La Capataza
La Capataza
La Capataza
La capataza
EDICIONES CINCO
Diseño de tapa: Manuel A m i g o
ISBN: 950-9693-28-6
Editado e impreso en la A r g e n t i n a
Esta reunión de asuntos criollos los dedico
a la memoria de mi esposa Paula Antonieta
Pepin Fitzpatrick de Chavero, fallecida en
Buenos Aires, el 14 de noviembre de 1990.
Creo cumplir así con mi homenaje a su muy
vasta cultura, a su alta autoridad musical
como pianista y a su profundo sentido de la
dignidad humana. Siempre será inolvidable
para mí su forma de entregar los preludios de
Juan Sebastián Bach. ¡Oh, Nenette!
H. Roberto Chavero
Abril de 1992
Presentación
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ras. Capataza vigilante, sorprendida en sus quehaceres,
recibe de este argentino un mandato sutil -tal vez enamo-
rado-: cuidarle lo que ama y lo que deja. Hacemos nuestra la
responsabilidad asumiendo con admirado respeto su deci-
sión.
Josefina R a c e d o
Abril de 1992
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La capataza
Te i n v e s t i r á s de t o d o s los p o d e r e s
a m á s de tu e j e m p l a r s a b i d u r í a .
Y cuidarás haciendas, campos, montes,
s e n d e r o s , r a n c h o , río y l e j a n í a s .
E s p e r á n d o t e estoy, m i c a p a t a z a .
C e n t i n e l a sin par. ¡Mi l u n a g a u c h a !
P a r a que b u s q u e s l a canción p e r d i d a ,
la que n u n c a c a n t é bajo los t a l a s .
Te e n s e ñ a r é los n i d o s de z o r z a l e s ,
y el p e q u e ñ o r u m - d u m a n o c h e c i d o ,
que se l l e n a de a r p e g i o s y t e m b l o r e s
c u a n d o b r o t a en los p a s t o s el rocío.
C a p a t a z a , me voy. Ya me despido.
Salgo a b u s c a r v i d a l a s al sendero.
¡Tú le d i r á s las cosas que me callo
a todo lo que amo y lo que dejo... !
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América
y la t i e r r a
El sueño
H a c e u n t i e m p o m e a c o m e t i ó como u n a p e s a d i l l a , u n
s u e ñ o . R e c u e r d o s i e m p r e mis s u e ñ o s : tal vez es la ú n i c a
m e m o r i a que me a s i s t e con orgullo, con m i e d o , con s e n s a c i ó n
fuerte de vida.
Soñé que vivía en los c o m i e n z o s de hace q u i n i e n t o s a ñ o s .
S o ñ é que m o r í a como cinco v e c e s , volvía a r e s u c i t a r , volvía a
m o r i r en ese sueño. El v i e n t o de la sierra p a s a b a como
s i l b a n d o e n t r e las a r r u g a s de mi cara, el v i e n t o frío me
e s p e r a b a cerca de las l o m a s a l t a s . Y esto me h a c í a sonreír, me
d i v e r t í a p o r q u e p a r e c í a que mis d i e n t e s a p r e t a b a n acuyicos
de v i e n t o .
Y yo s e g u í a c a m i n a n d o sobre mi u n i v e r s o , en mi t i e m p o .
Mi u n i v e r s o de p i e d r a . R e s p i r a n d o con firmeza. M i r a n d o allí
cerca, m i r a n d o allá lejos, y muy lejos, como se debe m i r a r . El
m a í z e s t r e n a b a v e r d e s n u e v o s . Y cada p l a n t a era como un
m u c h a c h i t o que a p r e n d í a a b a i l a r con g r a t i t u d p a r a el sol,
p a r a e l aire, p a r a l a b u e n a t i e r r a , m i e n t r a s d e s c u b r í a otros
h o r i z o n t e s e n este m u n d o .
En la media tarde, conversábamos entre paisas, sentados
en las p i e d r a s , o en el suelo, en la p u r a t i e r r a . A l g u n o con u n a
r a m i t a seca dibujaba un c o r r a l , lo b o r r a b a ; dibujaba un
animal, un huanaco, una vicuña, lo borraba. H a b l á b a m o s ,
c l a r o , en n u e s t r a l e n g u a con los p a i s a s , en la l e n g u a del T a i t a
M a y o r : e n q u e c h u a . P a r a decir las p a l a b r a s m á s a n t i g u a s
que c o n o c e m o s , y h a b l a r lo j u s t o de las c o s a s , en el j u s t o
m o m e n t o en que se p i e n s a , se s i e n t e , se vive.
C o n v e r s á b a m o s m i r a n d o l a t i e r r a , p o r q u e d e l a t i e r r a nos
llega la m e m o r i a de las p a l a b r a s , la s e r i e d a d de las r a z o n e s .
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Allá en la bajada, entre la p i e d r a y el río, como u n a p i e d r a
m á s , la casa. Así eran las cosas s i e m p r e , y p a r e c í a que así
s i e m p r e serían.
Un día, no s a b e m o s de d ó n d e , l l e g a r o n g e n t e s de m u c h o
m a n d o y g r a n d e s v o c e s , diciendo cosas que n o s o t r o s no
comprendíamos; tenían armas poderosas, desconocidas, y
las u s a b a n c o n t r a los p a i s a s . M i r a m o s al sol, p r e g u n t a m o s al
T a t a I n t i , pero no h u b o t i e m p o de oír u n a r e s p u e s t a . Ni un
solo m o m e n t o p a r a el adiós entre los p a i s a s . U n a o s c u r a n u b e
nos b o r r a b a el color de n u e s t r o s p o n c h o s .
N o s t u m b a r o n . En cada r e s u e l l o se nos iba la s a n g r e , la
vida, y la t i e r r a nos fue t a p a n d o la boca. N u e s t r a t i e r r a , la
que nos dio el m a í z , la que nos dio la a r e n a , los c o l o r e s , la que
h a c í a crecer a la p l a n t a , al río, al h o m b r e . La que nos dio
c a m i n o s , d i s t a n c i a s , s u e ñ o s . E s a m i s m a t i e r r a nos fue ta-
p a n d o los ojos y la boca. Bajo la t i e r r a q u e d a m o s con la
s o n r i s a y las p a l a b r a s a n t i g u a s ; bajo la t i e r r a se d u r m i e r o n
n u e s t r o s ojos y el a l i e n t o y la m e m o r i a de t o d o s los c a m i n o s .
N u e s t r a s m a n o s fuertes, m a n o s de c a r n e , cobre, sol y
v i e n t o , h e r m a n a s de la flor y la semilla, h e r m a n a s de la l a n z a
y de la flecha, d u r a s como la p i e d r a del h o n d e r o , t i e r n a s como
el y a r a v í de las q u e n a s , c u i d a d o r a s de ovejas y l l a m a s ,
n u e s t r a s m a n o s y a n o fueron n u e s t r a s m a n o s . F u e r o n secas
r a í c e s de un t i e m p o sin r e g r e s o .
Todos los h o r i z o n t e s q u e d a r o n s e p u l t a d o s bajo la a m a d a
t i e r r a n u e s t r a . Todos los p a i s a s nos fuimos c o n v i r t i e n d o de
p r o n t o en un silencio, en un e n o r m e silencio, en un infinito
silencio.
A ñ o s p a s a r o n , siglos p a s a r o n . Se m e z c l a r o n las s a n g r e s y
los t i e m p o s y las l e n g u a s , a lo l a r g o de las c o r d i l l e r a s , de los
b o s q u e s , de las l l a n u r a s , de las p a m p a s . A v e c e s , c u a n d o la
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n o c h e es profunda y azul, no se sabe de d ó n d e , nos llega como
un z u m b o un v i e n t o m i s t e r i o s o que r e c o r r e el espacio infinito
d e l a t i e r r a . U n a e x t r a ñ a voz r e c ó n d i t a p a r e c i e r a c o n v e r s a r
con el v i e n t o u t i l i z a n d o la s a g r a d a l e n g u a a n t i g u a del T a i t a
M a y o r : "Tú h a s de s a b e r l o , h u a y r a , h e r m a n o v i e n t o , sólo tú
h a s de s a b e r l o " .
¿ P o d r á n , quizá, otros p a i s a s y en otros t i e m p o s , q u i t a r n o s
poco a poco la t i e r r a que nos c u b r e , d e v o l v e r n o s la c l a r i d a d de
los ojos y la r i s a del v e r a n o ? La fuerza de n u e s t r a s m a n o s , el
a r o m a del surco s e m b r a d o , el rezo de n u e s t r a flauta, el claro
p e n s a m i e n t o de n u e s t r o s p e q u e ñ o s d i s c u r s o s . Y las m a n o s
con el m i s m o color de g r e d a y c a r n e , de sol y cobre, de fuerza
y viento...
¡Quizá u n día p o d a m o s c a n t a r j u n t o s , t o d o s los p a i s a s
j u n t o s , u s a n d o la s a g r a d a l e n g u a , la que a p r e n d i m o s del
T a i t a M a y o r . . . ! ¿ V o l v e r e m o s un día - ¿ c u á n d o ? ¿ c u á n d o ? - a
ser n o s o t r o s ?
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Palabras de un jefe piel roja
Q u i s i e r a r e c o r d a r u n a r e s p u e s t a m a r a v i l l o s a que u n jefe
piel roja dio a un jefe b l a n c o , p r e s i d e n t e de los E E U U en 1894,
e n W a s h i n g t o n , c u a n d o l e p r o p u s i e r o n c o m p r a r l e u n a ex-
t e n s a t i e r r a a los i n d i o s , y, t a m b i é n , d a r l e s u n a r e s e r v a c i ó n .
La r e s p u e s t a del jefe de Seattle ha sido c o n s i d e r a d a como la
m á s h e r m o s a y profunda d e c l a r a c i ó n sobre el m e d i o ambien¬
te j a m á s h e c h a . E s t o fue lo que dijo el jefe indio:
"¿Cómo se p u e d e v e n d e r o c o m p r a r el cielo, señor, o el calor
de la t i e r r a ? La idea es e x t r a ñ a p a r a n o s o t r o s . Si no p o s e e m o s
la t r a n s p a r e n c i a del aire o el fulgor del a g u a , ¿cómo p u e d e
u s t e d c o m p r a r l a ? C a d a trozo de esta t i e r r a es s a g r a d o p a r a
mi p u e b l o , señor. C a d a centelleo de las agujas de los p i n o s ,
cada g r a n o de a r e n a , cada b r u m a se v e n e r a n en la m e m o r i a
y en la e x p e r i e n c i a de mi p u e b l o .
Por la savia de los árboles fluye la m e m o r i a del h o m b r e
rojo. El h o m b r e b l a n c o olvida sus raíces c u a n d o la m u e r t e lo
lleva a c a m i n a r bajo las e s t r e l l a s . N u e s t r a m u e r t e n u n c a
olvida esta h e r m o s a t i e r r a porque ella es la m a d r e del
h o m b r e . N o s o t r o s somos p a r t e de la tierra y ella es p a r t e de
n o s o t r o s . Las flores p e r f u m a d a s son n u e s t r a s h e r m a n a s . El
ciervo, el c a b a l l o , el águila, son nuestros h e r m a n o s ; las c i m a s
r o c o s a s , el rocío de las p r a d e r a s , el sudor del c a b a l l o , el
h o m b r e m i s m o p e r t e n e c e n a u n a «nl»f»mfliq <a>ñnr De m o d o
que c u a n d o el g r a n jefe de W a s h i n g t o n i n s i n ú a c o m p r a r
n u e s t r a t i e r r a nos está pidiendo d e m a s i a d o .
E l g r a n jefe p r o p o n e r e s e n a r n o s u n h i g a r p a r a que n u e s t r a
p r o p i a v i d a sea m á s confortable, él será nuestro p a d r e y
n o s o t r o s sus hijos, es así como c o n c e b i m o s su p r o p o s i c i ó n .
P e r o ello no será fácil, p o r q u e esta t i e r r a es s a g r a d a p a r a
n o s o t r o s . El a g u a con sus d e s t e l l o s que fluye en los a r r o y o s y
en los ríos no es sólo agua, es la s a n g r e de n u e s t r o s a n c e s t r o s .
Si n o s o t r o s le v e n d e m o s n u e s t r a t i e r r a , señor, u s t e d no
debe o l v i d a r que ella es s a g r a d a . U s t e d debe e n s e ñ a r a sus
n i ñ o s que ella es s a g r a d a y cada reflejo e s p e c t r a l en el a g u a
d i á f a n a de los lagos va c o n t a n d o los a c o n t e c i m i e n t o s y las
m e m o r i a s de la v i d a de mi g e n t e . El a r r u l l o del a g u a es la voz
del p a d r e de mi p a d r e ; los ríos son n u e s t r o s h e r m a n o s . Ellos
a p a g a n n u e s t r a sed, a p o r t a n n u e s t r a s c a n o a s , a l i m e n t a n a
n u e s t r o s hijos.
S i n o s o t r o s l e v e n d e m o s n u e s t r a t i e r r a u s t e d debe r e c o r d a r
y e n s e ñ a r a sus n i ñ o s que los ríos son n u e s t r o s h e r m a n o s y
que t a m b i é n lo son de ellos y deben c o m p r o m e t e r s e a ser t a n
g e n e r o s o s con los ríos como lo son con c u a l q u i e r a de sus
hermanos.
