Parelheiros
Parelheiros é um distrito localizado na zona sul do município de São Paulo. É o segundo maior distrito do município em extensão territorial, embora seja muito pouco povoado. Tem a maior parte da área coberta por reservas ambientais da mata atlântica — nele, localiza-se a Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos e parte da Área de Proteção Ambiental Ilha do Bororé-Colônia. Em Parelheiros, também se encontra a aldeia indígena guarani Krukutu.[1]
Parelheiros | |
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Área | 153 km² |
População | (21°) 153.695 hab. (2022) |
Renda média | R$ 1.800,00 |
IDH | 0,747 - médio (95°) |
Subprefeitura | Parelheiros |
Região Administrativa | Sul |
Área Geográfica | 6 (Sul) |
Distritos de São Paulo |
A região recebeu a primeira imigração alemã no estado de São Paulo, no início do século XIX.[2] Dista 15 a 25 quilômetros de Itanhaém e de São Vicente, na Baixada Santista, e 50 a 60 quilômetros do região central do município de São Paulo.
História
editarNa região de Parelheiros, já havia nativos e caboclos antes da vinda dos imigrantes alemães (1829).[2] Os nativos acabaram sendo forçados a abandonarem suas aldeias assim que estradas eram abertas. Diz-se que havia também um grande quilombo de ex-escravizados afro-brasileiros. A mão de obra imigrante era composta sobretudo por ex-militares e o intuito era "clarear" a "raça brasileira", pois o governo imperial temia que o pais se tornasse um país de negros, o que na verdade já o era na maioria, ou mormente composto por mulatos, entre eles brilhantes estadistas e engenheiros, i.e., em se tratando de filhos de negras com pais brancos de certa posição e que podiam mandar seus filhos estudar na Europa. Sendo a princesa Leopoldina de origem austríaca e tendo bom relacionamento com terras de língua germânica, sem contar o favoritismo por teutônicos tidos como superiores no aspecto racial.
A teimosia teutônica, assim como havia sido a dos indígenas ao serem forçados ao trabalho escravo, os impediu de aceitar qualquer terra improdutiva para viverem. Vários foram enganados e quando chegaram à região e viram que eram dominadas por brejos, partiram a outras regiões mais férteis e onde havia mais conterrâneos como no Sul do pais. Alguns, porém ficaram e como não tinham templo onde se congregarem e como o Brasil ainda tinha o catolicismo como religião oficial, os luteranos eram forçados a viajar com colonos católicos à matriz de Santo Amaro todo domingo e ouvir missa católica-romana, talvez para que não ficassem na ociosidade ou se reunissem em culto protestante. Mais tarde, os japoneses foram trazidos para trabalho no campo.
Também em 1829, foi inaugurado na região o Cemitério de Colônia, o mais antigo da cidade de São Paulo (à frente do Cemitério da Consolação), por boa parte dos imigrantes alemães que ali haviam chegado na época. Ele foi parcialmente desativado após a Segunda Guerra Mundial devido à falta de recursos; porém, foi reativado em 18 de novembro de 2000 após a união de diferentes associações alemães. Desde 2004, ele é considerado Zona Especial de Preservação Cultural, sendo que, atualmente, a parte mais alta do terreno é utilizada para novos sepultamentos.[3]
Parelheiros recebeu este nome devido às diversas corridas de cavalos (parelhas) entre os alemães e os brasileiros.[2] Antes o distrito era conhecido como Santa Cruz, por existir uma cruz no local, colocada por um devoto chamado Amaro de Pontes, a qual originou a igreja de Santa Cruz.
Parelheiros se destaca em relação à Colônia Paulista pelo fato de haver sido aberta uma estrada no século XIX, por iniciativa do imigrante alemão Henrique Schunck, pai do fundador de Cipó-Guaçu (hoje distrito de Embu-Guaçu). A estrada de Parelheiros, atual Estrada Ecoturística de Parelheiros, ligava às vilas de Embu-Guaçu e São José, de onde se podia partir para Rio Bonito e Santo Amaro, evitando, assim, a passagem pela Colônia, onde havia a mais antiga estrada da Conceição.
Em meados do século XX, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, milhares de japoneses desembarcaram no Porto de Santos. Grande parte deles ficou no chamado Cinturão Verde Metropolitano de São Paulo.
