E A Vida Continua
E A Vida Continua
E A Vida Continua
E a vida continua
Coleo Memrias da Figueira
Volume: VII
Editora AVBL
2014
CDD-869.93
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E a vida continua Elio Eugenio Mller
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E A VIDA CONTINUA
Coleo Memrias da Figueira
Volume: VII
O drama humano diante do flagelo
da violncia, das epidemias e da morte.
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NDICE
AGRADECIMENTOS
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PALAVRA AO LEITOR
- Uma visita ao Stio da Figueira
- Lembranas da infncia em Panambi RS
- Pracinhas brasileiros, afrodescendentes, (...)
- Trazendo baila histrias ps a anistia (...)
- O inconformismo de Ivo Baiano
- Quando chega a tempestade
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O FIM DA REVOLUO
- Candinho em busca de paz
- Os conselhos do Major Voges
- Candinho conhece a Fazenda Campo Bom
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O CASAMENTO DE AMBROSINA
- A morte desconcerta
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A REPERCUSSO DE CANUDOS
- As confidncias de Tenente Cardoso
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O CASAMENTO DE ANGELINA
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MAPAS
- Mapa
- Mapa
- Mapa
- Mapa
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da
da
da
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II PARTE
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264
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270
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MONARQUIA OU REPBLICA
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III PARTE
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313
315
IV PARTE
318
319
319
322
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328
328
330
330
333
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- UM PATRIMNIO INTANGVEL
- Palavras do General DEZUIT
- Outros oradores que tambm falaram
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CONCLUSO
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BIBLIOGRAFIA
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- NOTAS EXPLICATIVAS
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus fonte da vida e de toda a boa
inspirao, que me permitiu concluir esta obra de sete
volumes da Coleo Memrias da Figueira. Que estas
memrias possam servir como um instrumento para o
estudo de nossas micros histrias, tantas vezes relegadas
ao descaso e sirva para participar da tarefa na edificao do
Reino de Deus sobre a terra.
Doris, minha esposa querida pelo permanente
incentivo para este trabalho, como companheira valorosa ao
longo de todos estes quarenta e cinco anos de nosso
matrimnio. Doris ajudou-me a localizar e dar vida a muitos
personagens do passado que ela conhecera, mas eu no.
Muitos destes personagens so antepassados de minha
esposa e que viveram esta saga relatada nesta Coleo
Memrias da Figueira.
Professora Dra. Solange T. de Lima Guimares (a
Sol Karmel) amiga e conselheira pela avaliao da obra e
orientao inicial visando traar um fio vermelho para os
relatos.
Ao publicitrio Rodrigo Sounis Saporiti, meu primeiro
genro (pois era casado com a minha filha Cris e deu-nos os
lindos netos Stephanie e Vincenzo), pela orientao na fase
inicial visando a escolha do formato literrio para esta obra.
escritora Maria Ins Simes, Presidente da
Academia Virtual Brasileira de Letras AVBL, pelo trabalho
de confeco e layout da capa, pela correo e diagramao
dos textos, que compem esta Coleo das Memrias da
Figueira.
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PALAVRAS AO LEITOR
Outra vez, estou diante da figueira, no Stio da
Figueira em Itati RS, agora para o momento to esperado
da redao final do livro E A VIDA CONTINUA, o 7 e
ltimo volume da Coleo Memrias da Figueira.
O assunto central deste 7 volume o poder o
fascnio e o pavor, que a morte exerce sobre a mente
humana.
No bastassem as mortes produzidas pela violncia e
por epidemias naquele final do sculo XIX, to forte como a
morte so o luto, o desespero e a dor daqueles que
perderam um ente querido.
Entendo que diante de tal constatao, esta obra
literria a qual encerra a coleo de sete volumes, no deve
e no pode ficar restrita s marcas e traumas produzidos
pelas mortes e sentimentos fortes e profundos ocorridos
entre 1897 a 1898, logo aps a anistia aos revolucionrios
federalistas derrotados, e, que envolveu a perda de entes
queridos, arbitrariamente assassinados. O livro se mostra
pesado e um tanto macabro, mas no permitido silenciar
sobre o ocorrido.
Assumi o propsito de mostrar que tambm existe
uma luz no final do tnel. Existe algo mais poderoso do que
a dor, o luto ou a morte... No estamos abandonados e nem
ss, mesmo quando somos flagelados pelos males terrenos.
Mesmo a verdade que, mais cedo ou mais tarde,
tudo o que nasce, tudo o que existe na face da Terra, ter
que passar pela morte, ela vem apenas como inimigo
derradeiro em nossa vida terrena, a ser vencido.
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FIGURA 01: Nos fundos, vista uma das trs figueiras. Diante da figueira
vemos Justino Alberto Tietbhl, Diumer Schneider, Adolfo Voges dono do
Stio da Figueira, Ldio Passos, Iarandu Chaves, Zaire Nunes, Perci Schmitt
e Emlio Bobsin. Fonte: foto do arquivo da famlia Voges, 1942.
escrito
sua
famlia
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J em 1897, sem o menor constrangimento, montouse um verdadeiro palco teatral, para assassinar pessoas.