N o s o t r o s s a b e m o s que el h o m b r e b l a n c o no e n t i e n d e n u e s t r a
m a n e r a de ser, p a r a él u n a porción de t i e r r a es igual a otra
porción. El es un e x t r a ñ o que llega de n o c h e y e x t r a e de la
t i e r r a todo lo que n e c e s i t a . La t i e r r a no es su h e r m a n a : es su
e n e m i g a , y c u a n d o ha llegado a c o n q u i s t a r l a , la a b a n d o n a . El
deja a t r á s la t u m b a de su p a d r e sin r e m o r d i m i e n t o s , él olvida
que la t i e r r r a p e r t e n e c e t a m b i é n a sus hijos. T a n t o la t u m b a
de su p a d r e como los d e r e c h o s de sus hijos no son r e s p e t a d o s ,
señor.
El t r a t a a su m a d r e , a su h e r m a n a , al cielo, como cosas que
p u e d e n ser c o m p r a d a s , s a q u e a d a s tal vez, v e n d i d a s cual
ovejas o c u e n t a s b r i l l a n t e s . Su a p e t i t o d e v o r a r á la t i e r r a
t o d a , dejando t r a s sí s o l a m e n t e un e n o r m e d e s i e r t o .
Yo no sé, señor. N u e s t r o s p e n s a m i e n t o s son d i f e r e n t e s de
v u e s t r o s p e n s a m i e n t o s . E l aspecto d e v u e s t r a s c i u d a d e s
h i e r e los ojos del h o m b r e piel roja. ¿ Q u i z á s ello se debe a que
el h o m b r e piel roja es un salvaje y no e n t i e n d e ?
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No hay sitios a p a c i b l e s en las c i u d a d e s del h o m b r e b l a n c o ,
no hay dónde se p u e d a e s c u c h a r el d e s p l i e g u e de los b r o t e s
p r i m a v e r a l e s o el s u s u r r o de las alas de los i n s e c t o s . Allá
dicen que soy un salvaje y no e n t i e n d o . Quizá sea por eso. Allá
sólo el fragor p a r e c e a g r e d i r los oídos y ¿qué s e n t i d o t i e n e la
v i d a si el h o m b r e no p u e d e e s c u c h a r el n o s t á l g i c o grito de la
g a l l i n a en la noche? ¿o los a r g u m e n t o s n o c t u r n o s de las r a n a s
en las c h a r c a s ?
Yo soy un piel roja y no lo e n t i e n d o , señor. El indio prefiere
el n u e v o silbido del v i e n t o que roza la superficie de las a g u a s ;
lo s u a v e , la fragancia del v i e n t o . El v i e n t o m i s m o p u r i f i c a d o
por la lluvia o i m p r e g n a d o con el perfume del p i ñ o n e r o . El
aire es un t e s o r o p a r a el piel roja p o r q u e t o d a s las cosas
c o m p a r t e n un m i s m o a l i e n t o : la b e s t i a , el árbol, el h o m b r e ,
t o d o s c o m p a r t e n el m i s m o a l i e n t o . El h o m b r e b l a n c o no
p a r e c e d a r s e c u e n t a del aire que r e s p i r a . Es como un h o m b r e
i n s e n s i b l e al dolor d u r a n t e u n a l a r g a agonía.
S i v e n d e m o s n u e s t r a t i e r r a , señor, u s t e d debe r e c o r d a r
que el aire es muy p r e c i a d o p a r a n o s o t r o s , que el aire
c o m p a r t e su e s p í r i t u con t o d a s las v i d a s que ha m a n t e n i d o .
El v i e n t o en el que el p a d r e de mi p a d r e fundió su p r i m e r
a l i e n t o recogió t a m b i é n su p o s t r e r suspiro y si n o s o t r o s le
v e n d e m o s n u e s t r a t i e r r a , u s t e d debe p r e s e r v a r eso que y a e s
s a g r a d o como u n l u g a r donde h a s t a e l h o m b r e b l a n c o p u e d a
l l e g a r a s a b o r e a r el v i e n t o e n d u l z a d o , muy e n d u l z a d o por las
flores del c a m p o .
Sólo así n o s o t r o s c o n s i d e r a r í a m o s su p e t i c i ó n de c o m p r a r
n u e s t r a t i e r r a . Si d e c i d i é r a m o s a c e p t a r l a , lo h a r í a m o s bajo
u n a condición: el h o m b r e b l a n c o debe t r a t a r a las b e s t i a s de
esta t i e r r a como sus h e r m a n o s . Como salvaje yo t e n g o u n a
sola m a n e r a de e n t e n d e r . He visto m i l e s de búfalos
p u d r i é n d o s e en las p r a d e r a s , señor, b a l e a d o s por los h o m b r e s
b l a n c o s d e s d e un t r e n en m a r c h a . Yo soy un salvaje y no
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e n t i e n d o cómo u n a p e r s o n a d e s d e u n t r e n p u e d e ser m á s
i m p o r t a n t e que un búfalo en la p r a d e r a . N o s o t r o s los sacri¬
ficamos sólo p a r a sobrevivir c u a n d o rio hay otra cosa que
comer. ¿Qué sería del h o m b r e sin las b e s t i a s ? Si ellas d e s a -
p a r e c i e r a n , el h o m b r e m o r i r í a de n o s t a l g i a ; c u a l q u i e r cosa
que le o c u r r a a las b e s t i a s p r o n t o le o c u r r i r á t a m b i é n al
h o m b r e . T o d a s las cosas e s t á n r e l a c i o n a d a s , señor.
U s t e d debe e n s e ñ a r a su hijos que la t i e r r a que p i s a n es la
ceniza de n u e s t r o s a n t e p a s a d o s , así ellos p u e d e n r e s p e t a r .
Dígale a sus n i ñ o s , señor, que la t i e r r a ha sido e n r i q u e c i d a
con las v i d a s de n u e s t r o linaje. E n s é ñ e l e a sus n i ñ o s lo que
n o s o t r o s les h e m o s e n s e ñ a d o a los n u e s t r o s : la t i e r r a es
n u e s t r a m a d r e , c u a l q u i e r cosa que a ella le s u c e d a le sucede
t a m b i é n a los hijos de la t i e r r a . Si el h o m b r e escupe sobre la
t i e r r a , escupe sobre sí m i s m o , señor. E s t o n o s o t r o s lo sabe¬
m o s , la t i e r r a no p e r t e n e c e al h o m b r e . El h o m b r e p e r t e n e c e ,
sí, a la t i e r r a .
E s t o lo s a b e m o s , t o d a s las cosas e s t á n r e l a c i o n a d a s , igual
que lo está u n a familia por su s a n g r e , t o d a s las cosas e s t á n
así c o n e c t a d a s , todo lo que acontece a la t i e r r a a c o n t e c e a los
hijos de la t i e r r a . El h o m b r e no teje la t r a m a de la vida. El es
a p e n a s u n a h e b r a . C u a l q u i e r d a ñ o que le ocasione a la t i e r r a
se lo está h a c i e n d o a sí m i s m o . Aun el h o m b r e b l a n c o cuyo
dios c a m i n a y h a b l a con él como amigo no p u e d e e v i t a r el
destino común.
N o s o t r o s p o d e m o s ser h e r m a n o s a p e s a r de t o d o . No lo
olvide, señor. U n a cosa s a b e m o s , la cual el h o m b r e b l a n c o
p u e d e d e s c u b r i r algún día: n u e s t r o dios es el m i s m o dios.
A h o r a u s t e d e s p u e d e n p e n s a r que é l les p e r t e n e c e t a n t o como
d e s e a n que les p e r t e n e z c a n u e s t r a t i e r r a , pero e s t á n en eso
e q u i v o c a d o s . El es el dios del h o m b r e y su m i s e r i c o r d i a es
igual p a r a el h o m b r e piel roja como p a r a el h o m b r e de piel
b l a n c a . El ama a esta t i e r r a y c u a l q u i e r daño que se le h a g a
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c o n s t i t u y e u n d e s p r e c i o p a r a e l creador. Los b l a n c o s t a m b i é n
d e s a p a r e c e r á n y p r o b a b l e m e n t e a n t e s de que d e s a p a r e z c a n
o t r a s t r i b u s . E n s u c i a n sus c a s a s y u n a noche se a h o g a r á n en
sus p r o p i o s d e s p e r d i c i o s .
No o b s t a n t e , el b l a n c o al d e s a p a r e c e r b r i l l a r á como lumi¬
n a r i a e n c e n d i d a por el p o d e r del dios que lo trajo a esta t i e r r a
y que con un p r o p ó s i t o especial le dio d o m i n i o sobre ella y
sobre el h o m b r e piel roja. Ese d e s t i n o es un m i s t e r i o p a r a
n o s o t r o s . N u n c a p o d r e m o s concebir por qué los búfalos son
i n ú t i l m e n t e sacrificados, los c a b a l l o s salvajes d o m a d o s , los
r i n c o n e s v í r g e n e s de los b o s q u e s p r o f a n a d o s por aglomera¬
ciones h u m a n a s y el paisaje abierto de las colinas s a t u r a d o ,
m u y s a t u r a d o de cables m e n s a j e r o s . ¿Dónde está el m o n t e
d e s a p a r e c i d o , señor? ¿ D ó n d e está el á g u i l a , señor, extin¬
g u i d a ? ¿El final de la vida, el c o m i e n z o de la s o b r e v i v e n c i a ?
Y a p e s a r de t o d o , señor, p o d e m o s ser h e r m a n o s . "
24
A José Gabriel Condorcanqui
allá en el cielo indio
25
P e r o dicen los altos p e n s a n t e s que " n i n g u n a fuerza se pier¬
de" si e m a n a del fondo de u n a conciencia l i m p i a y de un a m o r
sin m e z q u i n d a d e s . No hace m u c h o se c u m p l i e r o n d o s c i e n t o s
años de tu sacrificio, c u a n d o c u a t r o caballos a t a d o s a t u s
b r a z o s y t u s p i e r n a s te e n s a n c h a r o n en l i b e r t a d .
A n t e s de m o r i r , viste a M i c a e l a , tu esposa, p e q u e ñ a , frágil
como un a m a n c a y de o c t u b r e , t a n fina que el cordel del
g a r r o t e vil no p u d o ceñirse en su cuello, y tú, a m a r r a d o e n t r e
dos b a r r a s de h i e r r o , t u v i s t e que c o n t e m p l a r la h o r r i b l e
m u e r t e de tu c o m p a ñ e r a , d e s p e d a z a d a a p u n t a p i é s y a
p e d r a d a s por los siete a s e s i n o s al servicio del "señor corre¬
gidor", A r e c h e , que o b s e r v a b a los h e c h o s a tu l a d o , c r u z a d o s
los b r a z o s , sin h a c e r gesto a l g u n o .
Y l u e g o , por c e n t é s i m a vez, A r e c h e te ha p e d i d o el n o m b r e
de t u s c o l a b o r a d o r e s en la g r a n r e b e l i ó n . Y tú, c o r a z ó n
l a s t i m a d o en los despojos de tu M i c a e l a , m i r a s t e al t i r a n o , y
con voz alta y firme h a s dicho: "Aquí no hay m á s c u l p a b l e s
que tú y yo. Tú, por t i r a n o y opresor. Y yo por q u e r e r l i b e r t a r
a mi p u e b l o , a m i s h e r m a n o s . "
E r a la m a ñ a n a del 18 de m a y o de 1 7 8 1 . E n t r e los p e ñ a s ¬
c a l e s , T ú p a c , a l g u n o s r o s t r o s de b r o n c e y g r a n i t o a s o m a b a n
t r a s los i r o s . E r a n tus r u n a s , los que luego se c o n v e r t i r í a n en
c h a s q u i s h a c i a los c u a t r o r u m b o s de la sierra, n a r r a n d o la
tragedia al T a h u a n t i n s u y u .
D u r o precio p a g a s i e m p r e el a n h e l o de l i b e r t a d en los
h o m b r e s y en los p u e b l o s . G e n t e de tu s a n g r e , como J u a n
B a u t i s t a , Túpac Amaru, padecieron prisión y destierro. Este
J u a n B a u t i s t a , tu h e r m a n o m e n o r , fue llevado a E s p a ñ a
d o n d e p a s ó m á s de c u a r e n t a años en las c á r c e l e s . Y un día,
l i b e r a d o , a p a r e c i ó en este B u e n o s A i r e s de la A r g e n t i n a ,
viejo, v i e j í s i m o , pobre de t o d a s las p o b r e z a s , m a n e j a n d o
l a t i n e s de C a s t i l l a sin h a b e r olvidado el q u e c h u a .
Le escribió a R i v a d a v i a en o c t u b r e de 1822, a p e n a s lle-
26
g a d o . Y el p r e s i d e n t e R i v a d a v i a , a los dos días de r e c i b i r la
c a r t a del i n d i o , le concedió u n a p e n s i ó n de t r e i n t a p e s o s
m e n s u a l e s , "de por vida". Tu h e r m a n o , T ú p a c , en su c a r t a al
p r e s i d e n t e a r g e n t i n o h a b í a citado p a l a b r a s d e San M a r t í n ,
de B e l g r a n o y de G ü e m e s . A n t e s , h a b í a s a l u d a d o desde
C e u t a en u n a b r i l l a n t e noca a Bolívar, que ya a v i z o r a b a el
Chimborazo.
