Robson Pinheiro Santos - Tambores de Angola.
Robson Pinheiro Santos - Tambores de Angola.
Robson Pinheiro Santos - Tambores de Angola.
A umbanda Est entre as manifestaes mais cercadas de preconceitos. Desconhecida pela grande maioria da sociedade - ou mal compreendida -, alvo de avaliaes injustas e at grosseiras. Por isso, esta uma obra muito especial. Espondo de forma simples as origens da umbanda, a nature a de suas manifesta!"es, os mitos #ue cercam os e$us, pretos %elhos e caboclos e a %erdade sobre essas personalidades %ener%eis, certamente colaborar para #ue essa bela e$press&o de religiosidade se'a respeitada, admirada e amada. (ontribuir, da mesma forma, para #ue se compreendam as diferen!as entre Espiritismo e umbanda e entre esta e outras religi"es #ue utilisam a mediunidade, uma %e #ue o desconhecimento dos homens tratou de confund)las e de consider)las como uma s* coisa. (ontando a hist*ria de Erasmino, portador de gra%es dese#uilbrios n&o resol%idos pela ci+ncia oficial, cu'a m&e decide buscar au$ilio na umbanda, tambores de angola tra )nos interessantes fatos a cerca de nossos irm&os trabalhadores umbandistas, deste e do outro lado da %ida. ,oc+ %ai encantar)se com este en%ol%ente relato do Esprito ngelo Incio, %ai compreender e aprender a amar essa filosofia de amor, carinho e sabedoria. SUMARIO ensagem do autor espiritual !refcio "-#ascina$o "" - $e %dete """ - &m recurso diferente "' - % reduto das trevas ' - !rimeiros contatos '" - Desdobramento '"" - %s guardi$es e os caboclos '"""-A origem da &mbanda "( - Apontamentos (-)ibertando-se do jugo ("-*ambores de Angola
(""-+ovos tempos ("""- ,eencontro com o passado ("' - As estrelas de Aruanda (' - Dana das lu-es
Mensagem do autor espiritual Volto a ativa novamente. Bem no me tenho dado ao luxo de ficar na inrcia deste lado de c. A ui! i"ualmente! as not#cias fa$em i%o&e. 'orm! a temtica outra! ue no a uela costumeira da velha e saudosa (erra. Os outros defuntos ue com&artilham comi"o dessa ventura uase niv)nica de viver deste lado do vu fa$em tam%m a sua not#cia. *o+e! &orm! tentarei fa$er de assuntos um &ouco diferentes da ueles aos uais em&restava a minha &ena uando metido nos la%irintos da carne. ,omo v-! meu caro! se a%andonei a# o &alet. e a "ravata de m/sculos e nervos! conservei! no entanto! o +eito &r.&rio do escritor e re&.rter! a"ora! &orm! radicado no outro mundo! como di$ia uando estava a#. O %om a"ora ue no me sinto mais o%ri"ado a escrever 0 ueles velhacos de colarinho en"omado! ue nos +ul"am &ela forma ou "ramtica! de acordo com os ditames das velhas academias da (erra. I"ualmente! no tenho a o%ri"a1o! deste lado do t/mulo! de me ater aos ri"ores das conven12es dos escritores (errenos. 3stou mais solto! mais leve e mais fiel aos fatos o%servados. 3m%ora conserve o dom#nio de mim mesmo! a minha distinta e &reciosa individualidade de morto4vivo metido a escritor e re&.rter do alm! resolvi! &or %em da ueles ue talve$ me "uardem na mem.ria! adotar um &seud5nimo &ara falar aos ami"os ue ficaram do outro lado do Rio da Vida. Assim sendo! meu car#ssimo! en uanto me em&resta sua mo &ara "rafar meus &ensamentos! ue! desafiando todas as ex&ectativas de meus anti"os cole"as de &rofisso! teimam em continuar constantes! sem haver sido interrom&ido &ela morte ou lan1ando as chamas do inferno! em&resto4lhe i"ualmente as minhas &o%res ex&eri-ncias! com&artilhando com voc- um &ouco das hist.rias ue 2
alme+o levar aos correios dos defuntos e dos ue se +ul"am vivos. ,reio ue so &roveitosos &ara am%os! os momentos em ue estaremos +untos. 6o m#nimo! sentirei mais de &erto o calor das humanas vidas! en uanto voc- ex&erimentar mais intensamente a &resen1a de um fantasma metido a re&.rter e comentarista do Alm4 t/mulo. 7es&e1o4me! &ara em %reve retomar. ,om o carinho de um ami"o! 8n"elo Inacio Prefcio 'ara o %em no h fronteiras... 6um mundo onde a i"nor)ncia e o sofrimento a%rem cha"as no cora1o *umano! o chamado da 3s&iritualidade ecoa em n.s de forma a ras"ar o vu do &reconceito 3s&iritual. A Seara! de extenso condi$ente com as nossas necessidades de evolu1o! es&era cora12es fortalecidos no &ro&.sito de servir sem distin12es. A *umanidade desencarnada! des&ida de do"mas e limita12es! a%re4 se em reali$a1o &lena em favor da ueles ainda &resos a conceitos ini%idores da alma. 'retos4velhos! doutores! ca%oclos! &intores! fil.sofos! cientistas e uma "ama infinita de com&anheiros! che"am a n.s demonstrando a necessidade ur"ente de fa$er al"o! movimentando em n.s mesmos! em favor do &r.ximo! os recursos ue &romovam a li%erta1o das criaturas. Ao a%rir as &"inas desta o%ra encontrar cora12es sim&les! an5nimos! &orm envoltos &ela for1a da 9 no ,riador e sinceridade no cora1o! em fa$er o %em &elo %em. 'AI :O;O Mensa"em rece%ida &elo Mdium Marcos O. <eo! da Sociedade 3s&#rita 3verilda Batista! em => de 9evereiro de ?@@A. I 9ascina1o A%ril de ?@AB. O sol se assemelhava a um deus "uerreiro! lan1ando suas chamas ue a ueciam as moradas dos mortais! como dardos flame+antes ue amea1avam a vida dos homens. 9a$ia intenso calor na uele dia uando o senhor 3rasnino se diri"ia &ara o seu escrit.rio na Avenida 'aulista! ue! neste momento! re"ur"itava de "ente! com seu tr)nsito infernal! desafiando a &aci-ncia
da ueles ue se +ul"avam &ossuidores de tal virtude. 7esde muito cedo sentira estranhas sensa12es ue no sa%ia definir! em%ora houvesse "astado seu precioso fosfato na tentativa in.til de encontrar e/plica$o para o sentimento es0uisito, para as impresses 0ue tentavam domin-lo. +unca se sentira dessa forma e confessava a si mesmo 0ue algo o incomodava sobremaneira. 1uando a sua m$e o aconselhou a re-ar antes de sair, acabou ignorando-a, pois a velha, acostumada com certas posturas m2sticas, n$o fa-ia l o seu g3nero. A pobre m$e tentara de todas as formas convencer o filho desnaturado a se deter um pouco para conversar, para trocarem algumas impresses. Ele se recusou terminantemente, alegando a escassede tempo, em vista das atividades profissionais. A cabea parecia rodopiar com a sensa$o de tontura 0ue o dominava aos poucos. Eram impresses novas, diferentes da0uelas consideradas normais at ent$o. !arecia pressentir vultos em tomo de si, mas, n$o conseguindo precisar e/atamente o 0ue acontecia, tentou mudar de pensamento, em v$o. 4omeou a suspeitar 0ue estava ficando louco ou, pelo menos, sofrendo de algum problema neurol5gico, tais os sintomas 0ue detectava em si. 6 fa-ia algum tempo 0ue n$o conseguia dormir direito, parecia acometido de pesadelos e passava noites acordado, sendo obrigado, pela manh$, a tomar algum medicamento, para conseguir trabalhar direito. 7intomas de melancolia aliados a depress$o sucediam-se ou completavam-se para estabelecer o clima ps20uico ade0uado para a sintonia com mentes dese0uilibradas. Erasmino foi-se desgastando psicologicamente pelo inc8modo 0ue sofria. !rocurou mdicos e psic5logos, gastando muito dinheiro em tentativas 0ue se provaram in.teis em seu caso particular. Aos poucos foi-se achando perseguido pelos colegas de trabalho. Em todos via adversrios gratuitos 0ue, segundo suas suspeitas, o espreitavam para tentar de alguma forma e por motivo ignorado se livrar dele, tomar o seu lugar no emprego ou interferir em sua vida. A psicose foi a tal ponto 0ue mesmo em rela$o aos familiares pensou sofrer persegui$o. +$o 3
adiantavam os conselhos da m$e, e as sesses com o psic5logo j haviam terminado, sem se obter algum resultado mais definido. 7eguindo o conselho de 9amigos9, comeou a fre0:entar lugares de suspeita moral, entediando-se com as aventuras se/uais, 0ue, de pronto, tomaram sua vida um tormento ainda maior. #oi justamente a partir de tais aventuras 0ue a problemtica comeou a piorar. - Erasmino; Erasmino; Eram sussurros. A princ2pio distantes e depois mais constantes, em casa, no trabalho ou nas tentativas de divers$o. < noite parecia ouvir vo-es 0ue chamavam pelo seu nome. % desespero aumentou 0uando, determinado dia, ao levantar-se, deparou com um vulto de homem prostrado = entrada de seu 0uarto. A vis$o se apresentava aos seus olhos estupefatos como sendo de um senhor idoso, todo envolto em roupas esfarrapadas e apresentando os dentes podres, em estranho sorriso emoldurando o rosto. !ercebeu ainda, antes de desmaiar, o mau cheiro 0ue e/alava da estranha apari$o, causando-lhe intenso mal-estar. Entre imagens de pesadelo e da realidade, p8de perceber-se em ambiente diferente de onde se encontrava o seu corpo f2sico. !arecia algo familiar. +$o era t$o desagradvel na apar3ncia, a0uele lugar. As impresses estranhas 0ue sentia vinham de algo 0ue pairava no ambiente, talve- da atmosfera local. Em meio a vapores 0ue envolviam sua mente, 0uem sabe do pr5prio lugar onde se encontrava, percebeu estranha conversa. 7entado em uma cadeira de espaldar alto, um esp2rito estava de conversa com algum 0ue lhe parecia de certa forma familiar> - +5s o 0ueremos e/atamente como se entra 7ua mente est confusa e n$o acredita muito em nossa e/ist3ncia. Aos poucos vamos minando-lhe as resist3ncias psicol5gicas, e o caos estabelecer-se-. ?argalhadas foram ouvidas na0uela situa$o e paisagem mental em 0ue se envolvera. *al pesadelo parecia n$o ter fim, 0uando se sentiu atra2do ao corpo pelos gritos de algum. 1uando acordou, secundado pelos familiares aflitos, resolveu contar todo o tormento 0ue vivia h alguns meses.
- !rocurei mdicos, psic5logos e at j fi- uso de alguns medicamentos, mas tudo foi em v$o, nada surtiu efeito. Acredito 0ue esteja ficando louco, ou alguma coisa semelhante... - 1ue isso, meu filho@ - #alou a m$e 0ue tudo ouvia, desconfiada. - !arece at caso de mediunidade - aventurou a irm$. Erasmino levantou-se furioso com as duas, pois n$o admitia a hip5tese de alguma interfer3ncia espiritual, a tudo julgando como produto de sua pr5pria mente. !or mais 0ue procurasse a causa dos males 0ue o acometiam, n$o conseguia uma e/plica$o l5gica, racional. %s dias se passaram, e o clima era de intran0:ilidade entre os familiares, devido = atitude de Erasmino para com sua irm$. A tens$o se estabelecera, em ra-$o das dificuldades em solucionar o caso, 0ue a cada dia parecia mais e mais complicado. +ovamente estava em casa, desta ve- preparando-se para sair com alguns amigos, 0uando, ao entrar na sala, estranho mal-estar o dominou. !arou entre os umbrais da porta. %s amigos, 0ue na0uela ocasi$o j sabiam o 0ue vinha ocorrendo, ampararam-no, condu-indo-o para o sof, providenciando uma bebida para 0ue ingerisse, tentando ameni-ar a situa$o. % efeito da bebida foi como uma bomba. "mediatamente tudo girou = sua volta, e um torpor o invadiu de imediato, levando-o 0uase = inconsci3ncia. 4omeou a gaguejar, n$o conseguindo coordenar as idias 0ue lhe aflu2am = cabea. +um misto de pavor e desespero, por desconhecer o 0ue se passava com ele, tentava impedir 0ue sua boca emitisse palavras 0ue j n$o dominava mais. % transe estabelecido, ouviu sair de sua pr5pria boca, com entona$o diferente da 0ue lhe era pr5pria, as palavras nem tanto corteses> - iserveis, miserveis;;; - falava com estranha vo- - eu o destruirei, eu farei com 0ue repare o mal 0ue me causou - continuava falando, transtomando a todos, 0ue ouviam estarrecidos a vo- diferente 0ue sa2a de sua boca. - 7$o todos covardes, t3m medo de mimA n$o sabem o 0ue pretendo nem 0uem eu sou @ - continuou a falar a vo- 0ue fa-ia uso de suas cordas vocais, 4
causando o desespero da fam2lia e dos amigos, 0ue tentavam em v$o cham-lo pelo nome, pretendendo acord-lo do transe, sem ao menos saberem o 0ue se passava. Depois de muitas tentativas, prostrou-se, finalmente, ante os olhos aflitos de sua m$e e de sua irm$, 0ue eram atendidas pelos amigos. %lhos esbugalhados, Erasmino chorava como criana, pois conservara a plena consci3ncia do ocorrido, n$o conseguindo, no entanto, coordenar as palavras 0ue lhe sa2am da boca. % 0ue ocorreu depois foi um verdadeiro interrogat5rio, 0ue os amigos lhe fa-iam, en0uanto a 7ra. +i0uita, sua m$e, corria chamando a vi-inha para au/ili-la, pois nunca vira o filho em situa$o semelhante. - 7abe, D. +i0uita, eu 0ueria muito lhe falar desde h alguns dias, mas a senhora n$o me dava oportunidade. - Eu n$o sei o 0ue est acontecendo com meu filho, D. "one, ele est muito diferente, mas o 0ue ocorreu agora foi o m/imo 0ue eu poderia ag:entar. Eu tenho medo do meu pr5prio filho. "magine, como posso conviver com tudo isso@ B tudo t$o estranho 0ue n$o me restou outro jeito sen$o recorrer a sua ajuda - falou, chorando. - A senhora tem 0ue ter muita f, pois o caso de Erasmino pode ser muito dif2cil. Eu acho 0ue ele mdium e tem 0ue desenvolverA por isso, ele est levando couro dos esp2ritos. %lha, eu sei de casos em 0ue a pessoa at chegou a ficar louca, por n$o obedecer aos guias. B um caso muito srio. - as o 0ue eu posso fa-er para ajudar o meu filho@ Ele n$o sabe mais o 0ue fa-er para ficar livre do problema. Est desesperado. - #a- assim, eu hoje Cou l na sess$o de $e %dete e falo com ela, 0uem sabe ela pode nos ajudar@ ais tarde, ent$o, n5s duas vamos l e conversamos com ela juntas, talve- at Erasmino nos acompanhe e faa um tratamento l no centro. - 'oc3 fre0:enta esse tipo de lugar@ 4omo voc3 nunca me falou nada@ - E a senhora n$o sabe@ Eu sou mdium de bero, e olha 0ue $e %dete me disse 0ue eu sou da0uelas bem fortes e 0ue os meus ori/s trabalham nas sete linhas. - as o 0ue significam essas sete linhas@ Eu n$o entendo nada disso.
- %lha, D. +i0uita, eu tambm n$o entendo direito o 0ue isso, n$o, mas 0ue verdade, , pois $e %dete pessoa muito respeitada no meio, e ela n$o iria mentir para mim. Agora, c pra n5s, a senhora podia ir conversando com Erasmino, en0uanto eu falo com minha $e de 7anto, tentando convenc3-lo a ir fa-er uma visita l no terreiro. Assim, 0uem sabe ele melhora... Durante uma semana Erasmino ficou com profunda depress$o, precisando recorrer a medicamentos antidepressivos para tentar se reerguer. +ovamente foram consultados mdicos e um psic5logo amigo da fam2lia, 0ue em v$o tentou os recursos conhecidos para demover Erasmino da0uele estado. D. +i0uita, mulher simples, fa-ia suas oraes rogando ao Alto 0ue enviasse recursos. +$o sabia mais o 0ue fa-er para ajudar o filho, 0ue sofria muito com as coisas 9estranhas9 0ue estavam acontecendo. A fam2lia se tomara um caos. % pobre filho corria o risco de perder o emprego, e os amigos 0ue j n$o apareciam como de costume. %rou durante noites seguidas, at 0ue do Alto apareceram recursos, mas era necessrio 0ue ela pudesse captar os pensamentos 0ue lhe eram sugeridos. II Me Odete Done dirigiu-se = casa da0uela 0ue di-ia ser a sua $e de 7anto. *entaria algo em benef2cio de Erasmino. Encontrou $e %dete em meio a um ritual de magia e resolveu esperar. !assou-se muito tempo, 0uando ent$o foi atendida pela mulher 0ue se di-ia conhecedora dos mistrios da vida e da morte. - !ois isso, $e %dete, eu 0ueria muito ajudar essa fam2lia e resolvi recorrer a sua ajuda, a fim de fa-er uma consulta para Erasmino. 1uem sabe a senhora n$o encontra um jeito para ajudar, eu aposto 0ue caso de mediunidade... - 'amos consultar os guias, minha filha. Antes dele vir a0ui vamos fa-er uma consulta e ver do 0ue se trata. 'oc3 sabe, =s ve-es tem casos 0ue nem n5s podemos resolver... - 4omo n$o pode@ A senhora n$o dona dos esp2ritos@ - Dona@ Eu apenas fao contatos com eles, e eles me di-em o 0ue fa-er 5
conforme o caso, mas dona eu nunca disse 0ue era... #eitos os preparativos, %dete sentou-se numa cadeira em volta de uma mesa com toalha branca, onde havia uma pe0uena peneira com conchas dentro e colares em volta. &ma pe0uena campainha foi acionada. Era o sinal de 0ue %dete estava entrando em contato com os esp2ritos, seus guias. !ronunciava palavras numa l2ngua incompreens2vel para "one, en0uanto balanava a campainha. 6untou as pe0uenas conchas nas m$os e jogou-as dentro da peneira. Estranha sensa$o dominou as duas, en0uanto %dete olhava o resultado da 0ueda das conchas. Arrepios intensos percorriam os corpos das duas mulheres, en0uanto estranha fora jogou %dete para longe da mesa, para espanto de "one, 0ue ficou e/tremamente assustada com o ocorrido. +unca vira algo assim. 1uando %dete se disp8s a consultar os esp2ritos sobre o caso de Erasmino, estabeleceu imediatamente a sintonia mental com o caso e atraiu para perto de si a entidade 0ue acompanhava o rapa-. % esp2rito apro/imou-se com intenso magnetismo primrio, cheio de 5dio por0ue algum 0ueria interferir no 9seu9 caso. *entou de todas as maneiras impedir 0ue %dete participasse do andamento da 0uest$o em 0ue estava envolvido com Erasmino. !ara isso, utili-ou-se de uma fora 0ue se assemelhava = sua pr5pria> os fluidos de %dete e de Done. 4oncentrou-se intensamente e, sugando as energias de ambas, logrou atingir %dete fisicamente e jog-la distante da mesa onde se encontravam as duas. #oi o suficiente para espantar Done e colocar fim = tentativa. %dete, por sua ve-, aconselhou 0ue encaminhassem o jovem para outro lugar. E/istia, em outra localidade, um centro umbandista 0ue era diferente do seu. Di-iam 0ue s5 trabalhavam com foras do bem, com energias superiores. 1uem sabe n$o poderiam ajudar@ Ela, afinal, n$o estava bem de sa.de e, com muitas atividades por reali-ar, n$o conseguiria solucionar a problemtica. +a verdade, o conselho foi uma confiss$o de sua pr5pria incapacidade para resolver o problema de Erasmino.
