Psicologia Da Educação - CLaretiano
Psicologia Da Educação - CLaretiano
Psicologia Da Educação - CLaretiano
PSICOLOGIA DA EDUCAO
Caderno de Referncia de Contedo
Batatais
Claretiano
2013
CDD 370.15
Reviso
Ceclia Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Snia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto grfico, diagramao e capa
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai
Lcia Maria de Sousa Ferro
Luis Antnio Guimares Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
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SUMRIO
CADERNO DE REFERNCIA DE CONTEDO
1 INTRODUO.................................................................................................... 9
2 ORIENTAES PARA O ESTUDO....................................................................... 11
3 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 31
OBJETIVOS......................................................................................................... 167
CONTUDOS ..................................................................................................... 168
ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 168
INTRODUO UNIDADE ............................................................................... 170
MOTIVAO ...................................................................................................... 171
AUTOCONCEITO E SUAS IMPLICAES NO PROCESSO DE ENSINOAPRENDIZAGEM ............................................................................................... 178
7 AUTOEFICCIA................................................................................................... 182
8 HABILIDADES SOCIAIS ..................................................................................... 183
9 PRODUO DE FRACASSO NA ESCOLA:
DA INDISCIPLINA AO TRATAMENTO DO ERRO................................................ 190
10 A EMOO NA SALA DE AULA.......................................................................... 200
11 Q UESTES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 202
12 C ONSIDERAES............................................................................................... 202
13 E-REFERNCIAS ................................................................................................. 203
14 R EFERNCIAS BIBLIOGRFICAS....................................................................... 204
Caderno de
Referncia de
Contedo
CRC
Ementa
1. INTRODUO
O Caderno de Referncia de Contedo Psicologia da Educao possibilitar reflexes e anlises sobre o ser humano e sua
educao, com base em conhecimentos cientficos e na indicao
de algumas especificidades no contexto da Educao.
Na Unidade 1, estudaremos as doutrinas que contriburam
para a construo da Psicologia Moderna, de maneira que estaro
em destaque os principais pensamentos tericos e as bases para a
Educao contempornea.
As abordagens tericas que surgiram aps as grandes escolas da Psicologia sero estudadas na Unidade 2. Nessa unidade,
conheceremos as contribuies para a Educao das seguintes teorias: Behaviorismo, Gestalt, Psicanlise e Humanismo.
J na Unidade 3, realizaremos uma viagem pelas mudanas
observadas e experienciadas na sua prpria vida. Algumas delas
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voc certamente j vivenciou, mas no permaneceram na sua memria; outras aparecem como marcos importantes na sua vida.
H, tambm, mudanas que voc est vivenciando neste momento, e outras que ainda ir vivenciar.
Compreenderemos, tambm, que o ciclo vital humano para
o estudo do desenvolvimento do homem pode ser dividido em
quatro fases: a primeira trata da "infncia", que, segundo vrias teorias, pode ser dividida em "primeira infncia" (zero a dois anos),
"segunda infncia" (anos pr-escolares) e "terceira infncia" (anos
escolares); a segunda, muito importante para a Psicologia da Educao, a adolescncia; por fim, o ser humano ainda passa pela
vida adulta e pela velhice.
Dando sequncia ao seu estudo, conheceremos, na Unidade
4, as principais correntes tericas cognitivas, atualmente,
utilizadas pelos profissionais da Educao: o construtivismo, o
socioconstrutivismo e a teoria do processo da informao.
Para que voc entenda melhor o construtivismo como teoria,
fundamental que tome conhecimento sobre as ideias de Jean
Piaget. J para a teoria socioconstrutivista, tambm conhecida
como teoria sociointeracionista, sero apresentados, ainda, os
pensamentos de Vygotsky, o principal representante dessa teoria.
Abordaremos o processamento da informao como uma varivel
relevante no estudo da cognio e da inteligncia, sendo, portanto,
muito importante para a Educao.
