Tesis de Afrontamientos

Descargar como pdf o txt
Descargar como pdf o txt
Está en la página 1de 195

  

 
 
 
 
 
TESIS DOCTORAL



PERSONALIDAD, ESTRÉS PERCIBIDO Y ESTRATEGIAS
DE AFRONTAMIENTO EN ESTUDIANTES
UNIVERSITARIOS




DOCTORANDA
MARIA ILÍDIA SOUSA ALVES SILVA DUARTE



DIRECTORA
DRA. MARÍA CONSUELO MORÁN ASTORGA


Programa de Doctorado: Psicología y Ciencias de la Educación

Departamento: Psicología, Sociología y Filosofía

Universidad de León

León (España), 2014


 


Título em Português

Personalidade, stress percebido e estratégias de coping


em estudantes universitários



Título em Inglês

Personality, perceived stress, and coping in university
students


DOCTORANDA

MARIA ILÍDIA SOUSA ALVES SILVA DUARTE


DIRECTORA

DRA. MARÍA CONSUELO MORÁN ASTORGA



Programa de Doctorado: Psicología y Ciencias de la Educación
Departamento: Psicología, Sociología y Filosofía
Universidad de León
León (España), 2014
 
 


 
 
 
 
 

DEDICATÓRIA

Aos meus pais:
Obrigada pela vosso amor,
pelos valores que me transmitiram ao longo do tempo.
Convosco aprendi que chegamos onde queremos!
Basta acreditar e caminhar.


AGRADECIMENTOS

À minha diretora de tese, Doutora Consuelo Morán, pelos seus sábios


ensinamentos, exemplo de postura científica e humana ao longo deste tempo.

Ao Doutor Dionísio Manga, pelas suas sabias orientações e ajuda em os momentos


de crises.

Ao Nuno e Sónia, por acreditarem em mim e terem sempre uma palavra de


incentivo nas horas mais desgastantes do dia a dia.

Ao Orlando, meu marido e companheiro, por saber compreender‐me, pela sua


paciência e disponibilidade.

À minha grande amiga Madalena Torres.


INDICE EN ESPANOL


AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................ 4

RESUMEN DE LA TESIS EN ESPAÑOL .............................................................. 11

ÍNDICE EN ESPAÑOL ................................................................................................... 5

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................... 9


ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................................................ 9
ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................................... 10

CAPÍTULO 1. EL MODELO DE LOS CINCO FACTORES DE LA PERSONALIDAD


DESCRIPCIÓN DE LOS CINCO FACTORES ................................................................... 12

CAPÍTULO 2. ESTRÉS Y AFRONTAMIENTO .......................................................................... 14


EL AFRONTAMIENTO .......................................................................................................... 15

CAPÍTULO 3. ESTRÉS PERCIBIDO, CANSANCIO EMOCIONAL Y AUTOEFICACIA .... 17


1. ESTRÉS PERCIBIDO ......................................................................................................... 17
2. CANSANCIO EMOCIONAL .............................................................................................. 18
3. AUTOEFICACIA PERCIBIDA.......................................................................................... 19

CAPÍTULO 4. OBJETIVOS Y METODOLOGÍA ............................................................................. 21


OBJETIVO GENERAL ............................................................................................................. 21
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................... 22
PARTICIPANTES ..................................................................................................................... 22
INSTRUMENTOS UTILIZADOS ......................................................................................... 23
PROCEDIMIENTO .................................................................................................................. 28

CAPÍTULO 5. RESULTADOS ............................................................................................................ 29


DESCRIPCIÓN DE LOS TRES PROTOTIPOS DE PERSONALIDAD ...................... 29
PERFILES DE LOS PROTOTIPOS EN ESTRÉS PERCIBIDO .................................... 30
PERFILES DE LOS PROTOTIPOS EN ESTRATEGIAS DE AFRONTAMIENTO 32


CORRELACIONES DE LAS VARIABLES CON ESTRATEGIAS ADAPTATIVAS Y
DISFUNCIONALES.................................................................................................................. 34
CANSANCIO EMOCIONAL Y AUTOEFICACIA EN LOS GRUPOS DE
ESTUDIANTES ......................................................................................................................... 35
LAS DIFERENCIAS DE GÉNERO EN LAS VARIABLES INVESTIGADAS ............ 36

CAPÍTULO 6. DISCUSIÓN Y CONCLUSIONES ............................................................................ 42

CONCLUSIONES EN ESPAÑOL.............................................................................. 44
SOBRE LA PERSONALIDAD: .............................................................................................. 44
SOBRE PERSONALIDAD, ESTRÉS PERCIBIDO Y CANSANCIO EMOCIONAL: 44
SOBRE PERSONALIDAD Y AFRONTAMIENTO DEL ESTRÉS:.............................. 45
SOBRE LAS DIFERENCIAS DE GÉNERO EN LAS VARIABLES DE LA TESIS: . 45


ÍNDICE DE LA TESE EM PORTUGUÉS

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 51

PRIMEIRA PARTE. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO .............................................................. 57

CAPÍTULO 1. O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE ..................... 58


1.1. O MODELO DOS CINCO FACTORES ....................................................................... 63
1.2. FACTORES E FACETAS ................................................................................................ 67
1.3. PERSONALIDADE RESILIENTE ............................................................................... 79

CAPÍTULO 2. STRESS E ENFRENTAMENTO ............................................................................. 83


2.1. O PROCESSO DE AVALIAÇÃO ................................................................................... 84
2.2. O PROCESSO DE ENFRENTAMENTO .................................................................... 86
2.3. RECURSOS ....................................................................................................................... 88
2.4. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO ................................................................. 90
2.5. O ENFRENTAMENTO SEGUNDO RICHARD LAZARUS E SUSAN
FOLKMAN .................................................................................................................................. 92
2.6. O ENFRENTAMENTO SEGUNDO CHARLES CARVER ..................................... 97

CAPÍTULO 3. STRESS PERCEBIDO, CANSAÇO EMOCIONAL E AUTOEFICÁCIA


PERCEBIDA .................................................................................................................................... 104
3.1. O STRESS PERCEBIDO ............................................................................................... 110
3.2 . CANSAÇO EMOCIONAL ............................................................................................ 117
3.3. AUTOEFICÁCIA PERCEBIDA ................................................................................... 119

SEGUNDA PARTE. A INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA .................................................................. 126

CAPÍTULO 4. OBJECTIVOS E METODOLOGIA ........................................................................ 127


4.1. OBJECTIVO GERAL ...................................................................................................... 127
4.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 128
4.3. PARTICIPANTES .......................................................................................................... 128
4.4. INSTRUMENTOS UTILIZADOS ............................................................................... 129
QUESTIONÁRIO DE STRESS PERCEBIDO (EP) ............................................... 129
ESCALA DE CANSAÇO EMOCIONAL (ECE) ....................................................... 131


QUESTIONÁRIO DE ENFRENTAMENTO (COPE‐28) .................................... 132
INVENTARIO NEO DE CINCO FACTORES NA SUA VERSÃO
ABREVIADA (NEO‐FFI) ............................................................................................. 136
EXPECTATIVA DE AUTOEFICÁCIA ...................................................................... 140
QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL (GHQ‐28) ................................................ 140
4.5. PROCEDIMENTO.......................................................................................................... 144

CAPÍTULO 5. RESULTADOS ........................................................................................................... 145


5.1. DESCRIÇÃO DOS TRÊS PROTÓTIPOS DE PERSONALIDADE .................... 145
5.2. PERFIS DOS PROTÓTIPOS EM STRESS PERCEBIDO .................................... 147
5.3. PERFIS DOS PROTÓTIPOS EM ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO 148
5.4. CORRELAÕES DAS VARIÁVEIS COM ESTRATÉGIAS ADAPTATIVAS E
DISFUNCIONAIS ................................................................................................................... 150
5.5. CANSAÇO EMOCIONAL E AUTOEFICÁCIA NOS GRUPOS DE
ESTUDANTES ......................................................................................................................... 151
5.6. AS DIFERENÇAS DE GÉNERO NAS VARIÁVEIS INVESTIGADAS ............. 153

CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES .............................................................................. 161


6.1. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 161
6.2. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 168

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 171

ANEXOS .................................................................................................................................... 186


 


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Perfis dos três conglomerados (cluster) com os cinco factores do NEO‐FFI146

Figura 2. Perfis dos três conglomerados (cluster) nas escalas de stress percebido .. 148

Figura 3. Perfis dos três conglomerados (cluster) segundo o uso de estratégias de


enfrentamento com as escalas do COPE‐28................................................................................. 149

Figura 4. Comparação do enfrentamento racional com o de evitação no COPE‐28 ... 150

Figura 5. Comparação dos grupos (cluster) na medida negativa do cansaço


emocional e na medida positiva da sua expectativa de autoeficácia ................................ 152

Figura 6. Diferenças de género no curso na variável cansaço emocional (CE) ............ 156

Figura 7. Diferenças de género por curso na variável expectativas de autoeficácia . 157

Figura 8. Diferenças de género por escalas do CEP .................................................................. 158

Figura 9. Interacção sexo nas 14 escalas do COPE‐28............................................................. 159

Figura 10. Interacção sexo com as estratégias mais adaptativas e menos


adaptativas ................................................................................................................................................. 160

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Factores e facetas do NEO‐PI‐R ...................................................................................... 68

Quadro 2. Breve descrição dos domínios e facetas do NEO‐PI‐R .......................................... 78






ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Classificação dos Três Protótipos ................................................................................. 145

Tabela 2. Matriz de Correlações entre as Estratégias de Enfrentamento e outras


variáveis investigadas ........................................................................................................................... 151

Tabela 3. Diferenças de Género nas Variáveis de Personalidade: NEO‐‐FFI ................. 153

Tabela 4. Diferenças de Género nas Variáveis COPE‐28 ........................................................ 154

Tabela 5. Diferenças de Género nas Variáveis Stress Percebido e Cansaço


Emocional ................................................................................................................................................... 155

Tabela 6. Diferenças de Género nas Expectativa de Autoeficácia e Saúde Geral


(GHQ‐28) ..................................................................................................................................................... 155

10 

RESUMEN DE LA TESIS EN ESPANOL

11 
CAPITULO 1

EL MODELO DE LOS CINCO FACTORES DE LA PERSONALIDAD


Descripción de los cinco factores
Se denomina big five a los cinco grandes factores de la personalidad que
McCrae y Costa (1986) y Costa y McCrae (1992, 1999) han venido estudiando, en
diversos trabajos, sobre todo durante las últimas décadas.

Neuroticismo (N). En este factor, ya estudiado en el modelo PEN de


Eysenck, se contraponen el ajuste y la estabilidad emocional al desajuste
emocional o neuroticismo. La tendencia general a experimentar sentimientos
negativos (como miedo, melancolía, vergüenza, ira, culpabilidad y repugnancia)
está en el núcleo del factor neuroticismo. Las puntuaciones altas en este factor
indican que los sujetos que así puntúan son más propensos a tener ideas menos
racionales, son menos capaces que los demás de controlar sus impulsos y de
enfrentarse al estrés. A pesar de esto, la escala neuroticismo mide una dimensión
normal de la personalidad, y no puede considerarse como una medida de
psicopatología.

Extraversión (E). Las personas extravertidas son sociables, siendo la


sociabilidad sólo uno de los rasgos del factor. Los individuos extravertidos tienden
a estar con la gente y tienen preferencia por grupos y reuniones; son también
asertivos, activos y habladores. Les gusta la excitación y la estimulación y tienden a
ser de carácter alegre. Son animosos, enérgicos y optimistas.

Apertura a la experiencia (O). Las personas abiertas están interesadas


tanto por el mundo exterior como por el interior, logrando que sus vidas se
enriquezcan con la experiencia. Ello es así porque desean tener en cuenta nuevas
ideas y valores no convencionales. Las puntuaciones en apertura tienen una
asociación moderada con el nivel de educación y medidas de inteligencia. Así como

12 
también que se asocie al factor apertura con la creatividad no quiere decir de
ningún modo que Apertura sea equivalente a inteligencia.

Amabilidad (A). Es el factor más implicado en las relaciones


interpersonales. Quien es amable es fundamentalmente altruista, simpatiza con los
demás y está dispuesto a ayudar. En sentido contrario, las personas no amables o
desagradables son antipáticas y egocéntricas, mostrándose suspicaces respecto a
las intenciones de los demás; son personas más que colaboradoras, opositoras.

Responsabilidad (C). Para algunos autores este factor se llama voluntad de


logro, ya que quienes puntúan alto en responsabilidad son sujetos voluntariosos,
tenaces y decididos. Si bien las altas puntuaciones en responsabilidad se asocian
con rendimiento académico o profesional, también puede ocurrir que se llegue a
un molesto sentido crítico, a excesivo perfeccionismo e incluso a la adicción al
trabajo. En cualquier caso, el autocontrol es central en el proceso activo de
planificación, de organización y de realización de las tareas.

Los acercamientos que son tipológicos, o que están centrados en las


personas, a diferencia de los acercamientos dimensionales, pretenden desarrollar
una taxonomía no de variables de la personalidad sino de tipos de la misma. Estos
acercamientos centrados en las personas se proponen estudiar la estructura global
de las dimensiones o factores de la personalidad dentro de los individuos.

13 
CAPITULO 2

EL AFRONTAMIENTO


Personalidad y afrontamiento
Sobre el ámbito de la personalidad y su influencia en los modos de
afrontamiento de los de los individuos, unos más adaptativos y otros más
disfuncionales, han mostrado especial interés los investigadores desde hace algún
tiempo (e.g., Costa, Somerfield y McCrae, 1996). Como los rasgos de la
personalidad no cambian fácilmente (McCrae y Costa, 1986), las estrategias de
afrontamiento más vinculadas a factores de la personalidad tendrían que resistirse
al cambio a pesar de que sean desadaptativas. En este sentido, también podemos
adelantar que las estrategias disposicionales de afrontamiento estarán más
estrechamente vinculadas a las dimensiones o factores de la personalidad que las
estrategias situacionales.

Según Costa et al. (1996), hay autores que han definido el campo de estudio
sobre estrés y afrontamiento en términos funcionales, examinando todas aquellas
reacciones y procesos que se piensa que ayudan a resolver los problemas y a
reducir el malestar. La metodología predominante para estudiar el estrés y su
afrontamiento se basa en estos supuestos. Una de las distinciones conceptuales
que ha conformado el campo del estrés y afrontamiento tiene que ver con la
diferencia entre afrontamiento y adaptación, tal como se pone de manifiesto en
Lazarus y Folkman (1986). Allí se dice que hay un consenso emergente sobre el
hecho de que afrontamiento y adaptación pueden distinguirse. Por su parte, la
adaptación es un concepto más amplio que incluye modos rutinarios, e incluso
automáticos, de ir saliendo adelante, en tanto que el afrontamiento siempre
conlleva alguna clase de estrés. En la interacción con el medio, en que en realidad
consiste la adaptación, se abarca casi toda la psicología (percepción, aprendizaje,
motivación y emoción). Los investigadores del estrés y afrontamiento se han
limitado, en cambio, a aquellas demandas de adaptación que eran particularmente

14 
problemáticas, al requerir nuevas respuestas o especiales esfuerzos que a menudo
pueden perturbar las reacciones emocionales.

El afrontamiento
El afrontamiento se ha considerado como una categoría especial de
adaptación, elicitada en individuos normales por circunstancias que suponen un
agobio inusual para dichos individuos. Está implícita la suposición de que el
afrontamiento es una respuesta a estímulos ambientales, una respuesta más o
menos emocional a un problema objetivo. Por todo ello, se acepta que el
afrontamiento sea considerado como un proceso “normal” que se da en individuos
psiquiátricamente sanos. Estos individuos pueden responder a un estímulo
potencialmente causante de estrés de muy diversos modos. Todos esos modos son
funcionalmente similares, por cuanto permiten manejar el estrés y se consideran
mecanismos o estrategias de afrontamiento. El método utilizado en la mayoría de
los estudios es el que se sirve de un cuestionario, siendo la meta de la investigación
el entender qué estrategias de afrontamiento elige la gente cuando se enfrenta a
diferentes estresores, y cuáles son más efectivos para promover la salud o el
bienestar (Costa et al., 1996).

Lazarus y Folkman (1986) definían el afrontamiento como los esfuerzos de


un individuo, cognitivos y conductuales, con los que pretende controlar las
demandas surgidas durante una situación específica de estrés. Recientemente, a la
vista de resultados controvertidos y a veces contradictorios entre los autores, ha
sido el propio Lazarus (2006) quien ha sugerido la conveniencia de abandonar la
distinción entre las estrategias centradas en el problema y las centradas en la
emoción, precisamente por no servir de ayuda en la búsqueda de estrategias
propiamente adaptativas frente a otras disfuncionales. En este intento Lazarus
(2006) proponía cambiar el modo de investigar sobre las estrategias de
afrontamiento, mostrando su preferencia por el acercamiento centrado en las
personas frente al más habitualmente utilizado que es el acercamiento centrado en
las variables. Los investigadores conseguirán una comprensión más profunda de
los mecanismos del afrontamiento identificando subgrupos de individuos y
caracterizando sus perfiles de afrontamiento. Esto es lo que recientemente han

15 
investigado Faulk, Gloria y Steinhardt (2013), diferenciando perfiles de
afrontamiento adaptativo frente a otros no adaptativos, correspondiendo los
perfiles adaptativos a grupos de personas con mejor salud y los disfuncionales a
los grupos de peor salud. Algunos estudios (Jenaro, Flores y González, 2007) ponen
de manifiesto la existencia de asociaciones significativas entre el empleo de
estrategias de afrontamiento y una elevada realización personal.

Entre los instrumentos para medir el afrontamiento se halla el Inventario


COPE (Carver, Scheier y Weintraub, 1989), del que hay que hacer cuatro
importantes consideraciones: (1) su adaptación al español en una muestra de
estudiantes universitarios (Crespo y Cruzado, 1997); (2) la versión abreviada de
Carver (1997) como Brief COPE; (3) la traducción del Brief COPE al español
(Morán, 2009) y su validación psicométrica (Morán, Landero y González, 2010);
(4) el estudio psicométrico de Lyne y Roger (2000), en el que los autores
concluyeron que la estructura factorial del Inventario COPE de Carver et al. (1989)
ponía de manifiesto, según los datos analizados por ítems y por escalas, tres
factores (afrontamiento racional, emocional y de evitación). Dicha estructura
factorial era semejante a la de otras escalas de afrontamiento.

16 
CAPITULO 3

ESTRES PERCIBIDO, CANSANCIO EMOCIONAL Y


AUTOEFICACIA


Estrés percibido
Cuando Somerfield y McCrae (2000) sometieron a análisis la investigación
que se venía haciendo sobre estrés y afrontamiento, destacaron que el extenso
campo del afrontamiento investigado se hallaba en crisis en aquellos momentos. Su
orientación era que se debía investigar el estrés junto con los procesos
adaptativos. Dentro de este contexto adaptativo y del modelo de afrontamiento de
Lazarus, los autores comentan las fortalezas y límites de los esfuerzos individuales
de afrontamiento invitando a ser realistas en los diseños de investigación en este
campo.

Poco más tarde, Connor‐Smith y Compas (2002) ponían el acento en que los
individuos no son igualmente sensibles al estrés, ya que unos son más
vulnerables que otros en situaciones con la misma estimulación amenazante.
Refiriéndose al estrés interpersonal, quisieron dejar muy claro que era muy poco
lo que se conocía sobre la relación entre afrontamiento y rasgos de personalidad, al
decir que “aunque la evidencia preliminar sugiere que la interacción entre
personalidad y afrontamiento puede ser importante para comprender la
adaptación de los individuos, el escaso número de estudios impide todavía
conclusiones sobre las relaciones entre personalidad y afrontamiento” (p. 41).

Schiffrin y Nelson (2010), partiendo de los principales modelos sobre el


estrés y la felicidad o bienestar, examinaron la relación entre ambos constructos en
una muestra de 100 estudiantes universitarios. Intentaron probar la hipótesis de la
relación inversa entre estrés percibido y bienestar, es decir, la existencia de
menor bienestar a medida que es mayor el estrés percibido. Las correlaciones
entre los datos apoyaron la hipótesis sometida a estudio.
17 
La asociación entre el estrés percibido y los Cinco Factores de la
personalidad es una preocupación reciente entre los investigadores, junto con el
papel que juega la autoestima en esa asociación (e.g., Ebstrup, Eplov,
Pisinger y Jørgensen, 2011).

Cansancio emocional
Como síntoma y principal componente del burnout, el cansancio emocional
es la respuesta más destacada a los estímulos estresantes del ambiente
ocupacional y es, por ello, la primera etapa del proceso del burnout (Greenlass,
Burke y Konarski, 1998). El cansancio no es algo de lo que simplemente se tiene
experiencia, sino que más bien es el que provoca en uno mismo reacciones de
distanciamiento emocional y cognitivo respecto al propio trabajo,
presumiblemente como un modo de afrontar su sobrecarga (Maslach, Schaufeli y
Leiter, 2001).

Según ha dicho Maslach (2003): (1) la dimensión del cansancio emocional, o


desgaste, representa la respuesta básica al estrés que se estudia en las
investigaciones en este campo. Muestra la correlación positiva esperada con
excesivas demandas del trabajo y con los resultados de salud relacionados con el
estrés. Y (2) dado el creciente interés en el burnout en ocupaciones que no están
tan claramente orientadas a la gente, hemos preparado una versión para uso con
cualquier ocupación (Maslach, 2003, p. 190).

Hace unos pocos años se comenzaba a hablar de “estudiantes quemados”,


en alusión al peculiar burnout producido por los estudios universitarios en
alumnos de los últimos cursos de carrera, así como en los estudios de postgrado. Al
igual que sucede con el burnout profesional también podemos encontrar burnout
en los estudiantes universitarios (Morán, 2005), con la diferencia de que en este
ámbito se produce la identificación del cansancio emocional con el burnout,
convirtiéndose los otros dos componentes en aspectos inexistentes o en cualquier
caso innecesarios. Creemos, por tanto, que es el momento de abordar por sí mismo
el cansancio emocional de los estudiantes, su naturaleza, los factores que en él
influyen y un instrumento adecuado para su medida.

18 
Autoeficacia percibida
Entre los mecanismos de la acción humana, ninguno hay más central o de
mayor alcance que las creencias de la gente en su eficacia para regular su propio
funcionamiento y para ejercer control sobre los sucesos que afectan a sus vidas
(Bandura, 1987; 1997).

Somos capaces de auto‐regulación cuando elegimos nuestras metas y


controlamos nuestra conducta para poder conseguirlas. En la esencia de la auto‐
regulación se halla nuestra capacidad de anticipar eventos futuros, es decir, de
crearnos expectativas basadas en nuestra experiencia, las cuales a su vez nos
permiten formar creencias sobre nuestras capacidades y conducta. Éstas, en suma,
son creencias sobre nuestra eficacia personal (Manga y Morán, 2007).

El concepto de autoeficacia fue introducido por Bandura en 1977 para


explicar los resultados obtenidos en los estudios sobre el efecto, en la conducta, de
las observaciones de otras personas, mientras éstas realizaban acciones. Bandura
(1977) intentaba demostrar que los individuos que están expuestos a un modelo,
ya sea en una película o en la vida real, son capaces de llevar a cabo ellos mismos
los actos observados en los modelos. Con la denominación de autoeficacia
percibida nos referimos a las creencias en las capacidades de uno mismo para
producir determinados resultados. Un sentido de la eficacia personal es la base de
la acción humana. A menos que la gente crea que produce los efectos deseados
mediante sus propias acciones, tendrá poco incentivo para actuar o para
perseverar frente a las dificultades. La premisa básica de la teoría de la autoeficacia
está, por tanto, en las creencias que la gente tiene en sus propias capacidades.

La eficacia personal, o autoeficacia, no es un rasgo de la personalidad, ni es


igual a otros conceptos del ámbito de la personalidad que se consideran afines a
los rasgos, como, por ejemplo, la autoestima, el optimismo o el locus de control. El
sentido de autoeficacia es menos estable que los rasgos. La autoeficacia se
desarrolla y crece con el tiempo y la experiencia; es decir, las creencias
constitutivas del sentido de eficacia personal comienzan en la infancia y continúan

19 
su desarrollo a lo largo de la vida, según postula la teoría social‐cognitiva que la
sirve de base (Maddux, 2005).

20 
CAPITULO 4

OBJETIVOS Y METODOLOGIA


Objetivo general
Como objetivo general, presentamos un acercamiento centrado en las
personas que son, en este estudio, estudiantes universitarios.

Hasta fechas bastante recientes los investigadores estaban de acuerdo en


que existía poca evidencia para poder establecer tipos discretos de personalidad.
Pero hemos visto el amplio acuerdo a que han llegado en la mayoría de los estudios
sobre la existencia de al menos tres prototipos. Schnabel, Asendorpf y Ostendorf
(2002) confirman que en la solución de tres prototipos de personalidad podían
identificarse sin ambigüedad los patrones de individuos resilientes,
supracontrolados e infracontrolados, hallados en estudios previos.

En la línea del estudio de prototipos de personalidad son muchos los


trabajos que defienden la existencia de tres prototipos, sobre la base del modelo de
los Cinco Factores. Cuando Asendorpf (2006) describe los tres prototipos, dice que
en todos los estudios se puede identificar claramente uno como resiliente (bajo en
neuroticismo y con altas puntuaciones en el resto de factores). También existe un
segundo prototipo que muestra un patrón que se describe como supracontrolado,
inverso al resiliente, y un tercero que se describe como infracontrolado.

Los hallazgos de Robins, John, Caspi, Moffitt y Stouthamer‐Loeber (1996)


sitúan a los supracontrolados por debajo de los resilientes e infracontrolados en
extraversión, al mismo tiempo que los resilientes se muestran superiores en
estabilidad emocional (bajo neuroticismo) a supracontrolados e infracontrolados.
Estos resultados son coincidentes con los obtenidos en otros estudios que también
han utilizado el procedimiento de formación de conglomerados K‐medias (e.g.,
Asendorpf y Van Aken, 1999; Asendorpf, Borkenau, Ostendorf y Van Aken, 2001).

21 
Asendorpf et al., (2001) han confirmado la existencia de estos tres
prototipos de personalidad, junto con diferencias en el funcionamiento psicosocial
de cada uno. También se utiliza el análisis de conglomerados para obtener perfiles
de personalidad de los sujetos resilientes en la población normal, con el fin de
relacionar tales perfiles con otras variables como puede ser el afrontamiento.

Objetivos específicos
(a) Hallar, mediante análisis de conglomerados, tres prototipos de
personalidad entre los estudiantes universitarios, esperando que se
diferencien en sus perfiles tal como viene ocurriendo en la literatura.
(b) Se hará la validación interna de la solución de tres prototipos, mostrando
cómo se diferencian en sus perfiles y 5 factores (Big Five) componentes.
(c) Se establecerán las estrategias de afrontamiento, adaptativas y
disfuncionales, y sus correlaciones con otras variables, de personalidad,
autoeficacia y cansancio emocional.
(d) Como validación externa, los tres prototipos de personalidad se
compararán en medidas de estrés percibido, de cansancio emocional y de
autoeficacia, esperando diferencias claramente significativas por referencia
al grupo de individuos resilientes.
(e) Se mostrarán las diferencias de género que puedan existir entre los perfiles
de estrés percibido, afrontamiento y personalidad, así como también entre
las puntuaciones en autoeficacia, cansancio emocional y salud general.
(f) Se pondrán de manifiesto las posibles diferencias de género a lo largo de los
5 cursos de carrera, especialmente en autoeficacia.

Participantes
Participaron en este estudio 575 estudiantes de la Universidad de León, de
todas las facultades de diferentes cursos y carreras. La media de edad fue de 22
años (rango entre los 18 y los 33 años), el 63% mujeres y el 37% varones. El tipo
de muestreo fue el accidental.

22 
Instrumentos utilizados
Cuestionario de Estrés Percibido (EP). El estrés percibido se midió en los
estudiantes universitarios aplicando el cuestionario validado por Sanz‐Carrillo,
García‐Campayo, Rubio, Santed y Montoro (2002). Mide el Estrés Percibido
General (EPG) y el Reciente (EPR). Lo hace según indican las instrucciones,
pidiendo a los estudiantes que contesten a 30 cuestiones según la frecuencia con
que se dan en su vida: se puntúa 1 (casi nunca), 2 (a veces), 3 (a menudo) o 4 (casi
siempre). En la columna de la izquierda se da una respuesta en general, referida
al último o dos últimos años de su vida. En la columna de la derecha se da una
respuesta reciente, referida al último mes. Los 30 ítems se distribuyen en 6
factores, como aparece a continuación:

Factor 1. Tensión, irritabilidad, fatiga (9 ítems).

Factor 2. Aceptación social de conflictos (7 ítems).

Factor 3. Energía, diversión (5 ítems).

Factor 4. Sobrecarga (4 ítems).

Factor 5. Satisfacción por auto‐realización (3 ítems).

Factor 6. Miedo, ansiedad (2 ítems).

La fiabilidad del Cuestionario de Estrés Percibido para esta tesis ha sido de


un coeficiente alfa de .89.

Escala de Cansancio Emocional (ECE). Escala de 10 ítems que miden


cansancio emocional. Los ítems se puntúan de 1 a 5, considerando los 12 últimos
meses de vida estudiantil, según ocurra lo que la frase dice: 1 raras veces, 2 pocas
veces, 3 algunas veces, 4 con frecuencia, 5 siempre. Los ítems están especialmente
diseñados para evaluar el cansancio o desgaste emocional de los estudiantes
universitarios, cansancio derivado del nivel de exigencia y de esfuerzo por superar
los estudios (Ramos, Manga y Morán, 2005). La puntuación obtenida en la Escala
de Cansancio Emocional oscila entre los 10 y los 50 puntos.

23 
Cuestionario de afrontamiento COPE‐28 (Carver, 1997; Morán, 2009;
Morán et al., 2010). Son 14 escalas de 2 ítems cada una las que se incluyen en el
Cuestionario COPE‐28 o Brief COPE. De estas 14 escalas se suelen omitir para los
análisis factoriales Religión y Humor, porque son cambiantes según las muestras, o
bien reparten sus pesos factoriales entre dos factores. También resultan poco
útiles las estrategias de Uso de sustancias (la eligen muy pocos) y Desahogo (sus
dos ítems reparten sus pesos factoriales en diferentes factores). Para las
respuestas se utiliza una escala de tipo Likert de 0 a 4 puntos, siendo la frecuencia
de uso de la estrategia de 0 (nunca) hasta 4 (casi siempre).

Este cuestionario mide típicamente respuestas de afrontamiento que se ven


como potencialmente disfuncionales, lo mismo que otras que son adaptativas. Los
autores consideran un mérito examinar ambos aspectos del afrontamiento. En una
primera etapa apareció el COPE (Carver et al., 1989) como un inventario de 60
ítems y 15 escalas (4 ítems cada una). La redundancia encontrada en algunas de las
escalas junto con su longitud aconsejaron la creación de un inventario COPE
abreviado: así lo hizo Carver (1997) presentando una versión de 14 escalas de dos
ítems cada una, a la que denominamos COPE‐28 (Brief COPE). Manga y Morán han
traducido al castellano las 14 escalas del COPE‐28 (Morán, 2009), con las
instrucciones para su aplicación y la denominación de las 14 escalas. La validación
del Brief COPE en español se halla en Morán et al. (2010).

Son 14 escalas de 2 ítems cada una las que se incluyen en el Cuestionario


COPE‐28 o Brief COPE.

Escala 1. Afrontamiento activo.


Escala 2. Planificación.
Escala 3. Búsqueda de apoyo emocional.
Escala 4. Búsqueda de apoyo social.
Escala 5. Religión.
Escala 6. Reinterpretación positiva.
Escala 7. Aceptación.
Escala 8. Negación.
Escala 9. Humor.

24 
Escala 10. Autodistracción.
Escala 11. Autoinculpación.
Escala 12. Desconexión conductual.
Escala 13. Desahogo.
Escala 14. Uso de sustancias.

Hemos elegido el cuestionario COPE‐28 para el presente estudio,


prescindiendo del análisis de algunas escalas cuya utilidad sería escasa respecto al
esclarecimiento de su carácter adaptativo o disfuncional. Hemos utilizado 20 ítems
(10 escalas) para el análisis factorial de componentes principales y rotación
varimax. El análisis factorial de los ítems componentes de las estrategias del
estudio ha arrojado tres factores, con valor propio superior a 1, coincidentes con
los tres que siempre aparecen en la literatura de este campo de investigación. En
conjunto explican el 42% de la varianza y todos los ítems tienen un peso factorial
superior a .40 en sus respectivos factores.

Ha aparecido un factor de afrontamiento activo (llamado también de


afrontamiento cognitivo o racional), que incluye los ítems de las escalas de
Afrontamiento activo, Planificación, Reinterpretación positiva y Aceptación. La
fiabilidad del afrontamiento activo muestra un coeficiente alfa de .68 y explica el
11% de la varianza. El factor de afrontamiento de búsqueda de apoyo social (otras
veces llamado emocional) abarca los ítems de las escalas Apoyo emocional y Apoyo
social; su fiabilidad es de un alfa igual a .80 y explica el 14% de la varianza. El
factor restante corresponde al afrontamiento de evitación (también llamado
bloqueo del afrontamiento en Morán et al. (2010) e incluye las escalas de Negación,
Autodistracción, Autoinculpación y Desconexión conductual; su fiabilidad es de un
alfa igual a .72 y explica el 17% de la varianza.

En este estudio se utilizan las cuatro escalas de afrontamiento activo,


consideradas estrategias adaptativas, junto con las cuatro escalas de afrontamiento
de evitación que vienen a ser estrategias desadaptativas o disfuncionales. En los
análisis, por tanto, se prescinde del factor de carácter más emocional, que es
búsqueda de apoyo social, cuyo carácter adaptativo o desadaptativo resulta menos
claro. Estas 8 estrategias coinciden, en lo esencial con las 9 estrategias de

25 
afrontamiento cognitivo que, Doron, Thomas‐Ollivier, Vachon, y Fortes‐
Bourbousson (2013) han utilizado en 334 adultos franceses, 5 adaptativas y 4
desadaptativas, extraídas de un cuestionario diferente al Brief COPE y sometidas a
análisis de conglomerados. O también pueden seleccionarse a priori del Brief COPE
una subescala adaptativa y otra desadaptativa, según aconseje el propósito de la
investigación (e.g., Wichianson, Bughi, Unger, Spruijt‐Metz y Nguyen‐Rodriguez,
2009).

NEO PI‐R. Inventario NEO de Cinco Factores, y su versión abreviada


NEO‐FFI. Forma S del NEO PI‐R que ofrece una medida de los cinco factores de la
personalidad normal (Costa y McCrae, 1999), con 240 ítems en total y 6 facetas de
cada uno de los cinco factores. La versión abreviada, utilizada en esta tesis, consta
de 60 elementos de la Forma S del NEO PI‐R. Se aplicaron, por tanto, cinco escalas
de 12 elementos cada una: Neuroticismo (N), Extraversión (E), Apertura (O),
Amabilidad (A) y Responsabilidad (C). Las respuestas se valoran desde 0 hasta 4
puntos, en una escala tipo Likert de 5 puntos que va desde el extremo “en total
desacuerdo” al extremo “totalmente de acuerdo”. La puntuación total en cada
factor se obtiene sumando los puntos de los 12 ítems, y abarca de 0 a 48 puntos. El
NEO‐FFI es una selección de 12 ítems para cada factor, según hayan tenido tales
ítems pesos factoriales altos en ese factor. En Manga, Ramos y Morán (2004)
pueden verse los comentarios y propuesta de mejora en la elección de los ítems de
la versión castellana del NEO‐FFI (Costa y McCrae, 1999).

En resumen, el NEO PI‐R (Inventario NEO de Personalidad Revisado) es un


cuestionario de 240 ítems, siendo el NEO‐FFI su versión reducida a 60 ítems (Costa
y McCrae, 1992; 1999). Fue diseñado para evaluar las cinco dimensiones o factores
de la personalidad. Los Cinco Factores, o Cinco Grandes (Big Five), se conocen por
la letra inicial en inglés (Costa y McCrae, 1992). Los factores son: Neuroticism (N),
Extraversion (E), Openness to experience (O), Agreeableness (A), and
Conscientiousness (C). En castellano: neuroticismo (N), extraversión (E), apertura a
la experiencia (O), amabilidad (A) y responsabilidad (C).

Expectativa de autoeficacia (EA). Hemos elegido la escala de 4 ítems


incluida en la batería BEEGC‐20 como medida de expectativa de autoeficacia.

26 
BEEGC‐20 se llama a la Batería de Escalas de Expectativas Generalizadas de Control
(Palenzuela, Prieto, Barros y Almeida (1997). Los ítems se puntúan de 1 a 9 para
cada afirmación, en una escala del tipo Likert, según se esté totalmente en
desacuerdo (1) con valores intermedios hasta totalmente de acuerdo (9). Se ha
informado de un alfa de Cronbach de .75 para autoeficacia en el estudio original
con 331 estudiantes universitarios.

GHQ‐28 (Goldberg y Williams, 1988; 1996). El Cuestionario de Salud


General, en la modalidad de GHQ‐28, es una medida de distrés psicológico o, en
sentido contrario, de salud y bienestar psicológicos.

Esta medida se compone de cuatro escalas, con siete ítems cada una:

 La primera escala (GHQ1) evalúa síntomas somáticos.


 La segunda (GHQ2) evalúa ansiedad e insomnio.
 La tercera (GHQ3) evalúa disfunción social.
 La cuarta (GHQ4) evalúa depresión grave.

La puntuación se obtiene mediante una escala tipo Likert de cuatro puntos,


que va desde 0 como puntuación mínima hasta 3 como puntuación máxima. La
puntuación en cada escala puede alcanzar desde 0 hasta 21 puntos. La puntuación
total del GHQ‐28 podría alcanzar los 84 puntos.

Este cuestionario puede utilizarse para medir el distrés psicológico global


(GHQ‐28), a través del resultado de sumar los puntos de los 28 ítems, de tal modo
que una puntuación global alta refleja un distrés psicológico elevado, y lo mismo
cabe interpretar en sentido contrario: que una puntuación baja en GHQ‐28 refleja
buena salud psicológica o nivel alto de bienestar psicológico. También puede
utilizarse el GHQ‐28 para medir las cuatro variables por separado, tal como indican
las puntuaciones de cada escala. En cualquier caso, el GHQ‐28 es un instrumento
auto‐administrado que ha sido diseñado para detectar distrés psicológico tanto en
medios clínicos como no clínicos. La fiabilidad para esta tesis, del GHQ‐28 global,
ha sido de un coeficiente alfa de .90.

27 
Procedimiento
Los cuestionarios se pasaron como prácticas en Psicopedagogía,
ofreciéndose algunos alumnos voluntarios para llevar esos mismos
cuestionarios grapados a otros estudiantes universitarios, de diferentes cursos y
titulaciones, que participaron de forma voluntaria y anónima en la
investigación; los colaboradores, que más tarde corrigieron los resultados,
insistían en que los datos eran reservados con el único fin de servir a una
investigación sobre el estrés entre los estudiantes.

Los análisis de datos fueron realizados con el paquete estadístico


Statistica, en su versión 9. Los prototipos de personalidad se obtuvieron
mediante análisis de clúster jerárquico, con el método de Ward y el
procedimiento K‐medias de Statistica.

28 
CAPITULO 5

RESULTADOS


Descripción de los tres prototipos de personalidad
Los perfiles de personalidad obtenidos para cada uno de los tres prototipos
son, en cierta medida, semejantes a los hallados en estudios previos con la solución
de tres conglomerados (clusters). El prototipo resiliente (n = 238, 41%) se
caracterizaba por bajas puntuaciones en neuroticismo y el resto de puntuaciones
por encima de la media. El prototipo supracontrolado (n = 168, 29%) se
caracterizó por superiores puntuaciones en neuroticismo y bajas puntuaciones en
E‐A‐C, siendo próxima a la media su puntuación en apertura. El prototipo
infrancontrolado (n = 169, 29%) obtuvo un perfil de alta responsabilidad (C),
neuroticismo próximo a la media, bajas puntuaciones en extraversión y
amabilidad, con apertura muy baja.

Si miramos la Figura 1, vemos que el prototipo resiliente es el Cluster 2, con


su característico perfil de mejor adaptación y flexibilidad en respuesta a
situaciones de estrés. Por su parte, el Cluster 1 corresponde al prototipo
supracontrolado, con perfil en gran medida opuesto al perfil resiliente, del que se
pueden esperar resultados más desadaptativos en otras variables. El Cluster 3
corresponde al prototipo infrancontrolado, del que destacan su baja O y su alta C,
comparable ésta a la del prototipo resiliente.

La composición de los tres grupos o prototipos muestra que los estudiantes


se clasifican en mayor número como resilientes, mientras que están igualados los
grupos clasificados como supracontrolados e infracontrolados. En relación con el
sexo, los supracontrolados incluyen el 29% de cada sexo, los resilientes son
varones el 46% y mujeres el 39%, cambiando en los infracontrolados que incluyen
el 25% de varones y el 32% de mujeres.

29 
Plot of Means
2-way interaction
F(8,2276)=134.05; p<0.000
1

0.5
Variable: Perfiles

-0.5 CLUSTER
G_1:1
-1 CLUSTER
G_2:2
CLUSTER
-1.5
N E O A C G_3:3

NEO_FFI


Figura 1. Perfiles de los tres conglomerados (CLUSTER) obtenidos de 575
participantes, como los tres prototipos de la personalidad. Las medidas son
los Cinco Factores del NEO‐FFI: N (neuroticismo), E (extraversón), O
(apertura a la experiencia), A (amabilidad) y C (responsabilidad).


