A Luna Alfa
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Sobre este e-book
A pequena lobinha tinha acabado de nascer quando sua Alcateia foi atacada. Toda sua família foi morta, mas seu choro alto foi a sua salvação. Um dos guardas da Alcateia atacante, resolveu levá-la para sua companheira que deu a luz a um natimorto. Ela foi criada como filha e ninguém sabia sua verdadeira origem.
Maltratada pelo filho do Alfa, cresceu sofrendo, até que chegou o dia de sua transformação. Ela se escondeu e quando sua loba saiu, uivou alto para a lua e seu companheiro escutou, a caçou e marcou, mas quando viu quem ela era, abandonou-a dormindo, na beira do rio.
No dia seguinte, seus pais a procuraram, mas ela sumiu e o odor dos renegados estava por todo lugar. Leonardo se desesperou, onde estaria sua Luna?
Luana acordou e não entendeu onde estava, mas os que a rodeavam, a reverênciavam e sentia-se em casa.
Mas que lugar era aquele e onde estava seu companheiro?
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A Luna Alfa - Deyse Baptista Pires
A Luna Alfa
Capítulo 1. Matança
A terra estalava com o calor das labaredas do fogo, que queimava tudo em que tocava. A Alcateia dos Blacks atacou a Alcateia dos Gray, que chamavam de sujos, por não serem brancos ou pretos. Mataram todos os que encontraram pela frente, ao comando do Alfa Túlio.
O Alfa estava coberto pelo sangue de suas vítimas, foi o mais cruel na matança, deixando os corpos jogados e queimando, sem qualquer dignidade ou ritual, como é a prática dos lobisomens. Segundo a prática deles, não tendo o ritual, a alma dos lobos fica presa a terra.
Uma xamã recitava um mantra, próximo a aldeia, na beira da floresta. Ninguém conseguia vê-la, graças a um feitiço de ocultação. Seu mantra era simples, mas de grande eficácia:
Uniu-vos amb els més joves i vinguenos
( Unam-se ao mais novo e vinguenos
)
A ordem do Alfa, no entanto, era imperiosa e não admitia desobediência:
— Olhem tudo, não deixem ninguém vivo. Essa raça tem que acabar.
Os lobos uivaram em resposta e correram por todo canto, procurando remanescentes. Não encontrando mais nada e nem ninguém, começaram a se reunir para ir embora.
Elias, um dos soldados da equipe, sendo um dos últimos, passou por uma cabana que queimava e ouviu um chorinho de bebê. Entrou rapidamente pensando em dar fim aquela pequena vida, quando reparou que ela havia acabado de nascer e o cordão umbilical não havia sido cortado.
Voltou à sua forma humana e examinou a situação, o fogo crepitava a sua volta e não havia muito tempo para pensar. À volta da cama onde estava a mãe, havia apetrechos e ele os usou.
Cordão para amarrar, tesoura para cortar e tecidos para enrolar o filhote.
Cortou o cordão, depois de amarrar e envolveu o filhote nos panos.
Com um lençol, envolveu o recém nascido e amarrou a volta de seu peito, transformou-se novamente em lobo e levou consigo o filhote, pendurado.
Sua esposa estava em casa, triste e derrotada, por ter parido o filho deles natimorto. Aconteceu antes dele partir para o ataque e ninguém sabia. Ele seguiu por último e chegou a sua casa por outro caminho, escondendo-se da tropa.
Sua esposa, Natália, encontrava-se deitada, chorando e ele desamarrando de seu peito, o bebê, desembrulhou-o e o colocou em seus braços.
Quando ela viu o filhote, agasalhou-o com o braço e imediatamente, levou-o ao seio, onde a pequena fêmea começou a sugar com força e parou de chorar.
— Minha filhotinha, a deusa me devolveu minha filhotinha. — murmurou ela, chorando.
— Sim, é um presente da deusa, mas você não pode contar nada disso para ninguém, ou podem inventar alguma desculpa para querer tirá-la de nós.
