, fortalecendo uma formação que contemple o educar para empreender e inovar.
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Empreendedorismo. Inovação. Hackathon. Engenharia.
RESUMEN: El estudio investigó un hackathon académico y cómo las universidades pueden
promover el emprendimiento que trascienda la experiencia académica, considerando las
percepciones de los estudiantes que decidieron crear una startup. De naturaleza cualitativa, se
centró en el evento promovido por la Universidad Texas A&M (EEUU), con participantes de
COPPE/UFRJ y CEFET-RJ. La recolección de datos se llevó a cabo a través de entrevistas
semiestructuradas y grupos focales. La iniciativa emprendedora fue motivada por la
experiencia adquirida durante el evento, la universidad no ofrecía educación en
emprendimiento ni apoyo para los esfuerzos emprendedores del grupo. Se encontró que los
hackathons estimulan la innovación, pero son insuficientes para fomentar el emprendimiento.
Se propone un Programa de Desarrollo de Startups para ayudar a las universidades en el
proceso de innovación. Este programa tiene como objetivo fortalecer la educación para el
emprendimiento y la innovación, proporcionando los recursos necesarios para embarcarse en
empresas emprendedoras.
PALABRAS CLAVE: Educación. Emprendimiento. Innovación. Hackathon. Ingeniería.
ABSTRACT: The present study investigated an academic hackathon and how universities can
promote entrepreneurship beyond the academic experience, considering the perceptions of
students who decided to create a startup. The research, of a qualitative nature, focused on the
event promoted by Texas A&M University (USA), with participants from COPPE/UFRJ and
CEFET-RJ. Data collection was carried out through semi-structured interviews and focus
groups. It was observed that the entrepreneurial initiative was motivated by the experience
gained during the event, as the university did not offer education in entrepreneurship nor
support for the group's entrepreneurial endeavors. It was also found that hackathons stimulate
innovation but are insufficient in fostering entrepreneurship. Therefore, a Startup Development
Program is proposed to assist universities in innovation by building support structures for
students beyond the events. This program aims to strengthen education for entrepreneurship
and innovation, providing students with the necessary resources to embark on entrepreneurial
ventures.
KEYWORDS: Education. Entrepreneurship. Innovation. Hackathon. Engineering.
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Frederico PIFANO DE REZENDE; Afsaneh HAMEDI D’ESCOFFIER e Marco BRAGA
Introdução
Os hackathons acadêmicos são eventos que objetivam despertar interesse e desenvolver
competências na área da inovação e empreendedorismo. O departamento de Engenharia da
Texas A&M University (TAMU), nos Estados Unidos (EUA), criou um evento de aprendizagem
experiencial para desenvolver uma mentalidade empreendedora e inovadora nos estudantes de
engenharia (Boehm, 2020). Denominados “Aggies”, os eventos têm a duração de 48 horas e
visam criar uma experiência de design estruturada, intensiva e inovadora. Nesse espaço de
tempo os estudantes são agrupados, recebem um gênero de necessidades a serem
problematizadas, definem um problema, criam e prototipam uma solução, expondo seus
projetos em uma apresentação de formato Pitch para um painel de juízes provenientes de
empresas e outras instituições.
Em 2018, a TAMU expandiu esse evento em escala global, ao convidar universidades
de todos os continentes para participar da iniciativa. Surgiu então uma nova modalidade do
evento que foi denominada “Invent for the Planet” (IFTP) baseado no modelo dos já existentes
“Aggies Invent”. O IFTP tem por objetivo desafiar estudantes de diferentes partes do mundo a
encontrar soluções para problemas fornecidos por instituições internacionais, bem como os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU Brasil,
2022).
Em 2019, o Brasil passou a participar regularmente do IFTP com 40 estudantes
envolvidos, divididos em seis equipes competidoras. Esses estudantes são provenientes da
COOPPE/UFRJ e do CEFET-RJ. Essas instituições forneceram os organizadores e mentores da
edição brasileira do IFTP. Três equipes foram premiadas, com destaque para a equipe
denominada Tupan, que conquistou a etapa brasileira do evento. A equipe desenvolveu um
projeto de acessibilidade, composto por dois artefatos de baixo custo que permitiam a
orientação de deficientes visuais (de variados níveis) em seu deslocamento diário, buscando
melhorar a qualidade de vida. O primeiro artefato desenvolvido foi um boné com sensores que
permitem a identificação de obstáculos à frente do usuário. O outro foi um sensor (Wii Remote)
que, ao ser apontado para direções no solo, permitia a detecção de buracos e obstáculos,
servindo como um Dispositivo Auxiliar de Marcha (DAM), ou no sentido popular, uma bengala
eletrônica.
Como premiação do primeiro lugar obtido, a equipe Tupan foi convidada a participar da
final mundial do IFTP que aconteceu na sede da TAMU. Competindo com equipes de quatro
outros países, a equipe Tupan sagrou-se campeã da edição 2019 do IFTP, recebendo uma
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premiação de 5000 dólares. No retorno ao Brasil, os agora campeões de uma Hackathon
Internacional, entusiasmados e com propósitos sociais e altruístas, decidiram criar uma
iniciativa empresarial com o mesmo nome da equipe. Surge a startup Tupan, que desenvolveria
e comercializaria o produto desenvolvido. Em 2020, expandiram seu conceito para uma
empresa de soluções de acessibilidade.
