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Contabilidade Geral
Livro:
Nota:
Texto Resumo
Parte I
Apresentação
Este texto tem como objectivo ser um apoio para os alunos no estudo da
disciplina de Contabilidade Geral. Trata-se de uma versão preliminar e extremamente
resumida, que pretendemos melhorar e completar nos próximos semestres. Desde logo
aconselhamos a consulta do manual que constitui a bibliografia fundamental da
disciplina e que foi a base da elaboração do presente resumo:
“ Elementos de Contabilidade Geral” de António Borges, Azevedo Rodrigues e Rogério
Rodrigues, Áreas Editora.
1. Conceitos Fundamentais
1
1.1. Introdução
Deixando de lado as discussões altamente elevadas sobre o carácter científico ou
não da Contabilidade, considere-se que esta é um conjunto de técnicas de que uma
organização dispõe para registar as suas relações de natureza quantitativa. Qualquer
organização desenvolve relações várias com o meio que lhe fornece os inputs (matéria-
prima, mão-de-obra, energia, equipamentos, ...) de que necessita para desenvolver a sua
actividade e onde coloca os seus outpus (bens e serviços).
Sabemos que as empresas são um caso particular de organização. Sendo o caso
mais frequente vai-se utilizar a palavra empresa em vez de organização, para facilitar.
São as relações que uma empresa desenvolve com o meio externo susceptíveis
de terem uma expressão quantitativa que a Contabilidade Geral vai registar. Numa
definição clássica a Contabilidade Geral regista as relações da empresa com o exterior,
enquanto a Contabilidade Analítica regista as relações existentes no seio da própria
empresa. Obviamente há pontos de intersecção que o futuro permitirá compreender.
2
dívida, a empresa terá um recebimento. Tal como no caso anterior, pode haver
desfasamento temporal entre o fluxo financeiro (receita) e o fluxo monetário
(recebimento). Tudo depende de se tratar de uma venda a pronto – pagamento ou a
crédito.
A Contabilidade Geral reúne assim um conjunto de informações de natureza
quantitativa respeitantes a estes diferentes tipos de fluxos.
Quem poderá estar interessado nessas informações? Muita gente e por motivos
diferentes.
Dentro da empresa: Gestores, sócios, trabalhadores
No meio externo: Accionistas, bancos, clientes, fornecedores, Estado.
1.2. Património
Qualquer actividade económica exige a reunião de um certo conjunto de meios
humanos, materiais e financeiros.
Designa-se por património de qualquer pessoa ou organização o conjunto de
bens, direitos (dívidas a receber) e obrigações (dívidas a pagar) que esta possui. Todos
os elementos patrimoniais são susceptíveis de serem representados em unidades
monetárias e por isso todos eles são valores. Podemos dividir esse amplo conjunto que é
um património em duas classes distintas:
1) Activo: Bens + Direitos
2) Passivo: Obrigações
O activo é o subconjunto do património constituído por todos os valores a
receber, enquanto o passivo é o subconjunto de todos os valores a pagar.
Exemplo:
3
Exemplo:
A empresa Alfa Lda dispõe dos seguintes elementos patrimoniais (valores em
Euros):
Dinheiro em caixa: 200
Depósitos bancários: 2 000
Máquinas: 20 000
Edifício: 1000 000
Viatura: 40 000
Dívidas de terceiros (⇔ crédito a terceiros): 8 000
Dívidas a terceiros (⇔ crédito de terceiros): 30 000
4
que a Contabilidade faz é precisamente observar, classificar e registar essas
transformações do património da empresa.
Por exemplo, quando uma empresa faz um depósito bancário de 100 Euros está
apenas a alterar a composição do seu activo, mas o capital próprio não sofreu qualquer
alteração. Apenas se alterou a composição do património, não o seu valor, e por isso
estamos perante um facto patrimonial permutativo.
Quando uma empresa paga uma dívida de 200 Euros a um fornecedor diminui o
seu activo em 200 Euros e diminui o seu passivo no mesmo montante. Mas o valor do
seu património, ou seja o capital próprio, não sofre qualquer alteração.
Variação do Activo = - 200 Euros
Variação do Passivo = - 200 Euros
Variação do Capital Próprio = Variação do Activo – Variação do Passivo
= (-200) – (-200)
5
= -200 + 200
=0
Se o capital próprio permanece inalterado estamos perante um facto patrimonial
permutativo.
Vejamos agora operações que constituam factos patrimoniais modificativos.