— Você acha que fariam isso? Por quê?
— Acharão que é um ser sagrado e que não temos condições de cuidar dela.
Elias inventou uma mentira para fazer Natália ficar calada, ou poderiam, os dois, serem mortos, junto com a pequena. Sabia que não era certo enganar a sua companheira de vida, mas era o único jeito de mantê-los vivos.
— Entendi. Nossa pequena Luana ficará bem segura conosco e a criaremos com o máximo do que pudermos dar a ela. — concordou Natália .
Elias deixou ela amamentando a bebê e foi até o bercinho onde tinha deixado sua filha morta, pegou o pequeno embrulho e saiu pelos fundos da casa, olhando para todos os lados. Se afastou bem, adentrando o mais profundo da floresta, cavou um buraco bem fundo e enterrou o corpinho frio.
— Me perdoe, minha filha, mas é necessário, para o bem de sua mãe.
Na casa do Alfa, todos comemoravam e contavam as peripécias da noite. O primogênito do Alfa, Henrique, de sete anos, que todos chamavam de Henry, pulava animado ao ouvir as histórias e tentava imitar os guerreiros.
Túlio não era um homem bom, alguns diriam que ele foi forjado pela maldade da desgraça e não tinha coração. Criava seu filhote, ensinando-lhe o domínio pela violência e a ser superior, sem nunca baixar a cabeça, nem para seu pai.
O filhote estava crescendo com a violência do pai e sua mãe, preocupava-se com esse comportamento do filhote e pediu ajuda a sua família. Seu pai, o Alfa Julius, um líder justo e coerente, mantinha sua Alcateia com ordem e decência e quando entregou sua filha ao Alfa Túlio, não imaginou que a selvageria o dominasse, com o tempo.
Enviou então, um dos seus filhos mais novos e preparou o mais velho, para um ataque, caso fosse necessário resgatar sua filha e seu neto. Assim, Dimas foi para a Alcateia Black, como tutor de seu sobrinho. Quando chegou, Túlio, em sua arrogância, quis repeli-lo, mas sua Luna não era fraca e sabia como convencê-lo.
— Nosso filhote precisa mais do que violência, em sua educação. — disse a Luna.
— Está me chamando de violento, acaso me quer um fraco submisso?
Ela se aproximou dele e sussurrou em seu ouvido, o fazendo arrepiar.
— Só na cama, meu amor. Se você não concordar, não te amarro mais.
Ele mudou sua expressão e segurou o maxilar dela, beijando sua boca com violência. Ao se afastar, a boca da Luna, sangrava.
— Não me ameace!
Ela sorriu e recolheu o sangue no canto da boca, com o dedo.
— Não preciso, não é mesmo?
Ele não aguentou e sorriu, sua companheira foi escolhida a dedo pela deusa, ele acreditava fielmente nisso.
— Está bem, ele pode ficar, mas se eu perceber que meu filho está virando um marica, ele vai embora.
— Está bem, cunhado. Serão aulas teóricas de cultura geral. — explicou Dimas.
Henri ouvia tudo atrás da cortina e gostou de ter o tio para ensinar-lhe, poderia viver mais tranquilo, sem ter que mostrar ser o que não era. O único inconveniente, seria mostrar que não perdia seu lado violento, não sabia como fazer isso.
Até que chegou o dia seguinte e Elias foi com Natália até o Alfa, apresentar sua descendente e Henry fez seus planos, nada bons para a filhotinha.
Capítulo 2. Luana
Elias se aproximou do trono, deixando sua companheira Natália, dois passos atrás dele e fez uma reverência ao Alfa Túlio.
— Diga, Elias, é macho ou fêmea?
— Fêmea, senhor.
— Traga para perto, quero, eu mesmo apresentá-la.
A Luna desceu as escadas e foi pegar a pequena em seus braços. Sentia falta de ter uma filhote fêmea, mas depois de Henry, não emprenhou mais. Pensava que talvez fosse melhor assim, pois Túlio estava cada vez mais selvagem, parecendo louco da cabeça.
Natália concedeu a Luna, a sua filhote e se colocou ao lado de Elias, grata pela Luna ter tomado a frente do Alfa.
— Ela é tão pequenina e linda, Túlio!
— Deixe-me vê-la. — estendeu as mãos para pegá-la.
— Tenha cuidado, ela é muito novinha e delicada, não é bruta como os machos. — aconselhou a Luna, passando-lhe o bebê, com cuidado.
Quem via o Alfa todo cuidadoso com a filhote, não diria que era o sanguinário violento que dizimou a aldeia de onde ela veio, matando inclusive seus pais. Ele colocou-a sobre as pernas e abriu sua manta, pegando-a pelo peito, abaixo dos bracinhos e virou-a de frente para os presentes.
— Como será chamada a filha de Elias e Natália? — perguntou alto, ficando de pé.
— Luana! — responderam os pais.
— Apresento a Alcateia Black, Luana, filha de Elias e Natália! — apresentou a femiazinha. — A que vieste, criança? — perguntou baixinho para ela.
Por uma fração de segundos, os olhos dela ficaram de um intenso azul e uma dominância, pouca, emanou dela, mas pode ser sentida por todos. O Alfa se assustou e passou a filhote para a Luna.
— O que foi isso, Túlio? — perguntou ela, pegando Luana e enrolando-a novamente na manta.
— Ela parece ser forte, tem uma loba muito especial, vamos mantê-la por perto, de preferência, dentro do palácio.
Neste instante, Henry resolveu mostrar sua força de futuro alfa.
— Se ela vier para dentro do palácio, eu não deixarei ela atormentar ninguém, cuidarei que não seja impertinente e se não me obedecer, apanhará com meu chicote.
A Luna abriu a boca para repreender o filho, mas o Alfa soltou uma gargalhada e disse, todo orgulhoso:
— Este é meu filho! Anuncio que a partir de hoje, Natália servirá a Luna e trará Luana para a alegrar. Elias fará parte da guarda do palácio e dará proteção a nossa família. Vamos comemorar.
A Luna desceu com a bebê e Natália se aproximou para pegá-la.
— Vá para casa e arrume suas coisas, só as essenciais, vocês ganharão tudo novo. Morarão no palácio e você será minha serva direta e essa belezinha ficará sempre por perto.
Desde então, a vida da pequena Luana foi protegida, mas também passou a sofrer os desmandos de Henrique, que demonstrava sua selvageria, maltratando a fêmea, para agradar o pai. O tempo passou e Luana fez três anos. Corria pela casa, amedrontada e se escondia sempre que ouvia a voz do pequeno Alfa.
Notando ele, que ela ficou esperta, começou a disfarçar seus movimentos e conseguiu pegá-la debaixo da mesa. Arrastou-a pelos pés, segurando seu tornozelo e seguiu com ela até o porão. Já havia preparado seus apetrechos e amarrou-a em uma cadeira. Ela não parava de gritar e pedir ajuda.
Plaft, plaft
Ele bateu em seu rostinho, que inchou e ficou vermelho, no mesmo instante.
— Cale a boca, ômega estúpida, você não me engana, não há nada de especial em você.
Segurou com força seu maxilar e apertou até ouvir estalar.
— Agora você não pode mais falar.
As lágrimas rolaram pelo rostinho inchado e só um gemido fraco saiu por sua boca. Ele pegou uma tesoura e cortou as lindas mechas de seu cabelo, até deixá-la careca. Rindo da imagem da criança, regozijava-se de sua ideia.
— Agora todos vão me achar muito mal. Omega imunda.
Urinou nas costas dela, para deixar seu cheiro e depois soltou-a e sentou-se em seu lugar e colocou-a deitada de bruços em suas pernas. Levantou seu vestido, arriou sua calça e com a mão fechada, bateu em sua bundinha branca, até deixá-la tão vermelha, que provavelmente arroxeariam depois.
Luana perdeu as forcas, não conseguia nem mais gemer e seus olhos secaram por não ter mais lágrimas. O cheiro de sangue, misturado ao mofo do local e o suor do pequeno Alfa, a enjoaram e tinha certeza de que ficarão em sua mente para sempre.
Depois de a vestir novamente, ele a colocou no ombro e subiu para a cozinha, onde a mãe dela e as outras servas, a procuravam. Ele jogou o corpo da pequena sobre a mesa e disse:
— Cuide de sua filhote, serva inútil! Não deixe que cruze novamente o meu caminho.
— Minha deusa! O que você fez com ela? — perguntou Natália.
— Nada demais, se ela é tão especial quanto dizem, logo estará boa.
Henrique saiu andando, como se aquilo não fosse nada demais e não olhou para ninguém. Todos o olhavam, apavorados com a maldade do pequeno Alfa, que ainda iria fazer 11 anos.
Natália correu para examinar a filha, constatando que seu maxilar estava deslocado, seu lábio rachado, seu pequeno traseiro redondinho, muito vermelho e ela devia estar sentindo muita dor. Levou-a para a clínica e o doutor Clécio cuidou dela.
Henrique entrou na sala de estudos, depois de ter tomado um banho e seu tio, que já sabia do ocorrido, sentou-se para conversar com ele.
— Por quê você fez aquilo, Henry?
— Eu sinto algo estranho por ela, uma vontade de ferir. Mas não é por isso, foi a maneira de mostrar para o meu pai que não amoleci.
Dimas sabia que a índole de seu sobrinho, não era má e já haviam conversado sobre isso.
— Ela ficou muito ferida?
— Aparentemente ficou chocante, pois cortei seus cabelos até a raiz. Logo ela ficará boa.
Dimas balançou a cabeça, em negativa, pois ele era muito novo para carregar nas costas, um peso tão grande. Teria que conversar com sua irmã e lhe explicar, pois a pequena Luana era o xodó da Luna e com certeza, ela não se conformará com o feito de seu filho.
Capítulo 3. Treinamento
As notícias sobre Luana chegaram primeiro aos ouvidos do Alfa Túlio, que foi verificar o que o filho fez. Encontrou-a na clínica e não parava mais de rir, seu filho era ótimo em zoar os filhotes e achou extremamente eficientes os seus métodos.
— Doutor Clécio, como ela está?
— Aparentemente péssima, mas de resto, logo ela vai melhorar. Ele deslocou o maxilar dela para que não falasse, mas já está no lugar e até já curou. Seus glúteos também foram bem agredidos, mas não deve ficar nenhuma marca.
— Ótimo, se não, vou ter que uivar pra lua, pois minha Luna vai me expulsar do quarto.
— Talvez seja bom conversar com Henrique, ele está crescendo e sua força pode machucar muito mais, da próxima vez.
— Deixa o garoto brincar… ele deve ter ciúmes dela, por causa da atenção da mãe, vou mandar ele para a arena com os mais velhos.
— Acha prudente?
— Ele não é mais criança e se ficar solto, faz ele fazer isso com uma criança, vamos ver como será com um adulto.
Querendo agradar o pai, Henrique acabou causando um problema maior para si. Treinar com os lutadores mais velhos, obrigaria ele a se focar na luta para não se quebrar todo. Quando soube o que seu pai iria fazer com ele por causa do que fez com Luana, se arrependeu profundamente de ter usado a menina para se mostrar.
Iniciaram no dia seguinte, mais a sua sorte foi que o professor, primeiro achou melhor fortalecer os músculos e colocou para correr muito no meio da floresta desviando das árvores e pulando obstáculos tanto na forma humana quanto na forma de lobo.
A Luna não pode fazer nada contra Henrique, pois Túlio tomou a frente do filho e disse a esposa que Luana não tinha sofrido tanto assim e que já estava quase boa, não valia a pena brigar com o menino por causa disso. Também acusou ela de ser negligente com ele, só se preocupando com a filha dos outros.
A Luna não gostou do que ouviu, mas ficou calada. Havia um limite em que não podia ultrapassar com seu companheiro. Ele era muito violento e ultimamente sua mente andava meio desequilibrada, uma hora ele estava muito bem e bom e outra ele estava muito mal e ruim.
Os meses foram passando, Henrique se fortalecendo e a alcateia mais uma vez foi atacar outra ponto dizimaram toda uma alcateia de lobos vermelhos, não era muito grande, Pois aquele tipo de lobo era muito raro, nem a proteção dos deuses ajudaram eles.
Quando voltaram, Henrique estava lá olhando tudo e ouvindo tudo, não lhe agradou saber que existe um lobos tão bonitos e foram dizimados, nunca mais poderia haver um lobo daquele tipo. Mas viu uma figura no canto, escondida, bisbilhotando e foi até lá e arrastou pelos cabelos que já estavam nascendo.
— O que faz aqui, menina intriguenta?
— Me solta, me solta, Rique!
— Não solto, você veio aqui porque quer mais palmadas, não é?
— Não, Rique, não…
Que ele é suspendia e chutou a canela dele com força. Depois mordeu o braço dele e ele assustou, deixando a cair no chão. Ela conseguiu engatinhar e levantar, correndo direto para a cozinha, onde a aluna estava preparando o jantar.
— Luna, Luna, Rique…
Ela se escondeu entre as pernas da aluna e ficou aguardando a chegada do Henrique. Não demorou muito e ele estava ali, olhou para sua mãe com raiva, vendo que ela protegia a pirralha.
— Essa pirralha me chutou e mordeu e a senhora a defende, por quê?
— Pare com isso, Henrique, ela ainda é um bebê, ao invés de bater nela, você tem que ensiná-la.
— Como é que se ensina uma peste?
— Você é como um irmão mais velho para ela, por favor, proteja-a e não bata mais nela.
Ele saiu da cozinha com raiva e foi para a festa de seu pai com os homens. Começaram a ler um a brigar contra o outro, comemorando e incluíram ele, que virou o saco de pancada dos adultos. Dali em diante, ele tomou a decisão de ficar muito forte e valente, treinaria muito mais do que todos e um dia seria um Alfa muito melhor até, do que o seu pai.
Cumprindo a promessa que fez a si mesmo, mais três anos passaram e ele estava forte, apesar de ainda ser um menino, já parecia um rapaz. Foi neste ponto que ele percebeu que Luana também havia crescido, estava com seis anos e continuava aquela menininha ponto seus cabelos haviam crescido e formavam cachos dourados e parecia um anjo.
— Luana! — chamou ele ao ver ela passar correndo no meio da sala.
Ela não parou, nunca parava para Henrique, pois sabia que ele judiaria dela, então, foi direto para a cozinha. Mas Henrique correu atrás e conseguiu segurá-la pelo ombro, derrubando-a no chão, com força.
— Ai, para Rique.
— Eu te chamei e você não parou, você tem que aprender a me obedecer. Eu serei o alfa desta alcateia e você terá que me servir.
Luana sabia bem disso, para não causar mais atrito, ela levantou-se do chão e inclinou-se para ele, perguntando:
— O que posso fazer por você, Rique?
— Assim está melhor. Amanhã cedo esteja na arena você começará seu treinamento de luta.
A pequena fêmea olhou para ele com os olhos arregalados, se perguntando porque é que ela teria que aprender a lutar. Só os machos saíam para a batalha, não tinha necessidade dela aprender.
— Fêmeas não aprendem a lutar, o que eu tenho que aprender?
— Porque eu estou mandando. Você precisa aprender a se defender, e se um dia nos atacarem e você não souber lutar, quem vai te proteger?
— Os guerreiros da Alcateia. Eles é quem protegem as mulheres e crianças, aluna me ensinou isso.
Ele lhe puxou os cabelos com a mão cheia e chegou a suspendê-la do chão.
— Ái! Me solta, Rique.
— Eu estou te ordenando que esteja amanhã assim que o sol nascer, na arena para aprender a lutar e não quero mais reclamação. — soltou e ela caiu sentada no chão novamente.
Ele ficou olhando ela ir embora se arrastando e também saiu, com um sorriso de lado. Ensinaria a pestinha a lutar e se defender mesmo que isso custasse a ele tempo e determinação.
Capítulo 4. Brilho Azul
No dia seguinte, assim que amanheceu, Luana foi para a arena, como lhe foi ordenado. Não contou para a Luna, nem para a sua mãe, saiu escondidinha e encontrou ele já presente, esperando.
— Ótimo, bem pontual. Entre e inicie correndo em volta da arena.
Ele resolveu imitar o treino que o professor passou para ele, primeiro fortaleceria os músculos dela e depois começariam a lutar.
— Para que eu tenho que correr, Rique?
— Para fortalecer Esses são seus cambitos, não dá para ter força nas pernas e nos braços se não fortalecer os músculos. Depois que você der 100 voltas na arena vamos pegar alguns pesos.
— 100?
— Sim e cale a boca ou ficará sem fôlego.
Depois da corrida e dos exercícios com pequenos pesos, ela estava exausta e com dor em todo o corpo.
— Isso não é treino, Rique, Isso é tortura.
— Mas que garota chata, só sabe reclamar. Prefere que eu te bata?
— Não.
— Então pode ir, pestinha. Volte amanhã e não conte para ninguém.
Ela estava reclamando, mas quando ele mandou ela embora ela saiu correndo. Assim se passou uma semana e só então ele começou a treinar lá de verdade.
— Oi, Rique, cheguei, cadê você?
Ele saltou sobre ela e jogou no chão com força, sentou-se sobre ela e deu um tapa na cara.
Ela colocou os dois braços na frente do rosto, tentando se proteger e tentou empurrar ele de sua barriga levantando o corpo, mas ele era muito pesado e ela não conseguiu. Então, esperneou e tentou socá-lo, mas também não conseguiu.
— Pára, Rique. Tá me machucando.
— Quero que tente sair, lute, mostre o que pode fazer.
Ela se irritou mais e olhou para ele com tanta raiva, que um brilho azul saiu de seus olhos e ele parou de bater nela, para tentar entender o que era aquilo e ela aproveitou o momento e mordeu os seus braços empurrou o peito dele virou para os lados, até que conseguiu sair de sob ele.
— Consegui, consegui! — gritou ela pulando para longe dele.
— Venha aqui, pestinha! Me explica o que foi isso.
Ela parou intrigada, sem saber do que ele estava falando.
— Explicá o quê?
— Esse brilho azul no seu olho.
— Eu não vi nada, só tava com muita raiva de você. Mas se aparecer um brilho azul que fez você parar e eu consegui vencer, acho bom aparecer toda vez.
— Agora você sabe como é, vamos de novo, eu vou te atacar e você vai se defender.
— Você tem que me ensinar primeiro, como posso me defender se você não me ensina.
— Vou te ensinar enquanto lutamos. Primeiro, quando eu for te socar com esse braço, você vem com o braço do mesmo lado e bota na frente, assim. Quando eu for com o outro braço você faz a mesma coisa, entendeu?
Ela entendeu, mas não contava que ele fosse fazer tudo tão rápido e ela acabasse levando tantos socos, que ficou imaginando quando chegasse a vez das pernas. Deu graças a deusa quando terminou, correu de volta para casa e se escondeu no quarto até ficar curada.
Passaram-se dois meses e ela conseguia já se defender adequadamente,