Em 1898 chegaram ao disparate de montar
cenrios, colocando como pano de fundo, a solene Noite de
Reis da tradio catlica e, noutro caso, a realizao de um
culto evanglico da tradio luterana e, noutros casos,
simples ciladas traioeiras. Deste modo, tanto luteranos
quanto catlicos viram-se comprometidos nas armaes de
cunho religioso, que foram montadas no vale do rio Trs
Forquilhas, por adeptos dessas duas associaes da f
crist.
Temos que ter, porm, um pouco de cuidado, em
particular, ao querer classificar eventuais erros atribudos
aos que nos antecederam na vida. Para eles, na situao em
que viveram, talvez aquilo que fizeram representasse no
momento, o correto.
Outra grande dificuldade que eu tenho para lidar
com o problema do perdo, para tais casos de assassinatos
que ocorreram no tempo ps anistia, no seio de uma
sociedade j em vias de pacificao plena.
Como reconstituir, o que foi destrudo, pela matana?
O morto no pode mais dizer a palavra de perdo, ao seu
agressor.
A vida terrena, de uma pessoa, no pode mais ser
trazida de volta, depois de eliminada.
O que dizer de crimes premeditados, que ocorreram
fora do contexto de uma guerra ou de uma revoluo, de
personagens que j haviam sido colocados sob o manto
protetor de uma anistia concedida, quando, em seguida, se
elimina, com frieza, os mesmos?
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Elio E. Mller
Membro da Academia Virtual Brasileira de Letras
O
caixo
estava
intacto,
pois
havia
sido
confeccionado com a melhor madeira de lei e podia resistir
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O FIM DA REVOLUO
No dia 23 de agosto de 1895 havia sido declarada a
cessao das hostilidades blicas quando, na cidade de
Pelotas, foi assinado o armistcio, dando um fim Revoluo
Federalista.
Foi depois de trinta e um meses de lutas e um saldo
de mais de doze mil mortos, sendo talvez a metade pelo
mtodo da degola, praticada por ambos os lados.
Trs dias aps o armistcio aparecera um estafeta na
Serra, com um comunicado urgente destinado ao Major
Baiano Candinho. Todos os oficiais rodearam o chefe. Eles
estavam curiosos, para saber qual seria a nova misso para
eles.
Baiano Candinho, na ocasio, leu o comunicado. Era
apenas um lacnico aviso: < O armistcio foi assinado, em
Pelotas, no dia 23 de agosto de 1895. A Revoluo acabou.
Deponham as armas e cada qual retorne para a sua famlia
e propriedade. A ordem de paz para todos >.
O efetivo do Esquadro Josaphat no queria acreditar
na ordem recebida. Devia ser algum engano, pois eles
estavam ali com a fora plena, em condies de continuar a
Revoluo. Como haveriam de terminar com o movimento
revolucionrio se a ditadura castilhista ainda no havia sido
derrubada?
Candinho teve que falar energicamente explicando
que no existia mais nenhuma possibilidade de continuar a
Revoluo, porque em muitos lugares os efetivos maragatos
haviam sido totalmente destroados. Ordenou que todos
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Triesch. Para mim isto um sinal de que ele os quer ter por
perto. As terras que eles ocuparam so terras nacionais,
mas so terras deles, boas para a criao de gado e de
cavalos.
Major Voges franziu a testa e enfatizou: - Sou muito
franco e digo de novo e repetirei quantas vezes for
necessrio, de que temo pela vida dos revolucionrios
derrotados caso ficarem muito vista, fazendo figurao na
crista da lomba.
Baiano Candinho notando a sincera preocupao do
amigo, concluiu: - Diante destas suas consideraes eu
decido, hoje, que vou ficar aqui no Alto do Josaphat, sei que
estou fazendo a vontade da minha Maria e dos meus filhos.
Ofertas de trabalho no me faltam mas escolho ser capataz
do Coronel Batista. Haverei de cuidar de um pedao de
campo no muito distante daqui. A proposta boa... L
existe um bom galpo para servir de morada e ele permite
que eu organize o meu prprio rebanho, de reses e de
cavalos. A Maria est rindo sozinha, falando das
campereadas que juntos ainda iremos enfrentar, com a
famlia inteira, finalmente reunida.
Candinho conhece a Fazenda Campo Bom
Candinho e Maria Witt chegaram dizendo que iriam
permanecer, no mximo, durante trs dias na Fazenda do
major Voges. Porm o anfitrio os deixou to vontade que
os dias correram rapidamente, a ponto de no notaram que
j estavam ali, fazia uma semana.
Major Voges inventava atividades que envolviam os
visitantes. Enquanto isto Bina Rosina levava Maria e filhas
para as atividades de rotina na cozinha, onde eram feitas
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O CASAMENTO DE AMBROSINA
Com a morte de Maria Witt, as filhas maiores de
Baiano Candinho, a Ambrosina e mais a Angelina,
assumiram a tarefa de cuidar das irmzinhas menores,
particularmente da pequena Ernestina, na expectativa que o
pai conseguisse reorganizar sua vida familiar.
Candinho precisava continuar no Alto Josaphat por
algum tempo, pois era, ainda, capataz de uma das fazendas
do Coronel Batista e tambm por possuir um pequeno
rebanho de reses, que ele planejava deixar aos cuidados do
amigo Johann Hofmann.
Mas o que seria do casamento da Ambrosina, que j
havia sido marcado pela finada Maria Witt para o dia 27 de
julho de 1896?