*inha medo. +unca antes encontrara tanta energia como a 0ue a atingira na0uela ocasi$o. #e- de tudo para encaminhar "one para outro terreiro. D. "one foi embora um tanto decepcionada com o ocorrido, mas, de certa forma, ainda continuava 0uerendo ajudar. !rocurou o terreiro do 0ual ouvira falar anteriormente. Di-iam 0ue era diferente, mas n$o importava, iria assim mesmo. E foi o 0ue fe-. !rocurou se informar direito e, assim 0ue pudesse, iria condu-ir D. +i0uita e Erasmino ao tal lugar. 4om prud3ncia, fre0:entou algumas sesses antes de indic-lo = amiga e, depois de algumas d.vidas esclarecidas, resolveu ent$o indicar o caminho a D. +i0uita e = fam2lia. #oi providencial o caso ocorrido com %dete e "one. uitas ve-es, circunstEncias adversas s$o emissrias de oportunidades de acerto encaminhadas =s vidas das pessoas. Algumas investidas das sombras, ao invs de atrapalhar, costumam ser revertidas em benef2cios, conforme as circunstEncias. III Um recurso diferente 3stvamos visitando um determinado posto de socorro deste lado da vida, em tarefa de estudo, 0uando nos foi permitido participar da e0uipe 0ue ajudaria no caso de Erasmino. *entar2amos algo, visando ao ree0uil2brio do rapa-, 0ue era tutelado por bondosa entidade, 0ue fora sua av5 na e/ist3ncia f2sica. F muito desejvamos fa-er estudos a respeito da obsess$o, e essa era a oportunidade 0ue sempre 0uisemos ter. +$o a perderia em hip5tese alguma. Demandamos o lar de D. +i0uita, com a curiosidade 0ue me era caracter2stica, desde 0ue me entendia por gente sobre a *erra, se bem 0ue continue sendo 9gente9, embora outra tem sido a minha resid3ncia, nessa nova etapa da vida em 0ue me encontro. 7ou agora uma alma do outro mundo, arvorando-se em comentarista e rep5rter do alm e do a0um, fa-endo suas observaes, n$o como o fa-ia na crosta, mas agora sob uma nova 5tica. A 5tica espiritual. Encontramos a casa de D. +i0uita em intensa agita$o, na0uela tarde de sbado. A vi-inha, D. "one, estava convencendo Erasmino a participar de uma sess$o de terreiro, juntamente 6
com duas amigas suas, pessoas e/tremamente m2sticas e com argumentos. Diante do desespero de todos, a sugest$o foi aceita imediatamente, na esperana de resolver o problema de uma ve- por todas. % companheiro Arnaldo, 0ue condu-ia nossa e0uipe espiritual, falounos, sempre com sabedoria> - Estamos diante de um caso muito delicado e 0ue re0uer firme-a por parte dos envolvidos. % nosso irm$o Erasmino necessita urgentemente receber au/2lio para o seu e0uil2brio espiritual. Encontra-se abatido psicologicamente e, dessa forma, tomase presa fcil nas m$os de seu verdugo, passado, 0ue apenas espreita o momento ideal para desfechar o golpe infeli- 0ue poder levar nosso amigo = loucura definitiva. B necessrio, no entanto, 0ue respeitemos os posicionamentos da fam2lia e principalmente o de Erasmino, esperando 0ue ele tome uma posi$o mais decidida e crie ambiente mental prop2cio para 0ue possamos interferir em seu benef2cio. - as o 0ue voc3 acha a respeito da tentativa da m$e e da vi-inha de condu-i-lo a um terreiro de umbanda, para resolver o problema@ - *entaremos au/iliar como pudermos, conscientes de 0ue a bondade divina se manifesta conforme os instrumentos de 0ue dispe para trabalhar. +$o pelo fato de ir a um terreiro de umbanda 0ue o nosso irm$o n$o ser atendido convenientemente. +o seu caso, talve- necessite realmente de um cho0ue com vibraes mais intensas, para acordar para os, problemas da vida. %bservemos primeiro e depois ajui-aremos 0uanto = forma de au/iliar o companheiro. - as n$o seria mais conveniente indu-i-los a procurar um centro de orienta$o Gardecista, em ve- de um terreiro@ - perguntei curioso. - +os terreiros umbandistas encontramos igualmente os recursos necessrios para atuarmos junto aos nossos irm$os. 4onheo pessoalmente esp2ritos de e/trema lucide- 0ue militam junto aos nossos irm$os umbandistas, no servio desinteressado do bem. %s problemas 0ue =s ve-es encontramos n$o se referem = &mbanda propriamente, como religi$o, mas = desinforma$o das pessoas, ao misticismo e = falta de preparo de muitos
dirigentes, o 0ue, alis, encontramos igualmente nas casas 0ue seguem a orienta$o Gardecista. +$o se devem confundir as pessoas mal intencionadas, os mdiuns interesseiros com a religi$o em si. Em 0ual0uer lugar onde as 0uestes espirituais s$o colocadas como uma forma de se promover, tirar proveito ou manipular a vida das pessoas, envolvendo o comrcio il2cito com as esferas invis2veis, ocorre dese0uil2brio e atra2da a aten$o de esp2ritos infeli-es. A &mbanda inspira-nos profundo respeito pelos seus ideaisA trabalhemos para 0ue alcance um grau de entendimento maior das leis da vida e 0ue os seus orientadores espirituais encontrem medianeiros 0ue lhes entendam os prop5sitos iluminativos. Dei/emos de lado 0uais0uer preconceitos e tentemos au/iliar como pudermos. 4alei-me ante as palavras do companheiro espiritual e comecei a rabiscar algumas anotaes 0ue me pareciam de grande utilidade. Acredito 0ue, a partir da0uele momento, eu havia comeado a ter uma nova vis$o do 0ue se chamava de mistrios da &mbanda, e minha vis$o da vida comeava a modificar-se. Estava acostumado a determinados pontos de vista e me fechara a outras formas de manifestaes religiosas 0ue n$o a0uela 0ue conhecera como sendo a verdadeira. Antes de desencarnar eu tivera contato com a Doutrina Esp2rita e, por influ3ncia de um amigo, pude beber-lhe dos ensinamentos, 0ue, afinal, muito me au/iliaram 0uando cheguei a0ui, deste lado. as, no Hrasil, e/istem outras e/presses religiosas 0ue t3m como base o mediunismo, e foi a partir dessa e/peri3ncia 0ue resolvi ditar algo a respeito. 1uem sabe outros como eu, embora a boa inten$o, n$o se conservavam com o pensamento restrito, julgando-se donos da verdade@ E 0uem sabe n$o desconheciam a verdadeira base da &mbanda, como tambm a de outros cultos afros, e por isso mesmo os julgavam ultrapassados, primitivos ou coisa semelhante@ Afinal, eu n$o poderia dei/ar passar a0uela oportunidade, 0ue, para mim, seria de intenso trabalho e aprendi-ado, e 0uem 0uisesse poderia se beneficiar de alguma forma com os meus apontamentos. Afinal, eu n$o havia 7
dei/ado na sepultura a minha vontade de aprender e a minha curiosidade, =s 0uais devo os melhores momentos 0ue tenho passado no meu mundo do alm. % final de semana transcorreu com a fam2lia de Erasmino muito preocupada 0uanto = melhora dele, pois ainda n$o conseguira sair do abatimento a 0ue se entregara. 4hegamos pr5/imo = cama onde ele se encontrava, perdido em suas preocupaes 2ntimas, e Arnaldo convidou-me a observar com aten$o a regi$o cerebral de Erasmino. Acheguei-me por detrs dele, e o 0ue vi era um misto de bele-a e terror. 7eu crebro parecia uma usina eltrica com imensas reservas de energia 0ue brilhavam em cores variadas, = semelhana de lu-es multicoloridas na noite de uma cidade grande. as, enlaada no c5rte/ cerebral, uma rede tenu2ssima de filamentos flu2dicos estava presa, como se fosse uma teia de aranha 0ue pulsava, envolvendo o centro cerebral, variando a sua tonalidade entre prateado e negro. Assustado e ao mesmo tempo maravilhado com o 0ue observava, olhei para Arnaldo, 0ue me socorreu imediatamente com a e/plica$o> - % nosso amigo encontra-se sob a influ3ncia de entidade espiritual 0ue, de certa forma, entende de mtodos de influencia$o mais aperfeioados no campo do magnetismo. Essa malha magntica 0ue envolve o c5rte/ cerebral responsvel pelas imagens mentais 0ue o atormentam constantemente, alm de promoverem a recorda$o constante de situaes vividas em seu passado espiritual, apesar do cuidado de seus verdugos desencarnados para 0ue isso se d3 de forma lenta causando o sentimento de ang.stia e os ata0ues de depress$o, ine/plicveis para os mdicos e psic5logos 0ue o atenderam. as n$o somente isso 0ue o atormenta. %bserve com mais detalhe o companheiro. Agucei mais a vis$o espiritual e pude perceber 0ue da rede magntica partiam delicados fios, invis2veis para os encarnados, 0ue se juntavam na regi$o do ple/o solar e se uniam aos fei/es de nervos, alastrando-se em vrias regies do sistema nervoso. Alm disso, pude observar imensa 0uantidade de larvas astrais, 0ue, em comunidades, pareciam absorver-lhe as energias vitais.
- Essas comunidades de parasitas - falou Arnaldo - s$o as responsveis por seu estado debilitado. Atuando com voracidade em seu duplo etrico, absorvem-lhe as reservas de energia, desestruturando-lhe tambm emocionalmente, tomando-o facilmente influencivel por seus perseguidores. com o sistema nervoso abalado, em virtude dessa influ3ncia, levada a efeito pelos filamentos 0ue se interligam no ple/o solar, Erasmino um canal perfeito para a atua$o de esp2ritos 0ue guardam dese0uil2brios semelhantes. - as ent$o ele mdium@ perguntei. - 4omo n$o@ %u desconhece o fato de 0ue todo ser humano de alguma forma intermedirio das intelig3ncias desencarnadas@ % 0ue acontece 0ue muitos julgam mediunidade apenas as 0uestes relativas ao fen8meno mais aflorado, mas segundo a concep$o esp2rita, todos s$o invariavelmente mdiuns, pois, de alguma forma, o homem sempre sofre as influ3ncias e/ternas ou influencia algum. +o caso presente, podemos ver a mediunidade do nosso companheiro se manifestando de maneira dese0uilibrada, por um processo doloroso, 0ue chamamos de obsess$o. - E se ele desenvolver a mediunidade, como alguns aconselham, ser 0ue os problemas passar$o@ - Esse conselho muito utili-ado por pessoas 0ue n$o t3m o conhecimento estruturado em bases eminentemente Gardecistas, embora em muitos centros ditos esp2ritas vejamos constantemente alguns dirigentes indu-irem certas pessoas portadoras de determinados dese0uil2brios a desenvolverem a mediunidade. as todo cuidado pouco. +esses casos, a prud3ncia aconselha 0ue se faa um tratamento espiritual, com a afirma$o de valores morais s5lidos, a fim de 0ue o companheiro possa se fortalecer espiritualmente. B um irm$o enfermo espiritualmente, e sua mediunidade guarda a caracter2stica de ser atormentada por esp2ritos 0ue 0uerem se vingar de um passado em 0ue tiveram e/peri3ncias em comum. +$o se deve desenvolver algo 0ue est enfermo. B preciso se ree0uilibrar, para depois se atender o compromisso assumido na rea medi.nica, se I0ue ele realmente e/iste. 8
- as n$o podemos fa-er alguma coisa para tirar essa influ3ncia 0ue atua sobre ele@ - +$o t$o fcil assim, meu amigo Jngelo. De nada adianta retirarmos esses fluidos 0ue se entrelaam no crebro dele, para depois retomarem sob a a$o desses esp2ritos, pois eles s5 conseguem essa influ3ncia por0ue encontram sintonia com a mente invigilante de Erasmino, com seu passado e com a sua insist3ncia em manter-se nos mesmos padres mentais de seus perseguidores. B necessrio 0ue ele desperte para a urg3ncia da mudana 2ntima, elevando seu padr$o vibrat5rio, a fim de se desligar dessa influencia$o daninha. E, para isso, a &mbanda, com seus rituais e mtodos pr5prios, ser e/celente instrumento de despertamento do nosso irm$o. Ele encontra-se com o pensamento muito solidificado em suas pr5prias concepes de vida e, como voc3 v3, n$o se encontra sens2vel aos apelos mais sutis do Espiritismo, 0ue, no momento prop2cio, dever falar-lhe = ra-$o. Ademais, a fam2lia guarda certos pendores para as manifestaes de mediunidade tal como se d$o na &mbanda, e convm n$o violentarmos Os nossos irmos. 'rocuremos a+udar conforme formos solicitados! e a Bondade 7ivina haver de condu$ir cada um ao seu lu"ar na "rande fam#lia universal ue somos todos n.s. IV O reduto das trevas #i-emos uma prece junto a Erasmino e aplicamos-lhe um passe calmante, proporcionando-lhe momentos de mais tran0:ilidade, at 0ue pudssemos socorrer-lhe mais detidamente. +esse meio tempo, a sua genitora parece ternos captado a presena e recolheu-se em prece, mentali-ando a imagem de +ossa 7enhora das ?raas, rogando-lhe as b3n$os para o. filho. 7uave lu- envolveu-lhe o semblante e, juntando-se as energias de Arnaldo, projetou-se sobre a fronte de Erasmino, 0ue adormeceu suavemente. %bservei, novamente e/tasiado, o 0ue acontecia diante de meus olhos. En0uanto o corpo do moo se encontrava estendido em sua cama, desdobrava-se diante de n5s, o esp2rito dele, 0ue, meio atordoado, n$o conseguiu divisar-nos a presena. !arecendo um rob8, dirigiu-se a esmo para a rua, como se fosse teleguiado
por foras desconhecidas, embora se mantivesse ligado ao corpo f2sico por um cord$o flu2dico fin2ssimo, de cor prateada. Acompanhamo-lo. 7eguia por regies in5spitas da paisagem espiritual, parecendo dirigir-se a lugar conhecido. Avistamos ao longe um edif2cio constru2do com matria astralina e, portanto, invis2vel aos olhos comuns dos homens encarnados. uitos pensam 0ue, deste lado da vida, tudo apenas nvoa ou nuvens 0ue pairam pelo espao, em meio a fantasmas errantes. Enganam-se. Desafiando a pretensa sabedoria de muitos pseudo-sbios e religiosos do mundo, a vida continua estuante, com muitas vibraes ou dimenses 0ue aguardam ser devassadas pelo homem do futuro, para sua eleva$o espiritual. +$o mais continentes a serem descobertos, nem pa2ses a serem con0uistados, mas um mundo todo diferente, em se tratando da matria 0ue o constitui. E falamos 9matria9 por0ue a0ui tambm a embut2ramos, mas vibrando em estados diferentes da matria f2sica. !ode-se, 0uem sabe, cham-la de anti matria, anti-tomo, anti-eltron. as o 0ue importa n$o s$o as denominaes ou o vocabulrios j ha muito obsoletos com refer3ncia =s manifestaes da vida no universo, mas a realidade desta mesma vida, 0ue, para n5s, os desencarnados ou os defuntos - como somos muitas ve-es chamados a2 pelos de colarinhos engomados - segue sempre sendo um mundo vibrante, com suas construes forjadas na matria sutil do nosso plano ou dimens$o. Essas construes encontram-se espalhadas por muitos lugares do !lano Astral e muitas ve-es se justapem =s construes f2sicas 0ue voc3s fa-em a2. Esse prdio 0ue avistamos fugia ao 0ue comumente se espera de uma constru$o desse tipo, utili-ada para a finalidade 0ue seus habitantes desencarnados o usavam. ?eralmente se espera 0ue esp2ritos atrasados habitem regies negras, com cheiro cido e com muita sujeira, o 0ue refletiria seu estado 2ntimo de dese0uil2brio. as at eu me enganei. Embora a paisagem e/terna n$o perdesse para as melhores descries de Dante, em sua 9Divina 4omdia9, a impon3ncia do prdio desafiava os melhores ar0uitetos da *erra, e a perfei$o de seus detalhes certamente 9
faria inveja aos amantes das apar3ncias e/teriores com a presena de Arnaldo, segui atrs de Erasmino, 0ue se dirigia para o 0ue se poderia chamar de andar trreo do portentoso edif2cio +$o sabia direito para onde nos dirig2amos, 0uando Arnaldo veio com a e/plica$o> - +$o se preocupe, estamos sob o abrigo do bem. A0ui, neste prdio, posso afirmar 0ue estudam as mesmas foras e energias 0ue n5s estudamos. Entretanto, empregam-nas em sentido contrrio. A nossa presena n$o ser percebida, pois, mesmo sendo desencarnados, como n5s, os seus habitantes e trabalhadores, se assim podemos cham-los, est$o com as mentes embotadas por vibraes infeli-es, especiali-ando-se em formas de ata0ues mentais ou magnticos, para atuarem contra seus irm$os encarnadosA portanto, permanecem em vibra$o diferente da nossa, n$o nos podendo perceber a presena espiritual. 4ontinuamos invis2veis para eles, como para os encarnados. *udo 0uest$o de se compreenderem as dimenses espirituais. Adentramos a constru$o atrs de Erasmino, 0ue permanecia sob o dom2nio de alguma fora misteriosa. *udo era limpo. % ch$o em 0ue pisvamos era de material semelhante ao granito, conforme observara na *erra. &m balc$o iluminado funcionava como recep$o, onde o esp2rito de uma mulher de apar3ncia jovem, recebia outros esp2ritos 0ue ali chegavam com objetivos 0ue eu, no momento, nem imaginava. Era a imagem do lu/o e/agerado. )uminrias pendiam do teto em cores variadas, parecendo cristais. Esp2ritos iam e vinham em vrias direes. A cena era de dif2cil descri$o, pela ri0ue-a de detalhes. Alguns desses esp2ritos estavam vestidos conforme o figurino de homens finos do sculo ((, tra-endo no semblante a arrogEncia de certos magnatas 0ue pude conhecer 0uando encarnado. %utros se mostravam em trajes de pocas variadas, como se encontrassem ali personagens de tempos hist5ricos diferentesA e outros ainda, nem t$o arrumados assim, mais pareciam seres trevosos, com apar3ncias terr2veis, 0ue, caso se mostrassem aos encarnados, certamente causariam pavor. Era toda uma popula$o de almas do outro mundo, ou deste mundo, 0ue entravam e sa2am do prdio.
%lhando por a0uilo 0ue julguei serem vidraas, pude ver 0ue, do lado de fora, intensa tempestade se fa-ia, dificilmente podendo observar o ambiente e/terno. Em frente a algo 0ue se parecia um elevador, havia uma inscri$o em vrios idiomas>9A1&" (3MOS (O7AS AS 'OSSIBI<I7A73S 73 3C3,U(AR S3US 'lA6OS 73 VI6DA6EA. O F7IO 3 O 73S3S'3RO S;O AS 9OREAS GU3 U(I<IHAMOS 'ARA ,O67UHI4<O AO S3U OB:3(IVO. 'OR 9AVOR! 'RO,UR3 6A R3,3'E;O A I69ORMAE;O A73GUA7A 'ARA O S3U ,ASO 3 ,O6(3 com 6OSSO SIS(3MA 'OIS 3<3 6U6,A 9A<*AI. E abai/o da inscri$o estava assinado> IOS MADOS 7A M36(3I. *odo a0uele conjunto ar0uitet8nico fora ent$o elaborado com a finalidade de abrigar esp2ritos dedicados a planos funestos de vingana. Era toda uma organi-a$o das trevas, com os re0uintes da modernidade, da tecnologia e os demais recursos 0ue o homem encarnado conhecia na atualidade, mas 0ue certamente iriam alm, com possibilidades 0ue n5s mesmos desconhec2amos. Entramos no elevador, ou algo parecido, acompanhando o esp2rito desdobrado de Erasmino, 0ue permanecia sob dom2nio invis2vel. 7ubimos vrios andares e paramos em local desconhecido, onde havia nova placa, com os di-eres> IA<A 73 ,IJ6,IAS 'SI,O<FDI,ASI. 7eguimos Erasmino por e/tenso corredor, por onde trafegava grande 0uantidade de esp2ritos, en0uanto outros esperavam sentados = porta de algumas salas, como se esperassem para ser atendidos. Favia placas de ISI<J6,IOI em vrias portas, como se fossem consult5rios de moderno edif2cio. % moo desdobrado parou mecanicamente em frente a uma porta, 0ue se abriu assim 0ue ele chegou. Entrou silencioso, e n5s o acompanhamos. A sala era imensa, consideradas as propores de outras semelhantes na *erra, com decora$o esmerada e uma luminosidade avermelhada envolvendo todo o apartamento. 5veis modernos foram moldados na matria astral, de maneira a lembrar um consult5rio de psicanlise da 4rosta. 7entado atrs de algo 0ue se afigurava uma escrivaninha, estava um esp2rito de apar3ncia grave, estatura 10
alta, trajando um moderno terno preto, 0ue, se visto por algum da 4rosta, seria considerado de e/tremo bom gosto. Era um perfeito 9gentleman9, como o chamariam os encarnados. Em frente a ele, sentado numa cadeira de recosto, um velho, n$o t$o arrumado como o outro, aparentando mais ou menos sessenta anos de idade, e, mais ao fundo, dois outros esp2ritos de apar3ncia jovem, impecavelmente trajados, com cabelos longos presos atrs, formavam o grupo 0ue ali encontramos. *udo me parecia muito estranho, mas Arnaldo pediu-me para observar apenas, pois mais tarde ter2amos como retomar ali, para reali-ar alguma tarefa 0ue teria rela$o com o caso. 4 Eis nosso pupilo - falou o esp2rito 0ue parecia comandar a situa$o. -'eja como obedecemos a influ3ncia. Aos poucos, ir se submetendo ao nosso dom2nio, at 0ue esteja totalmente = nossa merc3. - as voc3s ir$o acabar com ele para mim Esse miservel n$o me escapar, e espero 0ue tenham condies de fa-er o mesmo com a0uela bru/a velha 0ue se di- ser m$e dele - falou o outro esp2rito 0ue parecia mais velho, o responsvel pela desdita de Erasmino. - 4laro, claro - redarg:iu o outroafinal, voc3 nosso cliente, e a0ui n5s n$o brincamos em servio. '3 meus dois amigos ali@ - apontou para os dois esp2ritos 0ue se mostravam mais jovens - 7$o meus melhores magneti-adores. Elial e Dario. 7$o, na verdade, dois e/celentes psic5logos e conhecem a fundo os problemas da alma humana. *rabalham diretamente sob o comando central. 'eja como atuam e se certifi0ue de 0ue n5s cumprimos o 0ue prometemos. Ainda 0uando falava, os dois esp2ritos condu-iram Erasmino at um div$ e o fi-eram deitar-se. Elial postouse a um lado, en0uanto Dario locali-ouse num pe0ueno assento pr5/imo = cabea de Erasmino. % primeiro aplicava-lhe intensas radiaes magnticas na regi$o do bulbo ra0uidiano, e o outro falava mansamente, com um tom mon5tono> Erasmino, Erasmmo. 'oc3 ouve apenas a minha vo-. 7inta-se em casa, sereno e tran0:ilo. 7ua mente agora a minha mente, seus pensamentos os meus pensamentos. 'oc3 est cada ve- mais sob o meu dom2nio. 'oc3 est aos
poucos perdendo a identidade. ergulha no passado. +$o se encontra mais no presente... Aos poucos, a entidade projetava sobre Erasmino intenso magnetismo, en0uanto continuava> - 'olte ao passado. 'olte ao passado. 'olte. 'olte. 'oc3 est cada ve- mais retomando, em outro tempo, outra poca. )embre-se, voc3 n$o se chama mais Erasmino. 7eu nome outro. % tempo outro. Estamos em seu passado. 4enas singulares se desenrolaram, ent$o. Envolvendo as entidades magneti-adoras, como numa proje$o hologrfica, foram se passando cenas e mais cenas, como num filme, mas em sentido contrrio. !arecia 0ue estavam mergulhando em mem5rias do tempo, e, em todas essas projees 0ue, como uma nvoa, os envolviam, podia-se ver a figura de Erasmino, em vrias situaes. 7ua mente parecia irradiar estranhas vibraes. 4ontorcia-se sob o poder magntico da0ueles esp2ritos, 0ue continuavam sua estranha tarefa> - 'oc3 est bem. uito bem. antenha-se agora fi/o nessas recordaes. Depois n5s iremos mais longe no tempo. 'oc3 se manter nesta situa$o. Est sob o dom2nio de nossas vo-es... %s esp2ritos 0ue observavam de longe sorriam, parecendo satisfeitos com o 0ue acontecia %uvimos o dirigente das trevas falar> - *emos a0ui os modernos recursos de fa-er 0ual0uer um retomar ao seu passado. as n$o podemos fa-er milagres. *emos 0ue ir devagar. &m pouco em cada sess$o. Depois 0ue for despertado todo o seu crime, ele estar irremediavelmente em nossas m$os. !or ora o ligaremos a alguns fatos desagradveis de seu passado mais recente. Depois, atravs da indu$o, estar em suas m$os. +5s o entregaremos a voc3, como nos encomendou. A um sinal seu, os dois magneti-adores interromperam a estranha terapia do mal. 4ontinuou> - 4omo sabe, nosso trabalho tem um preo. - 7im; 7im; Eu sei e estou disposto a tudo para me vingar... - !ois bem; 'oc3 tem muitos contatos entre os do submundo, e n5s temos interesses em comum... 11
As entidades diab5licas discutiam planos de destrui$o e interfer3ncia no progresso individual e coletivo. Dario, esp2rito de apar3ncia jovem, bem apresentado, olhos a-uis intensos e sorriso largo, a um sinal do chefe condu-iu Erasmino para fora da0uele prdio, levando-o para outra ala. Acompanhando-os, entramos em outro ambiente- estava escrita a seguinte frase no portal de entrada> IA<A 73 IM'<A6(3S 3 ,IRURDIASI. %lhei para Arnaldo e, a um sinal seu, permaneci calado, observando. Diante de nossa vis$o espiritual, surgiu um estranho laborat5rio na0uela constru$o das sombras. Aparelhos estavam espalhados por toda a ala, dispostos de maneira e/tremamente organi-ada. Esp2ritos vestidos de branco, parecendo enfermeiros e mdicos, transitavam entre a aparelhagem, em perfeita disciplina e sil3ncio. !arecendo um moderno computador, estava sobre uma mesa, um aparelho 0ue mostrava contomos de um corpo humano em tr3s dimenses, e, mais afastadas vrias 9macas9, o 0ue sugeria uma sala de cirurgia. Erasmino esp2rito, 0ue fora para l condu-ido, como hipnoti-ado, sob o dom2nio de Dario, deitado sobre a maca em dec.bito ventral, esperava a interven$o diab5lica dos esp2ritos trevosos. A organi-a$o era levada ao m/imo de importEncia. &m dos esp2ritos vestidos de branco apro/imou-se de Dario e, ap5s trocar breves palavras, dirigiu-se ao 0ue se assemelhava a um computador. #alando algo por uma espcie de microfone, recebeu as informaes de 0ue necessitava, en0uanto a imagem hologrfica de Erasmino aparecia diante de si. Era a e/trema tcnica a servio das trevas. Dirigiu-se, ent$o, para a maca onde o esp2rito desdobrado do rapa- se encontrava e comeou uma estranha cirurgia. !e0ueno aparelho foi implantado em determinada regi$o do crebro perispiritual de Erasmino, para produ-ir impulsos e imagens mentais, caso a tcnica de indu$o psicol5gica falhasse. Eram e/tremamente rigorosos em suas reali-aes e n$o cometiam nenhuma imprud3ncia. *udo previram na0uele caso doloroso, mas n$o sabiam da nossa presena no local, por estarmos em vibra$o mais elevada.
