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Curso de Direito
Bragana Paulista
2015
LEONARDO MARCHETO TORTELLI
Bragana Paulista
2015
1
LEONARDO MARCHETO TORTELLI
Banca Examinadora:
______________________________________________________
Universidade So Francisco
______________________________________________________
Universidade So Francisco
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Dedico este trabalho a Deus, que tanto nos
deu fora para prosseguirmos com nossos
objetivos e, alm disso, conquistarmos os
outros que nos surpreenderam durante esta
longa jornada.
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeo a Deus, sem o qual nada disso seria possvel, tampouco
nenhum sonho seria realizado.
Agradeo ao meu orientador Luiz Srgio Leonardi Filho que dedicou seu precioso
tempo e seu imensurvel saber para que esta pesquisa se tornasse vivel, e a Universidade So
Francisco que fomentou e tornou esse projeto de vida algo real.
Agradeo, ainda, aos meus familiares que tanto me deram foras nas horas difceis,
bem como proporcionaram a concluso deste curso.
4
Tem poder quem age, e mais poder ainda,
quem age na direo certa e na melhor
velocidade possvel.
- Paulo Vieira
5
RESUMO
Os tributos no Brasil possuem uma funo social, conforme determina nossa legislao e os
princpios que regem o sistema jurdico. Entretanto, podemos notar que apesar destas
disposies legais e, ainda, a grande arrecadao tributria no Brasil, os cidados sofrem com
o baixo nvel de qualidade de vida, tendo em vista que o bem-estar privilegio apenas dos
contribuintes mais afortunados e no de todos de forma geral. Para reverter este quadro a
populao e o prprio Estado devem desenvolver uma conscincia fiscal, a qual tem carter
educativo e visa subsidiar uma reforma tributria justa e desenvolvida no apenas pelos
governantes, mas, tambm, com a participao da sociedade.
Palavras chave: tributo sociedade funo social conscincia fiscal bem-estar social
6
ABSTRACT
Taxes in Brazil have a social function, as determined by our legislation and the principles
governing the legal system. However, we note that despite these legal provisions and also the
large tax revenues in Brazil, citizens suffer from the low level of quality of life, given that
welfare is privilege only of the more fortunate taxpayers, not all generally. To change this
situation the population and the state should develop a tax consciousness, which has
educational feature and aims to support a just and developed tax reform not only by
governments, but also with the participation of society.
Key words: tax society social role tax awaraness social welfare
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SUMRIO
INTRODUO ......................................................................................................................09
CONCLUSO ........................................................................................................................48
REFERNCIAS .....................................................................................................................49
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INTRODUO
Eis que nos exsurge o tema central desta pesquisa, sendo este a funo social do
tributo. Essa funo social preceituada em nosso sistema tributrio e abrange aspectos muito
mais profundos do que a simples reverso dos capitais da arrecadao tributria diretamente
aos contribuintes, pois, como veremos adiante, a simples manuteno do Estado j um
benefcio sociedade.
Apesar de tal funo social estar intrnseca em nosso ordenamento, percebemos, com
facilidade, que a qualidade de vida dos brasileiros de baixo nvel e apesar do Estado
anualmente bater recordes de arrecadao, grande parte populao sofre com o descaso do
governo e a falta de auxilio bsico para a prpria subsistncia. Ainda, as outras classes sociais
que no compartilham do mesmo problema, enfrentam outros de semelhante gravidade, onde
todos acabam pagando com a prpria vida.
ntido constatar que h algo de errado. A lei determina que a sociedade deve ser
priorizada, a arrecadao de tributos excessiva e mesmo assim os contribuintes aparentam
ser meros coadjuvantes quando o assunto bem-estar social, sendo que, na verdade, estes
deveriam ter papel principal, j que o Estado foi criado e mantido, simplesmente, para
subsidiar a vida em sociedade. Vale salientar ainda, que quando tratamos de contribuinte no
nos referimos apenas aos empresrios ou ricos com inmeras propriedades, mas estamos
fazendo referncia todos os cidados e de todas as classes sociais, pois, de fato, os tributos
afetam, direta ou indiretamente, toda a sociedade.
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Para que hajam mudanas neste atual cenrio necessrio que a populao se
conscientize da importncia dos tributos, atravs da educao, com o desenvolvimento da
Conscincia Fiscal a qual dar embasamento aos contribuintes e ao fisco, para que juntos
construam a to citada reforma em nosso sistema tributrio, com o objetivo de torna-lo mais
justo e simples.
O tema ora tratado de suma importncia, tendo em vista o atual momento de nosso
pas, onde jamais se viu tanto desvio de dinheiro pblico, a tal ponto de nos enfraquecer
economicamente gerando uma crise econmica. Ainda assim, em meio a tantos escndalos
polticos, nosso governo prope a instituio de novos tributos, com a finalidade de retomar o
crescimento.
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CAPTULO I
De acordo com Silva (2013) o tributo originou-se em um passado muito distante e tem
acompanhado o homem e sua evoluo social at os dias atuais. Esse tipo de pagamento surge
juntamente com a ascenso dos lderes/chefes, os quais comeavam a se encarregar de
gerenciar grupos sociais.
Observa-se com isso que logo em seu surgimento, o tributo j possua uma funo
social e, apesar de ser espontneo, era pago para recompensar um benefcio institudo a favor
daquele grupo social, ou seja, se a comunidade obtivesse melhorias em razo de atitudes de
seu lder, este seria merecedor de recompensas.
Passado algum tempo esse tributo se torna compulsrio, onde os derrotados na guerra
eram obrigados a entregar, parcial ou totalmente, seus bens a quem os vencera.