O IFTP não é o único Hackathon acadêmico que existe. Pelo contrário, iniciativas do
gênero são oferecidas e desenvolvidas em vários tipos de instituições de ensino e em diversos
níveis educacionais. Anualmente, várias equipes apresentam excelentes soluções para os
problemas propostos, porém poucos estudantes dão continuidade à suas inovações e
estabelecem efetivamente uma startup derivada destes hackathons. A percepção é que estes
eventos, embora tenham sucesso no despertar de competências de inovação, não conseguem
fazer com que os alunos tenham a disposição-ação para empreender. A transformação do grupo
Tupan em startup foi uma experiência inédita para as instituições organizadoras.
Sendo assim, a presente pesquisa baseia-se na seguinte questão: a partir da percepção
de estudantes participantes de hackathons, como as universidades podem promover o
empreendedorismo que transcenda a experiência acadêmica?
Utilizando o caso de sucesso do grupo Tupan, buscou-se indicativos quanto ao potencial
empreendedor desses estudantes e o papel da universidade como fomentadora de profissionais
empreendedores e, assim, passar a educar para inovar e empreender. Com este conhecimento
em mãos, será possível traçar estratégias para que a universidade seja capaz de estimular a
aquisição de competências para que os estudantes possam progredir em suas ideias inovadoras.
Referencial Teórico
Empreendedorismo e sua importância na sociedade
Afinal, o que é empreendedorismo? O volume de pesquisas e publicação dos últimos 20
anos (Sreenivasan; Suresh, 2023) trouxeram avanços na compreensão do tema, sobretudo
aplicado à educação. O Entrecomp, quadro Europeu de referência das competências para o
empreendedorismo, se valeu da definição utilizada pela Fundação Dinamarquesa para o
Empreendedorismo e definiu empreendedorismo como “ação sobre oportunidades e ideias e
sua transformação em valor para os outros. O valor que é criado pode ser financeiro, cultural
ou social” (Mccallum et al., 2018, p. 8).
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Vale notar que o empreendedorismo, conforme abordam os estes autores, não tem seu
escopo restrito a abertura de negócios e empresas. No entendimento atual, a criação de valor
assume o papel protagonista. Pesquisadores-professores de empreendedorismo nos EUA
corroboram com o pensamento europeu ao dizer que “[...] o empreendedorismo é uma forma
de pensar, agir e ser que combina a capacidade de encontrar ou criar novas oportunidades com
a coragem de agir sobre elas” (Neck; Neck; Murray, 2020).
Os conceitos apresentados apontam a conexão entre a atividade empreendedora e a
construção de oportunidades para o futuro em uma sociedade permeada por desafios locais e
globais. O crescimento populacional, por exemplo, gera mais e novas demandas por produtos
e serviços, que devem ser superadas, quer seja pelo poder público ou pela sociedade civil. Por
sua vez, o setor econômico está cada vez mais dinâmico, mudando paradigmas e fazendo com
que as pessoas tenham que inovar, até mesmo para garantir seu sustento face as constantes
mudanças no mundo do trabalho.
O empreendedorismo é um dos aspectos que mais influenciam a economia e,
consequentemente, a sociedade. Para Schumpeter (1994), ele é o desejo e o potencial para
converter uma nova ideia em uma inovação bem-sucedida, modificar a economia e introduzir
novos produtos ou serviços no mercado. Cabe ressaltar que existe uma grande diferença entre
ser um empresário e ser um empreendedor. Empresário caracteriza-se como o dono de um
negócio que gera lucros. Por outro lado, o empreendedor leva adiante projetos, descobre
oportunidades e cria soluções inovadoras, sem medo de correr riscos. Portanto, o segundo
requer um conjunto muito maior de habilidades do que o primeiro (Schumpeter ,1994).
Neste sentido a inovação está intimamente relacionada ao empreendedorismo, uma vez
que contribuem para o sucesso do empreendimento. Os empreendedores, como inovadores, não
se contentam com apenas uma solução para uma necessidade. Eles continuam tendo ideias até
chegarem a várias soluções. A inovação é o fundamento do empreendedorismo e da vantagem
competitiva. Essa inovação não precisa estar associada à tecnologia, aqui entendida como a
forma como os empreendedores exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio
ou serviço diferente. Esta é uma competência que se refere à proficiência no desempenho e
pode ser aprimorada pela prática e treinamento, portanto, é passível de ser aprendida (Drucker,
1993).
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Educação para o Empreendedorismo
O comportamento empreendedor depende da motivação para alcançar objetivos e das
habilidades necessárias para alcançá-los. As competências têm sido exaustivamente estudadas
(Mitchelmore; Rowley, 2010), e caracterizam-se pela capacidade de assumir riscos,
autodeterminação, comunicação, iniciativa, liderança, pensamento inovador, dentre outras
possíveis
(Robles;
Zárraga-Rodríguez,
2015).