7eus aparelhos n$o captavam nossa presena espiritual, nem eles tinham condies de detectar nossa vibra$o, por se locali-arem em fai/a mental inferior, com objetivos ign5beis. As artimanhas das trevas poderiam ser consideradas perfeitas, n$o fossem suas reais intenes. Dario falava com o mdico das trevas, com vo- pausada e educa$o esmerada. Ap5s a cirurgia, 0ue n$o durou mais 0ue alguns minutos, Erasmino foi liberado pela falange do mal, 0ue permanecia em col50uio sombrio. En0uanto conversavam, Erasmino foi retomando pelo mesmo caminho por onde viemos, e acompanhamo-lo de volta, anotando todos os detalhes da situa$o. Dei/amos as perversas entidades no seu estranho conluio, e segui calado o companheiro Arnaldo, 0ue me falava> - '3, meu amigo, como os esp2ritos trevosos s$o organi-ados@ +este prdio, encontra-se um dos postos mais avanados das sombras. +ele trabalham cientistas 0ue se especiali-aram em doenas vir5ticas, em epidemias e processos re0uintados de interfer3ncia nas estruturas celulares dos irm$os encarnados. %utros, psic5logos, psi0uiatras e psicanalistas, os 0uais, como estes 0ue presenciamos, s$o especialistas nas 0uestes da mente, nas modernas tcnicas de psicoterapia, com objetivos diab5licos, pretendendo atuar diretamente nas mentes de dirigentes mundiais, em pessoas 0ue ocupam cargos importantes no mundo terreno, em religiosos, pastores e dirigentes espirituais, pelo uso do magnetismo, 0ue sabem manipular com maestria. *oda essa organi-a$o utili-a os modernos mtodos desenvolvidos na *erra. Entretanto, fa-em-no para prejudicar, atrasando o progresso da humanidade, pois sabem 0ue bem pouco tempo lhes resta para continuarem com seus dese0uil2brios, espalhando a infelicidade na morada dos homens> em breve poder$o ser banidos da psicosfera do planeta e n$o ignoram o destino 0ue podem ter. %s esp2ritos infeli-es 0ue lhes contratam os servios especiali-ados, se mant3m a eles ligados por processos 0ue n$o compreendem, pois eles mesmos se enganam com o poder ilus5rio 0ue julgam possuir. *entam fa-er-se deuses e s$o, na realidade, apenas homens, embora desenfei/ados do corpo carnal. 12
- as eu n$o esperava 0ue estes esp2ritos fossem t$o re0uintados em suas aes e mtodos... - falei para Arnaldo. - uitos pensam, inclusive os esp2ritas, 0ue as entidades das trevas s$o esp2ritos 0ue pararam no tempo e 0ue se utili-am ainda de mtodos anti0uados de dom2nio, 0uais os 0ue se utili-avam na "dade dia da *erra, ou nas civili-aes mais antigas 0ue desapareceram ao longo dos sculos. +o entanto, podemos observar 0ue tais criaturas infeli-es, como os homens na 4rosta, se disfaram sob o manto enganador das apar3ncias, das construes suntuosas, sob o abrigo da vaidade e do orgulho mal-dissimulados e, como os homens terrestres, guardam sob essa apar3ncia a sordide- do carter inferior, a servio de intenes inconfessveis. *ambm as foras das trevas t3m o re0uinte da civili-a$o. 4alados, seguimos Erasmino de volta ao ambiente domstico onde repousava seu corpo f2sico. De olhos esbugalhados, apro/imou-se do ve2culo de carne e justap8s-se a ele, embora permanecesse entre o sono e a vig2lia. - *emos 0ue condu-i-lo imediatamente a tratamento - falou Arnaldo. - *eremos 0ue procurar ajuda em mais de um lugar. !or en0uanto, os danos s$o revers2veis, mas teremos 0ue apressar a ajuda. %ramos juntos e partimos para outros s2tios = procura de socorro. V 'rimeiros contatos Dona +i0uita resolveu procurar orienta$o na tenda de &mbanda .K 0ue "one fre0:entava. Embora um pouco apreensiva, pois achava "one um pouco m2stica, n$o conhecia outra maneira de ajudar seu filho. 'enceu as primeiras barreiras criadas pela desinforma$o e p8s-se a caminho. A tenda umbandista ficava do outro lado da capital, em bairro afastado da regi$o central. D. +i0uita nem ao menos viu o barulho e a confus$o do trEnsito, tais as suas preocupaes. "a acompanhada de "one, 0ue falava o tempo todo, como se tempo todo, como se 0uisesse cate0ui-ar a companheira e tom-la umbandista tambm. D. +i0uita n$o estava interessada em outra coisa diferente da melhora do filho. !ara ela nada mais importava. Estava disposta a tudo e, como boa cat5lica 0ue era, estava armada com o seu rosrio e uma de-ena de
nomes de santos na cabea, re-ando a 7alve-,ainha e dirigindo-se a uma tenda para falar com os 9guias9, como "one chamava os orientadores espirituais da religi$o. &mbanda. &m mistrio envolve de tal forma essa manifesta$o religiosa 0ue se toma dif2cil para o leigo saber a sua origem e o seu significado. 7eus rituais tomaram-se t$o misteriosos 0ue os brasileiros com o seu misticismo natural, foram e/plorados por a0ueles 0ue nenhum escr.pulo tinham em rela$o = f alheia. as essa n$o caracter2stica da &mbanda. !or todo lugar onde h o sentimento religioso, manifestam-se pessoas inescrupulosas, 0ue abusam da f alheia. !rotestantes, cat5licos, esp2ritas, espiritualistas, esotricos e tambm umbandistas n$o est$o livres do comrcio e do abuso das almas alucinadas. as, no Hrasil, essa terra abenoada onde as pessoas preferem julgar antes e, talve-, conhecer depois, a &mbanda, por se manifestar, na maioria das ve-es, para a0ueles possuidores de uma alma mais simples, de uma f menos e/igente 0ue os tomam v2timas dos pretensos sbios e donos da verdade, recebeu uma marca, um r5tulo, 0ue aos poucos, somente aos poucos, vai-se desfa-endo. "sso ocorreu tambm devido =s manifestaes de sectarismo religioso, antifraterno e anticrist$o de uma minoria, o 0ue gerou o preconceito contra os rituais da &mbanda, seu vocabulrio, suas devoes. Esse preconceito meio velado 0ue fa-ia D. +i0uita armar-se contra tudo. !reparou o tal$o de che0ues, pois ouvira falar 0ue nestes lugares se cobrava, e muito, para reali-ar um 9trabalho9, 0uem sabe algum despacho ou 9eb59, como ouvira algum dia na televis$o. as bem 0ue tinha uma certa inclina$o para essas coisas. Embora fosse cat5lica apost5lica romana, de ve- em 0uando recorria =s re-as, aos ben-imentos e a outras possibilidades 0ue "one lhe ensinava, mesmo por0ue 9"one uma mdium muito forte, s5 n$o desenvolvida. as o 0ue importa@ dium mdium9, pensava ela em sua ignorEncia das coisas espirituais. Dentro do carro, olhava para "one meio desconfiada, imaginando encontrar no 9centro9 toda uma parafernlia de instrumentos de culto, animais para serem mortos, velas e defumadores, cEnticos estranhos e muita cachaaA afinal, n$o era assim 13
0ue falavam nos comentrios de televis$o, e n$o era assim 0ue a 9caridade9 do povo se referia ao culto@ *alve- encontrasse tambm um povo es0uisito, vestido com roupas espalhafatosas, com imensos colares e/travagantes pendentes do pescoo e fumando charutos. - Ai, meu Deus; - Dei/ou escapar D. +i0uita. - %nde me meti@ - % 0ue foi 0ue a senhora disse, D. +i0uita@ - perguntou Done, 0ue se distra2ra. - *udo bem; *udo bem; Eu fao tudo por meu filho. Estava apenas re-ando so-inha - mentiu. Apro/imaram-se do local, 0ue tinha aspecto agradvel e era locali-ado em rua arbori-ada. Antes de chegar, p8de ver muitos carros parados em frente a uma casa de aspecto simples, mas de bom gosto. !araram o carro e desceram. D. +i0uita conservava-se pensativa e esperava ver a multid$o de gente 9es0uisita9 entrando escondida em algum lugar escuro e de aspecto diferente. Esta foi a sua primeira decep$o. Deparou com pessoas alegres, joviais, efusivas. #oi recebida com imenso carinho, en0uanto Done a apresentava aos amigos, 0ue lhe cumprimentavam com um 9sarava9, frase caracter2stica de nossos irm$os umbandistas. Adentrou a casa ou tenda, como era chamada pelos fre0:entadoresA ent$o teve mais uma surpresa e, 0uem sabe, uma decep$o. +ada de ambiente escuro, malcheiroso nem de pessoas diferentes. Encontrou pessoas normais. *$o normais 0uanto ela mesma. 7orridentes, porm, respeitosas pelo ambiente onde se encontravam. % cheiro de rosas e outras ervas 0ue n$o p8de identificar enchia o ambiente de um agradvel odor, 0ue lhe fa-ia imenso bem. #oi acalmando-se intimamente. % efeito das ervas aromticas foi aos poucos estabelecendo a0uele estado 2ntimo de intensa tran0:ilidade. 4heiro suave e agradvel. +ada do 0ue imaginara anteriormente. % sal$o era de uma simplicidade 0ue desafiava tudo 0ue pensara antes. Favia cadeiras dispostas com regularidade para a assist3nciaA ao fundo, uma mesa, 0ue servia de altar, com uma imagem de 6esus de +a-ar,
duas velas acesas ao lado e copos com gua formavam a maior parte dos utens2lios do culto. *udo simples. uito simples. Entre o altar e a assist3ncia havia uma divis$o com um espao relativamente grande, 0ue D. +i0uita n$o sabia para 0ue servia. Ela, porm, estava desarmada, decepcionada com a simplicidade do ambiente. "one apro/imou-se de D. +i0uita e condu-iu-a para outra reparti$o da tenda, um pe0ueno c8modo onde ela seria entrevistada por um companheiro da 4asa. - +$o me dei/e so-inha, pelo amor de Deus; - 1ue isso, amiga@ #i0ue tran0:ila; 75 vamos anotar-lhe os dados para registro. Entraram no pe0ueno aposento, e p8de notar uma escrivaninha com duas cadeiras em frente e um retrato fi/o na parede dos fundos. Era de um preto velho, simptico e orridente, 0ue olhava para o alto como se estivesse fi/ando as nuvens num cu de anil. &m senhor a atendeu com e/press$o de carinho e perguntou-lhe> - B a primeira ve- 0ue vem a uma tenda de &mbanda@ %lhando para "one, demorou a responder> - 7im; 4laro; A minha amiga me convidou, sabe@ Eu estou com uns probleminhas. +a verdade n$o sou eu, o meu filho, sabe@ - +$o se preocupe, senhoraA tudo a seu tempo. Eu apenas pergunto para saber 0uanto conhece a respeito do nosso culto. 4omo seu primeiro contato com a &mbanda, n5s nos colocamos = disposi$o para 0ual0uer esclarecimento =s suas d.vidas e pedimos 0ue se sinta = vontade em nosso meio, pois a0ui somos uma fam2lia. *odos a0ui tra-emos problemas por solucionar, mas graas a nosso !ai ?rande, estamos unidos para tentar tambm au/iliar os outros, na medida do poss2vel. Ap5s a conversa inicial, D. +i0uita ficou mais calma. +o entanto, pensava em 0uanto cobrariam para fa-er o 9trabalho9 para seu filho. 7er 0ue teria dinheiro bastante@ #oi condu-ida para o local da assist3ncia e sentou-se junto = companheira "one. !8de observar tambm 0ue a maioria das pessoas estava de branco e se ajoelhava no 14
ch$o para orar. "mitou-os no procedimento. %rou. %rou com um sentimento 0ue nunca tivera antes. )grimas vieram-lhe = face. #oi despertada desse estado elevado de consci3ncia 0uando "one tocou-lhe de leve, entregando-lhe um papel com algo escrito. )evantou-se lentamente, sentou-se e abriu o papel. % 0ue estava escrito bastou para 0ue se desfi-esse 0ual0uer barreira 0ue porventura ainda restasse. )eu ent$o com todo o interesse de sua alma. 7aciou sua sede e satisfe- sua curiosidade. Desarmou-se ante o 0ue estava escrito. Abriu seu cora$o para as 9claridades de Amanda9, como di-em os nossos irm$os, e p8de ent$o compreender 0ue julgara mal a0uelas pessoas e 0ue, se estava ali precisando da ajuda delas, n$o tinha o direito de manter barreiras no cora$o. % folheto di-ia simplesmente> IMeu filho! minha filha. Gue as %-n1os do nosso 'ai Maior este+am em sua vida. Sarava. Voc- est numa tenda um%andista. (alve$ voc- no tenha vindo a ui &or livre escolha. (alve$ as dificuldades da vida lhe tenham indicado o caminho. Guem sa%e! a curiosidade natural ue invade seu cora1o. Mas no im&orta. Voc- est a ui. 3 n.s! tam%m. Gueremos esclarecer a voc- ue neste recinto reina a disci&lina e o res&eito &or nossos "uias e &elas leis da Um%anda. A ui se &ratica a caridade e! &or isso mesmo! no se co%ra nada &elas ora12es e &elos conselhos ue a ui so &restados. Somos tra%alhadores do 'ai Maior e no temos outro o%+etivo ue no se+a servir de instrumentos &ara ue os "uias reali$em seu tra%alho. 6o tratamos de nenhum assunto ue &ossa &re+udicar ao &r.ximo. 6o fa$emos des&achos! oferendas ou matan1as de animais. 6ossa lei maior chama4se UMBA67A e! &ara n.s! si"nifica unio! caridade! rescimento e inte"ra1o com a lei da vida. Se+a %em4 vindo! vi%re harmonia! %em4estar e &ros&eridade! e ue os "uias iluminem sua vida &ara encontrar a res&osta aos seus uestionamentos e a solu1o &ara suas dificuldades. Sarava os "uias da Um%andaK L Sarava o 'ai MaiorKI .LM - Ent$o, havia muito compromisso por parte da0uelas pessoas@ "sso 0ueria di-er 0ue as informaes 0ue ouvira de
uma e outra fonte estavam e0uivocadas@ eu Deus, como a gente fa- idia errada das pessoas... pensava consigo mesma. A tenda comeou a encher de gente, e logo n$o havia mais lugar. 4omearam, ent$o, a cantar. %s cEnticos sagrados da &mbanda realmente cont3m um profundo significado. Era hora da invoca$o dos guias e mentores do culto, a 0ual se reali-ava atravs dos cantos e das oraes. % gong j estava preparado, e os filhos da tenda se encontravam em seus lugares, todos de branco, en0uanto as rosas e as folhas aromticas envolviam o ambiente com seus odores balsami-antes. %s hinos sagrados comeavam a vibrar no recinto> I ,omo cheira a Um%andaK A Um%anda cheiraK ,heira cravo e cheira rosas! cheira flor de laran+eira..L? 'ibraes intensas envolviam o ambiente, e desde o momento em 0ue chegamos pudemos perceber isso. Desencarnados e encarnados vinham ali em busca de algo. 4hegamos cedo, a meu pedido, pois desejava obter informaes e fa-er algumas observaes, 0ue, para mim, eram muit2ssimo importantes. % caso Erasmino me inspirava dedica$o, e gostaria de participar de todos os lances. omentos atrs, 0uando D. +i0uita penetrou no sal$o principal, j nos encontrvamos l, e deste lado da vida as coisas se passavam bastante interessantes. #omos apresentados a uma entidade 0ue estava postada junto = soleira da porta. % esp2rito parecia um soldado, 0ue estava de prontid$o para manter a ordem e a disciplina. ) fora v2ramos outros, 0ue estavam em pontos estratgicos, em tomo de todo o 0uarteir$o onde se locali-ava a constru$o f2sica da tenda. "mpunham respeito e -elavam pela disciplina do lugar. Eram perfeitos cavalheiros. &m deles, a 0uem fomos apresentados, atendeu-nos sol2cito e encaminhou-nos ao responsvel espiritual pelos trabalhos da noite. Apro/imou-se de n5s um esp2rito trajando terno a-ul marinho, alto e de bigodes emoldurando a face sorridente. Era o irm$o Anselmo. 'inha acompanhado de outro esp2rito> uma senhora de cor negra, 0ue se vestia com os trajes t2picos da poca do Hrasil 15
col8nia. 7ua aura envolvia-nos a todos, e uma bondade profunda irradiava-se de sua presena, tomando-a respeitada por todos os outros esp2ritos 0ue ali trabalhavam. Eram os responsveis pelas atividades da0uela tenda de &mbanda, o irm$o Anselmo e a irm$ Eu-lia, 0ue, sorrindo, nos cumprimentaram com um abrao fraternal. - eu nome Arnaldo - falou o meu companheiro. - Estamos em tarefa de socorro, e, com certe-a, j foram informados pelos nossos irm$os maiores a respeito de nossa vinda. 4 4laro, meu irm$o; - falou Anselmo. - 7omos, a0ui, todos aprendi-es, e creio 0ue poder$o nos au/iliar muito nas tarefas 0ue possamos desenvolver em comum. Esta nossa irm$ Eu-lia, nossa mentora, responsvel por nossas atividades. - 1ue isso, Anselmo@ - Dessa forma voc3 me dei/a sem jeito redarg:iu a bondosa entidade. L 7omos trabalhadores da mesma causa e estamos a0ui para fa-er o melhor 0ue pudermos para o au/2lio a 0uantos Deus nos envia. 7intam-se em casa, meus filhos. A partir da2, estabeleceu-se um clima de verdadeira fraternidade e ami-ade entre n5s. Anselmo nos orientava com carinho 0uanto a tudo 0ue perguntvamos, ou melhor, 0ue eu perguntava, pois n$o abandonara ainda o meu hbito de esp2rito perguntador. +$o consegui dei/ar na *erra a minha curiosidade, 0ue at hoje me acompanha como marca registrada. Afinal, mesmo deste lado da vida tem muita gente 0ue se julga possuidora da verdade, o 0ue um ledo engano. *ambm para esses eu escrevo. A0ui temos tambm muita literatura, e algum 0ue se acostumou a ser rep5rter 0uando encarnado encontra a0ui mil e uma situaes =s 0uais poder se dedicar. E olha 0ue tem muito esp2rito interessado em nossas not2cias. as, dei/ando de lado essa minha mania de defunto metido a rep5rter do alm, vamos ao 0ue interessa realmente. %lhei por todo o ambiente e pude notar uma luminosidade a-ul com refle/os dourados envolvendo a todos 0ue entravam. 4urioso, ensaiei uma pergunta para Anselmo, en0uanto Arnaldo se afastava com Eu-lia para tratar do caso 0ue viemos acompanhar. % meu novo amigo n$o se fe- de rogado e e/plicou-me sol2cito>
- Acho 0ue voc3 est t$o interessado nos assuntos da &mbanda 0ue n$o olhou bem o 0ue acontece = sua volta. 1uem dera 0ue outros esp2ritos pudessem se dedicar a uma pes0uisa, como voc3 est se propondo fa-er, e levassem para os nossos irm$os da 4rosta as informaes corretas. En0uanto ele falava, eu fui olhando o ambiente com mais aten$o. Ao lado da porta de entrada havia dois esp2ritos, 0ue estavam magneti-ando todos 0ue passavam por eles. &m assemelhava-se a um 2ndio pelevermelha, com uma indumentria jogada sobre o ombro, de porte altivo, srio, porm, sem ser grave. *ra-ia um recipiente nas m$os e espargia uma espcie de mistura de ervas maceradas em todas as pessoas. Do outro lado da porta um aut3ntico preto velho, porm, nem t$o velho assim. *ra-ia nas m$os um estranho instrumento, 0ue Anselmo identificou como sendo um tur2bulo ou incensrio, movendo-o em tomo das pessoas 0ue entravam na tenda, en0uanto o objeto e/alava uma fumaa de cheiro adocicado, de forma 0ue ningum 0ue passasse por a0uela porta ficasse sem os efeitos do 0ue lhes era ministrado. - Esses s$o companheiros 0ue na *erra se especiali-aram no cultivo e na manipula$o de ervas. A0ui deste lado, alm de irradiarem fluidos de sua aura pessoal, continuam com o mesmo trabalho, au/iliando 0uanto possam para o benef2cio geral - falou-me Anselmo. - %bserve bem a0uele companheiro 0ue entra no sal$o. Entrava um senhor de semblante grave, estatura alta, acompanhado por uma jovem, 0ue segurava em sua m$o. % preto velho e o 2ndio fa-iam o 0ueM eu chamava de ritual, envolvendoo em suas vibraes. Apro/imei-me mais para melhor observa$o e pude notar no senhor uma grande 0uantidade de energias 0ue se mesclavam em tonalidades de cin-a e verde escuro, envolvendo-o na regi$o do chacra frontal e do ple/o solar. *ra-ia impregnado em seu campo urico, algo semelhante a uma lagarta, 0ue parecia sugar-lhe as energias. 1uando a fumaa flu2dica envolveu-o, comearam a cair no ch$o algumas postas de uma massa 0ue se assemelhava a carne crua, guardando a peculiaridade de parecer viva, pois me/ia-se constantemente. 1uando o 16
2ndio espargia a gua, com propriedades desconhecidas para mim, sobre o senhor, ela ca2a sobre o parasita e o desfa-ia, derretendo-o, como se fosse um cido 0ue, derramado sobre a estranha criatura, a desmateriali-asse. #i0uei abobalhado com o 0ue vira. Eram verdadeiramente diferentes os mtodos empregados, mas, sem sombra de d.vida, eram efica-es. Anselmo socorreu-me a curiosidade novamente> - '3, meu amigo, como esses companheiros promovem a limpe-a magntica nas auras dos irm$o encarnados@ &tili-am-se de recursos 0ue cot) t2in. 'oc3 n$o ignora 0ue todas as coisas t3m magnetismo pr5prio, e a0ui, deste lado da vida, -estruturas astrais das plantas, com a vibra$o 0ue os esp2ritos conseguem canali-ar da nature-a, s$o medicamentos efica-es, 0ue nas m$os de 0uem conhece, se transformam em potentes instrumentos de au/2lio, e/purgando larvas e criaes mentais inferiores do campo magntico dos companheiros encarnados e mesmo desencarnados. A nature-a guarda segredos 0ue estamos longe de compreender em sua totalidade. A0ui nada se perde. *odo conhecimento utili-ado para o trabalho de au/2lio. *oda e/peri3ncia aproveitada nas tarefas, porm, obedecemos a um critrio, como ver depois. 4omecei a aprender 0ue, em 0ual0uer lado da vida 0ue nos encontremos, nossas e/peri3ncias, nosso conhecimento, mesmo 0ue sejam incompreendidos por uma multid$o, poder$o ser .teis no servio ao pr5/imo. A0uele caboclo e a0uele preto velho eram esp2ritos de uma sabedoria 0ue desafiava muitos sbios da 4rosta e mesmo muitos desencarnados. Em sua simplicidade e pure-a de intenes, au/iliavam 0uanto podiam, dando sua cota de contribui$o. 7egui Anselmo e observei igualmente o gong, o local onde se concentravam as atenes de todos. Era uma espcie de altar, utili-ado para as re-as 0ue se destinavam a encarnados e desencarnados. Anselmo, desta ve-, e/plicou sem 0ue eu perguntasse> - uitas pessoas necessitam ainda de algo 0ue funcione como muletas psicol5gicas, a fim de desenvolverem seu potencial. as, a0ui, o 0ue acontece bem diferente. %
altar, os objetos de culto e todo o simbolismo 0ue utili-amos, como os pontos riscados e cantados, as chamadas curimbas, visam compor o 0ue chamamos de bateria magntica. B uma espcie de bateria ps20uica 0ue concentra as energias de 0ue precisamos para as tarefas 0ue reali-amos. +a &mbanda lidamos com fluidos =s ve-es muito pesados, com magnetismo elementar, e uma grande 0uantidade de pessoas 0ue a0ui v3m em busca de recursos n$o conseguem ainda compreender o verdadeiro objetivo da &mbanda. <s ve-es, muitos umbandistas tambm n$o lhe compreendem os mistrios sagrados. Esse altar, o gong, usando terminologia pr5pria da &mbanda, uma verdadeira concentra$o energtica. *odos concentram a2 seus pensamentos, suas oraes, suas criaes mentais mais sutis. Ent$o, 0uando precisamos de uma cota energtica maior para desenvolver certas atividades, s5 recorrermos a esse 9dep5sito9 de energias, pois o altar tambm um intenso reservat5rio de ectoplasma, fora nervosa grandemente utili-ada por nossos trabalhadores, em vista da nature-a das nossas atividades. %s cEnticos, alm de identificarem cada esp2rito 0ue se manifesta, servem igualmente como condensadores de energia, uma espcie de mantra, 0ue s$o palavras consagradas por seu alto potencial de capta$o energtica. B a fora mgica da &mbanda. %bservei o ambiente espiritual da tenda ou terreiro. < medida 0ue o povo cantava em ritmo pr5prio, parecia 0ue imensa 0uantidade de energia luminosa ia se formando por cima da assist3ncia, segundo o 9ponto9 cantado. De cores variadas, as energias iam se aglutinando na psicosfera ambiente e depois eram absorvidas pelas auras de 0uantos ali estavam, alm de se agregarem em tomo do gong. % fen8meno era maravilhoso de se ver. Em meio ao redemoinho de energias, esp2ritos 0ue se manifestavam na forma de crianas canali-avam esses recursos para os assistentes, 0ue estremeciam ao receber o cho0ue energtico. Eram os fluidos 0ue os atingiam e desestruturavam as criaes mentais inferiores, os miasmas e os demais parasitas 0ue se encontravam nas auras dos participantes. 17