Para finalizar, na Unidade 5, trataremos de algumas
variveis psicolgicas importantes para o processo de ensinoaprendizagem, ou seja, fatores que influenciam no ato de aprender
e que contribuem nas interaes sociais, como a motivao, o
autoconceito, a autoeficcia e as habilidades sociais.
Partindo dessas variveis, voc perceber a importncia do
autoconceito e da autoeficcia positiva; como se do as relaes
sociais nos contextos escolares; e por que, na maioria das vezes,
to difcil manter-se motivado para algumas aprendizagens.
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Vamos entender cada um deles e como podem ser relacionados com a Educao.
Os conceitos de transferncia e contratransferncia foram
observados na situao clnica entre paciente e terapeuta, mas podem ser usados na Educao, j que o ato de aprender envolve a
relao afetiva professor-aluno.
Na transferncia, o aluno transfere ao professor sentimentos positivos ou negativos que influenciam no processo de ensino-aprendizagem.
Na contratransferncia, o professor quem transmite ao
aluno sentimentos positivos ou negativos, influenciando no processo de ensino-aprendizagem.
No que diz respeito questo do desejo, Freud descobriu o
quanto o desejo motiva e impulsiona o ser humano para a busca
do conhecimento. Assim, podemos pensar no desejo de aprender
do aluno.
Agora, vamos ver outra escola denominada Behaviorismo.
O Behaviorismo foi inaugurado por Watson, mas o behaviorista mais importante, que sucedeu Watson, foi Skinner, portanto,
daremos nfase a Skinner.
O objeto de estudo do Behaviorismo foi o comportamento.
Os behavioristas negavam qualquer evento mental, porque, para
eles, s poderia ser objeto de estudo o que fosse observvel, mensurvel e possvel de ser controlado, mas sabemos que os eventos
mentais fogem a todas essas regras.
Segundo Skinner, o comportamento era aprendido em virtude das consequncias que ele provocava, ou seja, o sujeito agiria
sobre o ambiente, e o efeito dessa ao provocaria determinado
comportamento.
Vamos ver um exemplo para compreender melhor o que
Skinner pensava sobre o comportamento.
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Numa sala de aula, um aluno apresentou um comportamento considerado inadequado pela professora, que o encaminhou
para a sala de orientao educacional. Como a orientadora estava
ocupada em entrevistas com pais, permitiu que o aluno utilizasse
o computador. Ele brincou com jogos eletrnicos enquanto aguardava. Seu comportamento inadequado em sala de aula foi reforado positivamente, ou seja, ele poder repetir o comportamento
em sala de aula para voltar a brincar no computador.
Percebeu como a consequncia, ou seja, o brincar com jogos eletrnicos, pode reforar o aluno a repetir o comportamento
inadequado na sala de aula para voltar a brincar no computador?
Dessa forma, podemos concluir que, para os behavioristas,
as consequncias so fundamentais na determinao do comportamento. Dependendo da consequncia, o comportamento pode
voltar ou no a ocorrer.
Voc deve ter percebido que foi mencionado o reforo. Esclarecemos que o reforo nada mais do que a consequncia que
pode fortalecer ou enfraquecer o comportamento.
Passamos, ento, para a apresentao da Gestalt ou Psicologia da boa forma.
Os psiclogos gestaltistas preocupavam-se em compreender
quais seriam os processos psicolgicos envolvidos na iluso de ptica, quando o estmulo fsico fosse percebido de maneira diferente da que ele tinha na realidade.
Podemos pensar, por exemplo, em alguns desenhos que deixam claro que o estmulo pode ser percebido de maneira diferente
da que ele tem na realidade. Quando isso acontece, h a iluso
de ptica. Em alguns desenhos, temos que nos fixar com calma
para poder enxergar outros elementos, indo alm da percepo
imediata.
Segundo a Gestalt, percebemos o objeto como um todo porque o crebro dinmico, ou seja, funciona com todos os elementos ao mesmo tempo.