Drucker
(1993)
afirma
que
o:
“Empreendedorismo não é mágica, não é nenhum mistério e não tem nada a ver com genes. É
uma disciplina. E, como qualquer outra disciplina, pode ser aprendida”. Assim, é evidente que
as competências para o empreendedorismo estão ao alcance de todos e é provável que exista
uma educação para o empreendedorismo capaz de estimular a criação de uma cultura
empreendedora.
Estudos mostram que métodos tradicionais, como leituras, exames etc., não ativam o
empreendedorismo (Gibb, 2002; Sogunro, 2004), podendo até inibir o desenvolvimento dessas
habilidades (Kirby, 2004). Assim, a educação para o empreendedorismo deve assentar na
aprendizagem por competências, em ambiente controlado, vocacionada para a aprendizagem
experiencial em contextos reais ou simulações de negócios, associada a práticas sociais (García
et al., 2017), sendo uma integração de conhecimentos, competências e experiência.
Ainda que estudos sobre intervenções pedagógicas sejam ainda recentes (Sreenivasan;
Suresh, 2023), a educação empreendedora costuma acontecer segundo três enfoques principais:
ensinar “sobre” o empreendedorismo – teórico e conteudista, visando uma compreensão geral
do assunto, “para” o empreendedorismo – fornecendo conhecimentos e habilidades
introdutórios, orientados profissionalmente e “através” do empreendedorismo – os estudantes
passam por um processo real de aprendizagem empreendedora, transdisciplinar, onde
características, processos e experiências são conectados à disciplina central (Lackéus, 2015).
Essas abordagens também são identificadas como modelo de “oferta” (behaviorista, centrado
na transmissão e reprodução do conhecimento), “demanda” (subjetivista, por meio da
exploração, discussão e experimentação) e modelo de “competência” (teoria interacionista, com
a resolução ativa de problemas em situações da vida real) (Nabi et al., 2017).
A educação superior tem um papel importante na criação das bases para o
desenvolvimento de competências empreendedoras, sendo de grande importância para o
desenvolvimento sustentável, principalmente nos países em desenvolvimento. As universidades
americanas e japonesas, por exemplo, estabelecem metas para a educação empreendedora,
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cultivando o espírito empreendedor e auxiliando no desenvolvimento acadêmico por meio de
combinações multidisciplinares, utilizando a abordagem “através”. No entanto, na maioria das
instituições de ensino superior, restringem-se à abordagem “sobre”, com grande variação de
conteúdo (Mwasalwiba, 2010).
Mesmo as universidades que usam uma pedagogia de abordagem “através”, em sua
maioria, ainda veem o empreendedorismo como um currículo de negócios. Por isso, é oferecido
dentro de determinadas áreas, como cursos de Administração, Marketing ou Finanças. Em
outros cursos, o conteúdo de empreendedorismo é articulado em outras disciplinas, com foco
na abordagem “para”. Harfst (2010) já havia abordado a questão. Mesmo com um número
crescente de universidades oferecendo cursos e programas de empreendedorismo, essa situação
não mudou. Embora existam lacunas na pesquisa relacionada a quais cursos específicos o
empreendedorismo é ensinado e qual é o modelo curricular, esses programas continuam a ser
oferecidos principalmente em cursos de negócios e de forma mais recente na Engenharia
(Ridley et al., 2017). Este fato poder ser um reflexo das intenções dos estudantes. As estatísticas
mostram que a maioria dos que optam por iniciar seus negócios são oriundos de cursos de
Economia, Negócios ou Marketing, embora 85% dos alunos do ensino médio demonstrem
intenções empreendedoras (Cheng et al., 2018).
Hackathons acadêmicos e o IFTP
O termo hackathon surgiu em 1999 por desenvolvedores de software de código aberto,
a partir das palavras “Hacking” (programação) e “Marathon” (maratona) (Briscoe; Mulligan,
2014). Logo, por muitos anos, este tipo de evento foi exclusivo da área de softwares. Com o
passar dos anos, a experiência foi generalizada para diversas áreas.
Hackathons acadêmicos são eventos que ocorrem em instituições de ensino, como
escolas e universidades, com o objetivo de promover a inovação, criatividade e colaboração
entre os estudantes. Oferecem oportunidade para os participantes desenvolverem soluções
práticas para desafios acadêmicos e explorarem novas áreas de conhecimento (Gama; Alencar
Gonçalves; Alessio, 2018). Durante estes eventos, os estudantes trabalham em equipes
multidisciplinares para resolver problemas em um período limitado. Dependendo do tema do
evento, podem se concentrar em áreas específicas.
Os hackathons acadêmicos são projetados para permitir que os estudantes desenvolvam
habilidades como pensamento crítico, resolução de problemas e trabalho em equipe. Além
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disso, incentivam a criatividade e inovação, encorajando-os a pensarem para além dos
paradigmas estabelecidos e buscarem soluções únicas (inovadoras).
De acordo com Warner e Guo (2017), a maior motivação dos estudantes que participam
de hackathons acadêmicos pela primeira vez, está relacionada a aspectos sociais, e para os
demais, a busca de conhecimento técnico é o fator motivacional.