+$o tive coragem de falar nada. Aprendia 0ue tudo ali, na0uela tenda, tinha uma finalidade espec2fica. Anselmo, porm, continuou> - "sso n$o 0uer di-er 0ue todos a0ui saibam o 0ue se passa em nosso plano. !ara muitos, tudo isso significa apenas uma forma de se adorar ou de se prestar culto =s foras da nature-a ou um elo de uni$o com guias e mentores da &mbanda, mas estamos trabalhando para 0ue os nossos mdiuns se esclaream cada ve- mais e compreendam as leis 0ue regem as atividades deste lado da vida. 6 obtivemos muitos resultados e cremos 0ue conseguiremos, com o tempo, sensibili-ar a muitos, embora as dificuldades naturais 0ue encontramos por parte de dirigentes, mdiuns e fre0:entadores 0ue teimam em continuar na ignorEncia do 0ue ocorre, transformando tudo em misticismo. as n$o importa; 4ontinuamos a nossa tarefa de espirituali-ar a &mbanda e fa-3-la mais compreendida por nossos irm$os. Aventurei-me, ent$o, a perguntar a respeito de algo 0ue me chamara a aten$o desde 0ue chegara na tenda. 1uem eram a0ueles esp2ritos 0ue pareciam guardar a entrada do local@ !areciam soldados de um e/rcito de desencarnados. - A0ueles s$o os guardi$es, meu caro Jngelo, s$o os esp2ritos responsveis pela disciplina e pela ordem no ambiente. Em muitas tendas ou terreiros, s$o conhecidos como e/us. !ara n5s, s$o companheiros e/perimentados, em vrias encarnaes, em servio militar, em estratgias de defesa, ou mesmo simples trabalhadores 0ue se fa-em respeitar pelo carter forte e pelas vibraes 0ue emitem naturalmente. Eles se encontram em tarefa de au/2lio. 4onhecem profundamente certas regies do submundo astral e s$o temidos pela sua rigide- e disciplina. #ormam, por assim di-er, a nossa fora de defesa, pois n$o ignora 0ue lidamos, em um n.mero imenso de ve-es, com entidades perversas, esp2ritos de bai/a vibra$o e verdadeiros marginais do mundo astral, 0ue s5 reconhecem a fora das vibraes elementares, de um magnetismo vigoroso, e personalidades fortes 0ue se impem. Essa, a atividade dos guardi$es. 7em eles, talve-, as cidades estariam = merc3 de tropas de esp2ritos vEndalos ou nossas atividades
estariam seriamente comprometidas. 7$o respeitados e trabalham = sua maneira para au/iliar 0uanto possam. 7$o temidos no submundo astral, por0ue se especiali-aram na manuten$o da disciplina por vrias e vrias encarnaes. - 1uer di-er, ent$o, 0ue estes s$o os chamados e/us@ as, 0uando se fala neles, as pessoas os julgam seres infernais ou assassinos, e at mesmo certos umbandistas passam essa idia a respeito deles. - E/iste muita desinforma$o e falta de estudo, principalmente nos meios 0ue se di-em umbandistas. +a verdade, prolifera um n.mero acentuado de manifestaes religiosas de cunho medi.nico 0ue utili-am do nome da &mbanda para se caracteri-arem perante a sociedade dos homens, mas a verdadeira &mbanda uma religi$o 0ue destitu2da de misticismo em seus fundamentos, o 0ue mais tarde poderemos esclarecer a voc3. A0ui, no entanto, nos deteremos, para esclarecer melhor o assunto. uitos do pr5prio culto confundem os e/us com outra classe de esp2ritos, 0ue se manifestam = revelia em terreiros descompromissados com o bem. +a &mbanda a caridade lei maior, e esses esp2ritos, com aspectos os mais bi-arros, 0ue se manifestam em mdiuns s$o, na verdade, outra classe de entidades, esp2ritos marginali-ados por seu comportamento ante a vida, verdadeiros bandos de obsessores, de vadios, 0ue vagam sem rumo nos subplanos astrais e 0ue s$o, muitas ve-es, utili-ados por outras intelig3ncias, servindo a prop5sitos menos dignos. Alm disso, encontram mdiuns irresponsveis 0ue se sintoni-am com seus prop5sitos inconfessveis e passam a sugar as energias desses mdiuns e de seus consulentes, e/igindo 9trabalhos9, matanas de animais e outras formas de satisfa-erem sua sede de energia vital. 7$o conhecidos como os 0uiumbas, nos pEntanos do astral. 7$o maltas de esp2ritos delin0:entes, = semelhana da0ueles homens 0ue atualmente s$o considerados na *erra como irrecuperveis socialmente, merecendo 0ue as hierar0uias superiores tomem a decis$o de e/purg-los do ambiente terrestre, 0uando da transforma$o 0ue aguardamos no pr5/imo mil3nio. %s mdiuns 0ue se sintoni-am com essa 18
classe de esp2ritos desconhecem a sua verdadeira situa$o. Depois, e/iste igualmente um misticismo e/agerado em muitos terreiros 0ue se di-em umbandistas e se especiali-am em maldades de todas as espcies, vinganas e pe0uenos 9trabalhos9, 0ue reali-am em conluio com os 0uiumbas e 0ue lhes comprometem as atividades e a tarefa medi.nica. 7$o, na verdade, terreiros de 1uimbanda, e n$o de &mbanda. &sam o nome da &mbanda como outros mdiuns utili-am-se do nome de esp2ritas, sem o serem. F muito 0ue se esclarecer a respeito. %s esp2ritos 0ue chamamos de e/us s$o, na verdade, os guardi$es, os atalaias do !lano Astral, 0ue s$o confundidos com a0ueles dos 0uais falamos. 7$o bondosos, disciplinados e confiveis. &tili-am o rigor a 0ue est$o acostumados para impor respeito, mas s$o trabalhadores do bem. 4omo n5s, n$o e/igem nem aceitam 9trabalhos9, despachos ou outras coisas rid2culas das 0uais mdiuns irresponsveis, dirigentes e pais de santo ignorantes se utili-am para obter o dinheiro de muitos incautos 0ue lhes cru-am os caminhos. "sso trabalho de 1uimbanda, de magia negra. +ada tem a ver com a &mbanda. % assunto dava para muita conversa e elucidaes, mas a hora n$o comportava tais possibilidades, pois as atividades iriam comear. Arnaldo e Eu-lia apro/imaram-se de n5s, ap5s as interessantes elucidaes de Anselmo. En0uanto os dois dirigentes se dirigiam para a mesa ou altar, achegamo-nos de D. +i0uita para envolv3-la com vibraes mais sutis, en0uanto, segundo Arnaldo me contou, um grupo de esp2ritos, os guardi$es, estava se dirigindo = resid3ncia de Erasmino, e outro grupo, faria investigaes em rela$o ao lugar 0ue visitamos, o prdio onde trabalhava a falange de esp2ritos 0ue estavam envolvidos com os dese0uil2brios de Erasmino. %s cEnticos criavam no ambiente uma atmosfera de intensa radia$o magntica, pois concentravam, na psicosfera da tenda, as energias de todos os presentes. #a2scas eltricas cru-avam o ar, ioni-ando a atmosfera, como se as correntes energticas obedecessem ao ritmo dos hinos cantados. +$o havia ali ataba0ues ou tambores, como eram utili-ados em
outros lugares. A um sinal do dirigente, pararam de cantar, e todos se concentraram no altar, de onde emanava luminosidade singular, parecendo uma nvoa de irradiaes cintilantes. #oi indicado um mdium da corrente para reali-ar as preces iniciais, e ovamente recomeou o cEntico de invoca$o das entidades da casa. Apro/imou-se de cada mdium um determinado esp2rito, 0ue o envolvia em suas vibraes peculiares. % ritmo da m.sica foi aumentando, e pude ver como Eu-lia e Anselmo apro/imaram-se dos mdiuns com os 0uais deveriam trabalhar na noite. #i0uei encantado com o 0ue via. Eu-lia transformou-se aos nossos olhos de desencarnados, modificando a sua apar3ncia perispiritual de tal maneira 0ue, se algum possuidor de vid3ncia a tivesse visto na0uele momento, n$o a reconheceria. #oi-se encurvando aos poucos e assumiu a personalidade e apar3ncia de uma velha de mais ou menos setenta anos de idade, en0uanto o seu mdium igualmente assumia a mesma postura, demonstrando em seu semblante as caracter2sticas 0ue o esp2rito assumira. !or sua ve-, Anselmo foi aos poucos modificando a sua apar3ncia e, num e/erc2cio de ideoplastia, assumiu aspectos de um velho calvo, negro e de um sorriso e/tenso no rosto. A mdium 0ue o 9recebia9, como falavam na tenda, tomou a mesma postura do esp2rito 0ue se apresentava aos encarnados como !ai Dami$o, en0uanto Eu-lia era agora a bondosa 'ov5 4atarina. 4omearam as atividades medi.nicas da noite, e cada mdium dava passividade a um esp2rito 0ue se manifestava entre os encarnados como preto velho. Era a gira da &mbanda. D. +i0uita foi condu-ida por Done a ajoelhar-se aos ps de 'ov5 4atarina, entidade 0ue se reve-ava com !ai Dami$o na dire$o dos trabalhos. % olhar bondoso da entidade transparecia atravs dos olhos do mdium 0ue lhe recebia a influ3ncia. 7entada em um banco pe0ueno, tra-ia um ramo de alfa-ema na m$o, 0ue lhe fora dado por um jovem 0ue au/iliava, com o 0ual fa-ia seu ben-imento. D. +i0uita comeou a chorar, emocionada com as vibraes da entidade, as 0uais a envolviam. A preta velha 19
comeou a falar na0uele linguajar todo simples, 0ue conseguia tocar nos coraes> 4 7eus se+a louvado! minha fiai 7eus se+a louvadol Oc- vem 0 tenda de ne"a veia em %usca de a+uda! mas ne"a veia v- mais em seu cora1o. N um cora1o de me! como ne"a foi um dial Oc- sofre &elo fio uerido. Mas no h de ser nada no! minha fia. Mantenha a f em 7eus! nosso 'ai Maior! e aos &ouco as coisa vai miorondo. 6.is vamo tra%ai &ara o nosso 3rasmino! e temos ami"os seu do lado de ne"a veia ue veio a+udar tam%m. A conversa continuava num misto de consolo e de informaes do !lano Espiritual a respeito do caso de Erasmino. D. +i0uita chorava sentidamente, en0uanto a assist3ncia continuava cantando os pontos dos guias. %lhei bem o 0ue se passava e pude ver 0ue, en0uanto a entidade conversava com a companheira encarnada, ca2am dela certos res2duos flu2dicos, 0ue eram dissolvidos nas vibraes do ambiente espiritual do lugar. 'ov5 4atarina passava aos poucos seu ramo de alfa-ema em volta de D. +i0uita, dando-lhe una passe, e, do galho da erva, desprendiam-se fios tenu2ssimos de fluidos lilases, 0ue interagiam com a aura da nossa irm$, causando-lhe imenso bem-estar. Eram os recursos da nature-a aliados ao amor da entidade e = simplicidade de sua tarefa. &ma a uma as pessoas foram se apro/imando dos mdiuns 9incorporados9 para o momento de conversa fraterna, en0uanto, deste lado, os guardi$es retomavam com informaes preciosas a respeito do caso Erasmino. #indo o culto, ap5s as oraes, os esp2ritos responsveis retomaram a apar3ncia 0ue tinham, com e/trema naturalidade. Dirigimo-nos a aposento cont2guo para conversarmos. %s assistentes retomaram aos seus lares, e D. +i0uita, aliviada, retomou igualmente com "one, 0ue lhe presenteou com um livro interessante, 0ue um mdium da casa lhe deu> 9% Evangelho segundo o Espiritismo9, de Allan Nardec. Estvamos reunidos na sala, com os mentores da tenda, 0uando nos foi passado por um dos guardi$es e/tenso material capturado no reduto das trevas, onde todo o caso estava sendo tramado.
Ap5s Eu-lia ler o conte.do, falounos preocupada> - % caso do nosso Erasmino e/ige muito trabalho. !elo 0ue vejo, o nosso irm$o vem de um passado espiritual em 0ue se comprometeu largamente com atividades menos dignas no submundo do crime, em regi$o da Europa. As entidades envolvidas com o caso n$o o perdoaram, pois se sentiram lesadas com sua atitude, 0ue julgam traidora. 4ontrataram um agente das sombras e e/2mios magneti-adores, os 0uais trabalham no caso mantendo e/tensa base em regi$o das sombras, a 0ual voc3s tiveram oportunidade de visitar na companhia de Erasmino, desdobrado. !recisamos de mais ajuda, de mdiuns e/perimentados em atividades deste lado. *emos 0ue desativar essa base o mais urgente poss2vel. %s guardi$es conhecem bem o local, 0ue j est devidamente mapeado. 1uanto a Erasmino, n5s o traremos a0ui para as devidas orientaes, e ele participar de uma atividade diferente. #ar parte apenas do grupo de estudos. #aremos a limpe-a em sua aura de uma .nica ve-A depois veremos como proceder para condu-i-lo a uma consci3ncia mais ampla de sua realidade espiritual. A companheira mostrou-se conhecedora profunda de casos semelhantes e portou-se com e/tremo e0uil2brio em sua proposta de trabalho. Entregou-nos os documentos capturados na base umbralina ou submundo astral, como chamavam, e pudemos perceber 0uanto e/igiria de n5s a tarefa 0ue estvamos empreendendo. Arnaldo teve a idia de recorrer a dois mdiuns conhecidos, 0ue militavam numa casa esp2rita de orienta$o Gardecista. !ara l nos dirigimos, ap5s falar com Anselmo e Eu-lia. Estes colocaram = nossa disposi$o dois guardi$es, 0ue nos acompanharam com o m/imo de interesse no caso. Eu-lia, por sua ve-, juntamente com Anselmo, dirigiu-se ao lar de Erasmino, para desdobra-lo e tra-3-lo = tenda, onde seria reali-ada a 9limpe-a9 magntica, conforme os trabalhos da casa. VI 7esdo%ramento Dirigimo-nos para o lar de #rancisco, um dos mdiuns 0ue ir2amos recrutar para as tarefas da noite. A noite estava bel2ssima, e o ar balsami-ante tra-ia fluidos da nature-a, 20
transportados pela brisa suave. Arnaldo, os guardi$es e eu encontravam-nos em frente a uma resid3ncia modesta, de aspecto agradvel, onde adentramos com o m/imo respeito. %s guardi$es ficaram do lado de fora formando uma corrente de energia no local, para proteger o mdium, 0uando estivesse em desdobramento. #rancisco ainda estava acordado, lendo um livro na sala, 0uando chegamos. Arnaldo, ap5s aplicar-lhe um passe na regi$o frontal, fe--se vis2vel a ele atravs da vid3ncia e comunicou-lhe o 0ue estava acontecendo, a nossa necessidade de ajuda para o caso em 0ue estvamos envolvidos. #rancisco dirigiu-se imediatamente para o 0uarto de dormir e, ap5s breve prece, colocou-se = disposi$o para o trabalho. Arnaldo apro/imou-se de #rancisco e ministrou-lhe um passe magntico no c5rte/ cerebral e outro ao longo da coluna, promovendo o seu afastamento do ve2culo f2sico. !ude notar 0ue, ao afastar-se do corpo, em desdobramento, no plano e/traf2sico, #rancisco esp2rito possu2a a faculdade de vid3ncia. ,egistrava-nos a presena com naturalidade e com desenvoltura apresentou-se a mim, colocando-se = disposi$o, como se estivesse acostumado a tais 9sa2das9 conscientes. Era o fen8meno da viagem astral, como conhecido nos meios espiritualistas. - Hoa noite, companheiros - falou #rancisco, apresentando-se a mim. Acredito 0ue devamos nos dirigir imediatamente para a tarefa, n$o mesmo@ as peo-lhe, Arnaldo, por gentile-a, 0ue me d3 as orientaes devidasA afinal, voc3 n$o me avisou com anteced3ncia. !reciso saber os detalhes sobre o caso e como posso ser .til. Arnaldo deu um sorriso de satisfa$o e, abraando #rancisco, foilhe colocando a par da situa$o. 7a2mos da resid3ncia de #rancisco, onde ficou de plant$o um dos guardi$es, para 0ual0uer eventualidade, pois era necessrio proteger o corpo do mdium de 0ual0uer investida de esp2ritos infeli-es. 1uando sa2mos, pude ver o trabalho 0ue foi reali-ado em volta da resid3ncia. Envolvendo a casa, uma coluna de energia, 0ue mais parecia uma cortina de fogo, estava formando um manto protetor, 0ue, com certe-a, n$o poderia ser rompido por entidades levianas ou esp2ritos maldosos. Em frente ao port$o de entrada, mais duas
entidades, 0ue n$o avistara antes, estavam de guarda, au/iliando um dos guardi$es 0ue viera conosco. Estranhei todo a0uele aparato, e, antes 0ue perguntasse a Arnaldo, ele foi logo falando> - Em tarefas dessa nature-a, principalmente 0uando o medianeiro estiver em desdobramento, natural 0ue protejamos o seu ve2culo f2sico com os cuidados necessrios, pois 0ual0uer dano causado ao seu corpo ir repercutir no perisp2rito, e, se a tarefa for reali-ada em regies mais inferiores, de se esperar 0ual0uer tentativa de entidades sombrias para impedir sua reali-a$o. "gualmente, o mdium desdobrado dever contar com a assist3ncia de uma e0uipe consciente e responsvel, deste lado de c da vidaA afinal, estamos no trabalho do bem e devemos nos preservar de poss2veis interfer3ncias nas atividades. Aproveitando o ensejo criado pelas elucidaes de Arnaldo, desejei saber a respeito do desdobramento ou viagem astral e de como #rancisco tinha consci3ncia do 0ue se passava deste lado. - 7er 0ue todos os mdiuns 0ue se desdobram t3m consci3ncia disso@ 7orrindo, Arnaldo falou> - !odemos afirmar 0ue nem todos se igualam no 0ue concerne = manifesta$o do fen8meno medi.nico. A consci3ncia deste lado de c n$o possibilidade de todos. 4omo Allan Nardec escreveu em O <ivro dos Mdiuns! a mediunidade orgEnica. !odemos entender isso da seguinte forma> 0uando o esp2rito reencarna com determinada tarefa a desempenhar com rela$o = mediunidade, o seu perisp2rito passa a ser submetido a uma natural eleva$o da fre0:3ncia vibrat5ria, e, por conseguinte, o pr5prio corpo f2sico, 0ue reflete as vibraes perispirituais, tambm elaborado com vista =s tarefas 0ue desempenhar no futuro, no 0ue se refere = mediunidade com 6esus. Dessa forma, podemos entender 0ue a0uele 0ue preparado para trabalhar tendo inconsci3ncia do fen8meno, dificilmente poder modificar essas disposies, pois seu organismo foi preparado para tal. "gualmente, a0uele 0ue foi preparado vibratoriamente para ter a consci3ncia deste lado da vida, 0uando desdobrado, haver de manifestar essa consci3ncia no momento prop2cio, 0uando seus mentores julgarem necessrio, pois traimpressas em seu perisp2rito as 21
vibraes necessrias 0ue o habilitar$o = consci3ncia nas regies espirituais. as isso tudo ainda relativo, pois o homem atual ainda se conserva despreparado para certas tarefas, e, muitas ve-es, estar consciente poder dar ensejo a dificuldades maiores, devido = falta de preparo de muitos 0ue se candidatam ao servio. +o caso de #rancisco, um velho conhecido nosso de tarefas semelhantesA procura estudar sempre e conserva-se ocupado em tarefas nobres e elevadas. "sso facilita-nos o trabalho, mas n$o 0uer di-er 0ue, 0uando ele retomar ao corpo denso, ir lembrar-se de tudo, n$o; +$o h necessidade disso. B bastante 0ue desempenhe as suas tarefas com amor e dedica$o. A maioria das pessoas hoje em dia aguarda obter e/peri3ncias com viagens astrais para se convencerem de 0ue a vida continua alm da matria. Esperam com isso poder fa-er viagens mirabolantes a mundos diferentes, criando uma e/pectativa 0ue possivelmente nunca ir se concreti-ar. 1uerem fa-er viagens fora do corpo, mas isso acontece todas as noites 0uando dormem, e mesmo 0ue pudessem reali-ar tal feito conscientemente, de 0ue adiantaria@ Ainda n$o aprenderam a reali-ar a viagem para dentro de si mesmos, para se conheceremA a viagem do autodescobrimento, como da proposta do Espiritismo. !recisam aprender a fa-er a viagem da vida, de suas vidas, com dignidade e e0uil2brioA do contrrio, continuar$o perdidos sem se conhecerem e sem conhecerem as leis da vida. F muita conversa em tomo disso, e o bom mesmo seria 0ue 0uem 0uisesse conhecer mais sobre o assunto se reportasse aos escritos de Allan Nardec. % 0ue hoje se imagina mais atuali-ado a respeito dessas e outras coisas referentes =s 0uestes do esp2rito n$o passa de adapta$o do 0ue di-em os escritos de Nardec. Apenas trocaram os nomes para dar sabor de novidade. % problema humano segue sendo sempre o mesmo. - as como trocaram o nome@ Aventureime. - Hasta observar, Jngelo. Ao fen8meno medi.nico t$o conhecido e e/plicado pela Doutrina Esp2rita, os autores modernos, apenas para se di-erem diferentes, deram o nome de 9channeling9 e aos mdiuns denominaram canais. Aos esp2ritos deram o nome de consci3ncias
e/traf2sicasA o termo 9encarnado9 foi substitu2do, em alguns casos, por 9intraf2sico9. % fen8meno de desdobramento, t$o conhecido desde pocas remotas e classificado por Allan Nardec, hoje recebe vrios apelidos, como proje$o da consci3ncia, biloca$o da consci3ncia, viagem astral e outros nomes estranhos 0ue o homem n$o cansa de criar , tentando passar a idia de 0ue s$o coisas diferentes, pois o seu orgulho n$o lhes dei/a admitir 0ue a universalidade do fen8meno e seus desdobramentos no psi0uismo humano, de h muito, foram catalogados pela Doutrina Esp2rita e se encontram atual2ssimos em % <ivro dos Mdiuns! 0ue constitui o mais moderno tratado de ci3ncias ps20uicas da humanidade. udam apenas os nomes, mas o fen8meno continua sendo o mesmo. Entendi o e/posto e fi0uei imaginando como o homem complica as coisas, de tal modo 0ue passa a ser v2tima de si mesmo, emaranhando-se em conceitos t$o confusos 0ue ele mesmo n$o sabe como sair deles. A conversa estava mesmo interessante, mas a nossa e0uipe, acrescida da presena de #rancisco, dirigia-se ao lar de %tvio, outro mdium 0ue Arnaldo conhecia e 0ue poderia ser-nos .til na tarefa. % procedimento se reali-ou da mesma maneira, com a forma$o de um campo de fora em tomo da resid3ncia do companheiro encarnado, en0uanto o outro guardi$o se colocava de prontid$o para a prote$o do corpo f2sico de %tvio, 0ue, desdobrado, vinha para o nosso lado au/iliar nas tarefas da noite. Dirigimo-nos todos para a tenda, onde nos aguardavam os amigos espirituais Eu-lia e Anselmo, com o esp2rito de Erasmino desdobrado pelo sono f2sico. 3rasmino fora tra-ido para a tenda de &mbanda pela a$o de Eu-lia, 0ue, au/iliada tambm por uma e0uipe de guardi$es 0ue ficaram em sua resid3ncia, p8de tra-3-lo at n5s para as atividades 0ue se reali-ariam. Anselmo modificou sua apar3ncia perispiritual e manifestou-se = vid3ncia de um dos mdiuns da casa, convidando-o ao trabalho, como o preto velho !ai Dami$o, t$o 0uerido por todos dali. A e0uipe estava formada para a primeira parte do trabalho espiritual. 22