Perfiles de los prototipos en estrés percibido


El perfil que obtienen los tres prototipos de personalidad en estrés
percibido (EP) se muestra en la Figura 2. De doce puntuaciones, las seis primeras
corresponden a los 6 factores del estrés percibido general (EPG), mientras las seis
siguientes hasta doce corresponden a los mismos factores del estrés percibido
reciente (EPR).

Observamos:

(1) que los resilientes sitúan todas sus puntuaciones, del estrés percibido
general y estrés percibido reciente, por debajo de la media, indicando que perciben
el estrés en grado menor que los otros dos prototipos;

30 
(2) que los supracontrolados son los más sensibles al estrés con todas sus
puntuaciones por encima de la media, quedando los infracontrolados en situación
intermedia con puntuaciones en torno a la media;

(3) la mayor diferencia entre los resilientes y supracontrolados se observa


en el factor 2 (aceptación social de conflictos), tanto del estrés percibido general
como del estrés percibido reciente, números 2 y 8 respectivamente de la Figura 2,
y la menor se observa en el factor 4 (sobrecarga), que corresponden en la Figura 2
al número 4 (estrés percibido general) y al 10 (estrés percibido reciente). En
términos generales, se constata que los tipos de personalidad son claramente
diferentes en susceptibilidad al estrés según los perfiles observados.

Plot of Means
2-way interaction
F(22,6160)=4.27; p<.0000
0.8

0.6

0.4
Variable: Perfiles

0.2

0 CLUSTER
G_1:1
-0.2
CLUSTER
-0.4 G_2:2
CLUSTER
-0.6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 G_3:3

ESCALAS DE ESTRÉS PERCIBIDO




Figura 2. Perfiles de los tres conglomerados (CLUSTER) en las escalas de estrés
percibido.

31 

Perfiles de los prototipos en estrategias de afrontamiento
La observación de los perfiles de la Figura 3, según las puntuaciones en las
14 escalas o estrategias del COPE‐28, indica que en general los resilientes puntúan
alto en las estrategias adaptativas y bajo en las disfuncionales, al contrario de los
del prototipo supracontrolado; los infracontrolados muestran pocas diferencias
entre estrategias adaptativas y disfuncionales, destacando su baja puntuación en la
escala 6 (reinterpretación positiva) y en la 9 (recurso al humor).


Plot of Means
2-way interaction
F(26,7384)=13.36; p<0.000
0.6

0.4
Variable: Perfiles

0.2

0
CLUSTER
-0.2 G_1:1
CLUSTER
-0.4 G_2:2
CLUSTER
-0.6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 G_3:3

Las 14 Escalas del COPE-28




Figura 3. Perfiles de los tres conglomerados (CLUSTER) según el uso de Estrategias
de Afrontamiento medidas con las 14 Escalas del COPE‐28.


Para mayor claridad en la diferencia de los grupos en afrontamiento, la


hemos ilustrado en la Figura 4 seleccionando las 4 escalas adaptativas y otras 4
disfuncionales del COPE‐28. Corresponden al factor racional y adaptativo las
cuatro primeras, siendo del factor de evitación y disfuncional las cuatro últimas.
Aparece bien ilustrada la contraposición entre resilientes y supracontrolados,
junto con el perfil más indiferenciado de los infracontrolados.

32 


Plot of Means
2-way interaction
F(14,3983)=20.19; p<0.000
Variable: Comparación del Afrontamiento

0.6
0.4
0.2
0
-0.2
-0.4
-0.6 CLUSTER
Planificación

Negación

Autoinculpación

Desconexión
Activo

Aceptación

Autodistracción
Reinterpretación

G_1:1
CLUSTER
G_2:2
CLUSTER
G_3:3

Factores Racional y de Evitación del COPE-28




Figura 4. Comparación del Afrontamiento Racional con el de Evitación, según las
puntuaciones en las Escalas del COPE‐28, obtenidas por cada uno de los tres
grupos o conglomerados (CLUSTER).

33 
Correlaciones de las variables con estrategias adaptativas y
disfuncionales
La Tabla1 muestra las correlaciones de las estrategias adaptativas, o del
Factor racional del COPE‐28, y de las desadaptativas o disfuncionales, del Factor de
evitación del mismo COPE‐28, con las dimensiones de personalidad del NEO‐FFI,
con cansancio emocional (CE), con expectativa de autoeficacia (EA) y con
problemas de salud general (GHQ).

Tabla 1. Matriz de correlaciones entre 8 estrategias de afrontamiento (COPE‐28) y


otras variables empleadas.

Afrontamiento CE EA N E O A C GHQ
Afro. activo ‐.01 .26* ‐.24* .23* .14* .15* .38* ‐.19*
Racional

Planificación . 01 .23* ‐.16* .11* .22* .01 .21* ‐.09*


Reint. Posit. ‐.16* .20* ‐.26* .20* .23* .11* ‐.01 ‐.20*
Aceptación ‐.07 .22* ‐.20* .07 .09* .05 .04 ‐.05
Negación .28* ‐.28* .31* ‐.10* ‐.08 ‐.08 ‐.12* .27*
Evitación

Distracción .25* ‐.15* .16* ‐.05 .00 ‐.06 .02 .22*


Inculpación .33* ‐.37* .48* ‐.23* .11* ‐.08 ‐.15* .30*
Desconexión .20* ‐.18* .29* ‐.21* ‐.11* ‐.17* ‐.17* .23*

Nota. El asterisco indica significación estadística a partir de p < .05;
CE= Cansancio Emocional; EA= Autoeficacia; N= Neuroticismo, E= Extraversión, O=
Apertura, A= Amabilidad, y C= Responsabilidad; GHQ = salud factor general del
GHQ‐28.

Los resultados muestran: (1) la correlación positiva de autoeficacia con las


cuatro estrategias del factor racional, así como negativa con todas las del factor de
evitación; (2) las correlaciones con neuroticismo son justamente las contrarias a
las encontradas con autoeficacia; (3) las correlaciones con extraversión son
esencialmente coincidentes con las de autoeficacia (con aceptación y con
autodistracción no llegan a ser significativas), algo parecido a responsabilidad (C);
(4) las correlaciones con GHQ son coincidentes con las de N, sin que la correlación
con aceptación llegue a ser significativa, lo mismo que las de en el factor de

34 
evitación; (5) apertura a la experiencia correlaciona positivamente con todo el
factor adaptativo o racional, siendo escasa la relación de amabilidad con las
estrategias de afrontamiento.

Cansancio emocional y autoeficacia en los grupos de


estudiantes
Tratándose de estudiantes universitarios, el cansancio emocional debido a
las tareas académicas es una variable de especial vinculación con el estrés,
mientras que en sentido contrario la expectativa de autoeficacia es una variable
que de forma característica contrarresta el estrés académico favoreciendo su
afrontamiento adaptativo. Esta contraposición del cansancio emocional y la
autoeficacia se muestra en la Figura 5, donde se observa que los resilientes son
altos en autoeficacia y bajos en , a la inversa que los supracontrolados. Los
infraconrolados se hallan en posición intermedia tanto en cansancio emocional
como en Expectativa de autoeficacia, por lo que la Figura 4 ofrece su perfil
indiferenciado para este prototipo.


Plot of Means
2-way interaction
F(2,569)=52.47; p<.0000
0.6
Variable: Comparación de grupos

0.4

0.2

0
CLUSTER
-0.2 G_1:1
CLUSTER
-0.4 G_2:2
CLUSTER
-0.6
Cansancio Autoeficacia G_3:3

CANSANCIO EMOCIONAL Y EXPECTATIVA DE AUTOEFICACIA




Figura 5. Se comparan los grupos (CLUSTER) en la medición negativa del cansancio
emocional (burnout de los estudiantes) y la positiva de su expectativa de
autoeficacia.

35 
Las diferencias de género en las variables investigadas
Tabla 2. Diferencias de género en las variables empleadas

  Variables  GÉNERO  Media  Des. típica  t  p 
  Neuroticismo  Varón  17.06  7.42 
‐5.39  .000 
N    Mujer  20.71  8.04 
E  Extraversión  Varón  32.57  6.93 
.99  .32 
O    Mujer  32.99  6.61 
  Apertura   Varón  27.63  6.55 
.99  .32 
    Mujer  27.08  6.21 
F  Amabilidad  Varón  30.42  6.44 
‐3.45  .000 
F    Mujer  32.20  5.66 
I  Responsabilidad  Varón  29.21  7.54 
‐1.35  .177 
    Mujer  30.04  6.71 
E  Afrontamiento activo  Varón  4.13  1.13 
‐.85  .39 
T    Mujer  4.21  1.19 
R  Planificación  Varón  3.89  1.26 
1.97  .05 
A  Mujer  3.68  1.29 
T  Apoyo emocional  Varón  3.44  1.46 
‐4.03  .000 
E    Mujer  3.93  1.36 
G  Apoyo social  Varón  2.92  1.24 
‐4.72  .000 
I    Mujer  3.44  1.28 
A  Religión   Varón  1.26  1.59 
1.20  .23 
S    Mujer  1.10  1.52 
  Reevaluación   Varón  3.42  1.31 
.95  .34 
D  positiva  Mujer  3.31  1.32 
E  Aceptación   Varón  3.80  1.15 
1.12  .26 
    Mujer  3.68  1.20 
A  Negación   Varón  1.07  1.32 
‐.93  .35 
F    Mujer  1.18  1.34 
R  Humor   Varón  2.88  1.69 
3.99  .000 
O    Mujer  2.30  1.66 
N  Autodistraccion   Varón  3.02  1.49 
‐.73  .46 
T    Mujer  3.11  1.40 
A  Autoinculpación   Varón  2.45  1.23 
‐1.52  .13 
M    Mujer  2.62  1.40 
I  Desconexión   Varón  .79  1.15 
1.45  .15 
E    Mujer  .63  .98 
N  Desahogo   Varón  2.27  1.55 
‐.99  .32 
T    Mujer  2.39  1.31 
O  Uso de sustancias  Varón  .74  1.32 
2.97  .003 
    Mujer  .44  1.07 
E  Estrés percibido  Varón  57.37  12.48 
‐2.52  .01 
S  General  Mujer  60.18  12.92 
T  Estrés percibido  Varón  62.08  13.80 
‐4.91  .000 
R  Reciente   Mujer  66.68  15.31 
E  Cansancio emocional  Varón  26.10  7.36 
‐4.91  .000 
S    Mujer  29.19  7.22 
  Expectativa de  Varón  25.29  5.11 
4.34  .000 
  Autoeficacia  Mujer  23.33  5.25 
GHQ  Salud general   Varón  18.20  9.48 
‐3.59  .000 
28  (Global)  Mujer  21.30  10.23 
 N varones= 210, N mujeres=365.    

36 
En la Tabla 2 aparecen las medias y desviaciones típicas de ambos sexos en
cada una de las variables empleadas en la tesis. Se realiza la comparación de
medias a través de la t de Student, mostrando la p con su nivel de significación o su
carencia de ella en cada variable comparada. Destacan, a un nivel alto de
significación estadística (p < .001), la superioridad de las mujeres en Neuroticismo
y Amabilidad, factores de personalidad. Igualmente son superiores las mujeres en
las estrategias de afrontamiento del factor emocional (apoyo emocional y apoyo
social), en estrés percibido reciente, cansancio emocional y problemas de salud
psicológica general (GHQ‐28). Los varones, en cambio, son superiores en la
estrategia de afrontamiento de humor, así como a un nivel algo inferior en
planificación y uso de sustancias; en expectativa de autoeficacia son superiores los
varones a un nivel altamente significativo (p < .001). Las mujeres superan (p < .05)
a los varones también en estrés percibido general.

En la Figura 6 aparece cómo el cansancio emocional es superior en las


mujeres a lo largo de los 5 cursos de carrera, excepto en el cuarto. En la Figura 7 se
ilustra la superioridad de los varones sobre las mujeres en autoeficacia a lo largo
de los 4 primeros cursos, igualándose en el quinto. En la Figura 8 aparece ilustrada,
a través de sus perfiles, la superioridad de las mujeres en percepción del estrés,
particularmente en los seis factores últimos de la Figura, del 7 al 12, al máximo
nivel (p < .001), mientras que del 1 al 6 son superiores las mujeres a un nivel de
significación más bajo (p < .05).

La Figura 6 muestra una interacción no significativa, de SEXO por CURSO, en


la variable Cansancio Emocional de los estudiantes. No obstante, han aparecido dos
efectos principales en el ANOVA: Las mujeres (codificadas con 1) manifiestan
mayor cansancio emocional (p < .001) que los varones (codificados con 0), junto
con otro efecto principal (p < .01) que muestra un menor cansancio emoción a la
medida que avanzan los cursos académicos, entre el primero y el quinto.

37 
Plot of Means
2-way interaction
F(4,565)=1.97; p<.0970
0.6
Variable: Cansancio Emocional

0.4

0.2

-0.2

-0.4
SEXO
-0.6 G_1:0
SEXO
-0.8
G_1:1 G_2:2 G_3:3 G_4:4 G_5:5 G_2:1

CURSO ACADÉMICO


Figura 6. El cansancio emocional a lo largo de los cinco cursos y su distribución por
género. (Las mujeres codificadas con 1, en cuanto comparadas con los
varones codificados con 0).




Plot of Means
2-way interaction
F(4,565)=1.21; p<.3045
0.4
0.3
Variable: Autoeficacia

0.2
0.1
0
-0.1
-0.2 SEXO
-0.3 G_1:0
SEXO
-0.4
G_1:1 G_2:2 G_3:3 G_4:4 G_5:5 G_2:1

CURSO ACADÉMICO

Figura 7. Expectativas de Autoeficacia durante los 5 años de carrera universitaria,
por sexo.

38 
En la Figura 7 vemos el efecto principal (p < .001) según el cual los varones
(codificados con 0) se muestran superiores a las mujeres (codificadas con 1),
durante los 5 años de carrera universitaria, en Expectativas de Autoeficacia.





Plot of Means
2-way interaction
F(11,6116)=3.19; p<.0002
0.2
0.15
Variable: Estrés Percibido

0.1
0.05
0
-0.05
-0.1
-0.15 SEXO
-0.2 G_1:0
SEXO
-0.25
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 G_2:1

ESCALAS DEL CEP




Figura 8. Estrés Percibido (CEP), y puntuación en cada una de las escalas, por sexo.
(Las mujeres codificadas con 1, en cuanto comparadas con los varones
codificados con 0).

En la Figura 8 se muestra la interacción SEXO por ESCALAS del Cuestionario


de Estrés Percibido (CEP), que indica la superior precepción de estrés (p < .001) de
las mujeres (codificadas con 1) en cuanto comparadas con los varones (codificados
con 0).

39 
En afrontamiento la Figura 9 ilustra las diferencias de género,
especialmente la superioridad de las mujeres en las escalas 3 y 4 (factor
emocional) y de los varones en la escala 9 (recurso al humor).

Plot of Means
2-way interaction
F(13,7332)=5.75; p<.0000
0.3

0.2
Variable: Afrontamiento

0.1

-0.1
SEXO
-0.2 G_1:0
SEXO
-0.3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 G_2:1

COPE-28 (14 escalas)




Figura 9. Diferencias de sexos según sus preferencias por determinadas estrategias
de afrontamiento.

En la Figura 9 se muestran las diferencias de ambos sexos según sus


preferencias por determinadas estrategias de afrontamiento. Las mujeres tienen
preferencia superior a los varones en las dos estrategias del factor emocional (p <
.001), que son la 3 y la 4. Los varones superan a las mujeres en Humor (p < .001),
que es la 9, en Uso de sustancias (p < .01), la 14, y también en la 2 o Planificación
(p< .05). En el resto no hay diferencias significativas.

40 

La Figura 10 muestra las diferencias de género en el factor adaptativo y en


el disfuncional: se observan las tendencias de los varones a preferir estrategias
más adaptativas, mientras que las mujeres tienden a preferir las que son menos
adaptativas.


Plot of Means
2-way interaction
F(7,4011)=1.89; p<.0666
0.15
Variable: Factores de COPE-28

0.1
0.05
0
-0.05
-0.1
-0.15
Planificación

Negación

Autoinculpación

Desconexión
Activo

Aceptación

Autodistracción
Reinterpretación

SEXO
G_1:0
SEXO
G_2:1

COPE-28 (estrategias más y menos adaptativas)





Figura 10. Las estrategias más adaptativas del gráfico van a la izquierda y las
menos adaptativas van a la derecha. En general, los varones prefieren más
que las mujeres las estrategias adaptativas, y a la inversa respecto a las
menos adaptativas, pero sin diferencias estadísticamente significativas,
excepto en Planificación (p < .05).



41 
CAPITULO 6

DISCUSION Y CONCLUSIONES

Discusión
Las descripciones de tres prototipos de personalidad se corresponden
con los tres que se vienen hallando en estudios previos, incluidos otros recientes
como, por ejemplo, cuando se ha aplicado el análisis de conglomerados a personas
mayores (Steca, Alessandrini y Caprara, 2010) o al clasificar a tres tipos de
conductores con el método de los prototipos de personalidad (Herbertz, 2009).

Aparecen las diferencias entre resilientes y supracontrolados, con perfiles


totalmente contrapuestos. El prototipo resiliente presenta el perfil de mejor
adaptación, por su bajo neuroticismo y alto en Extraversión‐Apertura‐Amabilidad‐
Responsabilidad, al contrario del prototipo supracontrolado. Ambos prototipos
muestran igualmente perfiles contrapuestos en Estrategias de Afrontamiento, así
como en sus perfiles de Estrés Percibido: los resilientes eligen sobre todo
estrategias adaptativas y son inferiores en la percepción del estrés, tanto general
como próximo.

En cuanto a Autoeficacia, Cansancio Emocional y Salud Psicológica, también


el prototipo resiliente se sitúa en el extremo opuesto al prototipo supracontrolado:
los resilientes son altos en Autoeficacia y bajos en Cansancio Emocional y
problemas de Salud Psicológica.

El prototipo infracontrolado tiene un perfil de personalidad en el que


destacan su alta Responsabilidad (al nivel del prototipo resiliente), lo mismo que
es particularmente baja su Apertura a la Experiencia. Bajo también en Extraversión
y Amabilidad, pero más próximo a la media. En términos generales, el prototipo
infracontrolado muestra un perfil más bien indiferenciado en Estrés Percibido y en
Estrategias de Afrontamiento del estrés. Es intermedio en Autoeficacia y Cansancio
Emocional.

42 
A pesar de que, dentro del modelo de los Cinco Factores, se considere la
Apertura a la Experiencia con escasa importancia en relación al estrés y su
afrontamiento (Vollrath y Torgesen, 2000), nuestros datos sugieren que el factor
Apertura a la Experiencia juega un importante papel en las diferencias de
personalidad y su relación con las estrategias de afrontamiento del estrés. En esta
dirección, los datos de Williams, Rau, Cribbet y Gunn (2009) sugieren que los
individuos altos en Apertura a la Experiencia son más resilientes ante situaciones
de estrés, así como también que se halla mayor vulnerabilidad a los efectos
adversos del estrés entre individuos que puntúan bajo en Apertura. Los resultados
de Williams et al. (2009) confirman los hallazgos anteriores de Lee‐Baggley, Preece
y DeLonguis (2005), según los cuales los individuos altos en Apertura tienden a
afrontar el estrés de un modo más flexible y adaptativo.

Los resultados aportados sobre las diferencias de género tienen especial


relevancia. En el ámbito de la personalidad, se confirman los hallazgos de otros
estudios (e.g., Manga et al., 2004), donde las mujeres son muy superiores en las
puntuaciones de neuroticismo a los varones, así como con diferencia algo menor
también los superan en Amabilidad. En esta tesis destacan: la superioridad de las
mujeres en elegir las estrategias del Factor Emocional, su inferioridad hasta finales
de la carrera en Autoeficacia, su superioridad en Percepción del Estrés, en
Cansancio Emocional y en problemas de Salud General.

Si la clasificación de tres grupos, o conglomerados, se hiciera sobre las


estrategias de afrontamiento, se podría esperar los perfiles de dos grupos
contrapuestos en la preferencia por estrategias adaptativas y disfuncionales, tal
como han informado Doron et al. (2013). Aparecerán los individuos de
afrontamiento racional alto y de evitación bajo, sus contrarios con racional bajo y
de evitación alto, junto a un tercer grupo de individuos con un perfil global de
afrontamiento indiferenciado o más bien bajo.

43 
CONCLUSIONES EN ESPAÑOL


Sobre la personalidad:
1. Los tres prototipos, derivados del análisis de conglomerados aplicado a las
puntuaciones obtenidas con el NEO‐FFI, muestran perfiles de personalidad
característicos y diferentes entre sí, según confirman los ANOVAs de su
validación interna.

2. El perfil del prototipo resiliente muestra puntuaciones bajas en neuroticismo, y


altas en extraversión, apertura a la experiencia, amabilidad) y
responsabilidad. El perfil del prototipo resiliente se contrapone al perfil del
prototipo supracontrolado, alto en neuroticismo y bajo en Extraversión,
Apertura, Amabilidad y Responsabilidad.

3. El perfil del prototipo infracontrolado es también contrapuesto al perfil


resiliente, excepto por su alta puntuación en Responsabilidad. Destaca por
ser el grupo con la puntuación más baja en apertura de los tres prototipos,
lo que parece indicar mayor dificultad adaptativa y menor flexibilidad
frente al estrés.

Sobre personalidad, estrés percibido y cansancio emocional:


4. La validación externa permite comprobar que los prototipos se diferencian en
EP (estrés percibido), tanto general como próximo. Los supracontrolados
son los que tienen la más alta percepción de estrés, siendo los resilientes
quienes tienen una percepción más baja.

5. Los resultados indican que el prototipo infracontrolado muestra un perfil


intermedio en EP, situando sus puntuaciones en una zona media entre
resilientes (por abajo) y supracontrolados (por arriba).

6. En cansancio emocional tenemos reflejados los resultados de Estrés Percibido: a


menor Estrés Percibido (resilientes) menor Cansancio Emocional, lo mismo

44 
que a mayor Estrés Percibido (supracontrolados) mayor cansancio
emocional o burnout estudiantil.

Sobre personalidad y afrontamiento del estrés:


7. El análisis factorial de los ítems de 10 estrategias de afrontamiento del
cuestionario COPE‐28 ha arrojado tres factores, tal como era de esperar
teniendo en cuenta los estudios previos: el factor racional o activo (con
cuatro estrategias adaptativas), el factor de evitación o pasivo (con cuatro
estrategias disfuncionales) y el factor emocional (con las dos estrategias de
petición de apoyo).

8. Las dimensiones de personalidad establecen correlaciones significativas con las


estrategias adaptativas y con las disfuncionales. Neuroticismo correlaciona
negativamente con las cuatro adaptativas del factor racional, así como
correlaciona positivamente con las cuatro disfuncionales del factor de
evitación.

9. En sentido contrario a neuroticismo, autoeficacia (expectativas de autoeficacia)


correlaciona con las 8 estrategias de afrontamiento citadas en la conclusión
anterior. También apertura correlaciona positivamente con las cuatro
adaptativas, lo mismo que Expectativa de Autoeficacia. En cambio, GHQ
(problemas de salud psicológica) correlaciona positivamente con todas las
disfuncionales, al igual que cansancio emocional (cansancio emocional o
burnout).

Sobre las diferencias de género en las variables de la tesis:


10. En cuanto a dimensiones de personalidad, los resultados confirman que las
mujeres son superiores a los varones en Neuroticismo, con diferencia
altamente significativa. En nuestros datos, también las mujeres son
superiores en Amabilidad de forma significativa.

11. En estrés percibido, las mujeres superan a los varones en las puntuaciones
globales, del estrés percibido en general y en mayor medida del estrés
percibido reciente (EPR).
45 
12. Respecto a las estrategias de afrontamiento, destaca la superioridad de las
mujeres sobre los varones en su preferencia por las estrategias del factor
emocional: Apoyo social y apoyo instrumental.

13. En expectativas de autoeficacia, los varones superan significativamente a las


mujeres. Las diferencias son claras durante los 4 primeros cursos de
universidad, dejando de existir en el último curso.

14. En cansancio emocional por los estudios, las mujeres superan a los varones, lo
mismo que en problemas de salud psicológica (GHQ‐28).

46 
RESUMO

Os estudantes universitários são uma população sujeita a diversas situações de


stress pelo que interessa entender se a personalidade interfere no stress percebido
e nas estratégias de enfrentamento ou coping que os mesmos utilizam. Os
objectivos do presente estudo foram encontrar três protótipos de personalidade e
estabelecer as estratégias de enfrentamento, adaptativas e disfuncionais, e as suas
correlações com outras variáveis de personalidade, autoeficácia e cansaço
emocional, bem como as diferenças de género que podem existir entre os perfis de
stress, autoeficácia, cansaço emocional e saúde geral, também encontrar as
diferenças de género manifestadas ao longo dos 5 anos do curso. Na investigação
participaram 575 estudantes da Universidade de León, de todas as faculdades e de
diferentes cursos. Os instrumentos de recolha de dados foram o Cuestionario de
Estrés Percibido, a Escala de Cansancio Emocional, o cuestionario de afrontamiento
COPE‐28, o Inventario NEO de Cinco Factores, na sua versão abreviada NEO‐FFI, a
Escala Expectativa de autoeficacia e o Cuestionario de Salud General (GHQ‐28). Os
resultados obtidos revelam três protótipos de personalidade, derivados da análise
de conglomerados con as puntuaçoes do NEO FFI. O perfil do protótipo resiliente
mostra pontuações baixas em Neuroticismo e altas em Extroversão, Abertura à
experiência, Amabilidade e Conscienciosidade. O perfil do protótipo resiliente
contrapõe‐se ao perfil do protótipo supracontrolado, alto em neuroticismo e baixo
em Extroversão, Abertura à experiência, Amabilidade e Conscienciosidade. O perfil
do protótipo infracontrolado é também oposto ao perfil resiliente, exceptuando‐se
a sua alta pontuação em Abertura à experiência. O infracontrolado destaca‐se por
ser o grupo com a pontuação mais baixa em Abertura à experiência de entre os três
protótipos. Os supracontrolados são os que apresentam a mais alta percepção de
stress, os resilientes uma percepção mais baixa e os infracontrolados mostram um
perfil intermédio. A dimensão neuroticismo correlaciona negativamente com as
quatro estratégias de enfrentamento adaptativas do factor racional e
positivamente com as quatro estrategias disfuncionais do factor de evitação. A
saude (distresse do GHQ‐28) correlaciona positivamente com todas as estratégias

47 
de enfrentamento disfuncionais. As mulheres são superiores aos homens em
neuroticismo e em Amabilidade, com uma diferença altamente significativa. No
Stress Percebido, as mulheres superam os homens quer no geral quer no recente.
Nas estratégias de enfrentamento as mulheres superam os homens na sua
preferência pelas estratégias do factor emocional. Em autoeficácia os homens
superam significativamente as mulheres e as diferenças são claras durante os 4
primeiros anos do curso, deixando de existir no último curso.

Palavras‐chave: personalidade, stress percebido, estratégias de coping, cansaço


emocional, autoeficácia, estudantes universitários.

48 
ABSTRACT

University students are a population who undergoes various stressful situations


which demand finding if personality interferes with understood stress and the
coping strategies or coping strategies that they use. The purposes of this study
were to find three personality prototypes and establish coping strategies, adaptive
and dysfunctional, and their correlations with other personality variables, self‐
efficacy and emotional exhaustion as well as gender differences that may exist
among profiles stress, self‐efficacy, emotional exhaustion and overall health and
gender differences expressed along five years of study. In this study participated
575 students from all courses departments and degrees who attended at
University of León (Spain). The instruments of data collection were Cuestionario
de Estrés Percibido (EP), the Escala Cansancio Emocional (ECE), the Cuestionario de
afrontamiento COPE‐28, the Inventary NEO of five Factors, in his abbreviated
version of the NEO‐PI R, the Escala Expectativa de autoeficacia and the Cuestionario
de Salud General (GHQ‐28). The results reveal three prototypes, derived from
cluster analysis. The profile of the resilient prototype shows low scores on
Neuroticism, and high in Extraversion, Openness to Experience, Agreeableness,
and Conscientiousness. The profile of the resilient prototype is opposed to the
supra controlled, high in Neuroticism and low prototype Extraversion, Openness,
Agreeableness and Conscientiousness. The profile infra controlled prototype is
also opposite resilient profile, except for its high score in the Openness. The infra
controlled is distinguished for being the group with the lowest score among the
three prototypes. The supra controlled are those with the highest perception of
stress, the resilient have a lower infra controlled perception and show an
intermediate profile. The neuroticism scale correlates negatively with the four
adaptive strategies of the rational factor and positively with the four of
dysfunctional avoidance factor. The GHQ‐28 correlates positively with all
dysfunctional strategies and EC. Women are superior to men in neuroticism and A,
with a highly significant difference. In EP, women outnumber men in either general
or in recent. In coping strategies women outnumber men in their preference for

49 
strategies of emotional factor. In self‐efficacy men significantly outnumber women
and the differences are clear for the first 4 years of the course and ceased to exist
last year.

Keywords: personality, perceived stress, coping, emotional stress, self‐efficacy,


university students.

50 
INTRODUÇAO

O contexto académico é considerado um dos mais vulneráveis ao


aparecimento do burnout, como consequência de diferentes factores quer de
organização quer de interacção pessoal, entre outros. Os estudantes estão
submetidos a pressões e sobrecargas próprias do contexto académico, exigências
que podem propiciar que cheguem a experimentar tal grau de stress de forma a
que sintam que física e psiquicamente não conseguem “dar” mais de si, duvidem
das suas próprias competências como estudantes e desenvolvam uma atitude
clínica e de total desinteresse perante o estudo (Gil‐Monte, 2005).

A passagem para o ensino superior é um momento muito importante para o


desenvolvimento dos indivíduos. A influência de experiências de formação
universitária, dos anos de curso e o ambiente físico produzem no estudante
mudanças cognitivas, que explicam a dinâmica do seu crescimento no ensino
universitário, tendo em conta as teorias e modelos desenvolvimentais. Para
Bandura (1997) as opções que os estudantes fazem durante o período de formação
influenciam o seu desenvolvimento e são determinantes no seu futuro.

O stress psicológico pode ser compreendido pelo estudante como um estado


emocional em que percebe fortes emoções negativas tais como medo, raiva,
ansiedade e hostilidade, ou mesmo outras emoções as quais produzem angústia,
acompanhadas de mudanças fisiológicas e bioquímicas que por sua vez excedem o
nível de excitação.

O mal‐estar psicológico apresenta certas características em comum tais


como incapacidade de dormir por preocupações, sentir‐se em baixo, incapacidade
de se concentrar e sentir‐se incapaz de enfrentar problemas próprios comuns à
condição humana.

São diversos os estudos que mostram que nos estudantes existe o burnout
(Martínez, Marques, Salanova & Lopes da Silva, 2002; Ramos, Manga e Morán,

51 
2005) e que o mesmo se apresenta em alunos dos últimos períodos lectivos da
carreira académica, sendo o cansaço emocional a maneira como se manifesta.

O cansaço emocional influi negativamente nas expectativas de êxito e


maturidade profissional. Os estudantes de maior idade com maiores níveis de
cansaço emocional têm poucas expectativas de acabar os seus estudos com êxito e
também estão pouco preparados para enfrentar o mundo do trabalho (Martínez et
al., 2002).

As estratégias de enfrentamento ou coping, são esforços cognitivos e


comportamentais para lidar com situações de dano, ameaça ou de desafio em que
não estão disponíveis uma rotina ou uma resposta automática. Apenas esforços
conscientes e intencionais são considerados estratégias de coping. Logo, o factor
stressor deve ser percebido e analisado de forma consciente.

O enfrentamento do stress em estudantes universitários acontece devido a


situações stressantes que podem advir do mercado globalizado e informatizado, as
quais exigem dos estudantes respostas eficazes num curto espaço de tempo. Na
maior parte das vezes associado a isso, ocorre ainda a falta de compatibilidade com
o curso, que muitas vezes não atende a uma escolha pessoal, mas a uma escolha da
própria organização ou, ainda, uma exigência da família. Esse aluno precisa
trabalhar e estudar bem como exercer os seus papéis com excelência, o que, na
maioria das vezes, não consegue, levando‐o a um estado de cansaço.

As estratégias de coping têm a ver com o processo de lidar com as


exigências internas e ou externas que excedem os recursos do estudante
universitário e, actuam como mediadores dos resultados emocionais. As
estratégias de enfrentamento estão relacionadas com as formas de empregar os
recursos disponíveis ao indivíduo, consistindo nas possibilidades de gerar
reacções que o conduzem a uma tentativa de minimizar o factor stressor.

Considera‐se que as origens do coping se centram na pessoa, ou seja, as


capacidades de resolução de problemas e atitudes e, no meio, tais como recursos e
apoio social (Picado, 2009).

52 
O estudante do ensino superior, estando em contacto com novas exigências
e recursos começa a experimentar um desenvolvimento de personalidade que o vai
potenciar para a aquisição de estratégias de coping e de resolução de problemas
que lhe virão a ser úteis, tanto a nível pessoal como profissional. Logo, o
enfrentamento está ligado directamente aos traços de personalidade e saber
enfrentar os problemas com êxito depende em grande medida da aprendizagem e
também da personalidade do indivíduo.

As características de personalidade interagem de modo complexo com os


agentes stressores quer no sentido de os incrementar, quer de forma inversa
inibindo‐os ou eliminando‐os. A personalidade e as suas características são
responsáveis pela percepção que um indivíduo tem do mundo que o rodeia e da
forma como nele deve actuar, relacionar‐se e adaptar‐se às circunstâncias do
ambiente. Há muitas variáveis que moldam a personalidade do indivíduo, entre
elas destacam‐se as variáveis cognitivas, a motivação e os traços da personalidade.

O modelo dos cinco factores foi proposto como um modelo de descrição


universal para uma valoração global dos indivíduos. Uma grande vantagem deste
modelo é que não é exclusivo de um autor já que os cinco factores apareceram de
modo sistemático em numerosas investigações da personalidade o que demonstra
a sua grande aceitação e consenso.

A teoria dos cinco grandes factores (Big Five) revela que há uma correlação
entre os seus cinco factores de personalidade e a forma de enfrentamento do
stress. São eles: Neuroticismo – tendências em experimentar emoções negativas
tais como o medo, tristeza, vergonha, culpa, raiva e nojo; Extroversão –
comportamento típico das pessoas sociáveis, caracterizado por emoções positivas
e pela tendência em encontrar estímulos, como a companhia dos outros;
Amabilidade – traço que revela uma pessoa compassiva, altruísta e solidária;
Conscienciosidade – pessoas que evidenciam a autodisciplina, orientadas para os
seus deveres e para atingir os seus objectivos; Abertura à Experiência – traço que
aparece em pessoas curiosas, criativas, aventureiras, imaginativas, não se
prendendo ao tradicional.

53 
Após o indivíduo superar os factores stressores, a satisfação e autoeficácia
revelam‐se na sua produtividade e rendimento. Neste sentido, quanto mais o
indivíduo acreditar que pode resolver ou, ainda, alterar seu relacionamento com os
stressores do ambiente, mais motivado estará para atingir autoeficácia, o que o leva
à satisfação pessoal.

As capacidades e habilidades pessoais de cada indivíduo, mesmo que


estejam presentes, nem sempre são bem utilizadas, o que pode estar relacionado
com a percepção negativa de autoeficácia. Bandura (1997) define a autoeficácia
como a confiança que o indivíduo tem na sua capacidade em executar uma tarefa
específica, dependendo de factores internos e situacionais, como por exemplo
experiências anteriores, a natureza da tarefa ou o grau de realização dos pares.
Assim, ao considerar‐se a autoeficácia como uma forte influência na auto‐regulação
do comportamento, ela determina também a persistência face às dificuldades.

As crenças de autoeficácia influenciam as linhas de acção que as pessoas


decidem perseguir e parecem afectar a resiliência na adversidade, bem como o
nível de realização alcançado. Daqui advém a sua importância, porque se os
estudantes universitários incrementarem fortes crenças de autoeficácia estão
também criadas as condições para o desenvolvimento de competências dotando‐os
de meios para melhor atingir os seus objectivos pessoais e profissionais.

É importante salientar que a autoeficácia não é uma característica estável


do indivíduo e tendo por base um vasto conjunto de interacções da pessoa com o
meio, pode ser modificada e regulada. A autoeficácia percebida refere‐se às crenças
nas capacidades do indivíduo para produzir determinados resultados. Podemos
considerar que um sentido da eficácia pessoal é a base da acção humana.

A escolha deste domínio de investigação encontrou na nossa experiência


docente e no ambiente académico a principal fonte de interrogações.
Considerámos então a importância de avaliar nos estudantes universitários a
percepção do stress percebido geral e recente, bem como as estratégias adaptativas
e disfuncionais que utilizam para enfrentar as situações consideradas stressantes. A
estes conceitos associamos a autoeficácia e a personalidade esperando verificar

54 
que estas variáveis detêm uma enorme importância no modo como os estudantes
escolhem as estratégias de coping.

Nesse sentido, definimos como objectivo geral desta investigação analisar


em que medida as estratégias de coping são influenciadas pelas dimensões e
facetas da personalidade no stress percebido perante o burnout em estudantes
universitários espanhóis.

Participaram no estudo um total de 575 estudantes universitários da


Universidade de León e de outras universidades de diferentes cursos e
qualificações.

Desenvolvemos um estudo de natureza quantitativa, descritivo‐


correlacional, tratando‐se de uma investigação por questionário. Para a recolha de
dados foram utilizados os instrumentos que nos pareceram adequados aos
objectivos definidos: o Inventário de Personalidad NEO‐FFI, o Cuestionário de
Afrontamiento (COPE‐2) de Carver, a Escala de Cansancio Emocional (ECE), o
Cuestionário de Estrés Percibido (CEP), a Escala de Expectativa de Autoeficácia e o
Cuestionário de Salud General (GHQ‐28). Todos os instrumentos foram utilizados
na versão castelhana. Os dados foram codificados e inseridos no programa
estatístico SPSS (Statistical Package of Social Science) versão 16 para Windows
com base na qual foram realizadas as análises descritivas e de fiabilidade.

O trabalho que se segue está estruturado em duas partes. A primeira


denominada de desenvolvimento teórico, que pretende fundamentar o
direcionamento da investigação e sustentar as análises e conclusões da mesma, e a
segunda parte que trata da forma como o estudo foi conduzido, apresentando os
dados, as análises e as conclusões.

Assim, no capítulo um é feita uma abordagem ao modelo dos cinco factores


da personalidade. No capítulo dois centramo‐nos no stress e enfrentamento e no
capítulo três abordamos o stress percebido, o cansaço emocional e a autoeficácia.

A segunda parte refere‐se à contextualização da investigação empírica.


Assim, no capítulo quatro estão reportadas as opções metodológicas utilizadas, a

55 
identificação dos objectivos que foram traçados de acordo com o confronto de
ideias obtido no desenvolvimento teórico. Refere ainda, os participantes em
estudo, os procedimentos utilizados, as variáveis e os instrumentos de medida.

O capítulo cinco apresenta os resultados obtidos no que se refere às


propriedades psicométricas das medidas utilizadas, à análise das correlações entre
as variáveis e diferenças de sexo nas variáveis estudadas.

O capítulo seis aborda a conclusão e discussão dos resultados, tendo por


referência os objectivos delineados. São ainda apresentadas as referências
bibliográficas de suporte a esta investigação e finalmente os anexos com os
instrumentos de medida utilizados.
















56 









PRIMEIRA PARTE

DESENVOLVIMENTO TEORICO



















57 
CAPITULO 1. O MODELO DOS CINCO FACTORES DA
PERSONALIDADE


Introdução
Ao longo do tempo têm surgido numerosas e diversificadas definições de
personalidade, no entanto, só no início do século XX começou a ser cientificamente
estudada (Singer, 1984). A personalidade pode ser definida como um conjunto de
acções observáveis, gestos, estados e expressões não verbais, motivações privadas,
desejos, crenças, atitudes, sonhos, estilos de organização da informação e estilos de
experiência, emoções que delineiam a individualidade única de cada pessoa numa
determinada altura.

É grande a variedade de definições do conceito de personalidade, não


havendo uma definição universalmente aceite, apesar de existir unanimidade em
considerar a personalidade como algo estável, único e específico que caracteriza e
permite distinguir o indivíduo, conferindo‐lhe individualidade. Mischel (1981),
refere que no senso comum o termo personalidade é frequentemente sinónimo de
honestidade, força de vontade e rectidão, características estas, que provocam
empatia nos outros.

Para Allport (1961) a personalidade é considerada a organização dinâmica


intra‐individual dos sistemas psicofísicos que determinam as suas adaptações
únicas ao meio, não sendo contudo sinónimo de comportamento, mas algo
subjacente aos actos específicos do próprio indivíduo.

Segundo Lima (1997), coloca‐se a questão de se será o mesmo constructo


que se escreve ou se serão outros diferentes mas com o mesmo nome. Desta forma,
o estudo da personalidade implica o estudo do sujeito como um todo, bem como
aquilo que o torna único e o distingue do outro (Patrão & Leal, 2004).

McCrae e John (1992) encaram a personalidade como um sistema que é


definido por traços e processos dinâmicos através dos quais o funcionamento

58 
psicológico do sujeito é influenciado. Neste sentido, a personalidade é considerada
como uma estrutura estável do sujeito, que influencia o modo como este reage
perante acontecimentos de vida, e que tende a ser razoavelmente consistente ao
longo do tempo (Patrão & Leal, 2004).

