António Dores
Professor of Sociology and fellow researcher at Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Born in 1956, founder member of Human Rights NGO concerning prison issues (1997-2016) http://iscte.pt/~apad/ACED. Editor of two books, Prisons in Europe and Ciências de Emergência. Author of other books: Vozes contra o silêncio – movimentos sociais nas prisões portuguesas with António Alte Pinho, Segredos das Prisões with José Preto. Main sociological work is presented in a trilogy about power: "Espírito de Proibir", "Espírito de Submissão" and "Espírito Marginal". "Oferecer a face" is the last book. URL: http://iscte.pt/~apad/novosite2007/ingles.html
Address: Lisbon, Lisboa, Portugal
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atenções, provavelmente estimulada pelos fenómenos de sobrelotação das cadeias na Europa e no mundo e pelas lutas sociais que, de diversas maneiras, fazem da prisão o seu centro (cf. Rivera neste volume). Porque é que a consciência dominante tem preferido deixar-se envolver por emoções quando fala de justiça, em vez de procurar estabelecer protocolos de desenvolvimento de participação social e cooperação racional? Este poderá ser o mote da nossa investigação colectiva.
Fica por responder à pergunta mais importante para um sociólogo: o que é que a experiência profissional de quarenta anos ensinou à minha geração de professores de sociologia?
São obstáculos ao ensino e à boa prática da sociologia a) a doutrina institucionalizada (individuo vs sociedade), b) a censura metodológica (a contenção do campo de acção dos sociólogos através de receituários pré fabricados, como as entrevistas e os questionários) e c) o poder
simbólico (culto de personalidade) que fecham sobre si própria a sociologia centrípeta.
Recomenda-se a organização institucional de uma sociologia centrífuga. Esta será facilmente identificável pela necessidade de colaboração mútua que exige aos docentes responsáveis por leccionar em diferentes cadeiras, para não abandonarmos os estudantes nas tarefas de aprender a coser mútua e criticamente teorias e métodos com as técnicas disponíveis.
(...)
Quantos estudantes (e professores) de sociologia não imaginam que ajudar as pessoas em dificuldade é apenas uma questão de disponibilidade e vontade pessoal dos profissionais, nomeadamente dos sociólogos? Quantos sociólogos são capazes de distinguir problemas sociais de problemas sociológicos? Enquanto instituição, a sociologia não serve para resolver problemas sociais: isso é tarefa do Estado Social cujas dificuldades são evidentes, actualmente. A sociologia é uma ciência que serve para conhecer o que seja isso de sociedade, em particular de que modo a sociedade moderna é diferente das outras, na crença de que sabendo isso será possível orientar os comportamentos institucionais e humanos de modo mais racional, menos violento e mais eficaz.
(...)
O nosso desígnio maior, enquanto humanos, como o mostra a história, para o bem e para o mal, é ultrapassar a nossa própria natureza, tornarmo-nos estranhos de nós próprios, superarmos as expectativas, surpreendermo-nos: olhar de fora de nós com os mesmos olhos com que olhamos para dentro de nós, à procura de sentido, na esperança (que não é vã) de sintonizarmos mundos diferentes entre si através de nós próprios.