Candinho decidiu que a cerimnia e inclusive uma
singela festa, deveriam ser realizadas, de qualquer forma,
apesar da dor e da tristeza motivados pela ausncia de
Maria Witt. Pediu a ajuda aos companheiros da Guerra do
Paraguai, o Baiano Tonho, o Jos Baiano e o Joo Baiano.
Eles teriam que solucionar o problema do abate de uma
novilha para fazer um bom churrasco.
O casamento de Ambrosina e Joo Hoffmann foi
realizado na data prevista, em 27.07.1896, porm com a
festa transferida para a fazenda do noivo, tambm radicado
no Alto Josaphat. O noivo teve que avisar o Pastor Lemo
para esta alterao do local da cerimnia religiosa.
A satisfao de Baiano foi grande, ele sabia que a
realizao desta celebrao religiosa protestante fora
planejada por Maria Witt, apesar de saber que os servios
do novo pastor estavam sendo realizados exclusivamente
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Candinho
agradeceu
pela
oferta
amigvel.
Respondeu, porm que desejava permanecer na Colnia.
Com certeza os tempos haveriam de melhorar para todos.
Major Voges discordou. Explicou que, em particular, os
integrantes do movimento revolucionrio estavam marcados
como bandidos. Que Candinho e os demais se cuidassem.
Coisa boa que no viria, to depressa, para eles.
Os dias transcorriam calmos, sem grandes
novidades. At parecia que a paz voltara por completo e que
Candinho estava com a razo. Parecia que tudo haveria de
voltar normalidade. Candinho dizia, filosofando: - E, a
nossa vida continua... Haveremos de encontrar o nosso
lugar, nesta Colnia, para viver e trabalhar. Queremos
participar da poltica e da construo dos destinos do nosso
Rio Grande e do Brasil.
Candinho quer reorganizar a sua vida
Na Serra residiam muitos filhos da Colnia de Trs
Forquilhas, que tinham algum parentesco com Maria Witt,
mulher de Candinho. Uma destas famlias era dos
Hoffmann Serranos, dentre eles, em particular o Johann.
Ele era primo de Maria Witt, por parte de me. Logo
estreitaram-se as relaes, com visitas frequentes. Maria
observara que o primo Johann Hoffmann se dera muito bem
na Serra. Possua uma pequena fazenda com um bom
nmero de cabeas de gado. Contava com o auxlio dos
filhos, todos bons tropeiros e conhecedores da lida com o
gado. O sonho de Maria era de um dia, com Candinho,
usufruir, tambm, de uma destas propriedades.
As visitas de Candinho e famlia fazenda de Johann,
ajudaram a estreitar as relaes de forma bem mais
profunda do que pudessem imaginar. Certo dia apareceria o
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A REPERCUSSO DE CANUDOS
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General
Artur
Oscar
declarou
que
Antonio
Conselheiro e seus jagunos eram bandidos e, a nica
alternativa era a de elimin-los, para acabar com a ameaa,
que eles representavam para a Repblica.
O que mais incomodara em Canudos, fora a presena
da questo poltica, nos discursos de Antonio Conselheiro,
aliada com o fanatismo religioso. Entendiam que a Repblica
fora ameaada, de forma ostensiva.
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Serra.
A
notcia
espalhou-se,
imediatamente, atravs de toda a Colnia.
A revolta entre os vizinhos foi muito grande.
Reclamavam que desta maneira, ningum mais poderia sair
de casa.
As lideranas convocaram Baiano Candinho, para que
ele desse explicaes sobre esta conduta abominvel, vinda
da parte dos seus homens. Candinho esclareceu que esses
homens nada tinham a ver com ele, a no ser o fato, de
que Henrique Baiano era seu enteado e, sempre fora
tratado como se fosse seu prprio filho. Entretanto, um filho
rebelde, que preferira seguir um Capito dissidente.
Candinho explicou que soubera que os exbrigadianos tambm teriam feito grandes tropelias l pelos
lados de Rolante e Rio da Ilha e que, agora, estavam de
retorno, para a Grota da Ona. Finalizou, esclarecendo que
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O CASAMENTO DE ANGELINA
Baiano Candinho continuava viajando, vez ou outra,
at o Cima da Serra. No era apenas para visitar as filhas
Ambrosina e a pequena Ernestina. Muito mais, ele desejava
auxiliar o amigo Johann Hoffmann na lida com o rebanho.
Havia muita coisa para fazer. Baiano Candinho desejava
ajudar no cuidado pelo rebanho, com o claro objetivo de
deixar algum bem para seus filhos, no futuro.
Nestas viagens, Candinho ia com toda a famlia. No
tardou veio uma nova surpresa. Seria procurado por um
outro filho de Johann, Lui Chchi que pedia a mo de
Angelina.
Programou-se um novo casamento. Feitos os
contatos com o pastor da Colnia, seria marcado o dia
16.12.1897.
Novamente se repetiria, tudo o que fora visto por
ocasio do casamento de Ambrosina. Os convidados seriam
em nmero ainda maior. Johann Hoffman e Baiano Candinho
estavam vendendo felicidade. Os laos entre ambos, haviam
se estreitado mais ainda.
Pastor Lemo j parecia um pouco mais tratvel,
pois alm desse segundo casamento, oficiara, no fazia dez
meses, o batismo da pequena Ernestina, caula de
Candinho, nessa mesma fazenda, no Cima da Serra.
