Apostila

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 45

MDULO III INSTALAES SUBMARINAS

Prof. Marco Antonio N. Herdeiro, M.Sc.

Instalaes Submarinas Sistemas Submarinos de Produo


1- Sistemas Submarinos de Produo

Desde a instalao do primeiro equipamento submarino de produo de petrleo, no Golfo do Mxico em 1961, tem-se observado um acelerado crescimento no nmero destes sistemas em todo o mundo. Paralelamente ao crescimento em nmero, observouse tambm um rpido avano tecnolgico, com vrias barreiras tecnolgicas rompidas, resultando num aumento das distncias envolvidas entre os poos e as plataformas de produo e subseqentes quebras de recordes de profundidades. No Brasil, a primeira instalao de uma rvore de natal molhada, ocorreu em abril de 1979 no poo 4-RJS-38 em 189 metros de lmina dgua. Desde ento, impulsionada pelas descobertas de campos gigantes em guas profundas e devido introduo de diversas inovaes tecnolgicas, a Petrobras se mantm como lder mundial na tecnologia de produo de petrleo em guas profundas, tendo estabelecido durante anos consecutivos, diversos recordes mundiais de profundidade na utilizao de sistemas submarinos de produo de petrleo. Os sistemas submarinos so usados em uma variedade de situaes, onde a perfurao/produo por meio de uma plataforma fixa convencional se torna impraticvel, tcnica e/ou economicamente, devido principalmente lmina dgua e caractersticas do reservatrio (profundidade, tamanho etc.). Os poos submarinos, que podem ser de produo ou injeo, so perfurados atravs de plataformas flutuantes ou auto-elevveis e, na fase de produo, ligados a plataformas, fixas ou flutuantes, atravs de dutos. Os principais componentes de um sistema submarino de produo so: rvore de Natal Molhada (ANM); Manifold;

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

Linhas de escoamento (flexveis ou rgidas); Risers; Plataforma de produo.

Plataforma Fixa

Plataforma de Produo Navio Tanque

Monobia

Jaqueta

Linhas de coleta

Plem

Linhas de coleta Riser

rvore de Natal Manifold

Figura 1 - Viso geral de um Sistema Submarino de Produo Na figura 1 podemos observar as rvores de natal, que ficam logo acima da cabea de poo, localizadas no leito marinho. As linhas de produo podem ir diretamente a uma plataforma de produo ou a um manifold. O riser o componente suspenso das linhas de fluxo submarinas, isto , ligam o trecho horizontal das linhas de fluxo, que repousam no leito marinho, plataforma de produo. Trata-se, portanto, de uma linha reforada para suportar as cargas dinmicas, oriundos dos movimentos da plataforma, dos movimentos impostos pelas ondas, correntes etc. A plataforma de produo, aps executar o tratamento primrio do leo produzido (separao de leo-gs-gua, retirada de impurezas etc.), escoa o leo e o gs para outra plataforma (lado esquerdo) que, por sua vez bombeia o leo e o gs para a costa. A plataforma pode tambm enviar o leo produzido para um navio tanque que efetuar o transporte para um terminal na costa a fim de ser bombeado para a refinaria.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

1.1- Sistemas Submarinos de Produo com poos satlites No sistema de produo da figura 2 os poos (satlites) esto interligados diretamente s plataformas de produo, onde no h o equipamento conhecido como manifold integrando a produo dos poos para envio plataforma.

Figura 2 - Sistema de Submarino de Produo com poos satlites

1.2- Sistemas Submarinos de Produo com manifold

Os manifolds (figura 3) tm como principal funo reunir em uma s linha, a produo oriunda de vrios poos. So constitudos por um conjunto de vlvulas de bloqueio, vlvulas de controle de fluxo (chokes) e de pontos de conexo para linhas de fluxo. No caso de injeo de gs e gua, o manifold tem como funo distribuir para os poos os fluidos de injeo vindos da plataforma de produo. As funes de produo e injeo podem estar contidas num mesmo manifold.

As principais vantagens na utilizao de manifolds so: a reduo do nmero de linhas (reduo de custo do sistema) e reduo do nmero de conexes dos risers na plataforma.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

Para a Plataforma de Produo

Figura 3 - Sistema de Submarino de Produo com manifold

1-3 Sistemas Submarinos de Perfurao

Para um melhor entendimento da interface de alguns equipamentos do sistema submarino de produo com os poos, ser feita uma breve descrio dos sistemas submarinos de perfurao.

Os sistemas submarinos de perfurao so estruturas que tm como funo prover sustentao aos dutos de revestimento de poos e suportar as cargas impostas pelos dutos de interligao (risers de perfurao) com a plataforma de perfurao. Estas estruturas tambm servem de guia, orientao e suporte para os equipamentos de segurana (BOP - Blow out Preventer) e para os equipamentos de produo, tais como rvores de natal.

Os principais componentes de um sistema submarino de perfurao so as estruturas guias e a cabea de poo. As estruturas guias alm de proverem guia e orientao aos equipamentos de perfurao e produo, possuem alojamentos para a fixao das cabeas de poo.

As cabeas de poo submarinas suportam os revestimentos dos poos, resistem aos esforos do riser de perfurao e fornecem vedao para o BOP. Na fase de
Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

produo, servem de alojamento, travamento e vedao para a rvore de natal, bases adaptadoras de produo e, em alguns casos, para o suspensor de tubulao. Na figura 4 pode ser vista uma base guia para guas profundas e uma cabea de poo.