P e r i o d i s t a s y h o m b r e s de l e t r a s de la época h a b l a r o n con
tu h e r m a n o , José G a b r i e l . Y tu sacrificio, n u n c a o l v i d a d o ,
r e a v i v ó tu perfil de l e y e n d a . " N i n g u n a fuerza se p i e r d e . . . " .
Y p a s a r o n los años y los t i e m p o s colgando sus h o r a s en los
m u r o s del d e s t i n o . Y te m u l t i p l i c a s t e y r e v i v i s t e , y se r e p i t i ó
tu h o l o c a u s t o y te r e s u c i t a r o n los soles de A m é r i c a en la
selva, la p a m p a y la m o n t a ñ a , T a t a y C o n d o r c a n q u i .
¡Cuánto rezo por la paz del m u n d o se eleva en estos d í a s ,
m i e n t r a s los f a b r i c a n t e s de g u e r r a s y su grey de t r a f i c a n t e s
de la m u e r t e a c u m u l a n e l e m e n t o s que a c a b a r á n con el
h o m b r e y su familia!
M i r o t u t i e r r a , C o n d o r c a n q u i , s a c u d i d a , r e v u e l t a , confusa,
e n t r e d e r e c h a s e i z q u i e r d a s , entre a v e n t u r e r o s , m a g o s y
e s p e c u l a d o r e s , y p i e n s o en ti, m i e n t r a s v i s l u m b r o la s o m b r a
de tu s o m b r a en el cielo indio, que está d e n t r o de mí. Sé que
los que te a m a m o s d e s d e el h o n d ó n del a l m a a m e r i c a n a
m e s t i z a y u n i v e r s a l no e q u i v o c a r e m o s j a m á s tu p a s i ó n con¬
f u n d i é n d o l a con los m e z q u i n o s p r o p ó s i t o s de los p a r á s i t o s
sociales, i n c a p a c e s del sueño y el r e n u n c i a m i e n t o . N o , T a t a y
C o n d o r c a n q u i . Otra ha sido tu p a s t a , muy otra tu a l t i t u d , tu
d i g n i d a d . Tu m u e r t e ha sido como un r i t u a l de la c o m u n i ó n
e n t r e la t i e r r a y el h o m b r e . C ó s m i c a c o n s u s t a n c i a c i ó n .
Todo t i e m p o es b u e n t i e m p o p a r a orar. Q u i e r o s e n t i r mi
c o r a z ó n en alto r e z a n d o por la paz, por la u n i ó n de los
h o m b r e s , por la c o n s a g r a c i ó n de la a r m o n í a . Tal vez se p u e d a
d e r r o t a r un día a todo lo que envilece y deforma la vida.
Te s a l u d o , T ú p a c , desde mi p a m p a .
27
TÚpac Amaru. Cantata
El sacrificio de T ú p a c A m a r u
E r a n las p r i m e r a s c l a r i d a d e s , p i n t a n d o f a n t a s m a s e n los
r o q u e d a l e s , cerca de Cuzco. H u y e n d o de los v i e n t o s fríos, se
diluía la m a d r u g a d a . E r a la h o r a "en que el c a n t o de los gallos
cava la m i n a del alba."
Sombras de soldados ascendían hacia la meseta, llevando
a J o s é G a b r i e l C o n d o r c a n q u i , el jefe de los c o m u n e r o s de
T i n t a . El T ú p a c A m a r u .
El c a c i q u e de la c o m u n i d a d q u e c h u a , c o r p u l e n t o , de h o n d a
voz v i g o r o s a . El h o m b r e - t i e r r a que decidía por m u c h o s el
a n h e l o de t o d o s : ¡LIBERTAD!
E n t r e las p e ñ a s , p o n c h o s e s c o n d i d o s e s p i a b a n los movi¬
m i e n t o s del opresor.
José G a b r i e l C o n d o r c a n q u i fue s e n t a d o sobre u n a p i e d r a
g r a n d e , j u n t o a un p o s t e donde sería a j u s t i c i a d o , en el
p r o c e d i m i e n t o de "vil g a r r o t e " . U n a c u e r d a sujetaría su
cuello, y el t o r n i q u e t e d a r í a v u e l t a s en m a n o s del v e r d u g o .
C o m e n z ó la ejecución. P e r o la c u e r d a se t r i z ó , quizá
g a s t a d a . M u c h o s años d e s p u é s , e l p o e t a A b r e u G ó m e z t r a n s ¬
c r i b i r í a el c o m e n t a r i o de T ú p a c A m a r u : "¡Hará falta m u c h a
c u e r d a p a r a a h o r c a r a todo un p u e b l o ! " .
F u e e n t o n c e s , y ya el sol r e i n a b a sobre las c u m b r e s ,
c u a n d o José Gabriel fue sujeto con lazos en sus e x t r e m i d a d e s
a c u a t r o c a b a l l o s , cuyos j i n e t e s , a u n a orden, t i r a r í a n h a c i a
los c u a t r o p u n t o s c a r d i n a l e s .
La h o n d a voz del cacique no pidió ni c l e m e n c i a ni favores.
Sólo c r i n e s al v i e n t o del A n d e , y un sonido de e s p u e l a s ,
28
p r o n t a s a h e r i r ijares p a r a c u m p l i r u n a b a r b a r i e . P a r a des¬
p e d a z a r a un corazón e s t a q u e a d o .
Un g r a n t e s t i g o , un e t e r n o t e s t i g o : el sol.
Y d e t r á s de las p e ñ a s , un p u ñ a d o de ojos r a s g a d o s , de¬
s e s p e r a d a m e n t e fijos en el h o m b r e q u e r i d o , en el a m a d o
T a t a y de los i n d i o s c o m u n e r o s .
De p r o n t o , la orden, sin voz que t e m b l a r a , sin Dios que la
e n m u d e c i e r a , sin un soplo de alma b u e n a capaz de d e t e n e r l a .
Y la voz e s t a l l ó , como u n a c a m p a n a de m u e r t e , e n e m i g a
del sol y de la p i e d r a , e n e m i g a del v e r d o r del m a í z que se
m e c í a en las l a d e r a s , valle abajo.
Ni un cóndor en el aire. Ni un r a s t r o de v i c u ñ a . Sólo el
v i e n t o en el A n d e .
C o n c l u i d o el suplicio, r e c o g i d o s los l a z o s , ellos fueron
descendiendo la meseta. Instantes después desaparecían
e n t r e los p a j o n a l e s , como p u m a s h a r t o s .
José Gabriel C o n d o r c a n q u i quedó ahí, como un c á n t a r o
roto e n t r e las p i e d r a s .
P e r o el v i e n t o a p r e n d i ó a decir su n o m b r e , y lo r e p i t i ó en
t o d a s las q u e b r a d a s , por todo el T a h u a n t i n s u y u , los c u a t r o
r u m b o s de la A m é r i c a india.
¡Túpac A m a r u ! . . . ¡Túpac A m a r u ! . . . ¡Túpac A m a r u ! . . .
A n ó n i m o de los A n d e s p e r u a n o s , Cuzco.
29
Fue aquí, sobre esta sierra de granito
donde el cóndor se ha dormido
aprisionado, pero nunca abatido.
¡Túpac Amaru!
¡Túpac Amaru!
Cuatro caballos en cruz.
Una mañana de vientos.
Cuatro jinetes de sombra.
Cuatro fantasmas sedientos.
¡Túpac Amaru!
¡Túpac Amaru!
Se fue d u r m i e n d o c a l l a d o .
Silencio despedazado
por cuatro potros en cruz.
S a n g r e d e l sol e n l a s p i e d r a s .
S a n g r e del sol.
S a n g r e del indio cobrizo.
S a n g r e del sol.
Sin un grito. Silencioso,
como una inmensa verdad
q u e en los siglos d u r a r á .
A l C u r a c a d e los A n d e s
lo e n s a n c h a r o n en Libertad.
¡Lo e n s a n c h a r o n en Libertad!
Los cuatro potros en cruz
lo e n s a n c h a r o n en Libertad.
¡Túpac Amaru!
¡Túpac Amaru!
30
En la noche silenciosa
C o r a z ó n de la noche
la p e n a te ha g a n a d o .
¡Ayuyuy, noche oscura!
S u s ojos n o n o s m i r a n .
Silencio ensangrentado.
¡Ayuyuy, noche oscura!
P o b r e c i t o , los i n d i o s ,
en silencio l l o r a m o s .
¡Ayuyuy... noche oscura!
¡Ayuyuy... noche oscura!
31
Enamorada.
Enamorada.
D e s d e l a p e ñ a del alto
el pastor la está m i r a n d o .
Enamorada.
Enamorada.
Oro de sol m a ñ a n e r o
se d e r r a m a sobre el prado
y los p a s t o r e s suspiran.
Enamorados. Enamorados.
Enamorados. Enamorados.
¡Ay, p a s t o r a , q u i é r e m e !
¡ Ay, p a s t o r a , a c é r c a t e !
Ay, p a s t o r a , p o b r e s o y . . .
No puede sentirse pobre
quien tiene s a n g r e del sol.
Muñequito de cobre
(Canción para un niño indio)
Un m u ñ e q u i t o de cobre
tengo en mis brazos.
D e s c a l z a llega la noche,
para mirarlo.
32
¡Sonko, Sonkito!
¡Munay munanquü
Que en ti no p r e n d a n
las soledades...
Tu p a d r e con l e ñ a s secas
v i n o del c a m p o .
D u e r m e , niño, que te cubro
con el a g u a y o .
¡Sonko, Sonkito!
¡Munay munanquü
Que en ti no p r e n d a n
las soledades...
Mi m u ñ e q u i t o de cobre...
t u s ojos s e v a n c e r r a n d o .
¡Cuánta fuerza y cuánto mundo
tengo en mis brazos!
¡Sonko, Sonkito!
¡Munay munanquü
Que en ti no p r e n d a n
las soledades...
33
Han madurado el maíz.
¡Kusiya! ¡Kusiya!
G r a n o s rojos tiene el m a í z .
¿Por qué s e r á . . . ? ¿Por qué será?
P o r la s a n g r e de los i n d i o s
e n los A n d e s derramada...
¡Kusiya! ¡Kusiya!
¡Ay, la s a n g r e d e r r a m a d a !
¿Por qué s e r á . . . ? ¿Por qué será..
Ay, la sangre d e r r a m a d a ,
q u e d ó e n los a t a r d e c e r e s ,
quedó en la tierra bermeja,
en el p o n c h o de los i n d i o s ,
en el canto de las q u e n a s .
Y en el g r a n o del m a í z .
En el g r a n o del m a í z
cosechemos la esperanza.
¡Kusiya! ¡Kusiya!
34
Combatiremos la sombra.
¡Kusiya! ¡Kusiya!
Viejos indios, hombres nuevos.
Viejos indios, hombres nuevos.
H a c i a las p u e r t a s del alba.
¡Kusiya! ¡Kusiya!
* Esta Cantata, musicali/alla por Enzo Gieco, fue grabada para el sello
Le Chant du Monde, de París, Francia, en el año 1979, con la
participación de la Agrupación Música de Buenos Aires, el Coral
Contemporáneo de Buenos Aires y el actor Ernesto Bianco en el
recitado.
35
Una historia sencilla
36
u n p e d a c i t o d e " a m a l h a y a " c u y a e s p e r a n z a l e e n t i b i a b a e l an¬
ticipado invierno de su corazón.
Un día, casualmente, sorprendimos su regreso, por la
s e n d a que p a s a frente al r a n c h o de Tolaba y t o m a h a c i a las
p l a y a s a n c h a s y p e d r e g o s a s d e l r í o d e C h i s j r a . B a j o e l sol d e l
mediodía -que hacía achicar los ojos- vimos a la Juana
apearse de su caballo, acercarse a la c o r r i e n t e del río, y
l a v a r s e c u i d a d o s a m e n t e el r o s t r o . E s t a b a q u i t á n d o s e el color
e n c e n d i d o de sus mejillas. Claro, en su r a n c h o no le h u b i e r a n
permitido tanta audacia.
Desde ese día la J u a n a fue para nosotros una persona
i m p o r t a n t e . A n t e s la h a b í a m o s visto como un paisaje; como
un pedazo de m o n t a ñ a jujeña desplazándose sobre la m a ñ a n a
de la ciudad, con su poncho de tres colores, sus fuertes
piernas oscuras, sus sandalias indias h ú m e d a s y gastadas,
s u m a n o r e g o r d e t a , m a n o h o m b r u n a , con u n pequeño anillito
de p l a t a en un dedo; su c a r a de k o l l a sin e d a d d e f i n i d a , su
sombrero de anchas alas y las dos trenzas negrísimas y
largas. Era tal su timidez, que apenas si miraba cuando
alguien la saludaba o le preguntaba alguna cosa que no
t u v i e r a que v e r con las l e g u m b r e s .
37
L o s t a t a s d e l a k o l l i t a s e h a b í a n ido p a r a e l l a d o d e S a n
P e d r o y la J u a n a se h a b í a c o n c h a b a d o en la ciudad, cerca de
nuestra casa.