Assim, os bairros de Jaceguava e Casa Grande – que fazem parte da Subprefeitura de Parelheiros – foram sendo ocupados por famílias japonesas, que se dedicavam ao trabalho agrícola, especialmente de hortifrutigranjeiros, tornando-se importantes fornecedores deste gênero ao abastecimento da metrópole.[2]
Em busca de alojamento barato, uma população bastante numerosa escolheu os mananciais de Santo Amaro para residir. A possibilidade de encontrar aluguéis mais baixos ou até casa própria, com algum sacrifício, surgiam os numerosos loteamentos, muitos deles irregulares, devido à publicação da lei estadual de Proteção aos Mananciais em 1976.
A inexistência de grandes espaços em áreas urbanas acabou por tomar os terrenos dos habitantes. Lotear suas propriedades foi a saída vista pelos proprietários de terra, pois o aumento de impostos territoriais veio encarecer as grandes propriedades. A solução foi dividir as chácaras e sítios em loteamentos, dando lugar ao aparecimento de vilas, jardins e parques deixando que os interesses da especulação imobiliária determinassem a localização de moradia da população trabalhadora, acentuando-se, no delineamento do traçado urbano, o desordenamento no uso do solo.
Características físicas
editarSão 353 km², representando 24% do município, com ocupação urbana de 2,5% e dispersa de 7,7%. Com a totalidade de seu território em área de proteção aos mananciais, a região compreende remanescentes importantes de Mata Atlântica e as áreas mais preservadas do Município. Inclui parte das bacias hidrográficas das Represas Guarapiranga e Billings, que são responsáveis pelo abastecimento de 30% da população da Região Metropolitana de São Paulo. É cortado por ferrovia de escoamento da produção agrícola ao porto de Santos e um ramal suburbano desativado.
A Cratera da Colônia, com 3,5 km², é marco geológico produzida por meteorito há milhões de anos. Parte dela é ocupada por 25 mil pessoas em loteamentos irregulares,[2] outra de um presídio Estadual (cerca de 1500 presos); e o restante (cerca de 50%) preservada como área agrícola tradicional. A área é tombada pelo Condephaat (Res. SC 60 de 20.08.2003). Originariamente foi habitada por índios Tupis e no século XX um subgrupo guarani ali se estabeleceu, tendo hoje tem cerca de 600 pessoas em duas áreas, a Aldeia Krukutu e Morro da Saudade.
Apesar das restrições impostas pela legislação ambiental, a região apresenta urbanização intensa e desordenada, com parte da população residindo de forma precária e sérios impactos sobre os processos naturais de produção de água, devido à impermeabilização do solo, ao desmatamento, ao despejo de esgotos e ao assoreamento dos corpos d'água.
Seguindo o atual processo de urbanização, a população cresce de forma irregular, com baixa renda, aumentando á se incrementar ainda mais com a passde forma inadequada o déficit de serviços e infra-estrutura. Atualmente o número da população é de aproximadamente 200.000. O distrito é cruzado pelo trecho Sul do Rodoanel, mas não há acesso a ele.
Atualmente tem elevado índice pluviométrico e mais baixa temperatura no inverno, com geadas frequentes. É a área mais preservada do município com remanescente de Mata Atlântica (62,4%) e reflorestamento de cerca de 4% (pinus, eucaliptos). Inclui parte da Bacia Hidrográfica das represas Guarapiranga e Billings.