Em certo momento, aps a cerimnia do casamento,
Candinho seria procurado pelos integrantes do seu antigo
Estado-Maior do extinto Esquadro Josaphat. Estavam
presentes Baiano Tonho, Luis da Conceio, Manoel
Cndido, Frana Gross, Jos Baiano, Joo Baiano e Firmino
Cndido. Expressavam uma visvel preocupao, estampada
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colocou a
Terei que
se dispe
podemos
lei
Eu
em
ser
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Um triplo assassinato
O trio das compras retornava ao Josaphat, com as
mulas carregadas com as compras. Desta vez era pouca
mercadoria. Quando chegaram ao Passo da Boa Unio,
para quem vai rumo ao Barreiro, foram barrados pela
Escolta Policial. O prprio Subdelegado estava ali, com ares
de pouca amizade.
Tenente Cardoso ordenou que os trs entregassem
as armas. Mano Jorge tentou explicar que elas serviam
apenas para defesa pessoal e que ele no se dispunha a
entreg-las, de jeito algum.
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conselho
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subdelegado
e as lideranas
com as lideranas da igreja
com verdadeira conotao teatral.
convidasse Frana para um culto
poderiam atra-lo para uma cilada,
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Lamo Cascudo
Corneteiro Silva
Lemo Juarte
Felipe Ofes
Pedro Sabino
Emlio Cambar
Estevam Cambar
Joo da Mula
Tatu Viola
Jos Nascimento
Joaquim Rescindo
Neco Serrano
Tatu Serrano
Cala Barata
Jos Sabino
Joo Agapito Dutra
Henrique Bicudo
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ocorreram
na
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da
do
da
do
do
do
velha casa,
varando,
velha cozinha,
velho fogo,
velho paiol,
velho galpo.
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das lavouras,
do laranjal,
do mangeiro,
do bananal,
da invernadinha
do canavial.
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Saudades do Barroso,
Saudades do Pintura
A saudade muito ingrata
Que se remedeia mas no cura.
A saudade s ser curada
Quando descer pra sepultura.
Saudades do galpo dos tropeiros
Onde suas tropas descarregavam,
Burros manos e chucros
Onde muitos deles corcoviavam
Carregados de queijo e charque
Que por rapaduras e farinha trocavam.
Saudades da velha ilha
Onde se plantava de tudo,
Armando as nossas arapucas
Pegando pssaro grande
Tambm a rolinha no escapava
Com seu peitinho carnudo.
Saudades dos doze meses
Que compe todo um ano
Principalmente maio e junho
Quando soprava o minuano.
Nossas roupas eram bem leves
Feitas de ralinho pano.
A gurizada tremia de frio
Lidando com os animais.
Nossas caadas com bodoque
L dentro dos laranjais.
Saudades de todo o passado,
Saudades dos nossos pais.
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A educao
O pastor reorganizou a Escola da Comunidade. Criou
aula para diversos nveis: 1 ano - alfabetizao; 2 ano conhecimentos gerais; 3 ano - formao especial na
doutrina evanglica, msica e canto.
Este trabalho alcanou timos resultados. O futuro
que melhor viria confirmar esse xito. Mais tarde, dentre
seus alunos, surgiriam destacados lderes para a vida
comunitria: Justino Alberto Tietboebl como professor,
msico e regente de coral e banda; Adolfo Voges como
msico, barmonista da igreja; Alberto Scbmitt como
escrivo e lder, Joo Damasceno Knig como destacado
presbtero.
Poderiam ser citados outros tantos nomes, mediante
uma pesquisa mais acurada. Lecbler queria ver os alunos
preparados para poderem continuar na proposta de
evangelizao que lanara.
Lechler idealizou o plano de "evangelizao dos
brasileiros", como misso prioritria para o luteranismo no
Brasil.
A msica e o canto
O pastor ampliou os grupos de cantoria existentes
na Colnia. Visou alcanar as diferentes localidades do
interior. Criou dois corais da igreja, um regular e outro s de
negros. Os grupos de cantoria eram alegres, reuniam-se
em casas dos colonos e, no final dos ensaios, no podia
faltar um bom caf, com po-de-l, merengue, rosca e
rosquete.
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A Banda de Msica
A Banda de Msica, conforme o depoimento dos mais
antigos foi fundada em 1860 pelo professor Cristiano
Tietboehl e outros militares prussianos, vindos Colnia
aps 1851. Alguns j atuavam em bandinhas existentes no
vale.
Quando Lechler veio Colnia, o professor Cristiano
j era falecido (naufrgio na Lagoa da Pinguela, em 1894).
O seu filho, Jos Jacob, procurava manter coeso o grupo de
msicos. Faltava, porm uma adequada regncia.
Pastor Lechler integrou-se Banda e, na
Comunidade, ofereceu aulas de msica para interessados.
Surgiu um grupo de meninos, entre treze a quinze anos,
como Justino Alberto Tietboehl, Adolfo Voges e outros.
A Banda de Msica passou a ter novamente ensaios
regulares, particularmente com vistas animao de festas
religiosas como o Kerb e Festa da Colheita e, nas
inauguraes da torre e dos sinos.
As sociedades de canto e os corais
Na Colnia de Trs Forquilhas, entre 1826 e 1899,
existiram pelo menos duas sociedades de canto.
Possivelmente, uma destas sociedades foi regida por
Cristiano Mauer e depois sucedido por Cristiano Tietboehl.