O IFTP aqui estudado é um modelo de hackathon acadêmico com uma dinâmica baseada
em SPRINTS (Schwaber; Sutherland, 2020), que são períodos de trabalho com entregas em
tempo delimitado (revisão de status), para criar consistência, inspecionar e adequar como o
trabalho é feito e o que está sendo trabalhado. Os SPRINTS são uma parte fundamental da
metodologia SCRUM (Sutherland, Sutherland, 2014), pois permitem que a equipe trabalhe de
forma focada e entregue valor de maneira incremental, garantindo feedback constante e
permitindo ajustes contínuos no planejamento e desenvolvimento do produto. Para dar suporte
aos SPRINTS, alguns mentores são convidados e interagem com as equipes discutindo a direção
do projeto, mas sem fornecer respostas ou soluções pré-concebidas (Boehm, 2020).
Metodologia
Objeto de estudo
O objeto de estudo constituiu-se de um hackathon acadêmico desenvolvido pelo
Programa de Engenharia e Empreendedorismo da University of Texas A&M (EEP/TAMU), com
duração de 48 horas envolvendo universidades de diversos países. A hackathon aconteceu em
duas etapas. A primeira na sede das universidades participantes e a segunda na TAMU, onde os
projetos vencedores são levados à final.
O grupo vencedor da etapa Brasileira e Internacional no ano de 2019, foi composto por
membros de duas instituições que são referências Brasileiras em educação, lotadas no Estado
do Rio de Janeiro, a equipe Tupan foi formada por cinco estudantes do Centro Federal de
Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) e de um estudante da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dos seis estudantes, todos de engenharia,
quatro eram oriundos da graduação e dois de pós-graduação. Após a vitória da equipe no IFTP,
quatro componentes criaram a startup Tupan com o objetivo de dar prosseguimento as
possibilidades de empreendimento. A participação na pesquisa aconteceu de forma voluntária.
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Coleta dos dados
Os dados foram obtidos em duas fases distintas, que envolveram como instrumento de
coleta, a observação participante (durante o IFTP), a realização de entrevistas semiestruturadas
de forma individual com os membros do grupo Tupan que participaram do IFTP e, por fim, a
realização de grupos focais.
A primeira fase da pesquisa foi a observação participante, onde os pesquisadores se
envolveram diretamente como objeto de estudo (Mack et al., 2005). Ela aconteceu durante o
mês de março de 2019. Foi possível constatar ao longo das 48 horas de atividades que o grupo
Tupan se destacava dos demais pelas habilidades com componentes eletrônicos e com a forma
empática que lidaram com o problema escolhido para resolverem: a acessibilidade e locomoção
para cegos.
Vencedores da edição brasileira, não havia nenhum indício de que a solução seria levada
adiante em forma de pesquisa ou comercialmente, era apenas a satisfação de vencer uma
competição.
A vitória no IFTP internacional ocorreu em abril de 2019, e foi a partir desse momento
que os estudantes passaram a perceber que tinham em mãos algo maior que apenas um título de
campeonato. Ainda nos EUA, o grupo Tupan foi convidado a expor sua inovação a uma
incubadora de startups. A incubadora ofereceu a compra da patente dos dispositivos criados. Os
estudantes compreenderam que havia potencial mercadológico e financeiro na solução
oferecida, assim negaram a venda da patente e decidiram, no retorno ao Brasil, criar a Tupan
como uma Startup comercializando os dispositivos desenvolvidos (Figura 1).
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Figura 1 – Dispositivos desenvolvidos pelo grupo Tupan
Fonte: Componentes da Startup Tupan
A segunda fase da coleta de dados foi realizada em duas etapas, entre setembro e outubro
de 2021 e janeiro de 2023. Este hiato temporal justifica-se, pois durante o segundo semestre do
ano de 2019 não houve informação sobre o desenvolvimento da startup e a pandemia decorrente
da COVID-19, em 2020, paralisou as atividades de pesquisa e possíveis contatos com os
estudantes. Durante essa fase, com o uso das plataformas digitais Google Meet e Zoom, foram
realizadas entrevistas semiestruturadas com a finalidade de conhecer melhor os estudantes e
suas trajetórias e grupos focais (Morgan, 1997) para triangular as opiniões, impressões e visão
de futuro dos jovens empreendedores. A utilização desta metodologia visou obter uma
reconstrução mental coletiva do processo pelo qual passaram.
Três perguntas foram a base para a investigação:
•
Quais motivações levaram a equipe a empreender?
•
Que tipo de apoio receberam da universidade (fomento, mentoria, custos, etc.)?
•
Qual formação para empreendedorismo tiveram na universidade?
O roteiro dos grupos focais e das entrevistas semiestruturadas foi dividido em três
momentos relacionados às experiências vividas no evento IFTP (antes, durante e depois do
evento).
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Análise dos dados
Inicialmente, durante a observação participante, a pesquisa era de caráter apenas
exploratório. Com as entrevistas e os grupos focais, os relatos registrados foram analisados em
uma abordagem qualitativa (Morgan, 1997), utilizando metodologia inspirada na análise de
conteúdo, visando obter indicadores (quantitativos ou não) que permitissem a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas
mensagens (Bardin, 1977). A partir dessa ação, as informações foram redigidas em categorias
de análise.
