Harpa de Ouro PDF
Harpa de Ouro PDF
Harpa de Ouro PDF
(1889-1899)
repblica menina bonita
diamante incorruptvel
001
Entre os astros, sagrados montes
Feliz asilo da paixo:
Puros jardins, sonoras fontes,
E virginal um corao
Vibrando aos claros horizontes
E encantando etrea soido.
002
Quis ser em chegar, primeirinha:
Oh, a gentileza do lar!
A tudo dispor; pra onde vinha
Sem dizer e onde a sencontrar
F, por sugesto que adivinha,
Alma que espera.
"Hei de, hei de a (...)
003
"Doces miragens, adeus! Vejo
Na profundez do corao,
O intenso oceano do desejo,
DHeleura a ideal solido:
Vos deixo a Deus, Deixai-me o beijo
Preo da livre sem seno:
004
"Doutra dona... oh, a inteligncia
Dona... mas, cetim branco e flor!
Menina e moa, urea existncia
Musa cvica a Musa-Amor!
J fotografara-te o pensamento
Que um pensamento houve a transpor".
005
Das cinzas fnix renascida,
Arte divina a retratar
Anos treze -quo parecida!
Ela era; hei de noutra a encontrar
Hel que dos cus descida,
Cus! a borboleta solar!
006
A metamorfose sagrada
De jovem ptria e o cidado
Oiro de lei, Virgnia honrada
Por todo o nobre corao:
Ditando diga: eu sou a amada,
A amante Luz, o Amor e o Po.
007
Mundo-novo riso aucenas,
(O riso-cus!) vejo-a na luz
Musa armada, Minerva-Atenas,
Fora e firmamento azuis
Qual brilha por noites serenas
Pentastral smbolo da Cruz.
008
Helvcia urea, tiras-me o sono!
Sigo ao gnio ptrio o amor,
Frutidores dias de outono,
Melhor do que os tempo da flor:
Liras perdidas do abandono,
Harpa h virgem-oiro o cantor.
009
Subir montes! voar! voar! asas
Do ar! das nuvens! do areo tufo!
Arde o peito rbidas brasas
A quem vai da glria soido:
guia, que ao sol ressoando passas
Leva-me a nova habitao!
010
Flrido carro desce e rindo
Dlia branca: "aos astros subir!"
Ave de Jove, ao novo Pindo
Adeja e descobre o porvir!
Sinto o corao livre-abrindo:
Corcel do ar livre, aos cus! feri.
011
Voa! voa! da grande lira
Como o "si" vibrando estalou Mais veloz! hei fome! e delira
Hagios artos... Deus consagrou
Eia! Eia! Eia! o peito respira,
guia celeste!...
Chegou.
012
"Sou o Sol, tenho altos planetas
050
O horizonte ocaso, diria
Em constante conflagrao
A queimar quanto em cada dia
Produz da terra o corao:
O fogo sinistro que ardia
Indicava conspirao.
051
Vises de um leito cetim-branco Sino dIs, que vens quebrar
Se escreves bel. Menino manco
Morreu Caim terra a lavrar,
Abel eu sou, que deixo o flanco
De umbror e venho a te saudar.
052
Salvam manhs: squadra platina
Em Guanabara. urea nao
Dos bom ares, vamos -divinas
Pampas! Sadam teu corao,
Que mesmo a esta hora abre a menina
O consagrando a amor. Ento,
053
Que encantada a vejam, o expande;
Manda a amor que embale-a; aps
Olhos arregalando grandes
Como quem diz: olham pra ns Onze anos tu; eu como os Andes
E o fim do mundo. Jerics
054
Rosas reverdejam; e helianto
No sol mirar-se a feliz
Doce unio, da calda-encanto
Coo genitroso vin-vieux. Ris?
(O riso-cus!) pelo teu pranto
Dei toda sorte minha. Eu quis
055
Ser teu Great-Dog: e tu meu Srio!
Oh, borboleta-girassol!
Gnio-amor! oh, luz-delrio!
Oh, tanta luz! tanto arrebol
(O riso-cus!) e o lume e o lrio
De teus cabelos de crisol!
056
Acompanhei-te solitrio
082
Que madrugada! voava aos ares
Uma alva luz, luz alva-azul
(Da flor de Zni aos alamares)
De Zni e Clia, aqum do Sul
Despertavas boa: que os Lares
Aos teus clamavam... de Stambul.
083
Quo lmpidas ondas banharam
Aos pes em sonoras manhs!
- Ceres, Lcios que a gua turvaram,
Metamorfoseados em rs,
Aos descambiamentos cantaram
Anrquicos seus ratapls.
