Rel. 3 - Pêndulo Simples e Físico - MHS

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Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Campus de Araraquara

PÊNDULO SIMPLES E FÍSICO


MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES
Laboratório de Física II
Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia

Araraquara
2018

1. Introdução

O movimento oscilatório é aquele que se dá a intervalos regulares. Esse tipo


de movimento está mais em nossas vidas do que podemos imaginar como, por
exemplo, a corda de um violão, o movimento das ondas no mar ou um pêndulo de
relógio. Como são movimentos periódicos, dependem de uma frequência e de uma
amplitude, já que este movimento tem um deslocamento fixo, que se caracteriza por
uma função harmônica, seno ou cosseno, assim como suas funções derivadas
(velocidade e aceleração).Quando o movimento é realizado com ângulos pequenos,
é possível aproximá-lo ao movimento harmônico simples e assim utilizar suas
equações para os cálculos.
O pêndulo simples é um sistema que consiste em uma massa presa a um fio
flexível e inextensível, com comprimento L, que oscila após ser solto de uma certa
amplitude e ângulo em relação ao seu repouso:

Figura 1​: Pêndulo simples e esquema de forças

Sabemos que para movimento de rotação o módulo do torque é dado por:

τ =− mgsen(θ)L

e de forma análoga a segunda lei de newton para translação ( F r = ma ) ​o torque


também pode ser dado por:

τ = Iα
Ou seja:

I α =− mgsen(θ) ,

de onde tiramos que

d²θ −g
α= dt² = L sen(θ)

Em casos em que o ângulo θ for pequeno, é possível aproximar o movimento

pendular a um movimento harmônico simples pois sen(θ) ≃ θ , como pode ser


demonstrado na tabela abaixo:

Ângulo em graus Ângulo em radiano Seno

0º 0 0

5º 0,0872 0,0871

10º 0,1745 0,1736

​ ​Tabela 1​: Ângulos e senos

Dessa forma podemos fazer a aproximação:


d²θ −g −g
dt² = L sen(θ) ≃ L θ

Equação 1​: aproximação sen ( θ ) para θ

E assim utilizar as equações horárias do MHS:

θ(t) = θm cos(ωt + Φ)

dt
=− ω θm sen(ωt + Φ)

d²θ −g
dt²
=− ω ²θm cos(ωt + Φ) = L θ onde:

−g
− ω² = L
e

θm cos(ωt + Φ) = θ
Assim:

g
ω=
√ L


Considerando que ω = T é possível encontrar o período:


L
T = 2π g

Equação 2:​ Período em função de L e g

Temos também o pêndulo físico, também chamado de pêndulo real que


difere por ter uma distribuição de massa diferenciada, já que não se trata mais de
uma massa pontual e o eixo de rotação não é mais no centro de massa, e sim uma
distância L do eixo ao centro de massa. Um pêndulo físico genérico é representado
pela imagem abaixo:
Figura 2​: Pêndulo físico e esquema de forças

No modelo utilizado em sala de aula, uma barra homogênea, o seu momento


de inércia é dado pelo Teorema dos eixos paralelos, cuja fórmula é I = I cm + mD2 ,
sendo D a distância entre o centro de massa e o eixo de rotação (L/2). Os cálculos
do momento de inércia no caso da barra foram feitas com base em fórmulas
conhecidas para o caso da barra homogênea:

2
I = I cm + mD
2 2 2
ML ML ML
I= 12
+ 4 = 3
Equação 3:​ Momento de inércia para uma barra homogênea

Para calcular a aceleração do pêndulo físico, utilizamos a mesma


aproximação de sen(θ) ≃ θ , assim, temos:

τ =− mgsen(θ)D
I .α =− mgsen(θ)D
−mgD
α= I .sen(θ)
Usando a aproximação deduzida anteriormente, sen(θ) ≃ θ , temos:

−mgD
α= I .θ
2 −mgD
d θ
dt2
= I .θ

Mas, sabemos que

θ(t) = θm .cos(wt + Φ)

e que
2
d θ
=− w2 .θm .cos(wt + Φ) ,
dt2

−g
e também substituímos​ − w 2 por
D ,​ pois

w= T ,

e​ ​ θm .cos(wt + Φ) por​ θ ​devido a nossa aproximação anterior. Assim, temos:


mgh

I
w= I ⇔ T = 2π mgh

2. Objetivos

Determinar a aceleração da gravidade local (g) e o momento de inércia de


uma barra girando fora do centro de massa I b .
3. Materiais e Métodos

3.1. Materiais utilizados:


3.1.1 Suporte de ferro
Seu principal objetivo é sustentar todos os tipos de materiais para o
laboratório, consiste em uma placa de ferro e uma barra, onde se acoplam os
materiais.
3.1.2 Fio inextensível
Para evitar deformações que provocaram maiores erros, utiliza-se um fio
inextensível.
3.1.3 Transferidor
Transferidor é um instrumento utilizado para medir ângulos. seu uso é
diversificado, sendo empregado na educação, matemática, engenharia, topografia,
entre outros, mas deve-se ressaltar que tal aparelho depende da manipulação da
pessoa que está fazendo o estudo, sendo assim suscetível a erros de operação
3.1.4 Régua/ Trena
Instrumento empregado para medir segmentos de retas e distâncias
pequenas, mas, assim como o transferidor está suscetível a erros de operação.
3.1.6 Multicronômetro digital e sensor
Utilizado para cronometragem de eventos e diversos equipamentos

3.2 Procedimentos:

3.2.1.Ajustes
Configuramos o multicronômetro para calcularmos o período de 10
oscilações, ajustamos o tamanho do fio para 10 cm o ângulo para 5 graus.
Depois de concluído aumentamos o grau para 10 e depois 20 graus. Após a
realização do experimento com o fio com 10 cm aumentamos de 10 em 10 cm e
realizamos o mesmo procedimento.
Após feito o experimento com o fio passamos a uma barra de acrilico, dessa
vez apenas variamos seu ângulo, 5 graus inicialmente, depois 10 e por fim 20 graus,
cada procedimento foi realizado três vezes.

3.2.2 Testes
Liberamos o corpo preso pelo fio com um ângulo de 5 graus tres vezes,
depois a 10 e finalmente a 20 graus. O mesmo foi realizado quando variado o
tamanho do fio para 20, 30, 40 e 50 cm
Com a barra de acrílico, fizemos processo semelhante, oscilamos-a com
ângulo de 5 graus, 10 e 20, todas em triplicata

4. Resultados e Discussão

4.1 Pêndulo Simples

4.1.1 Obtenção dos valores do período de rotação.

Para medir as oscilações foi usado o fio esticado em comprimentos de 10, 20, 30, 40
e 50 cm e com variação no ângulo em cada comprimento de 5, 10 e 20 graus.

Ângulo(graus) Período(s)

5° 0,6732

5° 0,6684

5° 0,67885

10° 0,6783

10° 0,6785

10° 0,67785

20° 0,68345
20° 0,6837

20° 0,68135

Tabela 2: ​Valores do período e ângulo para o fio de 10cm

Ângulo(graus) Período(s)

5° 0,93175

5° 0,9328

5° 0,93315

10° 0,9344

10° 0,9337

10° 0,9336

20° 0,93755

20° 0,938

20° 0,93715

Tabela 3: ​Valores do período e ângulo para o fio de 20cm.

Ângulo(graus) Período(s)

5° 1,12045

5° 1,1218

5° 1,12215

10° 1,12555

10° 1,12485

10° 1,12435
20° 1,1342

20° 1,13315

20° 1,1306

Tabela 4: ​Valores do período e ângulo para o fio de 30cm.

Ângulo(graus) Período(s)

5° 1,2978

5° 1,298

5° 1,29595

10° 1,3004

10° 1,30175

10° 1,30095

20° 1,30885

20° 1,30875

20° 1,30845

Tabela 5: ​Valores do período e ângulo para o fio de 40cm.

Ângulo(graus) Período (s)

5° 1,4318

5° 1,4316

5° 1,42755

10° 1,431

10° 1,4318
10° 1,4304

20° 1,4381

20° 1,4409

20° 1,43895

Tabela 6:​ Valores do período e ângulo para o fio de 50cm.

