Corrosão Do Alumínio
Corrosão Do Alumínio
Corrosão Do Alumínio
Corrosão do Alumínio
MCC92 – Tópicos Especiais I
2. Revisão da Literatura
2.1 O alumínio
O alumínio, apesar de ser o terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre,
o que favorece o seu uso em grande escala, é o metal mais jovem usado em escala
industrial. Mesmo utilizado milênios antes de Cristo, o alumínio começou a ser produzido
comercialmente há cerca de 150 anos. Sua produção atual supera a soma de todos os
outros metais não ferrosos. Esses dados já mostram a importância do alumínio para a
nossa sociedade. Antes de ser descoberto como metal isolado, o alumínio acompanhou a
evolução das civilizações. Sua cronologia mostra que, mesmo nas civilizações mais
antigas, o metal dava um tom de modernidade e sofisticação aos mais diferentes artefatos.
Hoje, os Estados Unidos e o Canadá são os maiores produtores mundiais de alumínio.
Entretanto, nenhum deles possui jazidas de bauxita em seu território, dependendo
exclusivamente da importação.
O alumínio, devido às suas propriedades, é utilizado em várias aplicações como
embalagens de alimentos e medicamentos, material estrutural na construção civil, na
indústria automobilística e aeronáutica, entre outros.
As propriedades que o tornam atraente para as diversas aplicações são baixo custo,
baixa densidade, elevada razão resistência mecânica/densidade e aparência.
O alumínio é obtido a partir da bauxita, a qual passa por processos de mineração,
refinação para a obtenção da alumina e então e então a redução da alumina em alumínio
metálico. Tal processo envolve um grande consumo de energia, cerca 15MWh por
tonelada de alumínio produzido.
Esta energia introduzida para sua obtenção na forma metálica representa também
sua elevada tendência a retornar ao estado oxidado. Após a redução do óxido em metal,
existem vários processos posteriores como: laminação, estampagem, extrusão, trefilação,
forjamento, soldagem e usinagem antes de seu uso final. Esses processos modificam a
estrutura do alumínio, portanto modificam também suas propriedades. Uma das
propriedades alteradas é a resistência à corrosão.
Figura 3 - Esquema de uma célula galvânica, no caso, de zinco e cobre e seus íons.
Figura 5 - Estátua da Liberdade, esquema de suas fixações entre revestimento externo e estrutura e seu
interior.
Figura 9 - Detalhes da corrosão por pites quando há dano na camada passiva protetora, em ambiente de
cloreto.
O ambiente também pode criar uma célula de aeração diferencial (uma gota de
água sobre a superfície de um aço, por exemplo) e a corrosão pode iniciar no local anódico
(centro da gota de água).
Para um ambiente homogêneo, a corrosão por pites é causada pelo material que
possa conter inclusões (o sulfeto de manganês, MnS, é o culpado principal para o início
da corrosão em aços) ou defeitos. Na maioria dos casos, tanto o ambiente como o material
contribuem para o início do pite.
“Bolhas” de ferrugem ou “tubérculos” no ferro fundido indicam que a corrosão
por pites está ocorrendo. Pesquisas evidenciaram que o ambiente dentro das bolhas de
ferrugem é quase sempre mais concentrado em cloretos e menor no pH (sendo pois mais
ácido) do que o ambiente externo. Isto leva a um ataque concentrado no interior dos pites.
Corrosão por pite também pode ajudar a iniciar corrosão sob tensão, como
aconteceu quando um único eyebar na Silver Bridge, na Virgínia Ocidental, matando 46,
em dezembro de 1967.
Figura 13 - A Silver Bridge, após o colapso, vista pelo lado de Ohio.
5 Discussões
Diversos autores realizaram trabalhos a respeito das ligas 2XXX e 7XXX, nas
quais são as ligas normalmente utilizadas na aeronáutica.
A série de ligas 2XXX tem como principal elemento de liga o Cu, e as principais
características desta família são: maior resistência (na têmpera T6), reduzida taxa de
propagação de trincas (na têmpera T4), resistência térmica e facilidade de usinagem.
Já a série de ligas 7XXX são aquelas que possuem maiores resistências mecânicas,
e são subdivididas em duas categorias: com ou sem adição de Cu.
As ligas com adição de cobre são as mais fortes de alumínio que podem ser
produzidas, em termos de resistência mecânica, na têmpera T6. São largamente utilizadas
na indústria aeroespacial, na fabricação de moldes para conformação de termoplásticos e
em estruturas onde se necessita de leveza e alta resistência mecânica.
5.1 Corrosão em ligas da série 2XXX
De acordo com Chen et al. (1996), a corrosão na liga é determinada pela
composição química e pelo tamanho dos IMs, em que os maiores provocam maior efeito
galvânico. A distribuição dos IMs também pode influenciar. Se estiverem distúrbios em
grupos, a corrosão localizada nas proximidades das mesmas pode expor ao eletrólito
partículas subjacentes, enfatizando o crescimento em profundidade do pite através de
novas nucleações e fusão dos mesmos.
Shao et al. (2003) observaram que mesmo após 2h de imersão em solução 0,01 M
de NaCl, a maioria dos IMs Al-Cu-Fe-Mn, bem como ao seu redor, permaneceram
intactas. Os resultados de EDS identificaram a presença de uma película de óxido na
superfície, inibindo a redução do oxigênio nestas partículas.