084
Jckie partindo: o derradeiro
Dia brincam; ento eu vou
V-los brincar -que infantil cheiro
D hear my vow before I go
Em qual dilema aventureiro
Ds e no s, sou e no sou!
085
(Que nunca, nunca eu dizer possa,
Ou mestalara o corao:
Bela sublime a crescer moa,
Luz desta ptria em remisso,
Destas montanhas rsea cora,
O amor a quer do Cidado) 086
Brincar navio! marinheiro
Jckie; Isabel capito.
Naufrgio!... gritou timoneiro.
Dem salva-vidas!... Salvao.
Flutua, sobre o mar fragueiro
Formando em flor, um corao.
087
Narea barca helespontina
Lobo do mar, salvei-a: ri!
Quo divinal! quo sacarina!
A linda jia!... "Can not see."
Beijo-lhe as tranas; na infantina
Boca h segredos de rubi.
088
Porm, nas prais do ureo porto
126
E profundidade da grande calma
Anima: vida: embala, ao sol
Poisa fronteira -oh! uma alma!
So duas! no ar a unida palma
Jldeo-amarelo oiro-arrebol.
Voam no raio, amam no sol.
127
Climas nossos -olha! "Estou vendo"
Smblos de amor que amostra Deus...
"Bichos de po; Mam dizendo
You put me in a chop." E os cus
Descem por ns: e assim prendendo
Sto nossos dias, teus aos meus.
128
E os dois insetos asas douram
Quatro no abrao encantador
Ao claro clima e em que, se choram
Olhos luz, faces no coram V bem como o cu-amor:
"Oh! a encantada interna flor!"
129
Indianas calmas -oh! iandara!
Oh! inrucem dos favos teus
Do cu da boca: a ns cantara
Te Deum laudamus! Alma-Deus
Em que o doce amor encantara
Os dias nossos, teus e meus.
130
A ardente chama! a achei nos ares:
Colhi, da montanha a soido.
Conto esta histria outros lugares:
Como doa o corao
Tocando os ps em novos lares
Onde se faz ressurreio.
131
Morrer de cimes: formosssima
Ao sero (parvenus? ... dulor...)
Vem a brincar fulgorosssima
ou ler ao gs juntinha a amor;
Porm tornando-se doidssima,
Repreende Musa o trovador.
132
Quis ser a discpula minha:
Ao horizonte rubro-flavo,
Luminosos templos de Al,
O homem adora: o livre escravo
De quanto sente e de quanto h
Nos cus, no osis, no doce favo
De uns seios desertos-saaras.
152
Porque aurora e ocaso, semelham,
Mesmas cores, mesmo o rumor,
Divinas murtas que envermelham,
Lauris de outono que ho rubor,
Diamantes que intactos espelham
Boutonires de grand senhor...
153
Mas, estava a terra sombria,
Ds que a miragem apagou:
Pendo noctmbulo, ao meio dia
E sem sol nem sangue! e eu stou
Da aurora hora rubra, que eu via
Da gerao nova. Corou
154
Dona Isabelzinha e sorriu
(O riso-Cus!) verdade imagem
Desperana e f! Quem no viu
Travs de to lmpida aragem
A flor darbor vitae ramagem E os frutos, morangos no Rio!
155
E Itamarati... dnteo abismo
Dado pra bero mais gentil
Revoluo! E eu cismo, cismo
Vendo e ouvindo o infrneo alcantil,
De Waterloo sepulcro mutismo,
Fundo o gemer -ai do Brasil!
156
Enchei-o de oiro! Se diria
Infanticdio: puro e so
Nato em tanto amor e que havia
Ser estrangulado traio
Em Guanabara, na Bahia,
Em cada impuro corao.
157
E do Marqus "Menino de Oiro"
O quadro exposto: e eu diante a olhar
170
Rsea chama que, ardendo ao peito
Do cidado, faz rebentar
Espelhos; e qual do teu leito
A doce mensagem de um lar
Nidoso inodro-amor-perfeito,
Pedra dara dureo Altar.
171
Se de Amrica ao alade,
Levantei a revoluo:
De Moiss se hei voz e virtude,
Por Deus, que encontrei meu Aro!
s leis! Operrios, incude!
Forjai armas do Cidado!
172
Qual pondo fogo prpria armada
Cortez, se arma f; Odisseus,
Barca tormenta abandonada,
Atira-se ao plago - Deus,
Tal de quelidnia avisada
Foi minha alma s trevas dos meus:
173
Nuvem... que metamorfoseia
Relmpago... alma clarido
De Jesus, que eterno incendeia
Sempre presente ao corao:
Reino de Memria e cadeia
De gerao em gerao.