Considere-se o seguinte exemplo: uma empresa vende por 100 Euros
mercadorias que lhe tinham custado 75 Euros. Neste caso a empresa tem um custo de 75
Euros e um proveito de 100 Euros. Como o proveito é superior ao custo, esta operação
gera um lucro:
Lucro = Proveitos – Custos
= 100 – 75
= 25 Euros
Tendo um lucro de 25 Euros o valor do património da empresa aumenta em 25
Euros, logo estamos perante um facto patrimonial modificativo.
Suponha-se agora que a mesma empresa paga 50 Euros de juros referentes a um
empréstimo bancário. Os juros constituem um custo, logo esta operação originou um
prejuízo no valor se 50 Euros. O valor do património diminui em 50 Euros. Havendo
alteração do valor do património da empresa estamos perante um facto patrimonial
modificativo.
1.3.2. Balanço
Ao documento que resume a composição do património de uma empresa num
dado momento, que compara o seu Activo com o seu Passivo e evidencia o seu Capital
Próprio chamamos Balanço. O Balanço não é mais do que uma “fotografia” do
património da empresa num determinado momento. Como se refere a um momento
preciso dizemos que se trata de um documento estático. O Balanço de qualquer empresa
está constantemente a sofrer alterações. Qualquer facto patrimonial reflecte-se no
6
Balanço. Se for permutativo , altera apenas a composição do activo/ passivo, deixando o
capital próprio inalterado. Se for modificativo, para além de alterar a composição do
activo/ passivo, modifica o capital próprio.
Em termos de estrutura trata-se de um mapa com duas colunas: no lado esquerdo
colocam-se os elementos do activo e respectivos valores, no lado direito o Capital
Próprio e os elementos do Passivo e respectivos valores. Pela Equação Fundamental da
Contabilidade a soma de todos os valores do Activo tem que igualar a soma do Capital
Próprio com todos os valores do Passivo. Sendo assim os dois membros do balanço têm
sempre o mesmo valor.
Balanço
Capital Próprio
Activo Passivo
7
Balanço
Demonstração de Resultados
Custos Proveitos
Resultado
Por definição de resultado a soma de todos os custos com esse resultado tem que
igualar a soma de todos os proveitos.
De acordo com a sua natureza podem-se classificar os custos e proveitos em:
1) Operacionais: decorrem da actividade principal da empresa;
2) Financeiros: decorrem das opções financeiras tomadas pela empresa;
3) Extraordinários: são originados pelos factos patrimoniais extraordinários.
8
Numa empresa existe uma grande diversidade de elementos patrimoniais. A
comparação entre eles faz-se porque todos são valores, isto é, todos são quantificáveis
em unidades monetárias. Para que seja fácil localizar um elemento patrimonial é
conveniente agrupá-los, de acordo com as suas características comuns, em subconjuntos
homogéneos. São estes subconjuntos do património, de elementos patrimoniais com
uma característica comum, que se designam de contas. O título da conta identifica de
forma clara a característica comum a todos os elementos patrimoniais que nela são
inseridos. Esse título é fixo, não sofre qualquer alteração ao longo da vida quotidiana da
empresa. Por outro lado, cada conta apresenta um determinado valor ou extensão em
cada momento do tempo. Esse valor não é mais do que a soma de todos os valores que
fazem parte dessa conta, estando em constante mutação, de acordo com os factos
patrimoniais que vão ocorrendo no seio da empresa.
Cada conta definida pela empresa tem que preencher dois requisitos:
- Homogeneidade: numa conta só se encontram os elementos que possuem a
característica comum que o seu título identifica;
- Integralidade: uma conta inclui todos os elementos que possuem essa característica
comum.
Também os diferentes custos, proveitos e resultados se vão agrupar em contas,
cujos títulos são a característica comum que está na base da constituição desses
subconjuntos.
Título da conta
Débito Crédito ou Haver
9
Os valores que registamos no lado esquerdo são débitos (D), em contrapartida os
valores que registamos no lado direito são créditos (C).
O saldo de uma conta num determinado momento do tempo é a diferença entre o
valor de todos os débitos e créditos. Três situações podem ocorrer:
• D > C => Saldo devedor (Sd)
• D = C => Saldo nulo (S0)
• D < C => Saldo credor (Sc)
As regras de movimentação de contas, universalmente aceites, são as seguintes:
1) Activo e Custos: as contas são debitadas pelo valor inicial e aumentos
(acréscimos) e creditadas pelas diminuições (decréscimos).