Erasmino foi colocado deitado em frente ao altar, numa maca estruturada com fluidos do nosso plano. 4aboclos e pretos velhos adentravam o ambiente sob a orienta$o de Eu-lia, a 'ov5 4atarina da tenda, 0ue, bondosamente, ia indicando o 0ue fa-er. Envolvendo o mdium desdobrado, Anselmo !ai Dami$o procedeu ao fen8meno de incorpora$o no plano espiritual, 0uando o perisp2rito do mdium foi-se ajustando vibratoriamente ao do esp2rito 0ue o orientava. % fen8meno era maravilhoso de se observar. A apar3ncia e/terna do mdium foi aos poucos se modificando, at assumir a mesma conforma$o de Dami$o, o velho africano 0ue agora assumia as tarefas. Erasmino, sonolento, n$o registrava a nossa presena, apenas ficava passivo ante aos acontecimentos. % esp2rito de um 2ndio apro/imou-se tra-endo uma vasilha 0ue continha uma espcie de remdio, 0ue deu a Erasmino para beber. "mediatamente ele vomitou algo visguento e malcheiroso, 0ue Eu-lia disse tratar-se de res2duos colocados pelas entidades das trevas em seu perisp2rito, a fim de provocar doenas f2sicas, 0ue o distra2ssem do verdadeiro problema. %s guardi$es ou e/us foram chamados para reali-arem outra tarefa. Acompanhando #rancisco e %tvio, iriam conosco at o reduto das trevas, para desativarem a base de operaes deles. +ecessitavam de mdiuns encarnados, embora desdobrados, por possu2rem ectoplasma, energia necessria para a desativa$o das bases das sombras. Dei/amos Erasmino desdobrado aos cuidados de Eu-lia e sua e0uipe e fomos para a regi$o astralina onde se locali-ava a base de operaes das trevas. Assim 0ue chegamos, pudemos notar intensa movimenta$o nos arredores. #rancisco e %tvio estavam tran0:ilos e muito seguros na reali-a$o da tarefa. !ensei 0ue os habitantes da0uela constru$o estavam sabendo da nossa visita e 0ue haviam se precavido contra n5s. +ovamente Arnaldo esclareceu a todos> - A movimenta$o 0ue presenciam resultado dos trabalhos dos guardi$es, 0ue recrutaram seus amigos para au/iliarem na tarefa. Embora todo o movimento, como v3em,
comportam-se com a m/ima disciplina e e/ecutam com rigor a sua tarefa. %bservei mais e vi uma grande 0uantidade de esp2ritos 0ue se apro/imavam furtivamente do prdio. !areciam comandados por uma e0uipe 0ue se colocava = frente, tra-endo algo semelhante a um mapa, ora olhando para o prdio = frente, ora para o papel 0ue tinham na m$o. )ongas fileiras de esp2ritos se colocavam em volta do edif2cio das trevas, em movimentos precisos, estudados e com o m/imo de sil3ncio. 'estiam-se como soldados e tra-iam nas m$os uma espcie de tridente. 7egundo fui informado, eram armas eltricas, 0ue descarregavam energia e davam cho0ues nos outros esp2ritos 0ue haviam de ser capturados. #uncionavam com eletromagnetismo. Eram as mais efica-es contra as investidas das sombras. *udo parecia uma opera$o de guerra. &m dos guardi$es apro/imou-se de n5s tra-endo nas m$os dois instrumentos pe0uenos, 0ue foram entregues a #rancisco e %tvio. Eram duas 9bombas mentais9, conforme esclareceram. #oram ajustadas na fre0:3ncia vibrat5ria dos dois mdiuns e, assim 0ue retomassem ao corpo f2sico, iriam e/plodir e desativar a base das sombras. %s mdiuns n$o correriam nenhum risco, pois n5s os acompanhar2amos nas tarefas, e eles seriam escoltados de volta ao corpo f2sico com segurana. !or sua ve-, os esp2ritos n$o sofreriam nenhum malA afinal, eram esp2ritos, e o efeito das bombas mentais seria um cho0ue vibrat5rio t$o profundo 0ue 0ueimaria as criaes flu2dicas do edif2cio, destruindo a base e desestruturando mentalmente seus habitantes por algumas horas, tempo suficiente para 0ue os guardi$es os recolhessem com suas redes magnticas e os condu-issem para aos devidos lugares. *oda a opera$o fora preparada com esmero e nos m2nimos detalhes. Ao longe pude ver ser levantada uma espcie de rede 0ue envolvia todo o prdio. % guardi$o esclareceu> - *rata-se de uma medida de emerg3ncia. +$o estamos lidando com esp2ritos comuns. 7$o conhecedores de vrias tcnicas e t3m em suas fileiras muitos 0ue na 4rosta foram cientistas, generais ou comandantes de tropas de guerra. A rede para dar mais segurana a todos, principalmente aos 23
mdiuns. 4aso alguns desses esp2ritos escapem com consci3ncia do 0ue est acontecendo, ser$o prisioneiros da rede, 0ue os manter vibratoriamente desarmados, sugando-lhes as energias. as se forem ajudados por fora, a0ueles 0ue se apro/imarem das redes ficar$o a2 grudados como a mosca no mata-borr$o e s5 se libertar$o 0uando n5s desligarmos as baterias. Esses esp2ritos s$o altamente perigososA convm n$o arriscarmos. #i0uei e/tasiado ante a organi-a$o dos guardi$es e vi 0uanto eram .teis em 0ual0uer trabalho 0ue se reali-asse nas regies inferiores. Eram profundos conhecedores da0ueles s2tios e de seus habitantes. "sso justificava o hino 0ue hav2amos ouvido na tenda a respeito deles, 0ue di-ia mais ou menos o seguinte> I Sete! sete! sete! ele das sete encru$ilhadas! uma %anda sem exu! no se &ode fa$er nada.I 7$o eles os verdadeiros e/us da &mbanda, conhecidos como guardi$es, nos subplanos astrais ou umbral. 'erdadeiros defensores da ordem, da disciplina, formam a pol2cia do mundo astral, os responsveis pela manuten$o da segurana, evitando 0ue outros esp2ritos descompromissados com o bem instalem a desordem, o caos, o mal. *3m e/peri3ncia nessa rea e se colocam a servio do bem, mas s$o incompreendidos em sua miss$o e confundidos com dem8nios e com os 0uiumbas, os marginais do mundo astral. Alm, avistava-se a falange de esp2ritos de africanos, antigos escravos, 0ue se juntavam aos outros esp2ritos e tra-iam, cada um, um ataba0ue, espcie de tambor 0ue costumavam utili-ar 0uando estavam nas sen-alas, para acompanhar os ritmos de seus cEnticos sagrados. Esses esp2ritos formavam uma verdadeira legi$o. com os corpos perispirituais seminus, formavam a segunda coluna de entidades 0ue vinham para au/iliar nas tarefas. Aguardavam as ordens para entrarem em a$o. Ap5s os preparativos, fomos com #rancisco e %tvio para o interior do prdio. as se n5s, os desencarnados de nosso plano, ramos invis2veis =0ueles outros esp2ritos 0ue se conservavam vibratoriamente distantes dos ideais superiores, os mdiuns desdobrados tinham 0ue colocar uma
espcie de roupa, 0ue se assemelhava a um escafandro, para evitar serem descobertos por algum recurso 0ue os cientistas do mal houvessem desenvolvido. Entramos no prdio condu-indo os dois mdiuns. Arnaldo levou #rancisco at certo lugar no andar trreo, en0uanto eu levava %tvio para o .ltimo andar, tomando o cuidado de dei/-los = vontade para ajustarem os instrumentos 0ue os guardi$es lhes deram, com as vibraes pessoais. Ap5s reali-ado o feito, deveriam permanecer por tr3s minutos pr5/imos ao local, em profunda concentra$o, pois, fi/ado em cada bomba mental, havia um dispositivo 0ue acumulava certa 0uantidade de ectoplasma dos mdiuns, necessrio para o disparo dos elementos radioativos 0ue iriam abalar as estruturas das trevas. Estvamos confiantes e orando intimamente. 1uem imagina 0ue o trabalho dos esp2ritos uma a$o puramente mental, sem nenhum esforo, enganase grandemente. A0ui deste lado aprendi 0ue temos recursos 0ue desafiam as melhores criaes e invenes humanas e 0ue s$o colocados a servio da ordem, do bem e do e0uil2brio geral. *emos possibilidades 0ue podem ser aperfeioadas ao m/imo. !or outro lado, a0uele 0ue se desvia do caminho elevado, optando por formas e0uivocadas de viver deste lado da vida, ir encontrar mentes 0ue se afinam com ele, em processos infeli-es de e/ist3ncia e/traf2sicas, at 0ue a lei divina de causa e efeito os faa retomar, pelo sofrimento, ao caminho da ra-$o. *udo depende dos objetivos 0ue venhamos estabelecer para n5s. As possibilidades s$o infinitas, e, diante do trabalho a reali-ar, n$o h lugar para separativismos, preconceitos descabidos ou pretenses de superioridade, pois, neste trabalho 0ue desenvolvemos deste lado, a servio do eterno Hem, a .nica bandeira 0ue conhecemos a da caridade, da fraternidade, da causa do 7enhor da vida, seja Ele chamado de %/al ou de 6esus. Ap5s os preparativos reali-ados sob a supervis$o dos guardi$es e de Arnaldo, retiramo-nos do prdio e encontramo-nos com os trabalhadores 0ue estavam sob a orienta$o de um dos guardi$es. Depois de nos certificarmos de 0ue tudo estava ocorrendo de acordo com os planos, 24
fomos informados de 0ue dever2amos esperar, pois a pr5pria Eu-lia iria estar presente na hora de reali-ar a desativa$o da base sombria. A cena 0ue se passou ante a nossa vis$o espiritual era verdadeiramente digna de registro para os nossos irm$os encarnados. Eu-lia vinha em nossa dire$o envolvida em suave lu-, 0ue a distinguia dos outros esp2ritos. #alounos brevemente 0ue estava se apro/imando do prdio o esp2rito responsvel pela desdita de Erasmino e 0ue dever2amos esperar mais um pouco, pois ela gostaria 0ue ele fosse capturado e condu-ido para uma casa esp2rita, onde poderia passar pela terapia espiritual 0ue normalmente chamada de desobsess$o, en0uanto ela e seus trabalhadores ficariam responsveis pela falange de esp2ritos mais perigosos, encaminhando-os, no devido tempo, para o tratamento ade0uado, numa casa esp2rita ou numa tenda umbandista. Apro/imou-se o esp2rito 0ue espervamos> um senhor de certa idade, 0ue e/pressava na fisionomia o rancor e o 5dio, de tal forma 0ue sua aura se e/pressava em cores negra e cin-a, com mati-es de vermelho vivo. Adentrou o prdio sem, contudo, perceber-nos a presena, pois s5 tinha diante de si a vingana e o 5dio, 0ue o tomava cego para 0ual0uer outra coisa. A um sinal de Eu-lia, os dois mdiuns, #rancisco e %tvio, foram recondu-idos ao corpo f2sico por dois guardi$es e por Arnaldo, en0uanto eu fi0uei observando e anotando as cenas 0ue se passavam neste plano da vida. +ovamente Eu-lia deu um sinal, levantando uma das m$os, e, contomando a multid$o de guardi$es, vieram de todos os lados as falanges de caboclos, 2ndios e outros esp2ritos 0ue trabalhavam sob a orienta$o dela, tomando conta da0uela paisagem espiritual como se fosse um acampamento de guerra, preparados para 0ual0uer eventualidade. %s ataba0ues soaram todos a uma s5 ve-, e o resultado foi 0ue um tremor cada ve- mais intenso abalou toda a regi$o, como se um terremoto de grandes propores tivesse ali o seu epicentro. %s esp2ritos de antigos escravos fa-iam a sua parte e, com cEnticos pronunciados com cad3ncia e numa linguagem desconhecida para
mim, comearam o trabalho de desarticula$o da base das sombras. A vis$o era maravilhosa, e cada um dos esp2ritos, os caboclos da tenda, estava envolvido em lu-es de mati-es variados, como refle/os de um arco-2ris, iluminando as cercanias da0uela paisagem umbralina, 0ue, neste momento, se mostrava como palco de uma atividade de grandes conse0:3ncias para todos n5s. #i0uei emocionado com a vis$o dos caboclos. Eu-lia bai/ou a m$o no e/ato momento em 0ue os mdiuns assumiam seus corpos f2sicos e ativavam com suas vibraes as bombas mentais, 0ue comearam a fa-er efeito. #oi tudo muito rpido e organi-ado. !rimeiramente comeou uma espcie de fogo ou energia radiante, 0ue consumia a constru$o de bai/o para cima e de cima para bai/o, desfa-endo a estrutura imponente e provocando o desmoronamento da constru$o flu2dica. !arecia uma fornalha at8mica em e/pans$o. Depois pudemos observar descargas magnticas e eltricas 0ue sa2am do interior do prdio em destrui$o, e toda a paisagem em volta do 0ue restava da constru$o das sombras era literalmente 0ueimada pela a$o eficadas descargas de energias. Acima do edif2cio, viam-se formas-pensamento esvoaando e sendo 0ueimadas pelo fogo etrico 0ue a tudo devorava e desfa-ia, promovendo o saneamento da atmosfera ps20uica ambiente. Eram t$o fortes os efeitos magnticos 0ue, no plano f2sico, os encarnados puderam ver uma imensa tempestade 0ue se abatia sobre a regi$o da cidade onde, em correspond3ncia, estava locali-ada o reduto das trevas. ,aios e troves descarregavam-se na atmosfera f2sica e espiritual da0uele lugar, en0uanto chuva torrencial descia das nuvens, sob a regi$o f2sica correspondente = vibra$o do local. % rio da capital estava ameaando ultrapassar suas margens com a tempestade imprevista, mas n$o somente as guas das chuvas, como tambm os fluidos deletrios acumulados pelas mentes invigilantes dos homens na psicosfera da cidade, estavam sendo despejados na0uelas guas revoltas e lamacentas do rio, para serem absorvidas depois pelo solo abenoado do planeta, onde seriam destru2das as criaes mentais inferiores. 25
?rande 0uantidade de esp2ritos sa2am correndo dos escombros da constru$o no desespero 0ue os invadia. 7eres apavorados tentavam escapar, en0uanto os guardi$es apertavam o cerco com suas lanas e tridentes de energia, contendo 0ual0uer tentativa de fuga. %s outros esp2ritos, 0ue se apresentavam como caboclos, vinham velo-es do alto, como 0ue cavalgando sobre nuvens flu2dicas, impondo respeito e pavor =0ueles esp2ritos 0ue n$o esperavam uma a$o conjunta 0ue destru2sse suas atividades. Era de uma bele-a indescrit2vel a cena geral. Ao comando de Eu-lia, a 'ov5 4atarina da tenda de umbanda, as redes foram ativadas, en0uanto a falange das trevas sa2a em debandada e desfalecia ante a vis$o aterradora de guardi$es e caboclos 0ue lanavam suas flechas de energia e seus dardos magnticos, desarmando a legi$o das trevas. +unca vivenciei t$o grandes aes deste lado da vida, desde 0ue a0ui cheguei. A nature-a parecia estar satisfeita com o saneamento do ambiente astral, e, do lado dos encarnados, as pessoas corriam para todos os lados, para se protegerem da tempestade 0ue se abateu sobre a cidade de 7$o !aulo, parecendo 0uerer destruir tudo e todos. Era o resultado das descargas energticas 0ue foram acionadas para o saneamento da atmosfera local. Essas descargas desencadearam foras da nature-a, 0ue nos au/iliaram na derrocada dos poderes das trevas. %s acontecimentos dei/aram como li$o 0ue 0ual0uer e/press$o de poder 0ue n$o esteja alicerado no bem, na caridade e na fraternidade leg2tima meramente obra transit5ria na paisagem do mundo, podendo a 0ual0uer hora ser desfeita para ser substitu2da por e/presses mais e0uilibradas e de acordo com as leis da 'ida aior. *odos os esp2ritos 0ue participaram da0uela empreitada estavam sob a orienta$o de Eu-lia. Eram esp2ritos cujas e/peri3ncias foram colocadas a servio de uma causa nobre e elevada e 0ue conservam suas pr5prias maneiras de agir, seus mtodos, 0ue, embora n$o estejam de acordo com o 0ue pensam muitos, s$o de eficcia comprovada. Ap5s terem reunido os representantes das trevas num determinado local, todos se ajoelharam para orar e agradecer o !ai
?rande - a 7uprema 4onsci3ncia &niversal, Deus. muitos esp2ritos foram aprisionados 4 em campos de conten$o magnticas e condu-idos para lugar espec2fico, onde seriam esclarecidos 0uanto a certas leis do mundo espiritual, suas responsabilidades e deveres ante a pr5pria vida. A0ueles 0ue estavam ligados ao caso de Erasmino foram levados para a tenda, onde aguardavam Eu-lia e sua e0uipe, 0ue conversariam com eles. Eu-lia, por sua ve-, nos pediu humilde> - eus filhos, voc3s sabem 0ue estas aes mais ou menos pesadas, 0ue s$o reali-adas nos subplanos astrais, s$o uma especialidade desses esp2ritos 0ue conosco militam nas falanges abenoadas da &mbanda. uitas ve-es reali-amos a$o conjunta com os mentores e orientadores de outras linhas de atividades, como a dos nossos irm$os esp2ritas. +o entanto, temos dificuldades 0uanto a muitos centros esp2ritas, 0ue ainda guardam reservas 0uanto aos nossos trabalhadores, 0ue se manifestam como caboclos ou pretos velhos. Assim sendo, gostar2amos de rogar aos companheiros 0ue nos au/iliem, condu-indo alguns esp2ritos para as reunies de tratamento desobsessivo nas mesas espiritistas pois, se forem condu-idos aos nossos n.cleos umbandistas, encontraremos dificuldades para o seu esclarecimento. Ainda guardam preconceitos em rela$o aos nossos rituais e mtodos de trabalho, o 0ue n$o lhes condenamosA por isso, re0uerem outras formas de despertamente de suas consci3ncias, e acredito 0ueO para isso a doutrina esp2rita tem recursos imensos. En0uanto voc3s os condu-em para a terapia esp2rita n5s iremos tomar conta dos esp2ritos 0ue se fa-em acess2veis =s nossas atividades espirituais e dos 0ue necessitam de mtodos mais drsticos de aprendi-ado para o seu despertamento. +este caso, segundo acreditamos em nossa tenda, a &mbanda especiali-ada, pois muitos encarnados e desencarnados n$o conseguem acordar para a realidade espiritual apenas com o esclarecimento tal como ocorre em muitas casas esp2ritas. Acredito 0ue podemos trabalhar em conjunto, visando ao mesmo objetivo, 0ue a eleva$o moral de nossas almas. - com certe-a, minha irm$ - falou Arnaldo. 26
- #aremos o poss2vel para condu-ir essas almas e0uivocadas ao caminho do bem. +o entanto, se nos permitir, gostar2amos de permanecer a0ui, por en0uanto, a fim de aprender um pouco mais com os companheiros espirituais. - Ah; meu filho; 7e o pr5prio 7enhor nosso n$o fa- distin$o entre as pessoas, mas abraa-nos com seu amor incondicional, como posso eu, uma simples servidora, impedir 0ue trabalhem na vinha do .nico estre de todos n5s@ !ermaneam = vontade, meus filhos. 7omos todos da mesma fam2lia espiritual. Estamos aprendendo sempre. Ante a conversa com Eu-lia ou 'ov5 4atarina, fi0uei a pensar na eleva$o da0uele esp2rito, 0ue assumia a condi$o de uma humilde preta velha, para desempenhar sua tarefa de amor em benef2cio do pr5/imo. 1uantos n$o encontraram em suas palavras o lenitivo para as suas dores, o consolo para suas aflies@ 1uantos n$o a julgaram ignorante pela sua apar3ncia singela@ 1uantos n$o entenderam sua sabedoria e a de seus trabalhadores@ 1uantos n$o se decepcionariam ante a sua autoridade espiritual@ Desejaria conhec3-la melhor, sua vida de abnega$o e sacrif2cio, mas a tarefa 0ue t2nhamos pela frente n$o permitiria 0ue me detivesse, no momento, para esclarecer essas 0uestes. Erasmino foi recondu-ido ao corpo f2sico e, segundo Anselmo, j estava livre das redes 0ue haviam colocado em seu crebro perispiritual. Apenas mantinha algumas ligaes flu2dicas com o seu verdugo espiritual, as 0uais seriam em breve liberadas, 0uando ele viesse = tenda de &mbanda. A e0uipe de magneti-adores e psic5logos das trevas seria condu-ida a um agrupamento esp2rita onde se submeteria = terapia espiritistaA outras entidades envolvidas no caso estavam sob os cuidados de guardi$es e caboclos, 0ue, com certe-a, tinham condies de orient-los. !ensativo, dirigi-me a um canto da tenda para orar e meditar um pouco em 0uanto estava aprendendo. !ensava muito no trabalho muitas ve-es incompreendido da &mbanda, principalmente no Hrasil, 0uando fui abordado por Anselmo, 0ue veio esclarecer-me>
- !ois , meu companheiro; uitos ignoram certas verdades e nos julgam apressadamente, sem conhecer-nos os ideais. A &mbanda atualmente enfrenta muitas dificuldades, principalmente em rela$o = ignorEncia de muitos pais-de-santo e de muitos chefes de terreiro, 0ue manipulam os adeptos de forma menos digna. Enganam as multides e a si mesmos, julgando 0ue est$o praticando &mbanda, 0uando, na realidade, s$o instrumentos de esp2ritos 0ue =s ve-es n$o t3m o m2nimo conhecimento de 0uestes espirituais. as a &mbanda permanece como e/press$o da )ei aior em benef2cio dos aflitos, dos cansados e dos oprimidos dos dois lados da vida. - as poderia me esclarecer 0ual a verdadeira nature-a e origem da &mbanda@ <s ve-es se mal informado a respeito, e confunde-se muito &mbanda com Espiritismo. A ignorEncia a respeito generali-ada. - !ois bem, Jngelo, tentarei tra-er um pouco de lu- sobre o assunto, embora n$o pretenda esgot-lo. Desde 0ue os negros foram tirados de sua terra, na Pfrica, vieram para o Hrasil com o rancor e o 5dio em seus coraes, pois muitos foram enganados pelo homem branco e feitos prisioneiros e escravos, feridos em sua dignidade, distantes da ptria e dos 0ue amavam. #oram transcorrendo os anos de lutas e dores, e o negro mantinha, em seus costumes e na religi$o, a invoca$o das foras da nature-a, as 0uais chamavam de ori/s, espcie de deuses a 0uem cultuavam com todo o fervor de suas vidas. Aprenderam com o tempo a se vingar de seus senhores e dspotas, atravs de pactos com entidades perversas e com a magia negra, 0ue outra coisa n$o era sen$o as energias magnticas empregadas de forma e0uivocada. Dessa maneira, o culto inicial aos ori/s foi-se transformando em mtodos de vingana, em pactos com entidades trevosas, 0ue assumiam o papel dessas foras da nature-a ou ori/s, disseminando o 0ue se chamava de 4andombl, 0ue, na poca, era um disfarce para uma srie de atividades menos dignas no campo da magia. com o tempo, foi-se formando uma atmosfera ps20uica indesejvel no campo urico do Hrasil, 0ue havia sido destinado a ser a ptria do evangelho redivivo, onde estava sendo transplantada a rvore abenoada do 27