Lechler mostrou um grande carinho por estas
sociedades, denominadas simplesmente de "Cantoria", pelos
colonos. Alm de fortalecer as sociedades de canto, Lechler
fundou mais dois corais da Igreja, um de brancos e outro de
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MAPAS
MAPA DA VIOLNCIA
Assassinados antes e durante a Revoluo Federalista,
na Colnia de Trs Forquilhas. (1891 1895)
Ano
1892
1893
Mortos
Maragatos
---
1894
Luciano Aguiar
Pedro Juarte
Igncio Gross
Miguel Cndido
Felipe Bruxa
Miguel Gralha
1895
Firmino Velho
TOTAL
07
Castilhistas
Negro Campolino (espio
castilhista)
Chico Reata (espio
castilhista).
Chico Crioulo (olheiro da
Escolta, morto por Luciano
de Aguiar)
Sgt Gonalves
Cb Remcio
Maximila Tiba Tenente do
16.o RC
06
MAPA DA VIOLNCIA
Assassinados aps a Revoluo Federalista,
na Colnia de Trs Forquilhas. (1896 1898)
Ano
1896
1897
1898
Mortos
Maragatos
--Bom Martim
Baiano Candinho
Luiz da Conceio
Baiano Tonho
Jos Baiano
Joo Baiano
Naldo da Hora
Mano Jorge
Pedro Aribu
Joo Gordo
Leonel Brando
Francisco Velho
Moo Peres
Augusto Lara
Castilhistas
----Negro Custdio (sepultado
com honras militares, no
Cemitrio Protestante da
Colnia de Trs Forquilhas).
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234
TOTAL
Manoel Geatha
Nazrio Santos
Jos Maria
Henrique Baiano
Frana Gross
Firmino Cndido
20
01
MAPA DA VIOLNCIA
Propriedades assaltadas, na Colnia de Trs Forquilhas.
(1894 1898)
Ano
Nmero de Assaltos
Autoria
1894
08
Sgt Gonalves
1895
13
Cap Luna
1896
00
1897
06
Cap Luna
1898
12
Cap Luna
TOTAL
37 assaltos
Nota: Os doze assaltos havidos em 1998 aconteceram aps a
morte de Baiano Candinho. Somente com a morte do Capito
Luna, em So Francisco de Paula, acabariam os assaltos na
Colnia de Trs Forquilhas.
17
18
19
20
21
22
23
Carlos Giriv
Dolfo Leo
Bugre Lemes
Joo Rico
Rico do Pilo
Jonas Barata
Cala Beca
Nome da Viva
Ano
solteiro
mulher serrana
filha dos Triesch
mulher serrana
mulher serrana
mulher serrana
1898
1898
1898
1898
1898
1898
Nome do morto
rfos
Peter chwartzhaupt
Luciano Cardoso de
Aguiar
Felipe Pedro Brusch
Michel Cndido
03
07
Manoel Igncio
Gross
Firmino Machado
03
Bom Martim
Baiano Candinho
Luiz Brando Feij
Baiano Tonho
(vivo)
03
06
02
Joo Baiano
02
Jos Baiano
Reginaldo Carneiro
de Fontoura
Manoel Jorge Gross
Joo Jos Brando
Pedro Aribu
Leonel Brando
Francisco Peres
Francisco Peres
Filho
03
01
06
04
02
04
03
03
-
_________________________________________________________
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236
14
15
16
17
18
- mulher serrana
- mulher serrana
- mulher serrana
- mulher serrana
Maria Menger
19
Caquita
Bicudo 1898
Rodrigues
Elisabetha Hoffmann 1898
- mulher serrana
1898
20
21
1898
1898
1898
1898
1898
Augusto Lara
Manoel Geatha
Nazrio dos Santos
Jos Maria da Silva
Manoel Cndido
(desaparecido)
Henrique Baiano
02
Frana Gross
Firmino Cndido
04
03
FEBRE TIFIDE
no Esquadro Josaphat, na Serra.
Nmero de pessoas vitimadas (1895 1896)
Ano
1895
1896
Total
Homens
02
03
05
Mulheres
03
-03
Crianas
----
TOTAL
05
03
08
FEBRE TIFIDE
na Colnia de Trs Forquilhas
(Nmero de pessoas vitimadas de 1893 at 1897)
Ano
1893
1894
1895
1896
1897
TOTAL
Homens
--01
-01
02
Mulheres
--03
-01
04
Crianas
01
----01
Total
01
-04
-02
07
CAIMBRA DE SANGUE
na Colnia de Trs Forquilhas
(Nmero de pessoas vitimadas de 1891 at 1899)
Ano
1891
1892
1893
Homens
-01
02
Mulheres
-01
01
Crianas
01
02
05
Total
01
04
08
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237
1894
1895
1896
1897
1898
1899
TOTAL
12
-01
--01
17
05
04
-01
02
-14
16
02
04
04
--34
33
06
05
05
02
01
65
Aguiar. (Guarnio
do
(Guarnio
do
da
Sede).
Sede).
