REVISÃO
O vínculo mãe-bebê da gestação ao pós-parto:
uma revisão sistemática de artigos empíricos
publicados na língua portuguesa
The bond mother-baby from pregnancy to postpartum: a systematic
review of empirical articles published in portuguese
Rafaela Paula Marciano1
Waldemar Naves do Amaral2
Palavras-chave
Gravidez
Relações materno-fetais
Relações mãe-ilho
Keywords
Pregnancy
Maternal-fetal relations
Mother-child relations
Resumo
O vínculo, deinido como uma relação afetiva singular e duradoura, representa
uma base importante para o desenvolvimento da criança, pois é no estabelecimento dos primeiros laços da
criança com sua mãe que se produzem os alicerces da vida psíquica e da saúde mental. O objetivo desta revisão
foi levantar os estudos empíricos sobre a formação do vínculo mãe-bebê desde a gestação ao pós-parto. Foram
encontradas produções cientíicas publicadas entre 1984 a 2014 nas bases de dados indexadas na Biblioteca
Virtual de Saúde (BVS). Para o levantamento bibliográico foram utilizados os descritores ‘‘relação mãe-ilho’’ e
‘‘relação materno-fetal’’. Foram encontrados 887 publicações cientíicas e, após aplicados os critérios de inclusão
e exclusão, restaram 22 artigos que foram analisados na íntegra. Dentre os temas investigados, destacam-se:
desejo de ser mãe; vínculo materno-fetal; gravidez e sentimentos ambivalentes; contato físico e precoce; rede
de apoio; amamentação e vínculo; investimento afetivo; ansiedade de separação; nascimento em situações
adversas e; parto e assistência humanizada . Considera-se que os aspectos identiicados sugerem uma relexão
das medidas intervencionistas que separam mãe e recém-nascido no pós-parto imediato, visto que esse primeiro
contato é crucial para o desenvolvimento do vínculo mãe-ilho.
Abstract
The bond, deined as a natural and lasting loving relationship, is an
important basis for the child development because it is in the establishment of the irst baby’s ties to his mother
where the foundations of psychic life and child mental health are created. The purpose of this study is identifying
the empirical studies on the formation of the mother-baby bond, from pregnancy to postpartum. There were
found in the scientiic databases studies published between 1984-2014 indexed in Virtual Health Library (VHL).
The descriptor used was ‘’mother-child relation’’ and “maternal-fetal relation’’. There were found 887 scientiic
papers and, after ilter of inclusion and exclusion criteria, 22 remaining articles were fully analyzed. From among
the research topics are pointed out: desire to be a mother; maternal-fetal attachment; pregnancy and ambivalent
feelings; physical and early contact; network support; breastfeeding and bonding; affective investment; separation
anxiety, birth in adverses situations and; childbirth and human assistance. The studies suggests a relection of
interventionist measures that separate mother and baby immediately after birth, since that irst contact is crucial
to the development of the mother-child bond.
1
Pós-graduanda em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia (GO); Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (PUC/Campinas) – Campinas (SP), Brasil.
2
Doutor em Doenças Infecciosas pela UFG; Professor adjunto chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas da
UFG – Goiânia (GO), Brasil.
Endereço para correspondência: Rafaela Paula Marciano – Avenida T5, 1249, Apto. 202-A – Setor Bueno – CEP: 74230-045 – Goiânia (GO), Brasil – E-mail:
ra_fa_e_la@yahoo.com.br.
Conlito de interesses: não há.
Marciano RP, Amaral WN
Introdução
A psicanálise sempre reconheceu a importância das primeiras
relações na vida do bebê como a base para o seu desenvolvimento.
Freud airma que a criança em seu primeiro ano de vida é indefesa e
incapaz de sobreviver, contando apenas com os seus próprios recursos.
O desenvolvimento da criança não opera por simples automatismo
biológico, tal como ocorre com outros mamíferos¹ (D).