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Quanto relao entre a aprendizagem e a Gestalt, os gestaltistas acreditam que a aprendizagem no se realiza por ensaio e
erro, mas por insight. Vocs sabem o que insight?
Acreditamos que quase todos os indivduos j passaram por
essa experincia do insight, que se refere a um momento quando h um "estalo", de repente, e compreendemos algum assunto.
Essa compreenso surge de forma repentina, mas no apenas
o insight que faz que o indivduo compreenda ou aprenda, pois a
compreenso e a aprendizagem so resultados das nossas experincias e da forma como percebemos os estmulos ao nosso redor.
Assim, a aprendizagem , para a Gestalt, um processo global.
Vimos at o momento o Estruturalismo, o Funcionalismo, o
Associacionismo, a Psicanlise, o Behaviorismo e a Gestalt. Agora,
veremos o Humanismo, o Construtivismo, de Piaget e o Socioconstrutivismo, de Vygotsky.
O Humanismo teve como principal representante Rogers.
Ele desenvolveu sua teoria a partir da experincia clnica como
terapeuta. Na clnica, Rogers deu nfase aos aspectos afetivos,
procurou criar um ambiente saudvel, confortvel, para que seu
cliente pudesse fazer mudanas internas.
Ento, como podemos perceber, a abordagem humanista de
Rogers iniciou-se no contexto clnico, mas ele estendeu para o contexto escolar o que aplicou na clnica, porque se preocupava em
humanizar o contexto escolar.
Quando Rogers se referia a humanizar o contexto escolar,
ele queria dizer que a aprendizagem deveria estar centralizada no
aluno, porque este no apenas um organismo biolgico, mas,
sim, um indivduo que possui sentimentos, desejos, necessidades
e pensamentos, o que o torna capaz de fazer mudanas internas.
Para finalizar, vamos apresentar brevemente a teoria de Piaget, denominada de Construtivismo, e a teoria de Vygotsky, chamada Socioconstrutivismo.
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Essa construo de ideias reflete-se em nosso comportamento, em nossa maneira de agir e influencia a construo da opinio que temos sobre ns e dos outros a nosso respeito.
Por exemplo, um aluno que tem uma imagem positiva de
si, normalmente, se comporta de maneira mais segura diante do
enfrentamento das dificuldades. O sentimento de segurana, por
confiar em si, possibilita que alcance o xito.
Estudos mostram que o rendimento acadmico bastante
afetado pelo autoconceito dos alunos. Por esse motivo, a escola
tem um papel fundamental na construo do autoconceito e da
autoestima dos alunos. As primeiras experincias de fracasso, por
exemplo, devem ser utilizadas para encorajar as crianas a superarem os desafios. E como podemos fazer isso? Um dos caminhos
oferecer tarefas que no sejam impossveis de realizar, nem fceis
demais.
Os professores devem organizar a sala de maneira colaborativa, fazendo que os alunos se ajudem. Alm disso, devem elaborar projetos com etapas a serem vencidas, possibilitando que
os alunos realizem autocorrees. So vrias as aes que podem
contribuir para que o aluno se sinta competente diante das tarefas escolares. As punies e as humilhaes ajudam, somente, na
construo de sentimento de incapacidade de aprender. O sentimento negativo em relao escola tambm construdo com a
participao da comunidade escolar, e no est relacionado apenas aos fatores externos.
Esses apontamentos esto intimamente ligados construo de outro sentimento: a autoeficcia. A teoria da autoeficcia
de Bandura indica que a motivao e o desempenho so influenciados pela crena que as pessoas possuem sobre o quanto podem
ser eficientes na realizao de determinadas tarefas.
Pense nas pessoas que voc conhece, veja que aquelas que
possuem um forte sentimento de autoeficcia acreditam na sua
capacidade de realizar tarefas e investem um esforo para tanto.
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Em contrapartida, as pessoas com menos sentimento de autoeficcia no acreditam na prpria capacidade de realizar tarefas e,
geralmente, no esto motivadas a se esforar.
Percebeu como nossas aes so fundamentais para a construo de sentimentos que iro fazer que os alunos se envolvam
nos estudos? Infelizmente, esses so conceitos pouco trabalhados
nos cursos de formao de professores e nos horrios de formao continuada dentro das escolas. O aprendizado de como esses
conhecimentos so construdos e da influncia deles na vida das
pessoas poderia fazer que melhorssemos algumas das condies
de ensino-aprendizagem.
O sentimento de autoeficcia tambm deve ser pensado na
perspectiva do professor. Trata-se do julgamento da capacidade de
realizar determinada tarefa; neste caso, a de ensinar. O professor
acredita ser capaz de ensinar a seus alunos? Ele acredita que prepara boas aulas? evidente que somente se sentir eficaz na tarefa
no resolve nosso problema, pois uma pessoa pode se sentir capaz
de ensinar, quando, na verdade, isso no corresponde realidade.
De qualquer forma, o sentimento de ser capaz de ensinar aos alunos fundamental para o processo de ensino-aprendizagem.
Vamos, agora, para mais uma varivel, que so as habilidades sociais. As pessoas que desde crianas tm oportunidade de
aprender e de desenvolver as habilidades sociais podero apresentar melhor ajustamento social e, geralmente, mais satisfao
nas suas relaes interpessoais.
O termo habilidades sociais diz respeito ao conjunto de
desempenhos apresentados pela pessoa, em resposta s demandas sociais. Essas habilidades so aplicadas s diferentes classes
de comportamentos sociais de um indivduo e contribuem para a
relao saudvel e produtiva com seu entorno social.
Caber famlia e escola promover processos de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades sociais; entretanto, o
grande desafio que, para o ensino dessas habilidades, os educa-
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Contedo. O mais aconselhvel que voc mesmo faa o seu esquema de conceitos-chave ou at mesmo o seu mapa mental. Esse
exerccio uma forma de voc construir o seu conhecimento, ressignificando as informaes a partir de suas prprias percepes.
importante ressaltar que o propsito desse Esquema dos
Conceitos-chave representar, de maneira grfica, as relaes entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar voc
na ordenao e na sequenciao hierarquizada dos contedos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organizao das ideias e dos princpios em
esquemas e mapas mentais, o indivduo pode construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedaggicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas reas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos de currculo, sistemas e pesquisas
em Educao), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilao de novos
conceitos e de proposies na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informaes so aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" no significa, apenas, realizar acrscimos na estrutura cognitiva do aluno; preciso, sobretudo, estabelecer modificaes para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, importante considerar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Alm disso, as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas j existentes estruturas cognitivas, outros sero tambm relembrados.
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Estruturalismo
Associacionismo
Funcionalismo
Psicanlise
Gestalt
Behaviorismo
Socioconstrutivismo
Construtivismo
(Vygotsky)
(Piaget)
Humanismo
Interao pessoa-ambiente
Mediao Simblica
Psicologia gentica
Linguagem
Fases do desenvolvimento
Zona de
desenvolvimento
proximal
Habilidades
sociais
Aprendizagem
autoestima
autoconceito
motivao
autoeficcia
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Psicologia da Educao
Bibliografia Bsica
fundamental que voc use a Bibliografia Bsica em seus
estudos, mas no se prenda s a ela. Consulte, tambm, as
bibliografias complementares.
Figuras (ilustraes, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustraes fazem parte
integrante dos contedos, ou seja, elas no so meramente
ilustrativas, pois esquematizam e resumem contedos explicitados
no texto. No deixe de observar a relao dessas figuras com os
contedos, pois relacionar aquilo que est no campo visual com o
conceitual faz parte de uma boa formao intelectual.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referncia de Contedo convida
voc a olhar, de forma mais apurada, a Educao como processo
de emancipao do ser humano. importante que voc se atente
s explicaes tericas, prticas e cientficas que esto presentes
nos meios de comunicao, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas
aquilo que voc observa, permite-se descobrir algo que ainda
no se conhece, aprendendo a ver e a notar o que no havia sido
percebido antes. Observar , portanto, uma capacidade que nos
impele maturidade.
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3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BOCK, A. M. Psicologias: uma introduo ao estudo de psicologia. So Paulo: Saraiva,
2002.
DAVIS, C. Piaget ou Vygotsky: uma falsa questo. Revista Viver: Mente e Crebro, Coleo
Memria da Pedagogia, So Paulo, Segmento-Duetto, n. 2, p. 38, 2005.
SABINO, F. Chaves da vaguido. In: A falta que ela me faz. 4. ed. Rio de Janeiro: Record,
1980.
EAD
Perspectivas Histricas da
Psicologia: Diferentes
Escolas
1. OBJETIVOS
Reconhecer as diferenas entre os conhecimentos do
senso comum e da Psicologia Cientfica.
Conhecer as doutrinas que contriburam para a construo da Psicologia Moderna.
Relacionar os diversos pensamentos tericos aos contextos da poca.
Relacionar a Psicologia Moderna s bases para a Educao contempornea.
2. CONTEDOS
Senso comum e Psicologia Cientfica.
Estruturalismo.
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Funcionalismo.
Associacionismo.
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9) Para melhor compreender a histria da Psicologia, imagine-se voltando no tempo e vivendo toda a movimentao cultural e social do final do sculo 18 e incio do
sculo 19. Voc j havia pensado na importncia de se
colocar naquela poca como espectador da histria? O
que a histria significa para voc?
10) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser interessante conhecer um pouco da biografia de Ren Descartes. Para saber mais, acesse o site indicado.
Ren Descartes (1596-1650)
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4. INTRODUO UNIDADE
Conhecer a histria ajuda-nos a evitar os erros do passado e a prever o futuro, mas seu maior valor est em permitir-nos compreender o presente. Contribui tambm para que nos imunizemos contra
a crena de que o presente tem problemas insuperveis, em relao
ao passado. Cada era tem seus problemas. O conhecimento da histria coloca os fatos da atualidade numa perspectiva melhor. (James Goodwin)
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nas aceit-las passivamente. Por meio desse tipo de conhecimento, o homem, ao seguir suas observaes, passou a compreender
a natureza e poder intervir cada vez mais nos acontecimentos ao
seu redor.
Ao fazer um retrocesso no tempo, verificamos que o homem
das cavernas deixou marcas de seu conhecimento nas paredes,
quando desenhou a si mesmo e a figura da caa, demonstrando
emoo, graa e sensibilidade.
Esse primeiro movimento do homem deu incio a uma das
grandes reas de conhecimento humano: a Arte. Assim, por meio
da Arte que o homem pode expressar seus sentimentos, sua vida.
Na maioria das vezes, a Arte expressa-se no absoluto silncio
e provoca diversas emoes no espectador, como alegria, regozijo,
amor, tristeza, medo, ansiedade etc., as quais nos mostram que o
estado emocional est ligado nossa frgil condio humana.
Posteriormente, os gregos passaram a preocupar-se com o
significado da existncia humana, surgindo, com base nesses questionamentos, a Filosofia.
Em conjunto, os homens tambm se perguntavam sobre a
origem da vida, seus mistrios, a sua finitude, de forma que viram
a necessidade de desenvolver valores e princpios morais; desse
modo, surgiu a Religio.
Temos, assim, cinco grandes domnios do conhecimento humano: a Arte, a Filosofia, a Religio, o senso comum e a Cincia.
O senso comum e a Cincia caminham muito prximos. Para
fazer Cincia, necessrio basearmo-nos na realidade cotidiana.
Nesse ponto, a Cincia aproxima-se do cotidiano e afasta-se dessa
realidade, transformando-a em objeto de investigao.
A Cincia avana por meio de negaes, reafirmaes e descobertas de novos aspectos, caracterizando-se como um processo
inacabado, uma vez que est em constante construo.
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As concluses a que ela chega devem ser passveis de verificao e isentas de emoo. Assim, necessrio haver um objeto
especfico, uma linguagem com rigor cientfico, bem como seguir
mtodos e tcnicas especficas. Nesse processo, o contedo
cumulativo e deve ter objetividade.
Para que possamos pensar em Psicologia Cientfica, precisamos entender que a Cincia esse conjunto de conhecimentos coordenados ou sistematizados sobre determinados fenmenos ou
aspectos da realidade. Para isso, torna-se necessrio utilizar uma
linguagem formal.
A Cincia no aceita pensamento mgico, mas o senso comum agarra-se a ele. Coloca-se em questo a importncia tanto
de um quanto de outro, pois ambos buscam a compreenso do
mundo para melhorar a sobrevivncia (ALVES, 1993).
O pensamento mgico caracterizado pela falta do pensamento crtico, uma vez que as pessoas acreditam naquilo que deduzem, sem levar em conta os fatos reais, a lgica, a Cincia, a
crtica. Um exemplo de pensamento mgico so as supersties e
as crenas populares, como, por exemplo, a crena de que "passar
embaixo de escada d azar".
Na Psicologia, temos como objeto de estudo a subjetividade
humana, isto , a subjetividade de cada pessoa, construda ao longo de seu desenvolvimento, o que implica sua maneira de pensar,
de sentir e de fazer no entorno em que est inserida.
A Cincia busca experimentar, o que oferece vantagens, pois
permite a verificao precisa. Dessa forma, vejamos o que Alves
(1993, p. 94) exemplifica sobre um experimento realizado no incio
da Psicologia Behaviorista ou Comportamental, a qual ser um dos
assuntos da prxima unidade:
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Psicologia da Educao
Experimento de Pavlov
O cientista russo Ivan Petrovitch Pavlov (1849-1936) resolveu testar suas hipteses em laboratrio. A isto denominamos experimentao. Na experimentao, o
pesquisador, ao invs de ficar esperando que as coisas aconteam, faz que elas
aconteam quantas vezes quiser, quando quiser e sob as condies que desejar.
Ele ligou um tubo s glndulas salivares de um co e verificou, como era de se
esperar, que o co produzia saliva diante da viso da carne. A ele associou
carne o barulho de um sino. Depois de algumas repeties, bastava que se batesse o sino para que o cachorro produzisse a saliva. Dessa forma, o cientista
pode medir a distncia, em tempo, em que o barulho do sino deve estar da carne,
tempo esse que ele chamou de permanncia do reflexo salivatrio.
medida que vivenciamos as experincias, vamos construindo nosso mundo interior. como se passssemos o mundo
exterior para o nosso mundo interior.
Os fenmenos que ocorrem no cotidiano vo sendo interpretados de acordo com o olhar de cada um, ou seja, cada um lhes
atribui um sentido. Ento, passamos a ser individuais na maneira
de ser; h uma singularidade que nos diferencia uns dos outros.
Da mesma forma que somos nicos, podemos tambm
nos igualar, tendo em vista que as variveis que participam dessa
subjetividade so vividas no campo comum, isto , no ambiente
social. Tanto ns interferimos de alguma forma nesse ambiente
social quanto o ambiente social interfere na nossa subjetividade.
A forma de abordar a subjetividade do homem depende da
concepo de homem defendida por diferentes escolas psicolgicas, que sero estudadas posteriormente.
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Nesse perodo, os estudiosos da Medicina, mais especificamente neurologistas e fisiologistas, investigavam a estrutura e o
funcionamento do sistema nervoso central, e, consequentemente,
interessavam-se pelo crebro. Alguns casos chamaram a ateno
desses estudantes, dentre os quais, especialmente, o de Phineas
Gage, famoso na literatura mundial. Por meio dele, iniciou-se a Psicobiologia, uma vez que se tornou possvel associar o comportamento ao funcionamento cerebral.
ATENO!
Com base nesse momento histrico, poderamos pensar por que foi to
complicado o surgimento da Psicologia como Cincia?
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Psicologia da Educao
Nesse ponto, podemos dizer que Titchener levou o Estruturalismo da Alemanha para os Estados Unidos, conforme sua concepo de Psicologia e fora dos moldes wundtianos, permanecendo
em evidncia por 20 anos, at ser superado por outros movimentos.
Em meados do sculo 19, nos Estados Unidos, semelhantemente aos pases europeus, houve um galopante processo de urbanizao e avano industrial, decorrendo da um estmulo expanso do sistema escolar.
nesse contexto que a Psicologia passou a ter um papel relevante no ajuste, classificando e selecionando os indivduos necessrios nova demanda nas fbricas e escolas.
Desse modo, diante de toda a modernidade, houve um estmulo, tambm, ao desenvolvimento das universidades norteamericanas e uma influncia acentuada do evolucionismo darwinista, que contribuiu com novos conceitos, tais como adaptao,
funo e equilbrio, para a Cincia da poca.
Em 1892, Titchener levou para a Universidade de Cornell
(EUA) a Psicologia estruturalista. Em 1898, tornou-se o precursor
da Psicologia funcionalista ao tentar diferenci-la de sua Psicologia estruturalista. Dessa forma, o Estruturalismo acabou evoluindo
para o funcionalismo.
Nesse momento, foi aberto o caminho para duas novas geraes de psiclogos funcionalistas. A poca refletia a necessidade
de uma Psicologia que funcionasse e, tendo em vista que o pensamento de Wundt no era adequado a ela, a Psicologia voltou-se,
assim, para a aplicao.
importante que saibamos que o pragmatismo pregado
pelos norte-americanos era decorrente do rpido crescimento de
fbricas e da economia em alta.
A Psicologia funcional interessou-se, inicialmente, pelo estudo da adaptao do homem. Todavia, em virtude das exigncias
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7. FUNCIONALISMO
Essa escola foi considerada a primeira sistematizao, genuinamente norte-americana, de conhecimentos da Psicologia. O
movimento social estava voltado para o pragmatismo, que foi exigido tambm dos cientistas. Por isso, houve a importante busca
pelas respostas para as perguntas: (1) o que fazem os homens?
(2) por que o fazem? Para isso, James apontava a necessidade da
compreenso da conscincia e seu funcionamento, em funo de
us-la para adaptar-se ao meio (BOCK, 2002).
J no decorrer de 1930, os estudiosos faziam comparaes
entre a inteligncia humana e a animal, levantando hipteses, de
maneira que, com esse estudo, se deu origem Psicologia comparativa.
A sociedade norte-americana, ento, embasada no pragmatismo decorrente dos efeitos da Revoluo Industrial, da produo
em massa e do capitalismo, exigia de seus cientistas uma viso
pragmtica, ocorrendo da mesma forma com a Cincia psicolgica.
Como vimos, o Estruturalismo compreendia uma tradio,
na qual se perguntava: o que a conscincia?
Sob a influncia da teoria da evoluo de Darwin, que foi um
estmulo para o surgimento da Psicologia animal e, consequentemente, para a evoluo dessa corrente, os funcionalistas, nessa
escola, iam mais alm e questionavam: para que a conscincia?
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A escola funcionalista foi a primeira grande escola da Psicologia originalmente norte-americana, tendo como grande representante William James (1842-1910). Este foi o primeiro doutor
norte-americano em Psicologia, aluno de Wundt, que, ao regressar aos Estados Unidos, se dedicou s reas da Psicologia da infncia, da adolescncia e da velhice, e da Psicologia da Educao, bem
como Filosofia e Religio (SCHULTZ; SCHULTZ, 2006).
Em sua concepo de eu ou self, James construiu a
noo de que o eu passa a existir a partir de suas aes sobre o
ambiente. Para ele, a conscincia flua como um rio, sendo a vida
subjetiva na qual h o que se denominou cientificamente de fluxo
de pensamento.
Outro interesse demonstrado por James foi ponto de estudo
em um dos captulos de seu livro The Principles, que trata do hbito. Para ele, todas as atitudes repetitivas ou habituais envolvem
o sistema nervoso e estimulam o aumento da matria neural. Em
consequncia, os hbitos facilitam a vida, visto que a execuo das
constantes repeties passa a exigir menos ateno consciente
para realizarmos nossos atos.
De acordo com James, a ideia de adaptao do ser humano
caminha entre uma adaptao vital e uma adaptao psicolgica
ao meio ambiente. Esta ltima implica o fato de que a conscincia, diante de um impulso sobrevivncia, conheceria, rapidamente, o que teria de ser feito em situaes-problema, na busca de
solues possveis, e no agiria dessa maneira ao acaso. Esse modelo de adaptao est presente na teoria da inteligncia de Dewey.
A metodologia proposta por Dewey, em sua linha pedaggica
da Escola Nova, aambarcou, extensivamente, esse modelo
proposto por James, e enfatizou, tambm, a cooperao entre
os indivduos. Para ele, somente por meio dessa aprendizagem
inteligente, poderamos criar hbitos slidos, formar indivduos
autnomos, ativos e capazes de atuar no coletivo de forma
democrtica.
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8. ESTRUTURALISMO
Segundo Bock (2002), o Estruturalismo, assim como o
Funcionalismo, baseia-se no estudo da conscincia. Entretanto,
diferentemente do Funcionalismo, estuda os aspectos estruturais
do sistema nervoso central. Para realizar seus estudos, utiliza
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Nomeou sua abordagem de existencial, com um tratamento fenomenolgico. Entretanto, embora tenha mostrado flexibilidade nessas mudanas, no teve tempo para trabalhar com elas,
em virtude de seu falecimento.
9. ASSOCIACIONISMO
A escola associacionista teve seu incio na Inglaterra com
os empiristas britnicos. A associao de ideias era vista como
uma fora que controlava os eventos mentais, embora ainda no
levasse esse nome. A aprendizagem se dava por associao de
ideias, das mais simples s mais complexas. Assim, para aprender
um contedo complexo, seria necessrio que a pessoa aprendesse
ideias mais simples associadas quele contedo (BOCK, 2002).
Nos Estados Unidos, houve outra forma de Psicologia funcional que seguia os moldes da Psicologia estrutural de Titchener. Assim, o primeiro pensamento funcionalista surgiu na Universidade
de Chicago, isto , o Funcionalismo de William James, o qual j
estudamos.
Um segundo pensamento foi formado por Robert Woodwoorth, na Universidade de Columbia. Tambm dessa universidade saram outros dois psiclogos funcionalistas; um deles, de
maior significncia para o objetivo deste Caderno de Referncia de
Contedo, foi E. L. Thorndike (1874-1949), cujas investigaes sobre a aprendizagem animal fortaleceram a tendncia funcionalista
maior objetividade.
Vejamos a seguir um texto de Schultz e Schultz (2006).
Robert Woodwoorth
Robert Woodworth desenvolveu seus estudos com base nos achados de John
Dewey e William James. Para ele o organismo poderia ser estudado de forma
objetiva, diante da anlise do estmulo externo e da resposta dada por ele.
No entanto, as mudanas decorrentes no interior do organismo s podem ser
observadas por meio do mtodo de introspeco. Isso mostra que, para esse
estudioso, a introspeco era uma ferramenta poderosa na psicologia, tanto
quanto o experimento e a observao dos fatos. Esse terico interessou-se
pelos fatores causais e pelas motivaes que interferem no sentimento e no
comportamento.
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Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questes autoavaliativas propostas:
1) Senso comum.
2) Psicologia Cientfica.
4) Respostas:
a) Associacionismo.
b) Estruturalismo.
c) Funcionalismo.
12. CONSIDERAES
Nesta unidade, desenvolvemos um tema muito discutido na
Cincia: o senso comum e o conhecimento cientfico.
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13. E-REFERNCIAS
Sites pesquisados
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