Kurt Cobain – About a boy
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Sobre este e-book
"À essa altura, tenho um pedido para os nossos fãs. Se algum de vocês, de alguma maneira, odeia homossexuais, pessoas de cor ou mulheres, pedimos que faça um favor:
Nos deixe em paz! Não vá aos nossos shows nem compre nossos discos".
"Minha esposa enfrenta injustiças, e o motivo pelo qual atacam seu caráter é porque ela escolheu não se comportar como o homem branco heterossexual insiste que deve ser."
"Quando fiz Bleach, eu estava irritado, não sei por quê. Só comecei a gritar letras negativas. Desde que não fossem sexistas ou constrangedoras, por mim estavam ok. Muitas delas falavam da minha vida em Aberdeen."
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Pré-visualização do livro
Kurt Cobain – About a boy - Carlos García Miranda
© Textos: Carlos García Miranda, 2019
© Ilustrações: Alex de Marcos, 2019
Todos os direitos reservados
Publicado mediante acordo com a Lunwerg, uma divisão da Editorial Planeta, S. A.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida para fins comerciais sem a permissão do editor. Você não precisa pedir nenhuma autorização, no entanto, para compartilhar pequenos trechos ou reproduções das páginas nas suas redes sociais, para divulgar a capa, nem para contar para seus amigos como este livro é incrível (e como somos modestos).
Este livro é o resultado de um trabalho feito com muito amor, diversão e gente finice pelas seguintes pessoas:
Gustavo Guertler (edição), Fernanda Fedrizzi (coordenação editorial), Germano Weirich (revisão), Celso Orlandin Jr. (adaptação da capa, projeto gráfico e ilustrações) e Lucas Reis Gonçalves (tradução)
Obrigado, amigos.
Produção do e-book: Schäffer Editorial
ISBN: 978-65-5537-015-7
2020
Todos os direitos desta edição reservados à
Editora Belas Letras Ltda.
Rua Coronel Camisão, 167
CEP 95020-420 – Caxias do Sul – RS
www.belasletras.com.br
LAST DAYS
ABOUT A BOY
A PLAYLIST DE KURT
BLEACH
GRUNGE
NEVERMIND
COURTNEY LOVE
INCESTICIDE
GUITARRAS
IN UTERO
FRANCES BEAN COBAIN
MTV UNPLUGGED IN NEW YORK
O ÚLTIMO SHOW
BIBLIOGRAFIA
Kurt Cobain cancelou a turnê de In Utero vinte e sete dias antes de sua morte. Seus companheiros de banda não se surpreenderam. Na verdade, essa era apenas a confirmação de um final que já estavam esperando havia algum tempo. Nunca aconteceu um final oficial, mas o grupo que havia levado o grunge da Geração X a todos os cantos do planeta já estava praticamente dissolvido a essa altura.
O Nirvana começou como uma daquelas bandas que tocavam nas pequenas cidades escondidas nas profundezas da América do Norte. Apesar disso, Kurt sabia que sua música era diferente. Antes de detestar a fama, lutou até conseguir que suas letras, melodias e riffs virassem discos de sucesso milionário. Fez com que todos provassem o aroma do espírito adolescente, mas para Cobain isso não foi suficiente. Ou talvez o problema tenha sido justamente ter conseguido tudo isso... Nos seus últimos dias de vida, Kurt fazia questão de mostrar que estava cansado do Nirvana e que tinha um novo projeto com Michael Stipe, o vocalista do R.E.M. No prato do toca-discos que havia na estufa onde Cobain se suicidou, estava o LP Automatic for the People.
Essa não foi a primeira vez que Kurt Cobain quis dar fim à sua vida. Algumas semanas antes, em um hotel em Roma, Courtney Love tinha encontrado o marido com sessenta comprimidos no estômago. O casal, que se apresentava ao mundo como um coquetel glamoroso de amor, punk e drogas, acabou tendo uma discussão bastante tensa. Kurt teria se convencido de que a mãe de sua filha, Frances Bean Cobain, estava traindo-o com Billy Corgan, o vocalista da banda The Smashing Pumpkins. O ciúme levou-o à tentativa de suicídio, que acabou resultando em vinte horas de coma. Quem o conheceu diz que ele nunca chegou a acordar. Seu amor por Courtney também parecia já não poder despertar.
Mesmo tendo escrito em sua carta de despedida que amava sua esposa e queria que ela seguisse em frente pela filha, nos seus últimos dias de vida, a ideia do divórcio esteve presente o tempo todo. Tinha medo de que Frances se tornasse uma roqueira mórbida, infeliz e autodestrutiva. Exatamente como havia acontecido com ele.
Todos que conheciam Kurt desde pequeno afirmaram que ele já era assim muito tempo antes de carregar nos ombros o fardo de ser o símbolo da geração desiludida dos anos 90. Sua família gostava de lembrar daquele menino de cabelo tigelinha e sorriso largo que cantava The Monkees. Mas esse Kurt desapareceu quando seus pais se divorciaram e chegaram novos membros à família e também o álcool, as brigas e as noites dormindo em colchões improvisados. No entanto, houve algo na sua infância que o acompanhou até o final: Boddah. Esse era o nome do seu amigo imaginário, a quem o músico escreveu sua carta de suicídio.
Talvez fosse apenas o produto de uma ilusão causada pelas drogas, cujo consumo havia muito tempo já tinha deixado de controlar. Na adolescência, ele as transformou em um refúgio para se proteger dos problemas. Aos 27 anos, a droga corria em suas veias como se precisasse disso para fazer seu coração bater. Estava convencido de que a heroína era o único remédio para combater as terríveis dores de estômago que sofria e para as quais nenhum médico era capaz de dar uma explicação – pelo menos, uma que fosse convincente. As drogas eram as únicas companheiras de Kurt Cobain enquanto ele se afundava em uma piscina como aquela da capa de Nevermind.
Uma semana antes de morrer, tentou subir à superfície ao internar-se em uma clínica de reabilitação de Los Angeles. Não conseguiu. Acabou pulando o muro do centro de recuperação e fugiu. Pegou um voo até Seattle e ali encontrou Duff McKagan, baixista do Guns N’ Roses. Kurt disse a ele que estava voltando para casa
, embora ninguém saiba ao certo para onde foi. Os últimos dias de Kurt Cobain, aqueles que inspiraram o filme Last Days, do cineasta Gus Van Sant, estão recheados de incógnitas.
No dia 1º de abril, o músico ligou para Courtney, parabenizou-a por ter composto um grande álbum (o Hole lançou, apenas uma semana após a morte de Cobain, seu segundo álbum, Live Through This) e disse a ela que lembrasse que ele a amava. Essa foi a última conversa entre eles. Courtney ainda tentou encontrá-lo, mas teve uma overdose antes disso.
Entre os dias 2 e 4 de abril, ele foi visto vagando pelas ruas de Seattle usando um boné de caçador. Testemunhas dizem ter visto Kurt comprando munição.
No dia 5 de abril de 1994, Kurt Cobain se trancou na estufa de sua casa. Colocou a MTV na televisão, no mudo. Deixou no chão sua carteira e uma caixa com o material que usava para se drogar. Escreveu uma carta em uma folha de papel com uma caneta vermelha e a pregou, atravessando-a pelo centro, em um vaso de flores. Mirou no queixo, apertou o gatilho e