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LUZ
LISBOA
LIVRARIA DE A. M. PEREIRA
SO, ma Augusta, 52
1863
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A' memoria de minha irmau
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INTRODUÇÃO
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ADELINA
CAPITULO I
La donna é mobile
Qual piuma ai vento
Muta d'acciento
E di pensieri.
CAPITULO II
CAPITULO III
CAPITULO IV
CAPITULO V
CAPITULO VI
CAPITULO VII
Não será cedo para a biographia de Sophia; ahi
vae, tal qual a ouvi d'uma amiga e condiscipula sua.
Filha unica d'um empregado publico, foi creada com
mimoso extremo, satisfazendo sempre as vontades
caprichosas de creança. Aos quatorze annos, ficou
orphã de mãe. Um typho arrebatou-lh'a em breves
dias, roubando-lhe esse sanctuario sacratissimo que
a providencia põem ao nosso lado para nos reco
lher os vagidos, e primeiras lagrimas. E que ha ahi
na terra que possa comparar-se-lhe? Que mais to
cante, e grandioso ! Que sublimidade não tem o amor
maternal !
Que differença d'este aos que se encontram ba
ratos no mundo! Estes são profundos, exaltados e
ardentes; são como os orvalhos de julho que rever
decem por instantes as plantas requeimadas, e logo
após de curta vida, aos primeiros signaes de ve
lhice, o sol impallidece, fenecem as flores, e quan
tas vezes mesmo das raizes que foram fundas não
resta vestigio, nem signal!...
* *
LUZ COADA POR FERROS 39
CAPITULO VIII
CAPITULO IX
CAPITULO X
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«La sua felicita?
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criados agmpavam-se de joelhos orando com lagri
mas saudosas pela santa —assim lhe chamavam; —
em quanto Paula, ajoelhada tambem aos pés da cama,
meio-velada pelo amplo cortinado, pallida como a
estatua de marfim, com as mãos sobrepostas no seio,
abafava as pulsações desordenadas, que a dôr lhe
arrancava ao coração.
Quando terminou a ceremonia, e a campainha soou
ao longe, accorde com os cantares plangentes ao San
tissimo, Paula tinha desfallecido, e, depois da agonia,
viera o turpor que tornava insensivel e quasi sem com-
prehender o que se passara debaixo dos seus olhos.
Passaram-se instantes neste pezado lethargo. Um
gemido, e o seu nome, pronunciado com voz fraca
e tremida, accordou-a. Levantou-se espavorida, e
correndo ao leito, exclamou; «Oh! minha mãe, mi
nha mãe!» Viu os olhos já embaciados de D. Can
dida íitarem-se nella, e a mão direita que lhe pousava
na borda da cama fazer um aceno quasi imperce
ptivel. Era o ultimo adeus áquella que tanto amára.
Paula deu um grito convulsivo, e caiu como ful
minada sobre o cadaver.
II
Paula achou-se, de repente, senhora d'uma grande
fortuna.
D. Candida, satisfeitos os suffragios pela sua alma,
e mais alguns legados, instituiu-a sua unica her
deira. Esta lembrança mais pungia o coração amar
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Í26 LUZ COADA POR FERROS
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o amor!... 127
Findo o tempo de homenagem prestada á memo
ria de D. Candida, Paula não se esquivou mais á
consolação de ouvir Manuel.
As lagrimas, caidas no seio d'elle, eram menos
acres, mas caiam sempre, e vinham antepor-se aos
gosos d'aquella alma extremosa, que em toda a parte
via a sombra da carinhosa amiga, que lhe faltava.
— Perdeste muito, minha Paula — dizia Manuel,
acariciando-lhe as mãos — mas, meu Deus! o teu
sofirimento excede os limites racionaes. Dizes,— e
eu creio — que sou uma parte essencial da tua exis
tencia; que farias então, se te eu faltasse?
— Não te sobrevivia Manuel — respondeu Paula
com intimativa, e continuou, com os olhos reluzen
tes d'um brilho desusado e subito— atraiçoada por ti,
que não és só uma parte, mas toda a minha vida...
— Cala-te, doudinhal — diz Manuel sorrindo, e le-
vando-lhe a mão á bocca.
Paula susteve-se, e por momentos as suas faces
conservaram o colorido que mais a alindava.