2) Passivo, Capital Próprio e Proveitos: as contas são creditadas pelo valor
inicial e aumentos e debitadas pelas diminuições.
Resumindo:
Activo ou Custos
Débito Crédito
Extensão inicial Diminuições
Aumentos
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2.3. O Plano Oficial de Contabilidade (POC)
O Plano Oficial de Contabilidade define um conjunto de regras e princípios a
serem aplicados pelas empresas na sua contabilidade, assim como as contas a serem
utilizadas. É o principal instrumento de trabalho dos contabilistas, pois é lá que
encontram as indicações sobre a forma de registar os diversos factos patrimoniais. Todo
e qualquer registo tem que ter como base um documento.
As contas no seio do POC encontram-se organizadas em 8 classes:
1 – Disponibilidades: dinheiro e meios facilmente transformáveis em dinheiro.
2 – Terceiros: todas os direitos (dívidas de terceiros) e obrigações (dívidas a
terceiros).
3 – Existências: todos os bens adquiridos ou produzidos pela empresa destinados
à venda ou à incorporação no processo produtivo. No caso das empresas
industriais são as matérias-primas e subsidiárias, produtos em curso,
subprodutos, resíduos e produtos acabados. No caso das empresas comerciais
são as mercadorias.
4 – Imobilizações: todos os bens da empresa fundamentais para o
desenvolvimento da sua actividade e que nela permanecem por longos períodos
de tempo.
5 – Capital, reservas e resultados transitados: todos os elementos que constituem
o capital próprio da empresa, com excepção do Resultado Líquido do Exercício
(conta 88 da classe 8).
6 – Custos ou perdas: todos os elementos que contribuem negativamente para o
resultado da empresa.
7 – Proveitos: todos os elementos que contribuem positivamente para o resultado
da empresa.
8 – Resultados: conjunto de contas que permitem o apuramento dos diversos
tipos de resultados, ou seja, onde se confrontam os respectivos custos e
proveitos.
Cada conta do POC é designada por dois dígitos, o primeiro indica a classe a que
essa conta pertence e o segundo o lugar que a conta ocupa dentro da ordem da classe.
Cada classe é um conjunto de contas que têm uma característica em comum,
característica essa que é evidenciada pelo título da classe. Cada conta pode ainda ser
subdividida em subconjuntos mais específicos de elementos patrimoniais.
11
Por exemplo, a primeira conta que aparece no POC, 11 – Caixa, é a primeira
conta da classe 1- Disponibilidades, assim como a conta 12 – Depósitos à Ordem é a
segunda dentro dessa mesma classe 1. Tanto uma como outra integram elementos
patrimoniais de uma enorme liquidez e por isso encontram-se na classe das
Disponibilidades. Dentro da conta 12 posso ainda ter várias subcontas, por exemplo:
12.1. Banco X
12.2. Banco Y
12.1. e 12.2. registam todos os depósitos à ordem que a empresa tem no Banco X
e Y respectivamente.
12 – Depósitos à Ordem
Movimentação:
12 – Depósitos à ordem
Débito Crédito
Depósitos Cheques emitidos
12
Transferências de terceiros Transferências para terceiros
Juros vencidos pelos depósitos Levantamentos
12 – Depósitos à ordem
100
15 – Títulos negociáveis
Esta conta inclui os diversos títulos (acções, obrigações, títulos de participação)
que são aplicação financeira de curto prazo, isto é, inferior a 1 ano.
A venda destes títulos pode originar três situações distintas:
1) Preço venda > Preço de aquisição: mais-valia
2) Preço de venda = Preço de aquisição: resultado nulo
3) Preço de venda < Preço de aquisição: menos-valia.
Exemplo: venda de acções por 100 Euros, cujo custo de aquisição fora 75 Euros.
Registo:
12 – Depósitos à ordem
100
13
15.1 - Acções
75
3.2.Terceiros
Esta classe é vasta e vai incluir todas as contas que registem dívidas de terceiros
(activo) e a terceiros (passivo). Por incluir elementos patrimoniais tanto do activo como
do passivo diz-se que é uma classe mista.
É uma classe extremamente vasta, tanto a nível de contas como de subcontas.
Referiremos apenas o que consideramos fundamental.
14
3.2.2. Clientes versus Fornecedores
3.2.2.1. Conta corrente versus títulos
21 – Clientes
São considerados clientes todos os compradores dos bens e serviços produzidos
pela empresa. O que é relevante é a natureza da operação – compra - e não a qualidade
do cliente, que pode ser qualquer (Estado, sócio, trabalhador ou qualquer outro).