Parecerá ésta una historia sin i m p o r t a n c i a , una sencilla
historia de una serranita jujeña. Es p o s i b l e que así sea. Tal
vez le resulta entretenido leerla a ese sector de gentes
curiosas que se asoman al Reader's Digest para acortar un
viaje en t r a n v í a o para discutir luego colaborando con los
corruptores de la esperanza h u m a n a .
Pero hay algún detalle todavía: la J u a n a tenía libre salida
los d o m i n g o s . Otras m u c h a c h a s salían a ver a sus p a r i e n t e s ,
a sus a m a d o s , a sus a m i g o s . Se i b a n a los r a n c h o s de los
trabajadores, d o n d e no f a l t a b a u n a z a m b a del p a g o o una
quena desgranando un yaraví nostálgico.
La J u a n a , sola, se encaminaba hacia el Puente Pérez;
c r u z a b a por la senda frente al r a n c h o de Tolaba; se allegaba
a la p l a y a del C h i s j r a y se d e t e n í a al final s o b r e el c e r c o de
a q u e l l a q u i n t a de v e r d u r a s en que nació y t r a b a j ó y la que
tuvo que abandonar, obligada de mala m a n e r a .
Y c u a n d o volvía a la casa de sus p a t r o n e s , éstos n o t a b a n
en el r o s t r o de la J u a n a un color e n c e n d i d o , p r i m a v e r a pres¬
t a d a p o r u n a f l o r del camino.
Y n o s o t r o s p e n s a m o s , d e s d e lo h o n d o del a l m a criolla y del
amor a la t i e r r a , en todo lo que t e n e m o s que rendir, con
p a t r i ó t i c o e s f u e r z o , p a r a q u e l o s p r o l e t a r i o s d e l c a m p o ten¬
g a n su t i e r r a y la s i e m b r e n c a n t a n d o ; p a r a q u e los d e s a l o j o s
y atropellos a trabajadores rurales sean un día un r e c u e r d o
malo, d e f i n i t i v a m e n t e s u p e r a d o ; y p a r a que la J u a n a sienta
que la vida es b u e n a , y llene de a l e g r í a su c o r a z ó n ya sin
primaveras prestadas ni limosnas que envilecen.
Jujuy, 1930.
38
La hermanita perdida
De la m a ñ a n a a la n o c h e .
De la n o c h e a la m a ñ a n a .
En g r a n d e s olas azules
y encajes de e s p u m a s b l a n c a s ,
te va l l e g a n d o el saludo
permanente de la Patria.
Ay, h e r m a n i t a perdida,
hermanita: vuelve a casa.
Amarillentos papeles
t e p i n t a n con o t r a l a y a .
Pero son v e i n t e millones
que te l l a m a m o s : hermana.
Sobre las aguas australes
planean gaviotas blancas.
Dura piedra enternecida
por la sagrada esperanza.
Ay, hermanita perdida,
hermanita: vuelve a casa.
39
Pero queremos ver una
sobre tus piedras clavada.
P a r a llenarte de criollos.
Para curtirte la cara
h a s t a que logres el gesto
tradicional de la P a t r i a .
¡Ay, hermanita perdida,
hermanita: vuelve a casa...!
4-:
Los trabajos
y los caminos
Vidala del trabajador
En el m e d i o de los s u r c o s
trabaja el trabajador.
B r i l l a e l sol e n e l m a c h e t e
y el h o m b r e d o b l a o en d o s .
Ay, vidalita
del cañaveral.
En el p a t i o de la casa,
el hijo del p e l a d o r .
Plantita recién brotada.
Que me la proteja Dios.
Ay, vidalita
del cañaveral.
D e t r á s d e los a l t o s c e r r o s
d e s p a c i o se m u e r e el sol.
Mañana será otro día.
Canta, canta, corazón.
Ay, vidalita
del cañaveral.
E n t r e los surcos
no hay carnaval.
¡Ay, vidalita
del cañaveral!
43
Arriba del Cerro Negro
44
Hay que hacer una polca
Q u e l a s p i c a d a s s u e l t e n los h a l c o n e s
del g r i t o del m e n s ú por las l a d e r a s .
Y el b a r b a c u á d e r r a m e los z u m b i d o s
de su largo e s p e r a r , sobre la s e n d a .
45
H a y q u e h a c e r u n a p o l c a c o n l o s ojos
del o b r e r o del t u n g , lágrima muerta,
que en la n i e b l a t e n a z de las m a ñ a n a s
besa doblado la bermeja tierra.
... Y el b o t e r o que s u r c a la m a ñ a n a
p o n i e n d o en el j u n c a l cintas de seda,
d o n d e se a r r u l l a el sueño de la garza
m i e n t r a s l a e s p u m a con l a arena juega.
Y la b a r r i a d a gris de los o b r e r o s ,
r i n c ó n de la g u a r a n i a y la m i s e r i a .
Y la h u a i n a que m i d e los suspiros
con la e m b r u j a d a v a r a de sus t r e n z a s .
Mayo de 1958
46
Romance de
la luna tucumana
Bajo e l p u ñ a l del i n v i e r n o
m u r i ó e n los c a m p o s l a t a r d e ,
con su t a m b o r de d e s v e l o s
salió la l u n a a r e z a r l e .
Se e m p o n c h a n de grises nieblas
los v e r d e s c a ñ a v e r a l e s ,
y c a m i n a n los c a m i n o s
con su e s c o l t a de a z a h a r e s .
Mi c o r a z ó n b a t e las p a l m a s
con las m a n o s de mi s a n g r e
mientras, cansada, la luna
s e d u e r m e , sola, e n los v a l l e s .
47
Coplas de Colombia
Yo no c o n o z c o el T o l i m a
con esa p e n a me voy.
P e r o he de vivirla un día
o y a n o s e r é q u i e n soy.
Si el t i e m p o me diera t i e m p o
junto al Cauca viviría
para llenarlo de coplas
p a r a el resto de su vida.
Si se d e r r u m b a un b a r r a n c o
no llore el Siloé
j u n t o a los r a n c h o s c a í d o s
q u e d a n los h o m b r e s d e p i e .
Los h o m b r e s en su avaricia
le d a n la e s p a l d a al amor.
L a b r a n y c a v a n la t i e r r a
como s e p u l t a n d o el sol.
48
Negro ciego que caminas
por el lugar m á s oscuro
yo he de p e l e a r l o al destino
pa' hacer tu paso seguro.
49
¡Hiroshima!
(La ciudad que no olvido)
C o m o el Ave F é n i x , de las c e n i z a s r e n a c i e n d o .
Como una sinfonía de B e e t h o v e n
q u e a l c a n z a la a l e g r í a a t r a v é s del dolor.
Como un héroe legendario resucitando en cada célula,
o r g a n i z a n d o el pulso en las a r t e r i a s ,
vigorizando el músculo,
l a v a n d o el a l m a con a g u a y luz de siglos
hasta recuperarte y consagrarte
al oficio y al l i b r o ,
al c a n t o y la e s p e r a n z a .
L a b r a d o r del F u t u r o , g r a n s e m b r a d o r del s u e ñ o .
Así mi c o r a z ó n te siente, e n a m o r a d o .
¡Hiroshima!
Q u é n o c h e fue t u n o c h e , k i m o n o d e s g a r r a d o .
C u a n d o t o d o e r a sol s o b r e l a t i e r r a .
El h o r r o r sin f r o n t e r a s , y la c i u d a d sin n i ñ o s .
Ni p i n o s en la s i e r r a , ni a r r o z a l en los p r a d o s .
Ni un ave, ni una flauta de b a m b ú
c o n t a n d o h i s t o r i a s bajo las e s t r e l l a s .
T o d o fue u n g r a n s i l e n c i o , s i n s a l m o , sin a d i o s e s .
Ni lágrima, ni salmo.
Sólo un inmenso asombro horrorizado.
¡Hiroshima!
Pero Dios custodiaba tu ternura,
tu sagrada semilla, tu voz p r o f u n d a .
Y te r e c u p e r a s t e , y r e n a c i s t e ,
h a s t a p i n t a r d e n u e v o l a t i m i d e z g r a c i o s a del c e r e z o .
50
Y las m a d r e s p u d i e r o n en la t a r d e
recomenzar el canto i n t e r r u m p i d o .
¡Nem-Kororó! ¡Nem-Kororó!
Así te siente mi corazón e n a m o r a d o .
Así te canta mi guitarra argentina.
Así te digo a d i ó s , y en ti q u e d o . ¡ H i r o s h i m a !
Noviembre de 1976.
51
Los paisajes húngaros
Yo a n d u v e por tu r e i n o de a c a c i a s y de tilos
inolvidable C á r p a t o s donde el aire c a n t a b a .
V i las b r i l l a n t e s b o t a s d e los m o z o s l a b r i e g o s
y la p a n t l i n k a d a n d o la edad de las m u c h a c h a s .
Yo t r a j i n é los l a r g o s c a l l e j o n e s de M i s k o l e ,
r o m a n z a y a c o r d e o n e s en las m a n o s m i n e r a s ,
d o n d e , e n c o n t r a s t e , c o r r e n los r í o s del a c e r o
m i e n t r a s l l e g a n del este las a n t i g u a s c a r r e t a s .
B e s a r o n mi n o s t a l g i a las b r u m a s del D a n u b i o
cada vez que u n a p e n a se vistió de v i d a l a .
A h o n d a n d o mis heridas me golpeaba la copla.
¡ A m é r i c a , q u é lejos! ¡Qué lejos mi m o n t a ñ a ! . . .
La noche d e s p e r t a b a con m a g i a de v i o l i n e s ,
cerca, y siempre lejanos; r o m a n z a y m á s r o m a n z a .
Todo el a m o r del m u n d o se c o n c e n t r a en la m ú s i c a .
C u a n d o un cigany toca, quien m u e r e da las g r a c i a s .
H u n g r í a es una caja d e m ú s i c a i n f i n i t a
b o r d a d a j u n t o al sueño de la estrella más alta.
¡Mi c o r a z ó n c o n g r e g a t o d a s sus t o l d e r í a s
para decirle a H u n g r í a mi a m o r y mi e s p e r a n z a !
Noviembre de 1956
53
Las piedras de Toledo
54
aleja, se va, irremediablemente enojado. Desde las vegas
t o l e d a n a s lo s a l u d a n los viejos o l i v a r e s . Un p i n a r se e c h a al
hombro la mañana. El alfarero de oscuro traje aldeano,
fuertes botas y sombrero duro gris ya va entrando en la
c i u d a d por el p u e n t e de A l c á n t a r a , u n a de las v e r e d a s sobre
e l Tajo que p e r m i t e n llegar h a s t a la fortaleza.
P i e d r a dura y eterna la de Toledo. Una muralla inmensa,
a l t a c o m o seis h o m b r e s , d e f i e n d e c a t e d r a l e s , c a s t i l l o s , sina¬
gogas, residencias huertanas. El laberinto de calles me
r e c u e r d a algo de aquel dulce poeta n u e s t r o , A m a d o Villar,
q u e d e c í a "Zig zag, b a r r i o j u d í o ; e s p i r a l , b a r r i o m o r o ; y el
barrio cristiano cúpula naranja". Portales labrados hace
t r e s c i e n t o s a ñ o s o m á s . Un r ú s t i c o a n u n c i o " E s p a d e r í a " y a la
p u e r t a , m o r e n o s m e r c a d e r e s que p r e g o n a n la belleza de la
t i z o n a y de la daga, y explican: "una para defender, otra para
o f e n d e r , y q u e D i o s se a p i a d e de él".
H a y u n a calleja de n o m b r e a u g u s t o : S a m u e l Leví. De las
cuatro grandes sinagogas, la más importante, la m á s an¬
t i g u a , es la que l e v a n t a sus m u r o s al final de la calle, en el
corazón de Toledo. Ahí n o m á s , a pocos m e t r o s , un pasillo
empedrado que se interrumpe en un portal que guarda
t e s o r o s de E s p a ñ a y del m u n d o : e s e l t a l l e r d e "el G r e c o " .
Centenares de diseños, multitud de pinceles y de paños
descoloridos ya, cuadros, cuadros, cuadros... una silla de
m a d e r a con a s i e n t o de piel de carnero, un aire suave que
escapa por las v e n t a n a s . Un recipiente recoge gota a gota el
agua de m a y o que se filtra por u n a teja t r i z a d a .
E m p i n a d a s c a l l e j a s con u n a s o r p r e s a e n c a d a e s q u i n a , u n
poste, un letrero, una huerta. Un hombre: el herrero, allá
llamado el "jerrador" del p u e b l o . El toledano que calzaba
h e r r a d u r a s a los c a b a l l o s d e los s e ñ o r i t o s h a c e m u c h í s i m o s
años y hoy, ya viejo, a b a n d o n a d o , p o b r e , silencioso, t i e n e u n a
pequeña venta de cosillas p a r a t u r i s t a s .
55
Entro a su patio y el h o m b r e me acompaña. Ahora usa
quizá por nostalgia, su viejo u n i f o r m e : un d e l a n t a l de c u e r o
gastado, quemado en parte. "La f r a g u a - m e s e ñ a l a - , é s a e r a
la f r a g u a y a h o r a allí d u e r m e el gato".