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II PARTE
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acrescentou: - O tempo de estudos em Porto Alegre deixoume em contato com as idias castilhistas e depois borgista
que eu assimilei. Ele explicou de que a sua formao fora
lapidada nos bancos escolares em Porto Alegre, doutrinado
para ser um bom cidado da Repblica. Assentou que
mesmo assim, ele jamais perdeu as lies transmitidas pelo
seu bisav, pastor Carlos Leopoldo Voges e pelo seu av
Major Adolfo Felipe Voges que foram lderes muito mais
voltados ao bem estar de todos independente de suas idias
polticas e religiosas. O tempo do pastor Voges ficou
marcado como um tempo de bom entendimento aqui na
Colnia, pois ele buscava o respeito pelas idias dos outros.
Ele cobrava de todos o compromisso de se evitar o
derramamento de sangue em conflitos, nesta regio,
alertando que Trs Forquilhas deveria ser um lugar de
entendimento e de paz para todos, e juntarem as melhores
foras para trabalharem pelo progresso e desenvolvimento
desta Colnia.
Presente e passado quase se confundem
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de
forma
to
MONARQUIA OU REPBLICA
Depois do encontro com Joo Nascimento surgiu
para mim uma nova pergunta: O povo da Colnia de Trs
Forquilhas estava satisfeito com a Monarquia ou esperavam
eles pela mudana para a Repblica?
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para
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brasileiros
pouco objetivo se
(Ruschel pg. 743).
tem
pesquisado
sobre
eles"
memria
No posso voltar ao passado para fazer um novo
comeo em minha vida. Mas, posso procurar conhecer
melhor o passado para aprender a fazer algo novo e algo
melhor hoje, visando construir um bom final para a histria
da minha vida.
O interesse pela histria
O nosso passado, construdo pelos nossos ancestrais,
como um palco. Foi nesse palco da histria, onde
eles foram os personagens que representaram o espetculo
da vida de seus tempos.
Eles, os nossos antepassados, foram personagens
que ajudaram a construir a nossa histria. Eles nos
delegaram uma memria.
Assim sendo, um livro que resgata a nossa histria
comparvel a um Dilogo dos Tempos, onde os herdeiros da
memria (que somos ns) encontramos a nossa identidade
e as nossas razes.
Todo aquele que abrir um dos meus livros para
ler, haver de ser colocado no s como um espectador
diante de um palco, mas tambm diante do palco da
histria. E, estar participando como um herdeiro dessa
histria. Personagens surgem para apresentar a pea da
vida que eles levaram: suas alegrias e suas dores, suas
derrotas e suas vitrias.
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III PARTE
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CONHECENDO A COLNIA DE
TRS FORQUILHAS
Minhas primeiras impresses em 1969
No dia 17 de dezembro de 1969 pisei, pela primeira
vez, na localidade de Itati. Era uma Vila, que corria ao longo
de uma estrada, margeando o rio Trs Forquilhas, a doze
quilmetros da BR-101.
Itati era, na poca, o terceiro distrito do municpio de
Osrio RS. Um lugarejo considerado de difcil acesso,
pelas autoridades governamentais. Os professores estaduais
recebiam um abono especial para se disporem a lecionar na
localidade. Nem mdicos e nem dentistas se sentiam
atrados pela Vila.
Argumentavam que a sensao de solido se
instalava no nimo da pessoa, j por ocasio da chegada,
particularmente para quem viesse solteiro e sem famlia.
A vida social resumia-se na ida igreja protestante,
aos domingos, ou eventuais domingueiras (tardes
danantes) que se realizavam em alguma casa, escola ou
salo e que podiam estender-se noite dentro.
Quem no gosta de rezar ou danar
Quem no gosta de rezar ou danar, no aparea
aqui. (FHO nr. 11). Disse-me um morador, nos primeiros
dias aps a minha chegada.
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IV PARTE
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Um dia Bruno apareceu em Panambi e convidou: Elio, eu estou aderindo ao movimento marxista, que
clandestino. Farei adestramento para aes terroristas e
prticas de guerrilha. No quer nos fazer companhia?
Respondi prontamente: - Nunca tive afinidade com a
ideologia marxista e no reconheo qualquer serventia para
as pretenses deles!
Vinte e oito anos depois...
Somente em 1993 tive novamente notcias deste
colega de escola e de servio militar, quando Bruno
apareceu em meu apartamento, na Vila Militar do Comando
da 5 RM/5 DE junto a Praa do Atltico, em Curitiba PR.
Ele ficou quase um dia inteiro era num feriado,
hospedado em minha casa. Desejava ajuda financeira por
estar em precria situao, at de sade. Para me tocar na
alma, falou de sua trajetria como guerrilheiro e das aes
terroristas realizadas entre 1965 a 1975. Falou sobre como
ele escapara milagrosamente em meio a perseguies,
protegido sob o nome falso de Pedro Nabuco.
Ele que era um loiro de pele branca e origem alem
escolhera um codinome estranho.
Bruno explicou que, quando a sua clula terrorista foi
desmantelada pelas Foras Armadas Brasileiras e o seu
chefe eliminado, ele decidiu mudar-se para o Chile por
algum tempo. L encontrou espao no movimento marxista
e logo conheceu uma jovem chilena, com a qual se uniu.
Contou que tiveram duas filhas. Quando Allende caiu, Bruno
deixou a esposa e filhas, para trs, e veio se esconder no
Brasil.