22 – Fornecedores
Todos os vendedores de bens e serviços utilizados pela empresa no exercício da
sua actividade corrente, com excepção dos vendedores de imobilizado. As dívidas aos
fornecedores de imobilizado encontram-se na conta 26 – Outros devedores e credores,
na subconta 26.1 Fornecedores de imobilizado.
Tanto na conta 21 como na 22 encontramos a divisão em conta corrente e títulos:
21.1. Clientes, c/c
21.2. Clientes – Títulos a receber
22.1. Fornecedores, c/c
22.2. Fornecedores – Títulos a pagar
Nas subcontas conta corrente registamos as dívidas correntes, documentadas por
uma factura.
Na subconta de títulos registamos as dívidas a receber (a pagar) que se
encontram representadas por um título de crédito, por exemplo uma letra. A vantagem
de ter uma dívida representada por uma letra e não apenas por uma factura deve-se à sua
força legal. No caso de incumprimento a letra tem maior peso em termos judiciais.
Definição de letra:
“Título de crédito através do qual uma determinada pessoa (sacador) ordena a
outra (sacado) o pagamento de uma certa importância (valor nominal da letra) a si ou a
outra pessoa (tomador) numa determinada data (data de vencimento)”.
O credor de uma dívida ao sacar uma letra está a dar uma ordem de pagamento
ao seu devedor. Quando o devedor aceita a letra está a comprometer-se em pagar a sua
dívida na data de vencimento.
Também a subonta 26.1 – Fornecedores de imobilizado apresenta esta divisão:
26.11 – Fornecedores de imobilizado, c/c
26.12 – Fornecedores de imobilizado - Títulos a pagar
Exemplo:
15
1) Factura do fornecedor N. Silva relativa à compra de mercadoria no valor de
200 Euros
22.1 – Fornecedores, c/c
200
Nota: falta registar o Custo da Mercadoria Vendida e sua saída de armazém, será visto no estudo classe
III.
16
Se a dívida for declarada incobrável, anula-se o registo na subconta 21.8 por
contrapartida da conta de custos para esse tipo de situações: 69.2 – Dívidas incobráveis.
Trata-se naturalmente de um custo extraordinário.
21.8 – Clientes de cobrança duvidosa
Dívida
3.2.2.3. Adiantamentos
1) De clientes - registam-se a crédito numa das seguintes subcontas:
21.9 – Adiantamentos de clientes: quando o preço não é acordado
26.9 – Adiantamento por conta de vendas: quando o preço é acordado.
Exemplo:
1º Adiantamento de um cliente no valor de 100 Euros
2º N/ factura a esse cliente relativa à venda de mercadoria no valor de 1000
Euros
11 - Caixa
1º) 100
17
21.1 – Clientes, c/c
2º)1000 2º)100
Exemplo:
1) Contracção do empréstimo no valor C
23- Empréstimos obtidos
C
18
68.1 - Custos financeiros – Juros suportados
J
3) Reembolso de C
12- Depósitos à ordem
C
As relações de uma empresa com o Estado que se inscrevem nesta conta têm como
origem a tributação. Uma classificação vulgar dos impostos agrupa-os em dois grandes
subconjuntos:
1) Impostos directos: incidem sobre o rendimento, caso do IRS (Imposto sobre o
rendimento das pessoas singulares) e IRC (Imposto sobre o rendimento das
pessoas colectivas).
2) Impostos indirectos: incidem sobre bens e serviços, caso do IVA (Imposto sobre
o Valor Acrescentado).
19
O estudo da conta 24 vai incidir sobre o registo da aplicação dos impostos sobre o
rendimento, tanto da empresa como de terceiros que com ela se relacionam, e do IVA.
Registo:
24.1 – Imposto sobre o rendimento
1 600
20
12 – Depósitos à Ordem
6 400
3) Liquidação do imposto
No final do ano, quando a empresa faz o apuramento do IRC, regista-o na 24.1 –
Imposto sobre o rendimento, por contrapartida da conta de resultados 86- Imposto sobre
o rendimento do exercício.
24.1 – Imposto sobre o rendimento
IRC
21
Os descontos para a Segurança Social repartem-se pela entidade patronal (23,75%) e
pelos trabalhadores (11%).