Nesta linha de pensamento, Queirós (2005) define a personalidade como


um conjunto de factores internos mais ou menos estáveis que fazem com que o
comportamento do indivíduo seja consistente ao longo do tempo, mas que no
entanto, é diferente do comportamento de outros indivíduos perante a mesma
situação. O facto de cada indivíduo reagir de modo diferente perante a mesma
situação profissional, interpretando‐a como ameaça ou como desafio, leva‐nos a
encarar a personalidade como um factor mediador entre o indivíduo e o contexto
(Léby‐Leboyer & Sperandio, 1987).

A ORIGEM DO MODELO: A HIPÓTESE LÉXICA

O estudo dos traços da personalidade remonta às investigações que foram


realizadas por Allport e Odbert em 1936. Os autores consideram que os elementos
que definem a personalidade deveriam estar contidos numa linguagem natural que
é empregue pelas pessoas para descrever os seus congéneres. Por este facto,
decidiram fazer um estudo rigoroso de todos os termos que expressam as
características das pessoas.

Foram encontradas no dicionário inglês cerca de 18.125 palavras que de


alguma forma explicam todos os aspectos essenciais em que cada indivíduo se
diferencia dos outros. Estes investigadores, partem da crença de que a linguagem
natural contém termos descritivos que codificam as diferenças entre indivíduos, e
aos quais para se estudar a personalidade, se denomina de hipótese léxica.

A hipótese léxica considera que todas as dimensões relevantes da


personalidade existem na linguagem natural e que a sua análise assenta na base de
uma taxonomia adequada da personalidade. Pouco tempo depois Norman (1963)
retoma o estudo iniciado pelos seus antecessores e reduziu os 18.125 termos, com
os quais começou a trabalhar e que servem para descrever as pessoas ao nível de
um subconjunto mais funcional. O autor eliminou as palavras valorativas (por ex.

59 
agradável), as palavras cujo significado era ambíguo (por ex. amaneirado/afetado),
palavras cujo significado só era conhecido por pessoas instruídas (por ex. sábio) e
palavras que se referem a características anatómicas ou físicas (por ex. baixo).

Norman (1963) aceitou que os termos empregados para os traços poderiam


constituir as bases para o desenvolvimento de uma taxonomia. Depois de eliminar
todas as palavras que não faziam alusão aos traços e que não eram familiares para
muitos dos jovens que avaliavam, Norman aceitou 1.600 termos para descrever a
personalidade. No entanto, como ainda se deparou com um grande número de
traços, apoiou‐se nos estudos e conhecimentos anteriores, classificando estes
termos em 75 grupos e associou provisoriamente cada um deles a cinco dimensões
da personalidade.

Também de entre as teorias clássicas factoriais mais importantes acerca da


personalidade destacam‐se as desenvolvidas por Cattell (1965) e Eysenck (1970).
Cattell, na construção da sua teoria, baseou‐se em análises factoriais de descrições
de personalidade obtidas através de entrevistas, questionários e avaliações entre
pares. Neste sentido, atribuiu‐se ao autor o desenvolvimento de uma metodologia
que permitiu agrupar de forma objectiva centenas de descritores de traços
(Digman, 1990).

Cattell partiu da abordagem léxica, que utiliza os descritores encontrados


na linguagem natural das pessoas como fonte para encontrar as principais
características da personalidade humana. Já a teoria de Eysenck, diferente da de
Cattell, não se baseou na linguagem mas sim em parâmetros biológicos dos traços.
García (2006) refere que o autor considerava como traços do temperamento
aquelas características que tivessem uma base biológica obtida através de estudos
correlacionais e experimentais desenvolvidos. Diversos autores tais como Digman
(1990), Digman e Inouye (1986) apontam que a teoria desenvolvida por Eysenck
subvaloriza o número de factores necessários para avaliar a personalidade e que
em contrapartida a teoria desenvolvida por Cattell sobrevaloriza as dimensões que
utiliza.

60 
Posteriormente Goldberg (1992) realizou uma análise factorial sobre as
pontuações obtidas nas classificações de Norman. Ao analisar factorialmente as
correlações o autor deparou‐se com um conjunto de Cinco Factores que
denominou de “Cinco Grandes Factores” da personalidade. Desta forma, um
conjunto de termos que em princípio resultou numa enormidade viu‐se reduzido a
cinco grandes factores que parecem constituir a “estrutura da personalidade” (Avia
& Sánchez, 1995).

A TEORIA DOS TRAÇOS

Ao longo da história da Psicologia e da Psicologia da Personalidade, um dos


esforços encetados passa pela sistematização de uma taxonomia que
desempenharia uma função integrativa. A comunidade científica reconhece que a
personalidade sofre alterações ao longo da vida, recriando‐se e transformando‐se
em função das relações e transações nas diferentes dimensões da vida do
indivíduo.

Segundo Hall e Lindzey (1993), a personalidade não é concebida somente


como um simples produto de elementos biológicos ou sociais, mas também a
interacção dos factores inatos (hereditariedade, temperamento, carácter, entre
outros) e dos factores adquiridos.

Assim, a palavra personalidade diz respeito a padrões de comportamento e


atitudes que são típicas de um determinado indivíduo, de forma que os traços de
personalidade difeririam de um indivíduo para outro, sendo, entretanto,
relativamente constantes e estáveis em cada pessoa (Rebollo & Harris, 2006).

Para alguns autores (Singer, 1984; Willerman & Turner, 1979) os traços de
personalidade constituem a unidade base da personalidade, uma vez que o traço
seria estável ao longo de diferentes situações, permitindo prever o
comportamento. Nesta linha de pensamento encontramos Costa e McCrae (1999),
que referem que a personalidade é como um sistema composto por traços e
processos dinâmicos que influenciam o funcionamento psicológico.

61 
O conceito de traço apresenta alguma maleabilidade uma vez que se adapta
às directrizes teóricas e experimentais, estando ligado à procura de uma
taxonomia da personalidade e à emergência do Modelo dos Cinco Factores. Para
Allport o traço teria um carácter ideográfico e intra individual sendo este conceito
de traço um modelo legítimo da personalidade uma vez que as atribuições que
decorrem dos traços reflectem diferenças reais no comportamento e na
personalidade dos sujeitos em que a maioria dos traços apresenta uma
consistência longitudinal e são bons preditores do comportamento do sujeito. O
conceito de traço é desta forma definido como uma dimensão das diferenças
individuais, com tendência a mostrar padrões consistentes de pensamento,
sentimentos e acções.

Outros autores alertam para o facto da questão da estabilidade dos traços


não permitir observar as diferenças de desenvolvimento de alguns indivíduos, uma
vez que os traços podem ser estáveis mas implicarem diferentes padrões de
desenvolvimento, bem como podem possuir significados diferentes em termos de
comparação entre o indivíduo e a população referência.

Neste sentido, os traços de personalidade podem ser usados para resumir,


prever e explicar a conduta de um indivíduo, de forma a indicar que a explicação
para o comportamento da pessoa será encontrada nela, e não na situação,
sugerindo, assim, algum tipo de processo ou mecanismo interno que produza o
comportamento. Embora considerados parte constante, devido ao facto de
representarem uma tendência, de forma a se poder afirmar a presença de traços ou
tendências da personalidade, os traços não são imutáveis (Pacheco & Sisto, 2003).

Os traços de personalidade são considerados características psicológicas


que representam tendências relativamente estáveis na forma de pensar, sentir e
actuar com as pessoas, caracterizando, contudo, possibilidades de mudanças, como
produto das interacções das pessoas com seu meio social (Sisto & Oliveira, 2007).
Esta visão também foi partilhada por Costa e McCrae (1999) ao afirmarem que os
traços podem sofrer influência de aspectos motivacionais, afectivos,
comportamentais e atitudinais.

62 
De acordo com Trentini, Hutz, Bandeira, Teixeira, Gonçalves e Thomazoni
(2009), a personalidade referir‐se‐ia às características dos indivíduos, sendo única
e distinguindo‐os dos demais a partir de padrões consistentes de sentimentos,
pensamentos e comportamentos. Embora haja uma variedade de definições para
esse constructo, a avaliação da personalidade irá depender da teoria adoptada pelo
pesquisador. Desta forma, a maneira como as teorias conceituam o termo acaba
por definir as principais características de cada posição teórica.

Serra (2002) referiu, em estudos desenvolvidos, que alguns traços da


personalidade são importantes na forma como o indivíduo se comporta em
situações de stress (por ex. diagnóstico de um cancro), como recursos pessoais,
atenuantes do stress, nomeadamente a capacidade de resiliência, optimismo,
sentido de humor, bom auto conceito, e uma auto‐estima elevada. Por outro lado,
temos a presença de hostilidade, medo do fracasso, elevado neuroticismo e locus
controle externo. Os traços da personalidade, neste sentido, constituem a unidade
base da personalidade, uma vez que o traço seria estável ao longo de diferentes
situações, permitindo prever o comportamento.

A teoria dos traços passa então pelo desenvolvimento do Modelo dos Cinco
Factores, que organiza hierarquicamente os traços de personalidade em cinco
dimensões básicas: Neuroticismo, Extroversão, Abertura à Experiência,
Amabilidade e Conscienciosidade, todos eles avaliados pelo Inventário de
Personalidade NEO‐PI‐R de Costa e McCrae (2000).

1.1. O MODELO DOS CINCO FACTORES


A 1personalidade é um constructo da psicologia que sempre teve destaque
na área da Avaliação Psicológica, motivo pelo qual tem sido fonte de grande
número de estudos e debates teóricos e metodológicos. De acordo com Prinzie,
Dekovic, Reijntjes, Stams e Belsky (2009), a pesquisa da personalidade ganhou
novo impulso e direcção a partir do estabelecimento de um consenso acerca da sua
estrutura, por meio do modelo factorial da personalidade baseado nos cinco
factores.

63 
Modelos prévios baseados na descrição da personalidade em forma de
factores ou traços, como o modelo de Eysenck (1995) foram construídos sobre
pessoas com problemas psicológicos, com alterações de personalidade. Em
contraposição, o modelo dos Cinco Grandes nasce e desenvolve‐se com os dados de
pessoas sem tais características, por isso se diz que é um modelo que avalia a
personalidade não patológica (Morán, 2005).

Costa e McCrae (2000) referem que o modelo dos Cinco Factores representa
as dimensões fundamentais que estão na base dos traços identificados quer em
linguagem natural quer através de questionários psicológicos. Os autores
apresentam o modelo dos Cinco Factores como um instrumento válido para a
avaliação da personalidade na área da Psicologia da Saúde.

Um dos modelos mais difundidos para descrever a estrutura da


personalidade dentro da teoria dos traços, sobretudo da personalidade adulta do
ponto de vista psicométrico, é o modelo dos Cinco Grandes Factores da
personalidade, também conhecido como Big Five, considerado uma teoria
explicativa e preditiva da personalidade humana e das suas relações com a conduta
(García, 2006).

De tal forma este modelo adquiriu importância que, segundo uma


estimativa de Cuperman e Ickes (2009), até ao ano de 2006, já existiam 1.672
publicações referentes ao Big Five em bases de dados internacionais.

O modelo dos Cinco factores, também conhecido como Big Five, é um dos
modelos mais divulgados para descrever a estrutura da personalidade dentro da
teoria dos traços, sobretudo da personalidade adulta do ponto de vista
psicométrico. O modelo é considerado uma teoria explicativa e preditiva da
personalidade humana e das suas relações com a conduta (García, 2006).

Os cinco factores foram descobertos a partir da análise de descritores da


personalidade, encontrados na linguagem natural. Partiu‐se da hipótese lexical
fundamental, que afirma que "as diferenças individuais mais importantes nas
transacções humanas serão codificadas como termos únicos em algumas ou em todas
as línguas do mundo” (Goldberg, 1992). Desse modo, o modelo dos cinco grandes

64 
factores parte do pressuposto de que todos os aspectos da personalidade humana
que têm importância estão registados na linguagem natural (Cattell, 1965).

Segundo McCrae (2006), o aparecimento destes cinco factores léxicos


facultou a elaboração de uma taxonomia, através da qual foi possível classificar
todos os traços de personalidade. Além disso, o modelo dos cinco grandes factores
abriu caminho ao desenvolvimento de novos instrumentos criados
especificamente para avaliar os factores.

Para Nunes, Hutz e Nunes (2010), o modelo tem sido amplamente estudado
por possibilitar uma descrição da personalidade de forma simples, elegante e
económica, uma vez que outros modelos factoriais da personalidade são maiores e
mais complexos. Nesse sentido Pervin e John (2004) citam, por exemplo, o modelo
de Cattell que apresenta até 16 traços distintos, e o modelo de Allport, o qual
sugere a existência de traços peculiares a cada pessoa, de forma a considerar a
possibilidade de um número infindável de traços.

Dentro dessa constatação um modelo composto por cinco factores


representa um avanço conceitual e empírico no campo da personalidade, na
medida em que as pesquisas têm demonstrado que quando se avaliam os
principais instrumentos de personalidade, independentemente da teoria que os
apoia, o emprego da análise factorial tem indicado soluções compatíveis com o
modelo dos Cinco Grandes Factores (Hutz, Nunes, Silveira, Serra, Anton &
Wieczorek, 1998; Nunes, Hutz & Giacomoni, 2009). Os autores citam como
exemplo estudos realizados com os principais questionários e inventários de
avaliação da personalidade, tais como o 16‐PF, O MMPI, a escala de Necessidades
de Murray, o California Q – Set, as escalas de Comrey, entre outros. De acordo com
García (2006), embora ainda existam divergências quanto à denominação dos
factores, um consenso foi alcançado em relação ao conteúdo das dimensões,
independentemente do país, instrumento utilizado e da pessoa que é avaliada.

Nesta perspectiva, este modelo representa um dos progressos mais


importantes no estudo da personalidade nos últimos anos, na medida em que faz
uso de um modelo geral de taxonomia que emprega amplos factores (formados,

65 
por sua vez, por várias características), para descrever a estrutura da
personalidade (Pimentel & Donnell, 2008).

Nesta linha de pensamento encontramos também Prinzie et al. (2009),


quando referem que a importância do modelo se apoia principalmente no facto de
ter sido aplicado em diversas amostras, em diversas culturas e por meio de
numerosas fontes de informação (incluindo autoavaliação, avaliação por pares e
avaliações clínicas), tendo demonstrado a sua adequação nos diferentes usos.

O modelo que se apresenta foi desenvolvido por Costa e McCrae (1999), que
desenharam a escala NEO‐PI‐R com o objectivo de descrever a posição dos sujeitos
em cada um dos Cinco Factores. De acordo com o modelo, cada traço da
personalidade subdivide‐se em seis facetas inter‐relacionadas, que podem ser
definidas como factores primários do traço em questão (García, 2006). As facetas
possuem o importante papel de representar da melhor maneira possível a
amplitude e o alcance de cada factor (McCrae, 2006), propiciando informações
mais detalhadas que não estão reflectidas no traço temperamental por si só
(García, 2006).

Embora existam algumas controvérsias em relação à denominação de cada


factor, de acordo com a nomenclatura utilizada no manual do Inventário de
Personalidade NEO revisto (NEO‐PI‐R), versão portuguesa, as cinco dimensões
designam‐se: Neuroticismo, Extroversão, Abertura à Experiência, Amabilidade e
Conscienciosidade.

Segundo García (2006), um dos principais motivos da actual predominância


do modelo dos cinco factores é a sua replicabilidade. O autor refere que os cinco
factores já foram encontrados independentemente do país, dos instrumentos de
medição utilizados e da pessoa que é avaliada. Estas evidências representam não
só um critério de validação do modelo mas também a validação dos traços de
personalidade em geral.

66 
1.2. FACTORES E FACETAS
O princípio geral que guiou as pesquisas foi que a avaliação da
personalidade devia começar no topo e descer até aos mais específicos, isto é,
devia identificar domínios de amplas características e depois encontrar traços
importantes e úteis (esses também chamados de facetas) e posteriormente medi‐
los. Recorremos à versão abreviada NEO‐FFI (Costa & McCrae, 1999), sendo esta a
versão reduzida que se utiliza no âmbito da nossa investigação, uma vez que
oferece uma medida rápida e geral dos cinco factores da personalidade. No entanto
iremos descrever toda a estrutura do NEO‐PI‐R.

O NEO‐PI‐R é composto por cinco factores gerais e trinta facetas específicas,


que se apresentam tal como estão descritos no Quadro 1.

NEUROTICISMO (N – NEUROTICISM)

Esta escala, avalia a adaptação Vs. a instabilidade emocional. Identifica


indivíduos preocupados, nervosos, hipocondríacos, emocionalmente inseguros,
com sentimentos de incompetência, com tendência para a descompensação
emocional, ideias irrealistas, desejos e necessidades excessivas e respostas de
coping desadequadas.

Considera‐se que o aspecto central desta faceta é a tendência a experienciar


afectos negativos tais como a tristeza, medo, embaraço, raiva, culpabilidade e
repulsa. Através de vários estudos Costa e McCrae (1992), demonstraram que os
sujeitos com tendência a experienciar um dos estados referidos tendem a fazer o
mesmo com os outros. Os autores apontam que este tipo de emoções interfere com
a adaptação, e quer homens quer mulheres com neuroticismo elevado são levados
a ter ideias irrealistas, dificuldade em controlar os seus impulsos e a lidar menos
bem com o stress.

Geralmente os sujeitos com pontuações baixas em neuroticismo são


considerados emocionalmente estáveis. Normalmente são calmos, manifestam um
humor constante, são relaxados, seguros, satisfeitos consigo mesmos bem como
capazes de fazer face a situações de tensão, sem ficarem transtornados.

67 
FACTORES FACETAS
N1. Ansiedade
N2. Hostilidade
N3. Depressão
NEUROTICISMO (N)
N4. Auto‐consciência
N5. Impulsividade
N6. Vulnerabilidade
E1. Acolhimento Caloroso
E2. Gregariedade
E3. Assertividade
EXTROVERSÃO (E)
E4. Actividade
E5. Procura de Excitação
E6. Emoções Positivas
O1. Fantasia
O2. Estética
O3. Sentimentos
ABERTURA À EXPERIÊNCIA (O)
O4. Acções
O5. Ideias
O6. Valores
A1. Confiança
A2. Rectidão
A3. Altruísmo
AMABILIDADE (A)
A4. Complacência
A5. Modéstia
A6. Sensibilidade
C1. Competência
C2. Ordem
C3. Obediência ao Dever
CONSCIENCIOSIDADE (C)
C4. Esforço de Realização
C5. Autodisciplina
C6. Deliberação

Quadro 1. Factores e facetas do NEO‐PI‐R (Adaptado de Costa e McCrae, 2000)

As seis facetas do Factor Neuroticismo são as seguintes:

N1. Ansiedade (Anxiety). Os sujeitos ansiosos são apreensivos, tensos,


medrosos e preocupados. Embora as fobias específicas não sejam medidas por esta
escala, os sujeitos com pontuação elevada nesta faceta têm tendência a ser fóbicos.
Os sujeitos com uma pontuação mais baixa são considerados mais calmos,
relaxados, estáveis, não têm tantos medos e não têm tendência para se fixarem nas
coisas que podem correr mal.

68 
N2. Hostilidade (Angry Hostility). Os sujeitos hostis têm tendência a
experienciar raiva, frustração e amargura, e revelam um temperamento “quente”,
que resulta na maior parte das vezes num estado de frustração e zanga. Esta escala
está, normalmente, relacionada com uma amabilidade baixa. Os sujeitos com
hostilidade baixa são amigáveis, apresentam um temperamento mais moderado e
dificilmente se ofendem e se zangam.

N3. Depressão (Depression). Esta faceta mede as diferenças normais no


vivenciar do afecto depressivo. Os sujeitos com depressão elevada têm pouca
esperança, são tristes, melancólicos, sozinhos e desesperados e apresentam
elevados graus de culpabilidade. Os sujeitos com pontuação baixa,
excepcionalmente, experienciam estas emoções, ou seja, raramente estão tristes e
geralmente são pessoas confiantes, e sentem que a vida tem sentido e vale a pena.

N4. Auto‐Consciência (Self‐Consciousness). Os sujeitos com uma pontuação


elevada nesta faceta sentem‐se pouco à vontade ao pé dos outros, são sensíveis ao
ridículo e têm tendência para se sentirem inferiores, envergonhados, tímidos e
com ansiedade social. Em contrapartida os sujeitos com pontuação baixa não têm
necessariamente boas aptidões sociais, no entanto, tendem a sentir‐se menos
perturbados nas situações sociais, o que leva a que estejam mais seguros,
socialmente adequados e à vontade.

N5. Impulsividade (Impulsiveness). Nesta faceta a impulsividade refere‐se à


incapacidade de controlar e resistir às tentações. Os desejos de comida, de cigarros
e de propriedade são de tal forma fortes nos sujeitos que apresentam valores
elevados que não conseguem resistir‐lhes, mesmo que mais tarde se possam
arrepender desse comportamento. Os sujeitos com uma pontuação baixa resistem
mais facilmente às tentações e possuem uma elevada tolerância à frustração. A
impulsividade, avaliada através desta faceta, não deve ser confundida com a
espontaneidade, a decisão rápida e o envolvimento em actividades de risco.

N6. Vulnerabilidade (Vulnerability). Os sujeitos com uma pontuação elevada


nesta faceta facilmente se enervam e entram em pânico perante situações de stress,
revelando‐se incapazes de lidar com a tensão, tornando‐se, desta forma,

69 
dependentes. Os sujeitos que apresentam pontuações baixas conseguem lidar com
as situações difíceis, mantêm a cabeça fria, são competentes e resistentes, o que
leva a que consigam lidar melhor com situações stressantes.

EXTROVERSÃO (E – EXTRAVERSION)

A extroversão, tal como é considerada nesta escala, representa não só a


quantidade e intensidade das interacções interpessoais, mas também o nível de
actividade, a necessidade de estimulação e a capacidade de exprimir alegria.

Neste sentido, os indivíduos extrovertidos são pessoas sociáveis, que


apreciam o convívio com os outros, preferem os grandes grupos e as multidões.
São pessoas afirmativas, optimistas, amantes da diversão, afectuosas, activas e
conversadoras. Gostam da excitação e da estimulação e tendem a ser alegres,
animados, enérgicos e optimistas, daí que apresentem uma forte correlação ente E
e o interesse por ocupações de iniciativa e de empreendedorismo.

Os extrovertidos encaram as situações competitivas mais favoravelmente


do que os introvertidos, enquanto que estes preferem as situações mais
cooperativas. Estudos realizados por Costa e McCrae, 1992, referem que os
extrovertidos teriam também mais experiências sexuais e mais desejo sexual. Os
autores verificaram ainda que quer a masculinidade quer a feminilidade estariam
relacionados com esta dimensão.

A introversão é considerada o pólo oposto da extroversão. Os indivíduos


considerados introvertidos são particularmente reservados, sóbrios, pouco
exuberantes, distantes e com um ritmo de vida mais calmo. São considerados
tímidos, silenciosos, apreciam estar sozinhos, são mais orientados para a tarefa e
independentes nas suas tomadas de decisão, porém não significa que tenham
ansiedade social ou sejam pouco amigáveis, infelizes e pessimistas.

Estas distinções são fortemente apoiadas por pesquisas e consideram‐se um


suporte conceptual no modelo dos cinco factores. Nesta linha de pensamento Costa
e McCrae (1992) referem que o fragmentar paradigmas mentais que ligam os pares

70 
feliz‐infeliz, amigável‐hostil, sociável‐tímido, veio possibilitar progressos e
esclarecimentos na teoria da personalidade.

As seis facetas do Factor Extroversão são as seguintes:

E1. Acolhimento Caloroso (Warmth). Em relação ao Acolhimento, esta é a


faceta de E, que apresenta maior relevância, perante as questões da intimidade
interpessoal, e a que está mais próxima da dimensão Amabilidade. Os indivíduos
com pontuação elevada em E1 são calorosos, amigáveis, conversadores e
afectuosos. São o tipo de pessoas que gostam verdadeiramente dos outros e
estabelecem laços estreitos com eles. Os indivíduos que apresentam pontuação
baixa são habitualmente mais distantes e formais, no entanto isto não significa que
sejam mais.

E2. Gregariedade (Gregariousness). Nesta faceta os indivíduos com


pontuação elevada em E2 são caracterizados por gostarem de conviver, têm a
preferência pela companhia de outras pessoas, têm muitos amigos e procuram
contacto social. Contrariamente, os indivíduos que apresentam pontuação baixa
evitam activamente as multidões, são mais solitários e preferem estar sozinhos.

E3. Assertividade (Assertiveness). Os indivíduos que apresentam pontuação


elevada são considerados dominantes, com ascendente social, força de vontade,
confiantes e decididos. São pessoas que falam sem hesitações e muito
frequentemente se tornam líderes de grupos. Os que apresentam pontuação baixa
são considerados mais reservados, evitam afirmar‐se, e preferem não dar nas
vistas e deixar os outros falar.

E4. Actividade (Activity). Os indivíduos que apresentam pontuação elevada


nesta faceta caracterizam‐se como pessoas enérgicas, com um ritmo rápido e
vigoroso bem como uma necessidade de estarem ocupadas. Os indivíduos com
pontuação baixa são mais vagarosos e calmos, não têm pressa, o que não significa
necessariamente que sejam preguiçosos.

E5. Procura de Excitação (Excitement‐Seeking). Os sujeitos que apresentam


pontuações elevadas nesta faceta procuram estimulações fortes, aceitam riscos e

71 
gostam de ambientes ruidosos e de cores vivas. Os sujeitos que alcançam
pontuações mais baixas evitam a sobre‐estimulação. Estes são cautelosos, sérios e
preferem um estilo de vida que os primeiros podem considerar aborrecida.

E6. Emoções Positivas (Positive Emotions). Os sujeitos com pontuações


elevadas nesta faceta revelam‐se pessoas alegres, espirituosas, divertidas e têm
tendência a experienciar emoções positivas, tal como a alegria, a felicidade e o
amor. Os sujeitos que apresentam pontuações baixas não sendo forçosamente
infelizes são simplesmente menos exuberantes, pouco entusiastas e menos bem
humorados. Esta é a faceta de E mais relacionada com a satisfação com a vida.

ABERTURA À EXPERIÊNCIA (O – OPENNESS)

A Abertura à Experiência (Abertura) tem antecedentes nas abordagens


psicanalíticas e humanistas à personalidade, sendo o factor mais relevante para o
estudo da imaginação, da cognição e da personalidade (Costa & McCrae, 1992). Os
autores Costa e MacCrae (1976, 1987, 1988, 1999) são possivelmente os
investigadores que mais se debruçaram sobre esta faceta, começando por a
identificar no 16PF de Cattell. Posteriormente, foram fazendo modificações no
original, até construírem seis escalas para avaliarem os seis aspectos da Abertura à
Experiências presentes no NEO‐PI e no NEO‐PI‐R. Estudos subsequentes vieram a
mostrar que variações do constructo da Abertura à Experiência têm,
sucessivamente aparecido na história da avaliação psicológica.

Mas o facto de formulações alternativas do modelo dos cinco factores


designarem este domínio por intelecto não significa que a Abertura seja
equivalente a inteligência. Efectivamente as escalas de Abertura estão
moderadamente correlacionadas com medidas de rendimento escolar e da
inteligência.

Abertura relaciona‐se fortemente com alguns aspectos da inteligência, como


o pensamento divergente que como é sabido é um dos componentes da
criatividade (McCrae, 2006). Por conseguinte, algumas pessoas muito inteligentes
são fechadas à Experiência, e outras muito abertas podem ser um pouco limitadas
intelectualmente.

72 
Os indivíduos abertos à Experiência são por conseguinte curiosos em
relação ao seu mundo interior e exterior, sendo as suas vivências muito ricas. Estão
dispostos a tomar em consideração novas ideias e valores não convencionais e
experenciaram um leque mais variado de emoções (positivas e negativas).

As seis facetas da Abertura à Experiência são as seguintes:

O1. Fantasia (Fantsy). O sujeito com pontuação elevada em O1 tem uma


imaginação viva e uma fantasia activa, aprecia sonhar acordado e elaborar
fantasias, não apenas como fuga da realidade, mas para criar para si um mundo
interior interessante, mais rico e criativo. O sujeito que obtém resultados baixos
prefere o pensamento realista, é prático e evita sonhar acordado.

O2. Estética (Esthetics). O sujeito com pontuação elevada nesta faceta


valoriza a experiência estética a aprecia a arte e a beleza. Muito embora não tenha
necessariamente talentos, nem sequer bom gosto, o seu interesse leva‐o
geralmente a aprofundar os conhecimentos neste domínio. Se, porém, a pontuação
é baixa, trata‐se de pessoas pouco sensíveis à beleza, e que não apreciam a arte.

O3. Sentimentos (Feelings). O sujeito com pontuação elevada nesta faceta


responde emocionalmente às situações, é sensível, empático e valoriza os próprios
sentimentos. Trata‐se de uma disposição de receptividade aos sentimentos e
emoções interiores e de avaliação da emoção, como parte importante da vida. A
pontuação baixa, pelo contrário, é indicativa de um leque mais limitado de
emoções e de pouca importância atribuída aos diferentes estados emocionais.

O4. Acções (Actions). Pontuações elevadas, nesta faceta, denotam a procura


da novidade e da variedade, traduzidas, por exemplo, na busca de novas
actividades, no experienciar passatempos diferentes, em frequentar novos lugares
ou comer comidas pouco usuais. O sujeito com pontuação baixa prefere tudo o que
é familiar à novidade, segue a sua rotina habitual e instala‐se na sua maneira de
ser.

O5. Ideias (Ideas). Esta faceta tem a ver, não só com a procura activa do
conhecimento, mas também com a vontade/capacidade de considerar novas ideias.

73 
O sujeito que nela obtém um score elevado é intelectualmente curioso, orientado
teoricamente, aprecia os argumentos filosóficos e a resolução de quebra‐cabeças.
Esta faceta não implica necessariamente inteligência elevada, mas favorece o
desenvolvimento do potencial intelectual. O sujeito com pontuação baixa é mais
pragmático, factualmente orientado, não aprecia desafios intelectuais e tem uma
curiosidade mais limitada.

O6. Valores (Values). A Abertura aos Valores significa a disposição para


reverificar os valores sociais, políticos e religiosos. O sujeito com uma pontuação
elevada tem horizontes largos, é tolerante, não conformista e tem um “espírito”
aberto. Pelo contrário, o sujeito com pontuação baixa é mais dogmático e
conservador.

AMABILIDADE (A – AGREEABLENESS)

A Amabilidade é uma dimensão que diz respeito às tendências


interpessoais, e refere‐se à qualidade da orientação interpessoal, num “contínuo
que vai desde a compaixão ao antagonismo” nos pensamentos, sentimentos e
acções (Costa & McCrae, 1985; Costa, McCrae & Dye, 1991).

A pessoa amável é fundamentalmente, altruísta, de bons sentimentos,


benevolente, digna de confiança, prestável, disposta a acreditar nos outros, reta e
pronta a perdoar. É uma pessoa simpática para com os outros e acredita que os
outros serão igualmente simpáticos.

A dimensão Amabilidade influencia a auto imagem e ajuda a formar as


atitudes sociais e a filosofia de vida. Uma pontuação baixa em amabilidade, está
associada a distúrbios narcísicos, anti‐sociais e paranóicos da personalidade,
enquanto quer um A elevado, se relaciona com os distúrbios dependentes da
personalidade (Costa & McCrae, 1990).

As seis facetas da Amabilidade são as seguintes:

A1. Confiança (Trust). A confiança é uma variável clássica da psicologia,


encarada como o alicerce do desenvolvimento psicossocial e como um dos
principais elementos definidores da filosofia individual acerca da natureza humana

74 
(Costa, McCrae & Dye, 1991; Costa & McCrae, 1992). É também um elemento
importante nas definições de personalidade dadas pelos “leigos”. O sujeito com
pontuação elevada nesta faceta, tende a atribuir intenções benévolas aos outros e a
considerá‐los honestos e bem intencionados. O sujeito com pontuação baixa tende
a ser cínico e céptico e a suspeitar que os outros são desonestos e perigosos.

A2. Rectidão (Straighforwardness). Esta variável tem sido considerada mais


relevante para a filosofia moral do que para a psicologia da personalidade. O
sujeito com pontuação elevada é franco, frontal, sincero e natural ao lidar com os
outros. Por sua vez, o sujeito com pontuação baixa é calculista e tem tendência a
manipular os outros através do elogio ou da chantagem. Considera que estas são
tácticas sociais e que as pessoas muito amáveis são ingénuas. Embora não sejam
necessariamente desonestas estes indivíduos têm mais tendência a esconder a
verdade ou a não mostrar os seus verdadeiros sentimentos (Costa & McCrae,
1992).

A3. Altruísmo (Altruism). Este conceito encontra‐se presente na psicologia


social actual, mas também na teoria da personalidade de Adier (1964), que o
designou por “interesse social”. O sujeito com pontuação elevada revela uma
preocupação activa pelos outros, traduzida pela generosidade, filantropia, cortesia
mundana, consideração, interesse social, auto sacrifício e vontade de ajudar. Por
sua vez, o indivíduo com pontuação baixa é mais centrado em si próprio e
relutante em envolver‐se nos problemas dos outros (Costa & McCrae, 1992).

A4. Complacência (Compliance). Este traço reflecte‐se na vontade de ajudar


e na tolerância que Norman designou de Amabilidade e Digman e Inouye (1986),
por complacência amigável. O sujeito com pontuação elevada, em vez de repelir,
aceita a opinião dos outros, é brando, inibe a agressividade, esquece e perdoa.
Contrariamente, o sujeito com pontuação baixa é agressivo, antagónico,
contestatário, prefere competir e não se coíbe de se manifestar irritado.

A5. Modéstia (Modesty). O sujeito com pontuação elevada é humilde e pouco


preocupado consigo próprio, o que não significa, necessariamente que tem fraca
auto estima e pouca confiança em si mesmo. Um score baixo, porém, é típico de

75 
uma pessoa arrogante, com uma visão exaltada de si própria, com tendências
narcísicas e com a mania de que é superior. Uma ausência patológica de modéstia
faz parte da concepção do narcisismo. A modéstia refere‐se, por conseguinte, a um
aspecto do auto conceito (Costa, McCrae & Dye, 1991).

A6. Sensibilidade (Tender‐Mindedness). Esta escala avalia atitudes de


simpatia e de preocupação pelos outros. Uma pontuação elevada revela a
tendência a ser guiado pelos sentimentos particularmente os de simpatia, ao
ajuizar e tomar atitudes. Estes sujeitos têm por conseguinte, a tendência a realçar o
lado humano da política social. O sujeito com pontuação baixa considera‐se mais
realista e racional e não se deixa comover facilmente.

CONSCIENCIOSIDADE (C – CONSCIENTIOUSNESS)

Costa e McCrae (1992) conceptualizaram a Conscienciosidade como


contendo aspectos proactivos e inibidores. O primeiro aspecto revela‐se na
necessidade de realização e apego ao trabalho, enquanto que o lado inibido se
manifesta nos escrúpulos morais e na prudência.

A Conscienciosidade, avalia o grau de organização, persistência e motivação


pelo comportamento orientado para um objectivo. Contrasta pessoas que são de
confiança e escrupulosas, com as que são preguiçosas e descuidadas.

Uma conscienciosidade elevada na sua orientação positiva, está relacionada


com o êxito, a nível académico e profissional. Na sua vertente negativa, tem relação
com a limpeza e com a mania do trabalho. Não é que os sujeitos com pontuação
baixa nesta faceta tenham falta de princípios morais. Eles são apenas preguiçosos,
despreocupados, negligentes e com fraca força de vontade.

As seis facetas da Conscienciosidade são as seguintes:

C1. Competência (Competence). O sujeito com uma pontuação elevada nesta


faceta, sente‐se capaz e bem preparado para lidar com a vida. Costa e McCrae
(1992) definem a Competência como “o sentimento de que se é capaz, sensível,
prudente e eficaz”. O sujeito com pontuação baixa nesta faceta tem uma fraca
opinião em relação às suas aptidões e considera‐se, muitas vezes mal preparado e

76 
incapaz. Assim, compreende‐se que esta faceta seja a que está mais relacionada
com a autoestima e o locus de controle interno (Costa & McCrae, 1992).

C2. Ordem (Order). O sujeito com pontuação elevada nesta faceta tem
tendência a conservar o ambiente limpo e bem organizado, mantendo as coisas no
seu lugar. O sujeito com pontuação baixa, é incapaz de se organizar e descreve‐se
como pouco metódico. Quando levado ao extremo, um C2 elevado pode contribuir
para uma desordem compulsiva da personalidade.

C3. Obediência ao Dever (Dutifulness). O sujeito com pontuação elevada


nesta faceta adere estritamente aos seus padrões de conduta, princípios éticos e
obrigações morais. O indivíduo que obtém resultados baixos, sendo menos
rigoroso em relação a estes assuntos torna‐se, por vezes, irresponsável (Costa &
McCrae, 1992).

C4. Esforço de Realização (Achievement). Um sujeito com uma pontuação


elevada caracteriza‐se com níveis de realização elevados e forte motivação para os
atingir. São pessoas diligentes, com objectivos e sentido de vida. Contudo, por
vezes, podem investir em demasia na sua carreira e tornam‐se viciados no
trabalho. Os sujeitos com pontuação baixa, pelo contrário, mostram‐se menos
preocupados com estes assuntos, não se deixam mover pelo sucesso e têm falta de
ambição. Na generalidade, estão perfeitamente contentes com esse nível de
aspiração e rendimento e chegam mesmo a ser preguiçosos (Costa & McCrae,
1992).

C5. Autodisciplina (Self‐Discipline). A autodisciplina é a aptidão para iniciar


uma tarefa e levá‐la a cabo, apesar dos contratempos. Os sujeitos com pontuação
elevada apresentam uma capacidade de se motivar para a prossecução de um
objectivo. Os sujeitos com pontuação baixa mais facilmente ficam prostrados e
desistem, face à frustração. A autodisciplina é baixa e, muitas vezes é confundida
com impulsividade. Ambas são evidência de pouco autocontrolo, mas
empiricamente são distintas. No caso da impulsividade, as pessoas não conseguem
resistir a fazer aquilo que não querem. Sendo pessoas com pouca autodisciplina,
não conseguem determinar‐se a fazer aquilo que acham que devem fazer. A

77 
impulsividade requer estabilidade emocional e a autodisciplina requer motivação
(Costa, McCrae &Dye, 1991; Costa & McCrae, 1992).

Quadro 2. Breve descrição dos domínios e facetas do NEO‐PI‐R


CARACTERÍSTICAS DO SUJEITO QUE CARACTERÍSTICAS DO SUJEITO QUE
ESCALAS DE TRAÇOS
APRESENTA UMA PONTUAÇÃO ALTA APRESENTA UMA PONTUAÇÃO BAIXA
NEUROTICISMO
Avalia a adaptação versus
instabilidade emocional.
Preocupado, nervoso, Identifica indivíduos com
Calmo, relaxado, resistente,
emocionalmente inseguro, propensão para a
seguro, não emotivo, satisfeito
sentimento de inadequação, descompensação emocional,
consigo.
hipocondríaco. ideias realistas, desejos e
necessidades excessivas e
respostas de coping
desadequadas.
EXTROVERSÃO (E)
Sociável, activo, falador, Avalia a quantidade e intensidade
Reservado, sóbrio, pouco
orientado para a relação das interacções interpessoais, o
exuberante, distante, orientado
interpessoal, optimista, amante nível de atividade, a necessidade
para tarefas, tímido, silencioso.
da diverção, afectuoso. de estimulação e a capacidade de
exprimir alegria.
ABERTURA À EXPERIÊNCIA (O)
Curioso, com interesses amplos, Avalia a actividade proativa e a Convencional, pragmático,
criativo, original, imaginativo, não apreciação da experiência por si limitado, não artístico, não
tradicional. só, a tolerância e exploração do analítico.
que não é familiar.
AMABILIDADE (A)
Avalia a qualidade da orientação
Sentimental, bondoso, de Cínico, rude, desconfiado, não
interpessoal num contínuo, que
confiança, prestável, disposto a cooperante, vingativo, impiedoso,
vai desde a compaixão, ao
perdoar, crédulo, honesto. irritável, manipulador.
antagonismo nos pensamentos,
sentimentos e acções.
CONSCIENCIOSIDADE (C)
Avalia o grau de organização,
Organizado, confiável, persistência e motivação do Irresponsável, preguiçoso,
trabalhador, autodisciplinado, indivíduo no comportamento despreocupado, frouxo,
pontual, escrupuloso, arranjado, dirigido para um objectivo. negligente, hedonista e sem
ambicioso, perseverante. Contrasta pessoas confiáveis e objectivos.
escrupulosas com aquelas que
são preguiçosas e descuidadas.

Adaptado de: Costa e McCrae (2000). Adaptação Portuguesa de Lima e Simões


(2000)

C6. Deliberação (Deliberation). A deliberação é a tendência para pensar com


cautela, a planificar e a ponderar antes de agir. Os sujeitos com pontuação baixa
nesta faceta actuam, na maior parte das vezes, sem pensar nas consequências. No
seu melhor são pessoas espontâneas e capazes de tomar decisões perspicazes
(Costa & McCrae, 1992).

78 
(No quadro 2, encontra‐se uma breve descrição comparativa dos factores e
facetas visualizando‐se as características dos sujeitos que apresentam pontuação
alta e dos que apresentam pontuação baixa).

1.3. PERSONALIDADE RESILIENTE


Resiliência é um conceito que tem sido utilizado para explicar fenómenos
psicossociais referidos a indivíduos, grupos ou organizações que superam ou
ultrapassam situações adversas. O constructo resiliência começou a despertar o
interesse dos pesquisadores devido à descoberta de sua relação com o conceito de
“risco”.