Base guia permanente

Cabea de poo

Base guia temporria

Figura 4 - Base guia para guas profundas e cabea de poo 2- rvore de Natal Molhada (ANM)

A rvore de natal molhada um equipamento constitudo por um conjunto de vlvulas de bloqueio (atuadas hidraulicamente e/ou mecanicamente) e dois sistemas de conexo, um responsvel para estabelecer a conexo entre a rvore e a cabea de poo e outro para conexo das linhas de fluxo. Sua principal funo permitir que o fluxo de um poo de petrleo seja enviado com segurana para a plataforma, por meio do acionamento das vlvulas de bloqueio em caso de necessidade. A figura 5 mostra um diagrama genrico de uma rvore de natal.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

Acesso

S1 W1 CO

S2 W2

Sistema de Conexo das Linhas de Fluxo

Conexo ANM x Poo

M1

M2

Parede do Poo

Anular

Legenda
Coluna de Produo

Linha de Produo Acesso ao Anular Vlvula de Bloqueio

Figura 5 - Diagrama genrico de uma rvore de natal As funes das vlvulas do diagrama da figura 5 so: M1 (master 1 ou mestre 1): fechamento do poo; W1 (wing 1): bloquear o acesso linha de produo; M2 (master 2 ou mestre 2): bloquear o acesso ao anular do poo; W2 (wing 2): bloquear o acesso linha do anular; CO (crossover): comunicar a linha de produo com a linha de anular; S1 (swab 1): permitir o acesso coluna de produo durante uma interveno; S2 (swab 2): permitir o acesso ao anular do poo durante uma interveno.

As figuras 6 e 7 apresentam alguns tipos de ANMs para guas profundas. A base adaptadora de produo, que se localiza logo acima da cabea de poo, descida antes da rvore de natal e tem a funo de receber as linhas de fluxo para interligao com a plataforma de produo e fazer a interface com a rvore de natal.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

Os painis para atuao pelo ROV (Remotely Operated Vehicle ou Veculo de Operao Remota) permitem o acionamento das vlvulas das ANMs no caso de falha do controle hidrulico ou por questes de necessidades operacionais diversas.

Capa da ANM

Painel para acesso ao ROV

ANM Conector de linhas de fluxo Base adaptadora de produo

Cabea de poo submarina

Figura 6 ANM para guas profundas


ANM

Base adaptadora de produo

Conector de linha de fluxo

Conector de umbilical

Figura 7 ANM para guas profundas

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

Como alternativa a interligao satlite ou a interligao a um manifold submarino, as ANMs podem estar dispostas na configurao em piggyback (ver figura 8). Este tipo de configurao utilizada pela Petrobras para injeo de gua em reservatrios, pois permite a reduo do comprimento de linhas, bem como o nmero de risers na plataforma.

Plataforma

Riser flexvel ANM mestre Flowline ANM escravo Flowline

Figura 8 Configurao em piggyback para ANMs Na figura 9 pode ser vista a interface da ANM com uma cabea de poo. O conector da ANM trava e veda na cabea de poo, sendo que a interface da ANM com a tubulao de produo feita com o suspensor de coluna (tubing hanger).

ANM Vlvulas Conector da ANM

Cabea de poo submarina

Suspensor da coluna de produo (Tubing hanger)

Figura 9 Interface da ANM com uma cabea de poo 2.1- Equipamentos/sistemas de uma ANM As ANMs so compostas pelos seguintes equipamentos/sistemas: Conector com a cabea de poo (Conector tipo H4); 9

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

Vlvula de bloqueio (vlvula gaveta); Sistema de conexo de linhas submarinas; Sistema de controle.

2.1.1- Conector com a cabea de poo (Conector tipo H4)

O conector com a cabea de poo conhecido como conector H4, devido ao fato de ser projetado para travamento em perfis do tipo H4. Este perfil foi idealizado e patenteado pela VETCO, porm hoje est em domnio pblico. A figura 10 mostra este tipo de conector e alguns de seus detalhes. O travamento do conector feito hidraulicamente. Um sistema, composto por um anel cunha e dogs, responsvel pelo travamento na cabea de poo submarina. Aps o acionamento, o conjunto fica travado na posio apenas por atrito, devido ao efeito cunha, porm por segurana, fecha-se uma vlvula de forma a impedir o retorno do fluido de acionamento, mantendo o pisto na posio. A vedao entre o conector H4 e a cabea de poo feita por meio de um anel com perfil VX. A energizao do anel realizada pela ao da fora gerada pela conexo, que pode chegar a valores em torno de 2 milhes de toneladas.

Anel metal-metal VX

Cunha Dogs

Pisto hidrulico

Figura 10 Conector tipo H4


Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

10

2.1.2- Vlvula de bloqueio do tipo gaveta A vlvula de bloqueio mais usada em sistemas submarinos de produo do tipo gaveta, pois possui uma construo interna que facilita a vedao total de gs e de leo. A vlvula gaveta no tem funo de controlar o fluxo (vazo) da produo, isto , ela opera sempre totalmente aberta ou totalmente fechada. Suas principais caractersticas so: Fail-safe-close ou fail-safe-open, a depender do tipo de aplicao; Passagem plena; Vedao bidirecional metal-metal, Acionamento hidrulico e ROV (modo Override).

Por se tratar de um equipamento de segurana de poo, nas ANMs utiliza-se a vlvula gaveta do tipo fail-safe-close, pois em caso de falha do controle a vlvula fecha automaticamente. Em manifolds submarinos as vlvulas gaveta do tipo fail-safe-open so tambm usadas, principalmente nas tubulaes de produo e de distribuio de gs, pois em caso de falha, as vlvulas mantm estas funes operando (este aspecto ser visto com maior detalhe mais adiante). A figura 11 apresenta uma ilustrao destes tipos de vlvulas. A passagem plena utilizada para permitir operaes de arame, isto , operaes em que so descidas ferramentas no poo atravs da vlvula gaveta. A vedao bidirecional se faz necessria, pois o fluxo pode ocorrer nos dois sentidos. O acionamento das vlvulas gaveta feito por atuadores hidrulicos. O fluido de controle, que enviado por meio de umbilicais, aciona o pisto do atuador deslocando a haste que est ligada a gaveta. Quando a presso do fluido aliviada, a restituio da vlvula para a posio de segurana (fail-safe) realiza pela mola do atuador. importante salientar que existe a necessidade de compensar do outro lado do pisto do atuador porque durante a descida do equipamento submarino a presso hidrulica vai aumentando devido coluna de fluido no umbilical. Sem esta compensao o pisto acionaria a vlvula durante a instalao do equipamento. A compensao feita por meio de uma bexiga, contendo um fluido hidrulico, que est exposta a presso ambiente, que por sua vez est conectada a um prtico do outro lado do pisto do atuador, permitindo assim a equalizao das cmaras do pisto.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

11

VLVULA GAVETA FAIL-SAFE-CLOSE

VLVULA GAVETA FAIL-SAFE-OPEN

Figura 11 Vlvulas gaveta tipo fail-safe-close e fail-safe-open Os sistemas de conexo de linhas de fluxo e de controle sero abordados em tpicos especficos mais adiante.

