Conceitos Basicos Sobre Capacitores e Indutores
Conceitos Basicos Sobre Capacitores e Indutores
Conceitos Basicos Sobre Capacitores e Indutores
Conceitos B
asicos Sobre Capacitores e Indutores
(Basic Concepts About Capacitors and Inductors)
Resumo
Circuitos contendo capacitores ou indutores s~ao abordados sem o uso de equac~oes diferenciais
ou outros formalismos avancados. Atraves de analise dimensional e da comparac~ao entre
escalas de tempo envolvidas nos processos de carga, algumas caractersticas basicas desses
componentes s~ao discutidas.
Abstract
Circuits with capacitors and inductors are discussed without the use of diferencial equations
or other advanced formalism. Through dimensional analysis and comparison of the time
scales involved in the charge process, several basic characteristic of those components are
discussed.
1. Introduca~o 2. Capacitores
Quando trabalhamos com tens~oes ou correntes que Um sistema de dois condutores metalicos de formato
variam no tempo, em particular correntes alternadas, qualquer e isolados, chamados normalmente de placas,
dois dispositivos eletr^onicos ganham especial atenc~ao: constitui um capacitor. Carregar um capacitor signi-
o capacitor e o indutor. A import^ancia desses disposi- ca retirar uma certa quantidade de carga Q de uma
tivos na eletr^onica em geral e consagrada. Ao lado do das placas e deposita-la na outra e isso se consegue me-
resistor s~ao os elementos mais antigos, mais usados em diante a aplicac~ao de uma diferenca de potencial (ddp)
qualquer equipamento eletr^onico, e mesmo com a atual entre elas. Uma caracterstica notavel dos capacitores e
tend^encia de integrac~ao em larga escala, esses disposi- a linearidade entre a carga Q e a ddp V entre as placas:
tivos n~ao perdem sua import^ancia. S~ao insubstituveis
pelas suas proprias concepc~oes. Q = C V (1)
Vamos olhar para alguns aspectos interessantes des-
ses dispositivos. N~ao temos a pretens~ao de fazer uma Essa relac~ao dene a grandeza C, chamada de
teoria completa[1], mas antes a de dar uma descric~ao capacit^ancia, que e func~ao apenas das dimens~oes
simples de alguns processos envolvendo os mesmos. geometricas das placas, separac~ao das mesmas e do ma-
Como veremos, algumas das propriedades desses dispo- terial colocado entre elas. Quanto maior a area das
sitivos podem ser obtidas somente pelo uso de analise placas e menor a dist^ancia entre elas, maior a capa-
dimensional[2]. cit^ancia. A unidade de capacit^ancia e o Coulomb/volt
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que recebeu o nome de Farad, em homenagem a Michael a tens~ao no capacitor e aquela da bateria.
Faraday. E uma unidade muito grande e na pratica s~ao
utilizados capacitores com capacit^ancia nas escalas de
picofarad (pF) ate microfarad (F). Conforme o meio
material posto entre as placas do capacitor, denomi-
nado dieletrico, eles s~ao denominados de capacitores a
oleo, de papel, cer^amicos, de poliester, polistireno ou
eletrolticos. Cada tipo possui uma aplicac~ao especca,
dependendo do regime de frequ^encias dos sinais com
os quais ser~ao usados, e ha de se observar tambem a
maxima tens~ao que suportam sem romper o dieletrico. Figura 1
A func~ao principal desse meio dieletrico e aumentar a
capacit^ancia.