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Algum tempo depois essa prestao passou a ser uma obrigao, sendo exigida pelo
Estado, porm somente os sditos pagavam e j havia a denominao de tributo.
Em 146 a.C., com a conquista da Grcia por Roma, iniciou-se a construo do Imprio
Romano, que era formado por povos de diversas culturas e Roma, como j era muito forte, e
com o intuito de fortalecer-se ainda mais para conquistar novos territrios, comea a cobrar
tributos vinculados importao de qualquer mercadoria e pelo consumo geral de bens de
qualquer natureza, vindo, com isso, a se tornar o maior Imprio do mundo antigo.
Denota-se que em seus primrdios o tributo possua uma ligao estreita com a
melhoria social, entretanto, com o passar do tempo, o Estado ao compreender a importncia
da arrecadao de capital, passa a exigi-lo mesmo no havendo qualquer contraprestao aos
cidados. Tal situao fez com que determinadas sociedades que praticavam a cobrana de
tributos viessem a crescer e se desenvolver de forma grandiosa.
Com a queda do Imprio Romano inicia-se a Idade Mdia, as terras que pertenciam a
esse antigo imprio foram agora dividas em vrios pedaos, denominados feudos. (SILVA,
2013)
Em cada um desses feudos havia um membro da nobreza chamado senhor feudal, esse
era o dono daquela poro de terra, e tinha para ele trabalhando os camponeses, chamados
servos. Essa classe social que trabalhava no campo era quem, nesse momento, deveria pagar
os tributos e essa prestao era feita ao senhor feudal com a melhor parte de suas colheitas, j
que esses camponeses se utilizavam da terra dos senhores para o plantio, bem como esses
nobres lhes davam proteo.
O que sobrava aos camponeses e sua famlia era o suficiente para sua subsistncia.
Trabalhar para os senhores feudais era difcil, os servos tinham a liberdade muito restrita e
estavam praticamente presos terra do senhor, os quais possuam direito de vida e morte
sobre os camponeses. Todos deveriam atender as necessidades dos senhores feudais e quem
viesse a no pagar seus tributos poderia ser preso ou ainda morto.
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A igreja catlica tinha grande poder nesta poca e passou a convencer os senhores
feudais a participarem das cruzadas, tambm chamada Guerra Santa, na qual a inteno era
reconquistar a Palestina, lugar sagrado para os que acreditam em cristo.
Para recuperar os lugares sagrados eram necessrios cada vez mais recursos, portanto
os senhores comearam a cobrar mais tributos. No obstante, no final do sculo XII o Rei da
Inglaterra Ricardo I, tambm liderou expedies Terra Santa, usando recursos do tesouro de
seu pas e instituindo a cobrana de novos tributos.
O Rei Ricardo, enquanto viajava em suas expedies acabou por ser preso e estava em
um cativeiro na Alemanha. Enquanto isso, seu irmo Joo I tornou-se o homem mais influente
do reino e era o responsvel por angariar recursos para continuar bancando as cruzadas e
pagar o resgate de seu irmo, tarefa que foi realizada por meio da cobrana de mais tributos.
No ano de 1199, Joo logrou xito em assumir o trono da Inglaterra e seu plano havia
se concretizado, porm as contas do reino estavam debilitadas em razo dos enormes gastos
com as cruzadas e com o pagamento do resgate de seu irmo, dessa forma decidiu criar novos
impostos, s que agora estes seriam cobrados sobre os nobres.
Os nobres, justificando que a cobrana que lhes era imposta era abusiva, pressionaram
o Rei Joo I a assinar a Magna Carta, um tratado de direito, mas tambm de deveres da
monarquia para com os subordinados, tal documento teve suma importncia pois foi a
primeira limitao legal ao poder de criar tributos.
Esse perodo histrico e modelo social se enfraqueceu, pois muitos senhores feudais
morreram batalhando na Guerra Santa e tantos outros j no tinham mais recursos, tamanho
foi o investimento na batalha. Cansados com a difcil e rdua vida no campo, os servos se
aproveitando da fraqueza do sistema, foram se libertando, gradativamente, do poder feudal e
passaram a migrar para as cidades novamente, momento em que ocorre a recriao das
cidades na Europa, surgindo assim uma nova classe social, os burgueses.
Como havia uma grande concentrao de pessoas nas cidades, surge agora um
mercado consumidor e tambm algumas mercadorias para serem comercializadas, as
chamadas especiarias, que eram importadas do Oriente e tinham um alto valor pecunirio, e
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com o comrcio dessas especiarias que se floresceu a burguesia, formada por comerciantes,
banqueiros e industrias.
Este novo modelo social atraiu cada vez mais pessoas para as cidades as quais
visavam novas oportunidades, todavia comprar especiarias no era nada fcil, tendo em vista
que vinham do Oriente e a rota para l era de domnio dos rabes, inimigos ntimos dos
europeus desde o incio das cruzadas.
Isso gerou grande progresso material para toda a regio, criando condies para o
surgimento de uma nova era da histria da humanidade: o Renascimento, que marca o fim da
Idade Mdia. (SILVA, 2013)
Ainda em conformidade com Silva (2013), apura-se que a Idade Moderna teve incio
em 1453 com a tomada de Constantinopla pelos otomanos at a Revoluo Francesa em 1789.
Essa poca foi marcada pela transformao dos feudos em reinos, que inicialmente eram de
pequeno porte, mas gradativamente foram se expandindo e acabaram se unindo, formando os
chamados Estados Nacionais.
