O Domínio de Sí Mesmo (Port) Emile Coue
O Domínio de Sí Mesmo (Port) Emile Coue
O Domínio de Sí Mesmo (Port) Emile Coue
O domínio de si mesmo
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O domínio de si mesmo
Entretanto, foi ele quem o fez, se bem que o não saiba. A que força
obedeceu o seu corpo, senão a uma força inconsciente, ao seu ser
inconsciente ?
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Vontade e imaginação
Se abrirmos um dicionário e procurarmos saber o significado da
palavra vontade, encontraremos esta definição: “Faculdade de praticar ou
não, livremente, algum ato”. Aceitaremos esta definição como verdadeira,
irrepreensível. Mas não pode haver maior engano, pois esta vontade que
reivindicamos com tanta altivez, cede sempre o passo à imaginação. É uma
regra absoluta que não padece excepção alguma.
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frente, e, no segundo, supõem que estão vencidos e que é preciso fugir para
escapar à morte.
Poderia citar outros mil exemplos, mas receio que uma enumeração
dessa ordem se torne enfadonha. Entretanto, não posso deixar em silêncio
um fato que põe em evidência o poder enorme da imaginação, ou por
outra, do inconsciente na sua luta contra a vontade.
Há ébrios que bem quereriam não mais beber, mas não podem
abster-se da bebida alcoólica. Indaguem deles, e responderão, com toda a
sinceridade, que desejariam ser abstémios, que lhes aborrece a bebida, mas
que são irresistivelmente impelidos a beber, apesar de sua vontade, apesar
de saberem o mal que isso lhes faz...
Sugestão e auto-sugestão
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O domínio de si mesmo
Emprego da auto-sugestão
Volto ao ponto onde dizia que podemos domar e dirigir a nossa
imaginação, como se doma uma correnteza ou um cavalo bravo. Para tal,
basta saber, primeiramente, que isso é possível (o que quase todo mundo
ignora), e, em seguida, conhecer o meio. Pois bem, esse meio é muito
simples; é aquele que sem o querermos , sem o sabermos, de maneira
absolutamente inconsciente de nossa parte, empregamos todos os dias
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O domínio de si mesmo
desde que viemos ao mundo, mas que, infelizmente para nós, empregamos
quase sempre mal, para nosso maior dano. Este meio é a auto-sugestão.
Do mesmo modo, basta pensar que uma dor vai passar, para sentir
que realmente esta dor desaparece, pouco a pouco, e, inversamente, é
bastante pensar que se sofre para que imediatamente se sinta chegar o
sofrimento.
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Vou explicar-lhes, agora, como se pode fazer para que todo mundo
experimente a acção benfazeja da auto-sugestão, aplicada de um modo
consciente.
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“Visto que a digestão vai ser bem feita, a função da excreção dar-
se-á normalmente.
“De outro lado, se lhe acontece, por vezes, estar triste, pensativo,
ter aborrecimentos, ter pensamentos tétricos, de agora em diante não
acontecerá mais. Em vez de ficar triste, melancólico, em vez de ter
angústias, aborrecimentos, ideias tristes, vai ter alegria, muita alegria, sem
motivo algum, talvez, mas ter-la-á, como lhe poderia acontecer ter tristezas
sem motivos. Direi mais: mesmo que tenha motivos verdadeiros, motivos
reais para se aborrecer e ter tristezas, não se aborrecerá, nem terá tristezas.
“Além disso, se existe alguma lesão num deles, irá cicatrizando dia
a dia, sarando com rapidez.” (A propósito, devo dizer que não é preciso
saber qual o órgão afectado, para curá-lo. Sob a influência da auto-
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sugestão: “todos os dias, sob todos os pontos de vista, vou cada vez
melhor”, o Inconsciente exerce a sua acção sobre esse órgão, que ele
mesmo não sabe distinguir).
“Por fim, sei que tanto no ponto de vista moral como no físico, o
senhor goza de boa saúde, melhor do que a que até hoje pôde gozar. Agora
vou contar até “três”, e quando eu disser “três” , o senhor abrirá os olhos,
saindo do estado em que se encontra, bem tranquilamente, sem
entorpecimentos, sem fadigas de espécie alguma, mas, ao contrário,
sentindo-se forte, alerta, disposto, com vigor, cheio de vida. Além disso,
sentir-se-á alegre, bem alegre e bem de saúde em todos os pontos de vista.
Um, dois, três”.
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Superioridade do método
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Acção da sugestão
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O que digo
Já expliquei a minha teoria da auto-sugestão consciente e também
a aplicação do meu método. Com certeza, as minhas explicações foram
claras, porquanto muitas pessoas, somente com a leitura dessa brochura,
conseguiram curar-se de moléstias, muitas vezes graves, de que não
puderam melhorar fazendo outro qualquer tratamento.
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Não quero que me tomem, como muita vezes acontece, por uma
pessoa que cura doentes, um operador de milagres, que tem à sua
disposição todas as forças ocultas e tudo pode, mesmo e principalmente o
impossível.