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UM PATRIMNIO INTANGVEL
Palavras do General DEUZIT
O ltimo a falar na Festa dos 70 anos do Capelo,
com palavras de homenagem ao aniversariante, foi o
General de Diviso LUIZ ANTONIO DEUZIT BRITO,
Comandante da 5 Regio Militar (Santa Catarina e Paran
que viera em companhia da esposa DIANA e filhos e da
senhora VALDVIA MARTINS, viva do saudoso comandante
General VALDIR EDUARDO MARTINS).
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CONCLUSO
Sinto-me plenamente realizado nesta hora da
concluso do volume final que completa a Coleo Memrias
da Figueira.
Os leitores podero constatar que contei com a
contribuio de muitas pessoas, para o resgate das
histrias, em particular os mais idosos do vale do rio Trs
Forquilhas dos quais muitos j se encontram em saudosa
memria.
Deste modo considero que os sete volumes da
Coleo Memrias da Figueira no so apenas uma obra
minha, porm uma obra realizada com a participao de
muitos, que gentilmente me contaram as suas memrias,
visando este trabalho de resgate da histria.
Os sete volumes enfocam um perodo longo, de mais
de setenta anos, que vem desde o surgimento da
Colonizao Alem no Litoral Norte do Rio Grande do Sul e
formao da Colnia Alem de Trs Forquilhas e vai at o
final do sculo XIX.
Na parte final, nos dois ltimos volumes, em
particular neste E A VIDA CONTINUA coloco os leitores
diante do triste quadro, ps Revoluo Federalista, quando
neste vale do rio Trs Forquilhas vidas foram ceifadas, de
pessoas que no tiveram a chance para uma priso e
consequente julgamento.
Atravs deste livro coloquei diante dos leitores uma
realidade desumana que ocorreu no perodo ps anistia da
Revoluo Federalista. Surgiram execues e mortes cruis
de pessoas indefesas, que j haviam perdido muita coisa,
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BIBLIOGRAFIA
1 Aurlio Porto O Trabalho Alemo no Rio Grande do
Sul. Estabelecimento Grfico Santa Terezinha, Porto Alegre
RS, 1934.
2 Dr. Klaus Becker Alemes e Descendentes do Rio
Grande do Sul na Guerra do Paraguai. Editora Hilgert &
Filhos Ltda., Porto Alegre RS, 1968.
3 Elio E. Mller Trs Forquilhas 1826 1899. Fonte
Grfica e Editora Ltda, Curitiba PR, 1992.
4 Elio E. Mller Trs Forquilhas 1900 1949. Italprint
Grfica e Editora Ltda, Curitiba PR, 1993.
5 Euclides da Cunha Os Sertes. Editora Abril S.A.,
So Paulo, 1979.
6 Germano Oscar Moelercke Os Imigrantes Alemes e
a Revoluo Farroupilha. Grfica da Universidade de Caxias
do Sul, Caxias do Sul RS, 1986.
7 Gustavo Barroso Histria Militar do Brasil. BIBLIEX,
Rio de Janeiro, 2000.
8 Hubert Hering A History Of Latin Amerika. Alfred A.
Knopf, New York, 1962.
9 J. F. Maya Pedrosa A Grande Barreira. BIBLIEX, Rio
de Janeiro RJ, 1998.
10 Jos Valestino Triesch As origens de Arroio do
Padre. Manuscrito, 1999.
_________________________________________________________
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HONORINA
SCHWARTZHAUPT.
Honorina
Schwartzhaupt, a Dona Norcha nasceu na Colnia de Trs
Forquilhas (lado de Osrio RS).
18 PEDRO LINO JACOBY. Pedro Lino Jacoby, nasceu na
colnia de Trs Forquilhas (lado de Trres RS).
19 ARQUIMIMO KNIG. Arquimimo Knig, o Mimo
nasceu no dia 25.11.1920 na Colnia de Trs Forquilhas
(lado de Trres RS) filho de Joo Damasceno Knig e
Maria Oldia Voges.
20 NAIR BREHM KNIG. Nair Brehm Kni, nasceu no dia
31.08.1934, na Colnia de Trs Forquilhas (lado de Trres
RS) filha de Albino Otvio Brehm e Albertina de Souza.
Esposa de Arquimimo Knig.
21 JOS IVO DE OLIVEIRA MELO. Jos Ivo de Oliveira
Melo, o Ivo Baiano, nasceu no dia 13.09.1925 na Colnia
de Trs Forquilhas (lado de Osrio RS) filho de Aldino de
Oliveira Mello e Realina Pereira dos Santos. Neto de Baiano
Candinho.
22 ANTONIO LUIS DA ROCHA. Antonio Luis da Rocha
nasceu no dia 07.10.1916 na Colnia de Trs Forquilhas
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NOTAS EXPLICATIVAS
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362
(1)
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365
de
Bastos. Fonte:
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372
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373
De Ps e a Ferros
Coleo Memrias da Figueira
Volume: I
O incio da Colonizao Alem
no vale do rio Trs Forquilhas
Para incio de conversa quero explicar
aos leitores o sentido do termo De
ps e a ferros. O termo era usado
em pocas antigas, para denominar
dois tipos de partos difceis. Havia o
parto somente a ferros, quando
realizado
mediante
o
uso
de
instrumento de metal (por exemplo, o
uso de duas colheres de ferro ou
frceps), para extrair o beb do tero
materno. Havia tambm o parto de
ps, ou parto plvico, quando a posio do beb era ao contrrio, sentado
no tero, e nascia pelos ps e, s vezes, tambm com a ajuda de ferros.