2.1.3- Instalao de ANM Antes da descida, a rvore de natal posicionada em cima de vigas (ver figura 12), numa rea da plataforma de perfurao/completao conhecida como moonpool, com o objetivo de realizao de testes funcionais, hidrulicos e de vedao. Uma ferramenta de descida conectada ANM para a realizao dos testes mencionados e, aps a validao dos mesmos, a ANM instalada por meio de risers de completao ou por intermdio de drill pipe riser. Um umbilical de workover descido em conjunto com a ANM, com o objetivo de controlar a ferramenta de descida e permitir testes funcionais, hidrulicos e de vedao da rvore. Aps a concluso desses testes, o umbilical recolhido para a superfcie juntamente com a ferramenta. A figura 13 mostra o incio da instalao de uma ANM.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

12

Figura 12 ANM posicionada no moonpool

Figura 13 Incio da instalao da ANM

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

13

3- Sistemas de Conexo de Linhas de Fluxo Estes sistemas tm como funo a conexo de linhas em equipamentos submarinos em geral. Os principais tipos de sistemas de conexo submarinos so: Pull-in submarino (em desuso); Lay-away (em desuso); Vertical; Stab&hinge-over (desenvolvido pela Shell); Pull-in por ROV.

Aps um considervel investimento em pesquisa a Petrobras desenvolveu o sistema de conexo vertical, que foi padronizado e largamente utilizado em suas instalaes submarinas. Por este motivo, ser tratado aqui apenas este tipo de conexo. As principais caractersticas do sistema de conexo vertical so: Permite a conexo de primeira ou de segunda ponta; Uso de apenas uma embarcao para instalao; Conexo feita diretamente no equipamento submarino; Simplicidade mecnica; Baixo custo operacional; Dependente das condies de mar.

O principal componente deste sistema o Mdulo de Conexo Vertical (MCV), que pode ser visto na figura 14. As linhas de fluxo so conectadas (ver figura 15) a este equipamento no convs do navio de lanamento de linhas ou Laying Service Vessel (LSV). A instalao deste equipamento feita em conjunto com as linhas, por meio de um cabo que conectado a uma ferramenta ou a uma manilha (ver figuras 15 e 16). O conector descido at o equipamento submarino (ver figura 17), onde travado em um mandril. O MCV pode instalar de uma s vez 1 a 3 linhas (no caso de mais de uma linha, geralmente uma delas se refere ao umbilical de controle). A conexo vertical pode ser feita de primeira ou de segunda ponta. No caso de primeira ponta, realizada primeiramente a conexo do MCV no equipamento submarino e logo aps lanam-se as linhas para conexo da segunda ponta, que pode ser na plataforma ou em um manifold. Para a conexo de segunda com o MCV, a seqncia

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

14

de instalao inversa. Esta uma importante caracterstica deste conceito, pois nem todos os sistemas de conexo tm esta flexibilidade. A simplicidade construtiva um ponto forte deste sistema, pois so utilizadas durante a instalao ferramentas muito simples ou manilhas operadas por ROV, resultando em um baixo custo operacional e de aquisio do equipamento. Como durante a instalao o MCV est vinculado ao LSV por meio de um cabo, a operao depende do estado de mar. Porm, este fato no crtico no Brasil, j que as condies de mar so bem menos severas que as encontradas no Mar do Norte, por exemplo.

Figura 14 Mdulo de Conexo Vertical (MCV)

Figura 15 Linhas conectadas ao MCV no convs do LSV

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

15

Figura 16 Incio da descida do MCV com as linhas de fluxo

Figura 17 Conexo do MCV no equipamento submarino

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

16

4- Manifold Submarino Os manifolds permitem reunir em uma s linha, a produo oriunda de vrios poos. So constitudos por um conjunto de vlvulas de bloqueio, vlvulas de controle de fluxo (chokes) e de pontos de conexo para linhas de fluxo. No caso de injeo de gs e gua, o manifold tem como funo distribuir para os poos os fluidos de injeo vindos da plataforma. As funes de produo e injeo podem estar contidas num mesmo manifold. As principais vantagens na utilizao de manifolds so: a reduo do nmero de linhas (reduo de custo do sistema) e reduo do nmero de conexes dos risers na plataforma de produo. Por este motivo, o manifold uma importante ferramenta para a otimizao do arranjo submarino. Dependendo do cronograma de desenvolvimento do campo, o manifold tambm um importante instrumento para a antecipao de produo dos poos, pois durante a construo da plataforma grande parte dos poos podem ser perfurados e interligados ao manifold, tendo em vista que a fabricao deste equipamento mais clere do que a construo de uma plataforma. Quando a plataforma estiver na locao, o manifold pode ser interligado para dar incio produo. O ganho significativo no tempo de interligao ocorre devido ao nmero de linhas a serem conectadas plataforma ser menor do que a interligao poo a poo, quando comparado a um sistema com poos satlites. A confiabilidade geral do manifold um importante fator, pois em caso de falha operacional total ou parcial, existe quase sempre algum impacto na produo. Por este motivo, quando considerado o fator operacional do manifold, o uso de sistemas com poos satlites compete lado a lado com o manifold durante a avaliao tcnica e econmica do campo. Uma forma de aumentar a disponibilidade do manifold a utilizao de vlvulas gaveta do tipo fail-safe-open nas tubulaes de produo e de gaslift, pois em caso de falha, estas vlvulas mantm estas funes operando. Existe uma maior dificuldade no gerenciamento da produo quando so utilizados manifolds submarinos, tendo em vista que o alinhamento para o teste de produo, nas mesmas condies de fluxo do modo de produo, ser mais difcil de ser realizada no equipamento submarino do que na superfcie.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