Yo me quedo un instante mirando la cuadra, i m a g i n a n d o
la i m p a c i e n c i a de zainos, tordillos oscuros pisando fuerte. La
llovizna pasó. Por allá va la nube d e s g a r r a d a a c o m p a ñ a n d o
al Tajo en su saludo. Un amago de sol quiere p i n t a r la
primavera en los prados. Miro los muros de la catedral
m i e n t r a s me oriento hacia el p u e n t e de San Martín. En la
m e d i a a l t u r a de esa e n o r m e m u r a l l a hay d e c e n a s de c a d e n a s
de gruesos eslabones clavadas en el m u r o , c l a v a d a s en el
tiempo: son los g r i l l o s , los a n t i q u í s i m o s g r i l l o s q u e a r r a s t r a ¬
b a n los e s c l a v o s m o r o s , q u e a l ser l i b e r a d o s , d e j a r o n c o l g a d o s
allí. Y allí q u e d a r o n c o m o u n a h i e d r a m a l d i t a , a p e n a s e n g r i -
l l a n d o la m a ñ a n a con su gota de lluvia.
L u e g o de m e r e n d a r c o d o r n i c e s en la v e n t a del a i r e , c r u z o
el p u e n t e y me dirijo al C i g a r r a l del M a r r ó n , d o n d e un viejo
molino guarda una piedra trituradora, su e n t r a d a de carre¬
t a s y u n a " e n c i n a del r e p o s o " , que así se l l a m a n .
Ya no v i e n e n los b o r r i c o s c a r g a d o s de s a c o s c o m o en aque¬
l l a s c a r a v a n a s d e l o s s e g a d o r e s ; sólo u n s i l e n c i o d e l o s m i r l o s
c a m p e a por el c a m p o . E n t r o en la casa p e q u e ñ a . En el p r i m e r
cuarto me sorprenden pinturas extrañas: santos, artistas,
a l g u n o s d e e s a p i n t u r a l l a m a d a naif, i n g e n u a . P e r o a l a v a n ¬
zar dentro de la casa me recibe un rumor que antes de
escucharlo ya lo estoy reconociendo: es una guitarra que
s u e n a , s u e n a p o r a h í , n i lejos n i c e r c a , p e r o a h í e s t á r u m o r e -
ando la g u i t a r r a . U n a g u i t a r r a con fuego y s o m b r a de g e n i o
a n d a l u z , u n a b u e n a m a n o e n e l a r p e g i o , u n t a ñ i r sin a p u r o
como si el g u i t a r r e r o q u i s i e r a confesar algo a n t e s de c a l l a r
para siempre. Me presentan a quien toca, que me mira
a p e n a s y sigue t o c a n d o su g u i t a r r a lejana, m i s t e r i o s a , insis¬
tente.
56
Yo escuchaba la guitarra con devoción, preparando mi
c o r a z ó n p a r a ese especial silencio d o n d e el h o m b r e deja de ser
sólo uno para ser m u l t i t u d silenciosa devoradora de mis¬
terios, y recordé -a quién si n o - la copla de F e d e r i c o G a r c í a
Lorca:
Están tocando guitarra
la guitarra están tocando
por qué no vendrán los lobos
a devorarle las manos.
F e d e r i c o a s í l o dijo u n a v e z . R e c o r d é m u c h o e s o s a c o r d e s
que escuchaba, en esa p r e p a r a c i ó n de la seguidilla, de la
s e r r a n a q u e e s c a b a l m e n t e lo q u e e m p e z a b a a tocar Migué,
José Migué, q u e a s í se l l a m a b a a J o s é M i g u e l .
C o m i e n z a el llanto de la g u i t a r r a , llora la g u i t a r r a , llora
como llora el viento sobre la n e v a d a , llora por cosas lejanas.
J u n t o al v e n t a n a l , yo que n u n c a bebía anís, tuve que b e b e r
l e n t a m e n t e m i r a n d o el olivar de la colina, el p r a d o con alfalfa
recién florecido. Mientras escuchaba a José Miguel sentí que
me estaba bebiendo todo el brebaje y todo el paisaje de
España en esas notas de la guitarra, en ese j u e g o de su
serrana.
José Miguel, e l q u e e n s e g u i d a c o m e n z ó a s o l t a r c o n de¬
s e s p e r a c i ó n c o n t e n i d a su copla preferida, la " p r o b a d a " como
d e c í a él, la c o p l a de p r o b a r y de p r o b a r s e :
El que está en la tumba fría
no es muerto ni desgraciado,
muerto yo le llamaría
al que el alma le han matado
y anda viviendo entuavía..
José Miguel de El M a r r ó n , andaluz y gitano. U n a g u i t a r r a
b l a n c a con clavija de palo. Como todo m e s t i z o de morería
tiene su d r a m a y la gracia viviendo j u n t o s . Cuando piensa,
piensa hacia adelante, mirando como d e s c u b r i e n d o camini¬
tos e n t r e los p a s t o s y m á s allá y m á s allá... pero siempre
57
d e n t r o de él su r e c u e r d o , su v i s i ó n y su silencio d o l o r o s o .
Mientras la vigüela travesea en ritmos familiares ya sea
fandango, o seguidilla, o una soleá. E n l u g a r d e a n u n c i a r u n a
c a n c i ó n J o s é M i g u e l d e c í a con n e r v i o s o a c e n t o : "Mire usted
lo que p a s ó , m i r e u s t e d lo que p a s ó . . . " como si me fuera a
c o n t a r un c u e n t o , y c o n t a b a u n a h i s t o r i a en u n a copla.
Yo a p u n t é a l g u n a s de sus coplas; no me di c u e n t a que de
esa manera lo estaba lastimando. Dos veces levantó su
m i r a d a , como desafiándome. Y m e dijo e n u n m o m e n t o : "No
h a g a e s o " . " P e r d ó n " , l e dije y d e j é m i l á p i z . E l p e n s ó u n r a t o ,
hizo un acorde y me largó este r e p r o c h e v e r s e a d o :
Y usté se pone a escribir
coplas que me dio mi padre
antecito de morí.
L e e x p l i q u é que sólo l o h a c í a p o r q u e h a b í a v e n i d o d e m i
América para a p r e n d e r a l g u n a v e r d a d del cante, del cante
j o n d o , del f l a m e n c o , del c a n t o g i t a n o , del a n d a l u z . J u r o q u e
le decía la v e r d a d . Mis p a l a b r a s y algo que le dijeron a l g u n o s
a m i g o s -tal vez sus p a t r o n e s , no s é - le hicieron c o m p r e n d e r
y me p e r d o n ó . Siguió bebiendo s u a n í s , y fue d e s g r a n a n d o
d e s d i c h a s y a m o r í o s y me autorizó p a r a que le c o p i a r a a l g u n a
copla. Ya no t e m a enfado c o n m i g o . Lo m i r é y le t o q u é el
hombro, agradecido. Una m a n e r a de decir: "Gracias, her-
m a n o , n a d a m a l o q u i e r o h a c e r , sólo a m a r l o t u y o q u e e s a m a r
el m u n d o " . Y e s c u c h o que dice:
No mires pal suelo má
que toíto el mundo sabe
que no se te ha perdió nú.
Y s i g u i e n d o las s e g u i d i l l a s , oí que le g r i t a r o n "Ole" c u a n d o
t e r m i n ó su canto de esta m a n e r a :
Qué sentimiento me da
que con el nombre de Aurora
vivas en la oscuridá.
58
Sobre el camino lavado me fui yendo de Toledo. Las
piedras grises, ariscas, impulidas, pensativas, me acom¬
p a ñ a r o n u n t r e c h o h a s t a q u e m e d e t u v i e r o n los o l i v a r e s y los
viejos m o l i n o s de la t i e r r a m a n c h e g a .
La l e y e n d a se p a s e a b a en el tope de las colinas. ¡Cómo me
h u b i e r a g u s t a d o h a c e r ese c a m i n o a c a b a l l o ! Lo pensé varias
veces. P o r q u e se gana tiempo de adentro, porque el saludo de
a l g u i e n al caer la t a r d e t i e n e el m i s m o r u m o r de las alas de
un p á j a r o en el m o n t e , p o r q u e t o d a s las c o s a s de la h u e r t a , del
r í o , de la p i e d r a , del olivo, se e n r e d a n en el p o n c h o con u n a
g r a t a p e s a d e z de abrazo. P o r q u e un h o m b r e de a caballo no
se va: p a s a , p a s a n o m á s , p a s a l e n t a m e n t e pero no se va.
Al r e v é s de mi caso esa t a r d e : ese d o m i n g o hace catorce
a ñ o s e n T o l e d o , y o m e fui. E n l a r u t a d e G u a d a r r a m a , c o m o
fondo, cien faros se c r u z a r o n sobre mi cuerpo como q u e r i e n d o
descubrir las cosas que en el alma llevaba. Y tuve que
levantar la muralla de mi propio silencio, hacerme casi
c ó s m i c o p a r a q u e n a d i e p r o f a n a r a e s e cofre d e asuntos que
me estaban apretando la garganta. Un silencio vibrante
como las coplillas de José Miguel, a quien t a n t o le debo. Que
t a n t o me dio, y a q u i e n no p a g u é sino con un " a d i ó s , h e r -
mano". No pude decirle ni siquiera gracias, porque no t e m a
fuerzas para decirle nada. E l m e dijo: "Una vez u n a s o b r i n a
m í a c a n t ó , bailó y se a h o g ó en el río, en el Tajo. E s t o p a s ó " .
Era la última historia que me contaba con su guitarra
maravillosa:
Fuiste tan limpio, arroyuelo
que te robaron las nubes
porque te manchaba el suelo.
Fuiste tan limpio arroyuelo...
J o s é M i g u e l . E s a fue u n a t a r d e , c a s i n o c h e , e n l a s p i e d r a s
de Toledo.
59
Poema para
un bello nombre
60
T e h a n d e c a n t a r u n día t o d o s los m a r i n e r o s
d e s d e los b a r r a c o n e s d e t u s p u e r t o s .
Y los e s q u i l a d o r e s en un m a r de b a l i d o s .
Y el e s t u d i a n t e , l á m p a r a que sueña.
Y el c a m i o n e r o que cruza tus caminos.
Y la n i ñ a que j u n t a c u a d e r n o s y suspiros.
61
París
S e h a b í a n c u m p l i d o a p e n a s t r e s a ñ o s del fin d e l a g u e r r a
europea, cuando llegué a P a r í s en u n a p r i m a v e r a a b i e r t a a
t o d a l a e s p e r a n z a del m u n d o . E n e l b a r r i o l a t i n o h a b i t é e n u n
m o d e s t o h o t e l i t o y p a s a b a los d í a s en el p a s e o de L u x e m -
b u r g o , c a m i n a n d o sus claros senderos, leyendo a la s o m b r a
de los árboles del hermoso p a r q u e todo lo inolvidable de
Romain Roland o escribiendo notas, cartas y poemas para
mis compatriotas de Argentina.
Yo era en ese año de 1948 un a r t i s t a e r r a n t e . U n o de los
miles desconocidos que t r a n s i t a b a n la m a d r u g a d a de P a r í s
mirándolo todo: restaurantes, cafés, gentes y pintorescos
tranvías, como si cada noche me estuviera despidiendo de
ellos. Yo s i e m p r e fui u n a d i ó s , u n b r a z o e n a l t o , u n y a r a v í
q u e b r á n d o s e en las p i e d r a s . C u a n d o pude q u e d a r m e vino el
v i e n t o , v i n o la n o c h e y me llevó con ella.
N o fue e n v a n o e l t i e m p o o c u p a d o e n c o n o c e r P a r í s , sus
b o u l e v a r e s , sus r i n c o n e s de a r t i s t a s , p o e t a s , p i n t o r e s y trova¬
dores del mundo poblando las noches de una ciudad sin
s u e ñ o , con m i r l o s que c a n t a b a n al alba e n t r e c a s t a ñ o s . Se me
h i c i e r o n f a m i l i a r e s los n o m b r e s f a m o s o s y t u v e la s u e r t e de
saludar a más de uno de esos m o n s t r u o s sagrados: Henri
M a t i s s e , P i c a s s o , P a u l E l u a r d , L a u r e l C a s a n o v a , L u i s Ara¬
gón y Edith Piaf. Prudente como paisano advertido, mi
r e l a c i ó n c o n e s o s s e r e s fue d i s c r e t a , m e d i d a , s i e m p r e u n p o c o
b r e v e . Me h o n r a b a con l e e r a los p o e t a s , v e r e x p o s i c i o n e s , y
a l g u n a vez compartir una mesa con ellos.
A s í fue q u e e n 1950, en p r i m a v e r a , me p r e s e n t é en P a r í s
por p r i m e r a vez, en recitales con Edith Piaf en el teatro
62
Ateneo. En esas presentaciones tan honrosas para mí pude
e n t r e g a r mi copla desolada, el canto de la l l a n u r a a r g e n t i n a ,
el ¡ay! de la v i d a l a de la s e l v a a un p ú b l i c o g e n e r o s o y c o r d i a l .
