Análise Financeira (Fes - BR Revistas) AG-2007-52

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ANALISE FINANCEIRA: UM ESTUDO COMPARATIVO DA ANÁLISE

DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ COM A ANÁLISE DINÂMICA DO


CAPITAL DE GIRO (MODELO FLEURIET).

Zenilda Alves1
2
José A Moura Aranha
Resumo

Este artigo tem como objetivo comparar os resultados provenientes da aplicação de


duas formas distintas de análise financeira utilizadas para avaliar empresas, o índice de
liquidez e a análise dinâmica do capital de giro. A análise comparativa se deu a partir da
aplicação dos indicadores sobre o balanço patrimonial da Lojas Renner S/A compreendido
entre o ano de 2004 a 2006. Para tanto se buscou através da pesquisa literária base explicativa
para a condução deste estudo comparativo, através do qual tornou-se possível a conclusão de
que o método de análise dinâmica do capital de giro, apresentou um crescimento mais
significativo do saldo de tesouraria e conseqüente redução da necessidade de capital de giro
enquanto que o índice de liquidez apresentou crescimento mais moderado.

Palavras-chave: Capital de Giro, Necessidade de Capital de Giro, Análise Dinâmica do


Capital de Giro e Liquidez.

INTRODUÇÃO

O objetivo principal deste estudo é comparar os resultados encontrados ao aplicar a


análise dos indicadores de liquidez e a análise dinâmica do capital de giro (modelo Fleuriet),
e conhecer as semelhanças e diferenças apresentadas por cada indicador.

O estudo comparativo serve de referência para análise das empresas que buscam
excelência em sua administração financeira, constantemente as empresas são avaliadas por
fornecedores, instituições bancárias, investidores ou outros órgãos que possuem algum tipo
de interesse e necessitam saber quão sólida é sua estrutura financeira ou patrimonial e se esta
possui uma administração financeira adequada.

Para alcançar o objetivo proposto, adotou-se os seguintes critérios metodológicos:


pesquisas bibliográficas, através de livros, busca de demonstrativo financeiro de uma
empresa disponibilizado pela internet do qual extraiu-se os dados e aplicou-se o teste para
obtenção dos indicadores.

1
Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande.
2
Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, pós-graduação
(especialização) em Perícia e Investigação Contábil, Financeira e Empresarial pela UCDB/INPG, mestre em
Ciências Contábeis e Atuarias pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, professor nos
cursos de graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande e do Centro
Universitário de Campo Grande – UNAES.
Diante deste contexto procurar-se-á, neste artigo fazer a comparação das duas formas
distintas de análise financeira e verificar as possíveis similaridades e diferenças apresentadas
por cada indicador.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O papel da contabilidade na gestão financeira das empresas


As constantes variações de mercado, os avanços tecnológicos, o aumento da carga
tributária, as exigências da ética, as causa naturais e os fatores de desenvolvimento social,
solicitam que o profissional contábil consiga através da contabilidade produzir prognósticos
sobre a riqueza organizada.

Segundo Iudícibus (1998) A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com


metodologia especialmente criada para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os
fenômenos que afetam as situações patrimoniais e econômicas de qualquer ente possui este
aspecto de prevenção dos riscos e a continuidade dos empreendimentos.

Com enfoque a definição dos objetivos da contabilidade dando ênfase ao processo de


coleta de dados e ao formato das demonstrações financeiras que Hendriksem e Van Breda
(1999 p.93) citam.

A divulgação financeira deve fornecer informações que sejam úteis para


investidores e credores atuais e em potencial, bem como para outros usuários
que visem a tomada racional de decisões de investimento, crédito e outras
semelhantes, as informações devem ser compreensíveis aos que possuem
uma noção razoável dos negócios e das atividades econômicas e que
estejam dispostos a estudar as informações com diligência razoável.

