A Constituição Septenária Do Ser Humano

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A Constituição Septenária do Ser

Humano.
O ser humano é muito mais do que um corpo físico, como se tem
demonstrado em situações em que emoções, atitudes e saúde interagem.
Os seus sentimentos, pensamentos e espiritualidade têm um papel
específico dentro da sua constituição. Por milhares de anos, as tradições
orientais já descreviam isso em detalhes.

Os corpos do Ser

A constituição septenária, ensinada pela filósofa russa H. P. Blavatsky,


baseia-se no conhecimento de tradições como a hindu e do conhecimento
da natureza humana para se tornar uma ferramenta que nos ajuda a
compreender as diferentes dimensões do nosso ser. Embora, com o
objectivo de facilitar a aprendizagem, se estabeleça uma divisão entre os
diferentes corpos que conformam a nossa existência, todos os planos
desenvolvem a sua função e se inter-relacionam. O estudo da
CONSTITUIÇÃO SEPTENÁRIA é um exemplo claro daquilo que a
metafísica oriental nos pode oferecer.

A metafísica da Índia considera o ser humano como uma globalidade


integrada ao universo, sem que tal seja um impedimento para
esquematizar e diferenciar as várias dimensões do nosso ser, desde as
mais espirituais e subtis até às mais materiais e densas, algumas divisões
longe de estabelecer uma separação, o que elas visam é facilitar a
compreensão da nossa natureza.

A Teosofia, na sua busca espiritual, no seu desejo de aproximar-se ao


conhecimento dessa realidade transcendente que está além da nossa
existência corpórea e contingente, nutriu-se de diversas Tradições, entre
as quais a metafísica hindu. A assim chamada Constituição Septenária,
estabelecida por Helena Petrovna Blavatsky, é um exemplo da integração
do conhecimento da metafísica do Oriente e da sua capacidade em
relacionar os planos físico, energético, emocional, mental e espiritual do
ser humano.

É verdade que todos os planos da nossa existência estão intimamente


interconectados e o que acontece num dos planos afecta os outros, mas
a divisão tem uma natureza prática pois torna o conhecimento mais
acessível. Assim como um carro forma uma unidade na qual cada uma
das suas partes contribui para o funcionamento global, essa unidade não
nos impede de tratar as suas partes separadamente.
Fontes da Tradição Hindu

Na tradição do Vedanta Hindu, é estabelecida uma divisão em três corpos


(Śariratraya): Sthūlaśarīra (corpo denso ou físico), Sūkṣmaśarīra (corpo
sutil, composto pelo energético, emocional e mental) e Karaṇaśarira (corpo
causal ou extremamente subtil, o espiritual).

Além disso, no Taittirīya Upaniṣad aparece outra divisão, em kośas, uma


palavra que é frequentemente traduzida como "embrulho". Distinguem-se
o Annamayakośa (feito de alimento) que corresponde ao corpo físico; o
Prāṇamayakosa (feito de prana), referente ao corpo energético; o
Manomayakośa (feito de mente), equivalente ao corpo emocional e à parte
mental centrada no ego; o Vijñānamayakośa (feito de sabedoria), que se
refere à mente superior que discernime, e o Ānandamayakosa (feito da
júbilo), que diz respeito a Buddhi, a mente mais elevada, intuitiva e
luminosa, aquela que está mais próxima do espírito ( Ātman).

A constituição septenária de H. P. Blavatsky inspira-se, entre outros, na


tradição filosófica hindu expondo os corpos que compõem a nossa
realidade como seres humanos encarnados. Estabeleceu sete princípios
e dividiu-os em dois grupos: um quaternário inferior e uma tríade superior.
Começaremos a explicá-los do mais material para o mais espiritual,
seguindo, portanto, o caminho ascendente.

O quaternário inferior
No quaternário inferior, encontramos o Sthūlaśarīra, ou corpo Etero-físico,
a parte material do nosso corpo. É o corpo que mantemos graças à comida
física e aos seus nutrientes. Na divisão em kośas é equivalente ao
Annamayakośa.

O próximo é o Prāṇaśarīra, ou corpo energético, o princípio vital. Alimenta-


se da respiração e de uma energia que tem o nome de prana. A energia
do sol afecta especialmente este corpo, assim como o mar, com a sua
carga de iões negativos que contribuem para o nosso bem-estar. Também
é nutrido através da prática de exercício físico. É equivalente a
Prāṇamayakosa.

O Liṅgaśarīra, também chamado de corpo astral, é o corpo que abriga as


nossas emoções e sentimentos, como o amor, o ódio, a alegria, a tristeza,
medo, etc.

O próximo é Kāma-manas, que podemos traduzir como a mente de desejo.


É a mente focada no ego, aquele que pensa e conspira a fim de obter o
seu próprio benefício. Estes dois últimos corpos estão incluídos em
Manomayakośa. Com eles, fecha-se o quaternário inferior, que é o que
compõe o que comumente chamamos de "personalidade" ou eu animal.

A tríade superior

A tríade superior é a parte do nosso Ser que sobrevive à nossa morte como
seres encarnados. Ela liga-se com a parte inferior, a personalidade,
através do Antaḥkaraṇa, que literalmente significa "órgão interno", e que
às vezes é chamado com o nome poético de "fio de prata".

A Triade é formada por Manas, a mente abstracta, que, ao contrário de


Kāma-manas, aponta além da nossa existência pessoal. É a mente que
se baseia em valores éticos, em virtudes como a solidariedade, é aquela
que questiona a nossa natureza transcendente e o significado da nossa
existência. Equivalente a Vijñānamayakośa, a mente perspicaz.

Buddhi é a mente da sabedoria, o conhecimento intuitivo, directo, sem


raciocínio. É a mente mais subtil e o seu conhecimento é difícil de
expressar e evocar, uma vez que se obtém através de um elevado
desenvolvimento espiritual. É equivalente a Ānandamayakosa e tem uma
natureza próxima a Atma, o último estado da tríade superior e da
constituição septenária, o espírito, o princípio inefável, a vontade no seu
estado mais puro, o EU supremo. Portanto, está mais além da divisão em
kośas.

A multidimensionalidade do ser

Quanto maior o desenvolvimento espiritual que o indivíduo possui, maior


a preeminência dos elementos superiores. O carácter materialista
evidencia-se pelo excesso nos elementos do quaternário inferior e impede
a percepção transcendente dos elementos superiores. Devido à
interligação entre dos planos, a falta de cuidado de um deles afectará o
vizinho e assim por diante. Por exemplo, uma má dieta fará com que os
órgãos físicos fiquem doentes e isso afectará a nossa energia vital, o nível
pânico. Se nossa energia for baixa, as nossas emoções e pensamentos
tenderão à negatividade. A conexão também ocorre de forma
descendente, como no caso de um mau pensamento, que mina a nossa
energia e acaba sendo somatizado num nível físico. Reconhecer a
primazia da tríade superior como regente não significa que devamos
negligenciar o quaternário inferior. Só assim garantiremos a expansão
óptima do nosso ser.

Se entendermos a constituição septenária como uma exposição da inter-


relação entre os diferentes planos ou corpos e não como uma divisão, é
uma ferramenta privilegiada que nos ajudará a entender a
multidimensionalidade do ser humano e, por extensão, do universo.

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