Indígenas do Brasil
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Indígenas do Brasil - Karoline Melo
PORMENOR 2024
Autora: Karoline Melo
Revisor: Vinícius Rizzato
Arte de capa: Deborah Mattos
Diagramação: Carol Dias
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
M528i
Melo, Karoline
Indígenas do Brasil [recurso eletrônico] / Karoline Melo. - Guaratinguetá : Editora Pormenor, 2024.
ePUB.
Inclui índice.
ISBN: 978-65-5204-267-5 (Ebook)
1. História do Brasil. 2. Indígenas. I. Título.
CDD 981
2024-1796
CDU 94(81)
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410
Índice para catálogo sistemático:
1. História do Brasil 981
2. História do Brasil 94(81)
Sumário
Início
Apresentação
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Sobre a Pormenor
Apresentação
Karoline Melo é formada em Letras — Português-Inglês pela UFMG. Além de traduzir livros do inglês e do espanhol, trabalha no mercado editorial como redatora e agente literária.
A pesquisa feita para a construção deste livro não foi apenas importante para o desenvolvimento dos textos, mas também para que a autora, que tem ascendência afro-indígena e indiana, compreendesse um pouco mais sobre suas próprias origens.
Desde a invasão europeia, em 1500, nossa história tem sido moldada pela perspectiva deles. Muitas vezes, a narrativa que nos é contada é de que os portugueses chegaram ao Brasil pacificamente, encontraram essas pessoas selvagens que tiveram a sorte de serem colonizados e apresentados a uma cultura correta
. Isso tudo além de darem a entender que a pior coisa que aconteceu com a chegada deles foi o roubo do ouro. Isso, contudo, não poderia estar mais longe da verdade.
Há séculos, os povos indígenas vêm sendo generalizados, dizimados, excluídos e tendo seus direitos negados. Precisamos, portanto, nos conscientizar a respeito da história dos povos indígenas para que a narrativa seja revista através das lentes corretas.
Ao longo dos textos, veremos um pouco sobre vários aspectos que dizem respeito à população indígena brasileira. Entenderemos que os povos originários são diversos e cada qual apresenta características próprias, seja em questões culturais, alimentares, históricas, de tradições ou de crenças. Alguns capítulos tratarão da diversidade linguística, cultural, religiosa e alimentícia desses povos; outros falarão sobre sua história e desafios na luta para fazer seus direitos valerem; e todos eles argumentarão sobre a necessidade de apoiarmos as causas indígenas, porque só assim poderemos ver mudanças acontecerem — não apenas para esses povos mas também para nós mesmos.
O livro destaca a urgência de reconhecer e respeitar a diversidade dos povos indígenas, que não são um grupo homogêneo, mas sim comunidades com línguas, costumes e tradições distintas. Com um apelo à conscientização e à ação, Karoline propõe uma reflexão sobre como podemos todos contribuir para a preservação dessas culturas e para a promoção de seus direitos, desfazendo séculos de injustiças e colaborando para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Em conclusão, este livro estende a você, leitor, um convite pessoal para embarcar numa jornada de descoberta e compreensão. Ao virar cada página, você será guiado através de narrativas profundas e reflexões sobre os povos indígenas do Brasil, desafiando perspectivas coloniais e celebrando a diversidade dessas culturas ricas e resilientes. Karoline Melo, com sua escrita envolvente e pesquisa meticulosa, não apenas ilumina as injustiças históricas, mas também inspira uma participação mais ativa na defesa dos direitos indígenas. Este não é apenas um livro para ser lido, mas uma experiência para ser vivida e um chamado à ação que ressoa bem além de suas páginas. Boa leitura.
Capítulo 1
Diversidade linguística dos povos indígenas
Antes de os europeus chegarem ao Brasil no ano de 1500, nossas terras já estavam ocupadas pelos povos originários, que hoje conhecemos como indígenas. Naquela época, estima-se que havia de 4 a 6 milhões de nativos espalhados pelo que então se tornaria nosso país, e essas pessoas se dividiam em aldeias que não tinham apenas culturas e costumes diferentes, mas que falavam línguas distintas. Acredita-se que, na época, mais de 1.200 idiomas eram falados por esses povos ao longo da nossa extensão territorial.
Com o passar do tempo, como sabemos, esses números diminuíram de maneira significativa. Afinal, os estrangeiros não apenas trouxeram consigo doenças que exterminaram diversos povos indígenas; eles guerrearam contra essas pessoas, escravizando-os e impondo seu modo de vida sobre eles, desde a língua até a religião e os costumes. Através da proibição do uso de seus idiomas, a população nativa foi obrigada a se comunicar única e exclusivamente através da língua portuguesa. Mas, para isso, eles precisariam antes aprender o português.
Na época da colonização, colonos e missionários optaram por usar a língua tupinambá como base do que se tornaria a língua geral falada entre eles. Isso se deu pelo fato de o tupinambá ser o idioma mais falado pelos indígenas que residiam na costa atlântica, tornando, portanto, mais fácil a comunicação entre um maior número de pessoas. Desse modo, a língua geral, também conhecida como língua brasílica, passou a ser ensinada aos indígenas, e se popularizou de tal forma que quase todas as pessoas que compunham o sistema colonial passaram a usá-la.
Conforme europeus e indígenas iam se miscigenando — na maioria das vezes através da violação de mulheres nativas por parte de homens europeus, precisamos dizer —, os filhos já eram criados falando a língua geral. Foi nessa língua que fizeram as catequizações do povo indígena. O padre José Anchieta, inclusive, foi o responsável por publicar a primeira gramática da língua brasílica, em 1595.
Vale dizer que existiram duas línguas gerais, sendo elas a amazônica (nheengatu) e a paulista. Enquanto a língua geral amazônica se desenvolveu nas regiões do Maranhão e do Pará, a partir do tupinambá, a paulista surgiu nas regiões de São Vicente e do alto rio Tietê, com base na língua tupi. Embora as duas línguas de origem fossem diferentes, elas fazem parte da mesma família linguística, o que significa que tinham similaridades.
A língua geral que mais se propagou ao redor do país foi a paulista, isso porque, através dos bandeirantes, chegava a áreas que não haviam sido exploradas por outros falantes de nheengatu. Por isso, hoje em dia temos tantas palavras de origem tupi no nosso vocabulário. Essa língua geral paulista, contudo, não existe mais.
Isso não significa, porém, que o nheengatu também parou de ser falado. Embora não tenha sido tão popular quanto a língua geral paulista, ele continua existindo, principalmente na região da bacia do rio Negro, e é usado na comunicação entre indígenas que falam línguas maternas diferentes; indígenas e não indígenas; ou indígenas de aldeias cujas línguas de origem foram extintas.
Atualmente, de acordo com o último censo divulgado pelo IBGE, há mais de um milhão e meio de pessoas indígenas no Brasil, mostrando que a população dobrou de tamanho