Resultados
Utilizando o mesmo roteiro estabelecido para as entrevistas e para os grupos focais, os
resultados serão apresentados em três blocos – “relato da equipe”, contexto, prognóstico”.
Relato da Equipe
Os participantes relataram que não tinham experiência em empreendedorismo, ou
atividades do gênero. Durante sua formação universitária, eles estavam focados nos aspectos
técnicos dos cursos. As competências técnicas (Hard Skills) sempre foram o maior atrativo para
os estudantes, pois acreditavam que isso lhes garantia uma maior empregabilidade após a
graduação.
A participação no IFTP foi incentivada por seus professores, não havendo interesse
inicial por parte dos estudantes. A princípio, eles acreditavam que participariam de algum tipo
de atividade formativa na qual suas habilidades técnicas seriam exigidas. A perspectiva
empreendedora ou a criação de uma startup nunca lhes passou pela cabeça, embora o tema do
empreendedorismo despertasse alguma curiosidade. Em essência, eles compareceram ao evento
por consideração aos professores. Portanto, não houve contato com a formação empreendedora
ou de inovação durante o curso.
[...] participei em consideração ao professor “A”, ele pediu um apoio e fui
porque achei que seria útil para o meu currículo [...] (graduando 1);
[...] nunca pensei em ter um negócio, ser empresário, sempre busquei um
emprego onde pudesse colocar minhas habilidades em prática [...] (pósgraduando 1).
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Os cursos de engenharia mantêm o perfil tradicional, na opinião deles. De acordo com
os estudantes, apenas duas disciplinas estiveram mais próximas da questão do
empreendedorismo, muito mais focadas em conteúdos (leitura, aulas) do que conhecimentos de
ordem prática. conforme descrito a seguir:
[...] a disciplina “E” que abordou empreendedorismo explicou um pouco
sobre a lei, como funciona as coisas de empresas e algumas burocracias, etc...
e teve a outra matéria muito focada no que está acontecendo no mundo de
hoje em dia, a indústria 5.0, a internet 5.0, a internet das coisas. Os
professores são bons, mas não conhecem a prática [...] (graduando 1).
Constatou-se, neste bloco, que os estudantes, ainda que muito competentes
tecnicamente, não tinham nenhuma história pregressa com assuntos como marketing,
precificação, gestão de recursos financeiros ou humanos. Isso não era foco do curso, nem da
atenção deles. Registra-se também que na sua formação o assunto empreendedorismo era um
conceito, não uma vivência, com informações relativamente distantes da dinâmica das empresas
que operam o mercado.
Contexto
Havia dez temas de demanda social mundiais, sugeridos por organizações parceiras e
inspirados pelos objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas
(ONU Brasil, 2022) para a escolha pelo grupo no IFTP. A opção pelo tema “Aumento da
qualidade de vida” se deu pelo fato da mãe de um dos integrantes trabalhar com crianças
deficientes. Visando melhorar a qualidade de vida de um público específico, escolheram a busca
por soluções que facilitassem a vida de pessoas com deficiência visual, auxiliando nos
deslocamentos, sem renunciar à independência e retirando o estigma da tradicional bengala. A
perspectiva sempre foi altruísta, o foco foi produzir algo para ajudar as pessoas necessitadas,
não a comercialização. Durante as entrevistas, percebeu-se que havia o desejo de produzir algo
que atingisse o público definido, sem nenhuma noção do papel do empreendedorismo no
processo. Era uma solução e nada a mais.
[...] nosso protótipo não era para curar a cegueira, mas melhorar a qualidade
de vida dessas pessoas (graduando 2).
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A ideia para a criação do produto surgiu da capacidade dos membros da equipe de usar
sensores. O protótipo foi testado com um integrante do grupo com o uso de venda nos olhos.
Perceberam que houve relativa facilidade no uso do protótipo em desenvolvimento.
A vitória na edição brasileira do IFTP sinalizou a utilidade e praticidade do produto.
Confiantes na qualidade do projeto, o grupo aproveitou o tempo de um mês até a viagem à etapa
mundial para aprimorar o protótipo, tornando-o mais eficiente e visualmente mais atraente. Eles
também testaram o protótipo com uma pessoa efetivamente cega, para validar a proposta.
Competindo com quatro países, a equipe Tupan, sagrou-se vencedora internacional do
evento. Apesar da confiança no projeto, eles jamais imaginavam ter um produto capaz de vencer
o IFTP Internacional, relatando:
Ficamos imensamente felizes em ver o deficiente satisfeito com nosso
equipamento, que produzimos em tão pouco tempo. A gente só conseguiu
porque o evento foi bem-organizado [...] (graduando 3).
A gente nunca pensou em ganhar o prêmio lá nos Estados Unidos. Os caras
lá são superpreparados. Ganhar aqui já estava muito bom (pós-graduando 2).
