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Máquinas de Fluxo - Aula 5

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1.

INTRODUÇÃO
Máquina de Fluido (fluid machinery) é o equipamento que promove a troca de energia entre um sistema
mecânico e um fluido, transformando energia mecânica (trabalho) em energia de fluido ou energia de fluido em
energia mecânica.
As máquinas de fluido podem ser divididas em dois grupos, as máquinas de deslocamento positivo e as
máquinas de fluxo (ou turbomáquinas). A diferença entre estes dois grupos é que no primeiro o fluido fica confinado
em alguma região do equipamento, enquanto no segundo grupo isto não ocorre, havendo fluxo contínuo através da
máquina. Uma bomba de pistão, por exemplo, é uma máquina de deslocamento positivo, pois o fluido fica contido
dentro do conjunto pistão/cilindro sendo submetido à variação de pressão pela variação do volume do recipiente. Já
bombas centrífugas são máquinas de fluxo, pois o fluido escoa pelo rotor, onde recebe energia. No primeiro grupo,
ao desligar o equipamento, o fluido fica confinado em seu interior, no segundo grupo isto só ocorrerá se houver
algum sistema externo que o mantenha nesta condição, caso contrário escoará para fora da máquina.
Tanto as máquinas de fluxo como as máquinas de deslocamento positivo podem ser divididas em duas
classes, as máquinas hidráulicas e as máquinas térmicas. Nas máquinas hidráulicas o processo ocorre com variação
pouco sensível da massa específica (volume específico) do fluido que está sendo usado, ou seja, processos que
podem ser modelados como incompressíveis. Já nas máquinas térmicas o fluido tem variação significativa de sua
massa específica durante o processo de troca de energia (ex. compressores, turbinas a gás, turbinas a vapor, etc) não
possibilitando a hipótese de fluido incompressível.
As máquinas hidráulicas trabalham geralmente com água, óleo, e outros líquidos, considerados como
incompressíveis nas aplicações normais. Trabalham também com o ar, que será tratado como incompressível para
pressões até 1 mca 1, sendo neste caso chamadas de ventiladores.
Alguma variação pode ser encontrada nas classificações das máquinas de fluido dada pela literatura. A
classificação mostrada na Figura 1.1 é a que será usada neste texto. A apostila tratará somente das máquinas de
fluxo hidráulicas.

Figura 1.1 - Classificação das máquinas de fluido [adaptado de BRASIL, 2010, p.21]

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mca – metros de coluna d’água.
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Classificação das máquinas de fluido

a) Quanto ao sentido da transmissão de energia, pode-se classifica-las como:

 Geradora (geratriz): a máquina transforma energia mecânica em energia de fluido (ex. bombas e
ventiladores).
 Motora (operatriz): a máquina transforma energia de fluido em energia mecânica (ex. turbina, gerador
eólico, moinho de vento e rodas d’água).

b) Quanto ao tipo de energia envolvido no processo pode-se classificá-las como

 Máquinas de deslocamento positivo (positive displacement machines): nestes equipamentos uma


quantidade fixa de fluido de trabalho é confinada durante sua passagem através da máquina, sendo
submetido a trocas de pressão em razão da variação no volume do recipiente em que se encontra contido. O
fluido tem que mudar seu estado energético. Caso a máquina pare de funcionar, o fluido de trabalho
permanecerá no seu interior indefinidamente. Também chamada máquina estática. Nestas máquinas a
energia transferida é substancialmente de pressão, sendo muito pequena a energia cinética transferida,
podendo ser desprezada. Podem ser máquinas rotativas (rotary machines) como a bomba de engrenagens, e
máquinas alternativas (reciprocating machines) como o compressor de pistão.
 Máquinas de Fluxo ou Turbomáquinas (turbomachinery): ou máquinas dinâmicas, o fluido não se encontra
em momento algum confinado dentro da carcaça da máquina, mas sim num fluxo continuo através dela,
estando sujeito a variações de energia devido aos efeitos dinâmicos da corrente fluida. Nestas máquinas o
escoamento do fluido é orientado por meio de lâminas ou aletas solidárias a um elemento rotativo (rotor). A
energia transferida é substancialmente cinética, através da variação da velocidade do fluido entre as pás,
desde a entrada até a saída do rotor, a baixa pressão ou baixos diferenciais de pressão. Com exemplo podem
ser citadas as turbinas hidráulicas e ventiladores centrífugos.

c) Quanto à direção do escoamento do fluido

 Axiais: escoamento predominantemente na direção do eixo. O fluido entra e sai do rotor na direção axial.
Recalca grandes vazões em pequenas alturas. A força predominante é de sustentação.
 Radiais: escoamento predominante na direção radial. O fluido entra no rotor na direção axial e sai na
direção radial. Tem como característica o recalque de pequenas vazões a grandes alturas. Sua força
predominante é a centrífuga.
 Mista ou diagonal: escoamento predominantemente na direção diagonal, parte axial e parte radial
 Tangencial: escoamento tangente ao rotor.