17

As funes operacionais do manifold so: Receber a produo dos poos; Distribuio do gaslift; Distribuio da injeo de gua (para o caso do manifold de injeo de gua ou misto); Permitir acesso ao anular; Permitir teste de produo dos poos.

Com relao funo operacional, os manifolds podem ser dos seguintes tipos: 1. Manifolds de Produo: Tm como principal objetivo coletar a produo de vrios poos. Entretanto, normalmente apresentam as funes associadas de distribuir gs (gaslift), produtos qumicos e controle eletro-hidrulico. 2. Manifolds de Injeo de gua: Tm o objetivo de distribuir gua para os poos de injeo. 3. Manifolds de gaslift: Tm o objetivo de distribuir gs para injeo no anular dos poos de produo. 4. Manifolds Mistos: Tm simultaneamente as caractersticas do manifold de produo e de injeo de gua. Os manifolds so compostos dos seguintes sistemas: Estrutura; Tubulao; Vlvulas e chokes; Sistema de controle; Sistema de conexo submarina.

A figura 18 apresenta um manifold do tipo diverless (no necessita de mergulhador para ser instalado), onde podem ser vistos alguns de seus componentes.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

18

Mdulo de vlvulas e chokes

Estrutura

Mandril do sistema de conexo submarina

Tubulao

Figura 18 - Manifold submarino diverless 4.1- Choke O choke um importante componente de um sistema submarino e utilizado para o controle de vazo dos poos. Pode ser usado tanto em manifolds quanto em ANMs. A configurao mais usada pela Petrobras posiciona os chokes no manifold, j que as ANMs convencionais utilizadas pela Companhia no possuem este componente. importante salientar que o choke no tem funo de vedao. Conforme j mencionado anteriormente, a funo de vedao realizada pela vlvula gaveta que, por outro lado, no tem funo de controle de vazo. Os chokes so equipamentos de considervel complexidade mecnica e sujeito ao desgaste e, por isso, so os componentes de mais baixa confiabilidade do sistema. Nos manifolds diverless, com o objetivo de facilitar a manuteno, os chokes so localizados em mdulos de controle recuperveis. Com relao construo, os tipos de chokes mais comuns so: beam, discos e gaiola. Devido a sua maior robustez e resistncia ao desgaste, o choke tipo gaiola tem se consagrado para a aplicao submarina. Por este motivo, ser tratado aqui apenas este tipo de choke.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

19

Figura 19 - Choke submarino tipo gaiola Na figura 19 pode ser visto um choke tipo gaiola. A figura apresenta dois tipos, um com volante e outro com atuador hidrulico, como forma de acionamento. Nos manifolds diverless so utilizados apenas aqueles com atuao hidrulica. O fluxo ocorre no sentido em que mostrado na figura. De acordo com a configurao do orifcio (circular, elptico, retangular etc.) selecionado para a gaiola, podem-se obter diferentes maneiras de resposta com relao ao controle de fluxo. O choke com acionamento hidrulico possui dois atuadores, um para abertura e outro para fechamento da gaiola. A abertura ou fechamento ocorre passo a passo (stroke), isto , para cada avano total do atuador, resulta em um movimento equivalente ao do passo (relao mecnica das engrenagens, catracas etc.) do choke. Por esta razo, a atuao do choke muito lenta. Alm da atuao hidrulica, o choke possui tambm o acionamento por meio de ROV, o que permite a operao local em caso de falha ou indisponibilidade do sistema de controle. O choke possui dois tipos de indicadores de posicionamento quanto abertura e fechamento, um eletrnico e outro mecnico, para fornecimento de informao remota (plataforma) ou local (ROV), respectivamente. A figura 20 apresenta uma viso de um choke tipo gaiola para aplicao diverless.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

20

Atuadores

Indicador de posio local

Corpo do choke

Figura 20 - Choke submarino tipo gaiola para aplicao diverless 4.2- Diagrama do Manifold de Produo A figura 21 apresenta um diagrama tpico de manifold de produo composto por quatro tubulaes principais ou headers (produo, gaslift, teste produo e servio), que esto interligadas s linhas dos poos. Existe ainda um umbilical principal que serve para alimentar o sistema de controle localizado no manifold. Cada poo possui uma linha de produo e anular, alm do umbilical de controle eletro-hidrulico (no mostrado, com o objetivo de simplificao do desenho). A legenda apresenta o significado de cada componente. Os conectores de linhas de fluxo do manifold realizam a interligao das linhas com as ANMs, bem como com a plataforma de produo. O fluxo da produo pode ser visto acompanhando-se as linhas vermelhas no sentido do poo para a plataforma. No caso do gaslift (linhas amarelas) o sentido do fluxo da plataforma para o poo, tendo em vista que o gs injetado no anular. Periodicamente realizado o alinhamento de cada poo aos headers de teste de produo e de teste de gaslift. A este alinhamento d-se o nome de operao de teste de produo na qual, alm da verificao da vazo do poo, so levantados diversos parmetros, notadamente o potencial de produo.
Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

21

Vlvula gav. hidrulica Vlvula check Conector de linha de fluxo


PD
TP

Anular

Produo

Anular

Produo

TP

TP

TP

TP

Choke Detetor de pig Transdutor de presso e de temperatura

TP

TP

TP

TP

Produo Gaslift Teste produo

PD

Interligao com a plataforma de produo

PD

Servio / Teste Gaslift Umbilical de Controle


Sistema de Controle
TP TP TP TP

Manifold de Produo

TP

TP

TP

TP

Produo Anular

Produo Anular

Figura 21 - Diagrama tpico de um manifold de produo 4.3- Instalao do Manifold Vrios mtodos de instalao de um manifold j foram desenvolvidos. Sero descritos aqui os seguintes mtodos de instalao: Por meio de balsa guindaste; Com barco de posicionamento dinmico com A-frame; Atravs de plataforma de perfurao; Pelo mtodo pndulo.