4.1.2 Determinação da gravidade

A partir da média dos períodos obtidos, ao quadrado, em cada ângulo,


monta-se um gráfico:

L 2
T

0,1 0,45358

0,2 0,869681

0,3 1,257687

0,4 1,682858

0,5 2,045806

Tabela 7: ​Valores da média do período ao quadrado e comprimentos do fio para 5°


Gráfico 1: ​Comprimento do fio e período ao quadrado para 5°

Pelo gráfico obtivemos a equação da reta de y = 3, 9976x + 0, 026

assimilando- se a ​equação 2​ (após elevada ao quadrado):

2

g = 3, 9976

g 1 = 9, 875 m/s2

Repetindo as operações para 10°:

L T²

0,1 0,459978

0,2 0,872169

0,3 1,265438

0,4 1,692688

0,5 2,047952

Tabela 8:​ Valores da média do período ao quadrado e comprimentos do fio para 10°
Gráfico 2: ​Comprimento do fio e período ao quadrado para 10°

Repetindo o procedimento anterior do MMQ do gráfico


2

g = 3, 9965
g 2 = 9, 878 m/s2

Repetindo as operações para 20°, temos:

L T²

0,1 0,466261

0,2 0,879031

0,3 1,282896

0,4 1,712652

0,5 2,071632

Tabela 9:​ Valores da média do período ao quadrado e comprimentos do fio para 20°
Gráfico 3: ​Comprimento do fio e período ao quadrado para 20°

2

g = 4, 0444
g 3 = 9, 762 m/s2

4.1.3. Cálculo do erro pêndulo simples:

4.1.3.1. Ângulo de 5 o​​ :

Como calculado anteriormente, para o ângulo de 5 o​​ , obteve-se um valor de


g = 9,875 m/s​2​. Considerando a gravidade descrita na literatura como g = 9,80665
m/s​2​, pode-se calcular o erro:
|teórico − experimental|
erro = teórico

erro = 6, 96 x 10−3

4.1.3.2. Ângulo de 10 o​​ :

Como calculado anteriormente, para o ângulo de 10 o​​ , obteve-se um valor de


g = 9,878 m/s​2​. Considerando a gravidade descrita na literatura como g = 9,80665
m/s​2​, pode-se calcular o erro:
|teórico − experimental|
erro = teórico
erro = 6, 96 x 10−3

4.1.3.3. Ângulo de 20 o​​ :

Como calculado anteriormente, para o ângulo de 20 o​​ , obteve-se um valor de


g = 9,762 m/s​2​. Considerando a gravidade descrita na literatura como g = 9,80665
m/s​2​, pode-se calcular o erro:
|teórico − experimental|
erro = teórico

erro = 7, 27 x 10−3

​Com relação à média e o desvio padrão das gravidades experimentais dos


três ângulos, obteve-se um valor de g = 9,838 ± 0,066. Utilizando o valor da
gravidade teórico como g = 9,80665 m/s​2​, calcula-se:
|teórico − experimental|
​ erro = teórico

erro = 4, 55 x 10−3
Como pode ser observado, o erro do valor da gravidade obtido
experimentalmente, considerando-se o valor médio, é bem pequeno em relação ao
valor descrito pela literatura, erros esses consequências de falhas na coleta dos
dados experimentais, como a dificuldade em acertar com precisão os ângulos no
transferidor na hora de soltar o pêndulo, este estar torto e a oscilação não ser
alinhada e erro na medição de comprimento do fio com a régua, e pequenas
aproximações que foram realizadas durante os cálculos.
Além disso, uma aproximação importante que deve ser considerada na fonte
dos erros é a que é utilizada para pequenos ângulos e utilizados na fórmula do MHS
(​equação 1​). Devido a essa aproximação, podemos concluir também que se é
esperado menor exatidão no valor da gravidade experimental quando considerados
os ângulos maiores. Assim, podemos observar que o erro do valor obtido com o
ângulo de 5 o​ deveria ser o menor de todos, e inclusive é menor que o erro do
ângulo de 10 o​​ . Entretanto, o erro experimental no valor da gravidade do ângulo de
20 o​​ , o qual deveria ser o maior entre todos os calculados, considerando-se a
aproximação do seno acima, foi o menor. Isso deve-se a erros na coleta de dados,
visto que o experimento quando realizado com 20 o​ foi mais preciso, pois o ângulo
era mais fácil de ser localizado no transferidor e quando solto, o pêndulo tinha uma
oscilação mais alinhada quando comparado aos outros dois ângulos do
experimento.