O neonato nasce totalmente à mercê de suas necessidades
isiológicas, sem recursos suicientes para determinar como elas
poderiam ser satisfeitas. Geralmente, a mãe é a igura que provê
a satisfação de todas as necessidades do neonato. Na medida em
que as potencialidades da criança se desenvolvem, ela se torna mais
independente em relação ao seu ambiente. Esse primeiro vínculo
não abrange apenas a satisfação das necessidades vitais, mas também
a satisfação das necessidades afetivas do neonato, ou seja, o calor
humano, o carinho, a compreensão da linguagem corporal do bebê
para atender as suas necessidades² (D).
Winnicott³ (D), pediatra e psicanalista inglês, airma que um
bebê não existe sozinho, pois aquele que tenta descrevê-lo logo
descobrirá que está descrevendo um bebê e mais alguém. O autor
destaca que o desenvolvimento emocional da criança, no início, só
pode ser consolidado com base nas relações com uma pessoa que,
idealmente, deveria ser a mãe. O vínculo, deinido como uma relação
afetiva singular e duradoura, entre mãe e ilho é condição sine qua
non para que as crianças se transformem em adultos saudáveis e
independentes.
Nesse sentido, muitos estudos se voltaram para compreender o
estabelecimento dos primeiros laços da criança pequena com sua mãe,
pois é nesse momento que produzem os alicerces da vida psíquica
e da saúde mental. Para ampliar a discussão sobre essa temática, é
relevante a análise de outros estudos que contribuem com a área
da primeira infância. Neste trabalho, foi realizada uma análise
sistemática com o objetivo de levantar os artigos empíricos sobre a
formação do vínculo mãe-bebê desde a gestação ao pós-parto e sua
contribuição para o desenvolvimento da saúde mental da criança.
Metodologia
Foram encontradas produções cientíicas publicadas entre 1984
a 2014 nas seguintes bases de dados: SciELO, PePsic, IndexPsi,
LILACS, IBECS, MedLine, todas elas indexadas na Biblioteca Virtual
de Saúde (BVS). Para o levantamento bibliográico, foram utilizados
os descritores ‘’relação mãe-ilho” e “relação materno-fetal’’. As produções incluídas nesta revisão obedeceram os seguintes critérios de
inclusão: trabalhos publicados em português; pesquisas empíricas;
participantes mulheres gestantes ou no período puerperal com
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ilhos de até seis meses de idade. O critério de exclusão utilizado
foi o de publicações distantes do tema. Excluíram-se artigos de
revisão bibliográica, revisão sistemática, trabalhos duplicados e
relacionados a temáticas distantes, tais como: HIV, anorexia, câncer,
asma, desnutrição infantil, atividades educativas com gestantes e
puérperas, violência sexual e maus-tratos.
Com base nos descritores, foram encontrados 887 trabalhos
cientíicos. A seleção inicial dos artigos foi realizada com base nos
seus títulos e resumos e, quando preenchiam pelo menos um dos
critérios de inclusão, buscou-se o texto completo.
Resultados
Ao inal da revisão, foram selecionados 22 artigos cientíicos.
Quanto aos tipos de pesquisa encontrados nos artigos avaliados,
evidenciou-se diversas pesquisas descritivas, exploratórias e algumas
pesquisas experimentais. Entre as técnicas utilizadas, encontraram-se
observação, questionário, entrevista e história de vida. Na análise
dos dados, as temáticas encontradas foram: desejo de ser mãe;
vínculo materno-fetal; gravidez e sentimentos ambivalentes; parto
e assistência humanizada; contato físico e precoce; rede de apoio;
amamentação e vínculo; investimento afetivo; ansiedade de separação;
nascimento em situações adversas; parto e assistência humanizada.
Desejo de ser mãe
Em um estudo com 14 mulheres com idades de 15 e 44 anos,
observou-se que o desejo de ter ilho estava relacionado com o reconhecimento da própria initude, desejando aos ilhos o sucesso e
realização que elas, muitas vezes, não tiveram. Neste estudo, o bebê
apareceu como um projeto de continuação narcísica4 (C).