4.3.1- Fase do Loadout Aps a construo, o manifold transferido para uma rea com acesso ao mar, que pode ser um estaleiro, porto, canteiro de obras etc. O objetivo da fase de loadout de transferir o manifold para uma balsa. O equipamento posicionado em cima de vigas e deslizado at a balsa, utilizando-se de pistes hidrulicos e de lubrificao apropriada para a reduo do atrito. uma operao muito delicada e exige perfeita sincronia com a variao de mar, lastreamento da balsa, velocidade de deslizamento etc. A figura 22 mostra a operao sendo desenvolvida. Uma vez posicionado na balsa, o manifold ser transferido para o recurso definitivo de instalao.
Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

22

Figura 22 - Fase do loadout

4.3.2- Instalao de manifold com balsa guindaste Aps o manifold ser transferido da balsa de transporte para a balsa guindaste, em guas abrigadas, realizada a navegao at a locao da instalao, quando o equipamento descido at o fundo do mar (ver figura 23). Devido ao comprimento limitado do cabo do guindaste, necessrio o uso de sees intermedirias de pares cabos (lingadas), que so emendadas uma aps a outra, at se atingir o comprimento necessrio para alcance da profundidade de instalao. Duas vigas laterais engastadas na balsa guindaste fornecem suporte temporrio ao manifold e ao conjunto de cabos, durante a conexo de uma nova lingada. Este mtodo bastante complexo, de alto custo, lento e envolve riscos considerveis. A figura 24 mostra o incio da operao com este mtodo de instalao.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

23

Figura 23 - Instalao com balsa guindaste

Figura 24 - Incio da instalao com balsa guindaste

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

24

4.3.3- Instalao de manifold com barco de posicionamento dinmico Aps a transferncia do manifold para o convs do barco em guas abrigadas, realizada a navegao at a locao da instalao, quando realizado o overborading do equipamento para a descida at o fundo do mar (ver figura 25), utilizando-se do A-frame ou de um guindaste da embarcao. um mtodo de instalao muito simples, de baixo custo e de pequeno risco, porm se aplica apenas a manifolds com peso e de dimenses reduzidas. A figura 26 mostra o incio da operao com este mtodo de instalao.

Figura 25 - Instalao com barco de posicionamento dinmico

Figura 26 - Incio da instalao com barco de posicionamento dinmico

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

25

4.3.4- Instalao de manifold com plataforma de perfurao A balsa de transporte movida em guas abrigadas para debaixo da plataforma (figura 27). O manifold iado da balsa utilizando-se do riser de perfurao. Com o manifold logo abaixo do moonpool (figura 28) feito a soldagem (seafastening) do mesmo a suportes apropriados. realizada a navegao at a locao e logo aps o manifold descido at o fundo do mar, utilizando-se do riser de perfurao da plataforma. Este mtodo bastante complexo, de alto custo e de longa durao, porm envolve menos riscos quando comparado com a instalao com balsa guindaste. No entanto, o risco ainda considervel devido ao grande nmero de etapas e o longo perodo da operao.

Figura 27 - Movimentao do manifold para debaixo da plataforma

Manifold

Figura 28 - Manifold fixado plataforma


Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

26

4.3.5- Instalao por intermdio do mtodo pndulo Aps um investimento considervel em pesquisas, que incluiu anlises numricas, teste com modelo reduzido em laboratrio, teste de campo com prottipos etc., a Petrobras desenvolveu este mtodo com o objetivo de tornar a operao mais clere, reduzir custos e riscos. O procedimento utiliza duas embarcaes de posicionamento dinmico de baixo custo, ao invs de balsas guindaste ou plataforma de perfurao. O incio da instalao ocorre no momento em que o manifold liberado da embarcao que o mantinha suspenso (ver figura 29), quando acontece o movimento pendular, at a chegada a certa altura segura do fundo do mar. Logo aps, o equipamento descido e apoiado no fundo. A figura 30 mostra o incio da operao com este mtodo de instalao.

Figura 29 - Mtodo pndulo

Figura 30 - Incio da instalao com o mtodo pndulo

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

27

5- Sistemas de Controle Submarinos Estes sistemas tm o objetivo de realizar o controle remoto de um equipamento submarino. So encontrados em praticamente todos os equipamentos submarinos, tais como: ANMs, manifolds, PLEM, PLET, BOPs, sistemas de workover, sistemas de bombeamento multifsico, sistemas de separao submarina etc. Quando comparado com sistemas de controle de outros tipos de aplicao, tais como, transportes, aviao, espacial, produo em srie etc., os sistemas de controle submarinos se diferenciam pelo requisito de alta disponibilidade sem manuteno durante um longo perodo de tempo, nas condies severas do ambiente marinho. Os sistemas de controle submarinos podem ser dos seguintes tipos: Hidrulico Direto; Pilotado (em desuso); Seqencial (em desuso); Eletro- Hidrulico (em desuso); Multiplexado.