L u e g o v i n i e r o n las c r ó n i c a s a m a b l e s , los r e c i t a l e s con p o e t a s
en la M a i s o n de la P e n s é e y c o m e n z a r o n a d i f u n d i r s e d i s c o s
en toda Francia. Hasta una institución musical me obsequió
con un viaje al n o r t e , d o n d e e s c u c h é a los a c o r d e o n i s t a s m á s
n o t a b l e s del p a í s . Y c o m o t o d o t i e n e un t o p e , u n a f r o n t e r a , un
hasta aquí, u n a t a r d e dejé F r a n c i a p a r a v o l v e r a m i p a t r i a ,
A r g e n t i n a , d o n d e me incorporé de nuevo a un severo silencio
de g u i t a r r a callada, de g u i t a r r a sin v o z , porque me estaba
prohibido cantar en mi propia tierra.
Mis caminos fueron, durante años, los de Sudamérica
e n t o n c e s . A l g u n a e d i t o r i a l se i n t e r e s ó por m i s a p u n t e s y así
se p u b l i c a r o n a l g u n o s libros de viaje, de p a i s a j e s , de recuer¬
d o s , d e c o p l a s : Piedra sola, Guitarra, Aires indios. L u e g o El
canto del viento, El payador perseguido, Túpac Amaru, Del
algarrobo al cerezo. H i c e v a r i o s v i a j e s a O r i e n t e , e s p e c i a l m e n t e
a J a p ó n , a C e n t r o a m é r i c a , a las A n t i l l a s .
L u e g o de casi 17 a ñ o s sin c r u z a r el A t l á n t i c o , u n a m a ñ a n a
a m a n e c í en M a r r u e c o s y después de a n d a r j u n t o al Sahara,
por Tánger, gané tierra española y canté por toda E s p a ñ a
durante casi un año.
Fueron tiempos difíciles aquéllos, pero la calidez de la
b u e n a g e n t e hizo posible el canto y la p r e s e n t a c i ó n de ese
c a n t o r de a r t e s o l v i d a d a s que era yo. E n t r e la a n t i g u a v e r d a d
agreste del ritual campesino estructuré mi repertorio, mi
asunto tradicionalista y mi conducta de hombre. En esto
m u c h o tuvo que ver y me ayudó a h a c e r c o n c i e n c i a lo que
dijera Artigas: "Con l i b e r t a d no ofendo ni t e m o " .
C a n t é en t o d a s las c i u d a d e s e s p a ñ o l a s y no s a b r í a desta¬
car la recepción de u n a en especial. Tan notablemente se
p o r t ó E s p a ñ a con l a s e n c i l l a copla d e u n t r o v a d o r a r g e n t i n o .
63
Viví t o d o el t i e m p o a cien m e t r o s del p u e n t e de B a i l e n , en el
viejo M a d r i d , en el n ú m e r o 7 de la calle de la M o r e r í a .
Luego de un año en E s p a ñ a entré n u e v a m e n t e a París,
donde ya no tuve que esperar mucho tiempo para ofrecer
c o n c i e r t o s en las m e j o r e s s a l a s y c o n c r e t a r n u m e r o s o s reci¬
t a l e s en t o d a s las c i u d a d e s de F r a n c i a . Con la e m p r e s a que
dirigía m a d a m e Denise de Barbey había realizado yo, desde
1968 h a s t a el 84, t r e s c i e n t o s c u a r e n t a c o n c i e r t o s , h a b i e n d o
recibido seis v e c e s el p r e m i o Charles Cross al mejor disco
grabado por extranjero en música popular.
E d i t h Piaf, l a i n o l v i d a b l e Piaf, e s l a e n c a n t a d a v o z q u e
c o n t i n u a m e n t e nos vigoriza este sentimiento tan h o n d o , tan
fácil de llevar, tan exaltado, que se llama París. Eluard,
Aragón, C o r t á z a r , los que m á s p r ó x i m o s e s t u v i e r o n a l r u m o r
de mi g u i t a r r a , siguen s o s t e n i e n d o el m i l a g r o de lo perdu¬
rable. V e n e r a b l e s h e r m a n o s que a y u d a n a la vida desde la
penumbra sagrada. Así es la cosa. Así el r e c u e r d o de e s t a
F r a n c i a que amo y que r e s p e t o , d o n d e ya llevo v e i n t i t r é s años
viviendo, caminando, admirando, aprendiendo.
64
La calle
65
Coplas en la noche
Voy c a m i n a n d o e n l a n o c h e .
Ave sin n i d o ni r a m a .
Como flotando en la b r u m a
de un París de m a d r u g a d a .
66
La música
La copla
¡No m e d é p e n a l a v i d a
me s o b r a con la que t e n g o !
Como el q u e b r a c h o del m o n t e
sobre el h a c h a z o florezco.
Trabaja el indio en la p i e d r a
su s o c a v ó n de silencio
y a su s o m b r a se c o b i j a
mi corazón cancionero.
70
La música y la tierra
La m ú s i c a es un a c c i d e n t e de la t i e r r a m i s m a , por eso en
las montañas, selvas y llanuras americanas, la canción
n a t i v a es el r e s u l t a d o de u n a fusión a d m i r a b l e : el paisaje y
el hombre. N u e s t r a canción vernácula tiene méritos sobra-
dos p a r a p e n e t r a r en este civilizado B u e n o s Aires y o c u p a r un
l u g a r d e p r e f e r e n c i a e n t o d o s los espíritus que sientan la
v e r d a d de las t r a d i c i o n e s p u r a s . El progreso es un símbolo de
civilización, pero civilizar no significa e l e v a r s e .
El peligro de la civilización - h e dicho peligro, no o b s t á c u -
lo- radica en la intención m i s m a de estilizar. Para enri¬
quecer musicalmente uno de nuestros simples temas cam¬
p e s i n o s es m e n e s t e r sentir y c o m p r e n d e r en lo profundo de su
relación universal la esencia del sentimiento nativo. Es
n e c e s a r i o b u c e a r e n las c o r r i e n t e s e s p i r i t u a l e s d e s m e n u z a n d o
y e s t u d i a n d o los e l e m e n t o s que d e s d e el s u b c o n s c i e n t e tra¬
b a j a r o n el ánimo del h o m b r e tal o cual, indio o mestizo,
l l a n e r o o m o n t a ñ é s , i m p u l s á n d o l o luego a t r a d u c i r su inquie¬
tud en u n a copla mal h e c h a o en una m ú s i c a rústica.
T o d o t e m p e r a m e n t o sin c u l t u r a m u e r e ; h a y q u e e s t i m u l a r
a los j ó v e n e s compositores. Todo aquel que quiera llevar
nuestras melodías y ritmos autóctonos al terreno de la
estilización debiera formularse en lo profundo de sí m i s m o
estas preguntas: ¿ h a b r é llegado a p e n e t r a r las sugestiones
del p a i s a j e d o n d e nació e s t a m ú s i c a ? ¿seré yo c a p a z de decir
eso que no dice esta canción?
Si alcanza las respuestas, el estilizador podrá iniciar
n o m á s su trabajo. I n d o a m é r i c a p e r d u r a r á en su obra; pero si
la estilización r e s p o n d e al deseo de h a c e r algo nuevo que
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g u s t e a l o y e n t e , n u e s t r o folklore a u t é n t i c o s e r v i r á sólo p a r a
encumbrar vanidades, el alma nativa seguirá en la quietud
de los v a l l e s , en la a m p l i t u d de las l l a n u r a s , e n t r i s t e c i d a de
ver que es gente americana quien explota y comercia los
dulces cantares de la tierra, las hondas expresiones del
e s p í r i t u que m e r e c i e r o n el r e s p e t o y la a d m i r a c i ó n h a s t a del
duro conquistador. Y en B u e n o s Aires el folklore seguirá
siendo p a r a a l g u n o s u n a misión, p a r a otros algo que e s t á de
moda, y para la gran mayoría una industria.
30 de mayo de 1936
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El cantor
C o m o y o n o soy c a n t o r
me está sobrando guitarra.
Para c a n t a r como canto
con las b o r d o n a s me b a s t a .
No q u i e r o a p e r o de lujo,
ni quiero espuelas de plata.
Es o t r a luz la que busco.
O t r o brillo me h a c e falta.
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La guitarra
E s b e l t a y s i l e n c i o s a , en un r i n c ó n del c u a r t o ,
te c o n t e m p l o , g u i t a r r a . Casi ajena a este m u n d o .
¡Qué p o b r e es mi p o b r e z a , y c u á n t o t e n g o !
El siempre a m a d o desorden de unos libros.
U n a daga oxidada, y un par de espuelas.
Claro, mi p a d r e me b e n d i c e cada día.
Y allá, t r a s la v e n t a n a
la e n o r m e ciudad gris que n u n c a conocemos.
Dime, guitarra
¿conocí a l g u n a vez tu propio canto,
tu profunda, secreta melodía?
O simplemente, buena, s a b e d o r a de todo,
dejaste que los h o m b r e s e l e v a r a n s u voz
diciendo cosas y asuntos imposibles
junto a ti
tan a u s e n t e como un adiós sin l á g r i m a s .
Te c o n t e m p l o , g u i t a r r a , y sé que e n t i e n d e s
el m i n u t o en que n o s o t r o s nos m o r i m o s cada día.
Si yo t u v i e r a q u e decir a m o r , o p a z , o a d i ó s , o e s p é r a m e ,
ya no p o d r í a d e c i r l o j u n t o a ti. Ya no p o d r í a . . .
T a n alto es tu u n i v e r s o . T a n p e q u e ñ a es mi casa...
75
La guitarra y su misterio
L A G U I T A R R A e s u n m i s t e r i o q u e sólo s e d e v e l a c u a n d o
el h o m b r e c a n t a o r e z a j u n t o a ella los s a l m o s de la t i e r r a y
de la v i d a .
La g u i t a r r a no m i e n t e j a m á s . Si el h o m b r e se acerca a ella
confesándose, el i n s t r u m e n t o r e g i s t r a la v e r d a d del p e n s a ¬
m i e n t o , lo exacto de la intención, la d i m e n s i ó n cabal de un
sentimiento.
El dominio técnico de la g u i t a r r a es muy necesario, pero
sólo a los efectos de c o n o c e r l a en t o d a la g a m a de s u s r e c u r s o s .
Jamás para aprovecharse de ella, porque entonces l a gui¬
t a r r a se e n v o l v e r á en las c a p a s de su propio m i s t e r i o , pudoro¬
s a m e n t e , y m o s t r a r á sólo lo e x t e r n o , su caja, su b r i l l a n t e z
sonora, su volumen, escondiendo en las honduras de su
abismo la otra condición: la palabra alta que consuela y
a c o n s e j a , las voces c u r a d o r a s que el afligido c o r a z ó n r e c l a m a ,
el c a m i n o del s a l m o .
L a g u i t a r r a e s fiel a l a t i e r r a , l e a l a s u c o m a r c a . A d q u i e r e
el color de la p l a n t a , el a r o m a de la flor, el t o n o del o c a s o , el
s i l e n c i o d e las t i e r r a s s e c a s , l a g r a c i a del p r a d o g e n e r o s o e n
gramíneas; traduce la alta noche serena, y sabe filtrar
ausencias con u n a controlada melancolía.
En la m o n t a ñ a , la g u i t a r r a se d e s p o j a de lujos. Se a p r i e t a
en los m i e d o s de su p r o p i o m i s t e r i o . Los v a l l e s son las c u n a s
de sus coplas.
La g u i t a r r a sabe que la b a g u a l a no precisa a p a r c e r o , y la
deja irse, sola, r e b e l a d a , con u n a l á g r i m a en la p u n t a de su
grito. C u a n d o la b a g u a l a , c a n s a d a de v a g a r por el silencio,
b u s c a la t i e r r a p a r a esconder su fatiga - s u vieja fatiga-, la
g u i t a r r a le a r r i m a su brocal de m a g i a s . Y como un viento
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d o m a d o la copla se a c e r c a y b e b e a g u a de s u e ñ o y de p a z .
En la alta tierra, donde el viento norte restalla como un
l á t i g o , la g u i t a r r a se s i e n t e m o r i r . Baja e n t o n c e s a los p u e s t o s
de ovejería, donde las q u e n a s r e i n a n . Baja la g u i t a r r a a los
caseríos apretados junto al ancho camino calchaquí. Allí
e s p e r a al h o m b r e de las soledades, al r u n a de grueso p o n c h o ,
al r e s e r o c a l l a d o y h e r o i c o , a la p a s t o r a gris del a l t i p l a n o . Y
allí los c o n g r e g a p a r a b e n d e c i r l o s con t o d o su m i s t e r i o de¬
rramado.
L a g u i t a r r a s a b e que l a p a m p a e s infinita. P o r eso p r e p a r a
todos los rollos del lazo en armada grande para pialar
t r a n q u i l a los t r e i n t a v e r s o s d e u n estilo g a u c h o . E n t a b l a así
su t r o p a , la o r d e n a . U s a de m a d r i n a un c e n c e r r o de cifra, y se
lanza al camino, por una huella qué traspone todos los
horizontes.
E n esa m i s m a h u e l l a l a r g a , l a g u i t a r r a h a j u n t a d o los ecos
de t o d o s los g a l o p e s , las h i s t o r i a s de a t r o p e l l a d a s y encon¬
trones, las retiradas envueltas en nieblas de derrota, los
a m a g o s , los d e s p o j o s , los r e n c o r e s de los v i c t o r i o s o s , el cam¬
bio de los t i e m p o s .
La g u i t a r r a vio al indio m o r d i e n d o la lonja de su r e b e n q u e
p a r a a h o g a r su alarido de impotencia. Los toldos, como el
p e r d ó n y la b o n d a d , c a d a vez m á s lejos, h a s t a p e r d e r s e en los
contrafuertes de la cordillera.
Y llegó un día en que la tierra comenzó a pintar sus
veranos de un fuerte color rubio. Eran los trigales que
avanzaban sobre la p a m p a , borrando el rastro de l a s tol¬
d e r í a s , a b a t i e n d o t a p e r a s c e r c a d e los a r r o y o s .
L a g u i t a r r a fue e l t e s t i g o s e n s i b l e d e t o d a s l a s a c c i o n e s , d e
t o d a s las f i e s t a s , de t o d o s los o l v i d o s .
F i e l a l a c o m a r c a , l a g u i t a r r a q u i s o s a l v a r l o p u r o . Y em¬
ponchó en su m i s t e r i o un p u ñ a d o de p e r i c o n e s y v i d a l i t a s .
Juntó pedazos de madrugadas en las que temblaban una
t r o v a de amor, un estilo de a u s e n c i a , u n a voz de coraje, el
77
brillo de u n a espuela, la sombra de un galope.
En las ciudades, e n los p u e b l o s , en los escenarios, los
h o m b r e s tocan la guitarra para el amor, para la gracia, para
la danza, para el espectáculo también. Pero allá, pampa
a d e n t r o , la g u i t a r r a es como la m e m o r i a sensible de la tierra.
No sabe de a p a r i e n c i a s .
Allá, e n m e d i o d e los c a m p o s , n i n g u n a m a n o h a d e men¬
t i r l e a m o r , p o r q u e l a g u i t a r r a h a d e q u e m a r l e los d e d o s con
la fuerza de su vieja v e r d a d a c r i s o l a d a .
El hombre podrá engañar a los hombres, usando a la
g u i t a r r a con un p r e t e x t o a r t í s t i c o , como un e l e m e n t o p a r a la
a l t a p r o f e s i ó n d e l d e s v e l o . P e r o j a m á s p o d r á e n g a ñ a r a l a gui¬
t a r r a , p o r q u e ésta se r e p l e g a r á en sí m i s m a , dejando que el
m e n t i d o m i s i o n e r o e v i d e n c i e sólo s u p r o p i a i n c a p a c i d a d , su
a m b i c i ó n , s u m e z q u i n o p r o p ó s i t o . G o e t h e d i j o : "El é x i t o h a s t a
se p u e d e m e n d i g a r . Sólo la g l o r i a se c o n q u i s t a " .
L a g u i t a r r a t r a n s i t ó los c a m i n o s d e C u y o . V e n í a d e lejos,
olorosa de sal m a r i n a y g a s t a d o s alquitranes. T r a í a en su
cofre una nacencia milagrosa: el primer mestizo musical,
cruza de seguidilla y yaraví. Traía un raro m e n s a j e de glosas,
con a l e l u y a s y v i l l a n c i c o s . Traía n a n a s m e d i e v a l e s de Flan-
des, Aragón y Castilla. T r a í a rescoldo de fuegos a n d a l u c e s ,
altas voces vascuences.
Los hombres barbados, los que trajinaron el fatigoso
c a m i n o del i n d i o d e s d e C u z c o h a s t a C o p i a p ó a t r a v é s del g r a n
C a ñ ó n d e H u m a h u a c a , l l o r a r o n y r e z a r o n e n s u s t i p l e s ca¬
n a r i o s , en sus guitarricos, en sus v i h u e l a s .
Asombrado, el nativo fue aprendiendo los secretos de
t o d a s las l a m e n t a c i o n e s c a n t a d a s con a m o r y con n o s t a l g i a .
Les incorporó u n a voz, un árbol, un nombre, una comar-
canidad. Las hizo suyas. Las recreó. Los vientos de univer¬
s a l i d a d de la l i t e r a t u r a del Siglo de Oro les i n f u n d i e r o n u n a
fuerza colosal.
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Y creció la t o n a d a c u y a n a , h e r m a n a de la t o n a d a chilena,
hermana de la trova limeña, parienta de los "tristes" de
T u c u m á n y L a R i o j a , p a r i e n t a del "estilo" de la p a m p a . La
s o l e d a d d e l o s c a m p o s , l a s d i s t a n c i a s , los c a m i n o s s i e m p r e
hostiles, imprimieron su sello de austeridad, prudencia y
f a t a l i s m o e n l a s m e l o d í a s , e n e l s e n t i r d e los h o m b r e s . P a r a
contener todas las saudades, la g u i t a r r a fue creciendo en
forma, en misterio, en soledades.
Y Cuyo se pobló de t o n a d a s y c a n t a r e s . En cada casa, u n a
guitarra. En cada choza una trova de amor, un verso galano.
C a d a i n v e s t i g a d o r del c a n c i o n e r o c u y a n o c o m e n t a , d e p u r a ,
selecciona, publica. Y a todos, fatalmente, se les escapan
cientos de t e m a s que la g u i t a r r a g u a r d a , y que quizá n u n c a
podrán ser clasificados.
P o r q u e no alcanza una vida p a r a estos trabajos. P o r q u e en
el t e r r e n o de la compilación de d o c u m e n t o s folklóricos n a d i e
p o d r á n u n c a g o z a r d e "su" c o s e c h a . P o r q u e l a l a b o r c i e n t í f i c a ,
metódica, s u p e r a las l i m i t a c i o n e s del "yo".
La g u i t a r r a , que no sabe de estas especulaciones, pule su
misterio y triunfa siempre, por encima de los calendarios,
m á s a l l á d e las l a b o r e s r e n t a d a s d e los h o m b r e s . L a g u i t a r r a
e s c o n d e su s a l m o p a r a que no lo p r o f a n e n las m a n o s t o r p e s
y los m e z q u i n o s p r o p ó s i t o s . Se da e n t e r a c u a n d o el h o m b r e -
paisaje, el p a i s a n o , el rústico c u i d a d o r de v i ñ e d o s , el peón de
a g u a s , e l r e s e r o a n d i n o , b u s c a n p a r a s u paz l a c o m p a ñ í a del
madero estremecido, d e l cofre s a b e d o r .
Recién entonces la guitarra desata todos sus silencios en
los que se e n a n c a n s e n t i r e s de t i e r r a y t i e m p o .
La guitarra, sedienta, aventurera y golosa de extrañas
f r u t a s , se a c e r c ó a los a n c h o s ríos y se dio a n a v e g a r , a g u a s
arriba. Miró asombrada un laberinto de islas, diminutos
c o n t i n e n t e s a p r e t a d o s . Y s i g u i ó b o y a n d o l e j o s , a v e c e s dolo¬
r o s a m e n t e , h a s t a llegar a un reino donde las a r p a s florecían
79
delicadezas de extinguidas arcadas conventuales, ganando
l u e g o e l m o n t e p a r a t r a d u c i r e n g u a r a n í los salmos de una
r a z a de p o e t a s y g u e r r e r o s .
La guitarra, siempre sabia, siempre prudente, amaneció
sobre una tierra bermeja. Cada recodo, cada r a m a florida le
f u e r o n e n s e ñ a n d o un t o n o , un color, un a c e n t o del h o m b r e o
del paisaje.
Se hizo a m i g a de la m e d i a - c a l a b a z a en la q u e los i n d i o s
adiestraban su instinto rítmico. Y respetando prioridades,
caminó detrás del arpa. E l hijo del Guaran, como un ani-
m a l i l l o t e n s o y t i e r n o , d u r o s o ñ a d o r de la selva, se a c e r c ó a
olfatear la guitarra. Un tiempo estuvo observando su brocal
de e m b r u j o s . Y poco a p o c o , e n t e n d i ó la a m i s t a d . Y s u p o q u e
la g u i t a r r a no b u s c a b a las g r a n d e s c o m p a ñ í a s , sino que se
e n t r e g a b a en soledad, como una niña frente al p r i m e r amor,
f l o r e c i d a en p a s i ó n y t e r n u r a . Y el i n d i o le p u s o un bello
nombre: "Mbaracá".Y a p r e t á n d o l a contra su pecho, le contó
sus cuitas.
Arpa y g u i t a r r a , religión de s a u d a d e s , se h e r m a n a r o n en
la selva g u a r a n í . Y andan, d e s d e t o d a la v i d a , j u n t o a los
anchos ríos, donde el m b u r u c u y á se enjoya de lunas para
a y u d a r el viaje de la m ú s i c a .
Sí. La g u i t a r r a es un misterio n u n c a develado.
C u a n d o el h o m b r e se d e s p o j a de los falsos a d o r n o s , de las
m e n t i d a s j o y a s de la ambición, la v a n i d a d o la p e d a n t e r í a ;
c u a n d o e l h o m b r e s e v i s t e con sus p r o p i a s v e r d a d e s , p e q u e ñ a s
o g r a n d e s , la g u i t a r r a le dice: "¡Ven!" Y allí, en m a n o s p u r a s ,
junto a un fuerte corazón liberado, saca sus voces i n n u m e ¬
rables.
H o m b r e s y g u i t a r r a i n i c i a n el ritual. Y el s a l m o e s t á en
ellos, como u n a estrella brillando e t e r n i d a d e s .
80
Bagualas...
Caminos...
Caminos anchos que escapan campo afuera, estirándose
c o m o l a z o s e n t r e los p o t r e r o s y las q u i n t a s p r i m e r a s .
C a m i n o s , que se v a n a n g o s t a n d o h a s t a c o n v e r t i r s e en u n a
senda estrecha, áspera, en la que sólo p u e d e n m a r c h a r u n
caballo, un h o m b r e , y un c a n t o .
Caminitos de Chisjra; sendas de la A l m o n a y de Juan
Galán; caminos de Tiraxi, de Coyruro, de Cerro Moreno;
s e n d a s del A l f a r c i t o y de C e r r o P i r c a d o .
C a m i n o s a b i e r t o s como tajos e n t r e el pajonal de la P u n a ;
s e n d a s d e C a s a b i n d o , d e S a n t a C a t a l i n a , d e C o c h i n o c a ; cam¬
i n i t o s d e S u s q u e s y del C o r i m a y o ; c a m i n i t o s d e I n c a - C u e v a
y Santa Victoria...
En cada uno de ellos se levanta una baguala, siempre
i g u a l , y sin e m b a r g o , d i s t i n t a . En u n o , la e s p e r a n z a , la n o c h e
c á l i d a y la e s t r e l l a b u e n a ; en otro, la d u d a y la a u s e n c i a l a r g a ;
en o t r o , n a d a m á s que un c o r a z ó n de k o l l a m o s t r á n d o s e a los
v i e n t o s , con ritmo de m a r c h a y latido de espuela.
Bagualas y caminos de la tierra jujeña son una misma
cosa: ¡bagualas y caminos...! Es el canto que cansado de
v a g a r por el silencio se t i e n d e sobre la t i e r r a , j a d e a n t e y
a d o r m e c i d o , o es el c a m i n o que de t a n t o g u a p e a r e n t r e las
p i e d r a s , p a s a de largo por las c u m b r e s , y se m a r c h a h a c i a el
azul infinito de la noche, convertido en una sola b a g u a l a
rebelde y andariega.
81
Coplas en el último día en
Tucumán
82
Palabras a
la zamba tucumana
86
Es mal pintor el pintor
y en esto no hay duda alguna
pues sólo pintó mi poncho
y se olvidó de mi hambruna.
87
Zamba
Guitarrita e'pobre.
II
Si yo tuviera un amor,
ay, qué zamba cantaría.
Con magia de medianoche,
con lujos de mediodía.
Apenitas si es guitarra
la guitarrita del pobre.
Buscando coplas de plata.
Hallando coplas de cobre.
88
Desde la hondura del monte
el bombo llamando está.
Y el corazón padeciendo,
y el canto se va y se va.
89
Si me veis mirando lejos.
Mi mano en el diapasón
se afirma como una zarpa.
Es que voy gritando cosas
que me dicta la guitarra.
9 de diciembre de 1956
93
El arpa dormida
94
en guarania alada, en polca de épico ritmo, en zamba de
quieto evocar, o en canción de revuelta y enojo contra los
aspectos negativos de la vida.
El arpa de Cardozo nunca estuvo ociosa. Vibró, alisó las
cuentas de su llanto o rió abiertamente la creciente pujanza
de la danza hombruna, machaza, olorosa de yerba y hoja
fuerte. No. Jamás una polca estuvo ejecutada de la misma
manera. Cada vez era nueva, era otra, como era el espíritu
del artista: cambiante, inquieto, siempre en alto, presto al
vuelo, dispuesto a esa pequeña muerte cotidiana que signi-
fica el hacer nacer cada día la luz de la belleza.
Difícil será oír en adelante un arpa como la suya.
95
Canción para
Pablo Neruda
96
Buenaventura Luna
En la nostalgia, la tonada.
El romancero, en el amor.
El contrapunto, en la payada;
la historia gaucha, en el fogón.
98
Antonio Machado
Una colina sin árboles.