Registo do processamento deste salário:
64.2 – Custos com o pessoal: Remunerações
1 000
3.2.4.2. IVA
O IVA é um imposto geral sobre o consumo, que incide sobre todas as fases do
circuito económico. Genericamente é um imposto sobre vendas com deduções a
montante. Em última instância quem suporta este imposto é o consumidor final.
As empresas têm, em geral, o direito de deduzir o IVA sobre os bens e serviços
adquiridos para o desenvolvimento da sua actividade. Quando não têm esse direito
funcionam como consumidor final, sendo o IVA não dedutível um custo por elas
suportado.
Em geral:
22
1) IVA sobre compras é IVA que a empresa tem o direito de reaver, é IVA
dedutível.
2) IVA sobre vendas é IVA pago ou a pagar pelos clientes, é IVA liquidado.
A subconta 24.32 – IVA dedutível regista a débito o IVA que a empresa tem o
direito de deduzir, pois funciona como uma dívida do Estado.
A subconta 24.33 – IVA liquidado regista a crédito o IVA aplicado às vendas, pois a
empresa tem obrigação de o entregar ao Estado.
A subconta 24.34 – IVA regularizações regista os ajustamentos a fazer no IVA
dedutível ou liquidado face a determinados factos patrimoniais, por exemplo a
devolução de mercadoria.
A subconta 24.35 – IVA Apuramento vai receber toda a informação registada nas
subcontas anteriores, por forma a apurar-se a situação da empresa face ao Estado em
termos de IVA: devedora (IVA a pagar) ou credora (IVA a receber).
Exemplo:
1) Factura do fornecedor J. Simões relativa à compra de mercadoria no valor de 1
000 Euros. Taxa de IVA – 19%.
24.32 – IVA Dedutível
190
23
71.1 Vendas - Mercadorias
100
24
Registo em 2001:
27.1 Acréscimo de proveitos
60
12 – Depósitos à ordem
120
Registo em 2001:
27.2 – Custos diferidos
500
25
12 – Depósitos à ordem
500
Registo em 2001:
27.3 – Acréscimo de Custos
10
26
Registo em Janeiro de 2002:
12 – Depósitos à ordem
10
Registo em 2001:
27.4 – Proveitos diferidos
750
11 – Caixa
750
27
24.7. Provisões
Uma provisão é um custo potencial. Um dos princípios contabilísticos
enunciados pelo POC é o da prudência, que nos diz que devemos registar essas perdas
potenciais.
Na classe II surgem duas contas de provisões: 28 - Provisões para cobranças
duvidosas e 29 – Provisões para riscos e encargos.
Consideremos então o caso das cobranças duvidosas. Se existem dúvidas quanto
à capacidade de um cliente para pagar a sua dívida, a nossa empresa está perante um
custo potencial, pois essa dívida pode tornar-se incobrável. De acordo com o princípio
da prudência devemos registar esse custo potencial, ou seja, a provisão.
Como? Supondo que a dívida era de 100 Euros e que a empresa considera que o
custo potencial é o valor total da dívida, deve-se registar esse custo na suconta 67.1
(Provisões para cobrança duvidosa) e também a perda do valor do activo na conta 28
(Provisões para cobrança duvidosa).
67.1
100
28.1
100
28
Contabilidade Geral
Texto Resumo
Parte II
29
3.3. Existências
Esta classe inclui todos os bens adquiridos ou produzidos pela empresa e que
têm como destino a venda ou a incorporação na produção.
No caso das empresas industriais inclui as matérias-primas e subsidiárias,
produtos em curso, subprodutos e resíduos e os produtos acabados.
No caso das empresas comerciais inclui apenas as mercadorias, isto é, bens
adquiridos no exterior para serem vendidos pela empresa e que não sofrem qualquer
transformação no seu interior.
Devoluções
A conta 32 – Mercadorias e as outras contas de existências são debitadas por
contrapartida do crédito da conta 31 – Compras. O momento em que se faz essa
movimentação depende do sistema de inventário utilizado pela empresa. A conta 31
nunca vai para o balanço, pois quando se elabora este documento o seu saldo é nulo,
uma vez que foi transferido para as outras contas de existências. O momento em que se
faz essa transferência depende do sistema de inventário utilizado pela empresa.
30
No caso do inventário permanente, em qualquer momento do tempo é possível
determinar o valor dos stocks em armazém e este corresponde ao saldo da conta 32
(mercadorias) ou 36 (matérias-primas, subsidiárias e de consumo). Neste caso sempre
que a mercadoria comprada entra em armazém credita-se logo a conta 31 por
contrapartida da 32. No caso da venda, a conta 32 é creditada por contrapartida do
débito da conta 61 – Custo da Mercadoria Vendida e Matéria Consumida (CMVMC),
no momento em que a mercadoria sai da empresa.
Se a empresa utilizar o sistema de inventário periódico, como o nome indica, só
periodicamente é que se transfere o saldo da conta 31 para a conta 32 (mercadorias) ou
36 (matérias-primas, subsidiárias e de consumo). Neste caso o valor das existências em
armazém é determinado (periodicamente) através da inventariação directa das
existências e só depois disso é que se pode apurar, e consequentemente registar, o
CMVMC. O CMVMC é calculado através da seguinte fórmula:
32 – Mercadoria
1.2.) 100 2) 100
31
22 .1 – Fornecedores c/c
1.1) 100
71.1 – Vendas
2) 120
61 - CMVMC
2) 100
22 .1 – Fornecedores c/c
1.1) 100
71.1 – Vendas
2) 120
32
3.3.4. Critérios de valorimetria das existências
A entrada das mercadorias em armazém é sempre registada ao preço de custo, o
que deve incluir as despesas de compra e excluir os descontos comerciais obtidos.
A saída, pelo contrário, depende do critério de valorimetria de existências
utilizado pela empresa. Os principais critérios são os seguintes:
1) Custo médio ponderado
2) FIFO ( first in, first out)
3) LIFO (last in, first out)
Exemplo:
Aquisição sucessiva dos seguintes lotes da mesma mercadoria:
Outubro de 2001: Quantidade – 100 Preço unitário: 10 Euros
Apuramento do CMVMC:
1) Custo médio ponderado
(100 × 10 + 200 × 12 )
CMVMC = × 150 = 1700
100 + 200
2) FIFO
CMVMC = 100 × 10 + 50 × 12 = 1600
3) LIFO
CMVMC = 150 × 12 = 1800
33
Como podemos observar por este exemplo, se a empresa utilizar o FIFO, as
existências consumidas e vendidas são valorizadas aos preços mais antigos. Pelo
contrário, se utilizar o LIFO, essas existências serão valorizadas aos preços mais
modernos. O custo médio ponderado corresponde a uma situação intermédia.
32 – Mercadoria
1.2.) 1000 2.2) 100
22 .1 – Fornecedores c/c
1.1) 1170
2.1) 117
34
31.8 – Descontos e abatimentos
2.2) 100 2.1) 100
3.3.6. Devoluções
As devoluções de compras registam-se na subconta 31.7. Se a empresa utilizar o
sistema de inventário permanente, essa subconta é logo saldada por contrapartida da
conta 32. Se utilizar o inventário periódico, só no final do período é que se faz essa
transferência. Também as devoluções de compras dão origem a uma regularização do
IVA a favor do Estado.
Utilizando o exemplo anterior. Se a empresa em causa devolver 2 unidades de
mercadoria, terá que fazer o seguinte
Registo em inventário permanente:
31.7 – Devoluções de Compras
1.2) 18 1.1.) 18
32 – Mercadoria
1.2) 18
22 .1 – Fornecedores c/c
1.1) 21,06
35
24.34 – IVA Reg.
1.1) 3,06
Tal como no caso dos descontos, em inventário periódico não se faz o registo
1.2.
36
Uma quebra difere de um sinistro pela sua dimensão reduzida e pelo facto de um
sinistro ser sempre um custo extraordinário. O registo contabilístico em termos de
existências é semelhante, só difere na subconta de custos extraordinários utilizada
(69.31 em vez de 69.32).
3.4. Imobilizações
As imobilizações, tal como as existências, são bens. Só que ao contrário das
existências permanecem na empresa por longos períodos de tempos. As imobilizações
são todos os bens indispensáveis à empresa na realização da sua actividade. Podem ser
materiais ( 42 - Imobilizações corpóreas), imateriais ( 43 - Imobilizações incorpóreas) e
ainda investimentos financeiros (conta 41), cujo objectivo é gerar um certo rendimento.
Nas imobilizações incorpóreas encontramos todas as despesas que pelo seu
elevado valor e efeito duradouro não devem ser consideradas um custo do exercício.
Exemplos: patentes, despesas de Investigação & Desenvolvimento, campanhas
publicitárias, trespasses,...
Tal como o valor do bem em si, também as despesas de instalação devem ser
debitadas na respectiva conta de imobilizado, assim como as despesas de conservação e
reparação e ainda as benfeitorias (despesas que prolongam a vida útil do activo
imobilizado).
