AROUCA, Sergio - O Dilema Preventivista
AROUCA, Sergio - O Dilema Preventivista
AROUCA, Sergio - O Dilema Preventivista
O D ilema P reventivista
Contribuio para a compreenso
e crtica da Medicina Preventiva
2003 Editora UNESP
Editora FIOCRUZ
Av. Brasil, 4036 - 1 andar - sala 112 - Manguinhos
21040-361 - Rio de Janeiro - RJ
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Bibliografia.
ISBN 85-7139-507-1 (UNESP)
ISBN 85-7541-036-9 (FIOCRUZ)
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Sergio Arouca
Higiene
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O dilema preventivista
la coincidncia final entre la ideologia dei liberalismo burgus com su Victoria sobre el
cerrado mundo aristocrtico y sobre el enipuje proletrio socializante, y la igualmente
liberal y individualista que empregna la teoria y prtica de la medicina, convertir a los
mdicos en aliados y defensores naturales de este orden social burgus. (Campos &
Garcia, 1973)
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El hombre que trabaja necesita hallar en cl hogar la variante de la rutina diaria que
sea un sedante espiritual y estimule sus habilidades o inclinaciones naturales (pintura,
jardineria, carpintera, avicultura, etc.) en tal forma que aleje su mente dei trajn habitual.
Adems la fatiga produce la disminucin dei rendimiento de los obreros y por lo tanto
de las fbricas, y crea el ambiente propicio para los accidentes de trabajo y para los
movimientos gremiales.
Los salones destinados para aulas deben ser amplios; las paredes pintadas de colores
claras pero sin brillo; los ngulos redondeados para facilitar la limpieza.
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\
\
E prossegue:
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O desenvolvimento central
Even more important than the spirit o f prevention pervading all instruction is the
whole attitude o f the student to his clinical work.
instilling into the mind o f the student the necessity fo r his keeping constantly in view, in
all the advice and treatment he may give throughout his professional life, the primary
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O dilema prevenlivista
importance o f promoting the general health o f those who entrust themselves to his care,
and o f preventing trivial ailments from developing into definite disease.
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Sergio Arouco
That "Preventive Medicine" be regarded as that body o f knowledge and those practices
believed to contribute to the maintenance o f health and the prevention o f diseases in
either individual or the aggregate; and that "public health" be regarded to health in the
aggregate, either through preventive or corrective mesures or both.
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O dilema preventivista
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There is special need that the medical profession develop some method by wich the
great possibilities o f modern medidne in the way o f diagnosis, treatment and prevention
o f diseases, may be brougth within the reach o f all people. This function, it is believed,
should be performed by the medical profession and not through any form o f State Medicine.
The medical profession can and must play and important role in the field o f preventive
medicine and public health. At present physicians are neglecting their opportunities. I f
this neglect continues the opportunities will losen and the field be taken away from
physicians by a changing public sentiment.
This is not state or socialized medicine, but private medical practice so organized as
to be o f maximum to the practitioner himself and to the public served by him and by the
State.
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O dilema preventivista
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Sergio Arouca
acquire basic professional knowledge, establish essential habits; attain clinical and social
\ s kills: necessary to the best utilization o f that knowledge; and develop those basic intellectual
\aititudesyind ethical or moral priciples which are essential i f he is to gain and maintain
the confidence and trust o f those whom he treats the respect o f those with whom he works
and the support o f the community in which he lives.
-Attempting to provide a detailed presentation o f all disorders that affect the human
being.
-Attempting to teach the techniques required for the successful pratice o f the various
specialities.
-Attempting to provide the detailed systematic knowledge o f anatomy, biochemistry,
physiology, pathology or pharmacology required o f graduate students majoring in one o f
this fields.
- Attempting to provide a detailed presentations o f all the physycal, chemical, and
biological agents, hereditary factors, phychological factors living habits and social forces
that may affect the human being favorably or unfavorably.
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O dilema preventivista
- The wiping out o f old-time plagues and pestil-onces making possible tremendous
increases in urban living.
- The discovery and application o f measures to master such scourges as typhoud fever
and diphtheria bringing startling changes in mans life expectancy.
and by virtue o f that fact, in turn, though better nutricion, housing, education, medicai
care and scientific research attaining yet higher leveis o f healthfulness.
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O dilema preventivista
New hazards to community family and personal health appear as byproducts o f ours
technological advances. As the menace o f comunicable and acuts disease is lessened, the
problem o f chronic disease grows more formidable, creating changed demands on doctors,
hospitals, families and community welfare services. As the population has an increasingly
large proportion o f older people, degeneratives disease comes to the forefront. As mental
illness increases, its victims now occupying h alf our hospitals beds...
Ainda:
o f greatest importance has been the change in people's attitud towards sickeness and
health ... Today most people in the United States regard an opportunity o f health as they
do an opportunity fo r education, a basic privilege o f all citizens.
Resultando:
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Sergio Arouco
tentes e que, em ltima instncia, colocam uma outra forma mais geral de
causalidade para as relaes sociais, em que estas so determinadas pelos
homens e por cada um em particular. Posio cientiflcista quando assume
que a criao de um "paradigma" transforma e determina novas relaes
sociais.
Neste ponto que o conhecimento se articula ideologicamente com o
saber. O ponto do contato do conhecimento cientfico com a realidade atra
vs da sua possibilidade de interveno se faz sobre a criao de uma nova
V'viso de mundo, redefinindo-se os contornos de uma profisso que possui
como carter bsico uma idia de projeto-alternativa-interno sua rea
profissional.
f Dessa maneira, as relaes discursivas estabelecidas, que possibilita
ram a emergncia desse discurso, referem-se a um campo de causalidade.
O primeiro que estabelece as relaes entre as categorias do fenmeno
sade-doena com categorias socioeconmicas em um mesmo plano de
essncias, mecanismo de analogia sobre as categorias, que opera no senti
do inverso do conceito de analogia da medicina das espcies, em que a
analogia simultaneamente uma lei de causao, visto que, aqui, assu
mindo a causao, as categorias equiparam..
O segundo, que parte de um privilegiamento antropolgico sobre as
mudanas sociais, desprezando todo o conhecimento cientfico da socie
dade que provocou um descentramento do sujeito para privilegiar na anlise,
as estruturas, portanto um mecanismo de centralizao antropolgica.
Dessa maneira, o discurso sobre a Educao Mdica abre um novo
jogo de espacializaes:
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- What concepts, values and areas o f interest from the field o f preventive medicine
should be common to all physicians?
- What knowledge, skills, methods and techniques should all physicians be competent
to aply in order to be effective in the field o f preventive medicine?
Our conference tried to formulate the aims and methods o f teaching preventive medicine
in the light o f what seens likely to be expected o f physicians in the light o f evoluing
objectives o f medical education today.
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Desenvolvimento perifrico
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A convico que o autor unha a respeito da maneira como deveria ser foca
lizado o ensino da Higiene e Medicina Preventiva se fortaleceu atravs de duas
oportunidades: a primeira, a visita a departamentos de Medicina Preventiva nos
Estados Unidos da Amrica do Norte e em Porto Rico tornada possvel graas a
um travei grant" que lhe foi oferecido pela Fundao Rockeffeller. A Segunda, o
Io Seminrio sobre Ensino da Medicina Preventiva celebrado em Vina dei Mar.
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O dilema preventivista
sua colaborao (do mdico) com as autoridades sanitrias pode ser eficientes
e valiosa, desde que esteja ele imbudo da orientao correta traada pela Medi
cina Preventiva.
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a) Medicina quantitativa; _ \
b) Epidemiologia; \-V
c) Controle do ambiente; ' v>
d) Cincias da conduta;.
e) Princpios de Organizao e Administrao.
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There is special need that the medical profession develop some method by which the
great possibilities o f modern medicine in the way o f diagnosis, treatment and prevention
o f diseases, may by brought within the reach o f all people. This function, it is believed,
should be performed by the medical profession and not through any form o f state medicine.
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mento, as posies dos sujeitos em relao aos diversos objetos etc., ficam
submetidos a uma matriz especial. Nesta, o universo dos acontecimentos
concretos fica reduzido ao conjunto dos objetos institudos por uma leitu
ra liberal e profissional da medicina, produzida por seus intelectuais org
nicos, distribudos em um espao social apropriado.
O desenvolvimento dessa estrutura, atravs das regras de formao de
conceitos, nada mais do que a construo terico-ideolgica do real,
emitida desse ponto especial e particular de enunciao, em que encontra
mos toda a discusso sobre as diferenas entre Medicina Preventiva e Sa
de Pblica, as noes de integrao, de inculcao, mudana etc. bem como
todo o conjunto de seus paradigmas.
Vejamos como operam essas relaes de organicidade, diante do fen
meno da Dependncia. Inicialmente, o discurso preventivista, gerado em
um pas central do modo de produo capitalista, cria um espao a ser
preenchido por intelectuais orgnicos que passaro a ser os seus sujeitos
nos pases perifricos. Portanto, o discurso abre o espao para os sujeitos,
para a institucionalizao dos lugares que ocuparo e de sua legitimao.
Em seguida, o discurso propicia os objetos, as estratgias e todo um
instrumental conceituai, que ser utilizado na construo terica do real
/ no pas dependente. A construo terico-ideolgica do real, nos pases de-
I pendentes, coloca o profissional mdico como agente de mudana das condi-
/ es de sade, esquecendo-se, em primeiro lugar, de relacionar essas con-
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dies de sade ao desenvolvimento das foras produtivas nos pases
\ perifricos (Navarro, 1973) e, em segundo, de analisar as relaes sociais
, que envolvem e determinam o trabalho mdico, bem como a organizao
i social da medicina (Donnangelo, 1972).
A contradio entre as representaes preventivistas sobre o real e as
reais condies de existncia das populaes latino-americanas e de seus
servios de sade est, pois, centrada sobre o funcionamento ideolgico
do movimento. Assim, a ideologia funciona no eixo desconhecimento-re
conhecimento, em que o ltimo membro do par fornece uma aluso-ilu
so ao real em termos de uma forma (ou modo) de construir a representa
o sobre o real.
Na Amrica Latina, at a dcada de 1950, a Medicina Preventiva no
existia como um movimento, aparecendo somente como uma categoria
classificatria de subdivises da Higiene. Aps os seminrios, comeam a
surgir:
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Quadro 1 - Caractersticas do ensino da M edicina Preventiva, segundo os Seminrios de Tehuacan e de Vina Del Mar, prom ovidos pela OPS/OMS
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A delimitao
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We should recognize first that any discussion of the theory and practice of social
medicine must take place against the background of a social order in which health and
disease patterns are continually changing; and, second, that the theories of medicine of
the last three centurien can no longer cope with our changing society and must be modified
and extehded.
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D o D il e m a p r e v e n t iv is t a s a d e c o l e t iv a
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\
\
mento central e perifrico, em contraposio Sade Pblica e Medicina
Social, assentava-se na luta poltico-ideolgica contra a interveno do
Estado na sade (via Servio Nacional de Sade de natureza pblica) e con
tra as transformaes sociais necessrias melhoria da situao de sade.
O estudo analisava a MPS como prtica ideolgica que questionava a
prtica mdica vigente pela ausncia de racionalidade, excesso de especia
lizao e tecnificao, enfoque biologicista e individualista, bem como pela
inadequao dos profissionais s necessidades da populao. Assim, o\
preventivismo "afirmava os seus princpios buscando reorientar a prtica
mdica a partir da formao de uma nova atitude (integral, preventiva e
social) dos mdicos como se fora o "partido de uma nova atitude e seus,
militantes se constitussem em "profetas do vir a ser".
A partir da leitura de Dilema preventivista j no eram mais possveis a
inocncia e a ingenuidade diante da educao e da prtica mdicas, da
organizao social dos servios de sade e das sociedades capitalistas. Antes
desta tese no era estranho ver mdicos e docentes comunistas na poltica,
liberais-conservadores no exerccio profissional, e social-democratas nas
aes sociais. Depois de 1975, tal combinao j soava como oportunis
mo, esperteza ou, na melhor das hipteses, hipocrisia; Ao levantar o vu
da ideologia que cimentava os saberes e prticas dos preventivistas, este
estudo abria horizontes de prtica terica e de prtica poltica para os que
pretendessem sair do "dilema.
Mesmo sob a ditadura, distintos caminhos foram percorridos. A tese
foi difundida, quase de forma pirata, atravs de cpias xerox. Fragmentos
dela ou tradues do arouqus" eram utilizados em seminrios de gradua
o,5 enquanto seus captulos eram dissecados nos cursos de ps-gradua
o. A implantao dos Cursos Bsicos e Regionalizados de Sade Pblica,
promovidos pela Escola Nacional de Sade Pblica em parceria com Secre
tarias Estaduais de Sade e Departamentos de Medicina Preventiva e So
cial, permitia problematizar muito dos seus contedos tomando como
contraponto os conceitos bsicos e estratgicos do discurso preventivista.
Assim, noes como processo sade-doena, causalidade, histria natural
das doenas, de um lado, e integrao, resistncia, inculcao, contato,
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6 PAIM, J. S. La salud colectiva y los desafios de la prctica. In: OPS. La crisis de la salud
pblica: reflexiones para el debate. Washington, DC, 1992. p. 151-67.
7 ESCOREL, S. Reviravolta na sade. Rio dejaneiro: Editora Fiocruz, 1998.
8 OPS. Ensenanza de la medicina preventiva y social: 20 anos de experiencia latino-americana.
Washington, 1976. 63p. (Publicacin Cientfica, 324).
9 DONNANGELO, M. C. F. Sade & Sociedade. So Paulo: Duas Cidades, 1976. p. 124
10 PAIM, J. S. Desenvolvimento terico-conceitual do ensino em Sade Coletiva. In: NUTES/
CLATES/ABRASCO. Ensino de Sade Pblica, Medicina Preventiva e Social no Brasil. Rio de
Janeiro, 1982. p.5-19.
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11 PAIM, J. S. Bases conceituais da Reforma Sanitria Brasileira. In: FLEURY, S. (Org.) Sade
e democracia - A luta do CEBES. So Paulo: Lemos Editorial, 1997. p.11-24. PAIM, J. S.
Sade, poltica e reforma sanitria. Salvador: CEPS-ISC, 2002. 447p.
12 TEIXEIRA, S. F. O dilema da Reforma Sanitria Brasileira. In: BERUNGUER, G.; TEIXEIRA,
S. E; CAMPOS, G. W. de S. Reforma Sanitria - Itlia e Brasil. So Paulo: Hucitec, Cebes,
1988. p. 195-207.
13 AROUCA, S. Introduo crtica do setor sade. Nmeses, v.l, n.17-24, 1975b.
14 PAIM, J. S. Medicina Preventiva e Social no Brasil: modelos, crises e perspectivas. Sade
em Debate, v.ll, n.57-59, 1981.
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15 PAIM, J. S., ALMEIDA FILHO, N. A crise da Sade Pblica e a utopia da Sade Coletiva. Salva
dor: Casa da Qualidade Editora, 2000. 125p.
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Captulo IV
Os conceitos bsicos
O conceito de sade/doena
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disturb it. It is not passive interplay between body substance and forces impinging
upon it but an active response o f body forces working toward readjustment. Para
conclurem que sade um estado relativo, que precisa ser pensado sobre
uma escala de graduao como a doena. A doena vista como um pro
cesso que depende das caractersticas do agente, do homem, e da resposta
desse homem aos estmulos produzidos pela doena no seu ambiente ex
terno ou interno.
Desta forma, sade um estado relativo e dinmico de equilbrio, e doena
um processo de interao do homem ante os estmulos patognicos.
O problema de gradao aparece desenvolvido em Wylie (1970), em
uma escala que se assemelha a um termmetro, em que o nvel superior
aberto e o inferior o zero absoluto. Assim, teramos que a sanidade pode
ascender continuamente e o ponto zero a morte, existindo vrias gradaes
intermedirias. Anderson (1965) faz a mesma analogia com o espectro
luminoso.
Chaves (1972) desenvolve as idias acima em uma aplicao da Teoria
dos Sistemas Sade, combinando a escala de Wylie com um biograma em
que a vida se desenvolve em torno de um "steady State", como se fosse uma
trajetria vital. Diante de um certo ambiente, o homem teria uma performance
e cada doena, como processo, representa um desvio do steady State. O
autor equipara o organismo humano a uma mquina, cujo funcionamento
poderia ser apreendido pelo seu perfil (que o estado de seus vrios siste
mas em um momento dado), pelo biograma e pelo gradiente.
San Martin (1968) assume sade e doena como fenmenos ecolgi
cos em que "el concepto de salud involucra ideas de balance y adaptacin; el de
enfermedad desequilbrio o desadaptacin" e "Existe entre ambos estados una latitud
mucho mayor, limitada en un extremo por la variacin que lhamamos enfermedad y
en el outro por la adaptabilidad que llamamos salud".
O conceito ecolgico de sade e da doena, que aparece nos primeiros
documentos da Medicina Preventiva, marca todo seu discurso e incorpora-
se sempre aos objetivos educacionais. Vejamos ento quais as caractersti
cas (ou a estrutura) desses conceitos:
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Diremos que el hombre sano no llega a ser enfermo en cuanto hombre sano. Ningn
hombre sano llega a ser enfermo, porque slo es enfermo en la medida en que su salud lo
abandona, y en esse caso ya no es sano ... La amenaza de la enfermedad es uno de los
constituyntes de la salud.
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Mathesis Taxinomia
Algebra Signos
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las, definido pelo seu posicionamento diante do evento que elas devero
preceder ou intervir.
Portanto, a primeira estrutura, uma Taxonomia da Prtica, fazendo
que a medicina seja absorvida pela preveno, abre o espao para duas
novas estruturas: a das relaes e a do processo mrbido.
Porm, devemos considerar que essa estrutura rompe com a rede de
relaes entre os seres, criada pela Histria Natural, e entra no espao da
geometrizao, da representao estrutural.
Conforme Bachelard (1972), o trajeto da evoluo do pensamento cien
tfico se faz segundo uma espcie de lei dos trs estados, em que o primei
ro seria o concreto que se apoiaria sobre as primeiras imagens do fenme
no; o segundo seria o concreto-abstrato, que acrescentaria experincia
esquemas geomtricos representados por uma intuio simples; o tercei
ro, o estado-abstrato, em que o esprito cientfico se liberta das intuies sim
ples, polemizando com a realidade bsica para "trabajar debajo dei espacio, por
as decir, en el nivel do relaciones esenciales que sostienen los fenmenos y el espacio".
A Histria Natural das Doenas, em sua geometrizao, est baseada
em um esquema cartesiano em que no eixo da abscissa temos o tempo e a
ordenada divide dois espaos, segundo a presena ou no da enfermidade.
Ao tempo est associada uma dimenso histrica, ou seja, no uma sim
ples cronologia em que estivssemos interessados em medidas de durao
dos fenmenos, mas , sim, a histria do processo sade/doena em sua
regularidade. Assim, o sistema das ordenadas da Histria Natural ganha
uma dimenso basicamente qualitativa e a divide em dois momentos.
O primeiro momento cabe num espao de tempo qualquer que se acha
na ruptura de equilbrio do hospedeiro, submetido a fatores determinantes
de enfermidades, e envolvido pela capa misteriosa do ambiente. O apareci
mento das doenas est determinado, nesse primeiro momento, pela rela
o estabelecida entre os trs elementos: o homem, o ambiente e os fato
res determinantes das doenas. Essas relaes so entendidas pelos autores
dentro de um enfoque nitidamente mecanicista, onde os homens e os agen
tes so vistos como os pratos de uma balana e o ambiente como fiel desta,
interferindo em que sentido a balana se inclinar.
O ambiente considerado como uma combinao homognea entre
os nveis fsico-qumico, biolgico e social, que jogariam um idntico pa
pel na determinao mecnica do equilbrio.
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O dilem a preventivista
cuando se pudo demonstrar, primero, que el parsito es detectable en cada uno de los casos
de la respectiva enfermedad, y en circunstancias tales que correspondeu a las alteraciones
patolgicas y al curso clnico de la enfermedad; segundo que nunca aparece en ninguna
outra enfermedad como parsito casual o avirulento; y tercero, que es posible aislarlo
perfectamente dei organismo, y que, a menudo, despus de propagado durante mucho
tiempo en form a de cultivo puro, puede provocar nuevamente la enfermedad; entoces no
pudo ser considerado ms que como un accidente fortuito de la enfermedad ni tampoco
pensarse, en estos casos, en ninguna outra relacin entre el parsito y enfermedad, sino
que el primero era la causa de la ltima.
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Inclui contribuies de
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Anamaria Testa Tambellini
Elizabeth Moreira dos Santos
Everardo Duarte Nunes
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P
Casto Wagner de Sousa Campos
r e v e n t iv is t a
r e v e n t iv is t a
Guilherme Rodrigues da Silva
Jairnilson Silva Paim
Paulo M. Buss
Pedro Tambellini Arouca
Roberto Passos Nogueira
Sonia Fleury
sergio Arouca
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