Dados climatológicos para Parelheiros | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima média (°C) | 24,8 | 24,8 | 24,2 | 22,4 | 20,5 | 19,5 | 18,9 | 19,8 | 20,7 | 21,4 | 22,7 | 23,8 | 22 |
Temperatura média (°C) | 20,4 | 20,5 | 19,8 | 17,8 | 15,8 | 14,4 | 13,7 | 14,7 | 15,8 | 16,9 | 18,2 | 19,3 | 17,3 |
Temperatura mínima média (°C) | 16 | 16,2 | 15,4 | 13,3 | 11,1 | 9,4 | 8,6 | 9,6 | 11 | 12,4 | 13,7 | 14,9 | 12,6 |
Precipitação (mm) | 274 | 264 | 236 | 143 | 109 | 76 | 69 | 80 | 122 | 212 | 191 | 251 | 2 027 |
Fonte: Climate Data.[4] |
Perfil demográfico
editarPesquisas da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados indicaram que a população jovem desta subprefeitura é a maior de São Paulo. Em 2004, o risco de um homem entre 15 e 24 anos morrer era 21 vezes maior em Parelheiros do que em Pinheiros.[5] É classificado pelo CRECI como "Zona de Valor E", assim como outros distritos da capital: Campo Limpo, Brasilândia e Itaim Paulista.[6]
Saúde
editar- Hospital Parelheiros
- UPA Parelheiros 24 horas
Bairros
editarBairros de Parelheiros:[9]
- Barragem
- Bosque do Sol
- Casa Grande
- Chácara Ana
- Chácara Lago Grande
- Chácara Santo Hubertos
- Chácara São Sebastião
- Chácara São Silvestre
- Chácara Schunck
- Cidade Luz
- Cidade Nova América
- Cidade Satélite
- Colônia
- Condomínio Palmeiras
- Curucutu
- Embura
- Itaim de Parelheiros
- Jaceguava
- Jardim Aladim
- Jardim dos Álamos
- Jardim Almeida
- Jardim Alviverde
- Jardim Campo Belo
- Jardim das Fontes
- Jardim das Laranjeiras
- Jardim do Bosque
- Jardim do Centro
- Jardim Herplin
- Jardim Iporã
- Jardim Itaim
- Jardim Juçara
- Jardim Maria Amália
- Jardim Maria Borba
- Jardim Novo Parelheiros
- Jardim Paulo Afonso
- Jardim Progresso
- Jardim Ramala
- Jardim Santa Cruz
- Jardim Santa Teresinha
- Jardim Santa Fé
- Jardim São Joaquim
- Jardim São Norberto
- Jardim Papai Noel
- Jardim São Nicolau
- Jardim Silveira
- Jardim Vera Cruz
- Parque Terceiro Lago
- Parque Sumaré
- Parque Florestal
- Parque Recreio
- Praia Paulistana
- Rancho Alegre
- Recanto Campo Belo
- Recanto do Papai
- Sítio Casa Grande
- Sítio Santa Cecília
- Sítio Vale Verde
- Sumaré
- Vargem Grande
- Vila Bororé
- Vila Esperança
- Vila Isabel
- Vila Marcelo
- Vila Nova Esperança
- Vila Roschel
Distritos e municípios limítrofes
editar- Itapecerica da Serra (Noroeste)
- Embu-Guaçu (Oeste)
- Jardim Ângela e Cidade Dutra (Norte)
- Grajaú (Norte e Leste)
- São Bernardo do Campo (Leste)
- Marsilac (Sul)
Ver também
editar- Lista de distritos de São Paulo
- População dos distritos de São Paulo (Censo 2010)
- Área territorial dos distritos de São Paulo (IBGE)
- Telecomunicações em São Paulo
- Cratera da Colônia
- Represa de Guarapiranga
- Aeroporto de Parelheiros
- Solo Sagrado de Guarapiranga Parelheiros
- Estação Evangelista de Souza
- Linha 9 do Trem Metropolitano de São Paulo
- Estrada de Ferro Santos-Jundiaí
- Rodovia Parelheiros-Itanhaém
- Diocese de Santo Amaro
Referências
- ↑ Figueirôa, Patricia (2 de maio de 2011). «Biblioteca Municipal "Menotti Del Picchia": EXPOSIÇÃO RETRATA ALDEIA GUARANI DE SÃO PAULO». Biblioteca Municipal "Menotti Del Picchia". Consultado em 16 de março de 2021
- ↑ a b c d e «Memória: saiba um pouco mais da história de Parelheiros». gazetasp.com.br. 13 de outubro de 2022. Consultado em 11 de novembro de 2024
- ↑ «A curiosa história do Cemitério de Colônia, o mais antigo de São Paulo». Aventuras na História. 17 de abril de 2022. Consultado em 11 de novembro de 2004
- ↑ «Clima: Parelheiros». Climate Data. Consultado em 26 de setembro de 2014. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2014
- ↑ http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u98407.shtml
- ↑ «Pesquisa CRECI» (PDF). 11 de julho de 2009. Consultado em 13 de julho de 2009. Arquivado do original (PDF) em 6 de julho de 2011
- ↑ «População recenseada - Município de São Paulo, Subprefeituras e Distritos Municipais: 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010». Prefeitura de São Paulo. Consultado em 11 de novembro de 2024
- ↑ «Censo 2022 | IBGE» (Em "Arquivos vetoriais (com atributos dos resultados de população e domicílios)", acesse "Malha de Distritos preliminares – por Unidade da Federação" (shp) e faça o download). IBGE. Consultado em 11 de novembro de 2024
- ↑ bol.com.br. «Confira todos os distritos e bairros da zona sul de SP». Bol Notícias. Consultado em 28 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2018