Vínculo materno-fetal
Em um estudo, foi observado que as gestantes sentem necessidade de construir uma relação com o bebê durante a gravidez.
Esse vínculo é chamado de materno-fetal. Comportamentos como
imaginar, interagir, acreditar e preocupar-se revelam a existência de
um vínculo com o feto, que permite a mulher nomeá-lo e torná-lo
mais real5 (C).
Gravidez e sentimentos ambivalentes
Em uma pesquisa com 39 gestantes primíparas, mostrou-se
que as gestantes vivenciam intensos sentimentos em relação ao
tornar-se mãe e que o processo de constituição da maternidade
está em franco desenvolvimento, assim como o próprio exercício
ativo do papel materno. As participantes salientaram a intensiicação dos sentimentos durante a gestação, como por exemplo, a
sensibilidade exacerbada6 (C).
O vínculo mãe-bebê da gestação ao pós-parto: uma revisão sistemática de artigos empíricos publicados na língua portuguesa
Durante a gravidez, as mulheres experimentam muitos sentimentos ambivalentes em torno da experiência da maternidade.
Ao mesmo tempo em que se sentem felizes com os seus bebês, é
comum sentirem também ansiedade e exaustão7 (C).
Os sentimentos ambivalentes durante a gravidez estão presentes
em diversas pesquisas. Em um estudo descritivo com 5 mães,
revelou-se que, ao saberem que estavam grávidas, as gestantes
sentiram muita satisfação e, ao mesmo tempo, se sentiram assustadas,
pois não esperavam vivenciar sentimentos depressivos, fobias e
ansiedades que envolvem a notícia da chegada do ilho. Notou-se
também que a falta de apoio do companheiro intensiicou os
sentimentos negativos durante a gravidez8 (C).
Contato físico e precoce
Em um estudo com puérperas, evidenciou-se que o recebimento
da criança é um momento importante e crucial porque propicia o
reconhecimento entre mãe e ilho e estimula os sistemas sensórios
do bebê. Ao verem o ilho pela primeira vez, as mães sentem vontade de tocá-lo, e, ao se sentirem acariciados, os bebês se acalmam
e começam a perceber com tranquilidade o novo mundo9 (C).
Outro estudo10 (B) apontou a importância do contato físico para
formação do vínculo entre mãe e bebê. Observou-se também que as
manifestações corporais, visuais, vocais e faciais são fundamentais
no processo interativo mãe-ilho. É por meio dessas modalidades
de contato que o bebê e sua mãe estabelecem os vínculos afetivos.
Rede de apoio
Estudos apontam a importância da rede social no período do
pós-parto para auxiliar as mães a exercerem sua função materna,
dedicando-se ao recém-nascido e não as outras tarefas¹¹ (C).
Observou-se que o apoio dos familiares e do companheiro são
fatores facilitadores do vínculo da mãe com o bebê¹² (C). Em um
estudo sobre responsividade materna em famílias de mães solteiras
e famíliares nucleares, evidenciou-se que as mães solteiras são menos responsivas que as mães casadas frente à vocalização e choro do
bebê, indicando que as mães solteiras podem sofrer mais estresse
quando precisam suprir sozinhas às demandas do bebê, o que pode
ter implicações no vínculo entre eles¹³ (B).
Em um estudo com mães adolescentes, observou-se que a
presença da rede de apoio auxilia que a adolescente assuma seu
papel de mãe e se dedique ao ilho14 (C). Além do apoio familiar, a
estabilidade inanceira também é um dos fatores que inluencia os
estados emocionais maternos15 (C).
Estudos apontaram que quanto mais a mãe for amparada afetivamente pelo ambiente social mais é capaz de realizar as necessidades
da criança. Além disso, o apoio social funciona como protetor de
sintomas depressivos maternos16,17 (B,C).
Amamentação e vínculo
Em um estudo com 4 díades, observou-se que o desmame
precoce estava associado à diiculdade na construção da maternidade e
vínculo. A amamentação é um momento privilegiado para interação
entre mãe e bebê e é fundamental para o processo de constituição
psíquica do bebê18 (C).