4ristianismo pelas bases eternas do Espiritismo. A psicosfera criada no ambiente espiritual da na$o foi de tal maneira violenta, 0ue entidades ligadas aos lugares de sofrimento nas sen-alas encarnavam e desencarnavam conservando o 5dio nos coraes, com e/cess$o da0uelas 0ue entendiam o aspecto espiritual da vida. Assim, a magia negra foi se espalhando em forma de culto pelas terras brasileiras. Do norte ao sul do pa2s, as oferendas, os despachos ou os eb5s eram oferecidos pelos pais-de-santo, pelos mestres do 4atimb5 ou de outros cultos 0ue proliferavam a cada dia, criando uma crosta mental sobre os cus da na$o. +os planos etreos da vida, reuniram-se ent$o entidades de alta hierar0uia com o objetivo de encontrar uma solu$o para desfa-er a egrgora negativa 0ue se formava na psicosfera do Hrasil. A magia negra deveria ser combatida, e seus efeitos destrutivos haveriam de ser desmanchados de maneira a transformar os pr5prios centros de atividades dos cultos degradantes em lugares 0ue irradiassem o amor e a caridade, .nica forma de se modificar o panorama sombrio. Favia necessidade de 0ue esp2ritos esclarecidos se manifestassem para reali-ar tal cometimento. E, assim, foram se apresentando, uma a uma, a0uelas entidades iluminadas 0ue haveriam de modificar suas formas perispirituais, assumindo a conforma$o de pretos velhos e caboclos, e levariam a mensagem de caridade atravs da &mbanda, cujo objetivo inicial seria o de desfa-er a carga negativa 0ue se abatia sobre os coraes dos homens no Hrasil. A &mbanda seria o elo de liga$o com o AltoA penetraria aos poucos nos redutos de magia negra ou nos terreiros de 4andombl, os 0uais ainda se mantinham enganados 0uanto =s leis de amor e caridade, e iria transformando, com as palavras de um preto velho ou as advert3ncias do caboclo, os sentimentos das pessoas. E, para isso, meu amigo, era necessrio 0ue elevados companheiros da 'ida aior renunciassem a certos mtodos de trabalho considerados mais elevados e se dedicassem =s atividades 0ue a &mbanda se propunha. A esses companheiros de elevada hierar0uia espiritual juntaram-se esp2ritos de antigos escravos e 2ndios, 0ue serviram por muito tempo nas fa-endas e nos
arraiais da *erra do 4ru-eiro e, em sua simplicidade e boa vontade, propuseram-se a trabalhar para demonstrar ao homem branco e civili-ado as lies sagradas da &mbanda. anifestavam-se a0ui e acol ensinando suas re-as, mandingas e beberagens, au/iliando a curar doenas e dando lies de amor e humildade. +a verdade, a &mbanda tem conseguido seu intento, e, aos poucos, v$o sumindo dos coraes dos oprimidos o desejo de vingana, o 5dio e o rancor. %s cultos afros, em sua ess3ncia, v$o se transformando, au/iliando o progresso da0ueles 0ue sintoni-am com tais e/presses de religiosidade. A &mbanda est modificando o aspecto desses cultos de origem africana e transformando-os gradativamente, numa religi$o mais espirituali-ada. +a palavra de um caboclo ou de um preto velho, a lei de causa e efeito ensinada por meio de (ang8, 0ue simboli-a a justiaA a reencarna$o toma-se mais compreens2vel =s pessoas mais simples 0uando o preto fala de sua outra vida como escravo e da oportunidade de voltar = *erra em novo corpo, para ajudar seus filhos. A fora das rnatas, das ervas, ensinada na fala de %/5ssiA o amor personificado em %/um, e a fora de transforma$o, a energia de vitalidade, apresentada nas palavras de %gum. as h muito ainda 0ue fa-er, muito trabalho a reali-ar. +ossa e/plica$o n$o esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da &mbanda, 0ue guarda suas ra2-es em pocas muito distantes no tempo. Agora n$o temos muito tempo para falar sobre isso. as, curioso como sou, n$o dei/aria passar a oportunidade e n$o me fi- de rogado, perguntando mais a Anselmo, 0ue me respondia com boa vontade. - E 0uanto a esses pais-de-santo e centros de &mbanda 0ue se espalham pelo pa2s, ser 0ue est$o conscientes disso tudo@ - +$o podemos esperar a mesma compreens$o por parte de todos, meu filho L respondeu-me. - E/iste muita ignorEncia no meio, e os pr5prios responsveis pelos terreiros e pelas tendas umbandistas concorrem para 0ue o povo tenha uma idia errada da &mbanda. Em seus fundamentos, a &mbanda nada tem a ver com o Espiritismo, o 0ue n$o bem 28
esclarecido nos meios umbandistas. 4omea a2 a confus$o. *omou-se emprestado o nome 9esp2rita9, como se ele designasse todas as e/presses de mediunismo, e descaracteri-ou-se muito a &mbanda. !or outro lado, esp2ritos t3m bai/ado ao mundo com a miss$o de esclarecer e de certa forma dar um corpo doutrinrio = &mbanda, escrevendo livros srios a respeito do assunto, os 0uais s$o ignorados por muitos adeptos. Aos poucos, a verdade ir se espalhando, e, 0uem sabe, num futuro pr5/imo haveremos de ver abolidos os sacrif2cios de animais, as oferendas e uma srie de outras coisas 0ue nada t3m a ver com a &mbanda, mas com outras e/presses de cultos de origem afro, os 0uais s$o respeitveis, mas diferem em seus objetivos da verdadeira &mbanda. !ais e m$es-de-santo 0ue vivem enganando as pessoas, ciganas e ledoras de sorte 0ue cobram por seus 9trabalhos9, n$o t3m nenhuma rela$o com os objetivos elevados 0ue os mentores da &mbanda programaram. 7$o pessoas ignorantes das verdades eternas e responder$o ao seu tempo por suas aes inescrupulosas. A caridade lei universal, e n5s 0ue trabalhamos nas searas umbandistas devemos ter nela o guia infal2vel de nossas atividades. Assim como nem todos os centros esp2ritas 0ue di-em adotar a codifica$o de Allan Nardec s$o, na realidade, esp2ritas, tambm muitas tendas e terreiros n$o representam os conceitos sagrados da &mbanda. Acredito 0ue Allan Nardec permanece ainda grandemente desconhecido entre a0ueles 0ue se di-em adeptos da doutrina esp2rita, como tambm voc3 poder notar 0ue muitos umbandistas permanecem ignorantes das verdades e dos fundamentos de sua religi$o. *emos 0ue trabalhar unidos pelo bem e esperarA o tempo haver de corrigir todos os e0u2vocos de nossas almas, atravs das e/peri3ncias 0ue vivenciarmos. - as voc3 acha, meu irm$o, 0ue poss2vel o trabalho conjunto entre os esp2ritos esp2ritas e os umbandistas@ - !erfeitamente, Jngelo. A presena de voc3s a0ui uma prova disso. Da mesma forma, temos muitos dos nossos trabalhando nos centros Gardecistas, au/iliando a0ui e ali, nos trabalhos de cura e desobsess$o. % fato de n5s trabalharmos em conjunto n$o nos fa- rob8s, n$o pensamos de
maneira id3ntica. ?uardamos a nossa op$o 2ntima, e, afinal - disse, sorrindo nisso est a verdadeira fraternidade, 0ue nos amemos uns aos outros e respeitemos as convices pessoais, pois, se os mtodos de trabalho se multiplicam ao infinito, o 7enhor da vinha permanece sendo um s5, 6esus ou %/al. Abraou-me o companheiro espiritual, e sa2mos alegres para a tarefa 0ue nos aguardava. Aproveitando o tempo 0ue se fi-era mais prop2cio, alarguei a minha bitual curiosidade e propus ao companheiro espiritual 0ue me orientasse em certas 0uestes, a fim de 0ue eu pudesse mais tarde transmitir esses conhecimentos aos encarnados. Ele n$o se fe- de rogadoA ent$o comecei o meu interrogat5rio> - 1uanto aos banhos e ervas de defumaes utili-adas pelos umbandistas, haver algum fundamento cient2fico nisso tudo@ - #undamento, h, meu amigo Jngelo, embora nem sempre as pessoas 0ue se beneficiem desses recursos o saibam. *omemos como e/emplo os chamados banhos de descarrego, t$o receitados por pretos velhos e caboclos. 'oc3 sabe muito bem do poder das ervas, de seu magnetismo pr5prio. 1uando s$o utili-adas ade0uadamente, podem operar verdadeiros prod2gios, gerando e0uil2brio e harmonia. As plantas guardam nesse estado de evolu$o, muita energia, muita vitalidade, e os raios absorvidos do sol no processo de fotoss2ntese formam uma aura particular em cada fam2lia do reino vegetal, o 0ue se associam ao pr5prio 0uimismo da planta. 1uando colocadas em infus$o, transmitem = gua todo o seu potencial energi-ante, curador, reconstituinte. B o 0ue se passa com os florais usados atualmente. 1uando o adepto toma o banho com a mistura de ervas, todo o magnetismo 0ue est ali associado provoca, em alguns casos, um cho0ue energtico ou uma reconstitui$o das camadas mais e/ternas de sua aura. +a verdade, isso n$o tem nenhuma rela$o com o misticismoA cient2fico. 7ob a influ3ncia abenoada das ervas, muitos benef2cios t3m sido alcanados por in.meras pessoas. "rm$os nossos de outras confisses religiosas, mesmo os esp2ritas, julgam 0ue tais provid3ncias s$o um absurdo e recusam 0ual0uer 29
receiturio 0ue venha com tais indicaes. Est$o at indo contra os mtodos empregados pelo mestre Allan Nardec, pois recusam-se a pes0uisar, 0uestionar, certificar-se cientificamente dos efeitos benficos desses recursos da nature-a. A pr5pria ess3ncia do Espiritismo a pes0uisa, a comprova$o dos fatos. as recusamse a pes0uisar, a comprovar, e muitos reputam como misticismo algumas prticas. #eli-mente, na atualidade, muitos cientistas t3m levado a sua contribui$o com a descoberta dos florais, 0ue obedecem ao mesmo princ2pio terap3utico dos nossos chs e banhos de ervas. +o caso das defumaes empregadas na &mbanda, o princ2pio o mesmo, mas em lugar de empregar as ervas em infus$o, elas s$o 0ueimadas. +a 0ueima, suas propriedades terap3uticas s$o transferidas ou utili-adas de forma energeticamente pura, ou seja, o fogo, a combust$o, transforma a matria em energiaA isso uma lei da f2sica, e 0uando determinada erva 0ueimada, sua parte astral ou etrica passa a concentrar, alm de seu potencial pr5prio, o potencial da parte f2sica, 0ue transformado no momento da combust$o. % produto obtido, aliado ao fluidos dos esp2ritos 0ue sabem manipular tais recursos, s$o de eficcia comprovada em casos de parasitismos, simbioses e larvas astrais, 0ue s$o literalmente 9arrancadas9 de seus hospedeiros encarnados. "sso ocorre pela a$o conjunta dos fluidos liberados na ocasi$o da 0ueima das ervas, nas defumaes. esmo 0ue alguns ou muitos n$o aceitem tais recursos, n$o significa 0ue n$o sejam efica-es. Hasta 0ue sejam feitas observaes, com mtodos cient2ficos, e tudo ser comprovado. +este caso, tambm, n$o se trata de misticismo, mas de puro conhecimento de certas propriedades dos elementos vegetal, mineral ou animal, a servio do bem aos semelhantes. - 6o outro dia, = noite, tive a surpresa de ver Erasmino na sess$o da tenda. Estava 0uieto e cabisbai/o ao lado de D. +i0uita, sua m$e, e de "one, 0ue neste momento se encontrava muito alegre, por haver conseguido, de alguma forma, ajudar a amiga. Erasmino conservava-se arredio e 0uase se levantou para ir embora
0uando todos comearam a cantar os pontos dos guias. % sal$o encheu rapidamente, e, ao som dos cEnticos devocionais, as entidades iam assumindo seus mdiuns ou 9cavalos9, como alguns costumavam falar. Ap5s atender algumas pessoas, 'ov5 4atarina e !ai Dami$o, atravs de seus mdiuns, chamaram D. +i0uita e Erasmino e conversaram com ambos em particular, e/plicando aspectos dos trabalhos reali-ados anteriormente. 'ov5 4atarina, a nossa 0uerida Eu-lia, ao conversar com Erasmino, pediu aos presentes para cantarem um ponto, o hino dos pretos velhos> 9 Vov. no uer casca de coco no terreiro! Vov. no uer casca de coco no terreiro! S. &ra no se lem%rar dos tem&os do cativeiro... S. &ra no se lem%rar dos tem&os do cativeiro...I Ao som do ponto cantado, a bondosa entidade ia conversando com ele. Acreditamos 0ue foi a tal ponto esclarecedora a mensagem espiritual, 0ue vimos aos poucos como Erasmino, ajoelhado aos ps da preta velha, desmanchou-se em pranto convulsivo, e a entidade, amparando-o nos braos amigos, aplicou-lhe um passe com seus ramos de alfa-ema. % nosso amigo adormeceu ali mesmo, sendo condu-ido por integrantes da casa a um aposento pr5/imo, onde foi colocado numa maca. As entidades comunicantes dirigiram-se para onde estava Erasmino, incorporadas em seus mdiuns, e pudemos presenciar o 0ue na &mbanda se chama de descarrego. +o perisp2rito de nosso pupilo ainda restavam alguns fios flu2dicos, 0ue estavam ligados ao ple/o solar, e energias pesadas ainda estavam agregadas = aura do enfermo espiritual, produ-indo sintomas depressivos e desmaios constantes. #oram tra-idas algumas ervas, 0ue foram 0ueimadas em local apropriado, e aliado ao efeito etrico da 0ueima das plantas, foram aplicados pelos esp2ritos jatos de fluidos de grande intensidade, 0ue literalmente e/purgaram de Erasmino o restante das energias m5rbidas. Durante os cEnticos e as re-as, sa2a das m$os dos mdiuns imensa 0uantidade de energia, 0ue revigorava as foras do nosso amigo, a tal ponto 0ue ele acordou e, em meio a tudo 0ue acontecia, femen$o de se levantar da maca, sendo detido pela m$o vigorosa da entidade 0ue atendia pelo nome de 4aboclo das 30
7ete Encru-ilhadas, um dos trabalhadores espirituais da tenda. % caboclo, incorporado ao mdium, colocou as m$os sobre a cabea do assistido e concentrou-se intensamente. Da cabea do mdium partiram fios coloridos 0ue erravam pelo ambiente e sa2am da casa singela, indo ao encontro de outro esp2rito, 0ue aguardava sob o dom2nio dos guardi$es a hora de ser chamado. Era o 0ue denominavam na &mbanda de 9pu/ada9. % caboclo afastou-se do mdium e outro esp2rito assumiuA desta ve- n$o era um trabalhador da tenda, mas a entidade obsessora 0ue perseguia Erasmino. 'ov5 4atarina imp8s-se = entidadeA en0uanto !ai Dami$o, o nosso irm$o Anselmo, pedia = assist3ncia no sal$o 0ue mantivesse o ritmo dos pontos cantados, a fim de au/iliarem na tarefa. A entidade obsessora se manifestava com todos os sintomas de dese0uil2brio, envolvendo o mdium em vibraes pesad2ssimas e tentando a todo custo libertar-se do dom2nio de Eu-lia. Esta, como 'ov5 4atarina, projetava energias sobre o c5rte/ cerebral do mdium e, juntamente com os caboclos, promovia a despolari-a$o da mem5ria espiritual da entidade, locali-ando-a em outra poca, em outra encarna$o, desarmando-a por completo e adormecendo-a para ser depois condu-ida para Aruanda, segundo nos falou mais tarde. Erasmino levantou-se um pouco assustado, mas, com certe-a, sentia-se mais aliviado, como se uma carga houvesse sido arrancada de suas costas. Estava relativamente livre e esperava n$o precisar voltar mais ali, pois, apesar de haver sido beneficiado, n$o nutria nenhuma simpatia por tudo a0uilo. 1ueria ir embora urgentemente. - 4alma, meu filho; - falou 'ov5 4atarina. As coisas n$o s$o assim como voc3 pensa, n$o;Agora vamos conversar um pouco mais. Erasmino ficou assustado com o tom de vo- da entidade, 0ue continuou> 4 6a vida! meu fio! as coisas toda o%edece a uma sintonia. 6ada acontece sem ue n.is deva al"o 0 &r.&ria vida. Isto tudo aconteceu a oc-&ara ue des&ertasse desse sono ue amea1a sua vida. 6osso 'ai Oxal d! mas tam%m tira. Oc- &recisa se inteira de certas coisas! &ois o ue foi tirado de oc- foi a&enas &ra ue oc- a&roveite o seu tem&o e &re&are o seu cora1o.
Oc- vai ter ue estudar muito! meu fio! e tra%alhar tam%m. A caminhada muito lon"a! e s. de&ois de muito &enar ue n.is &odemo afirmar ue estomo a&enas come1ando. 3u sei ue oc- no "osta da nossa %anda! isso oc- no conse"ue disfar1ar! noK 'or isso! essa ne"a veia vai indicar a oc- ue estude al"uns livros muito im&ortantes. 3 &osso "arantir ue! se oc- no estudar e se &re&arar no cora1o! as coisa &ode volta! e uem sa%e 7eus como oc- se encontrarO 'ois %em! meu fio! ocse"ue em &a$! ue a for1a de nosso 'ai Oxal &rote+a os seus &asso e a nossa me Maria Sant#ssima diri+a seus & no caminho da &a$. 4hamando outro mdium, a entidade indicou alguns livros para o rapa- estudar> - O 3van"elho se"undo o 3s&iritismo e % <ivro dos 3s&#ritos! ambos de Allan Nardec - e falou para todos ouvirem> 4 6um assustem no! meus fios! acontece ue cada um deve ir aonde manda o seu cora1o. O nosso irmo no se sente 0 vontade com nossos tra%alhos! &or isso! ne"a veia enviou ele 4&ara os cuidados de outros com&anheiros es&irituais. 7eus a%en1oa ue ele des&erta lo"o e come1a a sua tarefa! seno n.is num &odemo "arantir nada &ra ele. (em ue mudar o cora1o. Despedindo-se dos mdiuns e assistentes, retirou-se a entidade ao som do ponto 0ue, cantado, di-ia> IA Aruanda lon"e! e nin"um vai lM A Aruanda lon"e! e nin"um vai lM E s5 os preto velho 0ue vai l e toma a voltar...9 %s trabalhos da noite terminaram. Ap5s conversar com Erasmino, D. +i0uita retirou-se com ele e "one, e, deste lado da vida, ficamos n5s, observando por 0uais caminhos iria o nosso irm$o. 4urioso como sempre, ia aventurar-me a perguntar a Arnaldo alguma coisa, 0uando ele mesmo falou, adivinhando meus sentimentos e pensamentos> - Aruanda, meu amigo, significa, hoje, o plano espiritual onde se re.nem os esp2ritos responsveis pelos trabalhos da &mbanda. B um plano bel2ssimo e tambm uma col8nia espiritual, para onde s$o condu-idos esp2ritos para serem recambiados ao caminho do bem, sob as b3n$os e 31
orientaes de pretos velhos e caboclos, 0ue se apiedam de nossos irm$os encarnados e desencarnados, servindo como instrumentos de Deus para o despertamento de seus filhos. 4alei-me momentaneamente para digerir os ensinamentos e e/peri3ncias 0ue tivera na0uela semana de atividades. A noite salpicada de estrelas mostrava-nos Amanda, a ptria espiritual dos filhos da &mbanda. )a, nossa terra, 0ue talve- nunca mais ver2amos. Ah; como era duro ser negro na0ueles dias. +osso destino era servir. 7ervir at a morte. %s tambores tocavam o ritmo cadenciado dos %ri/s, e n5s danvamos. Danvamos todos em volta da fogueira improvisada ou = lude tochas ou velas de cera 0ue fa-2amos. A comida era pouca, mas para passar a fome n5s danvamos a dana dos %ri/s. E assim, ao som dos tambores de nosso povo, nos divert2amos, para n$o morrer de triste-a e sofrimento. Eu era chamada de feiticeira. as eu n$o era feiticeira, era curandeira. Entendia de ervas, com as 0uais fa-ia remdios para o meu povo, e de partoA eu era a parteira do povo de Angola, 0ue estava errando na0uela terra de meu Deus. At 0ue 7inha-inha me tirou do meu povo. Ela n$o 0ueria 0ue eu usasse meus conhecimentos para curar os negros, somente os brancosA afinal, negro - di-ia ela - tinha 0ue trabalhar e trabalhar at morrer. Depois, era s5 substituir por outro. as Dona oa n$o pensava assim. Ela gostava de mim, e eu, dela. #ui jogada num canto, separada dos outros escravos, e todas as noites eu chorava ao saber 0ue meu povo sofria e eu n$o podia fa-er nada para ajudar. De dia eu descascava coco e mo2a caf no pil$o. < noite eu cantava so-inha, solitria. E ouvia o cantar triste de meu povo, de longe. %uvia o lamento dos negros de Angola pedindo a %/al a liberdade, 0ue s5 depois n5s entendemos o 0ue era. E os tambores tocavam o seu lamento triste, o seu to0ue cadenciado, en0uanto eu respondia de meu cativeiro com as re-as dos meus %ri/s. A liberdade, 0ue era cantada por todos do cativeiro, s5 mais tarde 0ue n5s a compreendemos. A liberdade era de dentro, e n$o de fora. A0ueles eram dias dif2ceis, e n5s aprendemos com os cEnticos de %/5ssi e as armas de %gum o 0ue era se
humilhar, sofrer e servir, at 0ue nosso esp2rito estivesse acostumado tanto ao sofrimento e a servir sem discutir, sem nada obter em troca, 0ue, a um simples sinal de dor ou 0ual0uer necessidade, n5s estvamos ali, prontos para servir, preparados para trabalhar. E nosso !ai %/al nos ensinou, em meio aos to0ues dos tambores na sen-ala ou aos chicotes do capit$o, 0ue mais proveitoso servir e sofrer do 0ue ser servido e provocar a infelicidade dos outros. &m dia, v2tima do desespero de 7inh, eu fui levada = noite para o tronco, en0uanto meus irm$os na sen-ala cantavam. A cada to0ue mais forte dos tambores, eu recebia uma chibatada, at 0ue, desfalecendo, fui condu-ida nos braos de %/al para o reino de Aruanda. eu corpo, na verdade, estava morto, mas eu estava livre, no meio das estrelas de Aruanda. Em meu esp2rito n$o restou nenhum rancor, mas apenas um profundo agradecimento aos meus antigos senhores, por me ensinar, com o suor e o sofrimento, 0ue mais compensa ser bom do 0ue mauA sofrer cumprindo nosso dever do 0ue sorrir na ilus$oA trabalhar pelo bem de todos do 0ue servir de tropeo. Eu era agora liberta, e nenhum chicote, nenhuma sen-ala poderia me prender, por0ue agora eu poderia ouvir por todo lado o barulho dos tambores de Angola, mas tambm do N3tu, de )uanda, de 63je e de todo lugar. Em meio =s estrelas de Aruanda eu re-ava. ,e-ava agradecida ao meu !ai %/al. Assim a companheira Eu-lia, a 0uerida 'ov5 4atarina, contou a sua hist5ria da poca do cativeiro e a sua liberta$o do jugo tirano. E continuando, falou> - #ui pra Aruanda, lugar de muita pa-; as eu retomei. !edi a meu !ai %/al 0ue desse oportunidade pra eu voltar ao Hrasil pra poder ajudar a 7inh, pois ela me ensinou muita coisa com o jeito dela nos tratar. E eu voltei. Agora as coisas pareciam mudadas. Eu n$o era a0uela nega feia e escrava. Era filha de gente grande e bonita, sabia ler e ensinava crianas dos outros. &m dia bateu na minha porta um homem com uma menina enjeitada da m$e. Era muito es0uisita, doente e tra-ia nela o mal da lepra. *adinha; +$o tinha pra onde ir, e o pai desesperado n$o sabia o 0ue fa-er. Adotei a pobre coitada, fui tratando aos poucos e, 0uando me casei, levei a menina comigo. 4resceu, 32
deu problema, mas eu a amava muito. At 0ue um dia ela veio a desencarnar em meus braos, de um jeito 0ue fa-ia d5. 1uando eu retomei pra Aruanda, o 0ue voc3s chamam de plano espiritual, ela veio me receber com os braos abertos e chorando muito, muito mesmo. !erguntei por 0ue chorava, se n5s duas agora estvamos livres do sofrimento da carne, ent$o, ela, transformando-se em minha frente, assumiu a fei$o de 7inha-inha; Ela era a minha 7inh do tempo do cativeiro. E n5s duas nos abraamos e choramos juntas. Foje, trabalhamos nas falanges da &mbanda, com a esperana de passar a nossa e/peri3ncia pra muitos 0ue ainda se encontram perdidos em suas dificuldades. A hist5ria de Eu-lia era um verdadeiro poema de amor. com certe-a, a0uele esp2rito bondoso alcanou uma fora moral tal 0ue lhe facultou a oportunidade de dirigir a0uele agrupamento fraterno. Aproveitando o ensejo, procurei saber de Eu-lia a respeito dos costumes de pais e m$es-de-santo, 0ue fa-em uma prepara$o com seus 9filhos9, raspando-lhes a cabea ou 9firmando9 o santo, como falam nos terreiros. Ela esclareceu-me com boa vontade> - Esse costume, meu filho, se reporta aos cultos de 4andombl e n$o propriamente = &mbanda. as n5s reconhecemos 0ue a verdadeira prepara$o a vida moral elevada, 0ue de um valor in0uestionvel em 0ual0uer seara 0ue o filho de Deus se encontra. as outros companheiros, 0ue guardam suas ra2-es nos cultos de 4andombl e est$o numa fase de transi$o para a &mbanda, continuam com alguns costumes, 0ue tentam manter a todo custo, embora os progressos 0ue j reali-amos nessa rea. as para voc3 ter uma idia apro/imada do 0ue acontece nesses cultos, 0uando um indiv2duo se apresenta para ser 9preparado9 como filho-de-santo de algum ori/, e/igido dele 0ue se recolha por um per2odo, mais ou menos longo, numa 9camarinha9, espcie de c8modo onde ele fica recluso, conforme a na$o do 4andombl, ou seja, ?3ge, N3tu, Angola ou outra. Durante o per2odo de reclus$o, o filho-de-santo vai estreitando os laos flu2dicos com o