Considerando a formulação do autor acima, conclui-se que a informação financeira é a


base de sustentação das decisões, através desta pode-se verificar o passado e projetar o futuro
da organização, a demonstração financeira deve fornecer informações confiáveis sobre os
recursos econômicos e as obrigações de uma empresa.

Conforme Blatt (2001) as informações quantitativas produzidas através da


contabilidade deve proporcionar ao usuário a possibilidade de avaliar a situação e as
tendências da entidade com o menor grau de dificuldade possível. A precisão das informações
e o próprio desenvolvimento de aplicações práticas da contabilidade dependerão, sempre, da
observância e aplicação de seus Princípios.

Hendriksen e Van Breda (1999 p.99) é fundamental que seja feita uma distinção útil
entre dados e informações, para tanto ele relata a seguir:

Podemos definir “dados” como medidas ou descrições de objetos ou eventos.


Se esses dados já forem conhecidos, ou não interessarem à pessoa à qual são
transmitidos, não podem ser informação. Portanto, a informação pode ser
definida como um dado que representa uma surpresa para quem o recebe.
Além do mais, a informação deve reduzir incerteza, transmitir ao
responsável pela decisão uma mensagem com valor superior a seu custo, e
possivelmente evocar uma reação por parte do responsável pela decisão.

Considera-se que o sistema de informação contábil deve sempre interagir com todos
os departamentos da organização, a fim de fornecer informações conforme a necessidade de
cada um, somente através de conhecimento destas informações será capaz de implantar um
sistema de controle, execução e planejamento. Planejamento é uma ferramenta de extrema
importância na administração de uma organização, através do planejamento será possível
minimizar o risco, e as ações devem sempre ser pautadas de acordo com o planejado.

2.2 Inicio da aplicação da análise de balanço

De acordo com Matarazzo(1998) a análise de balanço surgiu dentro do sistema


bancário que foi seu principal usuário, em 1895 o Conselho Executivo da Associação dos
Bancos no estado de New York orienta a seus membros a pedir aos tomadores de empréstimo
declarações escritas e assinadas de seus ativos e passivos.

Matarazzo (1998) acredita que nessa época é pouco provável que existissem técnicas
analíticas que possibilitassem a medição quantitativa nos dados dos balanços, as idéias eram
vagas em relação ao que comparar. Com o passar dos anos foi se desenvolvendo a noção de
comparação de diversos itens sendo o mais comum o ativo circulate com o passivo circulante.
Em 1915, determinava o Federal Reserve Board (o Banco Central dos Estados Unidos) que só
poderiam ser renegociados os títulos de empresas que tivessem apresntado seu balanço ao
banco, medida instituiu o uso das demonstrações financeiras como base para a conceção de
crédito.

No Brasil até 1968 a análise de balanço era pouco utilizado na prática, nesse ano foi
criado a SERASA empresa que surgiu para operar como central de análise de balanços dos
bancos comerciais, onde este mesmo autor organizou sua parte técnica. Alguns dos índices
que surgiram inicialmente permanecem em uso até hoje, porém, as técnicas foram
aprimoradas, refinadas e tornaram-se objeto de estudos; fazem parte delas , hoje, avançados
conhecimentos de estatística e matemática, conforme afirmação de Matarazzo (1998).

De acordo com Viceconte(2001) a análise de balanço estuda a situação patrimonial da


entidade, através da decomposição, comparação e interpretação do conteúdo das
demonstrações contábeis, a fim de obter informações analíticas e exatas sobre a situação geral
da empresa.

A partir do exposto acima conclui-se que o diagnóstico de uma empresa quase


sempre começa com uma rigorosa análise de balanços, cuja finalidade é determinar quais são
os pontos críticos e permitir, de imediato, apresentar um esboço das prioridades para a
solução de seus problemas. Através da análise do balanço é possível ainda obter-se uma visão
da estratégia e planos da empresa estimando seu futuro, suas limitações e suas
potencialidades.

3 Análise através dos índices

De acordo com Matarazzo (1998) índices são dados extraído da relação entre contas
ou grupo de contas do balanço patrimonial, sobre os quais são aplicadas técnicas de análise, a
fim de fornecer uma visão ampla da situação econômica e financeira das empresas, através
destes podemos construir um quadro de avaliação das empresas.

Segundo SILVA et al (1998) analisar as demonstrações contábeis consiste em


comparar os valores de determinadas operações e períodos de modo que se possa ter uma
visão do passado a fim de projetar e programar o futuro, a simples comparação já permite
analisar o crescimento ou não de determinados itens patrimoniais.

Para Matarazzo (1998 p.153) “um índice é como uma vela acessa num quarto escuro”.
Segundo este autor um índice por sí só não fornece base suficiente para uma análise
satisfatória mas serve de medida para diversos aspectos econômico e financeiro das
empresas, faz se necessário, porém, que mais informações sejam acrescentadas, o importante
não é o cálculo de um grande número de índices, isso vai depender da profundidade de
análise que se queira realizar, os índices extraídos dos balanços patrimoniais devem ser
comparados a um índice padrão adotado para cada ramo da atividade específica, desta forma
permite ao analista comparar o desempenho da empresa em relação ao mesmo segmento.

De acordo com Hermann JR (1980) a análise do capital pode ser destinado a verificar
tanto sua potencialidade financeira quanto econômica, a primeira por ocasião do estudo da
liquidez financeira é mais utilizada quando da finalidade de análise para fornecimento de
créditos a segunda é utilizada principalmente para informações da própria administração que
avalia a rentabilidade de seu capital, porém análise financeira e econômica se completam e
para fornecerem dados mais amplo devem ser examinadas em conjunto.

Segundo Matarazzo (1998) O índice de liquidez é o termômetro que mede quão sólida
é a base financeira da empresa, conseqüentemente a empresa com uma base sólida dispõe de
condições muito favoráveis para honrar seus compromissos, porém não dá uma garantia de
que o pagamento das dívidas ocorra no prazo acertado.

Observa-se que através do estudo analítico dos índices, pode-se avaliar a tendência
patrimonial e financeira da organização, muito embora exista o risco do imprevisto, pode-se
afirmar, com certa margem de segurança, qual a tendência que está sendo evidenciada.

3.1 Indicadores tradicionais de liquidez

Assaf Neto (2000) apresenta quatro indicadores de liquidez que evidenciam a situação
financeira de uma empresa diante dos seus vários compromissos financeiros, índices de
liquidez imediata, indice de liquidez seca, índice de liquidez corrente e índice de liquidez
geral a seguir a representação de cada índice segundo este autor:

Ativo Disponível
O índice de liquidez imediata = , revela a porcentagem das
Passivo Circulante
dívidas a curto prazo que tem possibilidade de serem liquidadas imediatamente com os
recursos proveniente das disponibilidades.

Ativo Circulante − Estoque


Quanto ao índice de liquidez seca = , mostra a
Passivo Circulante
porcentagem de dívidas de curto prazo em condições de serem saldadas utilizando todo o
disponível, com excessão do estoque e das despesas antecipadas, ou seja considera a
disponibilidade em caixa e banco e valores a receber, dividida pelo passivo circulante.
Ativo Circulante
O índice de liquidez corrente = , compreende a divisão entre os
Passivo Circulante
valores alocados no ativo circulante pelos valores do passivo circulante, quanto maior este
índice maior é a capacidade da empresa financiar suas necessidades de capital de giro.

Ativo Circulante + Realizável a LongoPrazo


No índice de liquidez geral , fica
Passivo Circulante + Exigível a LongoPrazo
demonstrado a liquidez tando a curto como a longo prazo, este índice revela de forma geral
quanto a empresa possui de direitos e haveres para cada $ 1,00 real de dívida.

Entende-se a partir da explicação deste autor que os índices mostram que neste
momento, quando ocorreu avaliação, a empresa apresenta uma situação equilibrada,
favorável ou impossibilitada para saldar total ou parcialmente, se preciso for, seus
compromissos financeiros, muito embora, diversos fatores podem alterar, a qualquer instante,
e comprometer determinado resultado, como por exemplo, ocorrência de um sinistro, e
conseqüente perda de estoque, ação indenizatória ajuizada por terceiros dentre outros, tais
ocorrências alterariam a composição do resultado obtido.

Tabela I – Indicadores de Liquidez

Indicadores de Liquidez

ano Imediata Seca Corrente Geral

2006 0,45 1,21 1,40 1,39

2005 0,56 1,43 1,62 1,61

2004 0,29 1,36 1,57 0,97

Fonte: A Autora.

Analisando o desempenho apresentado conforme tabela I, observa-se que o índice de


liquidez imediata revela que esta empresa não possui disponibilidade financeira suficiente
para saldar seus compromissos de curto prazo utilizando apenas os recursos disponíveis, ou
seja, para cada $ 1,00 (um real) de dívida de curto prazo ela possui aproximadamente
0,43(quarenta e três centavos) de disponibilidade. Por outro lado, fica evidente uma discreta
folga financeira após análise da liquidez corrente e liquidez geral.
3.2 Importância relativa de cada índice

Segundo Matarazzo (1998) a importância que se dá a determinado resultado obtido


através dos índices depende do peso que se atribui a cada um, e esse peso apesar de se aplicar
técnicas matemáticas e estatísticas ainda não superam, em termos de emprego de massa, a
opinião dos analistas quanto a importância dos índices.

A atribuição de pesos pode adquirir contornos altamente científicos, porém não deixa
de ser algo altamente intuitivo, a importância de cada índice depende, evidentemente, de
quem é o usuário, para um banco o índice mais importante provavelmente seja o de
rentabilidade do ativo, já para o acionista é provável que o de maior importância seja o de
rentabilidade do Patrimônio Liquido, segundo afirma Matarazzo (1998).

Para Iudícibus (1998) embora a análise das demonstrações de uma empresa forneça
uma boa idéia de sua situação geral, podem existir alguns aspectos da empresa não
evidenciados por esta análise, a exemplo uma empresa trabalhando com capacidade ociosa
crônica de seus equipamentos, e ainda assim conseguem rentabilidade, para um estudo
econômico e financeiro mais completo da empresa é necessário que seja incluída outras
análises.

De acordo com Viceconti (2001) alguns aspectos podem ficar encobertos numa
simples análise dos demonstrativos, como a capacidade ociosa de máquinas e equipamentos e
também a análise de tendência dos resultados (se o desempenho da empresa no decorrer o
período analisado está se desenvolvendo de forma satisfatória ou não) e, ainda a comparação
com outras empresas do mesmo ramo e porte a fim de verificar se o índice obtido pela
empresa está na média, abaixo ou acima dela.

Observa-se que a apuração de vários índices referente a um mesmo período, oferece


conclusões bastante limitadas, esses índices devem ser comparados com índices de outros
períodos para que o analista possa observar a evolução dos dados através do tempo,
importante também é que estes dados estejam de acordo com a média do setor, a comparação
com índices padrão é uma forma de avaliar a posição da empresa em relação ao setor em que
atua.

Matarazzo (1998) revela que nem sempre um índice de liquidez corrente mais alto
aponta para uma situação financeira melhor, por isso deve se associar o grau de confiabilidade
atribuída a cada índice. O peso indica a importância de cada índice, quanto maior o peso
maior a importância.
Nesse sentido Matarazzo (1998, p.231) diz que “espera-se de qualquer análise baseada
num conjunto de índices que estes sejam capazes de distinguir as empresas saudáveis
daquelas com as quais os negócios devem ser evitados”.

4. Análise dinâmica do Capital de Giro

Levando-se em conta a turbulência do ambiente econômico pelo quais as empresas


participam, foi necessário buscar o desenvolvimento de uma análise financeira, no qual o
comportamento dos elementos patrimoniais de curto prazo seria avaliado de forma dinâmica e
não com base em relações estáticas como proposto pela análise financeira tradicional. Esta
nova abordagem foi feita, pelo estudioso francês Fleuriet (2003).

Para utilizar o modelo dinâmico de análise financeira é necessário classificar as contas


do balanço patrimonial em ativos circulantes e não circulantes e o grupo dos ativos circulantes
em ativos circulantes financeiros (erráticas) e ativos circulantes operacionais (cíclicos),
mesmo por que deve ser considerado o tempo que leva para uma empresa realizar o seu giro
de capital, completar uma rotação.

Este método segundo Fleuriet (2003) considera que a classificação de certas contas
está relacionada ao seu modo de movimentação, se de forma lenta, mesmo sendo classificada
como uma conta de curto prazo, pode ser considerada como permanente ou não cíclicas.
Outras contas têm relação direta com o ciclo operacional da atividade e apresentam um
movimento contínuo (estoque, clientes, fornecedores etc.). E as contas que não tem relação
direta com a atividade e apresenta movimento descontínuo e aleatório (disponível, títulos
negociáveis, duplicatas descontadas etc.). O balanço esquemático representado abaixo no
quadro 2 mostra as contas classificadas de acordo com sua movimentação.
Quadro 2 – Os Ciclos no Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO

Circulante Circulante
Contas Erraticas

Contas Erraticas
Numerário em Caixa Duplicatas Descontadas

Banco com Movimento. Empréstimos Bancários a

PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO CIRCULANTE

Títulos e Valores Mobiliarios etc. Curto Prazo etc.

Duplicatas a receber, Fornecedores de


Contas Ciclicas

Contas Ciclicas

Estoque de Produtos Acabados, Matérias-primas etc.

Estoque de Produção

em Andamento

Estoques de matérias-primas etc.


Contas não Cíclicas

Contas não Ciclicas

PASSIVO NÃO

Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo


CIRCULANTE

CIRCULANTE
ATIVO NÃO

Empréstimo de terceiros Empréstimos Bancários

Títulos a Receber etc. a Longo Prazo

Financiamentos etc.
Permanente Patrimônio Líquido

Investimentos Capital Social

Imoblizado Reservas

Diferido

Fonte: Fleuriet ( ano 2003 pag. 8)

Observa-se que as contas erráticas representam operações de natureza financeira, que


não estão diretamente relacionadas com o ciclo operacional da atividade da empresa, são
recurso utilizados para suprir a necessidade de capital de giro, quando este não é gerado o
suficiente com as operações normais da empresa.

Matarazzo (1998) para determinar a necessidade de capital de giro classifica o ativo


circulante em operacional e financeiro, operacional é o investimento que decorre
automaticamente do processo da atividade de compra, produção, estocagem e venda da
empresa, enquanto que o passivo operacional são os recursos de financiamento que também
originam automaticamente da atividade da empresa.

Segundo Fleiriet (2003) a diferença positiva de recursos entre o ativo cíclico e o


passivo cíclico forma a necessidade de capital de giro, onde:

NCG = Ativo Cíclico - Passivo Cíclico

De acordo com Matarazzo (1998) quando o Ativo Circulante Operacional for maior
que o Passivo Circulante Operacional, ocorre uma necessidade de Capital de Giro, e a
empresa deve buscar novas fontes de financiamento, e se o Ativo Circulante Operacional for
menor que o Passivo Circulante Operacional, sobram recursos das atividades operacionais, a
empresa possui mais financiamento do que investimento.

Conclui-se que NCG é exatamente aquilo que o financiamento operacional não


cobre, ou seja a falta de financiamento decorrente da própria atividade da empresa., daí o
motivo para que as empresas busquem outras fontes de financiamento, o valor da necessidade
de capital de giro – NCG, revela o montante necessário de recursos que a empresa necessita
para manter o giro dos negócios.

Aplicação do método dinâmico de análise, segundo Fleuriet(2003) esta análise


permite avaliar se a empresa terá condições de saldar suas dívidas na data do vencimento, esta
probabilidade é capaz de ser prevista para empréstimos com prazos menores de dois anos, o
analista deve buscar evidencias de que na época do vencimento o saldo de tesouraria será
suficiente para garantir o reembolso, como o ativo e o passivo errático são contas de natureza
aleatória fica difícil precisar sua composição futura, mas a variação do saldo de tesouraria
depende das variações do capital de giro e da necessidade do Capital de Giro.

Tabela II - Analise Dinâmica do Capital de Giro

Analise Dinâmica do Capital de Giro

ano NCG T CDG

2006 106631 143958 250589

2005 134532 171205 305737

2004 156246 41440 197686

Fonte: os Autores

No quadro acima o índice NCG apresentou valor positivo nos três últimos anos, ou
seja, a aplicação do capital de giro foi maior que a fonte de recursos do ativo cíclico, a
empresa precisou buscar recursos não cíclicos para financiar sua aplicação de capital.

O índice Tesouraria também apresentou resultado positivo, com uma tendência de


crescimento em relação ao ano de 2004 isto evidencia que a empresa possuía aplicações
financeiras em curto prazo, caracterizando uma posição de folga financeira.

O Capital de Giro demonstrou valores positivos nos três anos analisados, evidenciando
a existência de capital de giro próprio nos financiamentos das operações.
5. Considerações finais

O presente artigo visa comparar os indicadores de liquidez com a análise dinâmica do


capital de giro. A análise foi feita utilizando a aplicação dos índices tradicionais de liquides e
a análise dinâmica do capital de giro que possibilitou medir as variáveis NCG - Necessidade
de Capital de Giro, T-Tesoura e CGD - Capital de Giro.

Pelas informações extraídas dos índices financeiros calculados, verificou-se através


da análise do índice de liquidez um discreto aumento nos índices de liquidez imediata, seca,
corrente e geral em relação ao primeiro ano. Enquanto que ao analisarmos o quadro II,
Análise Dinâmica do Capital de Giro foi possível observar uma recuperação mais importante
em relação ao primeiro ano analisado, diante dessa premissa, observa-se que esta segunda
forma de análise mostra com maior evidência, ou seja proporciona uma ênfase maior na
condição financeira da empresa o que pode ser constatado através de seus demonstrativos
financeiros, pois esta apresentou um crescimento no volume de suas aplicações financeiras o
que confirma o aumento do saldo em tesouraria.

REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços, Um Enfoque Econômico
Financeiro, São Paulo: Atlas 2000.

______; SILVA, César A. T., Administração do Capital de Giro, São Paulo, Atlas, 1997.

BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO –BOVESPA Demonstrações contábeis da empresa


Renner S/A disponível em: http://www.bovespa.com.br/Principal.asp, acesso em 15 de junho
de 2007, 07:40:00.

FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo; BLANC, Georges. O Modelo Fleuriet A Dinâmica


Financeira das Empresas. Rio de Janeiro: Vozes 2003.

HENDRIKSEN, Élson S. e BREDA, Michael F. Van. Teoria da Contabilidade. São Paulo:


Atlas, 1999.
HERRMANN JR., Frederico, Análise de Balanços para a Administração Financeira, São
Paulo, Atlas, 1980.

IUDICIBUS, Sergio de. Analise de Balanço, Análise da Liquidez e do Endividamento


Análise do Giro, Rentabilidade e Alavancagem Financeira. São Paulo, Atlas, 1998.

MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanço, Abordagem Básica e Gerencial, São


Paulo: Atlas 1998.

SILVA, Daniel S.; GODOY, José A.; CUNHA, José X,; NETO Pedro C. Manual de
Procedimentos Contábeis para Micro e Pequenas Empresas, Brasília, Sebrae, 1998.

VICECONTI, Paulo E. V., NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada e Análise das
Demonstrações Financeiras. São Paulo, Frase, 2001.

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