FAO alerta: Três quartos dos solos na América Latina e no Caribe estão em risco
No âmbito do Dia Mundial do Solo, a FAO alerta que as perdas econômicas causadas pela degradação dos solos são estimadas em USD 60 bilhões anuais e enfatiza que a gestão sustentável é essencial para enfrentar esse desafio e garantir a segurança alimentar
©FAO/Andrea Galdamez
Neste 5 de dezembro, comemora-se o Dia Mundial do Solo sob o lema "Cuidar do solo: medir, monitorar, gerir," uma data para refletir sobre a importância desse recurso finito, essencial para a produção, conservação e segurança alimentar.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indica que 75% dos solos na América Latina e no Caribe apresentam problemas de degradação. Essa degradação resulta em perdas que podem chegar a USD 60 bilhões por ano.
“Os solos são o maior filtro de água da Terra, contêm mais carbono do que toda a vegetação do planeta e abrigam uma enorme diversidade de organismos cruciais, como bactérias e fungos, que desempenham um papel vital na decomposição da matéria orgânica, liberando nutrientes essenciais para o crescimento das plantas. Essa intrincada rede de interações favorece a saúde geral e a produtividade dos ecossistemas terrestres,” explica Ana Posas, Oficial de Agricultura da FAO.
Segundo dados da FAO, os solos da América Latina e do Caribe possuem o maior potencial de captação de carbono do mundo e poderiam mitigar entre 12% e 48% do total líquido regional de gases de efeito estufa.
“Estima-se que a formação de um solo saudável, apto para a produção agrícola, possa levar entre três mil e 12 mil anos. Por isso, devemos entender que o manejo sustentável dos solos é a base para a segurança alimentar, a resiliência e a adaptação às mudanças climáticas,” acrescentou a especialista.
Iniciativas regionais
A FAO implementa a iniciativa de recarbonização dos solos (RECSOIL), que busca melhorar a saúde do solo por meio da devolução do carbono orgânico, com projetos piloto no México, para cultivos de milho, limão e agave, e na Costa Rica, com um sistema de recompensas para agricultores que utilizam práticas de manejo sustentável dos solos.
Por outro lado, outra iniciativa é o projeto SOILFER, que busca mapear os solos para sistemas agroalimentares resilientes na América Central, para recuperar sua riqueza e produtividade em um contexto de crise de fertilizantes e mudanças climáticas.
No Caribe, o projeto SOILCARE trabalha para estabelecer um ambiente propício à gestão sustentável e restaurar terras degradadas, melhorando a segurança alimentar.
Além disso, a Rede Latino-Americana de Laboratórios de Solos (LATSOLAN), que reúne laboratórios de solos da região para impulsionar ações concretas com o objetivo de melhorar a capacidade analítica regional, conta com 230 instituições de 23 países da América Latina e do Caribe e trabalha com foco na inovação e tecnologia.
Ademais, foi implementado na região o Protocolo para a Avaliação do Manejo Sustentável de Solos promovido pela FAO, que mede a sustentabilidade das práticas agrícolas e já está sendo aplicado em oito países: Argentina, Costa Rica, Chile, Colômbia, Honduras, Nicarágua, Paraguai e Uruguai. Essa ferramenta permite ajustar e melhorar estratégias agrícolas com base nos dados obtidos, promovendo práticas mais sustentáveis e resilientes.
Outra ação de destaque é o Programa Global de Doutores do Solo, uma iniciativa baseada no sistema de Escolas de Campo para Agricultores da FAO, que forma agricultores no manejo sustentável dos solos. Esse programa já capacitou cerca de 10 mil agricultores em Antígua e Barbuda, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, México, Santa Lúcia e Venezuela.
Nos esforços para integrar a gestão dos solos na agenda climática, junto à Plataforma de Ação Climática na Agricultura da América Latina e do Caribe (PLACA) e à Aliança pelo Solo (ASLAC), foi desenvolvida uma agenda de capacitação e conhecimento, para avançar rumo a uma melhor governança e ação climática na região.
A FAO trabalha pela gestão sustentável dos solos para avançar em direção a uma Melhor Produção, um Melhor Meio Ambiente, uma Melhor Nutrição e uma Vida Melhor, sem deixar ninguém para trás.