elemento dominado por seu %ri/, ou seja, se for %/5ssi o ori/ do filho, ele assimila o magnetismo das folhas e matas, pois, no 4andombl, %/5ssi considerado o responsvel por essa parte da nature-a, e assim por dianteA se for %/um, assimila as energias das fontes das guas docesA se "emanj, das guas salgadas, embora seja isso muito deturpado nos terreiros 0ue mant3m tais rituais. !assado o per2odo 0ue o culto e/ige, reali-ada a raspagem do cabelo para se fa-er a parte final. Apanha-se uma pedra, 0ue nesses cultos chamada de ot, por processos normalmente conhecidos pelo pai ou pela m$e-de-santo. A fora correspondente ao ori/ magneti-ada nesse ot e na cabea do filho-de-santo, e, em alguns casos, feita uma pe0uena abertura no alto da cabea, mais ou menos no lugar 0ue corresponde ao chacra coronrio. A2 fi/ada a fora do santo ou ori/, 0ue passa a ter dom2nio sobre 0uem se submete a ele. as o 0ue nem todos sabem 0ue, 0uando se reali-a a matana de animais e se derrama o sangue sobre o ot, ou pedra sagrada dos 4andombls, atraem-se energias pesadas e entidades primitivas 0ue se alimentam desse energismo primrio, como vampiros. < medida 0ue, mensalmente, se v$o alimentando essas entidades com energias animali-adas e fluido vital de animais sacrificados, vai-se criando um elo mais forte entre o filho do ori/ e essas foras astrais 0ue se utili-am de tal energia. Estreita-se o lao de uni$o e a depend3ncia entre ambos, criando-se uma egrgora doentia, m5rbida e de bai/2ssima vibra$o, 0ue cada ve- mais 0uer ser atendida em seus pedidos grosseiros. *em in2cio a2 a magia negra, com seus rituais sombrios 0ue t3m feito muitas v2timas pelo mundo afora. as o processo n$o termina a2. 1uando o tal filho-de-santo desencarna, encontra-se prisioneiro dessas entidades 0ue se manifestavam como santos ou ori/sA passa a ser presa deles nas regies pantanosas do almt.mulo. Em processos dif2ceis de descrever, inicia-se um intercEmbio doentio de energias entre os dois, e posso lhe afirmar - se n$o fosse pelos caboclos e pretos velhos, au/iliados pelos guardi$es na tarefa abenoada de resgatar esses filhos, dificilmente os pobres se veriam livres da simbiose espiritual 0ue lhes infelicita a e/ist3ncia 33
deste lado da vida. <s ve-es por anos ou sculos, mant3m-se prisioneiros nas garras de entidades perversas e atrasadas, 0ue, 0uando encarnadas, alimentaram com o sangue de animais inocentes e outras e/ig3ncias esdr./ulas de esp2ritos 0ue deles se aproveitavam. %s pEntanos dos subplanos astrais se encontram cheios de criaturas 0ue s$o vampiri-adas por maltas de esp2ritos alimentados nos eb5s e despachos reali-ados em matas, cachoeiras e encru-ilhadas da *erra. 4horam amargamente ou t3m seus t.mulos constantemente visitados e desrespeitados por essas entidades, com 0uem na vida f2sica compactuaram. !or a2 voc3 pode ter uma idia do trabalho 0ue os pretos velhos e os caboclos da &mbanda t3m para o resgate dessas almas infeli-es. B uma tarefa 0ue muitas ve-es os nossos irm$os Gardecistas n$o podem reali-ar, pois trabalham com fluidos mais sutis e desconhecem certos segredos ou certos detalhes 0ue envolvem os dramas de filhos, pais e m$es-de-santo desencarnados, ou seja, somente 0uem j teve e/peri3ncia nessa rea poder ajui-ar melhor e socorrer mais efica-mente esses irm$os sofredores. - as ser 0ue tais pais e m$esde-santo n$o sabem do risco 0ue correm permanecendo nesse procedimento@ - 6ulgam-se donos da verdade e tentam se enganar ou a outros, 0ue s$o protegidos, 0ue t3m a cabea 9feita9 e, por isso mesmo, n$o receiam o 0ue possa lhes acontecer. Enganam-se redondamente. 75 mais tarde, 0uando aportarem neste lado da vida, 0ue ver$o a sua triste realidade e buscar$o ajuda. 4horar$o amargamente. as, 0uando lhes foram faladas verdades espirituais, por parte de um simples preto velho ou caboclo da nossa &mbanda, julgaram ignorEncia ou falta de preparo e continuaram envolvidos em seus sistemas de trabalho, at 0ue a dor abenoada os despertasse mais tarde para a situa$o real de suas almas. - 'oc3 falou 0ue algumas ve-es os esp2ritos 0ue se alimentaram do sangue dos animais sacrificados continuam, ap5s a morte desses pais e filhos-desanto, a sugar suas energias na sepultura. 4omo se d isso@ - B claro 0ue entidades venerandas e esclarecidas n$o precisam de sangue e oferendas para
reali-arem suas tarefas espirituais. !ortanto somente a0ueles 0ue n$o se libertaram das situaes grosseiras e do atavismo secular 0ue os mant3m ligados a essas energias primrias 0ue se sintoni-am com tais prticas. % filho, o pai ou a m$e-de-santo v$o alimentando essa energia com sacrif2cios, bebidas e eb5s, criando a depend3ncia dessas entidades, 0ue, 0uando se v3em privadas do alimento ou do plasma do sangue do sacrif2cio, dos despachos de onde tiravam os fluidos animali-ados para satisfa-eremse, procuram-no em local mais prop2cio. 1uando desencarnam seus alimentadores - seus filhos, como eram chamados -, essas entidades passam a fre0:entar sua sepultura e n$o raras ve-es, permanecem ligados aos despojos carnais em putrefa$o, 0uando s$o literalmente vampiri-ados por a0ueles a 0uem serviam em vida. 7$o perseguidos ent$o, e seus restos mortais passam a ser o repasto dessas entidades 0ue antes consideravam 9santos9 ou 9escoras9. +a verdade, trata-se do 0ue erroneamente se chama de e/us, mas 0ue s$o na realidade, 0uiumbas disfarados, esp2ritos grosseiros e atrasados, ligados a essas almas infeli-es. - as e os mentores dessas pessoas, ser 0ue n$o podem interferir nesse processo para alert-los ou libert-los@ - "sso j tentam h muito tempo, mas, como se deve respeitar o livrearb2trio de todos, esperamos 0ue no momento ade0uado estejam preparados para ouvirem os apelos santificantes do Alto, ou de Aruanda. Eles t3m, na *erra, as vo-es da &mbanda e as orientaes do Espiritismo, mas, se n$o 0uiserem ouvilas, somente os sculos de dores e sofrimentos em futuras reencarnaes, ou nos pEntanos do mundo astral, 0ue far$o com 0ue acordem. At l, continuemos trabalhando, confiando no !ai aior. Eu-lia foi muito esclarecedora, e tanto sua li$o de vida como suas elucidaes sobre o assunto fi-eram-me parar para pensar em 0uanto a &mbanda, a verdadeira &mbanda, tem reali-ado e tem a reali-ar por essas almas e0uivocadas. Eu-lia convidoume a uma prece, e pude ver, rolando em sua face, duas lgrimas disfaradas, duas prolas de lu- 0ue certamente ca2am em lembrana dos sons dos 34
tambores de Angola, 0ue ficaram no passado distante. Agora restava o futuro, o trabalho, a esperana nas lu-es de Aruanda. 7ona +i0uita continuou a fre0:entar a tenda, pois se sentia muito = vontade e satisfeita com as tarefas 0ue reali-ava na casa singela de Eu-lia. "one 9desenvolveu9 sua mediunidade e trabalhava como mdium sob a orienta$o umbandista, e Erasmino, bem, Erasmino partiu para o estudo, muito embora ele o fa-ia por medo de 0ue tudo voltasse a ser como antes. 4omeou a ler os livros esp2ritas e, sempre 0ue podia, ia em alguma reuni$o p.blica de certa casa esp2rita na capital paulista, sem, contudo, 0uerer mais comprometimentos com a causa. 4erto dia, descobriu 0ue seu companheiro de trabalho era esp2rita e comeou ent$o um per2odo longo de perguntas, de curiosidades e de satisfa$o com as verdades 0ue descobria. Em casa, tentava convencer a m$e de 0ue tudo 0ue havia passado era coisa da cabea dele e 0ue a &mbanda era 9bai/o Espiritismo9, coisa de gente atrasada. A m$e, silenciosa, continuava com suas re-as e, =s ve-es, ia ao centro esp2rita para agradar o filho, mas guardava suas ra2-es nos ensinamentos sagrados da &mbanda, como costumava falar. !ermanecia em sil3ncio. 4erto dia, Erasmino, numa conversa com seu amigo !aulo 4sar, 0uis saber por 0ue os esp2ritos superiores permitiam a e/ist3ncia do 0ue ele chamava de 9bai/o Espiritismo9. *eve a sua resposta> - Acredito, meu amigo, 0ue, primeiramente, falta de caridade referirmo-nos a nossos irm$os de maneira pejorativaA depois, seria ignorEncia nossa classificar a &mbanda como sendo uma parte do Espiritismo. +ada tem a ver uma coisa com a outra. &mbanda &mbanda, e o Espiritismo continua sendo o Espiritismo. *emos algo em comum, o desejo de servir, de sermos .teis ao mesmo 7enhor, embora adotemos formas 0ue, na apar3ncia, s$o diferentes, mas, no fundo, se integram na a$o fraterna. % Espiritismo a doutrina codificada por Allan Nardec e inaugurada na *erra em MQ de abril de MQRO, na #rana. *em por objetivo estudar as leis espirituais 0ue regem os
dois mundos, de encarnados e desencarnados, estabelecendo, em bases de s5lida moral, os princ2pios superiores da vida. B a Doutrina 4onsoladora e visa ao despertamento do homem, = sua descoberta interior, ao despertar e = ilumina$o de sua consci3ncia, mas isso n$o nos d o direito de nos referirmos aos outros companheiros de jornada como sendo uma e/press$o 9bai/a9 de nossa doutrina. esmo por0ue o termo Espiritismo foi criado por Allan Nardec para referir-se = Doutrina dos Esp2ritos, codificada por ele, e, embora a &mbanda seja uma religi$o de carter medi.nico, n$o Espiritismo, nem alto e muito menos bai/o, assim como n$o podemos di-er 0ue &mbanda e 4andombl sejam a mesma coisa. Erasmino, sem graa, tentou consertar o 0ue dissera, dando curso = conversa e perguntando desta ve-> - as por 0ue todos falam 9tenda esp2rita de &mbanda tal9 ou 9mdium esp2rita umbandista tal9, referindo-se, dessa forma, ou = &mbanda ou aos seus mdiuns@ ,espondendo, !aulo disse-lhe> - A palavra 9Espiritismo9 foi criada, como lhe disse antes, para referir-se = Doutrina dos Esp2ritos, codificada por NardecA no entanto, a0ui, no Hrasil, talve- por falta de orienta$o, as pessoas tomaram emprestado o termo 9Espiritismo9 e passaram a designar toda manifesta$o medi.nica ou 0ue julguem medi.nica, embora n$o o seja como Espiritismo. A confus$o se estabeleceu por causa da desinforma$o por parte do povo, 0ue, devido = divulga$o da Doutrina Esp2rita no Hrasil, aproveitaram e tentaram unir as duas e/presses, &mbanda e Espiritismo, embora sejam distintas uma do outra. !or e/emplo, posso lhe di-er, meu caro, com todo o respeito 0ue tenho pelos nossos irm$os umbandistas, 0ue a &mbanda uma religi$o 0ue guarda muitos elementos ritual2sticos, pr5prios do seu culto, utili-ando-se os seus mdiuns de roupas brancas, como uniformes, de colares, em alguns casos, banhos de ervas, defumadores e todo um instrumental, para canali-ar as energias ps20uicas no trabalho 0ue reali-am. +o Espiritismo, no entanto, n$o temos nenhum ritual, nem roupas brancas, velas, banhos e nenhuma outra forma e/terna de culto. !rima-se, no Espiritismo, pela simplicidade absoluta. 7e voc3 encontrar, algum dia, alguma casa ou 35
centro 0ue di- ser esp2rita, mas continua utili-ando ritual ou n$o se encai/a na caracter2stica da simplicidade, 0ue encontramos nos livros da 4odifica$o, poder ser 0ual0uer outra coisa, menos Espiritismo, mesmo 0ue seus dirigentes digam o contrrio. E/istem muitos centros 0ue utili-am mtodos pr5prios, com rituais, uniformes e um monte de outras coisas com objetivos os mais variadosA mesmo 0ue sejam bons, n$o refletem a nature-a dos princ2pios espiritistas. 7$o respeitveis em seus prop5sitos, mas, se teimam em agir contrariamente =s orientaes de Allan Nardec, caracteri-am-se como espiritualistas, mas n$o esp2ritas. as por isso n$o podemos falar de nossos companheiros umbandistas. Embora ambos trabalhemos com e/presses do mundo espiritual, os seus mtodos diferem dos nossos, pois n$o se baseiam nos ensinamentos de Allan Nardec, mesmo 0ue leiam e recomendem os livros esp2ritasA t3m literatura pr5pria, ensinamentos 0ue, em suas bases, refletem as verdades espirituais e, na forma, diferem da maneira como estudamos nos centros e nas fraternidades esp2ritas. 4ontudo continuam sendo merecedores do nosso carinho, respeito e amor, os 0uais devem reger as relaes da grande fam2lia espiritual. - B bom esclarecer - continuou !aulo - 0ue a Doutrina Esp2rita est alicerada em tr3s pilares inamov2veis, 0ue lhe caracteri-am as estruturas doutrinrias> o aspecto cient2fico, 0ue estuda e comprova os fatos, com base em observaes criteriosas e utili-ando a instrumentalidade medi.nica para devassar as leis 0ue regem o intercEmbio dos dois planos da vidaA o aspecto filos5fico, 0ue parte dos 0uestionamentos de todos os homens e tra--nos elucidaes valios2ssimas 0uanto = origem, = nature-a e = destina$o dos esp2ritos em suas relaes com o mundo corp5reoA e o aspecto religioso ou moral, destitu2do de misticismos, rituais ou 0ual0uer outra e/press$o e/terna de um culto organi-ado, elevando a mente, a consci3ncia, a um estado de e/pans$o e de responsabilidade perante as leis da vida, atravs da reforma 2ntima ou da morali-a$o do ser.
Erasmino, agora um pouco transformado, lembrou-se do 0ue ouvira na tenda e resolveu 0ue, se por en0uanto n$o conseguia aceitar a idia 0ue lhe fora transmitida, por efici3ncia pr5pria, seguiria calado, respeitaria sua m$e em suas decises e estudaria tambm, com mais mtodo e disciplina. ,esolveu modificar-se e, sem 0uerer, seguia o conselho da preta velha. Estava mudando seu cora$o. 4ontinuando a conversa, 0ue se mostrava muito franca e esclarecedora, perguntou a !aulo> - E/iste alguma diferena bsica, em termos doutrinrios, entre o Espiritismo e as outras religies@ 'oc3 poderia me dar alguma orienta$o a respeito@ - !erfeitamente, meu amigo; respondeu !aulo. - A Doutrina Esp2rita, sendo o 4onsolador prometido pelo estre 6esus, vem tra-er diversas contribuies, em termos doutrinrios, para o crescimento moral e intelectual da humanidade. !rimeiramente, temos os princ2pios bsicos ou fundamentais, 0ue diferem em muitos pontos de outras confisses religiosas, mesmo as 0ue se di-em espiritualistas. % conceito de Deus, por e/emplo, sempre foi deturpado em diversas religies, dando uma idia m2stica, antropom5rfica ou material da divindade. % Espiritismo inaugurou uma era c5smica, tra-endo o conhecimento de Deus como sendo a causa primria de todas as coisas - conforme se encontra estabelecido em O <ivro dos 3s&#ritos na 0uest$o n.mero um -, e/pandindo o conceito paternalista de Deus e dando sentido l5gico = origem de todas as coisas. Deus dei/ou de ser um demiurgo, uma divindade pessoal, para ser apresentado como 4onsci3ncia 45smica, cuja ess3ncia est presente em todas as dimenses do &niverso, presidindo = forma$o e = manuten$o de toda a cria$o, de todos os seres, vis2veis e invis2veis. Deus a causa causai de todas as coisas. 7eguindo a l5gica insupervel da idia da e/ist3ncia de Deus, a Doutrina estabelece como conse0:3ncia natural dessa e/ist3ncia a imortalidade da alma, ponto fundamental de toda a vida universal. B conse0:3ncia social da imortalidade a lei da reencarna$o ou dos renascimentos sucessivos - forma de evolu$o, 0ue, por sinal, outro princ2pio fundamental do Espiritismo, o 0ual vem a ser confirmado pela ci3ncia. 36
E por falar em ci3ncia, meu amigo, a Doutrina n$o somente estabelece a verdade da imortalidade da alma, como a prova cientificamente, atravs da mediunidade, fen8meno ps20uico de investiga$o do mundo espiritual e de suas leis eternas. Dessa forma, os princ2pios doutrinrios v$o se desdobrando de maneira l5gica e coerente> a ra-$o e o bom senso presidem de forma harmoniosa os postulados fundamentais dessa doutrina de verdade e amor. Erasmino sentiu-se mais animado e fortalecido interiormente, notando 0ue algo se modificava em seu 2ntimo. com os esclarecimentos de !aulo, sentiu-se animado em continuar suas pes0uisas e seus estudos. !aulo, por sua ve-, lanou mais lu- sobre Erasmino, indicando-lhe> - 'oc3 sabe 0ue temos, no movimento esp2rita, 0ue diferente de Doutrina Esp2rita, uma literatura de valor inestimvelA no entanto, eu aconselho voc3 a comear pelo comeo, lendo os livros bsicos da 4odifica$o> O <ivro dos 3s&#ritos! O <ivro dos Mdiuns! O 3van"elho se"undo o 3s&iritismo! A D-nese e ,u e Inferno! todos de Allan Nardec. ais tarde, em desdobramento natural, voc3 ir se inteirando de outros aspectos, 0ue s$o esclarecidos e e/emplificados em outros livros, 0ue temos aos montes. *enha o cuidado, no entanto, de verificar a seriedade do autor e os valores apresentados. Assim, voc3 estar realmente comeando da maneira correta. Erasmino foi, aos poucos, se modificando. Estudava com mais interesse, anotava suas observaes. Aos poucos ia se inteirando e se integrando ao movimento esp2rita da 4apital. Em casa as coisas realmente melhoraram. D. +i0uita j conseguia conversar com Erasmino a respeito de 0uestes espirituais, sem 0ue ele 0ui-esse convert3-la. +o seu interior, continuava com certo preconceito, 0ue fora mais profundamente firmado devido a opinies de companheiros da Doutrina, 0ue n$o se esclareciam a respeito. as, sempre 0ue podia, !aulo 4sar, seu amigo, dava-lhe algumas lies de fraternidade. Em certa conversa com !aulo, resolveu perguntar a respeito dos mtodos de trabalho com os esp2ritos. !aulo, sempre de boa vontade, e/plicou-lhe>
-As casas esp2ritas normalmente adotam reunies p.blicas, nas 0uais as pessoas s$o esclarecidas a respeito dos princ2pios bsicos da Doutrina. +essas reunies s$o ministrados ensinamentos evanglicos, 0ue au/iliam no e0uil2brio psicof2sico do indiv2duo, alm dos passes, 0ue s$o transfuses de energias vitais destinadas a limpar a aura, refa-er as foras e au/iliar em tratamentos da0ueles 0ue necessitem. !ara intercEmbio com os esp2ritos, s$o reali-adas reunies privativas, sem assist3ncia, nas 0uais os companheiros desencarnados 0ue estejam em situaes conflitantes ou aflitivas s$o encaminhados ao tratamento espiritual. 7$o as chamadas reunies de desobsess$o ou de terapia espiritual. uitos centros adotam outras reunies, de carter privativo, como a de educa$o medi.nica, na 0ual os mdiuns s$o preparados para o intercEmbio entre os dois lados da vida, e reunies de tratamento ou as chamadas de reunies de cura, destinadas a cirurgias espirituais ou a passes magnticos. 4onforme o compromisso de cada casa esp2rita, s$o criadas reunies especiali-adas, mas todas devem obedecer aos princ2pios da 4odifica$o Esp2rita, com simplicidade, sem rituais ou outras formas e/teriores de culto. % culto esp2rita o do cora$o, da ra-$o e do trabalho constante no bem. Erasmino, com o tempo, foi integrando-se aos trabalhos de certa casa esp2rita. ,eali-ou diversos cursos, como o de Aprendi-es do Evangelho, o 4urso Hsico de Espiritismo e o de Educa$o edi.nica, ministrados na casa esp2rita 0ue fre0:entava. Aprendeu muito e integrou-se a caravanas de au/2lio aos necessitados, fa-endo visitas a hospitais, creches e asilos. ,ealmente estava modificado. !elo menos, era o 0ue pensava, o 0ue di-ia, o 0ue desejava. as a reforma obra de toda uma vida, e n$o de apenas algumas decises. B necessrio perseverana e disciplina, o 0ue se aprende com o tempo e muito trabalho. Erasmino mostrou-se, com o tempo, um e/celente doutrinadorA tinha a palavra fcil e a agilidade para conversar com os desencarnados. 4onhecia agora a Doutrina Esp2rita e n$o se fa-ia de rogado 0uando aparecia uma tarefa para fa-er. "ntegrou-se, dessa maneira, a um grupo medi.nico. #ora indicado pelo mentor da casa como doutrinador. 37
Encontrava-se satisfeito, tran0:ilo intimamenteA no fundo, depois desse tempo todo, havia es0uecido da &mbanda, de !ai Dami$o e de 'ov5 4atarina. Eram novos tempos. +ovos trabalhos. as, no plano espiritual, a tarefa comeada, um dia, na tenda de !ai Dami$o e 'ov5 4atarina, n$o havia chegado a termo, embora o tempo houvesse passado. %s bondosos esp2ritos haviam procurado o concurso da casa esp2rita onde agora Erasmino estava se integrando e para l condu-iram o antigo verdugo do nosso irm$o, a fim de ser esclarecido. E como a vida nos d lies bel2ssimas e preciosas em suas voltas tortuosas... Achava-se Erasmino, certo dia, num trabalho medi.nico, 0uando deparou com um companheiro de dif2cil doutrina$o. !assaram-se meses e meses, e n$o conseguia definir a problemtica do companheiro espiritual 0ue visitava a0uela reuni$o esp2rita. Apesar de todos os seus argumentos n$o conseguia convenc3-lo de sua situa$o espiritual. %rou, orou e rogou recursos do Alto. as a doutrina$o prosseguia, fatigante, arrastando-se por vrios meses. !assou um ano, e o esp2rito n$o desistia de seu intento. - eu irm$o, me conte o 0ue o leva a tamanho 5dio contra o companheiro 0ue voc3 di- perseguir. +$o ter voc3, porventura, falhado igualmente em seu passado espiritual@ Diga-me, por Deus, 0ual o nome desse infeli- a 0uem voc3 persegue@ % 0ue lhe fe- o coitado@ Entre gargalhadas e deboches, o esp2rito permanecia preso =s recordaes do passado, ao 5dio e ao desejo de vingana. - 'oc3 n$o sabe o 0ue ele me fe- falava a entidade. - Ele n$o merece ser ajudado. - Ent$o, conte-me o 0ue lhe feesse companheiro, meu irm$o; - eu irm$o, 0ue nada; respondia o comunicante - 'oc3 nem imagina como sofri nas m$os do celerado. Encontravam-nos em situa$o invejvel em pa2s da Europa - comeou a falar o obsessor. - Eu era pai de tr3s lindas meninas, e ele, o infeli-, repartia comigo o trabalho, 0ue nos rendia imensa fortuna. +ingum desconfiava do 0ue fa-2amos. Ele era jogador afamado e, certo dia, depois de apostar tudo 0ue tinha, correndo risco no jogo, perdeu a fortunaA vendo-se em