Sero descritos aqui apenas os tipos hidrulico direto e multiplexado, pois so largamente empregados em instalaes submarinas. 5.1- Sistema de Controle Submarino Hidrulico Direto Neste tipo de sistema existe uma linha (mangueira) de controle para cada funo (vlvula, choke etc.) submarina. Como pode ser observado na figura 31, h na plataforma uma Hydraulic Power Unit (HPU) responsvel pelo suprimento de fluido hidrulico a uma presso constante. Quando a vlvula solenide comandada pelo sistema de controle da plataforma, o fluido hidrulico liberado e a presso na linha de controle aumenta gradualmente at o acionamento completo do atuador submarino. O movimento contrrio do atuador ocorre quando a vlvula solenide acionada para o retorno de todo o fluido ao tanque que est localizado na plataforma. Devido a sua simplicidade este sistema bastante confivel, porm possui limitaes em aplicaes que exigem uma grande quantidade de funes, tais como manifolds, pois acarreta em um umbilical com um elevado nmero de mangueiras
Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

28

hidrulicas, o que se torna muitas vezes impraticvel. Neste sentido, sua maior aplicao em ANMs satlites, pois o umbilical necessita ter no mximo 9 funes hidrulicas de controle, incluindo-se as funes reservas. Outra limitao deste sistema o tempo de resposta para o acionamento do atuador submarino, tendo em vista que o fluido de controle tem que ser pressurizado ou despressurizado ao longo do comprimento de todo o umbilical.
Painel de controle

HPU

Tree cap Umbilical Atuador de vlvula

Conector de linhas de fluxo Plataforma de produo ANM Tubing hanger SSSV

Figura 31 Sistema de controle hidrulico direto

5.2- Sistema de Controle Submarino Multiplexado Com o objetivo de resolver as limitaes do sistema hidrulico direto, descritas no item 5.1, os sistemas de controle evoluram at alcanar a tecnologia utilizada no sistema multiplexado. Este conceito (ver figura 32) utiliza um mdulo de controle submarino (ver figura 33) onde esto localizadas as vlvulas solenides e componentes eletro-eletrnicos, que inclui um computador. A presso do fluido hidrulico na mangueira de suprimento, comum a todas as vlvulas solenides, mantida constante por meio da HPU localizada na superfcie. Quando um comando enviado da plataforma para a eletrnica submarina para o acionamento da vlvula solenide o fluido liberado e a presso aumenta at o acionamento completo do atuador submarino. O movimento contrrio do atuador ocorre
Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

29

quando a vlvula solenide acionada para a despressurizao da linha, sendo que o fluido de controle comumente descartado para o mar. Este fato exige obrigatoriamente que o fluido atenda a legislaes ambientais, sendo geralmente constitudo base de gua e aditivos especiais (anti-corrosivos, lubrificantes, bactericidas etc.). Cabos eltricos fornecem o suprimento de potncia eltrica e os sinais digital-analgicos para a eletrnica submarina. Ao contrrio do sistema hidrulico direto, o nmero de funes teoricamente ilimitado, pois utilizada apenas uma mangueira de suprimento comum a todas as vlvulas solenides que esto no mdulo de controle. Outra vantagem deste sistema o tempo de resposta reduzido para o acionamento do atuador submarino. Devido maior complexidade deste sistema necessrio que seus componentes (vlvulas solenides, conectores eltricos, conectores hidrulicos etc.) tenham alta confiabilidade, o que constitui uma desvantagem quando comparado com o sistema hidrulico direto. Para efeito de estudo de viabilidade econmica em aplicaes em ANMs satlites deve ser considerado o efeito da reduo do dimetro do umbilical em oposio ao aumento do custo do sistema de controle multiplexado. Neste caso, a distncia do poo a plataforma um fator fundamental.

Figura 32 Sistema de controle multiplexado

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

30

Eletrnica submarina

Vlvula solenide

Figura 33 Mdulo de controle submarino Segue abaixo um resumo da comparao entre os sistemas de controle hidrulico direto e o multiplexado: Controle direto 9 Limitao do nmero de funes hidrulicas e eltricas, devido ao dimetro do umbilical; 9 Maior simplicidade e confiabilidade; 9 Custo: depende da distncia dos poos; 9 Maior tempo de resposta das vlvulas submarinas. Controle multiplexado 9 Menor limitao do nmero de funes hidrulicas e eltricas; 9 Maior complexidade, exigindo componentes de alta confiabilidade; 9 Custo: depende da distncia dos poos; 9 Menor tempo de resposta das vlvulas submarinas (maior segurana).

Normalmente o mdulo de controle j instalado juntamente com o equipamento submarino. No entanto, no caso de recuperao e reinstalao do mdulo de controle para manuteno, a operao realizada a cabo com assistncia por ROV (ver figura 34).
Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

31

Figura 34 Instalao do mdulo de controle 5.3- Umbilical de Controle O umbilical de controle tem a funo de conduo do fluido hidrulico da plataforma ao equipamento submarino para acionamento de diversos tipos de atuadores submarinos, bem como a conduo de potncia eltrica e sinal. So constitudos de certo nmero de mangueiras para transporte do fluido e de cabos eltricos, bem como estruturas metlicas que fornecem resistncia mecnica quando a esforos radiais, de trao e de toro. Uma camada polimrica externa prov um adequado encapsulamento do umbilical com o objetivo de fornecer proteo mecnica dos seus elementos e evitar a ao dos agentes danosos do ambiente. A figura 35 apresenta um exemplo tpico de um umbilical de controle.

Figura 35 Umbilical de controle

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

32

6- Dutos Submarinos Os dutos (ou linhas) submarinos podem ser flexveis ou rgidos. A seguir sero apresentadas descries destes dois tipos de linhas. 6.1- Linhas Flexveis A linha flexvel composta de vrias estruturas em camada. A figura 36 apresenta uma configurao padro deste tipo de linha, podendo haver variaes dependendo da aplicao. A estrutura mais interna uma carcaa metlica intertravada que tem o objetivo de impedir o colapso da linha, bem como proteo mecnica contra a passagem de raspadores (pigs) e partculas abrasivas. A estrutura subseqente uma camada polimrica que tem a funo de vedao. As prximas estruturas metlicas so armaduras que tm a finalidade de resistir a cargas radiais, principalmente a presso interna. As duas ltimas estruturas metlicas esto dispostas em hlice e tm a funo de suportar esforos de trao. A estrutura mais externa uma camada polimrica para encapsulamento da linha com o objetivo de proteo mecnica dos seus elementos e evitar a ao dos agentes deletrios do ambiente.