Fato relevante observado na edição brasileira foi que, ao ser escolhida para participar
da fase final do evento, a equipe não tinha suporte financeiro para a viagem aos EUA, e as
universidades organizadoras não tinham condição de oferecer apoio, mesmo com a visibilidade
midiática gerada pela vitória na seção regional. O grupo Tupan foi entrevistado em jornais e
canais de grande circulação no Brasil, além de conquistar muitos adeptos nas redes sociais.
Surgiu um primeiro desafio empreendedor, a viabilização de recursos para a viagem aos EUA.
A ansiedade para poder ir para a final ficou demonstrada na fala:
Se a gente não puder ir..., a gente não vai conseguir [...], nós temos que
aparecer de qualquer forma, e a gente tem que fazer que vejam a gente (pósgraduando 2).
Após discussões e sugestões, a equipe decidiu criar uma campanha nas redes sociais
(conhecido no Brasil como vaquinha eletrônica) para arrecadar contribuições para a viagem.
Foram exitosos na campanha.
Nos EUA, logo após serem anunciados os vencedores na etapa final, um pesquisador
externo ao evento convidou o grupo para uma reunião com profissionais especializados em
patentes da TAMU. O objetivo era orientar a comercialização do produto em maior escala,
principalmente no que diz respeito à patente. É importante notar que, neste momento, a
organização do IFTP não teve mais qualquer influência no processo. Nesse encontro, a equipe
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recebeu uma proposta de US$ 10.000,00 para depositar a patente nos EUA e o produto ser
desenvolvido em parceria com a universidade TAMU.
Diante das dificuldades evidenciadas no processo de solicitação de depósito de patente
por estrangeiros, e dos custos envolvidos, rejeitaram a proposta. Ressalta-se aqui que o grupo
Tupan não tinha nenhuma experiência no assunto, também não tiveram suporte no
entendimento desse processo. Eles relataram no grupo focal que, com a orientação adequada a
venda da patente poderia ser uma possibilidade interessante, mas eles só conseguiram
compreender isso após um ano e meio da startup.
Percebendo o interesse pelo protótipo, resolveram depositar a patente no Brasil e
desenvolver o produto nacionalmente. O entusiasmo e a esperança foram a tônica dos novos
engenheiros empreendedores.
Prognóstico
Na viagem de volta ao Brasil, ainda no avião, a equipe conheceu um empresário do setor
de comunicação. Interessado no projeto, propôs uma parceria para a criação da startup. Este
empresário os ajudou com questões burocráticas para a criação da startup, além de buscar outras
empresas dispostas a investir capital financeiro no projeto. O grupo experimentou mais um
desafio: não houve empresas ou organizações de fomento dispostas a investir dinheiro no
projeto (Venture Capital). Assim, o único investimento para a criação da startup e produção dos
equipamentos veio da premiação em dinheiro conquistada no IFTP Internacional. É possível
interpretar esse investimento como capital próprio, como muitos entusiastas brasileiros o fazem.
Apesar da criação da startup, a equipe ficou insegura quanto a esse empreendimento, a
empolgação com o êxito do protótipo era o que os movia:
Até aquele momento a gente não tinha nenhuma ideia, nenhuma visão de
futuro, tipo, pois é, será que a gente consegue fazer algo além disso, no
momento a nossa cabeça estava só em fazer a confecção do protótipo [...]
(graduando 1).
Como alternativa, procuraram a incubadora de empresas de base tecnológica do
CEFET/RJ. No entanto, eles perceberam que esta incubadora não possuía um programa de
aceleração, nem oferecia treinamento em gestão empresarial. Eles receberam a oferta de espaço
e informações sobre como buscar financiamento por meio de agências governamentais de
fomento. No entendimento deles, a incubadora não significava nenhuma diferença efetiva.
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Logo no início das atividades, os integrantes da equipe Tupan constataram que não
receberam na universidade formação ou conhecimentos que os preparassem para o ambiente
empresarial, para o mundo do trabalho, como empreendedores. Eles conheciam ferramentas e
técnicas de engenharia, mas desconheciam aspectos de gestão ou modelagem de negócios. Um
dos alunos entrevistados não conseguiu se lembrar de nenhum curso relacionado ao tema
empreendedorismo:
Se eu tive não foi relevante na época (graduando 2).
Este registro demonstra que o assunto não foi abordado na graduação de forma concreta.
De acordo com a fala de um dos estudantes, fica claro que a vivência no evento estimulou o
pensamento empreendedor, fazendo-os olhar para além do que as graduações tradicionais
podem oferecer:
Não é valido entrar na faculdade só para ter uma nota boa, fechar a academia
e ganhar um diploma no final. Se fizer isso você não agrega em nada. Tem
que pesquisar a coisa por si mesmo, o que você quer fazer depois. E se você
só sai da faculdade com um diploma e entra num emprego, você fica repetindo
o mesmo trabalho robótico... eu acho que isso não agrega muito ao que você
vai poder construir.” (graduando 1).
Das entrevistas, da observação participante e dos grupos focais, foram possíveis
identificar lacunas em: formação, orientação, mentoria, processo de incubação e capital para
investimento de risco.