Havia uma situao complicada naquele momento, pois existia uma monopolizao
rabe-italiana em relao ao comrcio de especiarias, o que fazia com que os preos dessas
mercadorias permanecessem em elevados valores. Dessarte, ao restante de Europa, havia
apenas uma soluo, se arriscar pelo temido Oceano Atlntico tentando achar uma nova rota
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para o Oriente que no envolvesse os rabes, visando um barateamento dos custos destes
produtos.
A navegao em Oceano Atlntico era de alto risco, sendo assim foi necessria a
construo de verdadeiras esquadras de caravelas, as quais eram bem caras. No entanto, em
razo das limitaes anteriormente impostas pela Magna Carta, apenas os reis j fortalecidos
pela instituio dos Estados Nacionais, detinham autorizao para cobrar tributos de seus
sditos. Isso propiciava a estes reis a capitao de grandes montas em forma de moedas de
ouro e prata. Em razo disso se deu a uniformizao da cobrana de tributo, que agora s
poderia ser pago em moeda de ouro e prata, forma usual de dinheiro na poca, ou seja, os
tributos no poderiam mais serem pagos com mercadorias, tendo em vista a nova necessidade
exigida pela poca.
A Amrica passou a ser explorada, tinha suas riquezas extradas em grande escala e
nenhum benefcio era revertido aos nativos. Com isso os reis europeus e a prpria Europa
foram se tornando cada vez mais fortes e poderosos, possibilitando o financiamento da
Revoluo Industrial e criando um novo modelo de Estado, o absolutista.
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O povo, constantemente onerado pelas majoraes tributrias que objetivavam manter
o luxo da corte, passa a reagir de forma ostensiva, iniciando-se a Revoluo Francesa (1789).
ntido constatar que neste perodo foram praticados diversos abusos na seara
tributria, sem que as arrecadaes oriundas de tais contribuies tivessem qualquer
reaproveitamento por parte da sociedade. Como consequncia disso, e como j visto em
outras pocas o que ocorre uma revolta por parte dos contribuintes, gerando grande
movimentao social em busca de mudanas. Evidenciando ainda mais a ligao do tributo
com a sociedade, pois quando esta realiza os pagamentos e no se v beneficiada em nenhum
aspecto, torna-se inevitvel a busca por mudanas.
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durante o ano, a cobrana seria feita de forma coercitiva para que essa meta fosse cumprida,
por meio da chamada derrama.
Passados alguns anos nesta situao tributria, Portugal com a inteno de proteger a
posse das terras brasileiras inicia o projeto de povoamento do Brasil, atravs das capitanias
hereditrias as quais se trataram da diviso do litoral brasileiro em quinze partes que foram
doadas influentes portugueses, com direito de sucesso. Nesse perodo, os moradores dessas
localidades eram obrigados a pagar tributos tanto ao Estado portugus quanto ao prprio dono
da respectiva capitania em que o contribuinte vivia, sendo que tal tributo era pago in natura
ou em espcie, por no haver qualquer organizao fiscal.
Alguns anos depois, j na poca do governo geral, existiam os rendeiros, que nada
mais eram do que os cobradores de renda, os quais possuam amplos poderes, sendo que
podiam at prender os contribuintes remissos ou em atraso com suas obrigaes fiscais, as
quais deveriam ser pagas por produtos in natura, tendo em vista que ainda no havia qualquer
organizao fiscal.
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Quando Portugal foi invadido por Napoleo Bonaparte, imperador da Frana, a corte
portuguesa aqui se refugiou, iniciando um novo perodo histrico, onde o Brasil era a sede da
monarquia portuguesa, fato este que ensejou um grande aumento nas despesas pblicas.
Foram tomadas diversas medidas de cunho poltico e econmico, inclusive a criao de
algumas instituies com vistas da administrao real. No obstante, com a presena da
famlia real em solo brasileiro, aumentaram-se as despesas da colnia, bem como foram
institudos novos servios, o que exigiu o aumento de alquotas e a criao de novos tributos,
modalidade esta conhecida atualmente como taxa.
Passados alguns anos, agora com o Brasil independente, foram traados os limites e os
fundamentos do Direito Tributrio Nacional, atravs da decretao do Ato Adicional de 12 de
agosto de 1834, sendo que ento foram criados, alterados, suprimidos tributos e modificadas
as competncias tributrias. Neste momento os tributos comeam a ser definidos levando-se
em considerao o bem-estar social, sendo criadas leis para definir a aplicao destas receitas
em benefcio da sociedade.
Depreende-se que neste contexto histrico que o tributo passa a ter funo social no
Brasil, j que antes, com o pas ainda colonizado pelos portugueses, os valores arrecadados
serviam simplesmente para manter a realeza e os nobres.
Por fim, durante o perodo do Brasil Repblica, a estrutura tributria do Brasil Imprio
foi mantida, e a principal fonte de arrecadao continuava sendo o imposto de importao e
apenas anos mais tarde foram criados os impostos sobre o consumo e sobre a renda. Durante
esse novo perodo a estrutura tributria evoluiu e os impostos internos passaram a predominar
e serem a principal fonte de arrecadao, de tal modo que o imposto de importao passou ser
utilizado como instrumento de poltica econmica, assumindo assim uma funo extrafiscal.
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federal objetivando torna-la mais simples e racional, atravs da Emenda Constitucional n
18/65 a qual deu embasamento para a edio do Cdigo Tributrio Nacional em 1966. A
legislao foi estruturada como um sistema moderno o suficiente para tornar-se um
instrumento de estratgia de crescimento acelerado, conhecido como milagre brasileiro
mediante incentivos fiscais para o setor produtivo, privilegiando a acumulao privada em
detrimento da equidade tributria. (SILVA, 2013).
Alm do mais, essa nova Magna Carta consagrou os princpios gerais do Cdigo
Tributrio Nacional (CTN) definindo a repartio das receitas tributrias entre os entes
federativos (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios), a competncia para a instituio
de tributos e as limitaes ao poder de tributar.
Dessa forma, elencaremos conceitos necessrios, sempre com uma tica social, de
aspectos relacionados entre os tributos e sua contextualizao social.
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1.6.1 - Relao do direito tributrio com a sociedade
De acordo com Barragan (2015) no devemos classificar o sujeito ativo como sendo o
Estado, tendo em vista que a conceituao de Estado para o Direito Administrativo envolve
pessoas jurdicas de direito pblico e pessoas jurdicas de direito privado, e o Cdigo
Tributrio Nacional (CTN) em seu artigo 119 descreve: Sujeito ativo da obrigao a
pessoa jurdica de direito pblico titular da competncia para exigir o seu cumprimento.
As referidas pessoas jurdicas de direito pblico so: Unio, Estados, Distrito Federal,
Municpios, Autarquias e Fundaes Pblicas, excluindo-se ento a Sociedade de Economia
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Mista e a Empresa Pblica, as quais so pessoas jurdicas de direito privado e por isso no
podem ser sujeitos ativo do Direito Tributrio. Descaracterizando assim o sentido amplo de
Estado como sendo sujeito ativo da relao tributria.
Barragan (2015) nos informa que mesmo que a tributao seja uma incumbncia do
Estado, no quer dizer que seja obrigado a exerc-la. A competncia tributria facultativa,
mas, quando exercida ou no, gerar consequncias quele ente. O direito do Estado de
tributar resume-se a um dever dos particulares em arcar com o nus de serem tributados, o
que lhes viabiliza o exerccio de outros direitos. Evidenciando assim que muitos dos direitos
previstos no ordenamento jurdico, para sua proteo, dependem dos valores advindos da
receita tributria.
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1.6.3 - Tributao e direitos fundamentais
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II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo poltico. (CF, 1988)
Esse breve estudo nos remete a viso de que o prprio funcionamento do Estado um
direito do cidado o qual no deixa de ser fundamental.
De acordo com o CTN (Cdigo Tributrio Nacional) em seu artigo terceiro: Tributo
toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.
Silva (2013) em sua obra Funo Social dos Tributos explica o artigo do CTN
anteriormente citado com palavras de melhor entendimento como sendo; todo pagamento
obrigatrio ao Estado, efetuado em dinheiro, todavia, podendo ser admitido, atravs de lei,
por algo equivalente moeda ou nela conversvel, valor este no decorrente de penalidade por
ato ilcito. No existindo tributo sem lei que o institua, a qual tambm dispor sobre a maneira
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como este ser cobrado, no podendo haver discricionariedade, ou seja, convenincia e
oportunidade na atividade do administrador pblico.
Observa-se tambm, que ao mesmo tempo que o fisco exerce certo poder em desfavor
dos contribuintes, este mesmo rgo possui limitaes e responsabilidades, cabendo
populao as conhecer e cobrar sua aplicabilidade. E ainda constata-se a essencialidade dos
tributos para a existncia da vida em sociedade, tendo em vista que as receitas tributrias so
indispensveis para garantia dos direitos fundamentais dos contribuintes.
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CAPTULO II
Basicamente, quando pensamos em tributos nos vem mente que estes servem para o
abastecimento dos cofres pblicos. Esse o conceito de fiscalidade que leva em considerao
o tributo apenas como ferramenta de arrecadao, forma de gerar riqueza para o Estado, tal
conceito tem origem histrica, quando os lideres arrecadavam recursos apenas para sua
prpria manuteno, como leciona Barragan (2015).
Nas palavras de Becho (2013) A fiscalidade usada para a situao mais comum,
em que a entidade tributante institui os tributos para abastecer os cofres pblicos.
Entretanto, conforme Costa (2009) com uma viso e funo mais evoluda, denota-se
um outro conceito antagnico ao de fiscalidade, sendo este o de extrafiscalidade, que seria um
instrumento de tributao para inibir ou incentivar comportamentos, com o objetivo de
realizar outros valores constitucionalmente previstos.
25
No mundo moderno, o tributo largamente utilizado com o objetivo de
interferir na economia privada, estimulando atividades, setores econmicos
ou regies, desestimulando o consumo de certos bens e produzindo,
finalmente os efeitos mais diversos na economia. (...) os autores em geral
apontam o uso do tributo com essa finalidade como um produto do moderno
intervencionismo estatal. A esta funo intervencionista do tributo d-se o
nome de funo extrafiscal. (MACHADO, 2009)
Becho (2013) nos esclarece que a extrafiscalidade fator que caracteriza tributos que
no possuem apenas importncia fiscal, todavia vo alm da inteno de arrecadar, buscando
finalidades diferentes, como: a regulao do mercado produtor ou consumidor de bens.
Servindo como exemplo os impostos de: importao, exportao, sobre produtos
industrializados e sobre operaes financeiras, todos previstos pela Constituio Federal (art.
153, incisos I, II, IV e V). Sendo que o objetivo desses impostos no seria apenas elevar o
saldo dos cofres pblicos, mas sim, regular o mercado de produo e de consumo, atravs de
rpidos ajustes em suas alquotas. A Administrao Pblica, com este recurso, pode interferir
diretamente na exao de tributos, com a inteno principal de estimular ou inibir certas
condutas.
Denota-se que o uso deste recurso capaz de gerar efeitos sociais exponenciais, bem
como direcionar o pas para o caminho desejado atravs de estmulos aos contribuintes.
Nas palavras de Costa (2009), primeira vista pode-se pensar que os tributos, ao
tirarem parte do patrimnio do indivduo estariam, na verdade, se chocando com direitos
fundamentais, uma vez que, dificultariam ou inviabilizariam o exerccio de tais direitos,
26
entretanto, parece claro que diversos direitos assegurados em nosso ordenamento jurdico
dependem de recursos capitalizados atravs da tributao, para sua proteo.
Os direitos fundamentais que o tributo, atravs de sua funo social, visa proteger, so
aqueles inerentes prpria natureza do homem e esto previstos em nossa carta magna a qual,
inclusive, lhes definiu como clausula ptrea (art. 60, 4, IV, CF) e de execuo imediata
(art. 5, 1, CF), evidenciando a importncia e indisponibilidade destes direitos
fundamentais, conforme Costa (2009).
27
Os fatos abrigados nas regras-matrizes de incidncia tributria ho de ser,
sempre, de significativo contedo econmico, de modo a conferir suporte
exigncia de tributos. E a tributao, por sua vez, h de ser desenvolvida
dentro dos balizamentos constitucionais, impondo-se a edio de leis
tributrias com a observncia dos princpios pertinentes, a adoo de uma
conduta tica no exerccio da fiscalizao, a lisura dos procedimentos
administrativos e a edio, pelo Fisco, de atos normativos nos estritos
limites legais, dentre outras providencias. (COSTA, 2009).
Ainda dentro do escopo dos direitos fundamentais, porm de forma mais minuciosa,
podemos observar no artigo 5, XXII de nossa magna carta que garantido, aos cidados, o
direito de propriedade a qual deve ser entendida em sentido genrico, podendo ser um bem
mvel ou imvel.
Observa-se o paradoxo causado, tendo em vista que o Estado lhe garante um direito e
ao mesmo tempo tem autonomia para cerce-lo.
Eis que nos exsurge o princpio da vedao ao confisco (art. 150, inciso IV, CF), que
de acordo com Barragan (2015), o Estado no poder elevar a carga tributria de forma a
afastar o indivduo de acessar a propriedade.
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Para Sabbag (2014), o confisco se apresenta como a absoro, pelo Estado, da
propriedade particular, sem justa indenizao. O que se demonstra um tributo
inconstitucional.
Todavia, sabe-se que em nosso pas a desigualdade social tamanha que, certa carga
tributria pode ser insuportvel para um contribuinte, mas, considerada levssima por outros,
fato que poderia limitar o acesso propriedade apenas aos menos afortunados.
Art. 145, 1. Sempre que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero
graduados segundo a capacidade econmica do contribuinte, facultado administrao
tributria, especialmente identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte.
Costa (2009) defende que a majorao tributria deve levar em conta circunstncias
que digam respeito ao prprio contribuinte, ou seja, o cidado dever ser onerado de acordo
com as suas possibilidades econmicas, visando a manuteno do mnimo vital, aquela
riqueza mnima, objetivando propiciar ao contribuinte, ao menos, uma vida digna.
Para Machado (2009) no deve ser admitida a cobrana de tributos, mesmo que
instituda ou aumentada por lei, se no houver capacidade contributiva, sendo que tal
capacidade deve ser entendida como um limite ao arbtrio dos governantes.
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Nas palavras de Sabbag (2014), toda entidade impositora que confisca, na seara
tributria, vai alm da capacidade contributiva do cidado, estiolando-a com inteno
predatria. (...) a capacidade contributiva se esgota onde se inaugura o confisco.
Insta consignar, que apesar de impor restries tributao, bem como garantir a
propriedade, a Constituio Federal em seu artigo 5, inciso XXIII exprimi que a propriedade
atender a sua funo social.
Em uma seara ainda mais ligada funo social da tributao, cabe-nos estudar o
Imposto Territorial Rural, que est expresso pela Constituio Federal da seguinte forma:
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I ser progressivo e ter suas alquotas fixadas de forma a desestimular a
manuteno de propriedades improdutivas;
II no incidir sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as
explore o proprietrio que no possua outro imvel; .
No mesmo sentido de pensamento Sabbag (2014) descreve que o ITR tem funo
extrafiscal, para auxiliar no disciplinamento da propriedade rural, combatendo os grandes
latifndios improdutivos, fomentado a redistribuio de terra no pas. O que se quer com tal
exao no so proprietrios, mas proprietrios assduos e produtivos em prol da
nao. A progressividade do ITR desestimula a manuteno de propriedades improdutivas,
entretanto, no incidir sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando o proprietrio
que as explorar, no possuir outro imvel.
Fica claro que o Estado, por meio deste recurso, poder evitar que grandes
latifundirios mantenham enormes pores de terra sem nenhuma utilizao, no obstante
proteger quele que possui apenas uma pequena gleba e a mantm quase que em carter de
31
subsistncia familiar, com alquotas diferenciadas em ambos os casos, sendo que a finalidade
ser sempre valorizar a sociedade como um todo.
32
2.5 - FUNDAMENTOS DO ESTADO DEMOCRTICO DE DIREITO MANTIDO PELOS
TRIBUTOS
Esse Estado Democrtico de Direito, ainda de acordo com Barragan (2015), est
expresso em nossa carta magna, j em seu artigo primeiro, onde esto estabelecidos os
fundamentos de nossa Repblica.
O referido artigo composto de cinco incisos, os quais tem relao com os tributos,
apesar de j termos transcrito esse artigo nesta pesquisa se faz indispensvel sua presena
novamente:
Barragan (2015) faz conexes da exao tributria com cada um destes fundamentos,
afirmando que o tributo o ncleo do Estado Democrtico de Direito argumentando que,
primeiramente: a soberania, s poder ser exercida se houverem recursos para manter a
estrutura de proteo s fronteiras, recursos esses que sero gerados pela arrecadao
tributria; cidadania, ser cidado no apenas ter direitos polticos, mas poder exercer direitos
e deveres perante a sociedade, direitos que se transcendem na seara fiscal, na forma de poder
exigir que o Estado cumpra com a sua funo, poder exigir do outro que honre com as suas
obrigaes tributrias, bem como os deveres, sendo de contribuir honestamente para a
manuteno deste mesmo Estado.
De acordo com Becho (2013), quando a constituio em seu artigo art. 1 informa que
nosso pas uma Repblica, no mbito tributrio, significa que os tributos incidiro sobre
todas as pessoas independentemente de eventuais ttulos nobilirquicos que algum venha a
possuir. Interpretando os incisos I e II deste artigo constitucional, percebe-se que a soberania
33
detm uma srie de funes, todavia fazendo referncia apenas duas, elencaremos a
diplomacia e a fora militar armada, que so servios indispensveis soberania nacional e
que precisam de recursos financeiros para seu exerccio, que vir invariavelmente do prprio
povo o qual contribuir com parcela do seu prprio sustento para a manuteno do Estado,
tudo isso na forma de tributo. Na mesma linha de pensamento segue a cidadania, que a
participao do povo nos liames do Estado, entendendo que ser cidado quele que influir
nos destinos da Estrutura Estatal, ou seja, os tributos sero fixados pelos prprios cidados,
tendo em vista que so esses escolhem seus representantes os quais lidaro com a questo
tributria.
Ainda de acordo com Barragan (2015) o Estado protege os valores sociais do trabalho
e da livre iniciativa atravs da instituio de polticas fiscais que visam facilitar o exerccio de
34
certas atividades, definindo cargas tributrias que sejam viveis e acessveis ao exerccio de
determinadas profisses.
Quando tal medida tomada, em uma primeira anlise poderamos interpretar que o
governo estaria arrecadando menos tributos, no entanto, ao se fomentar e viabilizar o
exerccio do trabalho evita-se que haja a sonegao fiscal, tendo em vista que o contribuinte
tem capacidade contributiva sobre aqueles valores; favorece ao crescimento do setor privado e
estimula a gerao de empregos, ou seja, proteger os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa atravs de uma tributao justa, inteligente e flexvel gera efeitos em escala, os
quais favorecem a sociedade como um todo, e no final das contas acabam aumentando a
arrecadao de tributos, j que com o crescimento das empresas haver mais bens sendo
produzidos e circulando o que consequentemente eleva a arrecadao. Conforme leciona
Barragan (2015).
Barragan (2015) define ainda que em relao ao pluralismo poltico, este protegido
constitucionalmente atravs da no incidncia de impostos sobre todo e qualquer partido,
tampouco em fundaes por eles criadas (art. 150, inciso IV, alnea c CF), protegendo
assim a diversidade de legendas existentes em nosso pas, evitando que haja uma certa
supremacia de algum partido que eventualmente venha a ser mais capitalizado do que outro.
Para Sabbag (2014) a imunidade fiscal concedida aos partidos polticos visa defender
a liberdade poltica, tendo em vista que os partidos polticos do sustentao e autenticidade
ao regime democrtico e ao liberalismo, estando dimensionado entre no estatal e estatal,
entretanto com finalidade excepcionalmente pblica.
Para que tudo isso ocorra, faz se indispensvel a existncia de recursos estatais os
quais so arrecadados de uma fonte majoritria e principal chamada de tributo.
Silva (2013) nos demonstra ainda o carter da solidariedade que est presente nos
tributos, que transcendem de duas formas: podendo ser solidrio em razo da capacidade
contributiva, quando cada cidado deve contribuir apenas com o que a sua condio
econmica lhe proporciona, bem como no sentido de solidariedade entre os contribuintes,
onde todos contribuem de acordo com a sua capacidade para possibilitar que todos tenham
acesso sade, educao, habitao, justia, segurana pblica entre outras coisas.
Seria uma espcie de rateio das necessidades coletivas, cada um contribuindo com o
que pode para que a sociedade seja mantida e preservada, respeitando sempre as necessidades
e individualidades de cada cidado.
Ao analisarmos outra caracterstica conceitual, podemos perceber que a lei define que
o tributo deve ser pago preferencialmente em dinheiro e, caso a lei determine, pode ser pago
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com algo equivalente, essa determinao, sob a tica da funo social do tributo, visa facilitar
a relao entre o fisco e o contribuinte, pois a moeda nacional bem fungvel e de acesso
comum, todavia no impede que eventualmente o pagamento seja realizado de outra forma,
caso seja mais vantajoso para ambas as partes ou o contribuinte no tenha outra maneira de
satisfazer a dvida.
Por fim, percebe-se a legalidade na cobrana dos tributos, j que deve haver lei
anterior que o defina, no podendo o cidado ser pego desprevenido, o que afrontaria os
direitos fundamentais j to debatidos, tampouco a forma de cobrana poder ser feita de
maneira discricionria, devendo o fisco estar vinculado a alquotas e regras previamente
determinadas, demonstrando a impessoalidade que a administrao pblica deve exercer.
Fica cristalino, ao analisarmos este captulo, constatar que o tributo possu funo
social, pois de uma forma ou de outra, sendo direta ou indiretamente, afeta a sociedade e
causa impactos de grande monta sobre os contribuintes.
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CAPTULO III
Nas palavras de Silva (2013) (...) a funo social dos tributos est vinculada ao uso
do Sistema Tributrio Nacional como um instrumento efetivo para que o Estado cumpra sua
funo social de promover o bem comum, a igualdade e a justia, por meio do
desenvolvimento social e econmico.
Todavia, ainda conforme Silva (2013) a essncia do Direito sua aplicao prtica
dever das autoridades pblicas. O que est disposto em nossa Constituio no deve ser
apenas um conjunto belas palavras ou declaraes de boas intenes. O regramento jurdico
foi criado para agir sobre a vida do cidado. Dessa forma, no basta apenas a igualdade
pregada formalmente, devendo os direitos fundamentais serem garantidos na prtica, na
prpria realidade social. A igualdade material deve ser buscada em seu aspecto humanista e
ideolgico, o que significa acesso aos bens de vida, garantindo a dignidade do cidado e um
mnimo de conforto.
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comportamento, que seria cumprida pela maior parte de qualquer
populao, mesmo que sano no houvesse. Para tais normas compreende-
se que as normas sancionatrias sejam secundrias, visto que o brilho das
normas primrias ou de comportamento por si s assegura a fora de sua
aplicao e aceitao pela comunidade. Desta forma, quanto s normas de
aceitao social, Cossio tem razo, sendo a norma sancionatria mero
apndice de aplicao restrita aos desajustados sociais.
O mesmo no acontece quanto s normas de rejeio social. Nestas,
prevalece a necessidade da norma sancionatria, nica capaz de fazer
cumprir a norma de rejeio social. O tributo, como quer Paulo de Barros
Carvalho, uma norma. uma norma de rejeio social. Vale dizer, sem
sano no seria provavelmente cumprida. A sano que assegura ao
Estado a certeza de que o tributo ser recolhido, visto que a carga
desmedida que implica traz, como consequncia, o desejo popular de
descumpri-la. (MARTINS, 1998)
Para Gonalves (b) (2015), a rejeio social do tributo incompatvel com sua prpria
natureza, j que sua funo social visa custear a atividade estatal, a distribuio de renda e
consequentemente fomentar o bem comum, ou seja, no h porque haver rejeio se a funo
do tributo das mais nobres possveis.
De acordo com Silva (2013) em nosso pas, a carga tributria suportada de forma
dificlima pela populao, principalmente pelos consumidores e assalariados. Porm,
ironicamente, so esses dois grupos os que menos tem conhecimento acerca do minucioso e
complexo Sistema Tributrio Nacional.
Dentro dessa sistemtica, conforme Gonalves (b) (2015), detm-se, que o risco de ser
sancionado em razo da sonegao, se torna cada vez mais aceitvel, por parte do contribuinte
na medida do tamanho da carga tributria. Ou seja, quanto maior a carga tributria, mais
propicio sonegao estar o contribuinte. Este ciclo, inevitavelmente, garante ao Estado
promover o agravamento das sanes, bem como o aumento de carga tributria, gerando uma
roda infinita que apenas estimula a rejeio social ao tributo.
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produzido no pas em um espao de tempo. Carga Tributria expressa a parcela de tudo o
que produzido pela sociedade e que se destina aos cofres pblicos.
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Podemos constatar que o Brasil est entre os pases que mais cobram tributos em
relao ao PIB, entretanto apenas estes dados no so suficientes para determinar se a carga
tributria de um pas alta ou no, devendo, para tanto, saber qual a destinao do montante
destes recursos.
De acordo com Silva (2013) o dinheiro advindo dos tributos utilizado pelo Estado de
trs formas:
Atravs de tais dados podemos constatar que a carga tributria do Brasil alta, tendo
em vista que em porcentagem em relao ao PIB o valor tributado considervel, no
obstante o retorno social direto, ou seja, o atingimento da funo social direta dos tributos
dispe de um capital de menos da metade do total arrecadado.
Ainda de acordo com Silva (2013), deve-se levar em considerao a avaliao que
a populao faz dos servios pblicos em comparao com outros pases, para que
possamos analisar o cumprimento da funo social. Muito se discute que caso tivssemos
servios pblicos de boa qualidade, no nos importaramos em suportar uma carga tributria
at mais alta, como as de alguns pases de Europa.
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Tabela II: Ranking de ndice de Desenvolvimento Humano
Atravs desta tabela, podemos denotar que a maioria dos pases que possuem as
maiores cargas tributrias, tambm possuem alto IDH, todavia observamos tambm que
alguns pases que se quer aparecem na lista das maiores cargas tributrias, esto entre os
melhores IDHs, ou seja, a arrecadao tributria e o ndice de Desenvolvimento Humano no
tem relao direta, sendo que o mais importante a destinao dada ao dinheiro, o
planejamento social e no apenas o quanto o Estado capaz de arrecadar.
Infelizmente, observamos, ainda, que o Brasil est longe dos melhores da lista quando
o assunto IDH, estando apenas na 79 posio, entretanto alcana o 14 lugar na tabela de
maiores cargas tributrias.
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Neste momento, nos propicio a anlise de outra tabela, agora organizada pelo
Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributao (IBPT), referentes aos dados coletados em
2013, onde esto classificados os pases com melhores ndices de Retorno De Bem-Estar
Sociedade.
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16 Grcia 148,98
17 Repblica Tcheca 148,97
18 Noruega 148,32
19 Argentina 147,8
20 Eslovnia 146,97
21 Luxemburgo 144,69
22 Sucia 141,15
23 ustria 141,01
24 Frana 140,69
25 Blgica 140,21
26 Itlia 140,13
27 Hungria 139,8
28 Dinamarca 139,52
29 Finlndia 139,12
30 Brasil 137,94
Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributao
Vale salientar que, os trinta pases acima elencados foram retirados da lista dos trinta
Estados com maiores cargas tributrias, ou seja, dentre os pases que possuem as maiores
percentagens de carga tributria no mundo, o Brasil est em ltimo quando o assunto
oferecer bem-estar populao, ou seja, o Brasil arrecada recursos suficientes como tantos
outros pases, no entanto por uma questo de falta de conscincia fiscal, no consegue
satisfazer a populao em suas mais bsicas necessidades, de forma a no atender a funo
social do tributo.
Segundo, ainda, o IBPT este foi o quinto ano consecutivo que o Brasil ficou com a
ltima colocao. Nas palavras do executivo do IBPT Joo Eloi Olinike (2015):
Ao estudarmos os dados ora levantados, fica claro e evidente que a funo social do
tributo no tem seus preceitos cumpridos no Brasil, tendo em vista que em nosso pas
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possumos uma carga tributria relativamente alta, um IDH baixo, consequentemente nosso
ndice de Retorno De Bem-Estar Sociedade no satisfatrio.
A funo social do tributo s ser exercida no Brasil quando o cidado tiver uma
conscincia fiscal dos seu direitos e deveres em matria de ordem tributria, o que
consequentemente fornece subsdios para que os governantes tambm possuam tal
conscincia, tendo em vista que estes so escolhidos pelos prprios contribuintes e ainda ao
perceberem que a populao possu certo conhecimento na rea tributria, tomaro decises
mais coesas e benficas todos.
Para Silva (2013) necessrio que haja uma reforma no Sistema Tributrio Nacional
para que o tributo atenda aos preceitos constitucionais e cumpra com sua funo social.
Somente o cumprimento efetivo dos princpios constitucionais permitir que o Sistema
Tributrio Nacional se torne um instrumento para o alcance de uma das funes essenciais
do Estado moderno: eliminao das desigualdades sociais e desequilbrios econmicos
regionais, objetivando o alcance do bem comum. Para se construir uma tributao mais
justa, deve-se reafirmar em lei princpios essenciais do sistema que no esto sendo
observados.
Gonalves (a) (2015) relata que apesar de todos os ideais previstos em nossa
Constituio Federal, estamos distantes dos objetivos de igualdade e justia, visto sobre a
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tica da arrecadao tributria, onde quem mais sofre a populao mais pobre,
principalmente por sua baixa capacidade de expressar suas verdadeiras vontades, bem como
pela falta de representao desta classe.
O mesmo autor prossegue com o pensamento concluindo que, as classes sociais mais
pobres arcam com a maior carga tributria, em razo de um sistema tributrio regressivo e
concentrador de renda, o qual vai na contramo do que est disposto em nossa Magna Carta.
Ainda, a populao mais pobre tem pouca fora poltica para efetivamente mudar o atual
sistema ou pressionar o governo para que os preceitos fundamentais sejam, de fato,
cumpridos, conforme a lei.
Para que o atual cenrio, no qual quem mais trabalha quem mais paga tributos e
menos recebe retorno, se altere, indispensvel que seja instituda a educao fiscal
(Conscincia Fiscal), sendo esta propiciada a todos os cidados, inclusive, inserida no quadro
das instituies de ensino, com o objetivo de manter essa importante temtica em constante
debate. Entretanto, esta no uma tarefa fcil, pois h uma grande reprovabilidade inserida na
sociedade quando o assunto tributo, porm com investimento dos gestores pblicos, a longo
prazo, no fomento deste tipo de educao, com certeza sero colhidos bons frutos, os quais
seriam capazes de, enfim, colocar o Brasil como o pas do presente e no do futuro.
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CONCLUSO
Fica claro constatar, atravs dos estudos realizados, que os tributos possuem uma
funo social, a qual preceituada desde a base dos princpios tributrios, contidos em nossa
Magna Carta, at o regramento geral do sistema.
Nosso pas possu uma das maiores cargas tributrias do mundo, todavia retribui aos
contribuintes com o pior ndice de bem-estar dentre os pases auferidos. Situao esta gerada
pela alta incidncia de corrupo e, invariavelmente, a falta de planejamento dos gestores
pblicos em matria de aplicao de recursos.
Dessa forma teremos gestores melhores, eleitos com maior cuidado e legitimidade, os
quais sero pressionados por uma populao que tem conscincia de seus atos, direitos e
tambm deveres.
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REFERNCIAS
BARRAGAN, Antnio Carlos. Funo Social do Tributo, aula 1. Saber Direito. Disponvel
em: <https://www.youtube.com/watch?v=GmyZCOO84s0>. Acesso em 31 de maio de 2015.
BECHO, Renato Lopes. Lies de direito tributrio: teoria geral e constitucional, 2 edio.
Saraiva, 2013. VitalBook file.
BRASIL, Cdigo Tributrio (1966). Cdigo Tributrio Nacional, Braslia, Senado Federal,
Centro Grfico, 1966.
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programa-de-educacao-fiscal-eugenio-goncalves&ap=1&coi=771&cop=main-
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>. Acesso em 23 de outubro de 2015.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributrio, 28. edio. Revista, atualizada e
ampliada. So Paulo, Malheiros, 2007.
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SILVA, Edson Lus, Funo Social dos Tributos, 5. edio. Braslia, ESAF, 2013. Caderno
3.
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