Figura 36 Configurao de uma linha flexvel

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

33

A figura 37 apresenta uma terminao tpica de uma linha flexvel. A montagem da linha na terminao um procedimento bastante complexo, constituindo-se de vrios intertravamentos das camadas da linha na terminao, bem como aplicao de resinas especiais para a garantia da integridade da linha. Por este motivo, evita-se ao mximo a realizao da montagem da terminao no barco de lanamento, devendo sempre que possvel que a fixao da terminao linha seja realizada em fbrica.

Figura 37 Terminao de uma linha flexvel

6.2- Duto Rgido O duto rgido composto por um tubo de ao que pode ser revestido com uma camada de concreto ou com um isolante trmico (ver figura 38). A camada de concreto, alm de prover proteo mecnica acrescenta peso linha, nos casos em que h necessidade de aumentar a flutuao negativa do duto. Os dutos rgidos tm menor flexibilidade de traado, pois requerem um maior raio de curvatura durante o lanamento. Possuem tambm a desvantagem de maior sensibilidade aos acidentes no fundo do mar, quando comparados aos dutos flexveis e, por este motivo, existe a necessidade de calamento dos dutos nos trechos com grandes vos.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

34

Figura 38 Duto rgido com revestimento trmico 7- Riser Riser o trecho suspenso de linha de fluxo desde o leito marinho at a plataforma de produo. Da mesma forma que as linhas submarinas que esto repousadas no fundo do mar, os risers podem ser flexveis ou rgidos. 7.1- Riser Flexvel Os risers flexveis apresentam a mesma configurao estrutural das linhas do trecho horizontal (ver figura 36), porm as armaduras metlicas que provm resistncia mecnica so mais reforadas, com a finalidade de suportar os maiores esforos induzidos pela ao dinmica das ondas, das correntes e do movimento da plataforma de produo. Podem ter, em determinados casos, uma fita anti-atrito entre algumas camadas, com a inteno de evitar desgastes abrasivos. Os tipos de configurao de riser descritos na norma API 17B podem ser vistos na figura 39. A configurao de riser rgido mostrada nesta figura utilizada para perfurao/completao. A forma do riser em catenria livre a configurao mais simples, porm apresenta uma regio crtica que o ponto em que o tubo toca no fundo. Este ponto conhecido no jargo tcnico como Touch Down Point (TDP). No TDP existe uma maior probabilidade do surgimento de cargas compressivas. Como as linhas flexveis so pouco tolerantes a este tipo de esforo, devido ao seu arranjo mecnico, esta regio torna-se crtica no projeto do riser.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

35

Com o objetivo de se evitar o problema de cargas compressivas no TDP foram desenvolvidas diversas configuraes complacentes tais como: Lazy-S, Steep-S, SteepWave e Lazy-Wave. Estas configuraes so bem mais complexas, sendo mais difceis de instalar e de maior custo. Adicionalmente, apresentam um maior risco operacional, pois so menos confiveis, quando comparadas configurao em catenria livre, devido maior complexidade. No caso do uso de um grande nmero de risers, a interferncia mecnica (clash) em virtude do comportamento dinmico, deve ser um ponto a ser analisado com ateno.

Figura 39 Configuraes de risers segundo a API 17B

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

36

7.2- Riser Rgido O desenvolvimento dos risers rgidos nos ltimos tempos foi impulsionado pela necessidade de se produzir em lminas dgua cada vez mais profundas, onde existem limitaes de aplicao dos risers flexveis, principalmente os de maior dimetro. Uma das configuraes que foram desenvolvidas foi a do Riser Rgido em Catenria ou Steel Catenary Riser (SCR). Neste tipo de riser existem duas regies crticas: o topo do riser e o TDP. Com a finalidade de se mitigar os esforos no topo, coloca-se uma junta flexvel (flexjoint), como pode ser visto na figura 40. Esta junta flexvel permite reduzir significativamente o momento aplicado. Adicionalmente ao uso da flexjoint so tambm utilizadas juntas reforadas no topo (stress joints). Para o TDP so igualmente aplicadas stress joints, devido regio ser crtica em termos de combinao de esforos. Outra caracterstica desse riser que o ngulo do topo que bem maior, quando comparado com um riser flexvel em catenria. Para um riser flexvel em catenria esse ngulo varia entre 5 e 7, j para o SCR esse ngulo fica em torno de 15 a 20. O maior ngulo de topo modifica a forma da catenria, objetivando reduzir a possibilidade de tenses compressivas, porm o sistema tem que estar dimensionado para resistir s grandes cargas de trao geradas por esse tipo de configurao.

Flexjoint
Figura 40 Topo do SCR

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

37

7.3- Ancoragem de Riser e de Linhas A ancoragem dos risers tem como objetivo absorver as cargas dinmicas geradas pelo riser, com a finalidade de manter a configurao do riser e da linha. Os esforos dinmicos induzidos no riser so oriundos da movimentao da plataforma de produo, de ondas e correntes. Nos casos em que existe peso de linha suficiente para gerar uma fora de atrito ao longo do trecho reto, que seja o bastante para manter a configurao de projeto, no necessrio o uso de ancoragem. Porm, na maioria dos casos em guas profundas, mais econmico ancorar o riser do que ter grandes trechos retos para gerao de fora de atrito. As figuras 41 e 42 apresentam um exemplo de ancoragem dos risers. Pode-se observar que a ancoragem da linha feita ainda no trecho reto da linha e antes que se inicie uma mudana de direo. A linha interligada estaca por meio de um colar mecnico (clamp) e correntes. Neste exemplo, a ancoragem feita por intermdio de estaca de suco.