4.2. Pêndulo Físico

4.2.1. Obtenção dos valores do período

Para a obtenção dos valores de período utilizamos a barra fixa em oscilações


de 5, 10 e 20 graus. A seguir, encontra-se a tabela de períodos e ângulos para 5º:

ângulo (em graus) período (em segundos)

5 1,15245

5 1,1517

5 1,1511

Tabela 10:​ Valores de período para 5 graus

Obtém-se, assim, um valor de em média ​1,15175 segundos.

ângulo (em graus) período (em segundos)

10 1,15395

10 1,15225

10 1,153

Tabela 11:​ Valores de período para 10 graus

Obtém-se, assim, que a média do período em 10 graus é ​1,153066667


segundos.

Ângulo (em graus) Período (em segundos)

20 1,1595

20 1,1599
20 1,1586

Tabela 12: ​Valores de período para 20 graus

Obtendo-se, assim, uma média de ​1,159333333 segundos.

4.2.2: Cálculo do erro dos momentos de inércia:

Adotando momento de inércia (​equação 2 e 3​) e usando os períodos


calculados anteriormente, T 1 = 1, 1517, T 2 = 1, 1531 e T 3 = 1, 1593 , como :


I
T = 2Π mgh
2
T ²mgh ML
I= 4π²
​​
e I= 3
Considerando:

m = 0, 08213 kg
m
g = 9, 8 s²

h = 0, 25m
Temos, assim, o momento de inércia teórico:
2
ML 0,08213.0,52 −3
I= 3 = 3 = 6, 844.10 kg.m2 ou 0, 006844 kg.m2

4.2.2.1: Ângulo de 5º:

Primeiramente, calcula-se o momento de inércia:

T = 1, 1517 s
(1,1517)².0,08213. 9,8. 0,25
I= 4π²
= 6, 76.10−3 kg.m²
Em seguida, calcula-se o erro:
|0,006844−0,00676|
E= 0,006844 = 0, 0123

4.2.2.2: Ângulo de 10º:

Primeiramente, calcula-se o momento de inércia:

T = 1, 1531 s
(1,1531)².0,08213. 9,8. 0,25
I= 4π²
= 6, 77.10−3 kg.m²
Em seguida, calcula-se o erro:

|0,006844−0,00677|
E= 0,006844 = 0, 0108

4.2.2.3: Ângulo de 20º:

Primeiramente, calcula-se o momento de inércia:

T = 1, 1593 s
(1,1593)².0,08213. 9,8. 0,25
I= 4π²
= 6, 85.10−3 kg.m²
Em seguida, calcula-se o erro:
|0,006844−0,00685|
E= 0,006844 = 0, 00876
5. Conclusão

Conclui-se que a gravidade pode ser medida através de uma operação


simples com um pêndulo, medindo o comprimento de seu fio e o período de
oscilação. Os valores calculados neste relatório, apesar de ter inúmeras fontes de
incertezas, foi bem próximo do valor teórico, 9,8 m/s². Assim, pode-se afirmar que o
MHS para ângulos pequenos é, sim, uma boa aproximação para este caso.
Quanto aos erros calculados, observa-se que o erro foi menor conforme os
ângulos aumentam,devido a um erro de operação, visto que, é muito mais fácil
marcar ângulos maiores em um transferidor em ângulos pequenos, tais como 5 e 10
graus. Outro fator que colaborou com esses valores decrescentes de erro foi
considerar g (aceleração da gravidade) como 9,8 m/s², valor teórico. Além disso,
erros de medidas de comprimento do fio, o alinhamento ao soltar os corpos e as
próprias incertezas atribuídas aos instrumentos (como cronômetro, régua, trena e
balança) ajudam a desviar o valor do teórico.
6. Referências Bibliográficas

1. HALLIDAY, D.; RESNICK, R​. Física II. 4.ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e
Científicos. v.2. cap.15.

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