Luthar, Cicchetti e Becker (2000) assumem a interacção do indivíduo com o


contexto, como um factor significativo na explicação da resiliência, uma vez que a
consideram como um processo dinâmico de adaptação positiva em contexto de
significativa adversidade. A resiliência em contexto do trabalho nas organizações,
refere‐se à existência ‐ ou à construção ‐ de recursos adaptativos, de forma a
proteger a relação saudável existente entre o ser humano e seu trabalho num
ambiente em permanente transformação, intrometido por inúmeras formas de
rupturas.

Os indivíduos conseguem resistir ao stress, aguentar a pressão em situações


conflituosas e violentas, reagir e desenvolver estratégias que os ajudam a superar o
problema ou, até mesmo, sair reforçados positivamente de tais experiências.

No entanto, é necessário que se preste maior atenção ao vigor humano, que


actua como forma de barreira contra as situações stressantes e as experiências
traumáticas (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). A resiliência é considerada um
indicador de vida saudável. Contudo, a resiliência engloba o processo que facilita a
superação das adversidades, ou seja, é considerada uma qualidade da pessoa que
não desanima nem se deixa aniquilar.

Vaz Serra (1999) refere a personalidade como elemento mediador do stress


e que esta deve ser perspectivada como um factor integrante dos recursos

79 
pessoais, indo ao encontro de Freudenberger (cit. por Queirós, 2005), que
identifica os sujeitos predispostos a desenvolverem burnout como sendo
profissionais excessivamente dedicados, perfeccionistas e compulsivos, cujo
trabalho é um substituto da vida social.

Csikszentmihalyi (1999), Grotberg (1995) e Rutter (1985) referem que a


resiliência é a capacidade que o indivíduo apresenta e que o leva a sobrepor‐se à
adversidade, recuperar, e sair fortalecido, com êxito e de desenvolver competência
social, académica e vocacional, apesar de, por vezes, estar exposto a um stress
psicossocial grave.

Segundo Grotberg (1995), os factores protectores que desenvolvem


condutas resilientes advêm de três possíveis factores:

 Atributos pessoais tais como inteligência, autoestima, capacidade para


resolver problemas ou competência social.
 Apoios do sistema familiar.
 Apoio social derivado da comunidade.

Alguns trabalhos de investigação, pretenderam constatar e explicar o que


distingue os indivíduos que enfrentam eficazmente as adversidades e conseguem
uma boa adaptação. Os estudos identificaram e relacionaram com o
comportamento resiliente diversas características ou capacidades pessoais
positivas tais como competência (Luthar, 1993), optimismo e felicidade
(Csikszentmihalyi, 1999), autoestima (Grotberg, 1995), sentido de coerência e
hardiness (Kobasa & Pacceti, 1983) e estratégias de coping activo, entre outras.

Segundo Morán (2005), a personalidade resiliente é considerada aquela que


é resistente aos conflitos e aos problemas que supõem um perigo ou uma ameaça
para o bem‐estar. É necessário encontrar as características pessoais que
contribuem para manter as pessoas saudáveis perante situações de stress, bem
como é fundamental, ajudar a entender as bases do bem‐estar humano.

Kobasa e Maddi (1977) propuseram um modelo de personalidade


resistente para explicarem porque é que o stress se relaciona com a doença, uma

80 
vez que determinadas características individuais tais como a personalidade, geram
resistência e protecção perante o stress na relação pessoa‐meio.

Estudos realizados pelos autores, encontraram um constructo de


personalidade denominado de dureza. Este constructo media a relação stress‐
doença e actuava como protector da saúde. Este factor actuava, junto a outras
variáveis biológicas como o estado da saúde, psicológicas como a personalidade e
os hábitos saudáveis, e sócio ambientais como as relações interpessoais e o apoio
social e os recursos materiais.

O modelo de personalidade defendido pelos autores supra citados, reforça a


ideia da existência de uma pessoa autêntica que controla a sua vida. A resistência
destas pessoas, amortizam os efeitos nocivos do stress e protegem‐nas contra as
doenças.

As características da personalidade resistente são compromisso, controle e


desafio (Maddi, 1999; 1988; Kobasa & Maddi, 1977, Kobasa, Maddi, Pucceti & Zola,
1994). A combinação destes três componentes é o que dá lugar a uma pessoa
resistente perante o stress, bem como soluções de coping para os mesmos
problemas:

O desafio significa que as pessoas se acercam das situações da vida não


como uma ameaça, mas sim como um desafio que as presenteia com a
oportunidade para desenvolver as suas capacidades e aprender coisas novas, com
mais resistência. As pessoas vêem sempre algo que é aproveitado e apresentam
abertura mental para decidir. São flexíveis, toleram a novidade e a ambiguidade e,
enfrentam novas situações sem medo, convencidas de que podem sempre
descobrir algo que as enriquece com novas Experiências.

O compromisso caracteriza‐se pela tendência da pessoa se implicar


plenamente em todas as actividades da vida e, de se comprometer em todas as
actividades que leva a cabo no trabalho, nas instituições sociais, nas relações
interpessoais e na família. Esta qualidade de compromisso supõe que a pessoa
converta tudo o que faz em algo de interessante e importante. A pessoa põe
reconhecimento pessoal nas próprias metas e, apresenta habilidade pessoal para

81 
tomar decisões e manter os seus valores. As pessoas que têm esta característica
sentem‐se satisfeitas consigo mesmas e vivem cada coisa que fazem como
integrada num conjunto de objectivos com que têm organizada a sua vida (Morán,
2002, 2005).

O controle, é a disposição de pensar e actuar com a convicção de que se


pode intervir no curso dos acontecimentos. As pessoas resistentes ao stress
mostram‐se seguras e confiantes na própria capacidade e competência para fazer
frente a situações que encontram nas suas vidas. Percebem quando as situações
são ameaçantes ou não e, travam ou reduzem os seus possíveis efeitos negativos.
Os indivíduos com estas características podem perceber as consequências
positivas em muitos dos acontecimentos stressantes e sentem que podem conduzir
os estímulos em seu próprio benefício.

Segundo Morán (2005), a personalidade resistente induz o uso de


estratégias de coping adaptativas e a percepção dos estímulos potencialmente
stressantes como oportunidades de crescimento. Kobasa e Maddi (1977) referem
que os indivíduos com personalidade resistente enfrentam de forma activa e
optimista os estímulos stressantes, tornando‐os como menos stressantes.

82 
CAPITULO 2. STRESS E ENFRENTAMENTO


Os processos de enfrentamento são definidos por Lazarus e Folkman (1986)
como sendo um conjunto de esforços cognitivos e de conduta constantemente em
alteração. Desenvolvem‐se para manipular as situações específicas internas ou
externas que são valorizadas como situações que excedem ou superam os recursos
de uma pessoa. Sempre que uma pessoa valoriza ou avalia uma situação como
prejudicial ameaçante ou de desafio, elabora imediatamente uma potencial
resposta de enfrentamento.

De acordo com Gil‐Monte (2005), o desgaste cognitivo e emocional é uma


resposta ao stress laboral e, devido ao seu carácter desagradável, o indivíduo tenta
eliminar esse sentimento utilizando estratégias do tipo comportamental,
emocional ou cognitivo. Pessoas que utilizam com maior frequência estratégias de
carácter activo ou centradas no problema possuem maior capacidade de prevenir o
Burnout.

As formas do enfrentamento (coping) de situações stressantes podem ser


um dos factores de protecção da Sindrome de Burnout (Gil‐Monte, 2005). A
maneira como uma pessoa vivencia o stress e os recursos que emprega para lidar
com ele está, entre outros factores, na base de desenvolvimentos do Burnout. Uma
situação pode ser muito stressante para uma pessoa, e pouco ou nada para outra.

O tipo de enfrentamento utilizado é importante, pelo facto de servir para


manobrar a situação, e a sua influência na forma como o organismo vai ser
activado. As consequências das condutas determinarão o que será considerado
correcto e incorrecto para o sujeito. No entanto, não será esse julgamento moral
que fará com que a mesma se repita, mas sim a sua eficácia em mudar a situação.

Segundo autores como Escamilla, Rodriguez e Gonzalez (2009) e Piqueras,


Ramos, Martinez e Oblitas (2009), um enfrentamento inadequado numa situação
de stress agudo pode levar ao stress crónico e ao aparecimento de estados
emocionais psicopatológicos e negativos, bem como vir a sofrer da síndrome de

83 
burnout. Os estados referidos levam o indivíduo a sofrer uma alteração na
capacidade de tomar decisões (Smith, 1986).

Lazarus e Folkman (1986) referem que há dois processos com grau de


incidência mediante os quais o stress afecta as pessoas: o processo de avaliação e o
processo de enfrentamento. Por avaliação considera‐se o processo cognitivo que
valoriza as situações como favoráveis, perigosas ou inofensivas. Por
enfrentamento, entende‐se a resposta emocional e comportamental desenvolvida
pelo sujeito perante um acontecimento.

2.1. O PROCESSO DE AVALIAÇÃO


O processo de avaliação é o que avalia, aprecia, dá significado e importância
a uma situação e a considera perigosa ou favorável para o bem‐estar do indivíduo.
Segundo Lazarus e Folkman (1986), podem‐se identificar três classes de avaliação
cognitiva: avaliação primária, secundária e reavaliação.

Relativamente à avaliação primária, o sujeito realiza uma apreciação da


nova situação podendo considerá‐la como irrelevante, benigna ou stressante. Se o
indivíduo considera que a situação é stressante pode interpretá‐la sob três formas:

 Perigo, quando se refere a prejuízo ou dano que o indivíduo sofreu no
passado e que pode vir a sofrer agora.
 Ameaça, quando é considerada a antecipação do perigo.
 Desafio, quando se faz referência à confiança que a pessoa tem em poder
superar situações difíceis.

Em relação à avaliação secundária, Brannon e Feist (2001) mencionam
que é entendida como a apreciação relativa ao que se deve e se pode fazer. Perante
a situação, o indivíduo analisa a sua capacidade para controlar ou enfrentar o
perigo, a ameaça ou o desafio, o que inclui a avaliação da possibilidade de aplicar
com eficácia, algumas das estratégias de enfrentamento e de avaliação das
consequências, que o uso dessa mesma estratégia pode ter nesse contexto.

84 
Sempre que as pessoas consideram que são capazes de fazer algo para lidar
com a situação e quando crêem que vão lidar com ela com êxito, o stress é
reduzido. Trata‐se de uma pesquisa disponível de opções de enfrentamento
cognitivas bem como um prognóstico se cada opção será ou não bem sucedido ao
lidar com o stressor.

Na avaliação secundária a pessoa torna‐se ciente das discrepâncias


existentes entre as suas estratégias, competências e habilidades de enfrentamento
pessoal e estratégias, habilidades e capacidades que a situação exige. Quanto maior
for a discrepância, maior desconforto e ansiedade surge. Quando a pessoa vê que
pode fazer algo para lidar com a situação e acredita que será bem sucedida, o stress
é reduzido (Brannon & Feist, 2001). A autoeficácia é uma variável‐chave no
processo de avaliação como o mediador entre as estruturas cognitivas e o
resultado da situação stressante (Karademas & Kalatzi‐Azizi, 2004).

A terceira fase diz respeito à reavaliação, entendida como a troca efectuada


numa avaliação prévia a partir da nova informação recebida no ambiente do
próprio sujeito. Em algumas situações a reavaliação é o resultado de esforços
cognitivos de enfrentamento.

Outro conceito estritamente relacionado com o da avaliação cognitiva é o da


vulnerabilidade, sendo que esta é determinada pela importância da ameaça
implícita na situação, sendo também racional. Uma pessoa vulnerável, em termos
de recursos de enfrentamento, é considerada aquela cujos recursos são
insuficientes, pelo que a vulnerabilidade psicológica não é determinada
unicamente por um défice de recursos, mas também pela importância que
determinadas consequências têm para o indivíduo.

Os processos de apreciação cognitiva do stress não são necessariamente


conscientes. Eles influenciam particularidades perceptivas, avaliações automáticas,
mecanismos defensivos, recordações anteriores e respostas emocionais, que
pertencem ao mundo do inconsciente, pelo que podem ser determinados por
dados que o indivíduo nem sempre tem na consciência.

85 
As características formais das situações que afectam o processo de
avaliação ou apreciação que o indivíduo realiza perante uma situação, têm que ver
não só com a novidade da situação, a previsibilidade e a incerteza, mas também
com factores temporais tais como a aproximação e a duração. As características
referidas é que determinam se a situação é considerada perigosa ou ameaçante
(Lazarus & Folkman, 1986).

2.2. O PROCESSO DE ENFRENTAMENTO


Lazarus (1996) e seus colaboradores consideram o stress como uma
combinação entre um estímulo ambiental associado à apreciação que a pessoa tem
da sua vulnerabilidade e da sua capacidade em enfrentar esse estímulo.

Segundo a teoria dos autores, as pessoas podem adoecer não só porque


tenham tido demasiadas Experiências stressantes, mas também porque consideram
estas experiências como situações ameaçadoras ou prejudiciais, ou porque num
determinado momento se encontram física ou socialmente vulneráveis ou também
porque podem necessitar de ajuda na capacidade de enfrentar uma situação
stressante.

Neste processo, existem características importantes tais como o


enfrentamento que cada indivíduo utiliza predominantemente para resolver as
situações problemáticas (Lazarus, 2000). Outra das características, é o facto de o
enfrentamento não ser automático e apresentar um padrão de resposta susceptível
de ser apreendido perante as situações problemáticas. Finalmente uma outra
característica, tem a ver com o esforço que o enfrentamento requer e que é dirigido
para conduzir a situação, que em certas ocasiões, requer um esforço para se
adaptar a ela.

Segundo Lazarus e Folkman (1986) existem dois tipos nas estratégias de


coping: coping dirigido à resolução do problema e coping dirigido às emoções.

 Coping dirigido à resolução do problema: são consideradas as acções


directas mediante as quais o indivíduo se esforça com o intuito de trocar as
suas relações com o ambiente, e resolver, modificar ou alterar o problema.

86 
 Coping dirigido às emoções: são acções paliativas mediante as quais o
indivíduo tem a intenção de minimizar a angústia e a redução dos seus
efeitos psicológicos o que se apresenta com o enfoque na regulação da
resposta emocional que o problema gerou.

As pessoas quando avaliam que as condições da situação podem ser


susceptíveis de troca envolvem‐se num coping orientado para o problema, agem
objectivamente sobre as circunstâncias do ambiente e sobre as exigências que
percepcionam, procurando alterá‐las. Quando o coping se dirige ao problema, as
estratégias são similares às utilizadas para o resolver: determinar qual é o
problema, defini‐lo, procurar soluções alternativas, avaliar o custo benefício e as
soluções e por fim aplicá‐las. Neste grupo engloba‐se a planificação para a
resolução do problema e a confrontação, bem como a procura de suporte social,
que é um modo de enfrentamento que pode pertencer a ambos os processos,
dependendo, se a procura de ajuda é por razões instrumentais ou por razões
emocionais (Lazarus & Folkman, 1986).

Quando as pessoas consideram que não se pode fazer nada para modificar o
ambiente ameaçante, dirigem o coping como meio de regular a emoção. Tentam
alterar o mal‐estar que lhe causou um determinado acontecimento e envolvem‐se
num coping orientado para as emoções (Lazarus & Folkman, 1986). Este tipo de
coping tem enfoque no regular a resposta emocional que o problema gerou. Se o
coping se dirige à emoção as estratégias enfocam‐se na modificação da relação da
pessoa com a situação e o indivíduo tem de trabalhar ou alterar a interpretação do
que está a acontecer, de regular a resposta emocional ao stress, de trocar o
significado do que está a ocorrer. Também nesta estratégia de enfrentamento se
encontra a procura de suporte social por razões emocionais, distanciamento,
autocontrolo, aceitação da responsabilidade e reavaliação positiva (Morán, 2005).

Para Lazarus (1996) não há formas de coping melhores que outras,


podendo ser mais ou menos favoráveis para o indivíduo, dependendo de quem as
usa, quando as usa, em que circunstância e a que situação se pretende adaptar.
Mais adiante iremos abordar mais pormenorizadamente estes processos.

87 
2.3. OS RECURSOS PARA ENFRENTAR OS PROBLEMAS COM
STRESS
Segundo Morán (2005) os recursos de uma pessoa são constituídos por
variáveis personales e variáveis ambientais. É através da mediação destas
variáveis que é facilitado o processo de enfrentamento. A autora refere que as
pessoas com mais recursos experimentaram os acontecimentos stressantes com
menor intensidade e utilizam estratégias de enfrentamento mais eficazes.

Consideram‐se os recursos de enfrentamento como as características de


personalidade, os recursos propios (riqueza, propriedades, bens) e os recursos
sociaes, e recursos sociais: aqueles que a sociedade oferece para me ajudar a
resolver problemas. Este capacitam os indivíduos para manobrar os stressores de
forma mais efectiva, e experienciar sintomas pouco intensos perante a exposição
com a situação stressante e recuperar mais facilmente dessa exposição.

RECURSOS PESSOAIS

Os recursos pessoais também denominados recursos internos, estudamos


nesta tese fundamentalemente os constituídos por aquelas facetas da
personalidade que podem incrementar o potencial do indivíduo para abordar de
forma eficaz o stress.

Morán (2005) menciona que as variáveis da personalidade intercedem na


resposta perante o stress, daí termos abordado detalhadamente no capítulo
anterior os cinco factores da personalidade e as principais variáveis da
personalidade que são susceptíveis de influenciar o indivíduo perante o stress. No
estudo empírico abordaremos a relação do neuroticismo, extroversão, abertura à
experiência, amabilidade e conscienciosidade com as estratégias de
enfrentamento, uma vez que são varáveis que estão directamente implicadas no
enfrentamento do stress.

Os recursos pessoais apresentam um papel fundamental de mediadores


entre ostresse a saúde física e psicológica. Baum e Singer (1982) definem os
recursos como as capacidades adaptativas derivadas dos factores genéticos, as
influências ambientais e as relações aprendidas.
88 
É importante abordar também a vulnerabilidade uma vez que surge quando
faltam os recursos de enfrentamento. A insuficiência de recursos é uma condição
necessária, mas não suficiente, para a vulnerabilidade psicológica (Lazarus &
Folkman, 1986). Estes autores, consideram que a vulnerabilidade psicológica não é
determinada somente por um deficit de recursos, mas sim pela relação entre a
importância que as consequências tenham para o indivíduo e os recursos de que
dispõe para evitar a ameaça dessas consequências.

Os recursos de enfrentamento, enquanto capacidades adaptativas, são fonte


de imunidade sobre o dano que pode originar o stress, e por isso reduzem a
probabilidade de doenças induzidas pelo stress. Os recursos internos estão
relacionados com as diferenças de personalidade, enquanto os recursos externos
com as diferenças socioculturais (Durá & Sánchez‐Cásanovas, 1999)

RECURSOS SOCIAIS: O APOIO SOCIAL

Para Lazarus e Folkman (1986) a procura de apoio social é uma das formas
de enfrentar o stress, que se caracteriza pelos esforços que o indivíduo faz na
procura de apoio e ajuda no seu meio social. Os autores aceitam que a procura de
apoio social pode incluir‐se quer nos modos de enfrentamento centrados no
problema quer nos modos de enfrentamento centrados na emoção.

Mas o apoio social não é só uma estratégia pessoal de enfrentamento. Ele


pode influenciar o processo de apreciação da situação de tal maneira que pode
fortalecer a resistência ao stress, mesmo antes que ele surja, uma vez que o
indivíduo já se encontra submerso numa situação de stress.

O apoio social pode ser encarado como uma variável psicossocial que
protege o indivíduo da activação stressante. Por um lado é uma variável situacional,
que modifica a resposta emocional mediante a avaliação de que a ameaça pode ser
neutralizada ou minimizada graças à ajuda do meio. Outras vezes é considerada
uma variável do tipo psicológico uma vez que se refere ao apoio social, ou seja à
percepção do sujeito em receber afecto positivo e ajuda instrumental, bem como
também a possibilidade de expressar com liberdade as próprias ideias e

89 
sentimentos, de forma que tenha a confiança e acredite de que não se encontra
sozinho perante determinada ameaça.

Nesta perspectiva, pode‐se afirmar que é uma variável psicossocial que


apresenta duas dimensões. Por um lado a dimensão social, constituída pelos
componentes inerentes ao meio, tais como as redes sociais que oferecem ou
podem oferecer apoio ao indivíduo num determinado momento. Este tipo de ajuda
pode ser de duas categorias: ajuda emocional tal como o carinho, aceitação, poder
dispor de companhia, ter pessoas de confiança, e pode ser, além disso, apoio
instrumental que consiste na ajuda material, informação facilitada e poder contar
com a ajuda de profissionais.

A segunda dimensão do apoio psicossocial, de natureza psicológica, é a


dimensão cognitiva, o que quer dizer que o sujeito tem a percepção de apoio social
que é o que realmente tem influência nos afectos e na ativação do stress, ou seja, a
percepção de como o sujeito age na sua realidade contextual, ou põe em
funcionamento a rede social de ajuda quando necessita.

2.4. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO


As estratégias são o modo de utilizar de forma eficaz, os recursos de que
dispomos. As estratégias ou modos de enfrentamento são as diferentes formas de
como se utilizam os recursos disponíveis para fazer frente às situações stressantes.
Como já vimos anteriormente, Lazarus e Folkmam (1986), diferenciaram dois
processos de enfrentamento: enfrentamento dirigido ao problema e
enfrentamento dirigido à emoção.

As estratégias de enfrentamento referem‐se a condutas que têm lugar após


o surgir do stressor ou em resposta a stressores crónicos e estão associadas a
vários factores, havendo autores que demonstraram que os comportamentos de
coping são fortemente influenciados pelas características do indivíduo,
principalmente pelos traços de personalidade (Pais‐Ribeiro, 2005).

Perante o referido, pode afirmar‐se que as estratégias de enfrentamento


referem‐se às acções cognitivas ou comportamentais tomadas no curso de um

90 
episódio particular de stress (Ryan‐Wenger, 1992). Coping é uma variável
individual representada pelas formas como as pessoas comummente reagem ao
stress, determinadas por factores pessoais, exigências situacionais e recursos
disponíveis (Lazarus & Folkman, 1984). São esforços que se realizam
exclusivamente para manobrar uma situação fora da rotina e que são diferentes
das condutas adaptativas automáticas que surgem em situações habituais (Lazarus
& Folkman, 1986).

Uma resposta de stress depende, quer das exigências da situação que a


provoca, bem como da percepção que a pessoa tem dos recursos e aptidões de que
dispõe para a enfrentar. Não tem que ser encarada, obrigatoriamente, como
negativa, devendo ser considerada como um recurso que o organismo dispõe para
fazer frente a situações que se supõem excepcionais. Neste sentido, pode ser útil e
constituir uma fonte de impulso que faz com que o indivíduo tome decisões e
resolva problemas, constituindo um incentivo de realização profissional e pessoal
(Labrador, 1992; Vaz Serra, 1999).

Em relação às estratégias de enfrentamento, Morán (2009) refere que são


aquilo que as pessoas chamam de reacção a um stressor específico, que ocorre
num contexto concreto e referem‐se a condutas que têm lugar após a aparição do
stressor ou em resposta a stressores crónicos.

As estratégias de enfrentamento dependem de vários factores perante a


situação e a própria pessoa. Esta situação levanta o problema do enfrentamento do
ponto de vista individual, no entanto, no campo do stress, muitos autores têm
demonstrado a necessidade de encarar os diferentes níveis de análise: individual,
grupo e organizacional.

Ao contrário do que acontece noutras esferas da vida, as estratégias de


enfrentamento consideradas para se lidar no contexto em que se lida diariamente
nem sempre são eficazes para reduzir as relações entre o stress e suas
consequências. Esta situação pode surgir porque a eficácia das estratégias de
enfrentamento dependem da capacidade de controlar o stressor, e grande parte das
vezes nem sempre o controle dos stressores está nas mãos do indivíduo.

91 
A maioria dos stressores no trabalho está entre aqueles que se caracterizam
como pouco adequados para soluções individuais. Geralmente existem, em estudos
desenvolvidos, que as situações que estão incluídas dentro do grupo de onde são
accionadas variáveis organizacionais de síndromes, principalmente as ligadas aos
resultados do trabalho, oferta e procura, também como são o caso da sobrecarga
de funções, a ambiguidade e o conflito.

Existem também algumas variáveis tais como demográficas, idade, sexo,


estado civil, nível académico e personalidade como um locus de controle,
enfrentamento e padrões de comportamento que interferem nas estratégias
utilizadas perante os stressores. A capacidade de lidar com o stress depende dos
recursos de enfrentamento disponíveis em cada pessoa e que poderão ser ao nível
biológico, sexual, físico, personalidade, senso de humor, e assertividade.

2.5. O ENFRENTAMENTO SEGUNDO RICHARD LAZARUS E


SUSAN FOLKMAN
Um dos elementos importantes no processo do stress são os mecanismos ou
estratégias de coping que as pessoas utilizam quando enfrentam uma situação
percebida como stressante. Desde a perspectiva transaccional de Lazarus e
Folkman (1984), o stress conceptualiza‐se como uma transacção entre a pessoa e o
seu ambiente. Esta transacção surge, a partir de uma série de situações ambientais
ou pessoais (stressores) que a pessoa percebe e valoriza como stressantes. A partir
desta experiência subjectiva de stress, experimenta‐se uma série de vivências e
respostas emocionais e de seguida criam‐se mecanismos de coping.

Lazarus e Folkman (1986) definem o stress como uma relação particular,


dinâmica e bidireccional que acontece entre a pessoa e o meio e que é avaliada
como perigosa para o seu bem‐estar, uma vez que excede os recursos adaptativos
pessoais. É no processo de adaptação ao stress que surge o conceito de coping,
como sendo uma parte importante da resposta ao stress.

A partir da estrutura teórica do modelo transaccional do stress, Lazarus


sugere que uma situação de stress deve ser tida em conta sob os seguintes
aspectos:

92 

 Avaliação ou apreciação que a pessoa faz dos stressores.
 Emoções e afecto associados com os esforços de avaliação e intervenção.
 Cognitivos criados para lidar com tais stressores (Lazarus, 2000).

Por um lado, o enfrentamento pode ser orientado sob duas vertentes:

1. Orientado para a tarefa, enfocando o problema logicamente, soluções e
no desenvolvimento de planos de acção.
2. Orientado para a emoção, focando respostas emocionais (raiva, tristeza,
etc.), evasão, preocupação e reacções fantásticas ou supersticiosas.

Lazarus (1996) refere que esta estratégia de enfrentamento mais recente é


na maior parte das vezes desadaptativa perante situações stressantes, uma vez que
é considerado um método de enfrentamento errado e passivo, devido ao facto de
poder aumentar a intensidade da resposta de stress percebido e causar impacto
negativo sobre o aspecto emocional e o desempenho da pessoa.

Nesta perspectiva, o coping pode ser definido como um conjunto esforços


cognitivos e comportamentais, que a pessoa realiza para controlar as situações
agressoras percebidas como stressantes pelo indivíduo (Lazarus & Folkman, 1984).
Neste processo, converte‐se num factor chave, sendo que o êxito ou o fracasso
destas estratégias de enfrentamento no controle da situação vivida como
stressante, pode determinar em grande parte, o grau de stress que a pessoa
experimenta (reacções fisiológicas, alterações nos estados e processos psicológicos
e nos comportamentos).

A longo prazo, o grau de stress pode gerar efeitos e consequências mais ou
menos significativos e duradoiros. Este processo, pode estar modulado em
qualquer uma das suas fases por variáveis ambientais, tais como as condições do
ambiente, condições de trabalho ou controle permitido sobre as mesmas, e
pessoais, como os traços de personalidade ou os estilos cognitivos (Peiró &
Salvador, 1993).

93 
Segundo Morán (2009), o coping não é automático, ele é considerado um
padrão de resposta que é susceptível de ser aprendido perante situações
problemáticas. Outra característica do coping, é o requerer um esforço dirigido
para trabalhar a situação, que umas vezes é consciente, outras não. Quando a
situação não se pode alterar requer também um esforço de adaptação.

Na realidade, apesar das inúmeras estratégias de coping que se podem


considerar, Lazarus e Folkman (1986) combina‐as de forma consensual segundo
várias estratégias:

 Confrontação. Define as estratégias que se focalizam no problema


causador de stress e que lidam directamente com ele, intentando a sua
resolução. Este estilo, permite a plena expressão do afecto, tendo como
custos o aumento da tensão e da angústia enquanto se lida com o stress.
 Evitamento. Designa as estratégias de negação e de fuga das situações de
stress, tendo como objectivo evitar lidar directamente com o problema. O
evitamento é motivado pela necessidade de protecção em relação ao
stressor e caracteriza‐se pelo afastamento em relação à ameaça. Este
estilo permite reduzir o stress e a ansiedade provocando, contudo,
inércia emocional e comportamentos disfuncionais de evitamento.

Apesar do evitamento a longo prazo poder agravar as consequências


negativas do stress e da confrontação, garantir um funcionamento saudável e
prevenir essas consequências negativas, não significa que o evitamento seja um
mau estilo de coping e que não possa ser mais eficaz do que a confrontação em
determinadas situações, nomeadamente, após acontecimentos traumáticos. Os
indivíduos que utilizavam mais um estilo de coping preventivo apresentavam uma
diminuição de sintomas psicossomáticos, nomeadamente depressão, ansiedade e
somatização.

 Planificação. Acontece durante a fase de apreciação secundária do


problema, quando se reflecte sobre a maneira de enfrentar uma situação
stressante. A estratégia é definida pelo modo como se enfrentam os
esforços para resolver o problema, sendo que em primeiro lugar

94 
acontece uma aproximação para análise do mesmo, seguindo‐se a
procura planificada de soluções e a exequibilidade das mais adequadas
(Morán, 2005).

As pessoas que utilizam a planificação para enfrentar os problemas sentem‐


se mais realizadas profissionalmente. A conscienciosidade, altas expectativas de
autoeficácia e autoestima são variáveis da personalidade responsáveis que
predizem um uso maior da planificação (Morán, 2005). Resultados similares foram
encontrados por Ben‐Zur (2002) num estudo realizado com jovens e adultos. Os
resultados evidenciaram que altos níveis de autoestima contribuem para planificar
estratégias centradas na acomodação (distanciamento) e centradas no problema
(planificação e confrontação).

 Distanciamento. Descreve os esforços que os indivíduos fazem para


separar a situação e esquecer o problema, não lhe dando importância
nem levá‐lo a sério, criando um ponto de vista positivo, de modo a
parecer que nada ocorreu.

A estratégia de enfrentamento distanciamento é referida por Hay e Oken


(1972) e Maslach e Pines (1997) como sendo a mais usada pelos trabalhadores de
serviços humanos na hora de enfrentar o stress que se adquire neste tipo de
trabalho. O neuroticismo baixo, é considerada a única variável da personalidade
que influi no distanciamento, sendo que significa que os mais estáveis
emocionalmente, se distanciam dos problemas que não podem resolver
esforçando‐se por separá‐los da situação de modo a criar um ponto de vista
positivo.

 Autocontrolo e aceitação da responsabilidade. Como estratégias de


enfrentamento, fazem a descrição dos esforços para regular os próprios
sentimentos, partilhando os problemas com os outros de maneira a não
precipitar as acções. Estudos realizados, evidenciam que os homens
perante situações stressantes, são os que mais utilizam o autocontrolo
Morán (2005).

95 
Nos mesmos estudos, as duas variáveis de personalidade que estão
associadas a este modo de enfrentamento, são a amabilidade alta e a crença na
sorte. O autocontrolo alto, está associado à dimensão despersonalização, da
síndrome de burnout, ou seja, as pessoas que não expressam os seus sentimentos
e que controlam a sua conduta são levadas a distanciar‐se mais das pessoas e a
tratá‐las de forma mais impessoal e desconsiderada (Morán, 2005).

 Procura de apoio social. Caracteriza‐se pelos esforços que o indivíduo faz


na procura de outras pessoas quando está perante situações stressantes.
Para Lazarus e Folkman (1984), esta maneira de enfrentamento pode‐se
considerar dirigido ao problema e à emoção.

Morán (2005) refere que sempre que a procura de apoio social se dirige à
solução do problema considera‐se que as razões são instrumentais, ou seja, a
procura incide em profissionais da área com o intuito de encontrar em conjunto,
soluções para o problema. Em contrapartida, sempre que a procura incide em
encontrar alguém em quem confiar para partilhar o conflito, estamos perante um
modo de enfrentamento dirigido às emoções.

 Reinterpretação positiva. Descreve os esforços que são desencadeados de


modo a dar um significado positivo à situação stressante, com o intuito de
um desenvolvimento pessoal. Morán (2005) considera que a pessoa não
vive o problema de forma dramática, mas pelo contrário, encara‐o de
uma maneira positiva retirando vantagens para poder aprender com ele.

A autora, refere que os estudos demonstram que este modo de


enfrentamento é mais utilizado por mulheres, e que a reavaliação positiva com
valores baixos aparece como variável indutora da dimensão despersonalização do
burnout. Estes resultados, levam a concluir que não é feito um esforço para dar
significado positivo às situações stressantes, fazendo por isso, mais uso de atitudes
de despersonalização.

Relativamente à actividade docente Marques Pinto e Lopes da Silva (2005),


num estudo realizado com professores portugueses, verificaram que o
desenvolvimento de estratégias de coping adequadas pode ser eficaz na melhoria
96 
da actividade docente e que, de uma maneira geral, os professores as utilizavam.
No estudo foi concluído que as estratégias mais utilizadas eram as centradas na
resolução de problemas, que incluíam a planificação, reinterpretação positiva e o
coping activo e estratégias globalmente adaptativas e funcionais.

Da mesma forma, apuraram que também utilizavam muito outras


estratégias de regulação emocional, como a procura de apoio social ou a expressão
de emoções, estratégias que podem ser menos funcionais em situações que
obrigam a estratégias mais activas. Os professores utilizavam muito pouco as
estratégias de coping de negação e de evitamento, uma vez que são as mais
disfuncionais.

Mais recentemente Folkman e Moskowitz (2000), explicam que as


abordagens contextuais do coping convergem em aspectos tais como: o coping com
múltiplas funções incluindo, a regulação do stress e a gestão dos problemas que
causam o stress; o coping como influência na avaliação das características do
contexto de stress incluindo a sua controlabilidade; o coping influenciado pelas
características de personalidade, incluindo o optimismo, o neuroticismo e a
extroversão; e o coping influenciado pelos recursos sociais.

2.6. O ENFRENTAMENTO SEGUNDO CHARLES CARVER


Os autores Carver, Scheier e Weintraub (1989), partem da perspectiva de
Folkman e Lazarus (1980), e da medida clássica desenvolvida por eles sem se
proporem alterar o modelo acrescentando, no entanto, alguns aspectos.

Os autores, referem‐se a estilos de coping ou coping natural (disposition)


para designar modos estáveis de coping que as pessoas utilizam em situações
stressantes com que se confrontam. Perante esta perspectiva, acrescentam que as
pessoas possuem um conjunto de estratégias de coping que se mantêm
relativamente fixas através do tempo, situações e circunstâncias, salientando que
há modos preferidos de coping em função das dimensões de personalidade.

97 
Carver et al. (1989), embora reconheçam a distinção entre coping focado no
problema e coping focado nas emoções, referem que a distinção é mais complexa,
particularmente com a emergência de mais do que estes dois factores.

Os autores, referem que o coping focado no problema, predomina quando as


pessoas sentem que pode ser feito algo de constructivo, e que o coping focado nas
emoções predomina quando as pessoas sentem que o stressor tende a persistir.
Assim, os autores interessaram‐se por alguns aspectos controversos do conceito de
coping.

Tradicionalmente o coping é considerado um processo dinâmico que se


altera de uma fase para outra na transacção conforme a situação stressante. Nesta
perspectiva, um estilo de coping seria prejudicial porque a pessoa utilizaria modos
estereotipados de coping em vez de escolher e ajustar a resposta a situações em
mudança. Neste sentido, Carver et al. (1989) interessam‐se pelo papel que as
diferenças individuais podem ter no coping, e referem que há duas maneiras de
pensar esta relação.

Por um lado, há modos estáveis (traços/carácter) ou estratégias de coping


preferidos que as pessoas apresentavam perante as situações stressantes que
tivessem de enfrentar, e que se manteriam relativamente fixos ao longo do tempo e
das circunstâncias. Os autores, justificam esta perspectiva dizendo que as pessoas
quando adoptam o coping o fazem a partir de experiências anteriores. Por outro
lado, há características de personalidade que predispõe as pessoas para o uso de
determinadas formas de coping.

Perante um estudo realizado por Carver et al. (1989), as pessoas


evidenciaram que utilizam de maneira consistente determinadas estratégias de
enfrentamento e que essas preferências se relacionam, de maneira sistemática,
com variáveis de personalidade. Os resultados do estudo, levaram a concluir que é
importante ter em conta as tendências ou disposições estáveis do enfrentamento e
que as variáveis de personalidade tais como o optimismo‐pessimismo, auto estima,
locus de controle e ansiedade‐traços apresentaram correlações significativas com
os modos de enfrentamento.

98 
Na mesma linha de pensamento encontramos que Houtman (1990) e David
e Suls (1996) defendem que os traços de personalidade predispõem a condutas
específicas de coping relativamente estáveis. Outros estudos realizados (Morán,
2005) apresentam resultados que sugerem que os traços da personalidade
influenciam as estratégias que as pessoas preferem na hora de resolver problemas
com stress.

A perspectiva defendida por Carver et al. (1989), contraria de certo modo a


posição clássica defendida por Folkman e Lazarus (1986), que assumem que é
pouco provável que os traços da personalidade predigam o coping. Contudo,
Folkman e Moskowitz (2000), consideraram a importância da personalidade no
coping. No estudo de Carver et al. (1989, pg. 281), os autores afirmam “que os
resultados sugerem a possibilidade de que os traços de personalidade e estratégias de
coping têm um papel no coping situacional, papéis que podem ser de algum modo
complementares em vez de rivais”.

Perante o referido, Carver e Scheier (1981, 1990) e Carver et al. (1989)


desenvolveram um modelo de coping multidimensional e elaboraram um
questionário – COPE – com o objectivo de avaliar as estratégias de coping que as
pessoas utilizam para enfrentar as situações stressantes.

Os autores, ao elaborarem o COPE como um questionário de enfrentamento


multidimensional, formaram‐no por cinco escalas que mediam o coping centrado
no problema (coping activo, planificação, eliminação de actividades interferentes,
enfrentamento restringido e procura de apoio instrumental por razões
instrumentais), cinco escalas que mediam o coping centrado nas emoções (procura
de apoio instrumental, expressão de emoções, reinterpretação positiva e
crescimento, aceitação e religião) e três escalas que mediam respostas de coping de
menor utilidade (desconexão da conduta, desconexão mental e negação).

O COPE (Carver et al., 1989), era um questionário muito grande e que


causava cansaço aquando do seu preenchimento. Em 1997, Carver, decidiu criar
uma versão reduzida – “The Brief COPE”.

99 
Este novo questionário, propõe‐se responder à necessidade de medidas que
avaliem adequadamente qualidades psicológicas importantes de um modo mais
breve possível. Apresenta algumas modificações nas escalas, quer em
nomenclaturas, quer em conteúdo, e é composto por catorze escalas, e cada uma
delas com dois itens.

As escalas que compõem o novo questionário são coping activo,


planificação, suporte instrumental, suporte emocional, religião, reinterpretação
positiva, auto culpabilização, aceitação, expressão de sentimentos, negação, auto
distracção, desinvestimento comportamental, uso de substâncias e humor.

 Coping activo. É um estilo de enfrentamento que executa determinados


passos com o intuito de tratar, de eliminar ou reduzir o stressor e de
melhorar seus efeitos. Este estilo leva à iniciação da acção directa, ao
aumento do esforço, e ao intento de executar um enfrentamento que se
adapte de maneira gradual e ocorre durante a fase de enfrentamento.

 Planificação. Esta estratégia implica uma relação nas estratégias de


acção, tal como pensar que passo tomar e qual a melhor forma de
manobrar o problema. Esta actividade está claramente enfocada no
problema, porém diferencia‐se conceitualmente de realizar uma acção
enfocada no problema. A planificação ocorre na avaliação secundária.

 Suporte instrumental. Pode ser considerado como relevante no


enfrentamento enfocado no problema. A pessoa pode procurar apoio
social por dois motivos. Por um lado a procura de apoio social por razões
instrumentais e a procura do conselho, ajuda e informação, ou seja, um
enfrentamento focado no problema. Por outro lado, a procura de apoio
social por razões emocionais, conseguir o apoio moral, compreensão e
entendimento, ou seja, um enfrentamento focado na emoção.

 Suporte emocional. É considerado um modo de enfrentar a situação


stressante através do pedir ajuda moral, de simpatia e de compreensão,
ou seja, é um aspecto do enfrentamento centrado na emoção.

100 
Esta tendência pode ser considerada como perigosa, na medida em que se
um indivíduo que está inseguro devido a uma situação stressante pode ser
confortado ao obter este tipo de apoio. No entanto, pode desencadear um retorno
no enfrentamento centrado no problema. Por outro lado, as fontes de simpatia, são
usadas mais como desabafo para aliviar os próprios sentimentos, o que por vezes
nem sempre resulta ser uma resposta adaptativa.

 Religião. É um estilo de enfrentamento que poderia ser bastante


empregado por muitas pessoas. Um sujeito poderia apoiar‐se na religião
com baixa tensão por vários motivos: a religião poderia servir como uma
fonte de apoio emocional, como um veículo para a interpretação positiva
e crescimento ou como uma táctica de enfrentamento activo com um
stressor.

Assim, a princípio seria possível ter múltiplas escalas relacionadas com a


religião que avalia cada uma dessas funções potenciais. Os autores de COPE
optaram por uma escala que avalia de modo geral a tendência de usar a religião em
situações de tensão.

 Reinterpretação positiva. Descreve os esforços para dar um significado


positivo à situação, potenciando desde ela um desenvolvimento pessoal.

É um estilo de enfrentamento positivo, que segundo Lazarus e Folkman


(1984), é considerada como um tipo de enfrentamento enfocado na emoção: o
enfrentamento apontava as emoções de angústia para o stressor em si, ou seja, a
interpretação desta tendência não está limitada na redução do sentimento
angústia. Isto é, interpretar uma transacção stressante em termos positivos deve
levar a pessoa intrinsecamente a continuar a accionar o enfrentamento activo.

 Auto culpabilização. Descreve a atitude do sujeito em atribuir a si próprio


responsabilidade de determinados feitos negativos.

Foi introduzida por Carver no COPE Breve porque na análise de resultados


demonstrou ser um bom preditor do mau ajuste ao stress (McCrae e Costa, 1987).

101 
 Aceitação. Descreve uma resposta funcional de enfrentamento, de forma
que a pessoa que aceita a realidade de uma situação stressante apresenta
uma tentativa de enfrentar a situação.

 Expressão de sentimentos. É um estilo de enfrentamento no qual o sujeito


se centra nas emoções.

A tendência de centrar‐se no que o angustia, transtorna e faz experimentar


e tentar resolver esses sentimentos pelo que a resposta pode ser, às vezes,
funcional, por exemplo, quando uma pessoa usa um período de luto para
acomodar‐se da perda de um ente querido e depois segue em frente. No entanto,
há razão para suspeitar, se o centrar‐se nessas emoções ocorrer durante um
período extenso, o que pode impedir o reajuste, e por conseguinte a resposta
perante o stressor.

 Negação. Esta estratégia é considerada algo polémica na medida em que


se sugere que a negação é útil, uma vez que reduz ao mínimo a angústia e
facilita o enfrentamento.

Há autores que argumentam que a negação somente cria problemas


adicionais, a não ser que o stressor possa ser ignorado, ou seja, negando a realidade
da situação o que permite torná‐la mais séria o que leva a um enfrentamento mais
difícil.

Um outro ponto de vista é que a negação é útil nas primeiras etapas da


situação stressante, porém impede o seu enfrentamento mais tarde. Embora o
termo negação tenha várias interpretações possíveis, foi definido como retrocesso
de acreditar que o stressor existe e com a intenção de actuar como se o stressor
não fosse verdadeiro.

 Auto distracção. Ocorre quando uma ampla variedade de actividades é


empregada para distrair a pessoa de pensar no objectivo com o qual o
stressor interfere.

102 
A auto distracção inclui actividades alternativas que se usam para libertar a
mente do problema, tal como o sonhar “acordado”, a evitação mediante o sonho,
entre outras.

 Desinvestimento comportamental. Descreve uma tendência de


enfrentamento que pode ser disfuncional em muitas circunstâncias. O
esforço do sujeito reduz‐se para combater o stressor, incluindo a
tentativa de abandonar o ganho dos objectivos nos quais o stressor
interfere.

A restrição da acção reflecte nos fenómenos que são também identificados


como desamparo. Na teoria, o desinvestimento comportamental ocorre com maior
probabilidade quando se espera pobres resultados do enfrentamento.

 Uso de substâncias. É um estilo de enfrentamento proposto através do


uso de substâncias como o álcool e as drogas.

Neste estilo o sujeito procura o escape da situação stressante mediante o


uso de substâncias externas ao próprio organismo que persegue um estado de
consciência alterado, que por um lado está virado para o enfrentamento centrado
no problema e por outro lado para o enfrentamento centrado na emoção.

 Humor. É um modo de enfrentamento que pretende actuar como


amortecedor e minimizar o agente stressor e os efeitos do stress por ele
criado.

Carver entende esta estratégia como a capacidade de tonar‐se numa


maneira distendida e divertida perante as situações stressante

103 
CAPITULO 3. STRESS PERCEBIDO, CANSAÇO EMOCIONAL E
AUTOEFICACIA

O stress é um termo cada vez mais utilizado na sociedade actual. As


sociedades modernas, com ritmos de trabalho intensos e marcados pela
competitividade, desenvolvem nos indivíduos sentimentos de pressão, com
consequências ao nível da sua saúde individual, da família e do desempenho
profissional.

Apesar de ser um termo técnico, faz parte do vocabulário da população em


geral, sendo utilizado quer para descrever momentos de desconforto, quer
situações agradáveis que geram alguma ansiedade.

Em termos filológicos, o termo stress provém do verbo latino stringere, que


tem como significado apertar, comprimir, restringir e, apesar de em português não
existir uma tradução para este termo, na língua inglesa esta expressão já é
utilizada desde o século XIV, sendo utilizada para exprimir uma pressão de
natureza física (Vaz Serra, 1999), mas ainda desprovida de significado formal
enquanto constructo (Carochinho, 1999).

De acordo com Lipp (2002), o stress é um estado geral de tensão fisiológica


e mantém uma relação directa com as adversidades do ambiente. Segundo o autor,
o stress que cada indivíduo experimenta é modulado por factores contribuintes
que vão desde as características pessoais de cada um, estilos de relacionamento
social no ambiente de trabalho, clima organizacional e condições gerais onde o
trabalho é executado, passando pela experiência, nível de habilidade e autoestima.

Para Selye (1956), o stress manifesta‐se através do “Síndrome Geral de


Adaptação”, que consiste num conjunto de alterações não específicas que ocorrem
quando o sistema biológico é exposto a estímulos adversos. O stress desenvolve‐se
ao longo de três fases: fase de alerta ou reacção de alarme, considerada a resposta
geral do organismo a um estímulo stressor, quer seja um estímulo agressivo ou
extremamente reforçador. Na fase de alerta encontram‐se as alterações que

104 
representam a expressão fisiológica da ativação do sistema imunológico do
organismo.

A fase de resistência, considerada quando o organismo obtém sucesso nas


suas respostas fisiológicas iniciais, mas o estímulo stressor permanece. Esta fase,
consiste na adaptação do organismo à situação desencadeadora na fase inicial,
acrescida de um enorme gasto de energia ocasionando um desgaste maior do que o
usual.

Finalmente, a fase de exaustão, que coincide com o colapso dos mecanismos


de adaptação, uma vez que se esgotam os recursos individuais para enfrentar o
stress. O autor defende que se o organismo continuar exposto à situação de stress
já não consegue reagir com respostas de adaptação e resistência, mas sim com a
morte. No modelo de Selye há uma mera associação entre um acontecimento e um
resultado, não se considerando qualquer processo psíquico ou social a mediar
(Paúl & Fonseca, 2001; Sacadura‐Leite & Uva, 2007).

Uma das primeiras teorias acerca do stress psicológico foi apresentada por
Lazarus (1996), na qual o autor refere que o efeito que o stress tem sobre uma
pessoa se baseia fundamentalmente na sensação de ameaça, de vulnerabilidade e
na capacidade de enfrentar o stress que essa mesma pessoa tem em situação
stressante. Relativamente à Perspectiva Psicológica, o autor valoriza a
interpretação individual do significado dos acontecimentos bem como a avaliação
dos recursos de que dispõe para lidar com a situação geradora de stress.

Segundo Morán (2005), e de acordo com o pressuposto referido, é mais


importante a interpretação que cada indivíduo faz das situações stressantes do que
experimentar as circunstâncias, na medida em que não é o agente stressor o que
define o stress, mas sim a percepção que o indivíduo tem sobre a situação.

Na interpretação referida, são fundamentais os factores cognitivos que


levam à avaliação da situação como agradável ou lesiva para a pessoa (Paúl &
Fonseca, 2001). O stress é, nesta perspectiva, entendido na relação entre a pessoa e
o ambiente e nas transacções entre estes dois contextos. Lazarus defende, assim, o
Modelo Transaccional do stress, nomeando como objecto principal de estudo as

105 
situações indutoras de stress e sobretudo, a forma como as pessoas as avaliam e
como lidam com elas.

Segundo Lazarus e Folkman (1984), as situações indutoras de stress


pertencem a três categorias:

1. Ameaça, que diz respeito a uma antecipação de uma situação


desagradável que pode vir a acontecer mas que ainda não surgiu.
2. Dano, que se refere a algo que já aconteceu, e ao indivíduo resta apenas
tolerar ou reinterpretar as consequências do acontecimento.
3. Desafio, que representa uma circunstância em que o indivíduo sente que
as exigências estabelecidas podem ser alcançadas ou ultrapassadas.

De uma forma geral, podemos assumir que as experiências expostas a


situações de stress provocam uma resposta de stress, que Vaz Serra (1999),
sintetizou‐a em quatro níveis:

1. Alterações biológicas.

Relativamente às alterações biológicas, as investigações realizadas por


vários autores (Kelly, 1980; King, Stanley & Burrows 1987; Lacey, 1967 e Mason,
1971) sugerem que as respostas biológicas do organismo são inespecíficas, tal
como defendia Selye, no entanto são influenciadas pela avaliação (psicológica) que
é feita do acontecimento. As consequências mais prejudiciais para a pessoa situam‐
se ao nível dos aparelhos cardiovascular e gastrointestinal, do sistema imunitário,
das funções de crescimento e reprodutivas, podendo desenvolver‐se transtornos
psiquiátricos, em particular estados de depressão e ansiedade.

2. Alterações cognitivas.

Ao nível das alterações cognitivas, o indivíduo é levado a fazer


interpretações incorrectas sobre o que está acontecer. Experimenta dificuldades
no processo de tomada de decisão, diminui a tolerância à frustração e aumenta os
níveis de ansiedade e os pensamentos catastróficos, levando a uma diminuição da
atenção e consequente dificuldade de retenção da informação. Devido a estes

106 
transtornos cognitivos, o stress pode tornar‐se um causador de acidentes,
nomeadamente no trabalho.

3. Alterações do comportamento observável.

As alterações do comportamento de uma pessoa em situação de stress são


observáveis, essencialmente, ao nível do desempenho, partindo‐se do princípio
que quanto maior for a sua intensidade, pior é o desempenho. Também há um
aumento da dificuldade de tomada de decisão, podendo a pessoa tornar‐se mais
agressiva ou mais passiva na resolução dos seus problemas. Os comportamentos
aditivos (recurso a drogas, tabaco, comida) são também observáveis como forma
de reagir ao stress. Em termos profissionais, estes comportamentos podem
originar conflitos ou mal‐estar no local de trabalho, com consequente absentismo e
desmotivação.

4. Emoções.

As emoções evocadas nas situações de stress, têm uma função motivadora e


desempenham um papel muito significativo, uma vez que indicam como a pessoa
está a avaliar determinada situação, ajudando a compreender o seu
comportamento face a ela. Lazarus (1996) considera que existem 15 tipos de
emoções que podem ocorrer durante o stress, salientando que as situações de
stress podem desencadear emoções negativas ou positivas. As emoções negativas
são a cólera, a inveja, o ciúme, a ansiedade, o medo, a culpabilidade, a vergonha e a
tristeza. As emoções de tonalidade mais positiva são a esperança, a felicidade, o
orgulho, o amor, a gratidão e a compaixão. Estas emoções aparecem
particularmente quando a situação desagradável cessa.

3.1. PROCESSOS DO STRESS


Lazarus e Folkman (1986) referem que há dois processos com grau de
incidência, mediante os quais o stress afita as pessoas: o processo de avaliação e o
processo de enfrentamento. Por avaliação considera‐se o processo cognitivo que
valoriza as situações como favoráveis, perigosas ou inofensivas. Por

107 
enfrentamento, entende‐se a resposta emocional e comportamental desenvolvida
pelo sujeito perante um acontecimento.

O processo de avaliação é o que avalia, aprecia, dá significado e importância


a uma situação e a considera perigosa ou favorável para o bem‐estar do indivíduo.
Segundo Lazarus e Folkman (1986), podem‐se identificar três classes de avaliação
cognitiva: avaliação primária, secundária e reavaliação.

Relativamente à avaliação primária, o sujeito realiza uma apreciação da


nova situação podendo considerá‐la como irrelevante, benigna ou stressante. Se o
indivíduo considera que a situação é stressante pode interpretá‐la sob três formas:

1. Perigo, quando se refere a prejuízo ou dano que o indivíduo sofreu no


passado e que pode vir a sofrer agora.
2. Ameaça, quando é considerada a antecipação do perigo.
3. Desafio, quando se faz referência à confiança que a pessoa tem em poder
superar situações difíceis.

Brannon e Feist (2001), mencionam que a avaliação secundária é entendida


como a apreciação relativa ao que se deve e se pode fazer. Perante a situação, o
indivíduo analisa a sua capacidade para controlar ou enfrentar o perigo, a ameaça
ou o desafio, o que inclui a avaliação da possibilidade de aplicar, com eficácia,
algumas das estratégias de enfrentamento e de avaliação das consequências, que o
uso dessa mesma estratégia pode ter nesse contexto. Sempre que as pessoas
consideram que são capazes de fazer algo para lidar com a situação e quando
crêem que vão lidar com ela com êxito, o stress é reduzido.

A terceira fase diz respeito à reavaliação, entendida como a troca efectuada


numa avaliação prévia a partir da nova informação recebida no ambiente do
próprio sujeito. Em algumas situações a reavaliação é o resultado de esforços
cognitivos de enfrentamento.

Outro conceito estritamente relacionado com o da avaliação cognitiva é o da


vulnerabilidade, sendo que esta é determinada pela importância da ameaça
implícita na situação, sendo também racional. Uma pessoa vulnerável, em termos

108 
de recursos de enfrentamento, é considerada aquela cujos recursos são
insuficientes, pelo que a vulnerabilidade psicológica não é determinada
unicamente por um défice de recursos, mas também pela importância que
determinadas consequências têm para o indivíduo.

Os processos de apreciação cognitiva do stress não são necessariamente


conscientes. Eles influenciam particularidades perceptivas, avaliações automáticas,
mecanismos defensivos, recordações anteriores e respostas emocionais, que
pertencem ao mundo do inconsciente, pelo que podem ser determinados por
dados que o indivíduo nem sempre tem na consciência.

As características formais, das situações que enfrentam o processo de


avaliação ou apreciação que o indivíduo realiza perante uma situação, têm que ver
não só com a novidade da situação, a previsibilidade e a incerteza, mas também
com factores temporais tais como a aproximação e a duração. As características
referidas é que determinam se a situação é considerada perigosa ou ameaçante
(Lazarus & Folkman, 1986).

O processo de enfrentamento é definido por Lazarus e Folkman (1986),


como sendo um conjunto de esforços cognitivos e de conduta constantemente em
alteração. Desenvolvem‐se para manipular as situações específicas internas ou
externas que são valorizadas como situações que excedem ou superam os recursos
de uma pessoa. Sempre que uma pessoa valoriza ou avalia uma situação como
prejudicial ameaçante ou de desafio, elabora imediatamente uma potencial
resposta de enfrentamento.

Neste processo, existem características importantes tais como o


enfrentamento que cada indivíduo utiliza predominantemente para resolver as
situações problemáticas (Lazarus, 2000). Outra das características é o facto de que
o enfrentamento não é automático, é susceptível de ser apreendido. Finalmente,
uma outra característica tem a ver com o esforço que o enfrentamento requer e
que é dirigido para conduzir a situação, mais que em certas ocasiões requer um
esforço para se adaptar a ela.

109 
Morán (2005), refere que por vezes existe uma confusão entre estratégias
ou modos de enfrentamento e recursos. A autora considera que as estratégias de
enfrentamento são aquilo que as pessoas chamam de reacção a um stressor
específico, que ocorre num contexto concreto e referem‐se a condutas que têm
lugar após a aparição do stressor ou em resposta a stressores crónicos. Os recursos
de enfrentamento agem como possibilidades de acção ou de conduta que o sujeito
põe ou não em funcionamento, sendo considerados como um factor amortecedor
para o sujeito.

Uma resposta de stress depende, quer das exigências da situação que a


provoca, bem como da percepção que a pessoa tem dos recursos e aptidões de que
dispõe para a enfrentar. Não tem que ser encarada, obrigatoriamente, como
negativa, devendo ser considerada como um recurso que o organismo dispõe para
fazer frente a situações que se supõem excepcionais. Neste sentido, pode ser útil e
constituir uma fonte de impulso que faz com que o indivíduo tome decisões e
resolva problemas, constituindo um incentivo de realização profissional e pessoal
(Labrador, 1992; Vaz Serra, 1999).

3.2. O STRESS PERCEBIDO


O conceito de stress ocupacional tem vindo também a ocorrer no âmbito
académico e utiliza‐se para designar o impacto que o sistema educativo provoca
nos estudantes, através das pressões, ameaças e exigências excessivas
relativamente na forma de recursos insuficientes para acolher as necessidades.
Embora seja importante a sua incidência sobre o bem estar e a saúde, os estudos
ainda são escassos neste âmbito.

O stress académico é um processo sistémico de carácter adaptativo e


essencialmente psicológico, que se apresenta essencialmente sob três momentos,
tal como já referido por Lazarus e Folkman (1984), como sendo as situações
indutoras de stress. No primeiro momento o aluno vê‐se submetido num novo
contexto escolar, a uma serie de ameaças que, baixam a sua autoestima, sendo
essas ameaças consideradas os stressores. No segundo momento esses stressores
provocam um desequilíbrio sistémico, ou seja, situação stressante que se manifesta

110 
numa serie de sintomas e que obriga o aluno a realizar acções de enfrentamento
para renovar esse mesmo desequilíbrio.

Este fenómeno implica a correlação de variáveis que estão relacionadas:


stressores académicos, experiência subjectiva de estress, moduladores do stress
académico e os efeitos do stress académico. Todos estes factores surgem num
mesmo ambiente institucional: a Universidade, a qual representa um conjunto de
situações altamente stressantes às quais os estudantes universitários estão
submetidos devido a experimentar uma falta de controle, ainda que transitório,
sobre o novo ambiente, o qual poderá ser potencialmente gerador de stress e
potencialmente gerador do fracasso académico (Martín, 2007).

A exposição contínua ao stress pode deteriorar de forma progressiva o


funcionamento do organismo com a consequente aparição de problemas de saúde
e percepção de cansaço emocional, o qual se acompanha geralmente de
sentimentos de depressão e ansiedade (Brannon & Feist, 2001; Gil‐Monte, 2005;
González‐Ramírez & Landero‐Hernández, 2007; Lazarus, 2000), e de autoeficácia
percebida (Salanova, Bresó & Schaufeli, 2005).

Caballero, Abello e Palacios (2007), referem que o stress nos estudantes


universitários intromete‐se no funcionamento académico, de forma a dificultar
processos cognitivos de grande relevância como é o caso da atenção e da
concentração, que vão favorecendo o abandono de condutas adaptativas tal como a
dedicação ao estudo e a assistência das aulas.

Nesta linha de pensamento Martín (2007), aponta o stress nos estudantes


com um potencial efeito negativo sobre o processo de aprendizagem, quer sobre o
seu bem estar psicológico quer sobre o seu estado de saúde (Sarid, Anson, Yaari &
Margalith, 2004).

Martín (2007) refere que apesar de existiram ainda poucos trabalhos sobre
o stress académico, já foi verificado, através de estudos realizados por Muñoz
(1999), a existência de índices notáveis de stress na população universitária, sendo
estes índices mais altos nos primeiros dois anos dos cursos e nos períodos
imediatamente anteriores aos exames.

111 
A autora menciona que no seu estudo foram destacados como stressores
académicos mais importantes as notas finais, o excessivo trabalho para casa, os
exames e o estudo que deve ser efectuado para os mesmos. Em estudos realizados
por Carlotto, Camara e Brazil (2005), foram evidenciados os mesmos stressores. No
entanto foram encontrados em outros estudos (Carlotto et. al., 2005; Misra &
McKean, 2000; Peñacoba & Moreno, 1999), stressores académicos também
importantes tais como a preocupação pelo desempenho, o processo de adaptação
ao ambiente universitário, as exigências dos estudos, as notas finais, o excessivo
trabalho de casa, os exames e o estudo para os mesmos bem como a incerteza
relativamente ao futuro.

Cabanach, Fariña, Freire, González e Ferradás (2013), referem que a


literatura existente sugere que o género incide de forma significativa na
experiência de stress em contextos académicos. Em alguns estudos referenciados
pelos autores (Brimblecombe & Ormston, 1996; Calais, Andrade & Lipp, 2003;
Romero, 2009; Yune, Park, Chung & Lee, 2011), os dados indicam que as mulheres
apresentam maiores níveis de stress percebido que os homens.

Esta diferença de reactividade e vulnerabilidade ao stress pelas mulheres


poderia explicar‐se devido à sua maior preocupação em agradar aos adultos,
especialmente aos pais e professores (Cabanach et al., 2013), ou devido à sua
maneira de aproximar‐se e processar a avaliação (Cabanach et al., 2013).

3.3. VARIÁVEIS MODULADORAS DO STRESS ACADÉMICO


As pessoas enfrentam as situações stressantes de diferentes maneiras o que
por sua vez apresenta um efeito modulador nas consequências que essas situações
têm sobre a saúde (Jiménez‐Torres, Martínez, Miró & Sánchez, 2012). De entre os
diferentes factores implicados no stress académico pode‐se incluir os biológicos
(idade e o sexo, psicossociais (padrão de conduta, estratégias de enfrentamento,
apoio social, entre outros), psicosocioeducativos (autoconceito académico, tipo de
estudos, curso, características e factores próprios da instituição educativa,
metodologia de ensino, entre outros) e socioeconómicos (o lugar da residência e
utilização de bolsa de estudo).

112 
Estas variáveis mediadoras incidem em todo o processo do stress, desde o
surgir de factores causais, até às próprias consequências, pelo que umas e outras
podem contribuir para que se enfrente o stressor com maiores probabilidades de
êxito (Labrador, 1995).

Existe um conjunto de variáveis de predisposição pessoal, relativamente


estáveis, que modulam as reacções do indivíduo perante as situações stressantes.
Estas variáveis podem explicar as diferenças individuais que cada um apresenta
nas reacções de stress (Sandín, 1995), e são diversas tais como a autoeficácia, locus
de controle, indefensão aprendida, autoconceito e valores, entre outros (Limonero,
Tomás‐Sábado, Fernández‐Castro & Aradilla, 2008).

O autoconceito académico é entendido como um conjunto de


conhecimentos e atitudes que os estudantes têm deles próprios, as percepções que
adjudicam a si mesmo e as características ou atributos que usam para se
descreverem (Martín, 2007).

O estudo do autoconcepto e importante devido à possível relação com o


rendimento académico dos estudantes, uma vez que em estudos desenvolvidos por
González‐Pienda et al. (2000), Vale et al. (1999) foram encontrados resultados que
apontaram para relação positiva com o rendimento dos estudantes, com a sua
motivação para o estudo e com o seu estado de saúde e bem‐estar, e uma relação
negativa com a ansiedade da avaliação, nível de stress academicamente percebido
e a reactividade do dito stress.

Um outro aspecto mencionado por Martín (2007) consistio em os


resultados de estudos desenvolvidos por Carmel e Bernstein (1990), nos quais foi
considerado o curso como uma variável relevante, uma vez que foram encontradas
correlações positivas existentes entre o aumento do nível académico e as
diferentes experiências e graus do stress académico.

Os mecanismos e níveis de acção das variáveis moduladoras do stress


académico podem ser diversos bem como actuam em diferentes níveis como é o
caso da avaliação cognitiva, as estratégias de enfrentamento e as respostas

113 
fisiológicas e emocionais. No entanto, as dimensões da personalidade medeiam a
relação existente entre stress e saúde.

Segundo estudos desenvolvidos por Peiró e Salvador (1993) chegou‐se à


conclusão de que as características da personalidade mais propensas a padecer
stress laboral, como sejam a baixa autoestima e lugar de controle externo, têm
mais a padecer da síndrome de burnout com maior frequência. Por outro lado, os
sujeitos com personalidade resistente experimentam‐no com menos frequência.

O burnout é mais alto entre indivíduos com locus de controle externo, ou


seja, os que atribuem os sucessos e os êxitos ao poder de outras pessoas ou à
casualidade, e mais baixo aos que apresentam lugar de controle interno, aqueles
indivíduos que atribuem os êxitos ao próprio esforço e habilidades.

Em relação às estratégias utilizadas para enfrentar o stress e o burnout os


resultados de investigações efectuadas são similares, verificando‐se que as
estratégias de confronto associam‐se com a dimensão de eficácia. Num outro
estudo, verificou‐se que o burnout se relacionou com baixa autoestima (Morán,
2009).

A autora refere que, segundo estudos desenvolvidos por Semmer em 1996,


confirmam que níveis baixos de resistência, baixa auto estima, lugar de controle
externo e uma utilização de estratégias de evitação constituem o perfil típico do
indivíduo propenso ao stress.

3.4. CONSEQUÊNCIAS A CURTO E A LONGO PRAZO


O stress académico suporta variáveis tão diversas como o estado emocional,
a saúde física ou as relações interpessoais, podendo ser vivenciadas de forma
distinta por diferentes pessoas. A partir da revisão dos estudos sobre o stress
académico, podemos distingui‐lo segundo três tipos principais de efeitos: a nível
comportamental, cognitivo e fisiológico. Dentro de cada um destes três tipos,
encontramos por sua vez efeitos a curto e longo prazo.

114 
No que se refere ao nível comportamental, Hernández, Pozo e Polo (1994)
analisaram a forma como o estilo de vida dos estudantes se modifica conforme se
aproxima o período de exames, convertendo‐se assim os seus hábitos em
“insalubres”, ou seja, excesso no consumo de cafeína, tabaco, substâncias
psicoactivas tais como excitantes e, inclusive, em alguns casos, ingestão de
tranquilizantes, o que posteriormente pode levar ao aparecimento de transtornos
de saúde.

Relativamente ao nível cognitivo, Smith e Ellsworth (1987) comprovaram


que os padrões emocionais e de valorização da realidade variavam
substancialmente desde um período prévio ao da realização dos exames até ao
momento do conhecimento das classificações. Por outro lado, os sujeitos do estudo
de Hill et al. (1987, citado por Gump & Matthews, 1999) perceberam
subjectivamente mais stress dentro da época de exames do que fora dela.

Por último, no que diz respeito ao nível fisiológico, são bastante conhecidos
os trabalhos que põem manifestamente a incidência do stress académico sobre
problemas de saúde, por exemplo, Kiecolt‐Glaser e col. (1986), os quais referem
que a supressão de células T e a actividade das células Natural Killers (NK) durante
períodos de exames. Estas situações são percebidas como altamente stressantes
em estudantes universitários. Estas trocas são indicadoras de uma depressão do
sistema imunitário e, por isso de uma maior vulnerabilidade do organismo perante
enfermidades.

Lazarus e Folkman (1984) consideram que stress ocupacional acontece


quando as exigências profissionais excedem os recursos do sujeito. O stress
académico, vivido de forma quase automática no quotidiano da instituição, tem
inevitáveis repercussões na saúde física e mental dos indivíduos, sendo
considerado uma das causas que mais frequentemente determina o mau humor no
indivíduo, com consequentes implicações no ambiente familiar e sobre terceiros
que podem nada ter a ver com o meio institucional (Vaz Serra, 1999).

O stress académico é ainda considerado como a interacção das condições de


trabalho com as características do estudante, de tal forma que as exigências que

115 
lhe são criadas ultrapassam a sua capacidade em lidar com elas, ou seja, esgota as
estratégias para lidar com o stress. O stress constitui assim, uma experiência
desagradável, que está associada a sentimentos de hostilidade, tensão, ansiedade,
frustração e depressão, que são desencadeados por stressores localizados no
próprio ambiente de académico.

Marqueze e Moreno (2005) referem que a insatisfação pode gerar stress


percebido e contribuir com efeito negativo na saúde, uma vez que ocorre quando
há a percepção, por parte do estudante, da sua incapacidade para realizar as
tarefas solicitadas, o que provoca sofrimento, mal‐estar e um sentimento de
incapacidade para enfrentá‐las.

Segundo Lee, Keough e Sexton (2002), o stress percebido pelos estudantes


universitários está influenciado pela falta de relações sociais e pela desvalorização
do clima social vivido. A frequência de elementos stressores na vida académica dos
estudantes universitários tais como os exames, horários e incerteza perante o
futuro contribuem para o aparecimento do stress e cansaço emocional inclusive a
uma deterioração física e mental significativa (Cabanach, Souto Fernández &
Freire, 2011; González & Landero, 2007; Ramos, Manga & Morán, 2005; Peñacoba
& Moreno, 1999).

Desta forma, a dedicação e entrega ao trabalho desvanecem, os estudantes


tornam‐se distantes, tentando não se envolver demasiado no contexto académico.
Na opinião de Maslach, Schaufeli e Leiter (2001) as pessoas que experimentam
burnout, podem apresentar um impacto negativo relativamente aos colegas,
podendo até causar conflitos pessoais e dificultar as tarefas laborais.

Ramos e Buendía (2001), entendem o burnout como um processo que


pressupõe a interacção de variáveis emocionais (cansaço emocional,
despersonalização), cognitivas (falta de realização pessoal no trabalho) e sociais
(despersonalização). Estas variáveis aparecem de forma sequencial e articulada
entre si dentro de um processo mais amplo de stress laboral. Esta particularidade
da síndrome de burnout diferencia‐a de outras respostas ao stress tais como a

116 
fadiga, a ansiedade ou a depressão que podem ser consideradas como estados do
indivíduo e podem aparecer como consequência ou não da síndrome de burnout.

3.5. CANSAÇO EMOCIONAL


O conceito burnout foi definido pelo psiquiatra psicanalista norte‐
americano Herbert Freudenberg em 1974, como sendo um estado de fadiga ou de
frustração resultante do apego a uma causa, a uma forma de vida, ou até mesmo
uma relação que não produz a recompensa esperada (Morán, 2009).

Existem outras definições de burnout, mas a mais referenciada continua a


ser a de Maslach e Jackson (1981), sendo o burnout definido como um cansaço
físico e emocional que leva a uma perda de motivação para o trabalho, podendo
evoluir até à manifestação de sentimentos de inadequação e de fracasso.

Pines e Aronson (1988), desenvolveram uma definição mais ampla, que não
se restringia às profissões de ajuda, considerando o burnout como um estado de
esgotamento mental, físico e emocional, que era produzido pelo envolvimento
crónico com o trabalho em situações que eram emocionalmente exigentes. Maslach
e Leiter (1997) também expandiram o conceito de burnout para além dos serviços
que trabalham com pessoas e redefiniram‐no como uma crise nas relações com o
trabalho e não necessariamente uma crise com as pessoas do trabalho.

Maslach (2003), associa o burnout a um desgaste e deteriorização que


sofrem as pessoas com trabalhos assistenciais em vários campos e disciplinas,
definindo‐o como um síndrome de extenuação emocional, despersonalização e
falta de êxito pessoal, que pode desenrolar‐se em pessoas cujo objecto de trabalho
são as pessoas e em qualquer tipo de actividade.

Maslach e Jackson (1986), identificaram o cansaço emocional, a


despersonalização e a baixa realização pessoal como as três dimensões que o
caracterizam o burnout:

 Cansaço emocional, sintoma da pessoa emocionalmente esgotada nos


seus esforços para enfrentar as situações.

117 
 Despersonalização, caracterizada por uma resposta fria e impessoal
perante as actividades que realiza.
 Baixa realização pessoal e baixa eficácia profissional pelos sentimentos
de incompetência que experimenta.

Ramos (1999) refere que da mesma forma que deparamos com o burnout
profissional, também encontramos burnout em estudantes universitários. Tanto
que nos últimos anos a investigação sobre burnout tem dado maior ênfase à
população estudantil. Autores como González e Landero, (2007), Martínez,
Marques‐Pinto, Salanova e Lopes da Silva (2002), Schaufeli, Martínez, Marques‐
Pinto, Salanova e Bakker (2002), têm desenvolvido estudos principalmente os
estudantes universitários.

Neste âmbito, e segundo refere Pines e Aronson (1988), o cansaço


emocional identifica‐se mais com o burnout, deixando as outras duas dimensões
para segundo plano.

O cansaço emocional nos estudantes universitários caracteriza‐se por um


estado de cansaço mental e emocional devido às solicitações do estudo e do
trabalho. Schaufeli, Leiter, Maslach e Jackson (1996) e Bakker, Demerouti e
Schaufeli (2002) definiram o cansaço emocional como uma dimensão que se
caracteriza por uma perda progressiva de energia, desgaste, esgotamento físico e
psicológico e fadiga. Os estudantes que sofrem de burnout tem a sensação de estar
a abraçar demasiadas coisas e a ter demasiadas exigências, não têm ânimo para as
executar e nada lhes importa. A pressão do tempo para apresentar trabalhos e a
disposição dos horários muito ajustados estão relacionados com a diminuição do
rendimento.

Nesta perspectiva, Fontana (1991) refere que o cansaço emocional nos


estudantes universitários é o que influência negativamente as expectativas de êxito
e falta de maturidade profissional, produzindo baixas expectativas de finalizar os
cursos, tendência ao abandono e pouca preparação para enfrentar o mundo
laboral. Estes resultados foram também verificados em estudos realizados por

118 
González‐Ramírez e Landero‐Hernández (2007), Martínez e Marques Pinto (2005)
e Salanova, Bresó e Schaufeli (2005).

Em relação ao cansaço emocional, o esgotamento é considerado a


manifestação primária da síndrome, ou seja a sua dimensão central. Esta
dimensão, além de ser a que geralmente mais se declara, é a que se estuda de
maneira mais consensual. É naturalmente por esta razão, que o burnout se
identifica fortemente com o esgotamento e por isso alguns investigadores chegam
a argumentar que as outras dimensões são desnecessárias (Pines & Aronson,
1988).

Esta forte identificação do burnout com o esgotamento não é um critério


suficiente para o caracterizar, uma vez que o esgotamento é o componente
individual do burnout, porém não podemos deixá‐lo fora do contexto na medida
em que se perderá completamente a perspectiva deste fenómeno (Ramos, 1999).

O indivíduo utiliza o distanciamento cognitivo desenvolvendo indiferença


ou uma atitude cínica quando estão esgotados ou desanimados. O distanciamento é
considerado uma reacção imediata ao esgotamento, e em toda a investigação sobre
o burnout aparece constantemente a relação entre esgotamento e
despersonalização (Maslach et al., 2001).

Relativamente ao desgaste emocional em estudantes universitários, Ramos,
Manga e Morán (2005) desenvolveram a Escala de Cansancio Emocional (ECE), a
qual consta de dez itens e avalia os últimos 12 meses de vida académica. Os itens
estão baseados nos das escalas de cansaço emocional de Freudenberger, mas desta
escala fazem ainda parte itens desenhados para avaliar o cansaço ou desgaste
emocional dos estudantes universitários, cansaço derivado do nível de exigência e
de esforço para superar os estudos.

3.6. AUTOEFICÁCIA
O conceito de autoeficácia, foi considerado como sendo a crença na própria
capacidade de organizar e executar cursos de acções pretendidas para produzir
determinadas realizações (Bandura, 1997). Pode‐se afirmar que a autoeficácia

119 
compreende um julgamento pessoal de capacidade relativa a um determinado
domínio, não se referindo especificamente à capacidade do indivíduo, mas sim
àquilo em que acredita ser capaz de realizar numa multiplicidade de
circunstâncias. Pesquisas desenvolvidas nesta área, apontam que os resultados
sustentam que as crenças de autoeficácia influenciam o modo como as pessoas
sentem, pensam, se motivam e se comportam.

Esta crença na própria eficácia, ou autoeficácia percebida, pode‐se definir


como sendo os juízos que cada indivíduo faz sobre as suas capacidades, na base
das quais organizará e executará os seus actos de modo a permitir alcançar o
rendimento desejado (Morán, 2005). Considera‐se portanto a autoeficácia, como a
crença nas capacidades que cada um tem, para organizar e executar as classes de
actos requeridos, para conduzir situações de modo a que alcance os resultados
desejados.

Segundo Bandura (1986, 1993, 1997), a autoeficácia produz efeitos


diversos devido a quatro processos:

1. Processos cognitivos, que estão vinculados à antecipação de


consequências das próprias acções.
2. Processos motivacionais, que encaram a quantidade de esforço e de
tempo que uma pessoa emprega numa determinada actividade.
3. Processos afectivos, os quais estão relacionados com as reacções
emocionais dos indivíduos, ou seja, stress e ansiedade que as pessoas
experimentam em situações que consideram difíceis.
4. Processos de selecção, uma vez que as pessoas escolhem o que vão fazer,
de acordo com aquilo que sentem que são capazes de executar com
sucesso.

De acordo com o modelo sociocognitivo de Bandura (1986, 1997), a


autoeficácia exerce um papel na determinação do comportamento e do
pensamento. Em contrapartida, a experiência, as realizações e desempenhos
anteriores, a experiência vicariante, a persuasão social e estados fisiológicos e

120 
afectivos, desempenham um papel importante na origem e no desenvolvimento
das crenças referidas.

Nesta perspectiva, considera‐se a autoeficácia dentro do aspecto cognitivo‐


social, como um mecanismo cognitivo que mede a motivação das pessoas quer nos
padrões de pensamento quer na conduta. As crenças sobre autoeficácia, definidas
como julgamentos das pessoas sobre sua capacidade para executar níveis
determinados, são o produto de um processo complexo de auto persuasão que
depende do processamento cognitivo de diversas fontes de informação de eficácia
(Bandura, 1986).

As experiências, realizações e desempenhos anteriores constituem um


importante factor no desenvolvimento das crenças de autoeficácia, uma vez que a
experiência é a principal fonte de informação sobre as capacidades de um
indivíduo. A experiência vicariante, ou seja, aquilo que se aprende a partir da
experiência dos outros, também influencia o modo como as pessoas consideram as
suas aptidões. A observação do desempenho fornece informações relevantes sobre
os desempenhos que o indivíduo pode realizar.

A persuasão social, também se encontra intimamente ligada ao


desenvolvimento das crenças, uma vez que se encontra vinculada às informações
recebidas pelas pessoas acerca dos seus desempenhos. Em relação aos estados
fisiológicos e afectivos, o seu efeito sobre a autoeficácia é mais limitado, na medida
em que se consideram um factor situacional. Todavia, Bandura (1986) refere que
as pessoas contam com informações não só sobre o seu estado fisiológico, mas
também afectivo, para julgar as suas capacidades.

Segundo Lazarus e Folkman (1986), as avaliações do controlo das situações


referem‐se ao nível em que o indivíduo considera que pode resolver ou modificar
as suas relações stressantes com o ambiente (Morán, 2009). Na presença de um
problema com um agente stressor o indivíduo avalia as dificuldades da situação, os
recursos próprios, as alternativas de enfrentamento e as possibilidades de as
aplicar. Este conceito de controle situacional correlaciona, segundo Palenzuela,
Prieto, Barros e Almeida (1997), com o de autoeficácia de Bandura (1987).

121 
O autor defende que a avaliação exacta das próprias capacidades tem um
importante valor, na medida em que as expectativas de eficácia pessoal podem
influenciar não só a quantidade de esforço a ser utilizado na realização das tarefas
com que os indivíduos se confrontam, mas também o grau de persistência face aos
obstáculos ou experiências desagradáveis.

É frequentemente assinalada a distinção entre dois conceitos distintos de


autoeficácia: expectativas de eficácia pessoal e expectativas do resultado (Bandura,
1986, 2001).

 A expectativa de eficácia pessoal que tem relação directa com o grau de


certeza e convicção pessoal de que é capaz de realizar com sucesso os
comportamentos exigidos para produzir determinado resultado.
 A expectativa do resultado é a probabilidade de que determinado
comportamento conduzirá a certos resultados e está relacionada com as
crenças pessoais.

Com base nas suas crenças de eficácia pessoal é que as pessoas escolhem os
desafios que vão tentar realizar, decidem a quantidade de esforço que vão gastar
para encarar esse desafio e, decidem durante quanto tempo vão manter‐se e ser
persistentes em relação aos obstáculos e dificuldades. Neste sentido, as pessoas
têm de ter forte sentido e percepção de eficácia pessoal para manterem o esforço
que é necessário para serem bem‐sucedidas. Ou seja, as percepções pessoais de
autoeficácia ajudam a promover e a manter o nível de motivação necessária para a
obtenção de altos rendimentos, desde que não sejam exageradas ou irreais.

Entre os mecanismos da acção humana, evidenciam‐se sobretudo as crenças


das pessoas na sua eficácia para regular o próprio funcionamento e para exercer
controle sobre os sucessos que afitam a sua vida (Bandura, 1993). Desta forma as
crenças que as pessoas têm sobre suas capacidades e/ou o exercício de controle
que têm sobre os seus eventos denomina‐se de autoeficácia percebida.

Morán (2005) menciona que um sentido de eficácia pessoal é a base da


acção humana. As pessoas crêem que produzem os efeitos desejados mediante as

122 
suas acções e, apresentarão pouco incentivo para actuar ou para se defender frente
às dificuldades.

Para Bandura (1987, 1993, 1997) as pessoas com uma forte percepção de
autoeficácia experimentam menos stress em situações que requerem mais esforço
pessoal e obtêm a motivação e a persistência para alcançar um determinado
objectivo através de dois processos: os motivacionais, projectados pelo esforço e
perseverança, manifestados na conduta, e pelos mecanismos atribucionais de
enfrentamento, no manejo da ansiedade e do stress perante situações diversas.

A eficácia no enfrentamento das diversas situações do ambiente, além de


conhecer a forma de actuar mais adequada, requer uma capacidade criativa em
que é necessário integrar competências cognitivas, sociais e comportamentais em
cursos de acção com o intuito de conseguir as diversas intenções planeados
(Morán, 2009).

No plano académico, a autoeficácia e o desempenho académico parecem


influenciar‐se mutuamente podendo não só determinar a escolha de actividades, o
estabelecimento de objectivos e também a persistência face a algumas
contrariedades. Neste sentido, a autoeficácia académica pode ser encarada como
um conjunto de crenças e expectativas acerca das capacidades pessoais que
permitem realizar actividades e tarefas, concretizar objectivos e alcançar
resultados no domínio particular da realização escolar.

São vários os estudos no âmbito educativo, que têm vindo a concluir que o
senso de autoeficácia em contexto académico pode ser de grande utilidade para o
planeamento de intervenções. Realçam que o ambiente escolar influencia a
motivação sobretudo através da autoeficácia percebida e da observação de
modelos. Os estudos destacam ainda, a importância de se poder oferecer aos
estudantes ferramentas que lhe permitam desenvolver crenças positivas relativas
às suas próprias capacidades de realização, bem como manter as crenças
motivacionais, mesmo quando a realização é baixa (Bandura, 1997; Pajares, 2002;
Ribeiro, 2007; Neves & Faria, 2007; Ramos, Paixão & Silva, 2007; Teixeira, 2008).

123 
Morán (2009) refere ainda que em muitas situações da vida, a crença de que
somos eficazes para enfrentar com êxito uma determinada tarefa influencia
determinadamente no êxito da mesma. Vencer determinadas dificuldades ou
resolver alguns problemas depende da expectativa de autoeficácia e da crença na
eficácia pessoal, de modo a abordá‐los com resultados positivos.

Os estudos desenvolvidos pela autora mostram que foram encontradas


diferenças em função do género nas expectativas de autoeficácia a favor dos
homens. Os estudos são consensuais que os homens percebem mais o nível de
controle das situações, e são mais capazes de mobilizar os seus recursos para
conduzir as situações e as exigências das tarefas. Pessoas com baixa crença de
autoeficácia são as que manifestam ter maiores níveis de burnout.

A autoeficácia, com base no abordado até aqui, trata‐se da crença do


indivíduo na sua capacidade necessária para organizar e aplicar os tipos de acções
necessárias para lidar com as situações de modo satisfatório, conseguindo os
resultados desejados.

Assim, considera‐se que têm impacto na autoeficácia:

 As coisas que se realiza.


 O esforço que se aplica naquilo que se faz.
 A persistência ao longo do tempo do esforço em questão.
 Como nós nos sentimos.

Bandura (1997) elencou a medida da autoeficácia em três dimensões:


magnitude, força e generalidade. A magnitude refere‐se ao grau de dificuldade das
tarefas que o indivíduo pensa ser capaz de realizar, de forma bem sucedida, para
atingir as metas desejadas; a força corresponde ao grau de convicção que o
indivíduo presume ter para alcançar o êxito; a generalidade corresponde ao
número de territórios nos quais o indivíduo se acha competente.

A autoeficácia, genericamente, é considerada pelo autor supra citado como


uma medida do número de domínios nos quais o indivíduo acredita ser capaz de

124 
um desempenho sucessivamente ascendente, sustentando que um sentido forte de
eficácia reforça o nível de realizações proporcionando bem‐estar ao indivíduo.

A autoeficácia percebida refere‐se às crenças próprias na capacidade de


produzir certos resultados. Um senso de eficácia pessoal é o fundamento da acção
humana, a menos que os indivíduos acreditem na sua capacidade de produzir os
efeitos desejados pelas suas acções, eles terão poucos incentivos para agir ou
perseverar em face das dificuldades a serem enfrentadas. A medida de autoeficácia
é exclusiva para a situação específica que está sendo avaliada. No entanto, pode‐se
avaliar uma expectativa de autoeficácia generalizada, como medido nas escalas
empregadas nesta tese.

125 

SEGUNDA PARTE

A INVESTIGAÇAO EMPIRICA

126 
CAPITULO 4. OBJECTIVOS E METODOLOGIA


4.1. OBJECTIVO GERAL
Como objectivo geral, apresentamos uma abordagem focada em pessoas
que são, neste estudo, estudantes universitários.

Até muito recentemente os investigadores concordavam em que existia


pouca evidência para se poder estabelecer os tipos de personalidade distintos. Mas
vimos amplamente o acordo a que chegaram na maioria dos estudos sobre a
existência de pelo menos três protótipos. Schnabel, Asendorpf e Ostendorf (2002),
confirmam que a solução de três protótipos de personalidade poderia identificar
inequivocamente padrões de indivíduos resilientes, supracontrolados e
infracontrolados, encontrados em estudos anteriores.

De acordo com a linha de estudo de protótipos de personalidade são muitos


os trabalhos que defendem a existência de três protótipos, assentes na base do
Modelo dos Cinco Factores. Quando Asendorpf (2006) descreve os três protótipos,
refere que em todos os estudos se pode identificar claramente um padrão como
resiliente (baixo em neuroticismo e com altas pontuações em todos os outros
factores). Também existe um segundo protótipo que mostra um padrão que se
descreve como supracontrolado, inverso ao resiliente e ainda um terceiro que se
descreve como infracontrolado.

As investigações de Robins, John, Caspi, Moffitt e Stouthamer‐Loeber (1996)


situam os supracontrolados por baixo dos resilientes e infracontrolados no que diz
respeito à extroversão, ao mesmo tempo que os resilientes se encontram com
pontuações superiores em estabilidade emocional (baixo neuroticismo) em relação
aos supracontrolados e infracontrolados. Estes resultados são coincidentes com os
obtidos noutros estudos que também utilizaram o procedimento de formação de
conglomerados K‐medias (Asendorpf & Van Aken, 1999; Asendorpf, Borkenau,
Ostendorf & Van Aken, 2001).

127 
Asendorpf et al. (2001) confirmaram a existência destes três protótipos de
personalidade, juntamente com diferenças no funcionamento psicossocial de cada
um. Também se utiliza a análise de conglomerados para obter perfis de
personalidade dos sujeitos resilientes na população normal, com a finalidade de
relacionar tais perfis com outras variáveis como pode ser por exemplo o
enfrentamento.

4.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS


a) Encontrar, mediante a análise de conglomerados, três protótipos de
personalidade entre os estudantes universitários, esperando que se
diferenciem os seus perfis tal como tem sido estudado na literatura.
b) Encontrar a validação interna da solução de três protótipos, mostrando
como se diferenciam nos seus perfis e 5 factores (Big Five) componentes.
c) Estabelecer as estratégias de enfrentamento, adaptativas e disfuncionais, e
as suas correlações com outras variáveis de personalidade, autoeficácia e
cansaço emocional.
d) Comparar, como validação externa, os três protótipos de personalidade em
medidas de stress percebido, de cansaço emocional e de autoeficácia,
esperando diferenças claramente significativas por referência ao grupo de
indivíduos resilientes.
e) Mostrar as diferenças de género que podem existir entre os perfis de stress
percebido, enfrentamento e personalidade, assim como também entre as
pontuações em autoeficácia, cansaço emocional e saúde geral.
f) Encontrar as possíveis diferenças de género manifestadas ao longo dos 5
cursos de carreira, especialmente em autoeficácia.

4.3. PARTICIPANTES
Na realização desta investigação participaram 575 estudantes da
Universidade de León (37% homens), de todas as faculdades e de diferentes cursos
e carreiras. O tipo de amostragem foi casual. A média de idade foi de 22 anos
(distribuída entre os 18 e os 33 anos), sendo que 210 (37%) são homens e 365
(63%) são mulheres.

128 
4.4. INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Na realização deste estudo foram utilizados diversos instrumentos de
medidas: para a avaliação do stress percebido foi utilizado o Cuestionario de Estrés
Percibido (EP) de Sanz‐Carrillo, García‐Campayo, Rubio, Santed e Montoro (2002).
A Escala de Cansancio Emocional (ECE) de Ramos, Manga e Morán (2005) foi
utilizada para medir o cansaço emocional. Utilizou‐se o Cuestionario de
afrontamiento COPE‐28 de Carver (1997) para encontrar as estratégias de
enfrentamento adaptativas e disfuncionais mais empregadas. O Inventario NEO de
Cinco Factores, na sua versão abreviada NEO‐FFI de Costa e McCrae (1999) que
oferece uma medida rápida e geral dos cinco factores. A Escala Expectativa de
autoeficacia de Palenzuela, Prieto, Barros e Almeida (1997) composta de 4 itens e
incluída na bateria BEEGC‐20 como medida de expectativa de autoeficacia. E
finalmente o Cuestionario de Salud General (GHQ‐28) de Goldberg e Williams (1988;
1996) destinado a detectar transtornos psíquicos.

De seguida apresentamos uma breve descrição de cada um destes


instrumentos que se apresentam na secção dos anexos. Importa ainda referir que
os instrumentos foram utilizados na versão espanhola pelo que não se encontram,
nesta tese, traduzidos.

QUESTIONÁRIO DE STRESS PERCEBIDO (EP)

O Questionário de Stress Percebido (versão espanhola de Sanz‐Carrillo et al.


2002), consiste em 30 questões nas quais o sujeito deve pontuar segundo a
frequência com que as situações acontecem na sua vida. Pontua‐se desde 1 (casi
nunca), 2 (a veces), 3 (a menudo) e 4 (casi siempre).

O questionário compõe‐se ainda de duas colunas de pontuação, sendo a da


esquerda a que corresponde a uma resposta em geral, referida ao último ou
últimos anos, e a da direita correspondente a uma resposta recente, referida ao
último mês.

Com o questionário pretende‐se examinar como é que os estudantes


percebem o stress, quer geral quer recente da sua vida diária.

129 
Os itens são:

1. Se siente descansado.
2. Siente que se le hacen demasiadas peticiones.
3. Está irritable o malhumorado.
4. Tiene demasiadas cosas que hacer.
5. Se siente solo o aislado.
6. Se encuentra sometido a situaciones conflictivas.
7. Siente que está haciendo cosas que realmente le gustam.
8. Se siente cansado.
9. Teme que no pueda alcanzar todas sus metas.
10. Se siente tranquilo.
11. Tiene que tomar demasiadas deciciones.
12. Se siente frustrado.
13. Se siente lleno de energia.
14. Se siente tenso.
15. Sus problemas parecem multiplicarse.
16. Siente que tiene prisa.
17. Se siente seguro y protegido.
18. Tiene muchas preocupaciones.
19. Está bajo la presión de otras personas.
20. Se siente desanimado.
21. Se divierte.
22. Tiene miedo al futuro.
23. Siente que hace cosas por obligación, no porque quiera hacerlas.
24. Se siente criticado o juzgado.
25. Se siente alegre.
26. Se siente agotado mentalmente.
27. Tiene problemas para relajarse.
28. Se siente aglobiado por la responsabilidade.
29. Tiene tiempo suficiente para usted.
30. Se siente presionado por los plazos de tiempo.

130 
Os 30 itens distribuem‐se em 6 factores:

Factor 1. Tensión, irritabilidad, fatiga (9 itens‐medido pelos itens 3, 8, 10, 14,


15, 16, 26, 27 e 30).

Factor 2. Aceptación social de conflictos (7 itens‐medido pelos itens 5, 6, 12,


17, 19, 20 e 24).
Factor 3. Energía, diversión (5 itens‐medido pelos itens 1, 13, 21, 25 e 29).
Factor 4. Sobrecarga (4 itens‐medido pelos itens 2, 4, 11 e 18).
Factor 5. Satisfacción por auto‐realización (3 itens‐medido pelos itens 7, 9 e
23).
Factor 6. Miedo, ansiedad (2 itens‐medido pelos itens 22 e 28).

A fiabilidade do Cuestionario de Estrés Percibido para este estudo foi de um


coeficiente alfa de .89.

ESCALA DE CANSAÇO EMOCIONAL (ECE)

A Escala de Cansaço Emocional (versão espanhola de Ramos, Manga &


Morán, 2005) para estudantes universitários avalia a dimensão do stress laboral
tal como o cansaço emocional. Todos os itens estão desenhados tendo em conta as
características especiais dos estudantes universitários tal como se observa de
seguida.

O CANSAÇO EMOCIONAL manifesta‐se em sentimentos de estar


emocionalmente esgotado e exausto por desenvolver o trabalho e a actividade com
pessoas e avalia‐se com os seguintes 10 itens:

1. Los exámenes me producen una tensión excesiva.


2. Creo que me esfuerzo mucho para lo poco que consigo.
3. Me siento bajo de ánimo, como triste, sin motivo aparente.
4. Hay días que no duermo bien a causa del estúdio.
5. Tengo dolor de cabeza y otras molestias que afectan a mi rendimiento.
6. Hay días que noto más la fatiga y me falta energía para concentrarme.
7. Me siento emocionalmente agotado por mis estúdios.
8. Me siento casado al final de la jornada de trabajo.

131 
9. Trabajar pensando en los exámenes me produce estrés.
10. Me falta tiempo y me siento desbordado por los estúdios.

Esta escala consta de 10 itens numa escala de Likert com as pontuações:
raras veces (1), pocas veces (2), algunas veces (3), con frecuencia (4), siempre (5).
Esta pontuação tem por base a frequência com que ocorrem os sentimentos
considerando os 12 últimos meses de vida estudantil. É considerada uma escala de
carácter unidimensional com uma boa consistência interna e uma boa
homogeneidade entre itens. Esta escala foi construída tendo por base a escala de
Cansaço Emocional de Maslach Burnout Inventory (MBI) de Maslach e Jackson à
qual se acrescentaram itens incluídos no conceito de burnout de Freudenberger.

A pontuação obtida na ECE oscila entre os 10 e os 50 pontos. Esta escala


utilizada para avaliação do cansaço emocional (Ramos, Manga & Morán, 2005)
apresenta‐se de forma integral no separador Anexos.

QUESTIONÁRIO DE ENFRENTAMENTO COPE‐28

O Cope‐28 foi desenvolvido para avaliar estratégias de coping. Utilizamos


neste estudo a versão em espanhol realizada por Morán, Landero e González
(2010), segundo a original Brief COPE de Carver (1997). A escala inclui 28 itens
distribuídos por 14 dimensões, com dois itens cada dimensão. Algumas estratégias
focam explicitamente aspectos decorrentes da teoria, e que são significativos para
o coping, enquanto que outras foram incluídas com base na evidência da
importância desses aspectos particulares de coping.

Numa primeira etapa surgiu o COPE (Carver et al., 1989) como um


inventário de 60 itens e 15 escalas (4 itens cada uma). A redundância encontrada
em algumas das escalas juntamente com o seu tamanho aconselhou a criação de
um inventário COPE abreviado. Assim, Carver (1997) apresentou uma versão de
14 escalas de dois itens cada uma, a que denominamos COPE‐28 (Brief COPE).
Manga e Morán traduziram para castelhano as 14 escalas do COPE‐28 (Morán,
2010), juntamente com as instruções para a sua aplicação e a denominação das 14
escalas. A validação do Brief COPE em espanhol encontra‐se em Morán et al.
(2010).
132 
Os itens do questionário espanhol são os seguintes:

1. Intento conseguir que alguien me ayude o aconseje sobre que hacer.
2. Concentro mis esfurzos en hacer algo sobre la situación en la que estoy.
3. Acepto la realidad de lo que há sucedido.
4. Recurro al trabajo o a otras actividades para apartar las cosas de mi
mente.
5. Me digo a mí mismo “esto no es real”.
6. Intento proponer una estratégia sobre qué hacer.
7. Hago bromas sobre ello.
8. Me critico a mí mismo.
9. Consigo apoyo emocional de otros.
10. Tomo medidas para intentar que la situación mejore.
11. Renuncio a intentar ocuparme de ello.
12. Digo cosas para dar rienda suelta a mis sentimientos desagradables.
13. Me niego a creer que haya sucedido.
14. Intento verlo con otros ojos, para hacer que parezca más positivo.
15. Utilizo alcohol u otras drogas para hacerme mejor.
16. Intento hallar consuelo en mi religión o creencias espirituales.
17. Consigo el consuelo y la comprensión de alguien.
18. Busco algo bueno en lo que está sucediendo.
19. Me rio de la situación.
20. Rezo o medito.
21. Aprendo a vivir con ello.
22. Hago algo para pensar menos en ello, tal como ir al cine o ver la
televisión.
23. Expreso mis sentimientos negativos.
24. Utilizo alcohol u otras drogas para ayudarme a superarlo.
25. Renuncio al intento de hacer frente al problema.
26. Pienso detenidamente sobre los pasos a seguir.
27. Me echo la culpa de lo que há sucedido.
28. Consigo que otras personas me ayuden o aconsejen.

133 
O questionário é respondido numa escala tipo Likert de 4 pontos, variando
entre o mínimo de 0 (no, en absoluto), 1 (un poco), 2 (bastante) e o máximo de 3
(mucho). Este questionário mede tipicamente as respostas de enfrentamento que
se entendem potencialmente disfuncionais, e mesmo outras que são adaptativas.
Os autores consideram um mérito examinar ambos os aspectos do enfrentamento.
Todos os itens são positivos, mas quanto maior a pontuação em cada modo de
enfrentamento maior a utilização dessa estratégia.

As 14 escalas de 2 itens que se incluem no Questionário COPE‐28 ou Brief


COPE são as seguintes:

Escala 1. Coping Activo (itens 2 e 10).


Escala 2. Planificação (6 e 26).
Escala 3. Suporte Emocional (9 e 17).
Escala 4. Suporte Instrumental (1 e 28).
Escala 5. Religião (16 e 20).
Escala 6. Reinterpretação positiva (14 e 18).
Escala 7. Aceitação (3 e 21).
Escala 8. Negação (5 e 13).
Escala 9. Humor (7 e 19).
Escala 10. Auto Distracção (4 e 22).
Escala 11. Auto Culpabilização (8 e 27).
Escala 12. Desinvestimento Comportamental (11 e 25).
Escala 13. Expressão de sentimentos (12 e 23).
Escala 14. Uso de substâncias (15 e 24).

Destas 14 escalas omitiram‐se para as análises factoriais a Religião e o


Humor, porque se alteram segundo as amostra, ou então repartem os pesos
factoriais entre os dois factores. Também resulta pouco útil a estratégia Uso de
substâncias (é escolhida muito pouco) e Desabafo (os seus dois itens repartem os
pesos factoriais em outros factores diferentes).

O questionário COPE‐28 foi escolhido para o presente estudo, tendo‐se


prescindido da análise das escalas acima mencionadas, devido à utilidade das

134 
mesmas ser escassa para o esclarecimento do seu carácter adaptativo ou
disfuncional. Foram utilizados 20 itens (10 escalas) para a análise factorial dos
componentes principais e rotação varimax. A partir da análise factorial dos itens
componentes das estratégias do estudo encontraram‐se três factores, com valor
próprio superior a 1, coincidentes com os três que sempre aparecem na literatura
deste campo de investigação. Em conjunto explicam a variância de 42% e todos os
itens têm um peso factorial superior a .40 nos seus respectivos factores.

Também surgiu um factor de enfrentamento activo (chamado também de


enfrentamento cognitivo ou racional), que inclui os itens das escalas de
Enfrentamento activo, Planificação, Reinterpretação positiva e Aceitação. A
fiabilidade do enfrentamento activo apresenta um coeficiente alfa de Cronbach de
.68 e explica a variância de 11%. O factor de enfrentamento de procura de apoio
social (outras vezes denominado emocional) contém os itens das escalas Apoio
emocional e Apoio social. A sua fiabilidade é de um alfa de Cronbach igual a .80 e
explica os 14% da variância. O factor restante corresponde ao enfrentamento de
evitação (também chamado em estudos desenvolvidos por Morán et al. 2010 de
bloqueio do afrontamento) e inclui as escalas de Negação, Autodistração,
Autoculpabilização e Desconexão da conduta. A sua fiabilidade é de um alfa igual a
.72 e explica os 17% de variância.

Neste estudo utilizaram‐se quatro escalas de enfrentamento activo,


consideradas estratégias adaptativas, juntamente com quatro escalas de
enfrentamento de evitação que são consideradas estratégias desadaptativas ou
disfuncionais. Nas análises, por isso, prescindiu‐se do factor de carácter mais
emocional, que é a procura de apoio social, cujo carácter adaptativo ou
desadaptativo resulta menos claro.

Estas 8 estratégias coincidem, no essencial com as 9 estratégias de


enfrentamento cognitivo que Doron, Thomas‐Ollivier, Vachon, e Fortes‐
Bourbousson (2013) utilizaram num estudo com 334 adultos franceses, sendo 5
adaptativas e 4 desadaptativas, extraídas de um questionário diferente do Brief
COPE e submetidas a análise de conglomerados. Também se podem seleccionar a
priori do Brief COPE uma subescala adaptativa e outra desadaptativa, segundo

135 
aconselha o propósito da investigação (Wichianson, Bughi, Unger, Spruijt‐Metz &
Nguyen‐Rodriguez, 2009).

INVENTARIO NEO DE CINCO FACTORES NA SUA VERSÃO ABREVIADA


(NEO‐FFI)

A forma S do NEO PI‐R oferece uma medida dos cinco factores da


personalidade normal (Costa & McCrae, 1999), com 240 itens num total e 6 facetas
de cada um dos cinco factores.

O NEO‐FFI (Costa & McCrae, 1999) é a versão abreviada do Inventario de


Personalidade NEO‐PI‐R (Costa & McCrae, 1992, 1999) que se propõe avaliar o
mesmo constructo. É composto por 60 elementos da Forma S do NEO‐PI‐R que
oferece uma medida dos cinco factores da personalidade adulta. Esta versão
reduzida que se utiliza no âmbito da investigação oferece uma medida rápida e
geral dos Cinco Factores da personalidade, denominados também como os Cinco
Grandes Factores. Os Cinco Factores ou Cinco Grandes (Big Five), conhecem‐se pela
letra inicial em inglês (Costa & McCrae, 1992). Os factores são: Neuroticism (N),
Extraversion (E), Openness to experience (O), Agreeableness (A), and
Conscientiousness (C).

Pressupõe uma avaliação rápida entre 10 a 15 minutos, de modo fiel e


válido, sendo especialmente útil quando o tempo é limitado e a informação global
sobre a personalidade é considerada suficiente. Foram aplicadas, cinco escalas de
12 elementos que medem os seguintes factores: Neuroticismo (N), Extraversão (E),
Abertura (O), Amabilidade (A) e Conscienciosidade (C).

O factor NEUROTICISMO manifesta a tendência geral de experimentar


sentimentos negativos, tais como medo, melancolia, vergonha, ira, culpabilidade e
repugnância. Este factor é avaliado pelos 12 itens seguintes:

 A menudo me siento inferior a los demás.


 Rara vez me siento com miedo o ansioso.
 A veces me vienen a la mente penamientos aterradores.
 A veces me parece que no valgo absolutamente nada.

136 
 A veces las cosas me parecen demasiado sombrias y sin esperanza.
 Cuando estoy bajo un fuerte estrés, a veces siento que me voy a
desmoronar.
 Amenudo me siento tenso e inquieto.
 A veces me he sentido amargado y resentido.
 Soy bastante estable emocionalmente.
 Rara vez estoy triste o deprimido.
 A veces hago las cosas impulsivamente y luego me arrepiento.
 Es difícil que yo pierda los estribos.

O factor EXTROVERSÃO determina o grau de sociabilidade das pessoas,


mas, além disso a vinculação com as pessoas e a preferência por grupos e reuniões,
os extrovertidos são também assertivos, activos e faladores. Gostam da excitação e
da estimulação e tendem a ter um carácter alegre. São corajosos, enérgicos e
optimistas. Avalia‐se através dos 12 itens seguintes:

 Soy una persona alegre y animosa.


 Disfruto mucho hablando com la gente.
 Disfruto en las fiestas en las que hay mucha gente.
 No me considero especialmente alegre.
 Me gusta tener mucha gente alrededor.
 No soy tan vivo ni tan animado como otras personas.
 Soy una persona muy activa.
 En reuniones, por lo general prefiero que hablen otros.
 Huyo de las multitudes.
 A veces reboso felicidad.
 Me gusta estar donde está la acción.
 No me gusta mucho charlar com la gente.

O factor ABERTURA À EXPERIÊNCIA diz respeito a pessoas abertas,


interessadas quer pelo mundo exterior quer pelo mundo interior e as suas vidas
estão enriquecidas pela experiência. Este factor é avaliado pelos 12 itens seguintes:

137 
 A veces, quando leo poesia o contemplo una obra de arte, siento una
profunda emoción o excitación.
 La poesia tiene poço o ningún efecto sobre mí.
 Tengo una gran vareidad de intereses intelectuales.
 Me despiertan la curiosidad las formas que encuentro en el arte y en la
naturaleza.
 Encuentro aburrida las discusiones filosóficas.
 Tengo mucha fantasia.
 Me gusta concentrarme en un ensueño o fantasia y, dejándolo crecer y
desarrollarse, explorar todas sus posibilidades.
 Tengo poço interés en andar pensando sobre la natualeza del universo o de
la condición humana.
 A veces pierdo el interés cuando la gente habla de cuestiones muy
abstractas y teóricas.
 Experimento una gran variedad de emociones o sentimientos.
 Con frecuencia pruebo comidas nuevas o de otros países.
 Rara vez experimiento emociones fuertes.

O factor AMABILIDADE reflecte uma pessoa amável e fundamentalmente


altruísta. Simpatiza com os outros, está disposta a ajudá‐los e crê que os outros se
sentem igualmente satisfeitos de fazer isso. Ao contrário, a pessoa desagradável ou
antipática é egocêntrica, desconfia das intenções dos outros e é muito mais
opositora do que colaboradora. O factor avalia‐se através dos 12 itens seguintes:

 Tiendo a pensar lo mejor de la gente.


 Intimido o adulo a la gente para que haga lo que yo quiero.
 A veces consigo con artimañas que la gente haga lo que yo quiero.
 Si alguien empieza a pelearse conmigo, yo también estoy dispuesto a
pelear.
 Cuando me han ofendido, lo que intento es perdonar y olvidar.
 Mi primera reacción es confiar en la gente.
 Algunas personas piensan de mí que soy frio y calculador.
 Tengo mucha fe en la naturaleza humana.

138 
 Trato de ser humilde.
 Creo que la mayoria de la gente con la que trato es honrada y fidedigna.
 Puedo ser sarcástico y mordaz si es necesario.
 Los mendigos no me inspiran simpatia.

O factor CONSCIENCIOSIDADE reflecte um processo activo de planificação,
organização e execução das tarefas. O sujeito responsável é competente e
ponderado. Alguns investigadores referem‐se a este factor como vontade de êxito.
O factor avalia os 12 itens seguintes:

 Parece que nunca soy capaz de organizarme.


 Tengo unos objetivos claros y me esfuerzo por alcanzarlos de forma
ordenada.
 Trabajo mucho para conseguir mis metas.
 Tengo mucha auto‐disciplina.
 Antes de emprender una acción, siempre considero sus consecuencias.
 Trato de hacer mis tareas con cuidado, para que no haya que hacerlas
outra vez.
 Me esfuerzo por llegar a la perfección en todo lo que hago.
 Soy eficiente y eficaz en mi trabajo.
 Soy una persona productiva, que siempre termina su trabajo.
 En ocasiones primero actuo y luego pienso.
 Hay tantas pequeñas cosas que hacer que a veces lo que hago es no atender
a ninguna.
 Muchas veces no preparo de antemano lo que tengo que hacer.

O NEO‐FFI pode ser aplicado de forma individual ou colectiva. No estudo foi


aplicado colectivamente aos estudantes universitários. O inventário é respondido
segundo uma escala tipo Likert com cinco opções que vão de 0 a 4, que vai do
extremo “en total desacuerdo” ao extremo “totalmente de acuerdo”. A pontuação
total em cada factor obtém‐se somando os pontos dos 12 itens e abrange de 0 a 48
pontos. No estudo desenvolvido por Manga, Ramos e Morán (2004) pode observar‐

139 
se os comentários e propostas de melhoria para a selecção dos itens da versão
castelhana do NEO‐FFI (Costa & McCrae, 1999).

EXPECTATIVA DE AUTOEFICÁCIA (EA)

Foi escolhida a escala de 4 itens incluída na bateria BEEGC‐20 como medida


de expectativa de autoeficacia. A Batería de Escalas de Expectativas Generalizadas
de Control (Palenzuela, Prieto, Barros & Almeida (1997) é denominada de BEEGC‐
20 e com ela abordam‐se as diferenças individuais em expectativas do lugar de
controle na atribuição da conduta, bem como em expectativas de êxito pessoal
(autoeficácia e êxito).

A Expectativa de Autoeficácia é considerada a crença nas capacidades que o


indivíduo tem para organizar e executar as classes de actos requeridos para
manipular situações de modo a que sejam alcançados os resultados desejados.
Avalia‐se com os seguintes itens:

 Son pocas las ocasiones en las que dudo de mis capacidades.


 Me siento seguro/a de mi capacidad para realizar bien tareas de la vida
diária.
 Raramente me invaden sentimientos de inseguridad en situaciones difíciles.
 Me veo com capacidad suficiente para enfrentarme a los problemas de la
vida.

Os itens pontuam‐se de 1 a 9 para cada afirmação, numa escala tipo Likert,


segundo se está “totalmente en desacuerdo”(1) com valores intermédios até
“totalmente de acuerdo” (9). Foi encontrado um alfa de Cronbach de .75 para
autoeficacia no estudo original em 331 estudantes universitários.

QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL (GHQ‐28)

O questionário de saúde geral (General Health Questionnaire, GHQ) na


modalidade de GHQ‐28, é uma medida de sofrimento psicológico ou, em sentido
contrário, de saúde e bem estar psicológicos.

140 
O seu propósito foi o de detectar formas de transtorno psíquico que
poderiam ter relevância na prática médica e, por isso, centra‐se nos componentes
psicológicos de uma saúde deficitária. Na actualidade usa‐se em muitas
investigações quer em populações clínicas quer não clínicas (Morrison & O´Connor,
2005).

O mal‐estar psicológico apresenta certas características em comum.


Sintomas tais como ser incapaz de dormir por preocupações, sentir‐se em baixo,
ser incapaz de se concentrar e sentir‐se incapaz de enfrentar problemas próprios
comuns à condição humana.

O questionário mede os principais tipos de fenómenos tais como a


incapacidade para seguir levando a cabo as funções “saudáveis” normais e a
manifestação de novos fenómenos do tipo de mal‐estar psíquico (distressing). O
GHQ‐28 foi, provavelmente, dos instrumentos de avaliação do bem‐estar mais
estudados pela ciência psicológica, tendo por objectivo medir a saúde mental.

O GHQ‐28 (Goldberg & Williams, 1996) deriva da análise factorial de


componentes principais e consiste em 4 subescalas para sintomas somáticos,
ansiedade e insónia, disfunção social e depressão grave.

As subescalas representam dimensões de sintomatologia e não


correspondem necessariamente a diagnósticos psiquiátricos. As subescalas não
são independentes entre si, pelo que se pode utilizar o GHQ‐28 para medir as
quatro variáveis em separado, tal como indicam as pontuações de cada escala. Em
qualquer caso, o GHQ‐28 é um instrumento auto‐administrado que foi desenhado
para detectar sofrimento psicológico quer em meios clínicos quer não clínicos.

Este questionário inclui 28 itens agrupados em 4 subescalas, cada uma


delas consta de 7 itens que se pontuam numa escala tipo Likert, de quatro pontos,
que vai desde 0 como pontuação mínima até 3 pontos como pontuação máxima.
Em cada item a pessoa assinala a sua situação actual em comparação com a
situação das últimas semanas marcando uma das 4 alternativas, que vai desde o
“encontrarse mejor de lo habitual” até “mucho peor de lo habitual”.

141 
As quatro subescalas são as seguintes:

 A primeira (GHQ1) avalia sintomas somáticos.


 A segunda (GHQ2) avalia ansiedade e insónia.
 A terceira (GHQ3) avalia disfunção social.
 A quarta (GHQ4) avalia depressão grave.

A escala GHQ1 corresponde a “Síntomas somáticos” e avalia‐se com os


seguintes itens:

1. ¿Se ha sentido perfectamente bien de salud y en plena forma? Mejor que lo


habitual (0), mucho peor que lo habitual (3).
2. ¿Ha tenido la sensación de que necesitaba un reconstituyente? No, en
absoluto (0), mucho más que lo habitual (3).
3. ¿Se ha sentido agotado y sin fuerzas para nada? No, en absoluto (0),
mucho más que lo habitual (3).
4. ¿Ha tenido la sensación de que estaba enfermo? No, en absoluto (0),
mucho más que lo habitual (3).
5. ¿Ha padecido dolores de cabeza? No, en absoluto (0), mucho más que lo
habitual (3).
6. ¿Ha tenido sensación de opresión en la cabeza o de que la cabeza le va a
estallar? No, en absoluto (0), mucho más que lo habitual (3).
7. ¿Ha tenido oleadas de calor o escalofríos? No, en absoluto (0), mucho más
que lo habitual (3).

A escala GHQ2 denominada “Ansiedad e insónia” está composta pelos itens


que se seguem:

1. ¿Sus preocupaciones le han hecho perder mucho sueño? No, en absoluto (0),
mucho más que lo habitual (3).
2. ¿Ha tenido dificultades para seguir durmiendo de un tirón toda la noche?
No, en absoluto (0), mucho más que lo habitual (3).
3. ¿Se ha notado constantemente agobiado y en tensión? No, en absoluto (0),
mucho más que lo habitual (3).

142 
4. ¿Se ha sentido con los nervios a flor de piel y malhumorado? No, en absoluto
(0), mucho más que lo habitual (3).
5. ¿Se ha asustado o ha tenido pánico sin motivo? No, en absoluto (0), mucho
más que lo habitual (3).
6. ¿Ha tenido la sensación de que todo se le viene encima? No, en absoluto (0),
mucho más que lo habitual (3).
7. ¿Se ha notado nervioso y “a punto de explotar” constantemente? No, en
absoluto (0), mucho más que lo habitual (3).

A terceira escala, a escala GHQ3 refere‐se à “Disfunción social” e mede‐se com


os itens:

1. ¿Se las ha arreglado para mantenerse ocupado y activo? Más activo que lo
habitual (0), mucho menos que lo habitual (3).
2. ¿Le cuesta más tiempo hacer las cosas? Más rápido que lo habitual (0),
mucho más tiempo que lo habitual (3).
3. ¿Ha tenido la impresión, en conjunto, de que está haciendo las cosas bien?
Mejor que lo habitual (0), mucho peor que lo habitual (3).
4. ¿Se ha sentido satisfecho con su manera de hacer las cosas? Más satisfecho
que lo habitual (0), mucho menos satisfecho (3).
5. ¿Ha sentido que está desempeñando un papel útil en la vida? Más tiempo
que lo habitual (0), mucho menos útil que lo habitual (3).
6. ¿Se ha sentido capaz de tomar decisiones? Más que lo habitual (0), mucho
menos que lo habitual (3).
7. ¿Ha sido capaz de disfrutar de sus actividades normales de cada día? Más
que lo habitual (0), mucho menos que lo habitual (3).

Por último, a escala GHQ4 “Depresión grave” inclui os itens:

1. ¿Ha pensado que Vd. es una persona que no vale para nada? No, en absoluto
(0), mucho más que lo habitual (3).
2. ¿Ha estado viviendo la vida totalmente sin esperanza? No, en absoluto (0),
mucho más que lo habitual (3).
3. ¿Ha tenido el sentimiento de que la vida no merece la pena vivirse? No, en
absoluto (0), mucho más que lo habitual (3).

143 
4. ¿Ha pensado en la posibilidad de “quitarse de en medio”? Claramente, no
(0), claramente lo he pensado (3).
5. ¿Ha notado que a veces no puede hacer nada porque tiene los nervios
desquiciados? No, en absoluto (0), mucho más que lo habitual (3).
6. ¿Ha notado que desea estar muerto y
7. ¿Ha notado que la idea de quitarse la vida le viene repetidamente a la
cabeza? Claramente, no (0), claramente lo he pensado (3).

A pontuação em cada escala pode alcançar desde 0 até 21 pontos e a


pontuação total do GHQ‐28 pode alcançar os 84 pontos. O GHQ‐28 pode ser
utilizado para medir sofrimento psicológico global (GHQ‐28), através da soma do
resultado dos 28 itens, de tal forma que uma pontuação global alta reflecte um
sofrimento psicológico elevado, e o mesmo pode ser interpretado em sentido
contrário, ou seja, uma pontuação baixa no GHQ‐28 reflecte uma boa saúde
psicológica ou um nível alto de bem‐estar psicológico. Esta escala apresenta uma
boa fiabilidade e validade (Goldberg & Williams, 1996).

4.5. PROCEDIMENTO
Os questionários foram aplicados de forma prática em Psicopedagogía,
tendo‐se voluntariado alguns alunos para entregar os questionários a outros
estudantes universitários, de diferentes cursos e qualificações, que participaram
também de forma voluntária e anónima nesta investigação. Os colaboradores,
que mais tarde corrigiram os resultados, informaram sempre que os dados eram
reservados e apenas tinham a finalidade de servir para uma investigação sobre
o stress entre os estudantes.

As análises dos dados foram realizadas com o SPSS (Statistical Package


for the Social Sciences) na sua versão 14. Os protótipos de personalidade
obtiveram‐se mediante análises de cluster hierárquico, através do método de
Ward e o procedimento K‐medias de Statistica.

144 
CAPITULO 5. RESULTADOS

5.1. DESCRIÇÃO DOS TRÊS PROTÓTIPOS DE PERSONALIDADE


Os perfis de personalidade obtidos para cada um dos três protótipos são, de
certa forma, semelhantes aos encontrados em estudos anteriores desenvolvidos
por Herbertz (2009), com a solução de três conglomerados (clusters). A Tabela 1
mostra‐nos o número de sujeitos e a percentagem em cada Cluster.

Tabela 1. Classificação dos Três Protótipos

GRUPOS/PROTÓTIPOS

1 2 3
Supracontrolado Resiliente Infracontrolado
Número de
sujeitos em cada 168 238 169
Cluster
% em cada Cluster 29,2 41,4 29,4

Se observarmos a Figura 1, verificamos que o protótipo resiliente (n = 238,


41,4%) que se caracteriza por baixas pontuações em Neuroticismo e altas em
extraversao, apertura, amabilidade e conscienciosidade, com pontuações. O
protótipo supracontrolado (n = 168, 29,2%) se caracteriza por pontuações
superiores em neuroticismo e baixas pontuações em extraversao, amabilidade e
conscienciosidade, sendo próxima da média em apertura. O protótipo
infrancontrolado (n = 169, 29,4%) obteve um perfil alto em conscienciosidade,
com pontuações em neuroticismo próximas da média, baixas pontuações em
Extraverçao e Amabilidade, e pontuações ainda mais baixas em apertura.

Ainda na Figura 1, apuramos que o protótipo resiliente corresponde ao


Cluster 2, com o perfil característico de melhor adaptação e flexibilidade nas
respostas perante situações de stress. Por outro lado, o Cluster 1 que corresponde
ao protótipo supracontrolado, apresenta um perfil, de certa forma, oposto ao perfil
resiliente, pelo que se pode esperar resultados mais desadaptativos noutras
variáveis. O Cluster 3 corresponde ao protótipo infrancontrolado, no qual se

145 
destaca um baixo apertura e um alto conscienciosidade, comparável esta variável
ao protótipo resiliente.

Fazendo a comparação dos três grupos ou protótipos podemos verificar que


os estudantes se classificam em maior número como resilientes, enquanto que se
encontram igualados os grupos classificados como supracontrolados e
infracontrolados. Em relação ao sexo, no grupo dos supracontrolados estão
incluídos 29% de cada sexo, no grupo dos resilientes encontramos 46% de homens
e 39% de mulheres e no grupo dos infracontrolados incluem‐se 25% de homens e
32% de mulheres.


Plot of Means
2-way interaction
F(8,2276)=134.05; p<0.000
1

0.5
Variable: Perfiles

-0.5 CLUSTER
G_1:1
-1 CLUSTER
G_2:2
CLUSTER
-1.5
N E O A C G_3:3

NEO_FFI

Figura 1. Perfis dos três conglomerados (cluster) com os cinco factores do NEO‐
FFI

Nota: N (neuroticismo), E (extroversão), O (abertura à experiência), A


(amabilidade) e C (conscienciosidade).

146 
5.2. PERFIS DOS PROTÓTIPOS EM STRESS PERCEBIDO
O perfil que se obteve nos três protótipos de personalidade em Stress
Percebido (EP) mostra‐se na Figura 2. Das doze pontuações, as seis primeiras
correspondem aos 6 factores do stress percebido geral (EPG), enquanto as seis
seguintes até doze correspondem aos mesmos factores do stress percebido
recente.

Observamos que:

1. Os resilientes situam todas as suas pontuações, do Stress Percebido Geral


e Stress Percebido Recente, abaixo da média, o que indica que percebem o
stress em menor grau que os estudantes que pertencem aos outros grupos
(protótipos).
2. Os estudantes que pertencem ao grupo supracontrolado são mais
sensíveis ao stress e apresentam todas as suas pontuações acima da média,
ficando os que pertencem ao grupo infracontrolado em situação intermédia
com pontuações em torno da média.
3. A maior diferença entre os resilientes e os supracontrolados observa‐se
no factor 2 (aceitação social de conflitos), quer para Stress Percebido Geral
como para Stress Percebido Recente, números 2 e 8 respectivamente na
Figura 2. A menor diferença observa‐se no factor 4 (sobrecarga), que
corresponde na Figura 2 ao número 4 (Stress Percebido Geral) e ao 10
(Stress Percebido Recente). Em termos gerais, constata‐se que os tipos de
personalidade são claramente diferentes em susceptibilidade perante o
stress segundo os perfis observados.

147 
Plot of Means
2-way interaction
F(22,6160)=4.27; p<.0000
0.8

0.6

0.4
Variable: Perfiles

0.2

0 CLUSTER
G_1:1
-0.2
CLUSTER
-0.4 G_2:2
CLUSTER
-0.6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 G_3:3

ESCALAS DE ESTRÉS PERCIBIDO


Figura 2. Perfis dos três conglomerados (cluster) nas escalas de stress percebido

5.3. PERFIS DOS PROTÓTIPOS EM ESTRATÉGIAS DE


ENFRENTAMENTO
A observação dos perfis constantes da Figura 3, segundo as pontuações nas
14 escalas ou estratégias do COPE‐28, indica‐nos que em geral os resilientes
pontuam alto nas estratégias adaptativas e baixo nas disfuncionais, ao contrário
dos que pertencem ao protótipo supracontrolado. Os infracontrolados apresentam
poucas diferenças entre estratégias adaptativas e disfuncionais, destacando a sua
baixa pontuação na escala 6 (reinterpretação positiva) e em 9 (recurso ao humor).

148 
Plot of Means
2-way interaction
F(26,7384)=13.36; p<0.000
0.6

0.4
Variable: Perfiles

0.2

0
CLUSTER
-0.2 G_1:1
CLUSTER
-0.4 G_2:2
CLUSTER
-0.6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 G_3:3

Las 14 Escalas del COPE-28


Figura 3. Perfis dos três conglomerados (cluster) segundo o uso de estratégias de


enfrentamento com as escalas do COPE‐28

Para maior clarificação na diferença dos grupos (protótipos) em estratégias


de enfrentamento apresenta‐se a ilustração na Figura 4 seleccionando as 4 escalas
adaptativas e outras 4 disfuncionais do COPE‐28. Correspondem ao factor racional
e adaptativo as quatro primeiras, sendo do factor de evitação e disfuncional as
quatro últimas. Aparece bem ilustrada a contraposição entre resilientes e
supracontrolados, juntamente com o perfil mais indiferenciado dos
infracontrolados.

149 
Plot of Means
2-way interaction
F(14,3983)=20.19; p<0.000
Variable: Comparación del Afrontamiento

0.6
0.4
0.2
0
-0.2
-0.4
-0.6 CLUSTER
Planificación

Negación

Autoinculpación

Desconexión
Activo

Aceptación

Autodistracción
Reinterpretación

G_1:1
CLUSTER
G_2:2
CLUSTER
G_3:3

Factores Racional y de Evitación del COPE-28


Figura 4. Comparação do enfrentamento racional com o de evitação no COPE‐28

5.4. CORRELAÕES DAS VARIÁVEIS COM ESTRATÉGIAS


ADAPTATIVAS E DISFUNCIONAIS
A Tabela 2 mostra as correlações das estratégias adaptativas, ou o Factor
racional do COPE‐28, e as desadaptativas ou disfuncionais, do Factor de evitação
do mesmo COPE‐28, com as dimensões de personalidade do NEO‐FFI, com cansaço
emocional (CE), com expectativa de autoeficacia (EA) e com problemas de saúde
geral (GHQ). Os dados mostram que:

1. A correlação positiva de autoeficacia com as quatro estratégias do factor


racional, assim como negativa com todas as do factor de evitação.
2. As correlações com neuroticismo são justamente as contrárias às
encontradas com Expectativa de Autoeficacia.
3. As correlações com extroversão são essencialmente coincidentes com as
de autoeficacia (com aceitação e com autodistração não chegam a ser
significativas), algo parecido a conscienciosidade.

150 
4. As correlações com GHQ são coincidentes com as de Neuroticismo, sem
que a correlação com aceitação chegue a ser significativa, o mesmo que as
de Cansaço Emocional no factor de evitação.
5. A abertura à experiência correlaciona positivamente com todo o factor
adaptativo ou racional, sendo escassa a relação de amabilidade (A) com as
estratégias de afrontamento.

Tabela 2. Matriz de Correlações entre as Estratégias de Enfrentamento e outras


variáveis investigadas

Afrontamiento CE EA N E O A C GHQ
Activo ‐.01 .26* ‐.24* .23* .14* .15* .38* ‐.19*
Racional

Planif. . 01 .23* ‐.16* .11* .22* .01 .21* ‐.09*


Reint. Posit. ‐.16* .20* ‐.26* .20* .23* .11* ‐.01 ‐.20*
Acep. ‐.07 .22* ‐.20* .07 .09* .05 .04 ‐.05
Negac. .28* ‐.28* .31* ‐.10* ‐.08 ‐.08 ‐.12* .27*
Evitación

Distra. .25* ‐.15* .16* ‐.05 .00 ‐.06 .02 .22*


Inculp. .33* ‐.37* .48* ‐.23* .11* ‐.08 ‐.15* .30*
Desco. .20* ‐.18* .29* ‐.21* ‐.11* ‐.17* ‐.17* .23*

Nota. O asterisco indica significação estatística a partir de p <.05. Activo=Enfrentamento
activo; Planif=Planificação; Reint=Reinterpretação positiva; Acep=Aceitação;
Negac=Negação; Distra=Autodistração; Inculp=Autoculpabilização; Desco=Desconexão.
CE=Cansaço Emocional; EA=Autoeficácia; N‐E‐O‐A‐C=Factores do NEO‐FFI; GHQ=GHQ‐28.

5.5. CANSAÇO EMOCIONAL E AUTOEFICÁCIA NOS GRUPOS DE


ESTUDANTES
Tratando‐se de estudantes universitários, o Cansaço Emocional (CE) devido
às tarefas académicas é uma variável de especial vinculação com o stress, enquanto
que em sentido contrário a expectativa de autoeficácia (EA) é uma variável que de
forma característica neutraliza o stress académico favorecendo o seu
enfrentamento adaptativo. Esta contraposição do Cansaço Emocional e da
autoeficacia é visível na Figura 5, donde se observa que os resilientes são altos em
autoeficacia e baixos em Cansaço Emocional, ao inverso dos supracontrolados. Os
infraconrolados encontram‐se em posição intermédia quer em Cansaço Emocional
151 
como em expectativa de autoeficácia, pelo que a Figura 4 oferece o perfil
indiferenciado para este protótipo.


Plot of Means
2-way interaction
F(2,569)=52.47; p<.0000
0.6
Variable: Comparación de grupos

0.4

0.2

0
CLUSTER
-0.2 G_1:1
CLUSTER
-0.4 G_2:2
CLUSTER
-0.6
Cansancio Autoeficacia G_3:3

CANSANCIO EMOCIONAL Y EXPECTATIVA DE AUTOEFICACIA


Figura 5. Comparação dos grupos (cluster) na medida negativa do cansaço


emocional e na medida positiva da sua expectativa de autoeficácia

152 
5.6. AS DIFERENÇAS DE GÉNERO NAS VARIÁVEIS
INVESTIGADAS
Na Tabela 3 aparecem as médias e desvios típicos (debaixo) em ambos os
sexos na variável personalidade. Foi realizada a comparação das médias através do
t de Student, mostrando o p com o seu nível de significação ou a sua carência em
cada variável comparada. Destaca‐se a um nível alto de significação estatística (p
<.001), a superioridade das mulheres em neuroticismo e amabilidade de
personalidade.

Tabela 3. Diferenças de Género nas Variáveis de Personalidade: NEO‐‐FFI



Desv. 
Variáveis  Género  Média  t  p 
Tip. 
N  Homem  17.06  7.42 
Neuroticismo  ‐5.39  .000 
E  Mulher  20.71  8.04 
O  Homem  32.57  6.93 
Extroversão  .99  .32 
  Mulher  32.99  6.61 
  Abertura à  Homem  27.63  6.55 
.99  .32 
F  Experiência  Mulher  27.08  6.21 
F  Homem  30.42  6.44 
Amabilidade  ‐3.45  .000 
I  Mulher  32.20  5.66 
Homem  29.21  7.54 
Responsabilidade  ‐1.35  .177 
Mulher  30.04  6.71 

Na Tabela 4 surgem as médias e desvios típicos em ambos os sexos na


variável COPE‐28. Foi realizada a comparação das médias através do t de Student,
mostrando o p com o seu nível de significação ou a sua carência em cada variável
comparada. Verifica‐se, a um nível alto de significação estatística (p <.001), que
igualmente são superiores as mulheres nas estratégias de enfrentamento do factor
emocional (apoio social e apoio instrumental). Os homens, ao contrário, são
superiores na estratégia de enfrentamento de recurso ao humor, assim como a um
nível algo inferior em planificação e uso de substâncias.

153 
Tabela 4. Diferenças de Género nas Variáveis COPE‐28

Variáveis  Género  Média  D. Tip.  t  p 
E  Homem  4.13  1.13 
S  Coping activo  ‐.85  .39 
Mulher  4.21  1.19 
T  Homem  3.89  1.26 
R  Planificação  1.97  .05 
Mulher  3.68  1.29 
A  Homem  3.44  1.46 
T  Suporte Emocional  ‐4.03  .000 
Mulher  3.93  1.36 
É 
Homem  2.92  1.24 
G  Suporte Instrumental  ‐4.72  .000 
I  Mulher  3.44  1.28 
A  Homem  1.26  1.59 
Religião  1.20  .23 
S  Mulher  1.10  1.52 
  Homem  3.42  1.31 
Reinterpretação Positiva  .95  .34 
D  Mulher  3.31  1.32 
E  Homem  3.80  1.15 
Aceitação  1.12  .26 
  Mulher  3.68  1.20 
E  Homem  1.07  1.32 
Negação  ‐.93  .35 
N  Mulher  1.18  1.34 
F  Homem  2.88  1.69 
R  Humor  3.99  .000 
Mulher  2.30  1.66 
E  Homem  3.02  1.49 
N  Auto Distracção  ‐.73  .46 
Mulher  3.11  1.40 
T  Homem  2.45  1.23 
A  Auto Culpabilização  ‐1.52  .13 
Mulher  2.62  1.40 

Homem  .79  1.15 
E  Desinvestimento  1.45  .15 
Mulher  .63  .98 

T  Homem  2.27  1.55 
Expressão de Sentimentos  ‐.99  .32 
O  Mulher  2.39  1.31 
  Homem  .74  1.32 
Uso de Substâncias  2.97  .000 
Mulher  .44  1.07 

Na Tabela 5 podemos analisar as médias e desvios típicos em ambos os


sexos nas variáveis Stress Percebido e Cansaço Emocional. Foi realizada a
comparação das médias através do t de Student, mostrando o p com o seu nível de
significação ou a sua carência em cada variável comparada. Verifica‐se, a um nível
alto de significação estatística (p <.001), que as mulheres apresentam uma
superioridade em stress percebido recente e cansaço emocional. Verificamos ainda
que as mulheres superam (p < .05) os homens em stress percebido geral.

154 
Tabela 5. Diferenças de Género nas Variáveis Stress Percebido e Cansaço
Emocional

Variáveis  Género  Média Desv. Tip. t  p 

Homem 57.37  12.48 
T  Stress Percebido Geral  ‐2.52 .010 
Mulher  60.18  12.92 

Homem 62.08  13.80 
E  Stress Percebido Recente  ‐4.91 .000 
Mulher  66.68  15.31 

Homem 26.10  7.36 
S  Cansaço Emocional  ‐4.91 .000 
Mulher  29.19  7.22 

Na Tabela 6 podemos visualizar as médias e desvios típicos em ambos os


sexos nas variáveis Expectativa de Autoeficácia e Saúde Geral (GHQ‐28). Foi
realizada a comparação das médias através do t de Student, mostrando o p com o
seu nível de significação ou a sua carência em cada variável comparada. Verifica‐se,
a um nível alto de significação estatística (p <.001), que as mulheres se situam
superiormente em relação à variável problemas de saúde psicológica geral (GHQ‐
28). Em relação às expectativas de autoeficácia verifica‐se que são superiores os
homens a um nível altamente significativo (p < .001).

Tabela 6. Diferenças de Género nas Expectativa de Autoeficácia e Saúde Geral


(GHQ‐28)

Variáveis  Género  Média Desv. Tip. t  p 


Homem 25.29  5.11 
Expectativa de Autoeficácia  4.34  .000 
Mulher  23.33  5.25 
Homem 18.20  9.48 
Saúde Geral GHQ‐28  ‐3.59 .000 
Mulher  21.30  10.23 

155 
Plot of Means
2-way interaction
F(4,565)=1.97; p<.0970
0.6
Variable: Cansancio Emocional

0.4

0.2

-0.2

-0.4
SEXO
-0.6 G_1:0
SEXO
-0.8
G_1:1 G_2:2 G_3:3 G_4:4 G_5:5 G_2:1

CURSO ACADÉMICO

Figura 6. Diferenças de género no curso na variável cansaço emocional

Através da Figura 6 observa‐se como o Cansaço Emocional é superior nas


mulheres ao longo dos 5 cursos de carreira, exceptuando‐se o quarto ano. A leitura
do gráfico da Figura mostra ainda uma interacção não significativa. Não obstante,
apareceram dois efeitos principais em ANOVA: As mulheres estudantes
universitárias (codificadas com 1) manifestaram maior Cansaço Emocional (p <
.001) que os homens universitários (codificados com 0), juntamente com outro
efeito principal (p < .01) que mostra um menor Cansaço Emocional à medida que
avançam os cursos académicos, entre o primeiro e o quinto.

156 
Plot of Means
2-way interaction
F(4,565)=1.21; p<.3045
0.4
0.3
Variable: Autoeficacia

0.2
0.1
0
-0.1
-0.2 SEXO
-0.3 G_1:0
SEXO
-0.4
G_1:1 G_2:2 G_3:3 G_4:4 G_5:5 G_2:1

CURSO ACADÉMICO

Figura 7. Diferenças de género por curso na variável expectativas de autoeficácia

Na Figura 7 está ilustrado o efeito principal (p < .001) segundo o qual os


homens (codificados com 0) se mostram superiores às mulheres (codificadas com
1), relativamente às Expectativas de Autoeficácia durante os 5 anos de carreira
universitária, verificando‐se que apenas se iguala no quinto ano.

157 
Plot of Means
2-way interaction
F(11,6116)=3.19; p<.0002
0.2
0.15
Variable: Estrés Percibido

0.1
0.05
0
-0.05
-0.1
-0.15 SEXO
-0.2 G_1:0
SEXO
-0.25
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 G_2:1

ESCALAS DEL CEP


Figura 8. Diferenças de género por escalas do CEP

Na Figura 8 ilustra, através dos seus perfis, a superioridade que existe nas
mulheres (codificadas com 1) relativamente à percepção de stress (p < .001)
enquanto que comparadas com os homens (codificados com 0), particularmente
nos seis factores últimos da Figura, do 7 ao 12, no nível máximo (p < .001). Em
relação às escalas que vão do 1 até ao 6 também apresentam valores superiores
nas mulheres muito embora a um nível de significação mais baixo (p < .05).

158 
Plot of Means
2-way interaction
F(13,7332)=5.75; p<.0000
0.3

0.2
Variable: Afrontamiento

0.1

-0.1
SEXO
-0.2 G_1:0
SEXO
-0.3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 G_2:1

COPE-28 (14 escalas)


Figura 9. Interacção sexo nas 14 escalas do COPE‐28

A Figura 9 mostra as diferenças de ambos os sexos segundo as suas


preferências por determinadas estratégias de enfrentamento. As mulheres
apresentam preferência superior à dos homens nas duas estratégias do Factor
Emocional (p < .001), que são a 3 e a 4 (apoio emocional y apoio instrumental). Os
homens superam as mulheres em Humor (p < .001), que é a 9 (recurso ao humor),
em Uso de substâncias (p < .01), a 14, e também na 2 ou Planificação (p < .05). Em
todas as restantes estratégias não se encontram diferenças significativas.

159 
Plot of Means
2-way interaction
F(7,4011)=1.89; p<.0666
0.15
Variable: Factores de COPE-28

0.1
0.05
0
-0.05
-0.1
-0.15
Planificación

Negación

Autoinculpación

Desconexión
Activo

Aceptación

Autodistracción
Reinterpretación

SEXO
G_1:0
SEXO
G_2:1

COPE-28 (estrategias más y menos adaptativas)


Figura 10. Interacção sexo com as estratégias mais adaptativas e menos


adaptativas

Na Figura 10 observa‐as diferenças de género no Factor Adaptativo e não


Disfuncional. As estratégias mais adaptativas do gráfico encontram‐se na esquerda
e as menos adaptativas encontram‐se na direita. Observam‐se as tendências dos
homens em preferir estratégias mais adaptativas, enquanto que as mulheres
tendem a preferir as que são menos adaptativas, mas sem diferenças
estatisticamente significativas, excepto em Planificação (p < .05).

160 
CAPITULO 6. DISCUSSAO E CONCLUSOES

6.1. DISCUSSÃO

De acordo com a análise de cluster com as medidas de personalidade sobre


as pontuações nas cinco dimensões medidas pelo NEO‐FFI obteve‐se três grupos
na amostra de 575 estudantes universitários. Denominou‐se através das análises
de cluster o grupo 1 dos supracontrolados com 168 sujeitos, o grupo 2 dos
resilientes com 238 sujeitos e o grupo 3 dos infracontrolados com 169 sujeitos.

A descrição de três protótipos de personalidade corresponde aos três


protótipos que se têm vindo a investigar em estudos anteriores, incluindo outros
recentes como, por exemplo, quando se aplicou a análise de conglomerados a
pessoas mais idosas (Steca, Alessandrini & Caprara, 2010) ou ao classificar os três
tipos de motoristas através do método dos protótipos de personalidade (Herbertz,
2009).

A composição dos grupos ou protótipos neste estudo vai de encontro aos


resultados e à distribuição constante no trabalho iniciado por Herbertz (2009),
sendo da mesma forma comparáveis também os perfis.

Do grupo 1, supracontrolados, fazem parte os estudantes universitários


que obtêm mais altas pontuações em Neuroticismo e mais baixas em
conscienciosidade. Podem‐se caracterizar por indivíduos que apresentam uma
grande tendência a vivenciar a ansiedade, tensão, hostilidade e impulsividade bem
como apresentar uma baixa autoestima.

Como apresentam valores muito baixos em conscienciosidade são


detentores de uma desorganização, pouco disciplinados, sem orientação para as
metas que planificam e pouco prudentes, sendo neste caso, pessoas menos
exigentes ou mais distraídas, no entanto, não se pode considerar que sejam
indivíduos desprovidos de princípios morais. Em Extroversão os seus valores são
também baixos, o que leva considerar que são indivíduos muito reservados e
pouco amigáveis preferindo ficar sozinhos. Na maior parte das vezes, estes
161 
indivíduos embora não consigam ter o espírito altamente exuberante não são
infelizes ou até mesmo pessimistas.

Estudos desenvolvidos por Costa e McCrae (1980) e McCrae e Costa (1987)


corroboram a distinção entre extrovertidos e introvertidos o que forma um dos
avanços mais importantes no modelo dos cinco factores. Costa e McCrae (1992)
consideram que quebrar paradigmas mentais que ligam os pares “feliz‐infeliz”,
sociável‐tímido” e “amigável‐hostil” é importante na medida em que vai permitir
novas explanações relativas à personalidade.

Contudo, os supracontrolados são detentores de pontuações dentro da


média no que diz respeito a Abertura à Experiência, pelo que podem apresentar
alguma curiosidade em relação ao seu mundo interior e exterior, sendo que
algumas das suas vivências podem ser bastante ricas o que os pode levar a
experienciar um leque mais variado de emoções quer positivas quer negativas.
Finalmente podem ser desconfiados, pouco cooperantes, por vezes irritáveis ou até
manipuladores uma vez que pontuam abaixo da média em Amabilidade (A)(Costa
& McCrae, 1990).

Neste estudo o grupo 2, protótipo resiliente, apresenta o perfil de maior


adaptação. Também em estudos realizados por Herbertz (2000), o grupo resiliente
apresenta uma melhor adaptação. Esta adaptação advém das baixas pontuações
em Neuroticismo , o que faz com que sejam indivíduos emocionalmente estáveis,
calmos, resistentes, seguros, tranquilos e satisfeitos consigo.

Estas características fazem com que os estudantes deste protótipo sejam


capazes de enfrentar situações consideradas stressantes sem se perturbar.
Resultados similares foram encontrados em estudos desenvolvidos com
estudantes universitários nos quais o cluster que obteve uma baixa pontuação no
Neuroticismo veio a significar que são pessoas equilibradas nas suas emoções, com
capacidade para controlar tanto as emoções positivas como as negativas, com
ideias realistas, e com possibilidade de lidar com os problemas sem stressar ou
sentirem‐se aflitas (Morán, 2009, Rizzato & Morán, 2013).

162 
Este grupo obteve pontuações altas em em Extroversão, Abertura à
Experiência, Amabilidade e Conscienciosidade pelo que são sociáveis, activos,
bastante faladores e orientados para as relações interpessoais. Acima de tudo são
indivíduos curiosos, criativos e com interesses muito amplos. De acordo com as
pontuações referidas, os resilientes são pessoas que possuem uma forte
necessidade de realização demonstrando audácia e ambição no esforço por atingir
as suas metas. Também possuem um sentimento de capacidade para realizar as
suas tarefas e não desistem diante dos obstáculos, superando as dificuldades em
prol de seus objectivos. Estes estudantes são prestáveis para os colegas e acima de
tudo são detentores de uma organização e autodisciplina o que é coincidente com
estudos desenvolvidos (Rizzato & Morán, 2013).

Na descrição dos protótipos aparecem as diferenças entre resilientes e


supracontrolados, com perfis totalmente opostos. O grupo resiliente apresenta
valores altos em Extroversão, Abertura à Experiência, Amabilidade e
Conscienciosidade ao contrário do protótipo supracontrolado que nestes factores
apresenta valores baixos.

Ambos os protótipos mostram igualmente perfis opostos em Estratégias de


Enfrentamento, assim como nos seus perfis de Stress Percebido: o grupo dos
resilientes elege sobretudo estratégias adaptativas e são inferiores em percepção
do stress, quer geral quer recente.

Em relação a Autoeficácia, Cansaço Emocional e Saúde Psicológica, também


o protótipo resiliente se situa no extremo oposto ao protótipo supracontrolado: os
resilientes são altos em Autoeficácia e baixos em Cansaço Emocional e problemas
de Saúde Psicológica.

O grupo 3, infracontrolados, é composto pelos estudantes que apresentam


um perfil de personalidade no qual se destaca a sua alta pontuação em
Conscienciosidade, que se encontra ao nível do protótipo resiliente. São estudantes
que se podem caracterizar por serem organizados, trabalhadores e auto
disciplinados, bem como pontuais, perseverantes e até mesmo ambiciosos.

163 
Este mesmo perfil é particularmente baixo na sua Abertura à Experiência,
pelo que se podem considerar que apresentam comportamentos convencionais e
pragmáticos. São indivíduos que preferem tudo o que é familiar em prol do que é
novo. Apresentam também valores baixos em Extroversão e Amabilidade, no
entanto mais próximo à média, sendo neste caso indivíduos que podem ser um
pouco reservados e com um ritmo de vida mais calmo e orientados para a tarefa
sem no entanto esquecer a sua orientação interpessoal.

Estes estudantes apresentam valores médios em Neuroticismo


considerando‐se, neste caso, pessoas resistentes e satisfeitas consigo próprias
(Costa & McCrae, 1990, 2000).

Os estudantes que pertencem ao protótipo supracontrolado apresentam os


valores de Stress Percebido Geral e Stress Percebido Recente todos acima da média
sendo os de maior pontuação o factor 2 ou seja, aceitação social de conflitos. Estes
estudantes são considerados indivíduos mais sensíveis ao stress.

O protótipo resiliente apresenta os valores de Stress Percebido Geral e


Stress Percebido Recente todos abaixo da média. Os estudantes pertencentes a este
grupo percebem o stress num grau menor do que os outros grupos. No entanto, o
protótipo infracontrolado que apresenta os valores de Stress Percebido Geral e
Stress Percebido Recente na média e acima da média pode ser considerado um
grupo no qual os indivíduos apresentam um perfil mais indiferenciado
relativamente ao Stress Percebido.

Relativamente à Autoeficácia e Cansaço Emocional, o protótipo resiliente


situa‐se no extremo oposto ao protótipo supracontrolado. Os estudantes
resilientes apresentam pontuações altas em Autoeficácia e baixas em Cansaço
Emocional e Saúde Psicológica enquanto que os pertencentes ao protótipo
supracontrolado apresentam as pontuações altas em Cansaço Emocional e baixas
em Autoeficácia. Por seu lado, os estudantes infracontrolados apresentam valores
intermédios em Cansaço Emocional e Autoeficácia.

Apesar de que, dentro do modelo dos Cinco Factores, se considere a


Abertura à Experiência com escassa importância em relação ao stress e o seu

164 
enfrentamento (Vollrath & Torgesen, 2000), os nossos dados sugerem que o factor
Abertura à Experiência apresenta um importante papel nas diferenças de
personalidade e a sua relação com as estratégias de enfrentamento do stress.

Nesta perspectiva, os dados de Williams, Rau, Cribbet e Gunn (2009)


sugerem que os indivíduos altos em Abertura à Experiência são mais resilientes
perante situações de stress, assim como também se encontra maior
vulnerabilidade aos efeitos adversos do stress entre indivíduos que pontuam baixo
em Abertura à Experiência.

Os resultados de Williams et al. (2009) confirmam as descobertas


anteriores de Lee‐Baggley, Preece e DeLonguis (2005), segundo os quais os
indivíduos altos em Abertura à Experiência tendem a enfrentar o stress de um
modo mais flexível e adaptativo o que vai de encontro à nossa investigação é
visível no protótipo resiliente o qual apresenta pontuações bastante altas nas
estratégias de enfrentamento do stress planificação e reinterpretação positiva.

Os estudantes que apresentam o perfil com as características dos resiliente


tentam resolver as situações stressantes mediante uma aproximação e análise
desse problema e a procura de possíveis soluções bem como, tentam dar um
significado positivo à situação stressante, potenciando a partir dela um
desenvolvimento pessoal.

Em termos gerais, o protótipo resiliente pontua alto em termos de


estratégias adaptativas e baixo nas disfuncionais contrariamente ao protótipo
supracontrolado que apresenta pontuações altas em estratégias disfuncionais e
baixo nas adptativas. O protótipo infracontrolado apresenta um perfil mais
indiferenciado em Estratégias de Enfrentamento do stress destacando‐se poucas
diferenças relativamente às estratégias adaptativas e às disfuncionais.

Se a classificação de três grupos, ou conglomerados, foi feita sobre as


estratégias de enfrentamento, podia‐se esperar os perfis de dois grupos opostos na
preferência por estratégias adaptativas e disfuncionais, tal como relataram Doron
et al. (2013). Apareceram os indivíduos de enfrentamento racional alto e de
evitação baixa, e os seus antagónicos com enfrentamento racional baixo e de

165 
evitação alto, juntamente a um terceiro grupo de indivíduos com um perfil global
de enfrentamento indiferenciado ou mais baixo.

As estratégias ou modos de enfrentar situações que promovem o


desconforto e levam ao stress têm sido objecto de pesquisa de Lazarus e Folkman
(1984) e Morán (2005, 2006) e têm denotado forte relação com os traços de
personalidade do indivíduo.

Em relação às correlações das variáveis com as Estratégias Adaptativas e


Disfuncionais encontramos as estratégias de enfrentamento adaptativas,
Enfrentamento activo, Planificação, Reinterpretação positiva e Aceitação todas
elas, a correlacionar de forma positiva e significativa com a Autoeficácia e com o
factor de personalidade Abertura à experiência. O Enfrentamento activo, a
Planificação e a Reinterpretação positiva correlaciona de forma positiva e
significativa com Extroversão. Apenas o Enfrentamento activo e a Reinterpretação
positiva correlaciona de forma positiva e significativa com Amabilidade e o
Enfrentamento activo e a Planificação com Conscienciosidade.

As correlações negativas e significativas são encontradas em todas as


estratégias adaptativas com o factor Neuroticismo. O Enfrentamento activo, a
Planificação e a Reinterpretação positiva correlacionam de forma negativa e
significativa com a Saúde Geral.

Nas estratégias disfuncionais Negação, Autodistracção, Autoculpabilização e


Desconexão encontramos em todas elas correlações positivas e significativas com
Cansaço Emocional, com o factor de personalidade Neuroticismo e Saúde Geral.
Também se correlacionam de forma negativa e significativa com Autoeficácia, com
os factores de personalidade Extroversão, Amabilidade e Conscienciosidade.

Os resultados apresentados sobre as diferenças de género detêm especial


relevância. No âmbito da personalidade, confirmam‐se as descobertas de outros
estudos (Manga et al., 2004), nos quais as mulheres apresentam valores muito
superiores nas pontuações de Neuroticismo em relação aos homens, assim como
com uma diferença um pouco menor também os superam em Amabilidade.

166 
Nesta tese destaca‐se a superioridade das mulheres em eleger as estratégias
do Factor Emocional e a sua inferioridade até finais da carreira em Autoeficácia, a
sua superioridade em Percepção do Stress, em Cansaço Emocional e em problemas
de Saúde Geral. Relativamente à Autoeficácia encontra‐se uma superioridade
altamente significativa nos homens.

167 
6.2. CONCLUSÕES

(A) SOBRE A PERSONALIDADE:

Conclusão 1. Os três protótipos, derivados da análise de conglomerados aplicado às


pontuações obtidas com o NEO‐FFI, mostram perfis de personalidade
característicos e diferentes entre si, segundo confirmam os ANOVAs da sua
validação.

Conclusão 2. O perfil do protótipo resiliente mostra pontuações baixas em


Neuroticismo, e altas em Extroversão, Abertura à experiência, Amabilidade
e Conscienciosidade. O perfil do protótipo resiliente contrapõe‐se ao perfil
do protótipo supracontrolado, alto em Neuroticismo e baixo em
Extroversão, Abertura à experiência, Amabilidade e Conscienciosidade.

Conclusão 3. O perfil do protótipo infracontrolado é também oposto ao perfil


resiliente, exceptua a sua alta pontuação em Conscienciosidade. Destaca‐se
por ser o grupo com a pontuação mais baixa em Conscienciosidade de entre
os três protótipos, o que parece indicar maior dificuldade adaptativa e
menor flexibilidade perante o stress.

(B) SOBRE PERSONALIDADE, STRESS PERCEBIDO E CANSAÇO EMOCIONAL:

Conclusão 4. A validação externa permite comprovar que os protótipos se


diferenciam em Stress Percebido, quer geral quer próximo. Os
supracontrolados são os que apresentam a mais alta percepção de stress,
sendo os resilientes que apresentam uma percepção mais baixa.

Conclusão 5. Os resultados indicam que o protótipo infracontrolado mostra um


perfil intermédio em Stress Percebido, situando as suas pontuações numa
zona média entre resilientes (para baixo) e supracontrolados (para cima).

Conclusão 6. Em Cansaço Emocional temos reflectido os resultados de Stress


Percebido: a menor Stress Percebido (resilientes) menor burnout, o mesmo

168 
que a maior Stress Percebido (supracontrolados) maior burnout ou burnout
estudantil.

(C) SOBRE PERSONALIDADE E ENFRENTAMENTO DO STRESS:

Conclusão 7. A análise factorial dos itens de 10 estratégias de enfrentamento do


questionário COPE‐28 reconheceu três factores, tal como era de esperar
tendo em conta os estudos prévios: o factor racional ou activo (com quatro
estratégias adaptativas), o factor de evitação ou passivo (com quatro
estratégias disfuncionais) e o factor emocional (com as duas estratégias de
procura de apoio).

Conclusão 8. As dimensões de personalidade estabelecem correlações


significativas com as estratégias adaptativas e com as disfuncionais.
Neuroticismo correlaciona negativamente com as quatro adaptativas do
factor racional, assim como correlaciona positivamente com as quatro
disfuncionais do factor de evitação.

Conclusão 9. Em sentido oposto a Neuroticismo, Expectativas de Autoeficácia


correlaciona com as 8 estratégias de enfrentamento citadas na conclusão
anterior. Também Abertura à experiência correlaciona positivamente com
as quatro adaptativas, o mesmo que Autoeficácia. Em contrapartida, GHQ
(problemas de saúde psicológica) correlaciona positivamente com todas as
disfuncionais, da mesma forma que Cansaço Emocional ou burnout.

(D) SOBRE AS DIFERENÇAS DE GÉNERO NAS VARIÁVEIS DA TESE:

Conclusão 10. Em relação às dimensões de personalidade, os resultados confirmam


que as mulheres são superiores aos homens em Neuroticismo, com uma
diferença altamente significativa. Nos nossos dados, também as mulheres
são superiores em Amabilidade de forma significativa.

Conclusão 11. Relativamente ao Stress Percebido, as mulheres superam os homens


nas pontuações globais, do Stress Percebido em Geral e em maior medida
no Stress Percebido Recente.

169 
Conclusão 12. No que diz respeito às estratégias de enfrentamento, destaca‐se a
superioridade das mulheres sobre os homens na sua preferência pelas
estratégias do factor emocional: apoio emocional e apoio instrumental.

Conclusão 13. Em Expectativas de Autoeficácia, os homens superam


significativamente as mulheres. As diferenças são claras durante os 4
primeiros cursos da universidade, deixando de existir no último curso.

Conclusão 14. Relativamente ao Cansaço Emocional nos estudos, as mulheres


superam os homens, e da mesma forma também em problemas de saúde
psicológica (GHQ‐28).

(E) CONSIDERAÇÃO FINAL

As diferenças de género fazem, por um lado, com que as conclusões para a


amostra total não possam ser de todo esclarecedoras nem definitivas,
particularmente devido ao predomínio de mulheres (63%) sobre os homens
(37%).

Por outro lado, a impressão de que as mulheres estudantes universitárias


têm um nível inferior de comportamento adaptativo em comparação com os seus
companheiros homens, sobretudo tendo em conta a sua preferência por
estratégias do factor emocional do COPE‐28, não é defendido a julgar pelo elevado
Neuroticismo da sua personalidade, de tão difícil interpretação como as
encontradas e coincidentes nas investigações sobre o tema. Em todo o caso, não se
pode afirmar, nem isso se faz nesta tese, que as estratégias de enfrentamento do
factor emocional carecem de função adaptativa; apenas se pode afirmar que são
um recurso de enfrentamento mais frequente entre as mulheres e, provavelmente,
de alto valor adaptativo para o sexo feminino.

170 

Referê ncias Bibliográ ficas

Adler, A. (1964). Superiority and social interest: a collection of later writing. Nova
York: Norton.

Allport, G. W. (1961). Pattern and growth in personality. Nova York: Holt.

Allport, G. W. & Odbert, H. S. (1936). Traits names: A psycho‐lexical study.


Psychological Monographs, 47, 1 (volume completo).

Asendorpf, J. B. (2006). Typeness of personality profiles: A continuous person‐


centred approach to personality data. European Journal of Personality, 20,
83‐106.

Asendorpf, J. B. & Van Aken, M. A. G. (1999). Resilient, overcontrolled, and


undercontrolled personality prototypes in chilhood: replicability, predictive
power, and the trait‐type issue. Journal of Personality and Social Psychology,
77, 815‐832.

Asendorpf, J. B., Borkenau, P., Ostendorf, F. & Van Aken, M. A. G. (2001). Carving
personality description at its joints: Confirmation of three replicable
personality prototypes for both children and adults. European Journal of
Personality, 15, 169‐198.

Avía, M. D. & Sánchez, M. P. (1995). The five factor model: II relations of the NEO‐
PR with other personality variables. Personality and Individual Difference, 1
(1), 81‐97.

Bandura, A. (1977). Self‐efficacy: Toward a unifying theory of behavioral change.


Psychological Review, 84, 191‐215.

Bandura, A. (1986). Social foundations of thought and action: a social cognitive


theory. Englewood Cliffs: Prentice‐Hall.

Bandura, A. (1987). Pensamiento y acción. Fundamentos sociales. Barcelona:


Martínez Roca.

Bandura, A. (1993). Perceived self‐efficacy in cognitive development and


functioning. Educational Psychologist, 28 82), 117‐148.

171 
Bandura, A. (1997). Self‐efficacy in changing societies. Nova York: Cambridge
University Press.

Bandura, A. (2001). Social cognitive theory: An agented perspective. Annual Review


of Psychology, 52, 1‐26.

Bakker, A. B., Demerouti, E. & Schaufeli, W. B. (2002). The validity of the Maslach
Burnout Inventory–General Survey: An Internet Study. Anxiety, Stress and
Coping, 15, 245–260.

Baum, A. & Singer, J. E. (1982). Psychological aspects of health stress and illness.
Em A. H. Hastorf, A. M. Isen (eds.), Cognitive social psychology (pp. 307‐356).
New York: Elsevier.

Ben‐Zur, H. (2002). Coping, affect and aging: the roles of mastery and self esteem.
Personality and Individual Differences, 32(2), 357‐372.

Botelho, T. (1999). Personalidade materna e prematuridade. Dissertação de


Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica, Instituto Superior de
Psicologia Aplicada, Lisboa.

Brannon, L., & Feist, J. (2001). Psicología de la salud. Madrid: Paraninfo.

Caballero, C., Abello, R. & Palacio, J. (2007). Relación del burnout y el rendimiento
académico con la satisfacción frente a los estudios en estudiantes
universitarios. Avances en Psicología Latinoamericana, 25 (2), 98‐111.

Cabanach, R., Fariña, F., Freire, C., González, P. & Ferradás, M. (2013). Diferencias
en el afrontamiento del estrés en estudiantes universitarios hombres y
mujeres. European Journal of Education and Psychology, 6 (1) 19‐32.

Cabanach, R., Souto, A., Fernández, R. & Freire, C. (2011). Regulación emocional y
burnout académico en estudiantes universitários de fisioterapia. Revista de
Investigación en Educación, 9 (2), 7‐18.

Calais, S.L., Andrade, L.M.B. & Lipp, M.E.N. (2003). Diferenças de sexo e
escolaridade na manifestação de stress em adultos jovens. Psicología:
Reflexâo e Crítica, 16(2), 257‐263.

Carlotto, M. S., Camara, S. G. & Brazil, A.M. (2005). Predictores del síndrome de
Burnout en estudiantes de un curso técnico de enfermería. Perspectivas en
Psicología, 1, 195‐205.

Carmel, S. & Bernstein, J. (1990). Trait anxiety, sense of coherence and medical
school stressors: Observations at three stages. Anxiety Research, 3, 51‐60.
172 
Carochinho, J. A. (1999). Stress Ocupacional: breves considerações sobre a validade
factorial da Escala Fontes de Pressão no Emprego do OSI. Em A.P. Soares, S.
Araújo & S. Caíres (Eds.). Análise psicológica: Formas e contextos (pp. 976‐
984). Braga: Apport.

Carver, C. S. (1997). You want to measure coping but your protocol’s too long:
Consider the Brief COPE. International Journal of Behavioral Medicine, 4, 92‐
100.

Carver, C. S. & Scheier, M. F. (1981). Attention and self regulation: A control‐theory


approach to human behavior. Nova York: Spring‐Verlag.

Carver, C. S. & Scheier, M. F. (1990). Principles of self regulation. Action and


emotion. Em E. T. Higgins & R. M. Sorrentino (Eds.), Handbook of motivation
and cognition: Foundations of social behavior (Vol. 2, pp. 3–52). Nova York:
The Guilford Press.

Carver, C., Scheier, M. F. & Weintraub, J. (1989). Assessing coping strategies: A


theoretically based approach. Journal of Personality and Social Psychology,
56(2), 267‐283.

Cattell, R. B. (1972). El análisis científico de la personalidad. Barcelona: Fontanella.

Cattell, R. B. (1965). The scientific analysis of personality. Londres: Penguin.

Connor‐Smith, J. K. & Compas, B. E. (2002). Vulnerability to social stress: Coping as


a mediator or moderator of sociotropy and symptoms of anxiety and
depression. Cognitive Therapy and Research, 26 (1), 39‐55.

Costa. P. T. & McCrae, R. R. (1976). Age differences in personality structure: A


cluster analytic approach. Journal of Gerontology, 31, 564‐570.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1980). Influence of extraversion and neuroticism on


subjective well‐being: Happy and unhappy people. Journal of Personality
and Social Psychology, 38, 668‐678.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1985). The NEO Personality Inventory Manual. Odessa,
FL: Psychological Assessment Resources.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1987). On the need for longitudinal evidence and
multiple measures in behavioral‐genetic studies of adult personality.
Behavioral and Brain Sciences, 10 (1), 22‐23.

173 
Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1988). From catalog to classification: Murray's needs
and the five‐factor model. Journal cf Personality and Social Psychology, 55,
258‐265.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1990). Personality disorders and the five‐factor model
of personality. Journal of Personality Disorders, 4 (4), 362‐371.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1992a). Four ways five factors are not basic: Reply.
Personality and Individual Differences, 13 (8), 861‐865.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1992b). NEO PI‐R profesional manual. Odessa, FL:
Psychological Assessment Resources.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (1999). NEO PI‐R. Inventario de personalidad NEO


revisado. NEO‐FFI, Inventário NEO Reducido del Cinco Factores. Madrid:
TEA Ediciones.