174
Raio do Sol que dulcificas
O pomo e coloras a flor,
Que terra amante mirificas
Quanto nutrio tem amor,
Raio do Sol, montanhas ricas!
-Ao teu sagrado resplendor,
175
Rosa humana que terra morre
E deixando ao Invisvel Deus
Quanto proclamara da torre
De sublime entrada, dos meus
Imensos afetos! Concorre
Morte nos cus divinos teus.
176
Olhar h a que relgios param;
214
Salvada minha e po sagrado
De rosa de luz e verdor,
Que eu vejo em teu leito a meu lado
Qual um vivo almoo de amor
mesa coberto; e esfaimado
Da hora espera o banqueteador
215
Deus o Infinito, sempre-hodierno,
Abismo-Entranha universal
Onde os astros giram internos Incompreensvel? oh! qual!
Teus olhos atestam o Eterno
E este amor indica o Eternal:
216
E esta harmonia e o ptrio abrigo
Smbolo teu e em que te amei:
Por ela vindo, eis-me contigo
Com quem repblica salvei
De conspiradores - inimigo
Anjo, das orcamidas! Lei
217
Do resplendor sol (palpitante
Corao) que nuvem corou
Qual o apagassem e levante
Novo ao diorama iluminou
Folho, veludoso-verdeante
Que a um leque de virgem ornou.
218
E compressa a terra espumeja
Em formas viventes de amor
Quando o sol coos raios a beija
E do seio arranca-lhe a flor Oh! como o horizonte lampeja
Dalma ao cair de um gladiador!
219
Ficou-lhe a glria, essa eterna alma
Pairando em suas belas aes:
Noite e da luz dacesa palma,
Que a Moiss guiava, os clares;
a stelipra noite, que exalma
Ao dia as novas geraes.
220
E em Deus desbrocham as flores;
239
"Te vista," diz me. Cruenta
Separao, Deus!... Crescer.
Verso de slabas quarenta
J no Infinito escrito est
Nessa harpa de oiro a amar sedenta
Que ainda esta serra ressoar.
240
E os olhos seus relampaguearam
ureo-negror, cndoro vo E nem adeuses resgataram
De amor nem fria no tocou Olhos terrveis! umectaram
Ao pranto, que os no separou,
241
Mas interrompe a histria ardente
Do incompreendido amar fatal
Que desde o bero a alma presente
At que o encontra. Unem-se, ideal;
Dos fins do mundo, ouvem-se; ausentes,
Vivem unidos; co-leal:
242
Um duplo altar, e ajoelhados
Da imagem sua adorao:
Vivem desprana os encantados,
Binria estrela, uma a atrao;
Da f nos portos ancorados
Do Infinito na imensido.
243
E qual das nuvens negrejantes
Abre o relmpago atravs,
Nalma esto cntilas radiantes
Das fbreas cores isabis
E quem fulminam qual instantes
Da morte. E ouvir-se: ai "linda Ins!"
244
Rseas harpas j vieram
Do corao dIsabel
Dar saudades.
De quantas sortes lhe deram,
Sorriu to s s verdades
Deste anel.
245
Mais do que a toda a montanha,
258
Taves de amar pungindo ao gnio,
As artes gloriosas esto:
Verdeante murta, auros edneos
Crespos, Augustas beijos do
De amor sagrado: e ao peito aneo
Escutas rugir o vulco.
259
Depois fortnio quem canta:
Nunca eu diga quem ouso amar To alva, to alva garganta
E o luznegror crespo e o olhar
Qual zona-trrida abrilhanta;
E a branca espuma em verde mar
260
Mater! Mater reveste o monte
Verdicler, magnlia alva a abrir
Opalino leque o horizonte,
Pra-raio os cus a ferir;
Quo lctea, oh quo lctea fronte!
Zona-trrida musa advir!
261
Negrores crespos transluzentes
Martrios como os de mam;
O olhar brilhantes negros; dentes
Toda a abrir rindo. Oh! talism!
No Avenir tomou-me afro agente
Por capitain du batiment.
262
E o s negror e o branco branco
Da zona-trrida, eis a maior
A influncia maior que um franco
Peito haver pode. Tanto alvor,
A um misantropo tal barranco
Que o faz retroceder a amor.
263
Sem dinteresse o presente, o astro,
Dos cus de si, a iluminar,
Alvura de Juno o alabastro
E em covinhas riso a beijar:
Pressentes das formas o rastro
irradiao. Eia! voltar!
264
Lureos losangos, folhas meigas