Blanc et al. (1997) observaram que a dissolução dos IMs ocasiona a redeposição
de Cu, diminuindo a resistência ao ataque localizado da liga 2024, especialmente na
presença de espécies agressivas para o Cu, que é o caso dos íons cloreto. Estes favorecem
a formação de micro pites na proximidade do metal redepositado. De acordo com
Palomino (2007) o efeito sobre a corrosão localizada é menos acentuado nos IMs com
comportamento anódico. Com a dissolução dos mesmos, o par galvânico desaparece,
devendo cessar a corrosão, a menos que condições necessárias para a propagação de pites
sejam estabelecidas no local de onde os IMs foram dissolvidos.
Queiroz et al. (2008) estudaram o efeito dos IMs sobre a resistência à corrosão da
liga 2024-T3 em duas concentrações de cloreto (0,6 M e 0,01 M). Mesmo na menor
concentração, o eletrólito foi altamente corrosivo para os IMs de Al-Cu-Mg, levando à
sua dissolução parcial e ao ataque da matriz ao redor, logo na primeira hora de imersão.
Mesmo sendo característico, o ataque localizado das ligas da série 2XXX, Huang
et al. (2016) compararam o impacto da corrosão uniforme sobre a liga 2024-T3 em relação
às ligas 6061-T6 e 7075-T6. A liga 20204 apresentou corrosão uniforme similar à da liga
7075, ambas menos resistentes que a liga 6061, cuja matriz é mais limpa e há ausência de
precipitados catódicos ativos.
De acordo com Campestrini (2002) a corrosão intergranular na liga 2024 está
relacionada com a formação de uma região empobrecida em Cu adjacente aos contornos
de grão, durante a precipitação preferencial dos precipitados ricos em Cu ao longo desta
região. Isto resulta na formação de par galvânico entre a zona empobrecida em cobre
(ânodo) e a matriz de Al e os precipitados mais nobre que atuam como cátodo, resultando
em dissolução preferencial ao longo do contorno do grão.
Wloka e Virtanem (2007) estudaram o comportamento eletroquímico e a corrosão
das ligas AA7010 e AA7349 e verificaram que os IMs ricos em Mg e Si atuam como
anodos em relação à matriz metálica, sendo rapidamente dissolvidos em água. No que diz
respeito à liga AA7010, os autores verificaram que as partículas Al7Cu2Fe atuam como
catodos locais, no qual ocorre a redução preferencial de O2 dissolvido em água, formando
íons OH-, resultando no aumento do pH local. De acordo com os autores as
heterogeneidades na interface matriz/IMs foram prejudiciais ao comportamento contra
corrosão.
6. Conclusão
O presente trabalho apresentou uma vasta informação a respeito do alumínio e
principalmente os diferentes tipos de corrosão.
O alumínio possui excelente condutividade elétrica e térmica (de 50% a 60% da
condutividade do cobre), elevada ductilidade (conformado com altas taxas de
deformação) e boa resistência à corrosão na maioria dos meios naturais, devido à
estabilidade da película fina de óxido, cuja espessura é de ordem de nanômetros.
Outra propriedade que faz do Al um metal atrativo para a indústria é a sua baixa
densidade (2,70 g/cm³), que representa aproximadamente um terço da densidade do aço
(7,83 g/cm³). Entretanto, pode-se dizer que a principal limitação quanto ao uso do Al
ocorre devido à sua baixa resistência mecânica quando puro (cerca de 90 MPa).
Estudos sobre a corrosão das ligas de alumínio-cobre da série 2XXX e as de
alumínio-zinco da série 7XXX são de considerável interesse devido à sua importância
tecnológica, porque são empregadas como matérias-primas para a fabricação do casco e
da fuselagem dos aviões civis e militares. Essas ligas de alumínio apresentam elevada
relação resistência mecânica/massa e constituem mais do 80% da massa das aeronaves.
Como é conhecida, a resistência mecânica do alumínio é comumente aumentada através
de processos de endurecimento por precipitação obtido pela adição de vários elementos
como cobre, zinco, magnésio, manganês, etc.
Quando as ligas de alumínio são utilizadas em componentes de aeronaves estão
sujeitas a esforços constantes que variam de intensidade e direção durante o voo. A
corrosão sob tensão (CST) é um modo de fratura comum das ligas 2XXX e 7XXX em
certas condições micro estruturais, originadas por tratamentos termomecânicos não
apropriados, que tem contribuído em mais de 90% das falhas em serviço. O mecanismo
responsável pela corrosão sob tensão (CST) das ligas de alumínio em um determinado
meio é, ainda, questão aberta. No entanto, a susceptibilidade à CST geralmente aumenta
com o teor de soluto, portanto, é importante controlar a composição química da matriz e
dos precipitados como meio de prevenção.
A indústria aeronáutica está constantemente à procura de materiais que ofereçam
benefícios em termos de redução de peso, desempenho e custo. Corrosão e fadiga em
ligas de alumínio são questões importantes na avaliação da vida útil em estruturas de
aeronaves e na gestão de frotas.
Portanto, falhas por corrosão podem ser evitadas quando a escolha dos materiais
e dos processos de fabricação são feitas de maneira adequada com a sua aplicação.
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