Investimento afetivo
Um estudo demonstrou que percepção positiva que a mãe
tem sobre seu ilho recém-nascido é uma dos fundamentos para
alicerçar uma boa relação entre mãe e bebê. Observou-se também que as mães que tem uma imagem negativa de si mesmas
projetam em seus ilhos e tem diiculdade em acreditar que deu
à luz algo de valor19 (B).
Ansiedade de separação
Um estudo com 47 puérperas analisou a ansiedade de separação
materna. Observou-se que as mães expressavam um envolvimento
emocional intenso com os seus ilhos, ao expressarem o desejo de
não querer se separar e desejo de manter-se junto, sentindo falta do
ilho, quando isicamente separados20 (B).
Nascimento em situações adversas
Estudos sobre nascimentos diferentes, como prematuridade
e necessidade cirúrgica neonatal, apontam para a necessidade
de estratégias para aproximar a mãe de seu ilho, facilitando o
desenvolvimento da maternagem. Os efeitos do afastamento
materno, tais como rejeição e maus-tratos, podem ser minimizados quando a equipe apoia o desempenho de uma maternagem
suicientemente boa²¹ (C).
Em um estudo sobre a presença da mãe durante a hospitalização
do bebê e sua participação nos cuidados com ele, icaram evidenciados sentimentos de segurança e tranquilidade da mãe para com
o ilho, suscitando o aparecimento de sentimentos positivos como
alegria e satisfação por poder cuidar de sua cria²² (C).
Parto e assistência humanizada
Diversos estudos apontam a importância da assistência humanizada
a gestante para formação do vínculo com o recém-nascido. Observou-se que a assistência humanizada é percebida de maneira positiva
para as mulheres e favorece a aproximação precoce com o neonato.
A maneira como o recém-nascido vem ao mundo terá implicações
diretas na efetividade do vínculo com sua mãe. Esse momento
inicial de inatividade alerta do recém-nascido que está presente
na primeira hora de vida é um período sensível, percursor de
apego e o primeiro momento da mãe ser sensibilizada pelo seu
ilho. Esse primeiro momento fora da vida uterina é essencial para
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Marciano RP, Amaral WN
estabelecer contato com os pais. É importante evitar separações
desnecessárias entre mãe e ilho e reduzir os procedimentos realizados
no pós-parto imediato ao estritamente necessário²³ (C).
Ao se analisar os sentimentos de mães diante dos cuidados
imediatos prestados ao recém-nascido, foi observado que elas apresentavam preocupação, medo e ansiedade quando esses cuidados
eram prestados fora de seu campo de visão. No entanto, o mesmo
estudo mostrou que algumas mulheres eram indiferentes ao fato
de o recém-nascido ser afastado para realização dos cuidados, pois
valorizavam essa forma de assistência intervencionista, em função
da preocupação da saúde de seu ilho²³ (C).
Discussão
Com relação ao desejo de ser mãe, os artigos estão de acordo
com a literatura psicanalítica que aponta que o desejo de ter
um ilho é um desejo narcisista, acompanhado de uma dose de
imortalidade: ele representa uma promessa de continuidade, pois
porta as características dos pais e o nome da família. O ilho pode
signiicar para os pais, também, o sucesso na realização dos sonhos
que eles mesmos fracassaram. Ele dará continuidade à árdua busca
pela onipotência, será o realizador de todos os desejos dos pais. Freud
airma que os pais são capazes de suspender, em favor da criança,
o funcionamento de todas as aquisições culturais que seu próprio
narcisismo foi forçado a respeitar e a renovar em nome delas as reivindicações aos privilégios de que eles próprios abandonaram¹ (D).