99
la corriente, seguramente son de los castaños del viejo
Antoine". Pues un nativo de Toulouse, pienso yo, podría
identificar las huertas que sumaron sus hojas al paso del
Garona turbulento.
Cuatro días estuve en Toulouse, una ciudad donde crecen
las violetas más hermosas del mundo. Por eso la llaman "la
ciudad lila", por el color de las violetas. Cuatro días visitando
iglesias medievales, las murallas románicas, las calles an-
gostas, las tiendas de flores, el museo de los Agustinos -en el
que expuso Picasso- donde se guardan en patios conventua-
les sarcófagos de piedra granítica, donde hay una madonna
-quizá la más bella de las madonnas- que tiene un rostro de
adolescente cautiva y sostiene al niño como un juguete en los
brazos del candor.
En Toulouse, en esos cuatro días, sólo una persona me citó
la ciudad como la cuna de Carlos Gardel. Nadie más me habló
de ello. Quizá sea-pensé yo-porque el trovador porteño jugó
su rol vital en otras tierras y con otro idioma, cantando otros
asuntos. De todos modos, al andar por las calles de la villa,
al entrar en barrios viejos, más allá de la avenida Jean
Jaurés, pensé en aquel muchachito francés que un día salió
muy niño hacia América. Después, en Buenos Aires, hizo
suyo el acento más cabal del tango argentino.
En un viejo carricoche salí de Toulouse. No había ómnibus.
Ni aviones, ni trenes, ni taxis. La lluvia cesó y un sol amable
quería hacer sonreír al paisaje. Se sucedieron los pueblos
entre viñedos casi perfectos. Las colinas ostentando un
brillante verdor. Luego de los terrones del viejo castillo de
Carcassone al sur de Francia, el camino comienza a corcovear
como potro recién "desmaneao" hacia el Mediterráneo, lle-
vando a Narbone, a Sete. Hacia los Pirineos por Sete o
Narbone. Yo elegí este último rumbo. Por Perpignan. Es un
mayo de fresas y de almendras. El mar, cansado de in-
100
ventarle bahías al mapa de Francia, se ha tendido a dormir
junto a la arena y por su costado más azul le comienzan a
caminar veleros.
101
En dos días el pequeño hotelito estaba lleno de periodistas.
Antonio Machado charlaba con todos lentamente. Todo lo
lentamente que podía. Y dijo alguna vez -así lo cuentan las
crónicas, así lo contaban los viejos amigos-: "Para vivir en
España, amigo mío, hay que empuñar el fusil. Yo, por
desdicha, sólo esgrimo la pluma. Además, su generosidad me
adjudica fatiga para este viaje, por este viaje, pero créame
usted, amigo mío, que estoy enfermo, no estoy nada bien, me
siento enfermo. Tengo más de sesenta años y en los tiempos
que corren son muchos años para un español".
Don Antonio Machado descansaba cuanto podía descan-
sar un hombre de su importancia, comprenderemos. Conti-
nuamente lo visitaban periodistas, curiosos, o amigos, paisa-
nos, desterrados como él. Una que otra tarde, cuando el sol
estaba firme, salía con su madre.con algún amigo, y cruzando
apenas la calleja, se sentaba junto a las pequeñas barcas
azules, verdes, rojizas. Recordaba sus cosas de juventud, sus
coplas, gente estimada. Sus coplas... algunas tan actuales,
como escritas en estos días confusos en que parece que algo
quiere cambiar.
¡Ay, madre! cómo resuena
la guerra, de mar a mar.
¡Ay, madre! cómo resuena.
"La copla española -decía- es dura, olorosa como el trigo
recién cortado y alcanza eternidad en su final, donde se
afinca siempre la sentencia."
Junto a las barcas amarradas al silencio del muelle, don
Antonio evocaba tiempos de intrepidez y de viajes, sus meses
en París, allá por 1906, cuando fiel al "pitillo" armado a mano
rechazaba sonriente el habano que le ofrecía, por ejemplo,
Rubén Darío. El cansado andaluz, el enfermo de España,
conversaba así las cosas que luego apuntaban algunos cro-
nistas o quedaban en la memoria, eterna, amorosa memoria
de sus amigos.
102
"Una vez en una barca como ésta -contó- salimos a nave-
gar. Eramos tres amigos y el botero. El que manejaba el bote
era un hombre callado de grandes mostachos y de fuertes
manos, tenía unos ojos en los que permanentemente brillaba
algo como la picardía.
Almorzamos en un islote, bebimos vino de la zona. Re-
gresamos luego a la costa, al atardecer. Recuerdo que
habíamos hablado mucho ese día: poemas, literatura, escri-
tores amigos, viajes, ocurrencias, sucesos, el peligro. Eso de
España que a todos nos dolía, que a todos nos lastimaba.
Mucho hablamos. En tierra, alguien propuso: '¿Vamos a la
taberna?' ¡Vamos a la taberna, claro! Todos aceptamos, éra-
mos jóvenes.
Entonces -dice don Antonio-yo tomé del brazo al mocetón
de los ojos picaros y me presenté. Mis amigos no lo habían
hecho antes. Y le dije: 'Soy Machado, el español'. El botero de
los grandes mostachos sonriéndome respondió: 'Ya lo sé,
señor. Yo me llamo Gorki, soy ruso y remero suyo, soy su
remero'. Detrás nuestro mis amigos se reían burlándose de
mi azoramiento. Me habían tendido una celada para ha-
cerme hablar. Y yo, como soy español, hablé mucho, tal vez
demasiado. ¡Qué barbaridad! ¡Qué barbaridad!"
Así don Antonio iba evocando esas cosas que alguna vez
adquieren vibraciones. Porque los poetas, quizá porque son
poetas, saben muy bien elegir las palabras justas de un
testamento que se conversa pero que nunca se escribe.
Sienten cuando los ronda de cerca el gran silencio; cuando se
les va acercando, cada día, cada semana, como una sombra
amplia, amada, nunca desconocida, el silencio. Y comienzan
a remendar las redes de un tiempo sensible, a unir los hilos
de todas las vivencias como si las manos se les fueran
borrando poco a poco y sólo les quedara una alta ternura
resistiendo el cansancio del largo camino.
103
Sólo treinta días vivió el poeta Antonio Machado en ese
rincón de la Cataluña francesa, en ese pueblito de Coillure,
en ese pequeño hotel. El último mes de su vida. Cerca suyo
la metralla, la confusión, el fuerte hedor del odio desatado. Y
por su misma calle, debajo de su ventana pequeña, pasaba la
sombra de los desterrados que venían desde España, los
niños ateridos y los abuelos que gastaron su llanto en el
adiós.
Un veintitrés de febrero murió don Antonio Machado en
Coillure, sur de Francia. El cementerio está allí, en la mitad
de una colina sin árboles. Una colina sin árboles donde
solamente crecen algunas plantas duras como el hinojo
silvestre de nuestra tierra. Humilde la tumba; sólo un nombre:
Antonio Machado, y la fecha. En el destartalado hotelito,
abajo del cartón que anunciaba su condición de hotel, hay
también ahora una pequeña placa que dice: "Aquí vivió y aquí
murió el poeta Antonio Machado".
La otra noticia, no menos dolorosa, la recogieron algunos
cronistas de su tiempo. En el mismo cuarto, tres días después
de haber sido enterrado el poeta, fallecía su madre. Su madre
que tanto lo acompañó.
Las primeras luces de Coillure comienzan a encenderse
justamente en la rada, como si las barcas tuvieran miedo de
la noche. Allá sobre las colinas, la última luz de la tarde me
regala el vistazo final del camposanto. Todo está quieto y yo
siento como si arrastrara dentro de un carretón crepuscular
a mi pobre, a mi conmovido corazón paisano.
Sigo lentamente hacia la ruta, barranco, mar, sombrío
camino trepador. A pocos kilómetros hago alto en una casona
de piedra. Es un "village" de catorce casitas blancas. Un
soneto de cal y soledad. Sur mer se llama. Comienza entonces
a correr un aire frío. El lugar se parece a esas lomadas
mansas que he visto una tarde allá en mi país, cerca de
104
Tandil, desde donde se domina un pequeño lago, paja brava,
piedra gris. Y allá abajo un gran silencio, un silencio de
cóndor abatido.
Coillure, Coillure... Las sierras protegen las techumbres
rojizas y la noche es como un poncho infinito. Hace unas
horas la tarde soltaba golondrinas sobre la rada. Ahora sólo
está el frío, la sombra, el viento. En dirección del poniente
queda todavía un pedacito de cielo azul donde los duendes
comienzan a raspar sus yesqueros, tal vez con la intención de
seguir encendiendo estrellas.
Adiós don Antonio Machado, adiós poeta. Desgarrado
español, hombre poesía. Sólo tus huesos quedarán en la
colina de Coillure. Es imposible sepultar la gloria.
105
Guandacol
Vidala
Otra
Rematemos, rematemos.
Esto está fiero, dejemos...
107
El hombre
y su paisaje
I
Pesebre navideño
El remolino es un indio
que vive en su toldo blanco
y al remolino le gusta
carne de potro nevado.
Sobre la furia del viento
arroja certero el lazo.
111
De nada valen espuelas
ni silbos desesperados.
Bajo el lazo del cacique
cayó su caballo blanco.
El viento ya no galopa
por los desiertos helados.
El viento va por la puna
de a pie, silbando y silbando.
Tiritan los pajonales
junto a los caminos largos.
La tarde en el horizonte
cuelga sus ponchos indianos
y es la soledad puneña
campo y cielo, cielo y campo.
En el patio de la casa
hay un rincón de milagro.
Candelas asustadizas
junto al pesebre sagrado
alumbran la Nochebuena
de los que viven mal año.
Allí un torito de arcilla,
112
allí un corderito blanco
y junto al niño moreno
la virgencita de barro.
¡Ay pesebre navideño
pesebre del altiplano!
113
El viento conoce el mundo
de los runas solitarios,
de la nieve que castiga,
del maicito malogrado;
del arriero sin retorno,
del socavón derrumbado
y de ese callar profundo
del que no espera, esperando.
¡Ay pesebre navideño
pesebre del altiplano!
114
Y ese torito de arcilla
y ese corderito blanco
y junto al Niño moreno
la Virgencita de barro.
115
El zaino
116
Marzo
3 de marzo de 1955
118
Campo mojado
119
Tengo un amor tan amor
que es la raíz de mi fuerza.
Que adquiere todas las formas
teniendo una sola esencia.
120
Monte callado
¿Soledad? No la conozco
siempre voy acompañado
por las cosas que he vivido
o que el viento me ha arrimado.
121
Lunas, sueños
y quimeras
Dios me entiende
Mi sonco es un altarcito,
y allí me pongo a rezar
cosas que los dos sabemos...
aunque ignoren los demás.
125
Miro a mi chango dormido,
cansado de travesear.
¡Y pa' cuidarlo soy tata,
perro, cristiano... y jaguar!
126
Aquí estoy
Aquí estoy.
Como una arena quieta y desmayada.
Como la sombra, quizá, de una rama sin nido.
Aquí estoy.
Me caminan las horas, pecho adentro,
desde que canta el sol en las palmeras
hasta que el viento suelta sobre el mundo
su pañolón de largas madrugadas.
Aquí estoy.
Arropando las tardes con montañas azules
para endulzar el viaje de la luna redonda.
No me quiero dormir, porque la noche
me prometió una copla de amor y de saudades.
La guitarra me cuenta su pasión de caminos.
La guitarra en mis brazos llora sus soledades.
Y mientras pasan, lentas, las horas en la sombra,
aquí estoy, madurando las fraguas del tiempo.
Y alegremente triste como la calle larga.
Bebiéndome en la sangre la canción de los vientos.
127
Yo soy la vieja madera
131
Puisca: Nombre que le dan los indígenas a un huso de madera
muy dura usado para hilar.
Rum-dum: Pajarillo.
Runa: Hombre, en quechua.
Simbalista: Ejecutante de címbalo, instrumento muy utili-
zado por los gitanos.
Sonko: Corazón, en quechua.
Taita: Padre, padrecito.
Tarifero: El que mide el jornal del peón de la yerba.
Tuscal: De tusca, árbol del noroeste.
Yuro: Vaso de arcilla.
132
índice
Presentación 9
La capataza 13
América y la tierra
El sueño 17
Palabras de un jefe piel roja 20
A José Gabriel Condorcanqui allá en el cielo indio 25
Túpac Amaru. Cantata 28
Una historia sencilla 36
La hermanita perdida 39
La música
La copla 69
La música y la tierra 71
El cantor 73
La guitarra 74
La guitarra y su misterio 76
Bagualas 81
133
Coplas en el último día en Tucumán 82
Palabras a la zamba tucumana 83
Madre del viento 84
El pintor 86
Zamba 88
Si me veis mirando lejos 90
Músicos y poetas
Hilario Cuadros 93
El arpa dormida 94
Canción para Pablo Neruda 96
Buenaventura Luna 97
Antonio Machado. Una colina sin árboles 99
Guandacol 106
El hombre y su paisaje
Pesebre navideño 111
El zaino 116
Marzo 117
Otoño 118
Campo mojado •••• 119
Monte callado 121
Vocabulario 131
134
Este libro se terminó de imprimir
en los talleres de Segunda Edición,
Fructuoso Rivera 1066, Buenos Aires,
en el mes de abril de 1992.