— Sabes o que deves fazer, minha creança?— con
tinuou Manuel — é ir passar algum tempo na tua
quinta do Prado. Receio que adoeças aqui, debaixo
d'estas funebres impressões, e que o meu amor não
seja bastante forte para debellar o mal.
— Já me lembrou isso, Manuel. Esta solidão, onde
ha pouco havia tanto bulicio, atterra-me; mas tu
deixarás de ver-me?
— Deixar de ver-te, Paula! não sabes então como
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128 LUZ COADA POR FERROS
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o amor!... 129
magnifica toda cercada de jardins, feita por um bra
sileiro que, desgostoso da familia, destinou retirar-se.
Sem dar peso aos juizos do mundo, Paula comprou
a linda vivenda em nome do seu amante, e toda ca
rinhos, pediu-lhe, ao entregar-lhe a escriptura, que
a recebesse em sua casa.
Manuel foi grato a esta attenção; mas, por um
capricho do coração humano, não podia esquecer
Adelaide, que, por mais de um motivo, se lhe fazia
lembrada. Adelaide estava convicta da infamia do
homem por quem se perdêra, desde o appêllo que
lhe fizera sentindo no seio o primeiro movimento
do filho de ambos. Achando-o insensivel a esta nova,
caiu n'uma apathia dolorosa, e não se atreveu mais
a luctar.
Paula era feliz: imaginava-se amada.
Um dia levantou-se cedo, desperta por sonhos
horriveis que toda a noite a flagellaram. Via Manuel
no ponto culminante de uma eminencia tendo nos
braços uma mulher que afagava: ouvia-lhe a voz,
entendia-lhe as palavras, e debalde tentava correr,
e se estorcia com phrenezi: não podia quebrar
umas grossas cadeias que a ligavam. Para distrahir
d'estas apprehensões, abriu a janella e contemplou
a aurora a sair do seu manto, resplandecente de
galas, fazendo rescender os aromas de mil flores,
que a seductora vinha beijar. De repente feriu-lhe
a vista um objecto, que pousava na larga soleira do
portão, e que ella a principio não enxergara. Era
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RECORDAÇÃO
Ai ! tu porque soluças ? porque choras?
E que piedade o peito te enternece?
Devo ser hoje em victima olFrecido
Como a filha de Jephte, e com o meu sangue
Applacar o Senhor, acceso em ira?
Racine {Athalia).
«Cala-te, cala-te!
« Escuta-te a ti na hora inspirada ; quando a con-
« sciencia te falla, suspira sósinha na viuvez da tua
« alma. Aceita, sorve esse fel sem queixume, quando
« t'o chega aos labios a mão qne tu beijaste, infe-
olizl
«Dependencia! palavra maldita. Se não fosses tu,
« chamar-me-iam ainda anjo, e santa, e o typo da mu-
« lher nobre que conhece as suas faltas e chora não
« poder reparal-as. Agora, que és tu? Uma creação
«diabolica! — Eva, cedendo á tentação da serpente,
« ouvindo as queixas do Adão, que, menos forte, se
«precipitou com ella.
« Acreditei em ti, Angelo ! As tuas palavras eram-me
« a taboa da lei ; quiz salvar-te da escuridão em que
«vivias, sem luz, sem esperança... não era isto o
« que me dizias? E perdi-me... Para que me enga-
« naste? Para que aceitaste o meu amor, tão exclu.
«sivo e apaixonado, se presentias a quéda do teu
«coração infiel!? Porque me illudiste com chime-
«ras até ao momento em que te vi a face toldada,
« e desfigurada, pela indifferença que ahi estava es-
« cripta ? E eu sempre a amar-te ! Sempre a pensar
« no teu enfadoso viver, sempre a reforçar-me de
« coragem, e sem poder nunca dizer-te : — Sou eu que
« desato estes laços, para ti tão pesados, que te pri-
« vam da liberdade. — Recaia sobre mim o odioso, já
«que te fallece força para o supportar. O meu co-
« ração, cheio de uma poesia mysteriosa e amante, «
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PROPIIECIA NO LEITO DA MORTE
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INDELÉVEIS
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AS PORTAS DA ETERNIDADE
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ÍNDICE
Introducção vn
Adelina » 1
Meditações :
I 61
II 69
III 77
IV 85
V 97
VI 103
VII 111
O amor 117
Recordação 139
Prophecia no leito da morte 155
Martyrios obscuros 161
Impressões indeleveis 175
Ás portas da eternidade 191
A Julio Cesar Machado 203
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