Reologia Do Açúcar Líquido Invertido
Reologia Do Açúcar Líquido Invertido
Reologia Do Açúcar Líquido Invertido
RESUMO
O comportamento reolgico do acar lquido invertido com inverso de 59,68% e 89,88% foi estudado experimentalmente nas
temperaturas de 17C a 65C, utilizando um remetro rotacional de cilindros concntricos. Os resultados mostraram que o acar
lquido invertido apresenta comportamento Newtoniano na faixa de temperatura estudada. O efeito da temperatura na viscosidade foi
expresso por relaes do tipo Arrhenius, cujos coeficientes de correlao foram superiores a 0,99 e as energias de ativao apresentaram valores de 70,5kJ.mol-1 e 86,5kJ.mol-1 para as solues com inverso de 59,68% e 89,88%, respectivamente.
Palavras-chave: acar lquido invertido; reologia; fluidos Newtonianos; viscosidade.
SUMMARY
RHEOLOGY OF INVERT LIQUID SUGAR: TEMPERATURE INFLUENCE ON VISCOSITY. The rheological behavior of invert liquid sucrose
with two different percentages of inversion (59.68% and 89.88%) was studied from 17C to 65C using a concentric cylinders rheometer.
The results showed that the invert liquid sugar exhibits Newtonian behavior within the range of temperature tested. The effect of
temperature on viscosity of invert sugar was expressed by the Arrhenius relationship and the fitted models presented correlation
coefficients (R 2) greater than 0.99. The activation energies calculated for both samples, 59.68% and 89.88% of inversion, were
respectively 70.5kJ.mol-1 and 86.5kJ.mol-1.
Keywords: invert liquid sugar; rheology; Newtonian liquid; viscosity.
1 INTRODUO
O acar lquido invertido largamente empregado
na produo de alimentos nos quais a colorao desta
soluo no interfere no padro visual dos mesmos.
o caso das indstrias de panificao, laticnios, bebidas carbonatadas, sucos, recheios, licores, biscoitos,
balas, caramelos e chocolates [3, 16]. Um de seus principais benefcios a capacidade de reduo da atividade da gua, fator determinante no prazo de validade de
produtos. Alm disso, estas solues adoantes so
tambm utilizadas como agente espessante [11].
O acar lquido invertido o produto obtido da hidrlise cida da sacarose, sob condies de aquecimento
controlado, ou da hidrlise enzimtica da sacarose a
partir da enzima invertase [3, 8, 10]. Solues de acares invertidos podem apresentar de 10 a 100% de inverso. Estas solues so mais densas, comparadas
com solues de sacarose e, por este motivo apresentam vantagens em relao minimizao da possibilidade de cristalizao e do crescimento de bolores e leveduras [17].
Outras vantagens podem ser citadas com relao
ao seu emprego nas indstrias de alimentos: evita processos dispendiosos de diluio, armazenagem e transporte de acares slidos, o que reduz custos de energia e minimiza a produo de dejetos industriais; possui
1.
Recebido para publicao em 30/07/2003. Aceito para publicao em
20/07/2004 (001179).
2.
Departamento de Engenharia de Alimentos, Faculdade de Engenharia
de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, C.P. 6121, Baro
Geraldo, Campinas, So Paulo, CEP: 13081-970, Brasil. Tel: +55 19
3788-4086; Fax: +55 19 3788-4027. E-mail: ana666@fea.unicamp.br
* A quem a correspondncia deve ser enviada.
652
2 MATERIAIS E MTODOS
2.1 Matria-prima
As medidas experimentais foram realizadas com
amostras de acar invertido obtidas da Empresa Acar Guarani S/A, com denominao comercial de INVEX
(60) e INVEX (90). Segundo o fabricante, as especificaes para estes produtos so as mostradas na Tabela 1. Todas as amostras utilizadas eram provenientes
de um mesmo lote de fabricao, com porcentagens de
inverso de 59,68% e 89,88%.
TABELA 1. Especificaes do acar lquido invertido, fornecido pelo fabricante*.
*Atualizado em 02/04/2004
(1)
= K& n
(2)
= &
(3)
(4)
653
Na Tabela 3 so apresentados os ndices de comportamento e de consistncia estimados pela equao (2) e os erros obtidos a partir de cada ajuste (Er),
juntamente com os parmetros estatsticos calculados. Todos os coeficientes de correlao foram superiores a 0,99 e os valores de qui-quadrado ficaram entre
0,25 e 7,04, indicando uma boa representao dos valores experimentais pela equao (2). Conforme era
esperado, os valores dos ndices de consistncia, que
representam a prpria viscosidade de Newton, decresceram com o aumento da temperatura, ficando entre
0,05 e 4,93Pa.s.