Discussão
Estudantes que participam de cursos voltados para o empreendedorismo tendem a se
envolver em atividades e ideias para novos negócios (Bergmann, 2018). Além disso, a educação
para o empreendedorismo é uma das missões da educação, que são o ensino, a pesquisa e o
desenvolvimento econômico por meio da tecnologia empresarial ou sua criação por alunos e
professores (García et al., 2017).
Neste sentido, a educação empreendedora deve começar no nível do ensino
fundamental. Mesmo os alunos em idades muito jovens, desenvolvem interesses neste campo
e relacionam aspectos empreendedores com a vida quotidiana (Din et al., 2016).
Embora o ensino do empreendedorismo tenha ganhado força desde a década de 1970,
principalmente nas universidades americanas (Joshi, 2014), as instituições de ensino superior
não costumam ter o empreendedorismo contemplado em seus currículos, limitando-se a cursos
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completos voltados para esse fim. Por outro lado, um dos principais objetivos da formação em
empreendedorismo é a experiência em trabalho interdisciplinar, com pessoas de diferentes
formações e orientações, para permitir a avaliação de oportunidades sob diferentes perspectivas.
Diante disso, a criação de hackathons acadêmicos constituem-se em estratégia para
incentivar a inovação e o empreendedorismo. No entanto, embora existam centenas desses
modelos de hackathon acontecendo todos os anos em diversas universidades ao redor do mundo
(Devpost, 2023), poucos trabalhos resultantes desses eventos se tornam uma startup. Daí a
importância do estudo aqui apresentado.
A partir das reflexões e análise dos dados coletados, no caso que ilustra este estudo,
propõe-se um programa de desenvolvimento de startups com iniciativas que dialoguem com a
atuação profissional, que podem integrar o currículo de Universidades, Centros Tecnológicos e
Institutos Federais de Educação numa perspectiva de ofertar formação que contemple uma
Educação para inovar e empreender.
Figura 2 – Programa de desenvolvimento de startups
Disciplina
Empreendedor.
• De caráter
prático PBL
• Professores
com
experiencia
prática
Hackathon
Educacional
Incubatora
Universitária
• Anuais
• Semestrais
• Sazonais
• Recursos
materiais
• Formato
coworking
Mentoria
Ecossitema
Empreendedor
• Interna docentes
• Externa profissionais
de empresas
• Fazer
conexões
• Aproximar
Universidade
e Mercado
Venture Capital
• Bolsas de
fomento
• Capital para
risco
Fonte: componentes da Startup Tupan.
Nos parágrafos abaixo, faremos uma breve explicação de cada etapa do modelo.
Disciplina Empreendedorismo
Não se trata de ter apenas um curso de empreendedorismo, mas de apresentar as
possibilidades ao aluno desde o primeiro momento na graduação. Além disso, os professores
que ministram cursos de empreendedorismo devem ter alguma experiência empreendedora, eles
só poderão compreender efetivamente o processo se viverem a experiência (empatia), como é
o caso de algumas universidades britânicas, dos EUA e da Alemanha, que empregam
empreendedores para treinar alunos para o empreendedorismo (Cheng et al., 2018). Na
impossibilidade de existirem esse perfil docente, o convite a empresas para parceria com a
universidade é determinante.
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Podemos dizer que desenvolver o pensamento empreendedor é uma habilidade nova e
importante para os engenheiros do futuro.
Hackathon Educacional
São ações educacionais inovadoras, com periodicidade variável. Elas têm efeito de
mobilização, de despertamento, mas não promovem o empreendedorismo solitariamente.
O período em que ocorre um hackathon (48 horas), é insuficiente para que qualquer
projeto tenha um nível de maturidade capaz de permitir que ele ocorra no mercado. Há
necessidade de tempo para desenvolver a tecnologia para customizá-la para sua finalidade. Os
hackathons acadêmicos estimulam a inovação, mas demandam ações de suporte pós-evento,
para viabilizar a continuidade dos projetos inovadores criados.
Incubadora Universitária
Ideias de negócios inovadores têm se origenado em ambientes universitários. Startups
demandam orientações sobre o mercado, sobre como montar um modelo e um plano de
negócios, maneiras de acessar recursos, além de ter acesso ao uso de laboratórios com insumos.
Esse processo incubatório inclui o contato com outras startups para receber feedback e aprender
com a experiência de outros empreendedores em situações semelhantes. É um aprendizado
colaborativo, não solitário. Estudantes de graduação em engenharia no contexto brasileiro,
precisam buscar estágios e empregos para dar conta de suas despesas pessoais. Numa
incubação, bolsas e fomentos devem ser viabilizados a fim de superar as dificuldades inerentes
ao processo inicial de um novo negócio.
Conceitualmente, a proposta de incubadora universitária no Brasil tem quase 30 anos e
suas sugestões vão desde o apoio ao desenvolvimento e inovação até o acesso ao mercado
global. Na prática, elas mantêm seu foco principal apenas na tecnologia, incentivando a criação
e o desenvolvimento de empresas tecnologicamente inovadoras (Faustino da Silva et al., 2021),
não estando preparadas para receber projetos de outra natureza.
