Ars Magna e Ars Demonstrativa
Ars Magna e Ars Demonstrativa
Ars Magna e Ars Demonstrativa
Lulio
Quinta-Feira, 20 De Dezembro De 2007
ORIGINAL: Biblioteca del Monasterio del Escorial ( Madrid ) Referencia Ms. 8c.IV.6
AUTOR: Raimundo Lulio
SIGLO: S. XVI
PGINAS: 162
MINIATURAS: 29 figuras, 8 de las cuales son superposicin de crculos concntricos que giran sobre su eje.
ENCUADERNACIN: Pergamino impreso y envejecido.
TAMAO: 205 x 145 mm.
IDIOMA: LATN
ARS DEMONSTRATIVA
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1. Para comear, deve-se constatar que a Arte luliana assenta-se sobre dois pilares,
sendo o primeiro deles o chamado alfabeto que Llio introduz no incio da Ars brevis e
que se pode resumir da seguinte maneira :
A primeira srie de princpios que aqui se reproduzem costumam chamar-se princpios
absolutos, ainda que esta denominao no seja de Llio, que em suas primeiras obras
os denominava dignitates passando depois a cham-los simplesmente principia .
Tanto a palavra dignitas como o nome principia remetem tradio aristotlica dos
Analitica posteriora, onde se estabelece que cada cincia parte de princpios per se nota
que no podem ser comprovados, ao menos no pela prpria cincia.
Seg
uindo esta tradio, estes princpios tambm so indemonstrveis para Llio. E mais,
so os mesmos atributos de Deus que, como causas exemplares, so ao mesmo tempo
os principia essendi e os principia intelligendi da criao. Justamente por isso, no
podem ser provados, j que so a condio da possibilidade do ser e do conhecer. Mas
e com isto voltamos inteno dialogante de Llio tambm no necessrio
demonstr-los, porque representam um lugar comum das trs grandes religies de
livro.
Assim, o judasmo conhece as dignitates sob o nome sefirot, enquanto que o islamismo
as chama hadras. Ou seja, Llio parte na sua Arte dos pressupostos comuns das trs
grandes religies monotestas: o judasmo, o cristianismo e o islamismo.
Enquanto estes atributos divinos, segundo Llio, so indistinguveis quando esto em
Deus, sim que se podem diferenciar e relacionar quando esto realizados na criao,
pelo que Llio introduz em segundo lugar uma srie de princpios relacionais como
diferena, concordncia, contrariedade, etc., que abarcam todos os seres intra-
mundanos. Com isto, a cosmoviso de Raimundo Llio possui dois eixos, um vertical
que religa a criao sua
causa
trans
cendente mediante os princpios absolutos, sendo estes as causas exemplares do
mundo; e outro horizontal que descreve o dinamismo entre as criaturas a partir das
diferentes relaes que se do entre elas.
Pode-se dizer, e j foi dito, que estes princpios relacionais juntamente com os princpios
absolutos constituem todo o fundamento da Arte luliana, enquanto os demais conceitos
do alfabeto, ou seja, as perguntas, os nove sujeitos e as virtudes e os vcios, seriam
suas ferramentas de pesquisa.
Resumo:
Foi um prolfico autor tambm em rabe e latim, bem como em Langue d'Oc (occitano).
beato da Igreja Catlica.
Raimundo Llio abandona a vida que leva em Maiorca para procurar a cura de um
cancro maligno para a sua amada. Em pleno perodo histrico dos Templrios, a sua
viagem traz-lhe bem mais do que isso: uma vidaerrante de iniciao nos mistrios da
Alquimia que o far jurar perante soberanos e papas que encontrou a frmula para
harmonizar as trs religies ? crist, muulmana e judaica ?, integrando conhecimentos
das cincias e da teologia.
Os escritos que nos foram legados do grande estudioso maiorquino superam em sua
totalidade o nmero de 250 obras que somam cerca de 27.000 pginas.
Raimundo Lulio, em seu livro Clavculas, diz: Por isso os aconselho que no obreis com
o Sol (homem) e com a Lua (mulher) seno depois de hav-los levado a sua matria
prima (energia sexual) que o enxofre e o mercrio dos filsofos. filhos meus!
Aprendei a servi-vos dessa matria venervel, porque os advirto sob a f de juramento,
de que se no sacais o mercrio desses metais, trabalhareis como o cego na
obscuridade e na dvida. Por isso, filhos meus! Os conjuro a que marcheis at a Luz
com os olhos abertos e no caiais como cegos no Abismo.
Nicola ABBAGNANO:"LULLIANA, ARTE (lat. Ars lulliana; ingls Lullic Art; franc. Art
lullien; al. Lullische Kunst). Propriamente, a ars magna de Raimundo LLIO (1235 -
1315), isto , a cincia universal que ensina a combinar os termos para a descoberta
sinttica dos princpios das cincias. Diferentemente da lgica aristotlica, a ars magna
pretende ser um procedimento inventivo que no se detm em resolver as verdades
conhecidas, mas continua para descobrir as novas. A noo dessa arte, que encontrou
seguidores entusiastas no Renascimento, entre os quais Agripa, Bovillo e Bruno, foi
retomada por Leibniz, que a denominou Caracterstica geral." (Dicionrio de filosofia.
Trad. Alfredo Bosi [Dizionario di filosofia]. S. Paulo, Mestre Jou, 1982. pg. 604)
Walter BRUGGER, SI:"Raimundo LLIO (1235 - 1315): agitada vida de peregrino; luta
contra o Islo e o averrosmo latino; poeta, filsofo, telogo e mstico; LLIO aspirava a
uma Ars generalis, um sistema de conceitos fundamentais supremos e proposies, dos
quais se pudessem, por meio de combinaes e operaes mecnicas, deduzir as
cincias particulares. A ltima forma literria de suas idias encontra-se na Ars magna
et ultima. LLIO o precursor da Ars combinatoria de Leibniz e da logstica."
(Diccionario de filosofa. Trad. Jos Maria Vlez Cantarell [Philosophisches Wrterbuch.
Freiburg, Herder, 1951]. Barcelona, Herder, 1953. pg. 451)
Kurt FLASCH:"(...) LLIO foi um outsider; sua obra demonstra a riqueza da paisagem
histrica no comeo do sculo XIV. Os juzos sobre ele estendem-se do "semilouco" de
Prantl ao elogio segundo o qual LLIO seria o mais conseqente e homogneo de todos
os filsofos cristos (E. W. Platzeck). Em muitas exposies do pensamento medieval -
p. ex., no opsculo de Josef Pieper sobre a escolstica - procura-se em vo pelo nome
de LLIO. Esse silncio , em todo caso, injustificado, quando se trata de uma avaliao
histrica ou de examinar a conexo entre as Idades Mdia e Moderna: LLIO foi uma
fonte essencial para Giordano Bruno; Nicolau de Cusa no possua tantos textos de
nenhum outro pensador quanto de LLIO; Descartes polemizava contra ele; Leibniz e
Lessing estudaram-no. No se pode prescindir do Lulismo nas discusses sobre o
mtodo cientfico do incio da Idade Moderna. No sculo XIV, ele foi ao encontro dos
movimentos de reforma joaquimitas. A cincia escolstica de Paris encarava-o de modo
preconceituoso, se bem tenha havido l tentativas regulares de elucidar de forma
sistemtica a doutrina de LLIO. Em 1376, chegou-se a uma condenao papal de teses
lulianas que, porm, seria suspensa em 1419. A repercusso de LLIO associou-se,
freqentemente, a experimentos de alquimia. Contudo, ele prprio nada tinha que ver
com isso, sim, porm, com a astrologia e uma reforma da medicina."Na investigao
cientfica, a imagem de LLIO oscilante, e difcil informar-se sobre ele com base nas
prprias fontes - a envergadura de seus escritos j assusta: o catlogo de suas obras
conta, segundo Platzeck, 292 ttulos. Foram escritas parte em latim, parte em catalo.
LLIO tambm escreveu em rabe, mas esses textos se perderam ou foram
preservados apenas em tradues. Essa massa enorme difcil de dominar; ajuiz-la
exigiria a competncia no apenas de um historiador da filosofia, mas tambm a de um
romanista - LLIO tido como o pai da literatura catal - e a de um historiador da
cincia. Vrios textos ainda no foram editados. Mas o estudo de LLIO tem-se tornado
mais fcil nos ltimos decnios: a grande edio de Mogncia, que era rara, est
novamente disponvel desde 1965, numa reimpresso em 8 volumes. As obras tardias
de LLIO aparecem, ininterruptamente, nos marcos da Opera Latina, e tambm seus
escritos catalos podem ser estudados. Uma introduo vida e ao pensamento de
LLIO encontra-se no esboo de autobiografia (Vita coetanea), publicado em alemo,
em 1964, em Dsseldorf (E. W. Platzeck), e cujo texto crtico em latim est disponvel,
desde 1980. Quem quiser iniciar-se no pensamento de LLIO, pode agora utilizar os
excertos de seus escritos que Nicolau de Cusa compilou para si mesmo. A elucidao do
contedo do pensamento de LLIO tambm fez alguns progressos."LLIO foi um
esprito inquieto. Da tradio, no deixou quase nada intocado; queria renovar tudo - a
cristandade, a coexistncia das religies, a lgica e a medicina, a filosofia e a teologia;
antes de tudo, porm, a linguagem. Procurava a variao; repugnava-lhe a linguagem
vulgar das escolas. Sua mania de inovar na terminologia foi criticada j na Idade Mdia
(J. Gerson), ao passo que de Cusa a imitava. (...)" (Das philosophische Denken im
Mittelalter. Von Augustin zu Machiavelli [O pensamento filosfico na Idade Mdia. De
Agostinho a Maquiavel]. Stuttgart, Philipp Reclam jun., 1988. p. 381-2.).
Seyyed Hossein NASR:"(...) A significao metafsica dos sons e letras da lngua rabe,
a lngua sagrada do islo, tambm importante nos aspectos esotricos e msticos
dessa religio contidos no sufismo e tambm no shi'ismo. Esse aspecto da tradio
islmica deixou sua influncia em homens como Ramon LLULL e outros autores
ocidentais que estavam interessados no significado esotrico da linguagem.(...)"(...)
Outros famosos textos alqumicos, como a Tbua da esmeralda e a Turba
Philosophorum, pertencem tambm mesma tradio hermtica e alqumica islmica
baseada em anteriores fontes alexandrinas, bizantinas e siracas. (...) Todos esses
textos contm a exposio de uma filosofia hermtica que competia com as mais
conhecida escola peripattica. Tambm no ocidente, a traduo desses e de outros
textos originou a alquimia e o hermetismo latinos, que durante toda a Idade Mdia e o
Renascimento, desde LLULL a Paracelso e Fludd, foram srios rivais do aristotelismo.
(...)"Ibn 'Arabi no foi traduzido diretamente ao latim, porm ele e os sufis em geral
exerceram certa influncia por meio do contato esotrico que se produziu entre o islo e
o cristianismo mediante a Ordem do Templo e os Fideli d'amore. Elementos de Ibn
'Arabi so particularmente discernveis em Dante e tambm em Ramon LLULL. Os
msticos cristos 'gnsticos', como o Mestre Eckhart, Angelus Silesius e o prprio Dante,
mostram de fato certas semelhanas com Ibn 'Arabi e sua escola, situao que amide
se deve mais a uma similaridade de tipos espirituais que a influncias histricas.
(...)"(...) Durante a Idade Mdia, cristos, judeus e muulmanos consideraram Hermes
o fundador das cincias. Na verdade, os tratados atribudos a ele foram estudados por
eruditos de quase todos os ramos da cincia. Nessa poca, figuras muulmanas como
Jabir ibn Hayyan, os Ikhwan al-Safa, al-Jildaki, al-Majriti, Ibn Sina (Avicena) e
Sohrawardi, e tambm importantes pensadores europeus como Ramon LLULL, Alberto
Magno, Roger Bacon e Roberto Grosseteste, foram profundamente influenciados pelo
hermetismo, os ocidentais principalmente por meio do contato com fontes islmicas.
(...)" (Vida y pensamiento en el Islam. Trad. Esteve Serra [Islamic Life and Thought,
London, George Allen & Unwin, 1981]. Barcelona, Herder, 1985. pgs. 88; 101; 113;
144)
Jos Amrico Motta PESSANHA:"Bruno nasceu em 1548 (...) recebeu o nome de Filipe,
mudado depois para Giordano, quando vestiu o hbito de clrigo (...) Durante dez anos
viveu a vida conventual at doutorar-se em teologia em 1575. Nesse perodo estudou
avidamente quase toda filosofia grega e medieval e a cabala judaica, deixando-se
impressionar particularmente pelo 'onisciente LLIO' (1233 - 1315), o 'magnnimo
Coprnico' (1473 - 1543) e o 'divino Cusano' (1401 - 1464). Esses estudos acabaram
por afastar Bruno da ortodoxia catlica e motivaram constantes censuras e
admoestaes dos superiores. Afinal foi processado por heresia, mas se salvou fugindo
para Roma." (Bruno: vida e obra in Bruno, Galileu, Campanella. Trads. Helda Barraco,
Nestor Deola e Aristides Lobo. S. Paulo, Abril, 1978. pg. VIII [Os pensadores, 10])
Henri SROUYA:"O catalo Raimundo LLIO (1235 - 1315) via na Cabala o sumo do
conhecimento. Seu De auditu Cabbalistica foi considerado apcrifo pela crtica moderna.
Em compensao, sua Ars Magna, ligada mstica das letras para os clculos
messinicos cristos, deriva da Cabala. Na realidade, o primeiro pensador cristo que se
entusiasmou pela Cabala foi Pico de la Mirandola (1461-93), condenado pela Inquisio,
como o fora, antes dele, Mestre Eckhart, por suas visadas demasiado avanadas. (...)"
(A cabala. Trad. Neila Cecilio [La kabbale. Paris, PUF, s/d]. S. Paulo, DIFEL, 1979. pg.
121)