Na conta 44 – Imobilizações em curso, encontramos as imobilizações que ainda
não estão concluídas e também os adiantamentos a fornecedores de imobilizado (44.7,
44.8 e 44.9), no caso de ter sido acordado o preço da imobilização em causa. Quando a
imobilização fica pronta, ou é entregue, credita-se a conta 44 por contrapartida da
respectiva conta de imobilizado.
Tal como nas existências, de uma maneira geral o IVA pago aquando da
aquisição de um bem imobilizado é dedutível, registando-se na subconta 24.322.
37
3.4.1. Investimentos Financeiros e Provisões para Investimentos Financeiros
Na conta 41 – Investimentos Financeiros registamos as aplicações financeiras de
prazo superior a um ano (médio – longo prazo). Se forem de curto prazo consideram-se
uma disponibilidade e são registadas na conta 15 – Títulos negociáveis.
Na aquisição de títulos financeiros distinguem-se dois momentos: subscrição e
liberação (pagamento).
1) Subscrição
41 – Investimentos Financeiros
I
I – valor do investimento
2) Liberação
26.5 – Credores por subscrições não liberadas
I
11 - Caixa
I
38
se constituir uma provisão, utilizando a conta 49. Tal como o faríamos na conta 19 –
Provisões para aplicações de tesouraria, no caso de estarmos perante aplicações
financeiras de curto prazo.
Exemplo:
100 acções adquiridas em 1998 por 12 Euros cada, apresentam no final de
Dezembro de 2001 uma cotação de 10 Euros. Normalmente as provisões são
constituídas no final do ano, logo no final de Dezembro de 2001 deve-se registar essa
perda potencial de 100 * (12-10) = 20 Euros.
39
66 – Amortizações do exercício
Amortização
anual
48 – Amortizações Acumuladas
Amortização
anual
40
69.42 – Perdas na alienação de imobilizações corpóreas
2.000
11 - Caixa
2.000
41
Sendo o VR nulo, a amortização anual é igual ao valor de aquisição a dividir
pela vida útil. No Código do IRC encontramos as taxas de amortização a utilizar para os
diferentes tipos de bens imobilizados, por forma a que as amortizações registadas sejam
integralmente aceites como custo do ponto de vista fiscal. Por exemplo, a taxa prevista
para a amortização de um computador é de 25%, o que corresponde a uma vida útil de
4 anos. A taxa de amortização corresponde a dividir 1/n.
A principal vantagem deste método reside na sua simplicidade. A principal
desvantagem prende-se com o facto de originar uma maior concentração dos custos
relacionados com o activo imobilizado nos últimos anos de vida. Uma vez que as
despesas de conservação e reparação crescem à medida que o activo envelhece, a soma
destas com as amortizações (que são constantes ao longo dos anos) é mais elevada no
final da vida útil do imobilizado.
Esta desvantagem é ultrapassada pelo método das quotas degressivas. De acordo
com este método a quota anual de amortização é variável e igual a
Qt = taxa de amortização prevista * coeficiente * valor contabilístico do imobilizado
O valor contabilístico de qualquer bem é a diferença entre o seu valor de
aquisição e as respectivas amortizações acumuladas.
O coeficiente, pelo qual se multiplica a taxa, depende da vida útil do respectivo
bem:
Vida útil (anos) Coeficiente
<5 1,5
5 ou 6 2
>6 2,5
Exemplo:
Mapa de amortizações de uma máquina, que foi adquirida em 2000 por 10 000
Euros, cuja vida útil prevista é de 5 anos e com valor residual nulo.
1) Método das quotas constantes
Anos Qt Amortizações Valor contabilístico
Acumuladas (AA) (Va – AA)
2000 2.000 2.000 8.000
2001 2.000 4.000 6.000
2003 2.000 6.000 4.000
2004 2.000 8.000 2.000
42
2005 2.000 10.000 0
Nos últimos dois anos dividiu-se o valor contabilístico por dois, em vez de se
aplicar a fórmula, por forma a evitar uma amortização anual muito mais elevada em
2005. Não esquecer que no final da vida útil o valor contabilístico tem que ser nulo e
por isso tinha que se amortizar o que faltava.
As amortizações, tais como as provisões, são de uma maneira geral constituídas
no final do ano e encontram-se no balanço, na respectiva coluna, a reduzir o valor do
activo (Activo Líquido = Activo Bruto – Amortizações e Provisões).