desespero, comeou a ar0uitetar um plano diab5lico para recuperar-se do ocorrido. *raficvamos escravos para terras long2n0uas e nem nos importvamos com a desdita da0uelas bestas. as eu n$o sabia da desgraa 0ue estava para se abater sobre a minha fam2lia. % famigerado, 0ue se di-ia meu amigo, aproveitou uma viagem 0ue fi- para outro pa2s e fe- neg5cio com um rico senhor 0ue partia para alm-mar. Enganou minha mulher e minhas filhas e, a prete/to de lev-las at onde eu estava, vendeu-as ao senhorio, 0ue o admitiu tambm na tripula$o da caravela. 1uanto mais o esp2rito falava, mais Erasmino parecia transportado = hist5ria. 'isuali-ava as cenas da desdita do esp2rito comunicante. +o fundo, passou a compreender o seu desejo de vingana. % esp2rito continuava a narrativa> - 75 mais tarde, no navio, minha mulher surpreendeu uma conversa entre os dois negociantes da infelicidade alheia e acordou para o acontecido. % senhorio tentou a todo custo romper as defesas morais de minha mulher e da filha mais velhaA n$o conseguindo, depois de todos os esforos 0ue empreendeu, entregou-as = tripula$o da caravela para 0ue abusassem delas. 7eu sofrimento deve ter sido infinito, at 0ue morreram, depois de noites e noites de sofrimentos morais nas m$os da0uela corja de homens est.pidos e marginais. inhas outras duas filhas foram vendidas como escravas e cortadas as suas l2nguas, para evitar 0ue falassem. &ma delas 0uase veio a morrer, n$o fosse a bondade de uma negra, 0ue a salvou da situa$o, dando-lhe algumas ervas para mastigar, o 0ue lhe aliviou as dores. As duas se consolavam, pois ambas eram prisioneiras. %corre 0ue uma era negra, e a outra, branca, mas inutili-adas com a desgraa 0ue lhes sobreveio. 1uando eu soube do acontecido, 0uase morri de desgosto. Desfi--me de tudo 0ue me restava para sair = procura de minha fam2lia. Era o fim para mim. % desgraado escapou, e jurei vingana. 75 0uando morri 0ue fui descobrir toda a verdade a respeito e comecei a perseguir o infeli-. 4ontratei outros esp2ritos para me ajudarem em minha sede de vingana, e agora voc3 intenta me demover de meus objetivos. % esp2rito contava a sua vida, e todos o ouviam com imenso respeito 38
pela dor do companheiro 0ue sofria h sculos, pelo 5dio 0ue tra-ia no cora$o. Erasmino emocionou-se ao e/tremo e pediu socorro aos imortais 0uanto ao caso, pois se encontrava impotente para dar conselho ao irm$o sofredor. 7ua dor era realmente procedente. 4omo falar-lhe, demov3-lo da vingana cruel, se ele mesmo, sendo o doutrinador, estava condo2do da situa$o@ ?ostaria intimamente de saber 0uem era a0uele 0ue promovera tamanha desdita na vida de uma fam2lia. 1uem poderia ser o celerado 0ue tanta desgraa espalhou ao longo do tempo@ ,ogou ao Alto o recurso necessrio para continuar a doutrina$o, 0uando se manifestou uma entidade numa das mdiuns da casa, a 0ual falou amorosa> - eus filhos, Deus abenoe-nos os esforos de trabalho no bem. uitas ve-es, em nossas e/peri3ncias transatas, temos semeado a dor e a maldade pelos caminhos por onde andamos. *emos aprendido os conceitos do Eterno Hem, mas n$o os vivemos e, mesmo depois de sculos de e/peri3ncias dolorosas, continuamos a abrigar em nosso 2ntimo os desejos inconfessveis, a viol3ncia disfarada e os fantasmas da intolerEncia e do preconceito, os 0uais, no passado, foram motivo de 0uedas dolorosas. B hora de refa-ermos nossas pegadas nas areias do tempo. B hora de recomearmos nossa jornada sem nada perguntarmos, sem nada e/igirmos da vida, mas doando-nos em tarefas de amor e de pa-. 7emeemos as sementes da bonana e aprendamos a perdoar incondicionalmente, at 0ue nossas almas tenham aprendido o significado do verbo divino> amar. 'rias e vrias ve-es havia se repetido a visita do companheiro espiritual, e a hist5ria 0ue ele contava se desdobrou em mais duas encarnaes, nas 0uais ele se vira v2tima da mesma pessoa e em circunstEncias semelhantes. 7empre a mesma entidade orientadora estava presente no final da comunica$o, dando suas lies preciosas de amor e fraternidade. 4erta ve-, um dos mdiuns presentes na reuni$o conseguiu ver os refle/os luminosos em 0ue se envolvia o elevado comunicante espiritual e descreveu a cena, com emo$o 0ue contagiou a todos. Era um esp2rito muito elevado e parecia estar ligado ao doutrinador, 0ue era
Erasmino. Ele sentiu-se satisfeito com a presena espiritual, mas n$o conseguia tirar da cabea o caso do companheiro sofredor, 0ue h mais de um ano visitava a reuni$o medi.nica, sem 0ue ele conseguisse por termo ao caso. Alm disso, Erasmino fi/ou na mente 0ue gostaria de conhecer o responsvel por tamanha desdita da criatura. Deveria ser algum 0ue, embora encarnado, destilasse veneno e 5dioA talve-, identificando-o, poderia prevenir 0uem estivesse envolvido com ele, evitando 0ue fi-esse novamente, no presente, o 0ue fi-era no passado com a0uela entidade 0ue se manifestava. % tempo foi passando, e a hist5ria desdobrava-se nas palavras do esp2rito comunicante, 0ue, a cada m3s, tra-ia um aspecto mais aterrador do drama 0ue vivera. % doutrinador j estava comovido ao m/imo com o caso e aprendera a amar profundamente o comunicante sofredor. 6 n$o conseguia dormir direito, agora sonhando com as cenas de desespero no navio, a morte da filha e da esposa do companheiro e o destino infeli- da outra filhinha dele. %rava cada ve- mais insistentemente, pedindo ao Alto 0ue o au/iliasse, revelando-lhe o causador de tamanha desgraa. 1ueria conhec3-lo de 0ual0uer maneira. ,esolveu ent$o pedir a ajuda da elevada entidade 0ue, sempre ap5s a comunica$o do infeli- esp2rito, vinha em au/2lio para tra-er o lenitivo, atravs de mensagem confortadora. 4erto dia, durante a reuni$o de doutrina$o ou desobsess$o, Erasmino teve uma oportunidade de conversar com o elevado mensageiro. Ele lhe disse 0ue lhe daria a oportunidade 0ue pedira na pr5/ima reuni$o, mas 0ue continuasse em prece, pois seria necessrio muito e0uil2brio para continuar seu trabalho ap5s a revela$o. *odos estavam na e/pectativa. !repararam-se intimamente, e nunca a reuni$o se mostrou t$o produtiva 0uanto na0uela noite. % esp2rito comunicante disse 0ue n$o voltaria mais e 0ue estava agora aliviado por poder contar a sua hist5ria. +$o havia mais rancor em seu cora$o, pois um esp2rito elevado o havia esclarecido a respeito de muitas 0uestes 0ue ignorava. *odos choravam, pois aprenderam a amar a0uele irm$o. Erasmino estava profundamente abalado pela 39
comovente hist5ria 0ue acompanhou durante mais de um ano. 4horava de emo$o, 0uando resolveu perguntar ao companheiro 0ue se despedia se ele poderia identificar o causador de todo o seu mal, da sua infelicidade. % companheiro olhou para o doutrinador e perguntou> - 'oc3 0uer mesmo saber de 0uem se trata@ - 7im, meu irm$oA afinal, n5s estamos encarnados, e ele, tambm. 7er de muita utilidade 0ue saibamos, para 0ue possamos ajui-ar melhor e at, 0uem sabe, prevenir 0uem de direito, para evitar 0ue tal pessoa repita com outro o 0ue fe- com voc3 em mais de uma encarna$o. - as eu mudei, meu senhor, acho 0ue.n$o devo falar mais sobre isso. - Eu insisto, meu irm$o, eu insisto, por favor... % esp2rito, atravs do mdium 0ue lhe dava passividade, respirando fundo, disse para Erasmino> - #oi voc3, meu senhor; #oi voc3;... E retirou-se do mdium para n$o mais voltar =0uele n.cleo de atividades. Erasmino ficou semiparali-ado com a revela$o. *odos ficaram bo0uiabertos, mas o trataram com muito carinho e deram-lhe o apoio necessrio para 0ue superasse o cho0ue. A reuni$o terminou, e Erasmino retomou ao lar com a ajuda de companheiros. !or alguns meses n$o voltou = casa esp2rita. Estava realmente abalado com o 0ue ouvira. Desejou tanto saber a verdade a respeito do passado da0uele esp2rito e, 0uando soube 0ue fora ele o causador de tamanha desgraa, abalou-se profundamente. Abateu-se o seu esp2rito. !recisava repensar a sua vida. !ensou 0ue estava tudo resolvido a respeito de si, e agora o passado viera = tona novamente. +$o sabia o 0ue fa-er. Estava verdadeiramente perdido. *ra-ia uma cota de culpa, um processo malresolvido de seu passado espiritual. Embora o esp2rito o houvesse perdoado, n$o se perdoara ao longo do tempo. 4obrava-se intimamente, inconscientemente. % passado rompia a prote$o benfa-eja do tempo e ressuscitava. As reunies medi.nicas foram uma espcie de psicoterapia espiritual, s5 0ue ele tambm estava sendo tratado, e n$o apenas o perseguidor, 0ue, afinal, se mostrou o perseguido. 1uanto a este, tinha se
libertado da situa$o, aprendera a perdoar. E Erasmino@ 7er 0ue se perdoaria@ !ara isso a Doutrina Esp2rita oferecia imensos recursos. B uma doutrina de otimismo, uma doutrina 0ue, alm de ofertar oportunidades e possibilidades imensas, esclarece 0uanto a determinados problemas do destino, da vida e do sofrimento. *ra- a resposta para todas as d.vidas e proporciona ilimitados mtodos de refa-imento, pela dignifica$o da vida, pela valori-a$o das e/peri3ncias, pela e/pans$o da consci3ncia espiritual. Dependia de Erasmino 0ual atitude tomar ante os acontecimentos. !recisava refletir intensamente. !aulo entrou em cena novamente, convidando-o para ir a uma reuni$o medi.nica na 0ual teriam a oportunidade de ouvir a palavra de elevado mentor da 'ida aior, 0ue lhes falaria, no dia seguinte, na sede da casa esp2rita. Depois de muito relutar, Erasmino cedeu ao convite de !aulo, e, no outro dia, partiam rumo ao centro. Ap5s alguns meses afastado das atividades, Erasmino foi recebido com muita alegria e afeto por parte dos trabalhadores da casa. *odos se confraterni-aram com ele. Estava mudado. uito mudado. ais manso, mais humilde e pensativoA perdera a0uele porte altivo e abater-se intimamente. Agora mostrava-se mais comedo do em suas palavras, em seus posicionamento pessoais. )evara consigo a m$e 0uerida, 0ue sempre estava ali presente para au/ili-lo como e 0uando necessitasse. 1uando ia iniciar a reuni$o medi.nica, pediu a ela 0ue esperasse do lado de fora at 0ue terminasse, pois a reuni$o era fechada, e sua m$e n$o participava das atividades da casaportanto, n$o poderia entrar. Ela ficou num banco na recep$o e n$o se importou com a situa$o. !ermaneceu em prece ao seu !ai aior, pedindo pelo filho amado. inutos depois, a porta se abriu e foi chamada a entrar. Assustou-se com o chamado, mas entrou e foi condu-ida a uma cadeira ao lado do filho. &m esp2rito se manifestou = vid3ncia de um dos mdiuns da casa e pediu 0ue a chamassem. )eram uma pgina de O 3van"elho se"undo o 3s&iritismo. Depois de alguns comentrios, fi-eram as preces e 40
colocaram-se todos = disposi$o da espiritualidade amiga. %uviram as mensagens esclarecedoras do mentor da casa e de vrios outros companheiros, e, a seguir, o pr5prio mentor falou> - Estamos hoje recebendo a visita de elevada entidade do !lano 7uperior. Dentro das possibilidades teremos a sua palavra amigaA gostaria 0ue todos a gravassem na intimidade de seus coraes. !reparando-se para a visita sublime, todos se irmanaram nas vibraes, para propiciar clima ps20uico ade0uado para o visitante. % ambiente e/traf2sico estava envolvido em suave luminosidade a-ul2nea com refle/os dourados, e fluidos balsami-antes ca2am sobre todos, emocionando-os com as vibraes amorosas. Erasmino sentiu a apro/ima$o da entidade elevada e entregou-se =s suas irradiaes dulc2ssimas. ,econhecia 0ue era o mesmo esp2rito 0ue se manifestava num mdium da 4asa, ao findar das reunies de desobsess$o 0ue ele dirigira antes. A eleva$o do ambiente era percept2vel a todos. A suavidade da entidade levou os mdiuns a tal estado de eleva$o da consci3ncia 0ue eles se sentiram realmente em estado de 3/tase. *odos esperavam 0ue a entidade se manifestasse atravs do mdium 0ue recebia as orientaes do mentor da casa. %s mdiuns videntes puderam vislumbrar rstias de lu- do Esp2rito comunicante. as a entidade superior passou pelo mdium 0ue julgavam o mais ade0uado para a comunica$o e dirigiu-se para perto de Erasmino. as, afinal, ele nunca dera passividade. +$o poderia ser ele. Envolvido em intensa lu-, Erasmino dei/ou-se ficar sob a prote$o do visitante das esferas mais altas. *odo o ambiente estava preparadoA os mdiuns e o dirigente da mesa mantinham a vibra$o em harmonia. )eve tremor percorreu o corpo de Erasmino, e seu semblante foi aos poucos modificando-se com o envolvimento espiritual. !erdeu a consci3ncia de si mesmo e foi transportado em desdobramento a uma regi$o bel2ssima do !lano 7uperior. Era uma cidade de flores. ,ios e cachoeiras estavam convivendo perfeitamente com as construes singelas,
enfeitadas por trepadeiras e flores perfumosas. Era um vale profundo, rodeado de montanhas altaneiras e verdejantes. % ar tra-ia o perfume de rosas e alfa-emas, balsami-ando o ambiente espiritual, 0ue estava cintilando com os refle/os de formoso arco-2ris, 0ue enfeitava o cu de um a-ul intenso. *udo era harmonia. *udo era belo. As construes pareciam haver sido estruturadas em material semelhante a cristal. E as cachoeiras e rios e lagos pareciam refletir a bele-a do Bden. as n$o era o Bden. 4rianas de todas as raas corriam pelo vale em alegria indi-2vel. Esp2ritos operosos pareciam se ocupar com atividades as mais diversas, e caravanas chegavam e partiam em dire$o = 4rosta, levando blsamo e consolo, lenitivo e esperana. Alheio ao 0ue se passava na reuni$o medi.nica, Erasmino dei/ou-se envolver na0uele clima superior de imensa bele-a e pa-. Afinal, era seu primeiro desdobramento inteiramente consciente. 1ueria aproveitar e retemperar-se nos fluidos balsami-antes da col8nia de esp2ritos bondosos. Apro/imou-se dele um Esp2rito de uma mulher de feies bel2ssimas e de cor negraA uma aura suave a envolvia. Erasmino perguntoulhe> - inha irm$, por favor, poderia me di-er onde me encontro@ Em 0ue regi$o paradis2aca estamos@ !orventura, alguma regi$o de +osso )ar@ % Esp2rito sorriu-lhe e, na alegria 0ue lhe era peculiar, disse-lhe> - % 9+osso )ar9, meu filho, tudo isso a0ui, onde Deus nos abenoa com o seu amor e com o trabalho do bem. 'oc3 veio visitar-nosA 0ueremos 0ue seja bem-vindo e se sinta em casa. Este o lar de nossos antigos afetos. 'oc3 est em Aruanda, a terra do infinito. +a *erra, no ambiente da reuni$o medi.nica, ningum desconfiava do desdobramento de Erasmino. Ao cabo de alguns segundos ap5s o envolvimento de intensa espiritualidade, a entidade superior acionou as cordas vocais do mdium Erasmino e falou com a simplicidade dos grandes esp2ritos> 4 7eus se+a louvado! meus filhosK Sarava os filhos da Um%anda e sarava os tra%alhadores do nosso 'ai Oxal... 'ov5 4atarina, a nossa 0uerida Eu-lia, agora, falava por intermdio de 41
Erasmino. !ara espanto de todos, a preta velha deu a maior li$o de moral 0ue todos haviam escutado nesses anos todos de atividades medi.nicas numa casa de orienta$o GardecistaA na singele-a de sua linguagem, deu o seu recado, en0uanto ErasminoEsp2rito estava retemperando-se em meio =s estrelas, nos cus de Aruanda. A partir da0uele dia, contou a0uele agrupamento com o apoio de mais uma mensageira do 7enhor. Embora alguns achassem diferente o seu palavreado, numa coisa todos concordavam> sempre 0ue as coisas estavam dif2ceis, sempre 0ue precisavam, a bondosa entidade, desafiando as pretenses de muitos 0ue se julgavam os donos da verdade, estava ali, pronta para au/iliar, disposta a servir em nome do Eterno Hem. Erasmino, agora de volta =s atividades, recebia com carinho as vibraes da elevada companheira espiritual, en0uanto permanecia atento, estudando e defendendo os princ2pios esp2ritas, conforme codificados pelo insigne mestre Allan Nardec. as n$o ignorava o 0ue ouvia na ac.stica de sua alma - o hino 0ue lhe repercutia no esp2rito> I Vov. no uer casca de coco no terreiro... Vov. no uer casca de coco no terreiro... Sofra no se lem%rar dos tem&os do cativeiro... S. 4&ra no se lem%rar dos tem&os do cativeiro.I Era o cEntico dos antigos escravos com os to0ues cadenciados dos tambores de Angola. Ap5s as atividades a 0ue eu me dedi0uei, guardava na alma os ensinamentos simples da0uelas almas elevadas. +$o e/istia em minha alma nenhum res0u2cio de preconceito. Aprendi 0ue, no trabalho do bem, ningum detm a verdade absoluta e para tudo e/iste uma e/plica$o. As atividades dos nossos irm$os 0ue se apresentam como pretos-velhos, caboclos ou sob outras formas perispirituais, devem ser analisadas com mais carinho. 7ua roupagem flu2dica pouco importa, diante dos fatores morais. Aprendi 0ue, mesmo me afini-ando com as tarefas reali-adas num centro de orienta$o esp2rita, n$o poderia despre-ar a0ueles irm$os 0ue tinham tarefas em outros campos espirituais.
editava a respeito dessas 0uestes 0uando o meu mentor apro/imou-se de mim falando- Jngelo, acredito 0ue agora voc3 est apto a estudar com maior clare-a outras manifestaes da religiosidade do nosso povo. As lies de fraternidade est$o firmes em seu esp2rito. - E agora eu sei 0ue no universo nada absolutamente igual. !odemos estar a servio do !ai mas podemos tambm estar trabalhando de formas diferentes, em departamentos diferentes, mas levando a mesma bandeira> o amor e a caridade, com o respeito por a0ueles 0ue n$o pensam como n5s, mas trabalham para o mesmo 7enhor. A noite estava radiante, 0uando a observvamos da nossa col8nia espiritual. Bramos feli-es por participar de todas essas oportunidades 0ue a bondade de Deus nos concedia. As estrelas salpicavam o cu, convidandonos a refletir nas lies da vida. &m cometa rasgava o espao em dire$o a outras regies do infinito. - 'eja, Jngelo, acompanhe a rota deste cometa - falou o bondoso mentor. - 4reio 0ue, mesmo para um desencarnado minhas condies, dif2cil acompanhar por muito tempo o roteiro de lu- da nature-a. inha vis$o espiritual j est um tanto dilatada, mas mesmo assim. - 'amos, Jngelo, volitemos em dire$o = lu-- convidou-me o companheiro espiritual. *omando-me pela m$o, condu-iume a regies mais elevadas 0ue a nossa, acompanhando o rastro luminoso do cometa, 0ue agora se apresentava aos nossos olhos espirituais como uma estrela de intensa luminosidade. #omos subindo, subindo, at 0ue eu n$o podia mais acompanhar o meu amigo espiritual rumo a esferas mais sutis, superiores. A estrela ascendia cada ve- mais, e agora eu s5 poderia prosseguir com o impulso mental do meu mentor. As regies espirituais 0ue agora eu estava observando eram totalmente diferentes do nosso plano. !arecia 0ue uma m.sica suave irradiava de todas as direes. "ndi-2vel alegria se passava de meu esp2rito. +$o compreendia como um simples cometa ou uma simples estrela pudesse atravessar as barreiras das dimenses e se dirigir para as alturas vibracionais. 42
Agora n$o pod2amos acompanhar mais o seu rastro. !aramos nossa volita$o em um posto dos planos mais elevados, nas regies espirituais. % mentor amoroso apontava-me a dire$o em 0ue o cometa rasgava o espao espiritual, dirigindo-se a outras dimenses. - Da0ui n$o podemos passar, meu amigo, Jngelo. Entretanto, acompanharemos o percurso luminoso desse astro errante da espiritualidade. - 1uer di-er ent$o 0ue n$o um simples cometa 0ue estamos observando@ - perguntei, num misto de espanto e curiosidade. - 7im, meu filho, um cometa, um astro, uma estrela ou como voc3 0uiser denominar. +$o importa a forma como descrevemos. B uma lu- 0ue n$o podemos mais acompanhar com nossos pr5prios recursos. 6 estamos muito distantes vibratoriamente de nossa col8nia espiritual e n$o detemos ainda possibilidades de escalar outros planos mais sutis. ,esta-nos observar, de longe, a chuva de estrelas. 4alei-me sem entender o 0ue o companheiro espiritual estava 0uerendo di-er. 7e ele 0ue era mais elevado n$o conseguia ir alm, 0uem diria eu, esp2rito muito endividado, 0ue me fa-ia de rep5rter do alm, escrevendo para o correio dos mortais. - %bserve, Jngelo - falou, apontando na dire$o da lu- astral do cometa, 0ue a esta hora estava irradiando vrias cores. %utras lu-es vinham ao encontro da0uela 0ue observvamos. !arecia 0ue vrios cometas fa-iam uma dana sideral, um em torno do outro. Eram lu-es irm$s da lu- 0ue n5s acompanhamos. - Afinal, 0ual o significado de tais lu-es, com tamanha bele-a@ perguntei. - B a lu- astral de um dos pretosvelhos 0ue t$o bondosamente nos atendeu durante a nossa jornada na tenda umbandista. +$o podemos segui-lo mais. 7ua vibra$o ultrapassa a nossa e vai alm de nossas possibilidades. B a lu- da simplicidade, do amor e da fraternidade, das 0uais somos ainda meros aprendi-es. %utras entidades elevadas, como ele mesmo, o recebem, e, em nossa vis$o espiritual um tanto ainda deficiente, s5 os percebemos como lu-es. +$o podemos ainda perceb3-los como s$o verdadeiramente.
!or isso, uma dessas lu-es espirituais assumiu a forma flu2 dica de um pretovelho. 7omente assim poder2amos perceb3-la. Agora, no entanto, est retomando a sua esfera irradiante, 0uem sabe, para assumir outra miss$o, em nome do Eterno Hem. 75 agora eu tinha uma no$o a respeito das entidades espirituais 0ue assumem certas tarefas em outros planos da vida. #altava-me ainda muita e/peri3ncia para compreender os planos de Deus para os seus filhos. ,etornamos = nossa col8nia espiritual com a lembrana das esferas superiores, agradecendo, em nossas preces, pela oportunidade 0ue Deus nos havia concedido de conviver, por algum tempo, com as lu-es de Aruanda. 9im
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