De ps e a ferros no foram apenas alguns partos difceis, ocorridos nos
primrdios da colonizao alem da regio de Torres, no Litoral Norte, da
ento Provncia de So Pedro do Rio Grande do Sul.
De ps e a ferros foi, no meu entender, o nascer da Colnia Alem de
Trs Forquilhas.
De ps e a ferros foi tambm este trabalho de pesquisa, que j vem
completando quarenta anos, que permitiu a elaborao desta obra que
denomino de MEMRIAS DA FIGUEIRA, desenvolvido em meu reduto e
refgio do Stio da Figueira, em Itati/RS.
Para a viagem literria, pelas MEMRIAS DA FIGUEIRA, no propsito de
enfocar aspectos da histria do povo onde resido, confesso: Recebi uma forte influncia do grande escritor Carlos Drummond
de Andrade. Ele me proporcionou um mundo novo e uma
descoberta que transformou o meu universo literrio e, por que
no dizer, invadiu at o meu mundo real. (...) (Palavras ao leitor
na Obra: De Ps e a Ferro Coleo Memrias da Figueira
Volume I pg. 7).
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374
Sangue de Inocentes
Coleo Memrias da Figueira
Volume: II
Episdio da Revoluo Farroupilha
(...) Em 2009 faz 170 anos que o vale
do rio Trs Forquilhas sentiu o efeito
direto do embate entre caramurus e
farrapos, dando origem ao episdio
de Sangue de Inocentes e que serve
de pano de fundo para esta obra
literria.
Em
minhas
pesquisas
procurei
conhecer melhor cada personagem.
coletiva deles.
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375
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376
Amores da Guerra
Coleo Memrias da Figueira
Volume: IV
Histrias da Guerra do Paraguai
Face Morena
Coleo Memrias da Figueira
Volume: V
A miscigenao na Colnia
de Trs Forquilhas
(...) O leitor ver que FACE MORENA
no tem s algo a ver com a cor da
pele ou a cor dos olhos das pessoas.
FACE MORENA tem algo a ver com
usos e costumes, com hbitos e
crenas, com chimarro e churrasco,
com bombachas, botas e esporas.
FACE MORENA tem algo a ver com a
lngua falada, com o trabalho na
lavoura, a atividade nos engenhos e a faina nos alambiques e nas casas de
farinha (atafonas).
FACE MORENA tem algo a ver com o pensamento, com o jeito de ser e com
a mentalidade de um povo.
FACE MORENA trata da presena de elementos humanos de diferentes
origens seja do ndio brasileiro, seja o povo de origem portuguesa e
aoriana, seja a raa africana sofrida e escravizada, todas as raas que
viveram, ainda esto representadas no sangue que corre nas veias do povo
que existe na rea geogrfica da Colnia Alem Protestante de Trs
Forquilhas (surgida em 1826). (...).
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378
Os Peleadores
Coleo Memrias da Figueira
Volume: VI
Episdios da Revoluo Federalista,
na luta entre Maragatos e Pica-paus
(...) No princpio da Revoluo
Federalista, Baiano Candinho foi
orientado pelo chefe federalista de
Conceio do Arroio para formar uma
tropa, que foi denominada de
Esquadro Josaphat. No princpio foi
apenas um peloto, o Peloto
Protestante.
Depois,
durante
a
revoluo, conseguiu formar mais
dois pelotes, o Serrano e o dos
Brigadas.
Portanto, Baiano Candinho, o comandante do Esquadro Josaphat, possua
as noes bsicas para preparar a tropa, incluindo a prtica de tiro e o
manejo de lanas, mesmo que rudimentares. (...).
(...) Nossa inteno em Os Peleadores de, tambm, demonstrar a face
mais autntica de Baiano Candinho, um homem honrado, que viveu
durante quase vinte anos na sede da Colnia de Trs Forquilhas.
Precisa ser frisado que Candinho, a princpio, no foi morar no Baixo
Josaphat Arroio Carvalho e Rio do Pinto - conforme mais tarde tentaram
fazer crer. Importa enfatizar que o primeiro emprego de Candinho foi com
o pastor Carlos Leopoldo Voges, o patriarca espiritual da Colnia. Depois foi
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379
E a vida continua
Coleo Memrias da Figueira
Volume: VII
O drama humano diante do flagelo da
violncia, das epidemias e da morte
Outra vez, estou diante da figueira,
no Stio da Figueira em Itati RS,
agora para o momento to esperado
da redao final do livro E A VIDA
CONTINUA, o 7 e ltimo volume da
Coleo Memrias da Figueira.
O assunto central deste 7 volume
o poder o fascnio e o pavor, que a
morte exerce sobre a mente humana.
No bastassem as mortes produzidas pela violncia e por epidemias
naquele final do sculo XIX, to forte como a morte so o luto, o desespero
e a dor daqueles que perderam um ente querido.
Entendo que diante de tal constatao, esta obra literria a qual encerra a
coleo de sete volumes, no deve e no pode ficar restrita s marcas e
traumas produzidos pelas mortes e sentimentos fortes e profundos
ocorridos entre 1897 a 1898, logo aps a anistia aos revolucionrios
federalistas derrotados, e, que envolveu a perda de entes queridos,
arbitrariamente assassinados. O livro se mostra pesado e at um tanto
macabro, mas no permitido silenciar sobre o ocorrido.
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E a vida continua...
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