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Mentoria
A mentoria é oferecida por pessoas com conhecimentos especializados, inseridas no
ecossistema empreendedor, com experiência prática. Mais que um fornecedor de respostas, o
mentor é um formulador de perguntas, provocações, problematizações e compartilhamento de
experiências que auxiliam o desenvolvimento dos novos empreendedores. Há necessidade de
mentoria sistemática e regular sobre empreendedorismo no processo de incubação. Isso evitaria
erros previsíveis, reduzindo o tempo gasto no processo de tentativa e erro. A orientação no
modelo e plano de negócios também merece destaque, pois, embora as ferramentas sejam de
fácil compreensão, a reflexão sobre seu conteúdo não é automática para os universitários. Isso
provavelmente se deve à falta de maturidade e experiência de vida.
Ecossistema Empreendedor
Uma das ações mais importantes é a necessidade de aproximar a universidade do
ecossistema empreendedor local. Ecossistemas de inovação são redes de conhecimento (Callon,
1986) onde há troca de informações e aprendizado (Braga; Guttmann, 2019). A colaboração no
trabalho criativo e o desenvolvimento de ideias constroem uma inteligência coletiva
envolvendo diferentes stakeholders da universidade e externos a ela (Braga; Schettini, 2019).
A prática do networking facilita os primeiros passos das startups porque combina experiências
de outras empresas em diferentes estágios de maturidade. Descobrir complementaridades pode
impulsionar o negócio. Assim, estudantes precisam ter contato com criadores de empresas,
pequenos empresários e ex-estudantes que enfrentaram os desafios de abrir e desenvolver um
negócio, sejam eles bem-sucedidos ou não. Ou seja, a interação com o mundo exterior é
importante, para aprender com empreendedores e empresas (Lewrick et al., 2011). Para isso,
alguns autores defendem a ideia do modelo da hélice tripla, com colaboração entre
universidades, entidades governamentais e indústria (Lackéus, 2015).
Venture Capital
Este é um desafio de toda startup ou pequeno empreendimento: como sobreviver sem
aporte financeiro inicial. Há uma necessidade de viabilizar algum capital de risco aos estudantes
empreendedores. Foster (2021) afirma que o capital de risco é geralmente usado para uma nova
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ideia ou novo produto que, mesmo com poucas certezas mercadológicas, apresenta potencial
para retornos acima da média ao investidor.
Acredita-se que experiência do grupo Tupan, bem como a de outros estudantes que
participem de hackathons educacionais e se interessem por atividades que promovam o
empreendedorismo, seria amplamente viabilizada por meio do acesso a um programa que
apresente um conjunto de possibilidades de articulação teórico-prática, durante o percurso
formativo nas instituições de ensino superior.
Considerações finais
A startup em questão, criada no decorrer de 2019, sobreviveu à falta de orientação,
ausência de recursos, falta de infraestrutura, ao período de pandemia (2020-2021), além de
outros desafios para a implantação de um novo negócio. Todavia, a despeito de todo esforço e
inovação, no início do ano de 2023 os fundadores decidiram finalizar a experiência
empreendedora. A proposta aqui apresentada foi resultado da “dor” de talentosos estudantes.
O estudo fornece vários aprendizados sobre o papel desempenhado pelas universidades
na formação empreendedora de engenheiros. Constata-se a relevância dos hackathons
acadêmicos como o IFTP, onde nada impede que casos reais de inovação surjam desses eventos
e ganhem mercado por meio de alunos empreendedores. No entanto, nem os eventos, nem as
universidades apresentam-se preparadas para apoiar os estudantes nesse processo. As
universidades devem estar atentas para a inovação que vem de baixo para cima, da base, dos
estudantes, e não de pesquisas realizadas em seus laboratórios.
A formação atual não oferece meios, nem conhecimento para que os projetos se
viabilizem. Boas ideias acabam sendo desperdiçadas, tornando os hackathons acadêmicos
meros eventos motivacionais sem propósito definido. Portanto, é fundamental construir
estruturas de apoio que auxiliem esses estudantes nas etapas posteriores aos eventos, tais como
revisões curriculares, incubadoras eficientes e financiamento de risco. Para isso, é necessária
uma mudança de mentalidade nas universidades, para que possam se identificar como
responsáveis, não só pela presente formação intelectual dos estudantes, mas também pelo seu
futuro profissional, ou seja, promovendo o empreendedorismo que transcenda a experiência
acadêmica sendo fomentadora de profissionais protagonistas, fortalecendo a perspectiva de
educar para inovar e empreender.
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Reconhecemos que este trabalho possui limitações e tampouco se esgota aqui. Novos
estudos devem ser realizados com outros grupos de estudantes que empreenderam bem como
com os que não demonstraram interesse em empreender. Outros hackathons acadêmicos
também devem ser estudados. Entretanto, esperamos que este estudo tenha ofertado um
caminho para que outros estudiosos do assunto compreendam o potencial da educação
empreendedora, para além da realização de ações esporádicas e eventos de curta duração. O
estímulo às competências empreendedoras deve ocorrer desde a chegada na formação. Neste
processo, os hackathons acadêmicos podem contribuir como catalizadores de ideias e práticas
inovadoras.
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