Há concordância na literatura que o vínculo entre mãe e ilho
começa a ser construído antes mesmo da concepção. Porém, é durante a gravidez que ele vai crescendo e se concretizando. A gravidez
implica em grandes mudanças e as consequências destas dependem da
interação de diversos fatores: a história pessoal e familiar da gestante;
o contexto da gravidez (se ocorreu dentro ou fora de um vínculo
estável, se foi planejada e desejada, se a gestante é adolescente, se
há histórico de aborto ou óbito fetal, etc.); as características de
evolução da gravidez (se é de baixo ou alto risco); o contexto sócio-econômico; e o contexto assistencial de saúde24 (D). Esses fatores
inluenciarão também o comportamento parental de vínculo com
o bebê. Nos artigos selecionados, encontraram-se alguns estudos
que apontaram a importância da rede de apoio e da estabilidade
inanceira para promoção do vínculo entre mãe e bebê.
A análise dos artigos aponta que é comum a ambivalência de
sentimentos durante a gravidez: alegria, tristeza, temores, ansiedades.
Os sentimentos vão se alterando de acordo com as mudanças dos
períodos gestacionais. Apontou-se também que o parto, assim
como a gravidez, é uma experiência importante na vida da mulher.
O parto se constitui como um momento crítico, pois é sentido
como uma situação de passagem de um estado para outro, cuja
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principal característica é a irreversibilidade, ou seja, é uma situação
que precisa ser enfrentada de qualquer forma. Diferentemente da
gravidez, cuja evolução é lenta, o parto é um processo abrupto que
introduz mudanças intensas24 (D).
Nessa revisão, foi observado que a forma como o neonato
vem ao mundo é considerada importante, apontando a assistência
humanizada ao parto como fator de promoção ao vínculo entre mãe
e bebê. O período do pós-parto foi apontado como um momento
crítico para o desenvolvimento do vínculo mãe-bebê, enfatizando
a importância do contato precoce e a diminuição das intervenções
desnecessárias nesse período logo após o nascimento.
O nascimento de um bebê é um evento que muda toda a rotina
familiar, especialmente da mulher, que é quem geralmente assume
a maior parte dos cuidados com o ilho. Stern25 (D) denominou essa
modiicação e reorganização da vida após o nascimento do bebê
como constelação da maternidade. Nesse momento, a mãe é capaz
de envolver-se emocionalmente com o bebê para promover seu desenvolvimento psíquico. A mãe precisa transformar e reorganizar sua
identidade para se dedicar ao bebê. Stern enfatiza a importância da
rede de apoio nesse período, a qual deve proteger a mãe isicamente
e apoiá-la psicologicamente para que ela possa se dedicar ao bebê.
Segundo Maldonado24 (D), quando a mãe está cercada de pessoas
que a ajudam e a apóiam, os sentimentos maternos de autoconiança
e realização pessoal tendem a aumentar, assim como a disposição
de dar afeto ao bebê.
Considerações inais
Neste estudo, buscou-se fundamentar as relexões sobre o vínculo
entre mãe e bebê por meio da análise de estudos empíricos com
diferentes métodos e níveis de evidência cientíica.
Os resultados apontam questões importantes como a assistência
humanizada, o contato precoce entre mãe e bebê, a rede de apoio
social e a estabilidade inanceira como fatores de promoção do
vínculo mãe-bebê. O processo de humanização do nascimento e
da assistência ao parto tem como objetivo humanizar o processo
de nascimento e expressa uma mudança da compreensão do parto
como experiência humana. O que ocorre precocemente durante o
período do pós-parto pode ajudar, imensamente, no desenvolvimento
de um vínculo dos pais com o bebê.
Nesse sentido, tais questões fornecem aspectos teóricos e
práticos para os proissionais que atuam no campo da saúde da
mulher e da primeira infância, contribuindo para relexões nessa
área. Considera-se que os resultados dos estudos apontados nesse
trabalho possam contribuir para repensar medidas intervencionistas
que separam mãe e ilho no pós-parto imediato, visto que esse primeiro contato é crucial para o desenvolvimento do vínculo entre eles.
O vínculo mãe-bebê da gestação ao pós-parto: uma revisão sistemática de artigos empíricos publicados na língua portuguesa
Leituras suplementares
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