Costa, P. T. & McCrae, R. R. (2000). NEO PI‐R. Manual Profissional. NEO PI‐R,
Inventário de Personalidade NEO Revisto. Adaptação portuguesa de
Margarita Pedroso de Lima e António Simões. Lisboa: CEGOC‐TEA.

Costa, P. T. McCrae, R. R. & Dye, D. A. (1991). Facet scales for agreeableness and
conscientiousness: A revision of the NEO Personality Inventory. Personality
and Individual Differences, 12, 887‐898.

Costa, P. T., Somerfield, M. R. & McCrae, R. R. (1996). Personality and coping: A


reconceptualization. Em M. Zeidner y N. S. Endler (Eds.), Handbook of
coping. Theory, research, applications (pp. 44‐61). New York: Wiley.

Crespo, M. & Cruzado, J. A. (1997). La evaluación del afrontamiento: Adaptación


española del cuestionario COPE con una muestra de estudiantes
universitarios. Análisis y Modificación de Conducta, 23, 797‐830.

Csikszentmihalyi, M. (1999). If we are so rich, why aren’t we happy? American


Psychologist, 54 (10), 821‐827.

Cuperman, R. & Ickes, W. (2009). Big Five predictors of behavior and perceptions
in initial dyadic interactions: personality similarity helps extraverts and
introverts, but hurts “disagreeables”. Journal of Personality and Social
Psychology, 97(4), 667‐684.

David, J. P. & Suls, J. (1996). Coping efforts in daily life: role of big five traits and
problem appraisals. Journal of Personality, 67(2), 265‐294.

174 
Digman, J. M. (1990). Personality structure: Emergence of five‐factor model. Annual
Review of Psychology, 41, 417‐440.

Digman J. M. & Inouye, J. (1986). Further specification of the five robust factors of
personality. Journal of Persononality and Social Psychology, 50, 116–123.

Doron, J., Thomas‐Ollivier, V., Vachon, H. & Fortes‐Bourbousson, M. (2013).


Relationships between cognitive coping, self‐esteem, anxiety and
depression: A cluster‐analysis approach. Personality and Individual
Differences, 55 (5), 515–520.

Durá, E. & Sánchez‐Cánovas, J. (1999). Sistema emocional y diversidad humana. Em


J. Sánchez‐Cánovas y M. P. Sánchez (Eds.), Psicología de la diversidad
humana (pp. 251‐314). Madrid: Centro de Estudios Ramón Areces.

Ebstrup, J. F., Eplov, L. F., Pisinger, C. & Jørgensen, T. (2011). Association between
the Five Factor personality traits and perceived stress: is the effect
mediated by general self‐efficacy? Anxiety, Stress & Coping: An International
Journal, 24 (4), 407‐419.

Escamilla‐Quintal, M., Rodríguez‐Molina, I., & González‐Morales, G. (2009). El


estrés como amenaza y como reto: un análisis de su relación. Ciencia y
Trabajo, 11 (32), 96‐101.

Eysenck, H. J. (1997). Personality and experimental psychology: the unification of


psychology and the possibility of a paradigm. Journal of Personality and
Social Psychology, 6, 1124‐1137.

Eysenck, H. J. (1970). The structure of human personality. Londres: Methuen.

Fontana, D. (1991). O que é Estresse?. São Paulo: Editora Saraiva.

Faulk, K. E., Gloria, C. T. & Steinhardt, M. A. (2013). Coping profiles characterize


individual flourishing, languishing, and depression. Anxiety, Stress & Coping:
An International Journal, 26 (4), 378‐390.

Folkman, S. & Lazarus, R (1980). An analisys of coping in a middle aged community


sample. Journal of Health and Social Behavior, 21, 219‐239.

Folkman, S. & Moskowitz, J. (2000). Positive affect and the other side of coping.
American Psychologist, 55 (6), 647‐654.

García, L. F. (2006). Teorias psicométricas da personalidade. Em C. E. Flores‐


Mendoza & R. Colom (Eds.), Introdução à psicologia das diferenças
individuais (pp. 219‐242). Porto Alegre: Artmed.
175 
Garrido, I. (2008). Estado actual de la investigación en motivación y perspectivas
futuras. Em I. Garrido (Ed.), Psicología de la motivación (pp. 339‐351).
Madrid: Síntesis.

Gil‐Monte, P. R. (2005). El síndrome de quemarse por el trabajo (”burnout”). Una


enfermedad laboral en la sociedad del bienestar. Madrid: Pirámide.

Goldberg, L. R. (1992). The development of markers of the Big‐Five factor


structure. Psychological Assessment, 4, 26‐42.

Goldberg, D. & Williams, P. (1988). A users guide to the General Health


Questionnaire. Slough: NFER‐Nelson.

Goldberg, D. & Williams, P. (1996). Cuestionario de Salud General‐GHQ. Barcelona:


Masson.

González, M., T. & Landero, R. (2007). Escala de cansancio emocional (ECE) para
estudiantes universitarios: Propiedades psicométricas en una muestra de
México. Anales de Psicologia, 23 (2), 253‐257.

González‐Cabanach, R., Souto, A., Fernández, R. & Freire, C. (2011). Regulación


emocional y burnout académico en estudiantes universitários de
fisioterapia. Revista de Investigación en Educación, 9 (2), 7‐18.

González‐Pienda, J. A., Núñez, J. C., González‐Pumariega, S., Álvarez, L., Roces, C.,
García, M., González, P., Cabanach, R. G. & Valle, A. (2000). Autoconcepto,
proceso de atribución causal y metas académicas en niños con y sin
dificultades de aprendizaje. Psicothema, 12, 548‐556.

González‐Romá, V., Schaufeli, W.B., Bakker, A.B., & Lloret, S. (2006). Burnout and
work engagement: Independent factors or opposite poles? Journal of
Vocational Behavior, 62, 165‐174.

Greenlass, E. R., Burke, R. J. & Konarski, R. (1998). Components of burnout,


resources, and gender‐related differences. Journal of Applied Social
Psychology, 28, 1088‐1106.

Grotberg, E. (1995). A guide to promoting resilience in children: streng ‐hening the


human spirit. The International Resilience Project. La Haya: Bernard van Leer
Foundation.

Gump, B. B. & Matthews, K. A. (1999). Do background stressors influence reactivity


to and recovery from acute stressors? Journal of Applied Social Psychology,
29, 469–494.

176 
Hall, C. S., & Lindzey, G. (1993). Teorias da personalidade (vol. 2). S. Paulo: E.P.U.

Hay, D. & Oken, D. (1972). The psychological stress on intensive care unit nursing.
Psychosomatic Medicine, 34, 109‐118.

Herbertz, P. Y. (2009). Beyond “accident‐proneness”: Using Five‐Factor Model


prototypes to predict driving behavior. Journal of Research in Personality,
43, 1096‐1100.

Hernández, J. M., Pozo, C. & Polo, A. (1994). La ansiedad ante los exámenes: Un
programa para su tratamiento de forma eficaz. Valencia: Promolibro.

Higgins, E.T. (1991). Development of self‐regulatory and self‐evaluative processes:


Costs, benefits, and trade‐offs. Em M.R. Gunnar y L.A. Sroufe (Eds.), Self‐
processes and development: Twenty‐Third Minnesota Symposium on Child
Psychology (pp. 125‐165). Minneapolis: University of Minnesota Press.

Houtman, I. L. (1990). Personal coping resources and sex differences. Personality


and Individual Differences, 11, 53‐63.

Hutz, C. S., Nunes, C.H., Silveira, A.D., Serra, J., Antón, M. & Wieczorek, L. S. (1998). O
desenvolvimento de marcadores para a avaliação da personalidade no
modelo dos Cinco Grandes Factores. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(2).
Retirado em 20 de maio de 2013.
http://www.redalcy.org/artículo.oa?id=18811215

Jenaro, C., Flores, N. E., González, F. (2007). Síndrome de burnout y afrontamiento


en trabajadores de acogimiento residencial de menores. International
Journal of Clinical and Health Psychology, 7(1) 107‐120.

Jiménez‐Torres, M., Martínez, M. P., Miró, E. & Sánchez, A., I. (2012). Relación entre
estrés percibido y estado de ánimo negativo: diferencias según el estilo de
afrontamiento. Anales de Psicologia, 28 (1) 28‐36.

Karademas, E. C. & Kalatzi‐Azizi, A. (2004). The stress process, self‐efficacy


expectations, and psychological health. Personality and Individual
Differences, 37, 1033‐1043.

Kiecolt‐Glaser, J. K & Glaser, R. (1995). Psychoneuroimmunology and health


consequences: Data and shared mechanisms. Psychosomatic Medicine, 57,
269‐274.

Kobasa, S. C. & Maddi, S. R. (1977). Existencial personality theory. Em R. Corsini


(Ed.), Current personality theory (pp. 242‐276). Itasca, IL: Peacock.
177 
Kobasa, S.C. & Paccetti, M. (1983). Personality and social resources in stress
resistance. Journal of Personality and Social Psychology, 45, 839‐850.

Kobasa, S. C., Maddi, S. R., Pucceti, M. C. & Zola, M. A. (1994). Effectiveness of


hardiness, exercise, and social support as resources against illness. Em A.
Steptoe et al. (Eds.), Psychological processes and health: A reader (pp. 247‐
260). Cambridge: Cambridge University Press.

Labrador, F. J. (1992). El estrés. Nuevas técnicas para su control. Madrid: Temas de


Hoy.

Labrador, F.J. (1995). Stress. Braga: Edições Temas da Actualidade.

Lazarus, R. S. (1996). Psychologiacal stress and the coping process. Nova York:
McGraw‐Hill.

Lazarus, R. S. (2000). Toward better research on stress and coping. American


Psychologist, 55 (6), 665‐667.

Lazarus, R. S. (2006). Emotions and interpersonal relationships: Toward a person‐


centered conceptualisation of emotions and coping. Journal of Personality,
74 (1), 9‐46.

Lazarus, R. S. & Folkman, S. (1984). Stress, appraisal and coping. Nova York:
Springer.

Lazarus, R.S. & Folkman, S. (1986). Estres y processos cognitivos. Madrid: Martínez
Roca.

Lee‐Baggley, D., Preece, M. & DeLonguis, A. (2005). Coping with interpersonal


stress: Role of big five traits. Journal of Personality, 73 (5), 1141‐1180.

Lee, R., Keough, K. & Sexton, J. (2002). Social connected‐ness, social appraisal and
perceived stress in college women and men. Journal of Counseling and
Development, 80, 355‐361.

Lévy‐Leboyer, C. L. & Sperandio, J. C. (1987). Traité de psychologie du travail.


France: P.U.F.

Lima, M. P. (1997). NEO‐PI‐R, Contextos Teóricos e Psicométricos. “OCEAN” ou


“iceberg”?. Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de
Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra.

Lima, M. P. & Simões, A. (2000). NEO‐PI‐R‐Inventáriode Personalidade Neo Revisto.


Manual Profissional (1.ª ed.). Lisboa: CEGOC‐TEA.
178 
Limonero, J.T., Tomás‐Sábado, J., Fernández‐Castro, J. & Aradilla, A. (2008).
Relación entre estrategias de afrontamiento y felicidad: estudio preliminar.
Interpsiquis.

Lipp, M.E.N. (2002). O stress do professor. Campinas: Papirus.

Luthar, S. (1993). Annotation: methodological and conceptual issues in research on


childhood resilience. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 34, 441‐
453.

Luthar, S., Cicchetti, D. & Becker, B. (2000). The construct of resilience: a critical
evaluation and guidelines for future work. Child Development, 71(3), 543‐
562.

Lyne, K. & Roger, D. (2000). A psychometric re‐assessment of the COPE


questionnaire. Personality and Individual Differences, 29, 321‐335.

Maddi, S. R. (1999). The personality construct of hardiness: I. Effects on


experiencing, coping, and strain. Consulting Psychology Journal: Pratice and
Research, 51, 83‐94.

Maddux, J. E. (2005). Self‐Efficacy. The power of believing you can. Em C. R. Snyder


y S. J. Lopez (Eds.), Handbook of positive psychology (pp. 277‐287). Oxford:
Oxford UniversityPress.

Manga, D. & Morán, C. (2007). Autoeficacia y motivación de logro en la sociedad del


conocimiento. Comunicación y Pedagogía, 220, 20‐24.

Manga, D., Ramos, F. & Morán, C. (2004). The Spanish norms of the NEO Five‐
Factor Inventory: new data and analyses for its improvement. International
Journal of Psychology and Psychological Therapy, 4, 639‐648.

Martín, I.M. (2007). Estrés académico en estudiantes universitarios. Apuntes de


Psicología, 25 (1), 87‐99.

Martínez, I. M. & Marques Pinto, A. (2005). Burnout en estudiantes universitarios


de España y Portugal y su relación com variables académicas. Aletheia, 21,
21‐30.

Martínez, I. M., Marques Pinto, A., Salanova, M. & Lopes da Silva, A. (2002). Burnout
en estudiantes universitarios de España y Portugal. Un estudio
transcultural. Ansiedad y Estrés, 8 (1), 13‐23.

Marques Pinto, A. & Lopes da Silva, A. (coord.) (2005). Stress e bem‐estar: modelo e
domínio de aplicação. Lisboa: Climepsi Editores.
179 
Marqueze, E. C. & Moreno, C. R. C. (2005). Satisfação no trabalho: uma breve
revisão. Revista Brasileira de saúde Ocupacional, 30 (112), 69‐79.

Maslach, C. (2003). Job burnout: New directions in research and intervention.


Current Directions in Psychological Science, 12, 189‐192.

Maslach, C. & Jackson, S. E. (1981). The measurement of experience burnout.


Journal of Organizational Behavior, 2 (2), 99–113.

Maslach, C. & Jackson, S. E. (1986). Maslach Burnout Inventory Manual (2ª ed.). Palo
Alto, CA: Consulting Psychologists Press.

Maslach, C. & Leiter, M. P. (1997). The truth about burnout: How organizationscause
personal stress and what to do about it. San Francisco,CA: Jossey‐Bass.

Maslach, C. & Pines, A. (1997). The burnout syndrome in the day care setting. Child
Care Quarterly, 6, 100‐113.

Maslach, C., Schaufeli, W. B. & Leiter, M. P. (2001). Job burnout. Annual Review of
Psychology, 52 (1), 397‐422.

McCrae, R. R. (2006). O que é personalidade? Em C. Flores‐Mendoza & R. Colom‐


Marañon (Orgs.). Introdução à Psicologia das Diferenças Individuais (pp.
203‐218). Porto Alegre: Artmed.

McCrae, R. R. & Costa, P. T., Jr. (1986). Personality, coping, and coping effectiveness
in an adult sample. Journal of Personality, 54, 385‐405.

McCrae, R. R. & Costa, P. T., Jr. (1987). Validation of the Five‐Factor Model of
personality across instruments and observers. Journal of Personality and
Social Psychology, 52, 81‐90.

McCrae, R. R & John, O. P. (1992). An introduction to the five‐factor model and its
applications. Journal of Personality, 60, 175‐215.

Mischel, W. (1981). Introduction to personality (Third Edition). New York: Holt,


Rinehart & Winston.

Misra, R. & McKean, M. (2000). College students academic stress and its relation to
their anxiety, time management, and leisure satisfaction. American Journal
of Health Studies, 16, 41‐51.

Morán, C. (2002). El mobbing: persecución o psicoterror en el trabajo. Capital


Humano: Revista para la Integración y Desarrollo de los Recursos Humanos,
151, 44‐48.
180 
Morán, C. (2005). Relación entre variables de personalidad y estrategias de
afrontamiento del estrés laboral. León: Universidad de León.

Morán, C. (2006). El cansancio emocional en servicios humanos: Asociación con


acoso psicológico, personalidad y afrontamiento. Revista de Psicología del
Trabajo y de las Organizaciones, 22 (2), 227‐239.

Morán, C. (2009). Estrés, burnout y mobbing. Recursos y estratégias de


afrontamiento. Salamanca: Amarú.

Morán, C., Landero, R. & González, M. C. (2010). COPE‐28: un análisis psicométrico


de la versión en español del Brief COPE. Universitas Psychologica, 9 (2), 543‐
552.

Morrison, R. & O’Connor, R. C. (2005). Predicting psychological distress in college


students: The role of rumination and stress. Journal of Clinical Psychology,
61, 447‐460.

Muñoz, F.J. (1999). El estrés académico: incidencia del sistema de enseñanza y


función moduladora de las variables psicosociales en la salud, el bienestar y el
rendimiento de los estudiantes universitários. Tesis doctoral. Facultad de
Psicología de la Universidad de Sevilla.

Neves, S. & Faria, L. (2007). Auto‐eficácia académica e atribuições causais em


Português e Matemática. Análise Psicológica, 25, (4), 635‐652.

Norman, W. T. (1963). Toward and adequate taxonomy of personality attributes:


replicated factor structure in peer nomination personality rating. Journal of
Abnormal and Social Psychology, 66, 574‐583.

Nunes, C. H. S., Hutz, C. S. & Giacomoni, C. H. (2009). Associação entre bem estar
subjetivo e personalidade no modelo dos cinco grandes factores. Avaliação
Psicológica, 8 (1), 99‐108.

Nunes, C. H. S., Hutz, C. S. & Nunes, M. F. O. (2010). Bateria Factorial de


Personalidade (BFP): Manual técnico. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Pacheco, L. & Sisto, F. F. (2003). Aprendizagem por interação e traços de


personalidade. Psicologia Escolar e Educacional, 7 (1), 69‐76.

Pais‐Ribeiro, J. L. (2005). Introdução à Psicologia da Saúde. Coimbra: Quarteto.

Pajares (2002). Overview of social cognitive theory and of self‐efficacy.


Recuperado el 18 de marzo de 2013, de
http://www.emory.edu/EDUCATION/mfp/eff.html

181 
Palenzuela, D. L., Prieto, G., Barros, A. M. & Almeida, L. S. (1997). Una versión
española de una Batería de Escalas de Expectativas Generalizadas de
Control (BEEGC). Revista Portuguesa de Educação, 10 (1), 75‐96.

Patrão, I. & Leal, I. (2004). Avaliação da Personalidade em mulheres com cancro da


mama segundo o modelo dos big five. Actas do 5º Congresso de Psicologia da
Saúde, 539‐ 544.

Paúl, C. & Fonseca, A.M. (2001). Psicosociologia da Saúde. Lisboa: Climepsi.

Peiró, J.M. & Salvador, A. (1993). Estrés Laboral y su Control. Madrid: Eudema.

Pellicer, O., Salvador, A. & Benet, I. A. (2002). Efectos de un estresor académico


sobre las respuestas psicológica e inmune en jóvenes. Psicothema, 14 (2),
317‐322.

Peñacoba, C. & Moreno, B. (1999). La escala de estresores universitários (EEU).


Una propuesta para la evaluación del estrés en grupos de poblaciones
especificas. Ansiedad y Estrés, 5(1), 61‐78.

Pervin, L. A. & John, O. P. (2004). Personalidade: teoria e pesquisa. Porto Alegre:


Artmed.

Picado, L. (2009). Ser Professor: Do mal‐estar para o bem‐estar docente.


Psicologia.com.pt.

Pimentel, C. E. & Donnell, E. D. O. P. (2008). A relação da preferência musical com


os cinco grandes factores da personalidade. Psicologia Ciência e Profissão, 28
(4), 696‐713.

Pines, A. & Aronson, E. (1988). Career Burnout. Causes and cures. Nova York: The
Free Press.

Piqueras, J. A., Ramos, V., Martínez, A. E. & Oblitas, L.A. (2009). Emociones
negativas y su impacto en la salud mental y física. Suma Psicológica, 16 (2),
85‐112.

Pomerantz, E.M., Saxon, J.L. & Kenney, G.A. (2001). Self‐evaluation: The
development of sex differences. Em G.B. Moskowitz (Ed.), Cognitive social
psychology: On the tenure and future of social cognition (pp. 59‐74). Mahwah,
NJ: Erlbaum.

Prinzie, P., Dekovic, M., Reijntjes, A. H. A., Stams,G. J. J. M. & Belsky, J. (2009). The
Relations Between Parents’ Big Five Personality Factors and Parenting: A

182 
Meta‐Analytic Review. Journal of Personality and Social Psychology, 97 (2),
351–362.

Queirós, P. (2005). Burnout no trabalho e conjugal em enfermeiros portugueses.


Coimbra: Sinais Vitais.

Ramos, F. (1999). El síndrome de burnout. Madrid: UNED‐FUE.

Ramos, F. & Buendía, J. (2001). El síndrome de burnout: concepto, evaluación y


tratamiento. Em J. Buendía e F. Ramos (coords.), Empleo, estrés y salud (pp.
33‐57). Madrid: Pirámide.

Ramos, F., Manga, D. & Morán, C. (2005). Escala de cansancio emocional para
estudiantes universitarios. Propiedades psicométricas y asociación con
medidas de personalidad y salud psicológica. Comunicación al 6º Congreso
Virtual de Psiquiatría. Recuperado el 23 de abril de 2011, de
http://www.psiquiatria.com/interpsiquis 2005/.

Ramos, L., Paixão, M. & Silva, J. (2007). O impacto da auto‐eficácia no


desenvolvimento da identidade vocacional. Psychologica, 44, 25‐44.

Rebollo, I. & Harris, J. R. (2006). Genes, ambiente e personalidade. In C.E. Flores‐


Mendoza & R. Colom (Coords.). Introdução à Psicologia das diferenças
individuais (300‐322). Porto Alegre: Artmed.

Ribeiro, J. (2007). Avaliação em psicologia da saúde. Coimbra: Quarteto.

Rizzato, S. C. C. & Morán, M. C. (2013). Empreendedorismo e personalidade: o perfil


em estudantes brasileiros. Revista de Psicologia Organizações e Trabalho, 13
(3), 279‐292.

Roberts, T. (1991). Gender and the influence of evaluations on self‐assessments in


achievement settings. Psychological Bulletin, 109, 297‐308.

Robins, R. W., John, O. P., Caspi, A., Moffitt, T. E. & Stouthamer‐Loeber, M. (1996).
Resilient, overcontrolled, and undercontrolled boys: Three replicable
personality types. Journal of Personality and Social Psychology, 70, 157‐171.

Romero, M. (2009). Implicaciones de la respuesta de estrés sobre el proceso de


estudio en estudiantes de Ciencias de la Salud (Tese doctorale inédita).
Universidad de A Coruña, A Coruña.

Rutter, M. (1985). Resilience in the face of adversity: Protective factors and


resistance to psychiatric disorder. British Journal of Psychiatry, 1 (47), 598‐
611.
183 
Ryan‐Wenger, N. (1992). A taxonomy of children"s coping strategies: A step
toward theory development. American Journal of Orthopsychiatry, 62, 256‐
263.

Sacadura‐Leite, E. & Uva, A S. (2007). Stress relacionado com o trabalho. Sociedade


Portuguesa de Medicina do Trabalho, 6, 25‐42.

Salanova, M., Agut, S. & Peiró, J.M. (2005). Linking organizational resources and
work engagement to employee performance and customer loyalty: the
mediation of service climate. Journal of Applied Psychology, 90(6), 1217‐
1227.

Salanova, M., Bresó, E. & Schaufeli, W. B. (2005). Hacia un modelo espiral de las
creencias de eficacia en el estudio del burnout y del engagement. Ansiedad y
Estrés, 11 (2‐3), 215‐231.

Sandín, B. (1995). El estrés. Em A. Belloch, B. Sandín e F. Ramos (Eds.), Manual de


psicopatologia (vol. 2) (pp. 3‐52). Madrid: McGraw‐Hill.

Sanz‐Carrillo, C., García‐Campayo, J., Rubio, A., Santed, M. A. & Montoro, M. (2002).
Validation of the Spanish version of the Perceived Stress Questionnaire.
Journal of Psychosomatic Research, 52, 167‐172.

Sarid, O., Anson, O., Yaari, A. & Margalith. M. (2004). Coping styles and changes in
humoral reaction during academic stress. Psychology, Health & Medicine, 9,
85‐99.

Schaufeli, W. B., Leiter, M. ., Maslach, C. & Jackson, S. E. (1996). The MBI‐General


Survey. Em C. Maslach, S.E. Jackson, e M.P. Leiter (Eds.), Maslach Burnout
Inventory Manual. (3ª ed.). Palo Alto, California: Consulting Psychologist
Press.

Schiffrin, H. H. & Nelson, S. K. (2010). Stressed and happy? Investigating the


relationship between happiness and perceived stress. Journal of Happiness
Studies, 11, 33‐39.

Schnabel, K., Asendorpf, J. B. & Ostendorf, F. (2002). Replicable types and subtypes
of personality: German NEO PI‐R versus NEO‐FFI. European Journal of
Personality, 16, S7‐S24.

Seligman, M.E.P. & Csikszentmihalyi, M. (2000). Positive psychology: An


introduction. American Psychologist, 55, 5‐14.

184 
Semmer, N. (1996). Individual differences, work stress and health, em M. J.
Schabracq, J. A. M. Winnubst e C. L. Cooper (Ed.), Hanbook of work and
health psychology (pp. 51‐86). Nova York: Wiley.

Selye, H. (1956). The Stress of Life. Nova York: Mc Graw‐Hill.

Serra, A. (2002). Recursos e estratégias para lidar com o stress. O stress na vida de
todos os dias. Coimbra: Edição do Autor.

Singer, J. (1984). The human personality. San Diego: Harcourt Brace Jovanovich
Publishers.

Sisto, F. F. & Oliveira, A. F. (2007). Traços de personalidade e agressividade: Um


estudo de evidência de validade. Psic, 8 (1), 89‐99.

Smith, R. (1986). Toward a cognitive‐affective model of athletic burnout. Journal of


Sport Psychology, 8, 36‐50.

Smith, C. A., & Ellsworth, P. C. (1985). Patterns of cognitive appraisal in emotion.


Journal of Personality and Social Psychology, 48, 813‐838.

Somerfield, M. R. & McCrae, R. R. (2000). Stress and coping research:


Methodological challenges, theoretical advances, and clinical applications.
American Psychologist, 55, 620‐625.

Teixeira, M. (2008). A escala multidimensional de auto‐eficácia percebida: um


estudo exploratório numa amostra de estudantes do ensino superior. Ridep,
25 (1), 141‐157.

Trentini, C. M., Hutz, C. S., Bandeira, D. R., Teixeira, M. A. P., Gonçalves, M. T. A. &
Thomazoni A. R. (2009). Correlações entre a EFN ‐ Escala Factorial de
Neuroticismo e o IFP ‐ Inventário Factorial de Personalidade. Avaliação
Psicológica, 8 (2), 209‐217.

Vaz Serra, A. (1999). O Stress na vida de todos os dias. Coimbra: Gráfica de Coimbra.

Valle, A. González R., Rodríguez S., Piñeiro I. & Suárez J.M. (1999). Atribuciones
causales, autoconcepto y motivación en estudiantes con alto y bajo
rendimiento académico. Revista Española de Pedagogía, 214, 525‐546.

Vollrath, M. & Torgersen, S. (2000). Personality types and coping. Personality and
Individual Differences, 29, 367‐378.

Wichianson, J. R., Bughi, S. A., Unger, J. B., Spruijt‐Metz, D. & Nguyen‐Rodriguez, S. T.


(2009). Stress and Health, 25, 235‐240.
185 
Willerman, L. & Turner, R. (1979). Readings about individual and group differences.
San Francisco: W.H. Freeman & Company.

Williams, P. G., Rau, H. K., Cribbet, M. R. & Gunn, H. E. (2009). Openness to


Experience and stress regulation. Journal of Research in Personality, 43, 777‐
784.

186 

ANEXOS

187 
Anexo I
CUESTIONARIO DE ESTRÉS PERCIBIDO (CEP)

Instrucciones. Se contesta a las 30 cuestiones que siguen según la frecuencia con que se dan
en tu vida: se puntúa 1 (casi nunca), 2 (a veces), 3 (a menudo) o 4 (casi siempre). En la
columna de la izquierda se da una respuesta en general, referida al último o dos últimos
años de tu vida. En la columna de la derecha se da una respuestareciente, referida al
último mes. Gracias por tu colaboración.

1 2 3 4
Casi nunca A veces A menudo Casi siempre
EN
RECIENTE
GENERAL
(1) Te sientes descansado/a
(2) Sientes que se te hacen demasiadas peticiones
(3) Estás irritable o malhumorado/a
(4) Tienes demasiadas cosas que hacer
(5) Te sientes solo/a o aislado/a
(6) Te encuentras sometido/a a situaciones conflictivas
(7) Sientes que estás haciendo cosas que realmente te gustan
(8) Te sientes cansado/a
(9) Temes no poder alcanzar todas sus metas
(10) Te sientes tranquilo/a
(11) Tienes que tomar demasiadas decisiones
(12) Te sientes frustrado/a
(13) Te sientes lleno/a de energía
(14) Te sientes tenso/a
(15) Tus problemas parecen multiplicarse
(16) Sientes que tienes prisa
(17) Te sientes seguro/a y protegido/a
(18) Tienes muchas preocupaciones
(19) Estás bajo la presión de otras personas
(20) Te sientes desanimado/a
(21) Te diviertes
(22) Tienes miedo al futuro
(23) Sientes que haces cosas por obligación, no porque
quieras hacerlas
(24) Te sientes criticado/a o juzgado/a
(25) Te sientes alegre
(26) Te sientes agotado/a mentalmente
(27) Tienes problemas para relajarte
(28) Te sientes agobiado/a por la responsabilidad
(29) Tienes tiempo suficiente para ti mismo/a
(30) Te sientes presionado/a por los plazos de tiempo


188 
Anexo II


ESCALA DE CANSANCIO EMOCIONAL (ECE)

INSTRUCCIONES:
Se te pide que contestes a las cuestiones que siguen referidas a los12 últimos meses de
tu vida de estudiante, poniendo en la casilla correspondiente 1, 2, 3, 4 o 5 según
consideres que te ocurre lo que dice: en una escala que va desde 1 (nunca o raras
veces) hasta 5 (siempre o casi siempre). Gracias por tu colaboración.


1 2 3 4 5
Raras veces Pocas veces Algunas veces Con frecuencia Siempre


1. Los exámenes me producen una tensión excesiva
2. Creo que me esfuerzo mucho para lo poco que consigo
3. Me siento bajo de ánimo, como triste, sin motivo aparente
4. Hay días que no duermo bien a causa del estudio
5. Tengo dolor de cabeza y otras molestias que afectan a mi
rendimiento
6. Hay días que noto más la fatiga, y me falta energía para
concentrarme
7. Me siento emocionalmente agotado por mis estudios
8. Me siento cansado al final de la jornada de trabajo
9. Trabajar pensando en los exámenes me produce estrés
10. Me falta tiempo y me siento desbordado por los estudios





189 
Anexo III

AFRONTAMIENTO: CUESTIONARIO COPE DE 28 ÍTEMS

INSTRUCCIONES. Las frases que aparecen a continuación describen formas de
pensar, sentir o comportarse, que la gente suele utilizar para enfrentarse a los
problemas personales o situaciones difíciles que en la vida causan tensión o
estrés. Las formas de enfrentarse a los problemas, como las que aquí se describen,
no son ni buenas ni malas, ni tampoco unas son mejores o peores que otras.
Simplemente, ciertas personas utilizan más unas formas que otras. Pon 0, 1, 2 ó 3
en el espacio dejado al principio, es decir, el número que mejor refleje tu
propia forma de enfrentarte a ello, al problema. Gracias.

0 = No, en absoluto 1 = Un poco 2 = Bastante 3 = Mucho

1. ______ Intento conseguir que alguien me ayude o aconseje sobre qué hacer.
2. ______Concentro mis esfuerzos en hacer algo sobre la situación en la que
estoy.
3. ______ Acepto la realidad de lo que ha sucedido.
4. ______ Recurro al trabajo o a otras actividades para apartar las cosas de mi
mente.
5. ______Me digo a mí mismo/a “esto no es real”.
6. ______ Intento proponer una estrategia sobre qué hacer.
7. ______ Hago bromas sobre ello.
8. ______ Me critico a mí mismo/a.
9. ______ Consigo apoyo emocional de otra gente.
10. ______ Tomo medidas para intentar que la situación mejore.
11. ______ Renuncio a intentar ocuparme de ello.
12. ______ Digo cosas para dar rienda suelta a mis sentimientos desagradables.
13. ______ Me niego a creer que haya sucedido.
14. ______ Intento verlo con otros ojos, para hacer que parezca más positivo.
15. ______ Utilizo alcohol u otras drogas para hacerme sentir mejor.
16. ______ Intento hallar consuelo en mi religión o creencias espirituales.
17. ______ Consigo el consuelo y la comprensión de alguien.
18. ______ Busco algo bueno en lo que está sucediendo.
19. ______ Me río de la situación.
20. ______ Rezo o medito.
21. ______ Aprendo a vivir con ello.
22. ______ Hago algo para pensar menos en ello, tal como ir al cine o ver la
televisión.
23. ______ Expreso mis sentimientos negativos.
24. ______ Utilizo alcohol u otras drogas para ayudarme a superarlo.
25. ______ Renuncio al intento de hacer frente al problema.
26. ______ Pienso detenidamente sobre los pasos a seguir.
27. ______ Me echo la culpa de lo que ha sucedido.
28. ______ Consigo que otras personas me ayuden o aconsejen.

190 

Así ha quedado organizado el COPE abreviado, con 14 escalas y las
siguientes instrucciones de autoevaluación.
ESCALAS:
1. Afrontamiento activo. ÍTEMS = 2 y 10
2. Planificación. ÍTEMS = 6 y 26
3. Apoyo emocional. ÍTEMS = 9 y 17
4. Apoyo social. ÍTEMS = 1 y 28
5. Religión. ÍTEMS = 16 y 20
6. Reinterpretación positiva. ÍTEMS = 14 y 18
7. Aceptación. ÍTEMS = 3 y 21
8. Negación. ÍTEMS = 5 y 13
9. Humor. ÍTEMS = 7 y 19
10. Autodistracción. ÍTEMS = 4 y 22
11. Autoinculpación. ÍTEMS = 8 y 27
12. Desconexión conductual. ÍTEMS = 11 y 25
13. Desahogo. ÍTEMS = 12 y 23
14. Uso de sustancias. ÍTEMS = 15 y 24











 

191 
Anexo IV

ESCALAS DE EXPECTATIVAS DE CONTROL (BEEGC‐20) 
Instrucciones:  A  continuación  encontrarás  una  serie  de  frases  relacionadas  con  algunos 
aspectos relevantes de tu vida. Lee cada frase y puntúa tu grado de acuerdo o desacuerdo con 
esa afirmación, rodeando un número entre el 1 (para total desacuerdo) y el 9 (para totalmente 
de acuerdo), con todos los grados intermedios. No hay respuestas buenas o malas, correctas o 
incorrectas. Contesta de forma espontánea a cada afirmación. No emplees mucho tiempo. Por 
favor, no dejes ninguna frase sin contestar. 
    DESACUERDO    ACUERDO 

1  Lo que yo pueda conseguir en mi vida tendrá mucho  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
que ver con el empeño que yo ponga   
2  Son pocas las ocasiones en las que dudo de mis  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
capacidades 
3  No merece la pena en absoluto esforzarse ni luchar  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
en este mundo, todo está corrompido 
4  Normalmente, cuando deseo algo pienso que lo  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
conseguiré 
5  Lo que pueda sucederme en la vida tendrá que ver  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
con la suerte 
6  Dependiendo de cómo yo actúe así me irá en la vida  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
7  De nada sirve el que yo sea competente pues la  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
mayoría de las cosas están amañadas 
8  Tengo grandes esperanzas de conseguir las cosas que  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
mas deseo 
9  Sin la suerte, poco se puede conseguir en la vida  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
10  Me siento seguro/a de mi capacidad para realizar  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
bien las tareas de la vida diaria 
11  En general, lo que pueda sucederme en mi vida  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
estará en estrecha relación con lo que yo haga 
12  ¡Para qué engañarnos!, lo que cuenta en la vida son  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
sólo los enchufes 
13  Para poder conseguir mis metas deberá  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
acompañarme la suerte 
14  Raramente me invaden sentimientos de inseguridad  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
en situaciones difíciles 
15  Si lucho y trabajo duro podré conseguir muchas cosas  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
en mi vida 
16  Nada importa lo que yo valga, todo está manejado  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
por la gente con poder 
17  Soy optimista en cuanto a la consecución de mis  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
metas 
18  Me veo con capacidad suficiente para enfrentarme a  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
los problemas de la vida 
19  Creo que tendré éxito en las cosas que más me  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
importan en la vida 
20  Creo mucho en la influencia de la suerte  1  2  3  4  5  6  7  8  9 

192 
Anexo V

GHQ‐28: CUESTIONARIO DE SALUD GENERAL DE GOLDBERG 
Conteste a TODAS las preguntas subrayando simplemente la respuesta que, a su juicio, mejor 
pueda  aplicarse  a  usted. Recuerde  que  sólo  debe  responder  sobre  los  problemas  recientes  y 
los que tiene ahora, no sobre los que tuvo en el pasado. 
Es importante que intente contestar a TODAS las preguntas. 
Muchas gracias por su colaboración. 
 
ÚLTIMAMENTE: 
 
A. 1. ¿Se ha sentido perfectamente bien de salud y en plena forma? 
      Mejor que lo habitual   Igual que lo habitual  Peor que lo habitual  Mucho peor 
que lo habitual 
 
2. ¿Ha tenido la sensación de que necesitaba un reconstituyente? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual      Bastante más que lo habitual    Mucho más 
que lo habitual 
 
3. ¿Se ha sentido agotado y sin fuerzas para nada? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual      Bastante más que lo habitual Mucho más 
que lo habitual     
 
4. ¿Ha tenido la sensación de que estaba enfermo? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual         Bastante más que lo habitual Mucho más 
que lo habitual 
 
5. ¿Ha padecido dolores de cabeza? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual         Bastante más que lo habitual Mucho más 
que lo habitual 
 
6. ¿Ha tenido sensación de opresión en la cabeza, o de que la cabeza le va a estallar? 
      No, en absoluto        No más que lo habitual       Bastante más que lo habitual Mucho más 
que lo habitual 
 
7. ¿Ha tenido oleadas de calor o escalofríos? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual   Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
 
B. 1. ¿Sus preocupaciones le han hecho perder mucho sueño? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual    Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
2. ¿Ha tenido dificultades para seguir durmiendo de un tirón toda la noche? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual    Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
3. ¿Se ha notado constantemente agobiado y en tensión? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual   Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 

193 
 
4. ¿Se ha sentido con los nervios a flor de piel y malhumorado? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual   Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
5. ¿Se ha asustado o ha tenido pánico sin motivo? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual   Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
6. ¿Ha tenido la sensación de que todo se le viene encima? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual   Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
7. ¿Se ha notado nervioso y “a punto de explotar” constantemente? 
      No, en absoluto     No más que lo habitual   Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
ÚLTIMAMENTE: 
 
C. 1. ¿Se las ha arreglado para mantenerse ocupado y activo? 
  Más activo que lo habitual    Igual que lo habitual     Bastante menos que lo habitual Mucho 
menos que lo habitual 
 
2. ¿Le cuesta más tiempo hacer las cosas? 
  Más rápido que lo habitual  Igual que lo habitual    Más tiempo que lo habitual  
Mucho más tiempo que lo habitual 
 
3. ¿Ha tenido la impresión, en conjunto, de que está haciendo las cosas bien? 
  Mejor que lo habitual   Aproximadamente lo mismo que lo habitual   Peor que lo habitual  
Mucho peor que lo habitual   
 
4. ¿Se ha sentido satisfecho con su manera de hacer las cosas? 
   Más satisfecho que lo habitual   Aproximadamente lo mismo que lo habitual 
Menos satisfecho que lo habitual  Mucho menos satisfecho que lo habitual 
 
5. ¿Ha sentido que está desempeñando un papel útil en la vida? 
    Más tiempo que lo habitual     Igual que lo habitua   Menos útil que lo habitual  
Mucho menos útil que lo habitual 
 
6. ¿Se ha sentido capaz de tomar decisiones? 
    Más que lo habitual           Igual que lo habitual     Menos que lo habitual Mucho menos 
que lo habitual 
 
7. ¿Ha sido capaz de disfrutar de sus actividades normales de cada día? 
   Más que lo habitual          Igual que lo habitual    Menos que lo habitual Mucho menos que lo 
habitual 
 
D. 1. ¿Ha pensado que Vd. es una persona que no vale para nada? 
     No, en absoluto   No más que lo habitual  Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 

194 
2. ¿Ha estado viviendo la vida totalmente sin esperanza? 
     No, en absoluto   No más que lo habitua     Bastante más que lo habitual Mucho más que lo 
habitual 
 
3. ¿Ha tenido el sentimiento de que la vida no merece la pena vivirse? 
     No, en absoluto   No más que lo habitual     Bastante más que lo habitual  
Mucho más que lo habitual 
 
4. ¿Ha pensado en la posibilidad de “quitarse de en medio”? 
     Claramente, no     Me parece que no  Se me ha cruzado por la mente  
Claramente lo he pensado 
 
5. ¿Ha notado que a veces no puede hacer nada porque tiene los nervios desquiciados? 
      No, en absoluto    No más que lo habitual   Bastante más que lo habitual Mucho más que lo 
habitual 
 
6. ¿Ha notado que desea estar muerto y lejos de todo? 
      No, en absoluto    No más que lo habitual     Bastante más que lo habitual Mucho más que 
lo habitual 
 
7. ¿Ha notado que la idea de quitarse la vida le viene repetidamente a la cabeza? 
      Claramente, no    Me parece que no  Se me ha cruzado por la mente Claramente lo he 
pensado 
 
 
 
 
 
 

195 

También podría gustarte

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy