CÂNDIDO, Maria Inez - Documentação Museológica - Resumo
CÂNDIDO, Maria Inez - Documentação Museológica - Resumo
CÂNDIDO, Maria Inez - Documentação Museológica - Resumo
Doccere
Aquilo que ensina
lat. documentum,i 'ensino, lio, aviso, advertncia, modelo, exemplo, indcio,
sinal, indicao, prova, amostra, prova que faz f, documento', do v.lat. docre
'ensinar'; ver doc(t)-
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Partindo-se do pressuposto de que objetos / documentos so suportes de
informao, o grande desafio de um museu preservar o objeto e a
possibilidade
de informao que ele contm e que o qualifica como documento. Portanto,
deve-se entender a preservao no como um fim, mas como um meio de
se
instaurar o processo de comunicao, pois
pela comunicao homem / bem cultural preservado que a condio de documento emerge
(...). Em contrapartida, o processo de investigao amplia as possibilidades de comunicao
do bem cultural e d sentido preservao (...). A pesquisa a garantia da possibilidade de
uma viso crtica sobre a rea da documentao, envolvendo a relao homem-
documentoespao,
o patrimnio cultural, a memria, a preservao e a comunicao.1 ( CHAGAS. Muselia, p.
46-47.)
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objetos s se tornam documentos
quando so interrogados de diversas formas, e que todos os objetos
produzidos pelo homem apresentam informaes intrnsecas e extrnsecas a
serem
identificadas.
As informaes intrnsecas so deduzidas do prprio objeto, a
partir da descrio e anlise das suas propriedades fsicas (discurso do
objeto); as
extrnsecas, denominadas de informaes de natureza documental e
contextual,
so aquelas obtidas de outras fontes que no o objeto (discurso sobre o
objeto).
Essas ltimas nos permitem conhecer a conjuntura na qual o objeto existiu,
funcionou
e adquiriu significado e, geralmente, so fornecidas durante a sua entrada
no museu e/ou por meio de fontes arquivsticas e bibliogrficas.
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Assim, o potencial de um objeto museolgico como bem cultural se
estabelece
a partir do somatrio das informaes de que ele se torna portador. Ou
seja, materiais, tcnicas, usos, funes, alteraes, associados a valores
estticos,
histricos, simblicos e cientficos, so imprescindveis para a definio do
lugar
e da importncia do objeto como testemunho da cultura material.
Mas para
alm desta abordagem, contendo informaes intrnsecas e extrnsecas
sobre o
objeto, importante ressaltar que este s se torna um bem cultural quando
o
indivduo / a coletividade assim o reconhece.
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o pesquisador no faz o documento
falar: o pesquisador quem fala, e a explicitao de seus critrios e
procedimentos
fundamental para definir o alcance de sua fala, como em qualquer outra
pesquisa histrica (MENESES. Memria e cultura
material: documentos pessoais no
espao pblico, p. 95.)
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especialistas destacam algumas medidas de natureza
tcnica, consideradas essenciais para a eficcia do sistema de
documentao museolgica.
So elas:
clareza e exatido no registro dos dados sobre os objetos, sejam textuais,
numricos (cdigos de identificao) ou iconogrficos;
definio dos campos de informao integrantes da base de dados do
sistema (cdigo do objeto, seu nome, origem, procedncia, datao,
material e tcnica, autoria, entre outros);
obedincia a normas e procedimentos pr-definidos, os quais devem estar
consolidados em manuais especficos (prticas de controle de entrada e
sada de objetos, de registro, classificao, inventrio, indexao, etc.);
controle de terminologia por meio de vocabulrios controlados (listas
autorizadas para campos, tais como: nome do objeto, material, tcnica,
tema, assunto, etc.);
elaborao de instrumentos de pesquisa diversos (guias, catlogos,
inventrios, listagens), visando identificar, classificar, descrever e localizar
os objetos dentro do sistema, favorecendo a recuperao rpida e
eficiente da informao;
previso de medidas de segurana com relao manuteno do sistema,
garantindo-se a integridade da informao.
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INVENTRIO
O procedimento primeiro de tratamento da informao sobre um objeto
museolgico consiste no registro individual do objeto, atravs de um cdigo
prprio, que o identificar de forma permanente dentro do acervo. Entende-
se,
portanto, como cdigo de registro ou cdigo de inventrio, o processo de
numerao
pelo qual o objeto incorporado oficialmente ao acervo de um museu.
registro
binrio seqencial. Este compreende o uso dos trs algarismos ou do
nmero total,
neste caso quatro algarismos, relativo ao ano em que o objeto deu entrada
ao
museu, seguindo-se um elemento de separao e, ento, a numerao
comum,
de forma seqencial, composta por quatro dgitos. Alguns museus optam
por
introduzir a sigla da instituio (letras maisculas) no cdigo, antes da
seqncia
de nmeros. Naturalmente, esta numerao binria seqencial deve ter
incio no
registro da primeira pea do acervo.
No caso de objetos formados por partes xcara e pires, por exemplo ,
o cdigo de registro deve ser o mesmo, acrescido ao final de letras
minsculas
tambm seqenciais (a,b,c...), as quais diferenciaro as partes.
O cdigo de identificao de cada objeto deve ser obrigatoriamente
registrado
no prprio objeto, atravs de etiquetas ou outros tipos de marcao,
sendo imprescindvel a participao de um conservador nesse processo.