FPSO

Colar

Estaca

Figura 41 Ancoragem de riser

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

38

35 m

15 m

Para o FPSO

Linhas Figura 42 Detalhe de ancoragem de riser No intuito de reduo de custos e de tempo de instalao, a Petrobras desenvolveu o conceito de estaca torpedo (figura 43), em substituio estaca de suco e outros tipos de ancoragem. Neste conceito, a estaca lanada por gravidade de uma determinada altura do leito marinho, penetrando cerca de 20m no solo, sendo posteriormente conectada aos clamps presos linha.

Figura 43 Estaca torpedo

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

39

8- Sistema de Pull-in de Riser O sistema de pull-in de riser tem o objetivo de realizar a transferncia de carga durante o recolhimento do riser do navio de lanamento para a plataforma de produo. Uma vez que o riser estiver devidamente ancorado no convs da plataforma, feita a interligao da linha planta, por intermdio de um carretel (spool) de fechamento, com o objetivo de se iniciar os procedimentos de limpeza e teste hidrosttico do sistema para permitir o incio da produo. O sistema de pull-in composto pelos seguintes itens: Guinchos (de 100t a 300t ver figura 44); Spooling unit (ver figura 45); Sistemas de cabos e polias; Trolleys de pull-in (para o caso de FPSO com risers no costado ver figura 46).

Os guinchos de pull-in e spooling unit formam um conjunto que permite a aplicao de trao no cabo com o devido enrolamento do mesmo. Com a chegada do navio de lanamento (figura 47) realizada a transferncia do riser para a plataforma (ver figura 48). Nesta figura, o navio de lanamento mostrado nas duas possibilidades para a operao, isto , a bombordo e a boreste do FPSO (Floating Production Storage and Offloading). Primeiramente, o cabo de pull-in da plataforma enviado ao navio de lanamento, por intermdio de um cabo mensageiro. Uma vez que o cabo de pull-in conectado ao riser, o navio de lanamento inicia o lanamento (no jargo tcnico pagamento) do seu cabo at que a carga seja transferida totalmente para a plataforma. Somente ento pode ser liberado o cabo do navio de lanamento e iniciado a subida do riser na direo da plataforma. Os trolleys de pull-in tm aplicao recente em FPSO com risers no costado (com ancoragem do tipo spread mooring), com o objetivo de alinhar a polia principal do pullin com o I-tube do riser que est sendo puxado para a plataforma.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

40

Figura 44 Guincho de pull-in

Figura 45 Spooling unit

Troleys de pull-in

Riser
Figura 46 Trolleys de pull-in
Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

41

Figura 47 Chegada do navio de lanamento

Figura 48 Operao de pull-in

9- Hidratos e Parafinas Hidratos e parafinas constituem-se nos maiores problemas operacionais de um sistema submarino. A seguir ser feito uma breve descrio sobre estes temas. 9.1- Hidrato um slido semelhante ao gelo, no aspecto visual e em algumas propriedades, mas que se solidifica em temperaturas acima de 0C. Sua principal caracterstica so as molculas de gs que ficam aprisionadas entre os cristais de gua. Pode ser formado durante o fluxo ou em paradas de produo, se as condies permitirem.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

42

As condies necessrias para formao de hidratos so: Existncia de gs; Existncia de gua; Alta Presso; Baixa temperatura. O grfico da figura 49 apresenta curvas do comportamento de alguns gases com relao formao de hidrato. A regio do envelope de formao de hidrato se refere rea acima das curvas e significa que existem condies de temperatura e presso para formao do hidrato. A figura 50 mostra o aspecto visual do hidrato.

Figura 49 Formao de hidrato temperatura x presso Uma das situaes operacionais mais propcias para a formao de hidrato aps uma parada de produo de um poo. Neste caso, ocorre a segregao de gs, leo e gua (nesta ordem de cima para baixo), aps algum tempo, em ambos os lados da vlvula da ANM (ver figura 51). Caso a vlvula da ANM seja aberta e a temperatura e a presso no local estiverem dentro do envelope de formao de hidrato, estaro presentes as condies necessrias para o desenvolvimento do hidrato.

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

43

Hidrato

Figura 50 Aspecto visual o hidrato Como ao corretiva para dissociao do hidrato utilizada a despressurizao da linha, o que no uma tarefa simples, principalmente em guas profundas, onde sempre existir uma coluna de fluido para manter a presso dentro do envelope de formao. As principais tcnicas para a dissociao do hidrato so a interveno com sonda e o coiled tubing. Estas tcnicas so de elevado custo e, por este motivo, o correto procedimento operacional para o retorno do poo produo deve ser sempre aplicado, objetivando a reduo dos riscos associados com perdas de produo e custos operacionais.

Figura 51 Situao de risco para formao de hidrato

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

44

9.2- Parafina A formao da parafina consiste no desenvolvimento de cristais durante o fluxo, quando a temperatura estiver abaixo de um determinado valor (que depende das caractersticas de cada leo), conhecido como TIAC (Temperatura de Incio de Aparecimento de Cristais). Porm, a deposio na parede do duto somente ocorre se existir um diferencial de temperatura entre o meio externo e o interno. A figura 52 mostra o aspecto visual da parafina aps a remoo de uma linha flexvel. A principal ao preventiva para se evitar a formao de parafina o isolamento de linhas, com o objetivo de manter a temperatura o leo sempre acima da TIAC. Porm, nem sempre isto possvel e a passagem peridica de raspadores (pigs) na tubulao se constitui na principal ao corretiva. A figura 53 apresenta alguns tipos de pigs espuma utilizados para esta finalidade.

Figura 52 Aspecto visual da parafina

Figura 53 PIGs tipo espuma

Prof. Marco Herdeiro, M.Sc.

45

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy