Orcamento e Desvios
Orcamento e Desvios
Orcamento e Desvios
!
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!
!
!
ii
Agradecimentos!
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer Professora Doutora Cludia
Coimbra, minha orientada, por toda a disponibilidade e apoio ao longo deste
percurso. A sua orientao foi imprescindvel para a realizao do presente
trabalho.
Queria agradecer ao Dr. Rui Assis, meu supervisor na Plural, por toda a
colaborao ao longo deste percurso, sempre disponvel para responder a todas
as questes.
Agradeo tambm Doutora Vivina Carreira e Lus Figueiredo por todo o
apoio e ajuda essenciais ao longo deste trabalho.
Por ltimo, um agradecimento muito especial aos meus pais e amigos pelo
apoio incondicional, pois sem eles no teria sido possvel.
iii
iv
Resumo!
O processo oramental matria essencial na gesto de qualquer
organizao, pois auxilia o gestor desde o planeamento at ao controlo de gesto
e apuramento de desvios oramentais. O planeamento a etapa de definio de
objetivos mas planear no suficiente, necessrio definir estratgias, prever
valores, control-los e, por fim, verificar se se conseguiu alcanar o previsto,
apurando responsabilidades e causas das divergncias encontradas. Para atingir
de forma eficaz esses objetivos pr-definidos, o gestor utiliza o oramento,
consoante os recursos disponveis.
O objetivo do presente trabalho consiste no estudo do processo de
oramentao numa cooperativa de comercializao e distribuio do setor
farmacutico, nomeadamente, a Plural Cooperativa Farmacutica, Crl. Assim,
apresenta-se a principal fundamentao terica desta temtica para posterior
aplicao ao caso concreto da Plural.
A abordagem metodolgica adotada foi o estudo de caso. A escolha por
esta opo deve-se ao tema escolhido e tendo em conta a sua praticabilidade,
considerou-se que a opo mais adequada seria o trabalho de projeto.
Atravs deste estudo foi possvel perceber a estrutura organizacional da
Plural e o seu processo global de oramentao. Verificou-se que esta cooperativa
apresenta uma gesto essencialmente centralizada, funcionando atravs de
segmentos de mercado, com seis armazns distribudos a nvel nacional.
Concluiu-se que esta entidade tem uma gesto oramental adequada sua
dimenso, no entanto, demonstra-se que a proposta, aqui apresentada, de uma
descentralizao no processo de tomada de deciso seria uma mais-valia, no
sentido em que passaria a existir uma melhoria nos processos de gesto.
Palavras-chave: Gesto Oramental, Oramento, Desvios Oramentais,
Estratgia, Controlo de Gesto
vi
Abstract!
The budget process is a core subject in the
management of any
pre-defined
objectives, the manager uses the budget, according to the available resources.
The main objective of this work is the study of the budgeting process of an
organization, more specifically, a cooperative whose activity is trade and
distribution
of
pharmaceutical
products,
namely,
Plural
Cooperativa
Farmacutica, Crl. Thus, the main theoretical framework pertaining to this topic is
presented and subsequently appliedto the specific case of Plural.
The methodological approach adopted was the case study. The choice for
this method was due to the practicability of the chosen subject, and project work
was considered to be more suitable.
Throughout this study was possible to perceive the organizational structure
of Plural and its global budgeting process. It was found that this cooperative has an
essentially centralized management, working through market segments, with six
warehouses distributed at the national level.
It was concluded that this organization has a budget management suitable
to its dimension, but nonetheless, it is shown that the proposal presented here of
decentralization in the decision-making process would be an advantage in the
sense that there would be an improvement in the management processes.
Keywords: Budget Management, Budget, Budgetary Deviations, Strategy,
Management Control
vii
viii
Sumrio
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... 1
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 2
A. INTRODUO ................................................................................................................. 3
B. METODOLOGIA .............................................................................................................. 4
C. O PROCESSO DA ORAMENTAO E DESVIOS ORAMENTAIS .......................... 5
1.
1.1. PLANEAMENTO.............................................................................................................. 8
1.2. AMBIENTE - ANLISE SWOT ....................................................................................... 10
1.3. A GESTO ESTRATGICA E A GESTO OPERACIONAL .................................................... 12
2.
3.
GESTO ORAMENTAL.................................................................................................. 21
ix
PROPOSTAS .................................................................................................................. 84
Lista!de!Tabelas!!
TABELA 1: DEFINIES DE ESTRATGIA ORGANIZACIONAL .............................................. 7
TABELA 2: ETAPAS DA PLANIFICAO ESTRATGICA E EXECUO OPERATIVA ................ 14
TABELA 3: DEFINIES DE CONTROLO DE GESTO ....................................................... 16
TABELA 4: ORAMENTO DE VENDAS ........................................................................... 22
TABELA 5: PROGRAMA DE PRODUO ........................................................................ 23
TABELA 6: CONSUMO POR UNIDADE PRODUZIDA .......................................................... 23
TABELA 7: PROGRAMA E ORAMENTO DE COMPRAS DE MATRIAS PRIMAS ..................... 24
TABELA 8: ORAMENTO DE MOD............................................................................... 25
TABELA 9: PROGRAMA E ORAMENTO DE COMPRAS DE MERCADORIAS ......................... 26
TABELA 10: TIPOS DE PROJETOS ................................................................................ 27
TABELA 11: ORAMENTO DE TESOURARIA .................................................................. 28
TABELA 12: ORAMENTO FINANCEIRO ........................................................................ 29
TABELA 13: DEMONSTRAO DE RESULTADOS (DR) ................................................... 30
TABELA 14: BALANO PREVISIONAL ........................................................................... 31
TABELA 15: APURAMENTO DE DESVIOS ....................................................................... 43
TABELA 16: PRINCIPAIS FUNES DAS DIREES E ARMAZNS ..................................... 51
TABELA 17: SERVIOS DISPONIBILIZADOS PELA PLURAL............................................... 56
TABELA 18: ENTIDADE LDER POR DISTRITO QUOTA DE MERCADO 2013 ..................... 60
TABELA 19: ORAMENTO DE VENDAS E MARGENS ...................................................... 69
TABELA 20: ORAMENTO DE FSE .............................................................................. 71
TABELA 21: LISTAGEM DE FUNCIONRIOS DA PLURAL .................................................. 74
TABELA 22: ORAMENTO DE GASTOS COM PESSOAL .................................................... 75
TABELA 23: LISTAGEM DE ATIVOS ............................................................................... 77
TABELA 24: ORAMENTO DE INVESTIMENTOS .............................................................. 78
TABELA 25: DEMONSTRAO DE RESULTADOS PREVISIONAL ....................................... 80
TABELA 26: EXEMPLO DE UM KPI DA FUNO PICKING ................................................. 82
!
Lista!de!Figuras!
FIGURA 1: O PROCESSO DE PLANEAMENTO ................................................................... 9
FIGURA 2: MATRIZ DA ANLISE SWOT ....................................................................... 11
FIGURA 3: PIRMIDE DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ................................................ 18
FIGURA 4: INSTRUMENTOS DO CONTROLO DE GESTO ................................................. 19
FIGURA 5: PROCESSO ORAMENTAL........................................................................... 33
FIGURA 6: EDIFCIO DA PLURAL EM EIRAS - COIMBRA .................................................. 46
FIGURA 7: ORGANIGRAMA DA PLURAL ........................................................................ 50
FIGURA 8: RECURSOS HUMANOS DA PLURAL ............................................................... 53
FIGURA 9: HABILITAES DOS COLABORADORES DA PLURAL ........................................ 54
FIGURA 10: FAIXA ETRIA DOS COLABORADORES DA PLURAL ....................................... 55
FIGURA 11: VENDAS POR ZONA GEOGRFICA .............................................................. 58
FIGURA 12: QUOTA DE MERCADO NACIONAL ............................................................... 59
FIGURA 13: ANLISE SWOT DA PLURAL..................................................................... 61
FIGURA 14: MAPA DO IMS HEALTH ............................................................................ 68
A.!Introduo!
O presente projeto, desenvolvido no mbito da empresa Plural Cooperativa Farmacutica, Crl, tem como objetivo levar a cabo um estudo
centrado no seu departamento financeiro, mais especificamente, nos mtodos
utilizados na elaborao dos seus oramentos anuais.
As
atividades
desenvolvidas
pela
empresa
Plural
Cooperativa
B.!Metodologia!
Para o enquadramento terico do presente trabalho recorreu-se a uma
vasta bibliografia recomendada, compreendendo livros e artigos cientficos da rea
de estudo bem como alguns stios da Internet na temtica de gesto.
A pesquisa para o caso prtico da empresa Plural Cooperativa
Farmacutica teve por base diversas entrevistas e reunies de trabalho com o
diretor financeiro da organizao, que disponibilizou diversa informao sobre a
mesma, sobre os seus recursos humanos, mercado, clientes, produtos e
oramentos. Devido facilidade de comunicao e esclarecimento de dvidas, foi
possvel trabalhar toda a informao disponibilizada de forma a elaborar diversas
tabelas e esquemas exemplificativos da dimenso, do funcionamento, dos
mtodos de oramentao e de outras especificidades desta cooperativa.
C.!O!Processo!da!Oramentao!e!Desvios!Oramentais!
O processo de oramentao uma temtica demasiado vasta, que se
enquadra em todo o processo de gesto de uma organizao. Para a elaborao
de um oramento necessrio:
deter uma estratgia adequada - planear os caminhos a seguir e conhecer
a organizao essencial para obter uma boa estratgia. Por sua vez, a
definio de uma boa estratgia trar a concretizao dos objetivos
definidos;
possuir uma adequada gesto operacional dentro da organizao
processos operativos bem definidos significam eficincia operacional,
reduo de tempos e custos;
deter um processo de controlo de gesto, pois atravs deste processo so
determinados quais os recursos que a organizao precisar para alcanar
os objetivos definidos, obtendo eficincia e eficcia;
definir o mtodo de descentralizao da organizao: por segmentos de
mercado, por centros de responsabilidade, entre outros.
Com todos estes elementos, uma organizao encontra-se preparada para
a elaborao de um oramento e controlo da sua atividade, atendendo a que o
essencial da realizao de oramentos permitir o controlo sobre os seus custos
e resultados, apurando desvios entre o real e o esperado, conseguindo retirar
informao acerca do que possvel melhorar na organizao.
1. Gesto!Estratgica!
Na temtica da gesto estratgica, Igor Ansoff distingue-se pela publicao
de um livro, em 1965, nos EUA, intitulado Corporate Strategy, o primeiro livro
escrito sobre estratgia organizacional.
Aps a sua publicao, foram surgindo diversas definies de estratgia
por diversos autores, tais como Hofer e Schendel (1978), Porter (1985) e Henry
Mintzberg (1988). Todos estes autores defendem a mesma tese de que a
estratgia se relaciona com o meio envolvente e que este detm influncia sobre a
organizao, sendo que o papel desempenhado pelos responsveis estratgicos
de extrema importncia na elaborao dos planos estratgicos. Contudo, so
encontradas divergncias no mbito e contedo das diversas definies de
estratgia.
Hofer & Schendel (1978) defendem que, para atingir os objetivos, a
estratgia deve selecionar os meios a seguir e gerir os recursos a usar. De forma
semelhante, Ansoff (1965) refere que a estratgia define os objetivos de longo
prazo e as aes a serem seguidas para os alcanar, determinando os recursos
necessrios para tal. Ou seja, segundo Ansoff (1965) a estratgia define os
objetivos e os meios, pelo que este autor d nfase ao processo de tomada de
deciso no planeamento estratgico.
Tambm outros autores como Porter (1985) e Mintzberg (1988) construram
os seus prprios conceitos de estratgia, em que Porter (1985) defende que a
obteno de vantagem competitiva a matria com maior importncia no
processo estratgico, enquanto Mintzberg (1988) enfatiza as decises e aes
que vo ocorrendo ao longo do processo estratgico para dar resposta ao meio
envolvente organizao.
Segundo Henry Mintzberg (1988), a estratgia um plano, uma forma de
ao consciente. Qualquer pessoa pode recorrer a alguma estratgia para
alcanar algo que deseja. Este autor exemplifica dizendo que uma criana detm
uma estratgia para saltar o muro enquanto uma organizao detm uma
estratgia para alcanar um mercado. Ainda segundo Mintzberg, a estratgia
Autores
Responsabilidad
Definio de estratgia
e da deciso
Ansoff
(1965)
tomada
de
deciso
desconhecimento
em
parcial.
condies
As
de
Conselho de
Administrao
decises
Schendel
(1978)
Administrao
envolvente.
Porter (1980) Estratgia competitiva so aes ofensivas
ou
defensivas
para
criar
uma
posio
um
retorno
maior
investimento.
sobre
Administrao
Mintzberg
(1988)
1.1.
Planeamento!
Alguns gestores qualificam o planeamento como a sua responsabilidadebase, a funo principal da gesto, considerando a gesto operacional e o
controlo, abordados nos pontos 2 e 3 do presente trabalho, como funes mais
secundrias.
Independentemente da relevncia associada ao planeamento, os estudos
comprovam que uma organizao atinge um nvel de desempenho eficaz quando
detm um bom planeamento.
O planeamento foca-se no futuro, ou seja, permite definir quais os objetivos
a alcanar bem como os recursos e meios a utilizar para os conseguir. O resultado
desta funo ser, portanto, a elaborao de um plano que enuncia quais as
aes a seguir pela organizao, trazendo aos gestores a obrigao de tomar
decises relativamente aos objetivos a definir, aos meios a utilizar, ao a seguir
e implementao dessa mesma ao.
O nmero de pessoas associadas a este processo ir variar de acordo com
a dimenso e a natureza da organizao. Em algumas empresas a funo
Processo de
Planeamento
Objetivos
Previses
Oramentos
Ao
Recursos
Resultados de desempenho
Implementao
1.2.
Ambiente!F!Anlise!SWOT!
10
Fonte: http://www.simplessolucoes.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/04/Capturar3.JPG
11
1.3.
A!gesto!estratgica!e!a!gesto!operacional!
12
Conceito
etapa
da estratgia
Planificao da
Estabelecimento
dos
objetivos
estratgicos,
dos
etapa
estratgia
Alinhamento da
Tem
como
objetivo
alinhar
todas
as
unidades
etapa
organizao
de
comunicao
formal,
em
que
se
Planificao das
etapa
operaes
Controlo e
etapa
aprendizagem
Validao e
etapa
adaptao
14
15
2. Controlo!de!Gesto!
O controlo de gesto surgiu nos Estados Unidos entre a 1 e a 2 guerras
mundiais. O seu aparecimento oficial relaciona-se com a constituio do
Controllers Institute of America (Instituto dos Controladores de Gesto dos
Estados Unidos), em 1931, propagando-se pela Europa nos anos seguintes.
Inicialmente, a funo de um controlador de gesto era meramente a de um
perito em contabilidade nos bancos e na administrao pblica. Apenas atravs de
publicaes sobre o tema se foi verificando que um controlador de gesto
assentava em muito mais do que
operacional.
Ao longo do tempo, o controlo de gesto passou a ser definido como o
processo utilizado no seio de uma entidade econmica para assegurar uma
mobilizao eficaz e permanente das energias e dos recursos, tendo em vista
atingir o objetivo visado por essa entidade (Khemakhem, 1970, pgina 11).
No entanto, estando este conceito em constante evoluo, nos dias de
hoje, podemos encontrar definies muito mais complexas e perceber que esta
funo ganhou uma posio muito relevante que a torna essencial a qualquer
organizao. Apresentam-se alguns exemplos destas definies na tabela 3.
Tabela 3: Definies de controlo de gesto
Definio
realizado
16
Definio
O
controlo
de
proporcionar
gesto
todos
tomar
as
os
objetivos
gerais
da
que
motivem
responsveis
descentralizados
os gesto;
a Tenta abranger as definies anteriores.
17
!
!
Direo!Geral!
(Obje'vos!globais)!
(Resultados!globais)!
Hierarquia!Intermdia!
(Diretores!de!rea!como!econmica!
e!estratgica)!
Responsveis!Operacionais!
(Diretores!departamentais)!
(Responsveis!funcionais/sector)!
Fonte: Adaptado de Jordan; Neves; Rodrigues, 2011
apoia-se
em
vrios
instrumentos
instrumentos
de
pilotagem,
comportamentais e de dilogo.
Estes instrumentos incluem a elaborao de um plano operacional, do
oramento e controlo oramental, usando tcnicas de gesto como o Balanced
18
Aes!corre'vas!
Anlise!
Estratgica!
Plano!Operacional!
Plano!Estratgico!
Oramento!
Balanced!Scorecard!/!
Tableaux!de!Bord!
Controlo!Oramental!
balanced scorecard ou tableaux de bord. Estes dois ltimos mtodos primam pela
variedade de indicadores, rapidez, capacidade de sntese e de facilidade de
adaptao por parte do utilizador.
20
3. Gesto!Oramental!
Segundo Jordan et al (2011), a oramentao pode ser definida como um
instrumento de gesto de apoio ao gestor no processo de alcanar os objetivos
definidos para a empresa, ou seja, um instrumento de deciso ou ao.
Assim, o oramento obriga definio de objetivos e planos de ao para o
seu sucesso, pois sabendo quais os objetivos a alcanar, o gestor ir definir os
planos de ao a seguir que conduzam s decises a tomar no futuro. Atravs
destes planos de ao sero realizadas as quantificaes financeiras que
conduzem ao oramento.
Segundo Caiado (2011), o oramento um resultado de uma previso de
curto prazo, at 1 ano, e deve ser elaborado tendo em conta objetivos atingveis.
Ou seja, a oramentao deve estabelecer objetivos especficos para as
operaes futuras e comparar periodicamente os resultados atuais com aqueles
objetivos.
O processo de oramentao inicia-se meses antes do ano em estudo pois
necessrio o pedido das estimativas de vendas e custos de todos os
departamentos da organizao. Aps a recolha dessa informao possvel
elaborar vrios tipos de oramento, tais como o oramento de explorao, de
tesouraria, financeiro, demonstrao de resultados e balano previsional.
No entanto, a gesto oramental no passa apenas pela elaborao destes
oramentos. , tambm, necessrio medir e registar a atividade real da
organizao para que seja possvel a sua comparao com o orado. Por fim, ser
necessria a anlise aos desvios encontrados entre o real e o previsto de forma a
definir decises corretivas para que seja possvel eliminar futuros desvios. Esta
temtica ser abordada no ponto 4.5 deste trabalho.
21
3.1.
O!processo!de!elaborao!dos!oramentos!
Janeiro
Fevereiro
Maro
Trimestre
Vendas em
30.000
35.000
40.000
105.000
X 20
X 20
X 20
X 20
600.000
700.000
800.000
2.100.000
quantidade
Preo de venda
unitrio
Total de vendas
22
Janeiro
Fevereiro
Maro
Trimestre
Previso de vendas
30.000
35.000
40.000
105.000
5.000
7.000
10.000
10.000
35.000
42.000
50.000
115.000
2.000
5.000
7.000
2.000
Quantidade prevista
33.000
37.000
43.000
113.000
(quantidade)
(unidades)
Fonte: Adaptado de Blocher, Chen, Cokins, 2006.
Unidade
de obra
Consumo por
cada unidade
de A
MP a
metro
MP b
quilograma
MP c
litro
MP d
unidade
MP e
unidade
0,5
23
Multiplicando os consumos unitrios pelas quantidades produzidas obtmse as quantidades necessrias para cada matria-prima.
Aps o clculo das quantidades de matria-prima a consumir, o passo
seguinte calcular as quantidades a comprar para fazer face ao consumo
previsto, tendo em conta a poltica de stocks da empresa, estimar preos e fazer o
oramento de compras, tal como exemplificado na tabela 7.
Tabela 7: Programa e oramento de compras de matrias-primas
Quantidade total de matrias necessrias para a produo prevista no ms
(+) Quantidade de matrias para stock final do ms
(=) Quantidade total de matrias necessrias para o ms
(-) Quantidade de stock inicial de matrias do ms
(=) Matrias a serem compradas para o ms
(*) Preo das matrias
(=) Oramento de compras de matrias
Fonte: Adaptado de Blocher, Chen, Cokins, 2006
24
Janeiro
Fevereiro
Maro
Trimestre
Quantidade de produo
33.000 u
37.000 u
43.000 u
113.000 u
0,5 h/u
0,5 h/u
0,5 h/u
0,5 h/u
16.500 h
18.500 h
21.500 h
56.500 h
Total de vencimentos
132.000
148.000
172.000
452.000
8 /h
8 /h
8 /h
8 /h
Total de HMOD
necessrias
25
Janeiro
Fevereiro
Maro
Trimestre
30.000
35.000
40.000
105.000
5.000
7.000
10.000
10.000
35.000
42.000
50.000
115.000
2.000
5.000
7.000
2.000
Previso de compras
33.000
37.000
43.000
113.000
10/u
10/u
12/u
330.000
370.000
516.000
Compra de Mercadoria
Previso de vendas
(quantidade)
(+) Stock final desejado
(mercadorias)
(unidades)
(*) Preo de compra
(=) Oramento de compras
1.216.000
(mercadoria)
Fonte: Adaptado de Blocher; Chen; Cokins;Lin, 2006.
Por outro lado, quer uma empresa industrial quer uma empresa comercial
ou de servios deve elaborar um oramento de gastos de venda e administrativos,
o qual contempla os custos relacionados com o atendimento aos clientes, com
entregas, comisses a vendedores, publicidade, servios de contabilidade, entre
outros, e que englobe a grande parte de naturezas dos custos relativa aos
recursos utilizados.
Apuradas as vendas e os custos, necessrio elaborar o oramento de
investimentos para o ano seguinte. Um projeto de investimento consiste em
alcanar, com sucesso, um objetivo complexo de natureza diferente da atividade
da entidade, o mais rpido possvel e com o menor custo.
Segundo Caiado (2009), estes projetos podem ser de investimento, de
investigao e desenvolvimento, de organizao, de racionalizao de produo e
de marketing, conforme o objetivo do mesmo (cf. tabela 10).
26
27
Fev
Mar
Abr
(Etc)
1. Recebimentos
1.1. De vendas do ano
anterior
1.2. Vendas do ano
1.3. De ativos
Total Recebimentos
2. Pagamentos
2.1. Do ano anterior
2.2. Do ano
Compras
Custos comerciais
Etc.
Total Pagamentos
3. Saldo mensal
4. Saldos mensais
acumulados
Fonte: Adaptado de Caiado, 2009
Fev
Mar
Abr
(Etc)
1. Saldo inicial de
tesouraria
2. Recebimentos de
operaes financeiras
2.1. ...
Total Recebimentos
3. Pagamentos de
operaes financeiras
3.1. ...
Total Pagamentos
4. Saldo (1+2-3)
5. Novos
financiamentos
5.1. ...
Total Financiamentos
6. Saldo final de
tesouraria
Fonte: Adaptado de Caiado, 2009
Produto B
Total
1. Vendas
2. Custos comerciais variveis
2.1. Comisses
2.2. Transportes
3. Vendas lquidas de c.c.v.
4. Custo dos produtos vendidos
5. Margem bruta das vendas
6. Custos no industriais
6.1. Servios comerciais
6.2. Servios administrativos
6.3. Custos financeiros
7. Resultados antes de impostos
Fonte: Caiado, 2009
30
Ano N
ACTIVO
Ativos no corrente
Ativos fixos tangveis
Propriedades de investimento
Ativos intangveis
Investimentos financeiros
Total ativo no corrente
Ativo corrente
Inventrios
Clientes
Estados e outros entes pblicos
Outras contas a receber
Diferimentos
Caixa e depsitos bancrios
Total ativo corrente
TOTAL ATIVO
CAPITAL PRPRIO E PASSIVO
Capital Prprio
Capital realizado
Aes (quotas) prprias
Outros instrumentos de capital prprio
Reservas
Excedentes de revalorizao
Outras variaes no capital prprio
Resultado lquido do perodo
Total do capital prprio
Passivo
Passivo no corrente
Provises
Financiamentos obtidos
Outras contas a pagar
Total do passivo no corrente
31
Passivo corrente
Fornecedores
Estados e outros entes pblicos
Acionistas/Scios
Financiamentos obtidos
Outras contas a pagar
Total do passivo corrente
TOTAL DO CAPITAL PRPRIO E PASSIVO
De um modo esquemtico, o processo oramental de uma empresa com
recursos de produo apresenta-se de acordo com a Figura 5.
32
Oramento de Vendas
Programa de
Produo
Oramento de
Oramento
Oramento do stock de
de
produtos
Compras
Oramento do consumo de
matrias
Produo
Oramento de MOD
Oramento de
Oramento de custos
outros custos
indiretos de produo
operacionais
Oramento de
Investimentos
DEMONSTRAO DE
Oramento
RESULTADOS
de
Tesouraria
Oramento
de Financeiro
BALANO PREVISIONAL
33
3.2.
Segmentos!de!atividade!
3.3.
Centros!de!responsabilidade!
um
processo
complexo,
pois
necessrio
delegar
35
3.3.1. Centros+de+custos+
Neste centro de responsabilidade, o responsvel pelo mesmo detm poder
de deciso apenas sobre os recursos a ser utilizados e, portanto, os custos em
que iro incorrer.
Assim, num primeiro passo, devem ser identificadas as atividades do
centro, de seguida definidos os meios a utilizar e os seus custos, com o objetivo
de calcular uma unidade de obra1 para que seja quantificado o custo unitrio
desse centro por essa unidade de obra.
36
atividade
e,
portanto,
estes
centros
podero
ser
3.3.2. Centros+de+resultados+
O responsvel detm poder de deciso sobre os recursos que iro gerar
custos e pelos recursos que iro gerar as vendas dos produtos/servios, isto ,
detm capacidade de deciso sobre os resultados do centro.
Assim, o objetivo deste centro passa por traduzir-se num resultado3, onde o
responsvel detm poder de deciso sobre os custos e proveitos do centro com o
objetivo de otimizar esse resultado.
No entanto, este tipo de centro pode no estar associado venda dos seus
produtos/servios ao exterior, pode apenas apresentar-se como um centro interno,
que vende produtos ou presta servios a um outro centro de responsabilidade
dentro da organizao. Deste modo, possvel deter centros de produo como
centros de resultados, tendo em ateno o facto de ser necessria a definio de
um PTI4 aquando da venda de produtos ou prestao de servios entre centros de
responsabilidade da mesma organizao.
Contudo, nem sempre de fcil identificao quando um centro deve ser
definido como centro de resultados. Assim, um centro de resultados pode ser
identificado pelas seguintes caractersticas:
2
Investigao e desenvolvimento
Diferena entre receita e custo
4
Preo de transferncia interna
3
37
3.3.3. Centros+de+investimento+
Neste tipo de centro de responsabilidade, o responsvel pelo mesmo, alm
de deter poder de deciso sobre meios que se traduzem em custos e proveitos,
toma decises tambm em relao aos ativos e passivos. Ou seja, o responsvel
detm poder, por exemplo, para determinar preos e descontos a clientes,
influenciando os rendimentos, bem como para determinar prazos de pagamentos
de clientes, influenciando, assim, os recursos que a empresa ter de utilizar para
fazer face a esses prazos.
Assim, o centro de investimento tem por objetivo a melhoria do seu
resultado e a adequao dos ativos e passivos que gera atividade do centro.
Contudo, em qualquer destes centros de responsabilidade importante
manter a prtica de acordo com a estratgia da empresa e, por isso, a primeira
preocupao no momento de definio dos centros de responsabilidade a
adequao dos objetivos de cada centro aos objetivos globais da organizao.
Alm do mais, essencial a definio de um bom sistema de avaliao de
desempenho para os centros de responsabilidade para que se consiga perceber
38
3.4.
O!controlo!oramental!
no
39
40
3.5.
Desvios!Oramentais!
42
Tpicos associados
! Identificar a causa da ocorrncia dos desvios;
! Determinar qual a sua relevncia;
! Principais causas dos desvios:
o volume (quantidade);
o mix (composio interna)
o eficincia/produtividade
o cmbio
o preo
o mercado (variao da procura)
Explicar os desvios
43
valorizam-se
custos
proveitos,
ativos
passivos,
3.6.
Oramentao!de!base!zero!
44
oramento;
Classificar as propostas-base;
Preparar os oramentos;
Controlar os resultados.
Este
tipo
de
oramento
associa
os
processos
de
planeamento,
45
D.!Aplicao!Prtica!na!Plural!!Cooperativa!Farmacutica,!Crl!
1. Apresentao!da!empresa!
A Plural Cooperativa Farmacutica, Crl tem como atividade a
comercializao e distribuio de produtos farmacuticos, detendo um capital
social de 2.955.575,00 e tendo sido constituda no dia 30 de Novembro de 2006,
resultando de uma fuso por incorporao das empresas Cofarbel, Crl e
Farcentro, Crl na empresa Farbeira, Crl, passando, mais tarde, a designar-se
Plural. Esta cooperativa conta com a participao de 1040 membros no capital
social.
A sua sede em Coimbra, na Rua Adriano Lucas, num edifcio prprio que
foi construdo tendo por base todas as necessidades de armazenamento e
distribuio de medicamentos que a sua atividade requer (figura 6). Para alm
deste armazm principal, foram adquiridos outros armazns, nas Caldas da
Rainha, Cernache, Covilh, Faro, Montijo e Santa Maria da Feira conseguindo,
assim, uma cobertura de todo o territrio nacional.
Figura 6: Edifcio da Plural em Eiras - Coimbra
46
1.1.
Forma!jurdica!FF!cooperativa!
47
1.2.
Misso,!valores,!viso!
A Plural, presente em Portugal desde 2006, tem uma misso que lhe
permite nomeadamente aprovisionar, armazenar e distribuir medicamentos aos
nossos cooperadores, nas melhores e mais adequadas condies de acordo com
as Boas Prticas de Distribuio e no mais curto espao de tempo.5
Como valores centrais apresenta a necessidade de promover uma poltica
social, no sentido de praticar os valores da solidariedade e equidade que
caracterizam as empresas integradas no que se designa por Economia Social,
como so os casos das Cooperativas. A entidade prima por conduzir a sua
atividade de forma tica, social e ambientalmente responsvel, assumindo
compromissos com as diversas partes interessadas.
Por outro lado, a Plural tem como viso e objetivos envolver todos os
colaboradores num trabalho de equipa em que seja possvel assegurar a
qualidade dos servios prestados atravs de todos os pontos de expedio,
satisfazendo as necessidades dos seus clientes com base na gesto de um
Sistema Integrado, suportado pelas normas em vigor e pelas Boas Prticas de
Distribuio6.
5
6
Site da Plural
Portaria n 348/98, de 15 de Junho (legislao farmacutica)
48
1.3.
Estrutura!organizacional!
49
50
Principais Funes
Direo-Geral
Direo Financeira
Direo de Sistemas de
Informao
51
Direo de Compras
Direo Comercial e de
Marketing
Identificao de oportunidades de
campanhas publicitrias;
Informar os clientes, periodicamente, de
todos os produtos e servios
disponibilizados;
Promoo de aes de formao;
Estudo e satisfao das necessidades dos
clientes.
Direo de Logstica
Armazm de Coimbra
Armazm de Cernache
Armazm de Covilh
Armazm de Sta M da
Feira
Armazm de Caldas da
Rainha
Armazm de Faro
Armazm de Montijo
Fonte: Documentos Plural
52
1.4.
Recursos+Humanos+
29%
Feminino
71%
Masculino
53
50%
45%
48%
Ensino Bsico
40%
35%
30%
Ensino Secundrio
e equivalente
Licenciatura
35%
25%
20%
15%
Mestrado
16%
10%
5%
1%
0%
Fonte: Documentos Plural
54
40%
35%
18 a 30
30%
31 a 40
24%
25%
41 a 50
19%
20%
18%
51 a 60
15%
61 a 66
10%
5%
1%
0%
1.5.
Produtos+
de
cosmtica
dermocosmtica,
qumicos,
galnicos,
55
Servio
Descrio
Plural Artes
Grficas
Plural
Calibrao
Plural 365/24
@Plural
CallPlural
Plural Click
Plural Verde
Plural
Formao
Plural Banca
Plural Sade
Plural
Farmacutica
Plural Emprego
56
Plural
Consumveis
Plural
Transferncias
Plural
Inventrios
contagem de inventrios
Plural Soluo
Plural Eventos
Plural
Consultoria
(servio gratuito)
Protocolo de
Diabetes
1.6.
Clientes+
obter
as
vendas
mdias
por
cliente.
Deste
modo,
detm
um
57
vendas por distrito, obtendo informao sobre quais os distritos com maior peso
nas vendas.
As vendas da Plural tambm podem ser obtidas por zona geogrfica,
coincidente com a localizao dos armazns. A percentagem de anlise de
vendas por localizao a apresentada no esquema seguinte.
Figura 11: Vendas por zona geogrfica
Vendas'por'Zona'Geogrca'1'Ano'2013'
7%$
7%$
Coimbra$
Covilh$
11%$
Santa$Maria$da$Feira$
56%$
10%$
Caldas$da$Rainha$
Faro$
Mon=jo$
9%$
58
1.7.
Concorrentes+
Quota'Mercado'Nacional'1'Ano'2013'
8,89%$
AH$
29,84%$
B&R$
CFN$
22,37%$
UDI$
COO$
8,73%$
0,34%$
8,81%$
12,70%$
8,32%$
PLU$
OCP$
Outros$
59
Mximo
Empresa
Aveiro
34,27% Cooprofar
Beja
41,66% AH
Braga
24,98% Outros
Bragana
37,97% OCP
Castelo Branco
37,76% Plural
Coimbra
40,61% Plural
vora
45,08% AH
Faro
54,21% AH
Guarda
31,16% OCP
Leiria
36,64% Plural
Lisboa
33,93% AH
Portalegre
47,45% AH
Porto
35,20% OCP
Regies Autnomas
65,19% Outros
Santarm
43,86% OCP
Setbal
30,06% AH
Viana do Castelo
35,65% Cooprofar
Vila Real
49,83% OCP
Viseu
33,24% OCP
Fonte: Documentos Plural
60
1.8.
Anlise+SWOT+
(Organizao)
(Ambiente)
Origem Externa
Origem Interna
Pontos Fortes e
Pontos Fracos e
Oportunidades
Ameaas
Situao financeira
Qualidade
Posio geogrfica
Quota de mercado na
regio centro
Marca reconhecida
Controlo de crdito
rigoroso
Capacidade de inovao
Marketing deficiente
Controlo de crdito
rigoroso
Fraca implementao em
mercados fortes como
Porto e Lisboa
Dificuldades financeiras
da Cofanor e Udifar
62
63
2. Estudo+de+caso++Oramentao+e+desvios+oramentais+
Neste ponto do presente trabalho ser apresentado o processo de gesto
oramental da Plural, desde a preparao da informao financeira elaborao
dos seus oramentos de vendas e margens, de custos operacionais, de custos
financeiros, de investimentos, da demonstrao de resultados at ao controlo
desta informao e apuramento de desvios ao oramento.
2.1.
Preparao+da+informao+financeira+
A contabilidade financeira desta cooperativa elaborada na prpria
2.2.
O+processo+oramental+
O processo oramental tem o seu incio em Setembro ou Outubro,
65
pessoal (classe 63), imparidades de dvidas a receber (classe 651), outros gastos
e perdas (classe 68), gastos/reverses de depreciaes (classe 64) e custos
financeiros (classe 69).
A preparao mais pormenorizada de cada um destes oramentos vai ser
explicada nos pontos seguintes.
2.2.1.$Oramento$de$vendas$e$margens$
Para elaborar o oramento das vendas, o Diretor Financeiro tem em
considerao o histrico de vendas por cliente, os estudos do IMS Health sobre as
perspetivas de mercado, os objetivos internos de cada armazm (estratgias) e o
impacto da concorrncia em cada armazm. Todas estas variveis so
consideradas no momento da previso do valor das vendas para o ano em
considerao.
O histrico de vendas por cliente proporciona a informao do crescimento
ou diminuio das vendas por cada cliente. Como a cada um deles se encontra
associado um segmento de mercado, de acordo com a sua zona geogrfica, ento
possvel analisar e prever uma taxa de crescimento ou diminuio das vendas
por cada segmento de mercado.
Os estudos do IMS Health mostram a previso de crescimento do mercado
farmacutico por distrito e por zona, influenciando a taxa de crescimento de
vendas prevista pela Plural em cada segmento de mercado.
Os objetivos internos de cada armazm condicionam o crescimento das
suas vendas na medida em que cada segmento de mercado tem as suas
especificidades e carteira de clientes. Por exemplo, num dos segmentos de
mercado pode prever-se um aumento brusco de vendas de um determinado
produto, por se prever um aumento de publicidade desse mesmo produto nesse
distrito.
Por sua vez, a concorrncia um fator com bastante impacto. Um armazm
com maior concorrncia no seu distrito no conseguir manter uma perspetiva to
66
elevada de crescimento nas vendas, pois ser mais difcil alcanar maior quota de
mercado.
O processo inicia-se utilizando o ficheiro Excel, a base do oramento de
vendas, onde a Plural se apoia em mapas retirados do sistema SAP com valores
mensais e sempre associando a venda a um dos armazns:
mapa de vendas por cliente;
mapa do total de rappel concedido;
mapa com o total de vendas diretas e campanhas por armazm;
mapa com o total de exportaes por armazm.
Para alm destes mapas, o ficheiro-base ainda contm mapas com
informao retirada do IMS Health:
mapa com a previso da evoluo do mercado farmacutico por
distrito;
mapa com a valorizao do mercado por zona-chave (brick), onde se
compara a Plural com o mercado nacional.
A partir de toda esta informao so construdas tabelas que demonstram o
volume de negcios mensal do ltimo ano por cliente. Como a cada cliente se
encontra associado um segmento de mercado, possvel obter uma mdia de
crescimento ou diminuio de vendas por segmento de mercado. Atravs destas
tabelas tambm apurado o valor-base das vendas sujeitas a rappel.
Os mapas dos estudos previsionais do IMS, constantes neste ficheiro, so
utilizados para determinar uma taxa previsional de crescimento do mercado em
cada armazm, de acordo com o distrito do mesmo. Na figura 11 encontra-se um
exemplo de mapa retirado do IMS.
67
68
Notas:
PROJEES
Vendas N
55 000 000,00
CEV N
44 550 000,00
Desconto N
Margem N
2 500 000,00
7 950 000,00
69
2.2.2.$Custos$Operacionais$
O processo de oramento dos custos operacionais inicia-se com a
associao dos mesmos aos vrios departamentos desta cooperativa. Primeiro os
custos so associados a um dos departamentos e, de seguida, o total dos custos
de cada departamento atribudo a um segmento de mercado de acordo com o
local de consumo desse custo.
Por exemplo, no caso de um computador que avarie no armazm de Faro,
a responsabilidade pela sua reparao ser da Direo de Sistemas de
Informao e do seu departamento de manuteno. No entanto, o custo dessa
reparao ser atribudo ao segmento de mercado de Faro.
Os custos que no so facilmente associados a um segmento de mercado
so reunidos num departamento especfico designado de Comuns.
A Plural oramenta os seus custos por cinco reas, de acordo com o plano
de contas SNC (Sistema de Normalizao Contabilstica) Fornecimentos e
servios externos, gastos com pessoal, imparidades de dvidas a receber, outros
gastos e perdas e gastos e reverses de depreciao e amortizao. Estes cinco
oramentos so elaborados por departamento e, posteriormente, associando o
custo de cada departamento a um armazm ou a comuns.
2.2.2.1.$Fornecimentos$e$Servios$Externos$
Para calcular o oramento previsional de FSE (Fornecimentos e Servios
Externos), o Diretor Financeiro utiliza como base o histrico de custos, tendo em
considerao a perspetiva de aumento ou diminuio de determinados custos
relacionados com alteraes de processos na empresa. A valorizao desta
diminuio tem como base o conhecimento interno por parte do Diretor Financeiro.
A estrutura do seu oramento de FSE baseia-se nas contas de
contabilidade financeira, classe 62, e idntica da tabela 20.
70
622100
622200
622300
622400
622600
623100
623200
623300
623400
623800
624100
Rendimentos e Gasto
Fornecimentos e servios
externos
Subcontratos
Empresa A
Trabalhos
Especializados
Empresa C
Outros Especializados
Publicidade e
Propaganda
Jornal A
Empresa E
Vigilncia e Segurana
Empresa F
Honorrios
Advogado
Qualidade
Conservao e
Reparao
RepViaturas
Pneus
Empresa G
Ferramentas e utenslios
de desgaste rpido
Outras ferramentas
Livros e Documentao
Tcnica
Material de Escritrio
Papel timbrado
Consumveis
Toners
Papel
Artigos para oferta
Ofertas Delegados
Brindes
Ofertas
Outros materiais
Caf
guas
Eletricidade
Factor
Total
71
Direo
Direco
D. Geral Qualidade
Etc
624200
624300
624800
625100
625301
625302
625800
626101
626102
626200
626300
626500
626600
626700
Combustveis
Combustveis Adm
Combustveis Log
gua
Outros energia e fluidos
Gs
Deslocaes e Estadas
Deslocaes
Alojamento
Refeies
Transp de Mercadorias
Compradas
Transp de Mercadorias
Vendidas
Outras deslocaes,
estadas e transportes
Portagens
Rendas
Alugueres
Aluguer viaturas
Viaturas Kms Adicionais
Aluguer Contentor
Comunicao
Empresa I
Empresa J
Seguros
Seguro Viaturas
Seguro Mercadorias
Seguro Equipamentos
Seguro Outros
Contencioso
Despesas de
Representao
Representao Delegados
Representao Dir
Limpeza, Higiene e
Conforto
Desinfestao
Servio Limpeza
Materiais Limpeza
72
2.2.2.2.$Gastos$com$pessoal$
O oramento dos gastos com pessoal efetuado nas contas 63 e segue a
mesma estrutura que o oramento de FSE, apoiando-se, tambm, no valor
histrico de gastos com pessoal, tendo em considerao possveis sadas de
pessoal e novas contrataes. Este processo apoia-se em duas tabelas: a
listagem de funcionrios da Plural (tabela 21) e o apuramento de gastos com
pessoal por departamento (tabela 22).
73
Ccusto
Direo
Manuteno
Armazm
Faro
Armazm
Coimbra
Contabilidad
e
Pricing
Delegados
GAP
Nome
Data
Entra
da
Data
Fim
Rem
Base
%Aum
Nova
Rem
IHT
Novo
IH
Diut
Pessoa A
Pessoa B
Pessoa C
Pessoa D
Pessoa E
Pessoa F
Pessoa G
Pessoa H
Fonte: Documentos Plural
74
C.Custo
Base
IHT
Diut
Abono
p/
Falhas
Prmio
Fixo
S.Refeio
Dirio
S.
Transporte
Direo
Manuteno
Armazm Faro
Armazm
Coimbra
Contabilidade
Pricing
Delegados
GAP
Fonte: Documentos Plural
2.2.2.3.$Imparidades$de$dvidas$a$receber$
Quando se determinam dvidas de clientes que possivelmente no sero
recebidas, so reconhecidas perdas por imparidade, de acordo com a legislao
em vigor. A Plural reconhece estas imparidades em dvidas a receber por
armazm (segmento de mercado), aplicando uma taxa de incobrabilidade ao total
das vendas previstas. Esta taxa calculada pelo Diretor Financeiro tendo por base
75
o histrico dos recebimentos dos clientes por cada armazm e incluindo uma
percentagem de segurana.
2.2.2.4.$Outros$gastos$e$perdas$
O oramento de outros gastos e perdas est associado classe
contabilstica 68, onde se encontram algumas taxas de imposto como, por
exemplo, o imposto de selo, descontos de pronto pagamento concedidos, quebras
de inventrio, donativos, quotizaes, comisses, entre outros.
A previso destes custos tem em considerao o seu histrico exceto no
clculo dos descontos e das quebras de inventrio. Os descontos previsionais so
calculados no momento da elaborao do oramento de vendas e margens e nas
quebras de inventrio utilizada uma taxa sobre as vendas, ou seja, existe uma
taxa pr-definida para quebras de inventrio anuais.
Os descontos e as quebras so custos diretamente calculados por
segmento de mercado. Os restantes custos sero divididos de acordo com o local
do seu consumo, tal como ocorre nos custos anteriores.
2.2.2.5.$Gastos/Reverses$de$depreciao$e$amortizao$
Estes gastos so previstos na classe contabilstica 64 e compreendem
todos os gastos relacionados com a depreciao/amortizao dos bens da
entidade.
O Diretor Financeiro detm um ficheiro Excel com uma listagem de todos os
ativos da entidade, que contm informao de todas as suas depreciaes e
amortizaes, utilizando-o para elaborar a previso destes gastos (tabela 23).
76
Equipamento
A
Telemvel A
Telefone A
Telefone B
Veculo A
Veculo B
Mesa A
Armrio A
Veculo C
Ativo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Fonte: Documentos Plural
Denominao
do
imobilizado
Departamento
Centro custo
Data
incorporao
77
Valor
Aquisio
Acumulado
Depreciao
Acumulada
Incio valor
contabilstico
Quantidade
Depreciao
Planeada
Reavaliao
de ativos
Mov.
depr.
acum.
Conta SNC
2.2.3.$Oramento$de$investimentos$
Em matria de investimentos, os gestores operacionais de cada segmento
de mercado e departamento da Plural preenchem um mapa com os investimentos
expectveis para o ano seguinte. O mapa idntico ao da tabela 24.
Valor Total
Motivo
Prioridade
Conta
10/2013
1400
Ampliao
435
Deciso Dir
Quantidade
Coimbra
Data estimada
Portteis
Centro
Descrio
2.2.4.$Oramento$de$custos$financeiros$
A nvel de oramento financeiro esta entidade prev os seus custos de
acordo com dois ficheiros Excel elaborados pelo Diretor Financeiro. Um dos
ficheiros contm informao relativamente s prestaes e juros futuros de
emprstimos contrados e o outro ficheiro contm informao acerca das rendas e
juros dos contratos de leasing que detm.
A estrutura deste oramento previsional de custos financeiros a utilizada
para o oramento previsional de custos operacionais e segue, tambm, a
contabilidade financeira classe 69.
2.2.5.$Demonstrao$de$Resultados$Previsional$
Apuradas as previses de vendas e margens e dos custos operacionais e
financeiros, esto satisfeitas as condies para a elaborao da Demonstrao de
Resultados Previsional da Plural.
So elaboradas duas Demonstraes de Resultados (DR), uma por
Direo e departamento da Plural e, aps associados estes custos a cada
armazm ou a comuns elaborada uma DR por segmento de mercado
(armazm), contendo uma coluna de custos comuns aos seis segmentos de
mercado e a sua estrutura a apresentada na tabela 25.
79
Coimbra
Covilh
Caldas
Vendas e servios
prestados
Subsdios
explorao
Custo das
mercadorias
Fornecimentos e
servios externos
Gastos com o
pessoal
Imparidades de
dvidas a receber
Outros
rendimentos e
ganhos
Outros gastos e
perdas
Resultados antes
de depreciaes,
gastos de
financiamento e
impostos
Gastos/reverses
de depreciao e
de amortizao
Resultado
operacional
(antes de gastos
de financiamento
e impostos)
Juros e
rendimentos
similares obtidos
Juros e gastos
similares
suportados
Resultados antes
de impostos
Imposto sobre o
rendimento do
perodo
Resultado lquido
do perodo
Fonte: Documentos Plural
80
Feira
Faro
Montijo
Comuns
Ano N
2.3.
Controlo*da*informao*financeira*e*desvios*oramentais*
Desde 2004 que a Plural utiliza o sistema de informao SAP em toda a
10
Ots/h
Total
1
CBR
11111
25000
66
378
CBR
22222
20000
70
286
CBR
33333
18000
94
191
CBR
44444
17500
95
184
21
CBR
55555
7000
71
99
36
CBR
66666
8000
86
93
83
3. Propostas*
Aps o estudo do processo oramental e do sistema de controlo de gesto
da Plural ficam alguns tpicos em proposta para avaliao futura.
3.1.
Descentralizao*do*processo*oramental*
O processo de oramentao deveria incluir uma maior participao por
oramento
da
cooperativa
como
um
todo,
sendo
da
sua
3.2.
Centros*de*Responsabilidade*
A reestruturao da entidade em centros de responsabilidade seria uma
84
exercida.
Sendo
centros
de
resultados
tomariam
decises
do
seu
armazm.
Tornando-se
centros
de
investimentos,
os
85
E.*Consideraes*finais*
Tendo em considerao o facto de no ser possvel expor em demasia os
mtodos e processos utilizados pela Plural Cooperativa Farmacutica, Crl num
trabalho de acesso pblico, este demostrou os aspetos essenciais ao
conhecimento do modelo de oramentao e controlo oramental utilizado por
esta organizao.
Atravs da apresentao da empresa foi possvel retirar a informao de
que se trata de uma grande empresa, em crescimento sustentado e com objetivos
definidos realizveis.
Conclui-se que esta cooperativa detm um processo bastante eficiente na
elaborao dos seus oramentos e no controlo da sua informao financeira,
dispondo de diversos e variados indicadores para a sua anlise. Esta organizao
prima pelo controlo de todas as suas variveis quer por perodos anuais quer
mensais, dispondo de um sistema de informao bastante completo que auxilia
em todas as atividades da organizao, o SAP.
No entanto, aps a elaborao do presente trabalho e conhecimento do
funcionamento da Plural, foi perceptvel que esta apresenta uma gesto pouco
participativa, sendo a melhoria deste ponto o foco principal da proposta
apresentada. Foram sugeridos dois processos que alterariam este aspecto na
organizao. A delegao de autoridade sob os gestores operacionais e,
consequentemente, a elaborao de um Manual de Oramentao demonstra ser
uma opo vivel e de fcil implementao. A opo pela reestruturao da
entidade em centros de responsabilidade traria diversas vantagens para a
organizao em matria de controlo e melhoria de processos, no entanto
implicaria elevados custos. Embora esta opo apresente algumas desvantagens
relativamente primeira, as suas vantagens seriam mais significativas a nvel de
delegao de autoridade, de melhoria de processos e de controlo que apresenta.
importante referir que ao longo da elaborao do presente trabalho, esta
cooperativa alterou o seu organigrama, embora no significativamente, e se
encontra em processo de mudana de instalaes para a antiga fbrica da cerveja
86
87
88
Bibliografia*
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