Para vos dar apenas uma ideia do juízo que de mim fazem certas
pessoas, citar-vos-ei alguns pedidos, que me são feitos com muita
frequência.
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S. A. ..., Atenas
Por estes bem numerosos casos, pode-se concluir que não se trata
de uma acção pessoal de minha parte. A influência, que tenho sobre vós, é
o que chamo uma força virtual, existindo, apenas, no vosso espírito. Minha
influência é tão somente aquela que cada um de vós me concedeis.
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sua posição social. Portanto, vós mesmos criastes essa influência, sem vos
aperceberdes.
Para vos mostrar que não sou exagerado, vou dar-vos um exemplo
de um caso que, certamente, se terá passado com algum de vós.
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A auto-sugestão é um instrumento
perigoso
Entretanto, é mister saberdes que a auto-sugestão é um instrumento
perigoso, mesmo muitíssimo perigoso. É a melhor e ao mesmo tempo, a
pior coisa do mundo, consoante for bem ou mal aplicada. Quando bem
empregada, dá sempre bons resultados, por vezes tão surpreendentes, que,
erradamente, os temos na conta de milagres; quando mal empregada,
infalivelmente dá maus resultados, muitas vezes de tal modo consideráveis,
que se tornam verdadeiros desastres, não só no ponto de vista físico como
no ponto de vista moral.
O primeiro princípio pode ser enunciado deste modo: toda ideia que
se forma no espírito, boa ou má, não somente tende a realizar-se, como o
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diz Bernheim, mas se torna ainda, para nós, uma realidade, dentro do limite
do possível. Em outros termos, se a ideia é viável, ela se realiza. Se a ideia
não é realizável, naturalmente não se realizará, porquanto não podemos
realizar o irrealizável. Além disso, não devemos permitir-nos ter
semelhantes ideias.
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Direi mais que é bastante pensar: “Estou surdo, estou cego, estou
paralítico”, para ser surdo, cego ou paralítico. Não quero dizer,
naturalmente, que os surdos, os cegos, os paralíticos o sejam por pensarem
que o são, mas existe um certo número de pessoas que o são, unicamente,
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porque o julgam ser. Com essa casta de gente é que se dão os pseudo-
milagres que, frequentemente, se verificam em minha casa. Se a gente
consegue convencer a essa espécie de paralíticos que eles vão andar,
observa-se que o surdo ouve, o cego vê e o paralítico anda.
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Devo dizer mais que essa moça tinha um ligeiro bócio exoftálmico
o qual, pelo emprego contínuo da auto-sugestão, desapareceu bem
depressa.
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Outro caso análogo, e não menos curioso, sucedeu com uma jovem
inglesa que, há algum tempo, veio procurar-me. Quando chegou à minha
casa, mal enxergava para caminhar. Logo depois da primeira sessão, pôde
ver, como aconteceu com a senhorita X..., não só o suficiente para dirigir
os seus passos, como também o necessário para ler um jornal.
Desde que não havia mais lesões a curar, a sugestão de que iria
desaparecer a paralisia assim que as lesões também desaparecessem, trouxe
um resultado súbito.
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auxílio da bengala. Apenas a sua marcha era ainda um pouco dura. Há dois
anos que vem se mantendo neste estado.
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D..., Roanne
V…, Verdun
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J. B. …
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São Paulo, por exemplo, disse: “O bem que eu queria fazer não o
faço, mas faço o mal que eu não quereria fazer”, isto é, “quero fazer o bem,
mas faço o mal; quanto mais quero fazer o bem, tanto mais faço o mal.”
Para vos provar que tenho razão, vou citar-vos alguns exemplos de
fatos, muito simples, tirados da vida corrente; os quais vemos todos os dias
sem, entretanto, os sabermos apreciar.
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A mesma coisa se deu com Denis Papin. Certo dia, aquecia ele os
pés na lareira. Pendia da gramalheira uma panela coberta contendo água
em ebulição. Papin observava que, de vez em quando, a tampa se erguia,
fazendo um ruído crepitante, ao mesmo tempo que um jacto de vapor se
escapava, sibilando, “Lá dentro há uma força”, exclamou ele. E, a esse
simples reparo de um observador, é que devemos os navios a vapor e os
caminhos de ferro.
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Como é sempre bom dar uma prova daquilo que se enuncia, vou
provar-vos o que acabo de dizer. Todos nós temos no corpo um certo
número de órgãos, tais como o coração, o estômago, o fígado, os rins, o
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baço, etc. Quem, de nós, por sua vontade, seria capaz de fazer um desses
órgãos funcionar? Entretanto, eles funcionam de uma modo contínuo, não
somente de noite como de dia, enquanto o nosso consciente dorme,
porquanto este adormece ao mesmo tempo que o corpo. Se eles funcionam,
é necessariamente, sob a influência de uma força. A força é que chamamos
o Inconsciente ou o Subconsciente. Pois bem, assim como o Inconsciente
preside ao funcionamento do nosso físico, também preside ao do nosso ser
moral.