(5)
3 RESULTADOS E DISCUSSO
3.1 Anlises de slidos solveis e pH das amostras
A mdia de slidos solveis, o desvio padro e a
correo dos valores de concentrao medidos foram
calculados, de acordo com sugesto da literatura consultada [17]. Na Tabela 2 so apresentados os valores
lidos (BRIXLIDO) e corrigidos (BRIXC) de slidos solveis
das duas amostras, o pH e o desvio padro calculado
para cada concentrao (DPBrix) e pH (DPpH).
TABELA 2. Slidos solveis em Brix (valores lidos e corrigidos), pH e desvio padro das amostras.
654
59,68
89,88
T (C)
n Er
K Er (Pa.s)
17
1,04 0,01
3,32 0,13
0,99
7,04
29
1,00 0,00
1,04 0,02
0,99
1,03
41
1,00 0,00
0,35 0,01
0,99
0,25
53
1,01 0,01
0,15 0,01
0,99
0,60
65
1,05 0,01
0,05 0,01
0,99
0,74
17
1,03 0,00
4,93 0,08
0,99
2,59
29
1,03 0,01
1,11 0,05
0,99
6,01
41
1,02 0,01
0,42 0,02
0,99
1,29
53
1,02 0,00
0,17 0,00
0,99
0,37
65
0,98 0,01
0,09 0,01
0,99
0,47
-1
Ea (kJ.mol )
(Pa.s)
Perda
-5
2,4.10
-3
0,02
-13
1,2.10
70,5 0,4
0,99
8,0.10
-15
2,1.10
86,5 3,6
0,99
8,5.10
59,68
6,9.10
89,88
1,3.10
-13
-15
-04
4 CONCLUSES
O trabalho realizado permitiu as seguintes concluses:
% Inverso
5 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
[1] ACAR-GUARANI. Acar lquido invertido INVEX.
Disponvel em: http://www.acucarguarani.com.br.
Acesso em: junho/2004.
[2] AOAC. Official methods of analysis. 13.ed. Association
of Official Analytical Chemists, Washington, D. C.
1980.
[3] BAKER, C.W. Production of sucrose-based carbohydrates
for the food industry. Food Technology, v. 47, p. 149150, 1993.
[4] BARNES, H.A.; HUTTON, J.F.; WALTERS, K. An
Introduction to Rheology: Rheology Series. Elsevier
Science, Netherlands. v. 3, 1989, 199p.
[5] BERTO, M.I.; GRATO, A.C.A.; VITALI, A.A.; SILVEIRA
JUNIOR, S. Sucrose-CMC model solution: rheological
characterization in the range of -10C to 50C. 3rd
International Symposium on Food Rheology and
Structure, Zurique, Sua, 9 -13 de fevereiro de 2003,
p. 431-432.
[6] BERTO, M.I.; SILVEIRA JUNIOR, V.; VITALI, A.A.
Mathematical models for the prediction of rheological
parameters of Brazilian concentrated orange juice.
Journal of Food Science and Technology, v. 40, n. 4,
In Press, 2003.
[7] CEPEDA, E.; VILLARN, M.C. Density and viscosity
of Malus floribunda as a function of concentration and
temperature. Journal of Food Engineering, v. 41,
p. 103-107, 1999.
[8] CHINACHOTI, P. Carbohydrates: functionality in foods.
American Journal of Clinical Nutrition, v. 61, n. 922929, 1995.
[9] GINER, J.; IBARZ, A.; GARZA, S.; XHIAN-QUAN, S.
Rheology of clarified cherry juices. Jounal of Food
Engineering, v. 30, p. 147-154, 1996.
[10] GOLDSTEIN, H.; BARRY, P.W.; RIZZUTO, A.B.;
VENKATASUBRAMANIAN, K.; VIETH, W.R. Continuous
enzymatic production of invert sugar. Journal Ferment.
Technology, v. 55, n. 5, p. 516-524, 1977.
[11] HANSSON, A.; ANDERSSON, J.; LEUFVN, A. The
effects of sugar and pectin on flavour release from a soft
drink-related model system. Food Chemistry, v. 72,
p. 363-368, 2001.
[12] HOLDSWORTH, S.D. Applicability of rheological models
to the interpretation of flow and processing behavior
of fluid food products. Journal of Textures Studies,
v. 2, p. 393-418, 1971.
[13] IBARZ, A.; GONZALES, C.; ESPLUGAS, S.;VICENTE,
M. Rheology of clarified fruit juices. I Peach juices.
655
656
6 NOMENCLATURA
Ea Energia de ativao parmetro equao (4) KJ.mol-1
Pa sn
ndice de consistncia
&
Taxa de deformao
s -1
Tenso de cisalhamento
Pa
Viscosidade
Pa.s
Pa.s
Adimensional
7 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem CAPES e FAPESP
(00/00437-0) pelo apoio financeiro.