Para lembrar que um capacitor e constituido por
duas placas, seu smbolo e ;jj ; :
III. Indutores
Figura 3. Substituindo a bateria do circuito da Fig.(1) por Um indutor e essencialmente um o condutor enro-
um gerador de frequ^encia ! temos o comportamento acima lado em forma helicoidal. Pode ser enrolado de forma
para a tens~ao no capacitor Vc e para a tens~ao no resistor
VR : auto-sustentada ou sobre um determinado nucleo. Para
lembrar sua constituic~ao, o smbolo usado para induto-
Uma aplicac~ao desse circuito e na construc~ao de l- res e:
tros, que s~ao circuitos destinados a deixar passar ape-
nas um certo intervalo de frequ^encias. Por exemplo, se
nosso gerador fosse um amplicador de audio, desses Quando uma corrente circula por esse dispositivo
usados em equipamentos de som por exemplo, no ca- aparece um campo magnetico ao redor dele. Essa e a
pacitor teramos maior intensidade dos sinais de baixa chamada lei de Ampere, e e um efeito bem conhecido
frequ^encia (graves), enquanto no resistor teramos ape- que e a base do funcionamento de motores eletricos e
nas os sinais de alta frequ^encia (agudos). eletro im~as. O campo magnetico gerado acompanhara
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VL = ;L I
t : (7) Figura.4
tens~oes no indutor VL e no resistor VR como func~oes de ! cresca. A reat^ancia L tem dimens~ao de resist^encia.
!. Logo, deve ser da forma N ! L, onde N e uma cons-
No regime de baixas frequ^encias, isto e, grandes tante adimensional. Mas como para ! = !c devemos
perodos, a corrente e quase contnua, e esperamos que ter V0L = V0R teremos que a reat^ancia se reduzira a
o circuito se comporte como aquele ligado a uma ba- resist^encia, isto e,
teria. Ent~ao, nesse regime, a amplitude VL vai a zero.
Com isso a tens~ao do gerador e toda ela aplicada a R e L = R (em ! = !c ) (11)
temos a igualdade VR = V0 . Ent~ao, N !c L = R e usando a Eq.(9) obtemos N = 1:
Ja para altas frequ^encias, ou seja, perodos muito Assim, a express~ao para a reat^ancia indutiva e
menores do que o tempo necessario para o circuito rea-
gir a tens~ao aplicada, o circuito simplesmente n~ao con- L = ! L : (12)
segue reagir (e como se ele n~ao conseguisse se \carre-
gar"). Com isso a corrente vai a zero e com ela a tens~ao Resumindo, podemos dizer que para frequ^encias bai-
no resistor: VR ! 0. Toda a tens~ao do gerador, por- xas !L tudo se pass como se o indutor fosse um curto-
tanto, ca aplicada no indutor: VL ! V0 . A Fig. (6) circuito. Para frequ^encias altas, L e grande e tudo se
traduz esses resultados. passa como o se indutor fosse um circuito aberto.
Esse comportamento e exatamente oposto ao de um
capacitor. Isso faz com que os circuitos que conte-
nham juntamente capacitores e indutores possuam ca-
ractersticas muito interessantes. Um exemplo impor-
tante e o circuito que passaremos a descrever em se-
guida.
C. Circuito LC paralelo - corrente alternada
Vamos analisar a amplitude VLC da tens~ao entre os
terminais do indutor L ou do capacitor C do circuito
da Fig.(7). Para frequ^encias muito baixas, o capacitor
e, como vimos, um circuito aberto, enquanto o indutor
Figura 6. Com a bateria do circuito da Fig.(5) substituida e um curto-circuito. Logo, VLC 0. Para frequ^encias
por um gerador de frequ^encia !, as amplitudes da tens~ao no muito altas, o indutor e um circuito aberto e o capaci-
indutor VL e da corrente I no circuito comportam-se como
ilustrado acima. V0 e a amplitude da tens~ao no gerador e tor um curto-circuito. Logo, de novo, teremos VLC 0.
I0 = V0 =R: Compare essas curvas com aquelas da Fig.(3). A amplitude VLC e positiva por denic~ao e no maximo
sera igual a V0 . Assim, podemos prev^er o comporta-
Por analise dimensional, a frequ^encia !c para a qual mento esquematizado na Fig. (8) e concluir que VLC
as tens~oes VL e VR s~ao iguais, deve ser proporcional a tem um valor maximo em uma frequ^encia !r chamada
R=L e, de fato, pode-se deduzir rigorosamente que de frequ^encia de resson^ancia.
!c = R
L: (9)
Por analogia com o que zemos no circuito RC serie,
vamos denir uma grandeza chamada reat^ancia indu-
tiva, L , por meio da equac~ao
L = VI0L : (10)
0
Das curvas de VL e VR mostradas no graco anterior
conclui-se que L ! 0 para ! ! 0 e cresce a medida que Figura.7
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