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realiza, mas sim o que a pessoa tem em mente. Se ela pensa, exactamente,
como lhe peço, é isso o que se realiza, mas se pensa o contrário, será o
contrário que se realizará. Não uso o hipnotismo, nem faço a sugestão, nem
trato de forçar pessoa alguma a fazer uma experiência, mas ensino a fazê-
lo, o que é completamente diferente. Em suma, deveis vos considerar
alunos e eu professor, que vos ensina a fazer, conscientemente, a auto-
sugestão que, durante toda a vida, passais fazendo inconscientemente.
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não podem somente porque pensam que não o podem e, neste estado
ficarão toda a vida, se em seu caminho não encontrarem alguém que lhes
ensine a pensar: “posso”.
E visto que vos estou dando conselhos, dar-vos-ei mais um que vos
permitirá realizar muitas coisas sem fadiga.
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trabalham muito, seu trabalho é bem feito e, ao fim do dia, não se sentem
cansados.
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Se, portanto, tendes anemia, observareis que ela diminui cada dia.
Vosso sangue se tornará cada vez mais rico, cada vez mais rubro, cada vez
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Ademais, se vos sentis algo nervoso, verificareis que esse mal, aos
poucos, irá desaparecendo e, à proporção que isso for se dando, sentireis
uma sensação de calma, de calma muito grande, que vos tornará cada vez
mais senhores de vós mesmos, tanto no ponto de vista físico como no
ponto de vista moral, e não consentireis mais em sofrer com tanta
frequência, nem com tanta intensidade, os sintomas mórbidos que, por
ventura, outrora padecestes.
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Ainda que vos seja preciso usar esse processo 50, 100, 200 vezes,
ou mais, por dia, usai-o, tratai-o como tratais uma mosca que tem a
impertinência de pousar sobre o vosso rosto. O que fazeis neste caso?
Enxotá-la. Se ainda voltar, de novo a enxotais e assim por diante, cada vez
que ela vos importunar. Pois bem, repito, fazei o mesmo com o mal. E
observareis que, quanto mais insistirdes menos vezes sereis obrigados a
lançar mão desse processo. Se, hoje, o tiverdes empregado 50 vezes, por
exemplo, amanhã não o empregareis mais de 48 vezes, no dia seguinte 46,
e assim em seguida, de sorte que, algum tempo depois, não o empregareis
mais, absolutamente, por isso que não se fará sentir a sua necessidade.
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As pessoas que gozam boa saúde também devem praticar esta auto-
sugestão, que não somente opera sobre as coisas atuais como ainda sobre
as futuras; ela impede a vinda do mal, o que é mais fácil do que curá-lo
depois de chegado.
Quanto será preciso para reparar esse mal? Com o auxílio mesmo
da auto-sugestão, que, certamente apressará a cura, será preciso ficar vários
dias de cama. Pois bem, como teria dito o Sr. La Palisse, se a perna não se
tivesse fracturado, não haveria necessidade de consertá-la. Imaginai, pois,
que todas as vezes que fizerdes uma boa auto-sugestão, desviais do vosso
caminho uma casca de laranja ou de banana, o que, ao físico e no moral,
representa uma perna que evitais fracturar.
Outra comparação: Por mais rico que alguém seja, pode sempre
ficar mais rico ainda. Admitamos, como exemplo, que possuis vários
milhões de dólares. Sois, portanto, muito rico, não é? Mas, se vos dão um
ou dois milhões mais, é claro que vos tornais mais rico ainda.
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Não quero dizer que com ela podeis curar tudo. Não . Mas podeis
curar tudo o que é curável e o campo, para isso, é muito vasto.
Insisto, porém, sobre este ponto, porque é capital: esta sugestão
deve ser feita o mais possível, de um modo simples, infantil, maquinal e
sobretudo, sem nenhum esforço (é neste ponto que, geralmente, pecam
aqueles que, praticando a auto-sugestão, não conseguem os resultados que
deveriam conseguir, normalmente. No ardente desejo de se desfazerem dos
seus males, empregam, recorrendo à auto-sugestão, uma força, um fervor,
uma energia, que, absolutamente, devem evitar).
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OBSERVAÇÕES
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O domínio de si mesmo
Índice
O domínio de si mesmo................................................................................ 1
O ser consciente e o inconsciente............................................................. 2
Vontade e imaginação .............................................................................. 3
Sugestão e auto-sugestão.......................................................................... 5
Emprego da auto-sugestão ....................................................................... 6
Como ensinar ao paciente a auto-sugestionar-se ................................... 10
Modo de fazer a sugestão consciente ..................................................... 10
Como se deve praticar a auto-sugestão consciente ................................ 13
Superioridade do método ....................................................................... 14
Acção da sugestão .................................................................................. 15
Emprego da auto-sugestão na cura das afecções morais e das taras inatas
ou adquiridas .......................................................................................... 16
O que digo .............................................................................................. 17
A auto-sugestão é um instrumento perigoso .......................................... 23
O medicamento é um maravilhoso veículo de sugestão ........................ 31
A imaginação, a primeira faculdade do homem..................................... 32
Como se deve praticar a auto-sugestão consciente ................................ 47
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