Figura 1.2 – Tipos quanto à direção do escoamento

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d) Quanto à forma dos canais entre as pás do rotor

 Máquinas de Ação (ou de impulsão): nesta máquina toda energia do fluido é transformada em energia
cinética, antes da transformação em trabalho mecânico processado pela máquina. A pressão do fluido, ao
atravessar o rotor, permanece constante. Um exemplo são as turbinas Pelton, onde um ou mais bocais
(separados do rotor), aceleram o fluido resultando em jatos livres (a pressão atmosférica) de alta velocidade,
que transferem movimento para o rotor, que gira mesmo sem estar cheio de fluido.
o Turbomáquinas de ação (motoras): turbinas Pelton (tangencial) e Michell (duplo efeito radial)
o Turbomáquinas de ação (geradoras): não existe aplicação prática

Figura 1.3 – Turbina Pelton

 Máquinas de Reação: nesta máquina tanto a energia cinética quanto a de pressão são transformadas em
trabalho mecânico e vice-versa. Parte da energia do fluido é transformada em energia cinética antes da
entrada do rotor, durante sua passagem por perfis ajustáveis (distribuidor), e o restante da transformação
ocorre no próprio rotor. A pressão do fluido varia ao atravessar o rotor, que fica preenchido pelo líquido.
o Turbomáquinas de reação (motoras): turbinas Francis (radial ou diagonal), Kaplan e Hélice (axiais)
o Turbomáquinas de reação (geradoras): bombas e ventiladores (radiais, diagonais e axiais)

Figura 1.4 – Turbina Schwankrug

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Figura 1.5 – Turbina Kaplan

Figura 1.6 – Turbina Francis

Figura 1.7 – Bomba centrífuga

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e) Quanto ao número de entradas para aspiração (sucção)

 Sucção Simples (entrada unilateral): há somente uma boca de sucção para entrada do fluido.
 Dupla Sucção: fluido entra por duas bocas de sucção paralelamente ao eixo de rotação. Como se fossem dois
rotores simples montados em paralelo. Tem como vantagem a possibilidade de proporcionar equilíbrio dos
empuxos axiais, que melhora o rendimento da bomba, eliminando a necessidade de rolamento de grandes
dimensões para suporte axial sobre o eixo.

f) Quanto ao número de rotores

 Simples estágio: bomba com um único rotor dentro da carcaça. Pode-se teoricamente projetar uma bomba
de simples estágio para qualquer situação de altura manométrica e de vazão, porém, dimensões excessivas e
baixo rendimento fazem com que os fabricantes a limitem a alturas manométricas de 100 [mca].
 Múltiplo estágio: a bomba tem dois ou mais rotores associados em série dentro da carcaça. Permite a
elevação do líquido a grandes alturas manométricas (>100 [mca]), sendo o rotor radial o indicado para esta
aplicação.

Figura 1.8 – Bomba múltiplo estágio

g) Quanto ao posicionamento do eixo

 Eixo horizontal: é a forma construtiva mais comum.


 Eixo vertical: Usada, por exemplo, para extração de água de poços.

h) Quanto ao tipo de rotor

 Aberto: para bombas de pequenas dimensões. Têm pequenas dimensões, baixa resistência estrutural e
baixo rendimento. Como vantagem dificulta o entupimento, podendo ser usado para bombear líquidos
sujos.
 Semi-aberto: tem apenas um disco, onde são fixadas as aletas.
 Fechado: usado para bombear líquidos limpos. Possui dois discos com as palhetas fixadas em ambos. Evita a
recirculação de água, ou seja, o retorno da água à boca de sucção.

Rotor Aberto Rotor Semi-aberto Rotor Fechado


Figura 1.9 – Tipos de rotores
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i) Quanto à posição do eixo da bomba em relação ao nível da água

 Não afogada (sucção positiva): o eixo da bomba está acima do nível d’água do reservatório de sucção.
 Afogada (sucção negativa): eixo da bomba está abaixo do nível d’água do reservatório de sucção.

Bomba afogada Bomba não-afogada


Figura 1.10 – Tipo de instalação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, A.N. Máquinas termo hidráulicas de fluxo. Itaúna: Universidade de Itaúna, 2010.
CARVALHO, D.F. Hidráulica Aplicada. Apostila UFRRJ.
GUIMARÃES, L.B. Máquinas hidráulicas. Curitiba: UFPR, 1991.
HENN, E.A.L. Máquinas de fluido. 2ª ed, Porto Alegre: UFSM, 2006.
SOUZA, Z.; BRAN, R. Máquinas de Fluxo: turbinas, bombas e ventiladores. Rio de Janeiro: ed. LTC, 1969.

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