43
84- Resultados Extraordinários
69 79
A taxa de IRC não incide directamente sobre o RAI, por diversos motivos (facto
de determinados custos registados pelas empresas não serem aceites do ponto de vista
fiscal, benefícios fiscais, ...). É isso que irão aprender em Fiscalidade quando estudarem
o Código do IRC.
Saldando-se as contas 85 e 86, por contrapartida da conta 88, obtém-se o
Resultado Líquido do Exercício. De todas as contas da classe 8 só esta (e por vezes a
89) é que vai para o balanço, pois no final do exercício todas as outras apresentarão
saldo nulo.
Depois do apuramento de resultados a empresa encontra-se em condições de
elaborar a Demonstração de Resultados e o Balanço Final.
44
3.7. As contas da classe V - Capital, Reservas e Resultados Transitados
Esta classe inclui as contas da situação líquida ou capital próprio, mas não na sua
totalidade, pois falta a componente que se encontra na classe 8 (Resultado Líquido do
Exercício).
Capital Próprio = Capital inicial + Capital adquirido
Capital inicial: capital posto à disposição da empresa pelos seus proprietários na
data de constituição da mesma.
Capital adquirido: aumentos ou diminuições do capital face à actividade da
empresa. O capital adquirido é constituído pelas reservas e pelos resultados, transitados
de exercícios anteriores ou do próprio exercício. Estes capital adquirido é todo
constituído por elementos da classe 5, com excepção do resultado líquido do exercício
que se encontra registado na conta 88, da classe 8.
Classificação das reservas:
1) Quanto à origem:
• Reservas de lucros: criadas a partir dos lucros da empresa não
distribuídos pelos sócios ou accionistas
• Reservas de capital: criadas a partir de doações ou subsídios que não
se destinem nem à exploração, nem ao investimento
• Reservas de reavaliação: resultam da actualização do valor do activo
imobilizado.
2) Quanto ao carácter obrigatório ou facultativo:
• Obrigatórias (legais, estatutárias, contratuais): são impostas à
empresa
• Facultativas: resultam da própria vontade da empresa
3) Quanto à finalidade:
• Especiais: destinam-se a um fim específico (ex. aquisição futura de
um equipamento)
• Livres: não têm aplicação definida a priori
45
Provisões Amortizações Reservas
Objectivo Registar custos Registar custos Reforçar os meios
prováveis efectivos (desgaste financeiros da
do imobilizado) empresa
Constituição face ao Independente dos Independente dos Dependente do
resultados resultados resultados resultados
Momento da constituição Antes do Antes do Depois do
apuramento de apuramento de apuramento de
resultados resultados resultados
Elementos patrimoniais Regularização do Regularização do Reforço do capital
representados valor do activo valor do activo próprio
(diminuição) (diminuição)
Efeito sobre o resultado Diminuição Diminuição Nenhum, são uma
aplicação do
resultado
46
1.2. Liberação do capital
26.4 - Subscritores de capital
C
12 – Depósitos à ordem
C
2) Sociedades Anónimas
Nestas empresas o capital encontra-se representado por acções e duas situações
podem acontecer:
47
Os aumentos de capital podem ter como contrapartida um aumento do activo,
quando se trata da entrada de bens ou dinheiro, uma redução das reservas ou ainda uma
redução do passivo, quando um credor se transforma em sócio ou accionista.
As reduções de capital podem dever-se à saída de um sócio, que ao ser
reembolsado origina uma redução do capital nesse valor, ou a uma situação de excesso
de capital, o que também origina reembolso. Para além disso, pode ser conveniente
reduzir o capital para cobrir a acumulação de prejuízos.
11 - Caixa
$
Depois será debitada de acordo com a aplicação que for feita desse resultado.
1) Reservas - R
57 - Reservas
R
59 - Resultados transitados
R
48
2) Distribuição de resultados pelos sócios ou accionistas no valor $
59 - Resultados transitados
$
25 – Accionistas (sócios)
$
Exemplo:
A empresa Alfa Lda. teve 10.000 Euros de Resultado Líquido do Exercício em
2001.
Em Janeiro de 2002 resolve fazer a seguinte aplicação desse resultado:
- Distribuição de 50% aos sócios, havendo retenção na fonte de IRS
de 20%
- Reservas com os restantes 50%.
Registo em Janeiro de 2002:
88 - RLE
10 000
59 – Resultados Transitados
5 000 10 000
5 000
25 – Accionistas (sócios)
4 000
24.23 – Estado ...
1 000
57 – Reservas
5 000
49