Telhado Verde

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL


ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: AMBIENTE CONSTRUÍDO

ADRIANE CORDONI SAVI

TELHADOS VERDES: UMA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS


ESPÉCIES VEGETAIS NO SEU DESEMPENHO NA CIDADE DE
CURITIBA

CURITIBA
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: AMBIENTE CONSTRUÍDO

ADRIANE CORDONI SAVI

TELHADOS VERDES: UMA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS


ESPÉCIES VEGETAIS NO SEU DESEMPENHO NACIDADE DE
CURITIBA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Construção Civil,
Área de concentração: Ambiente Construído, Setor
de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia da Construção Civil.

Orientador: Prof. Dr. Sergio Fernando Tavares

CURITIBA
2015
S267t Savi, Adriane Cordoni
Telhados verdes : uma análise da influência das espécies vegetais no seu
desempenho na cidade de Curitiba/ Adriane Cordoni Savi. – Curitiba, 2015.
176, [39] f. : il. color. ; 30 cm.

Dissertação - Universidade Federal do Paraná, Setor de Tecnologia,


Programa de Pós-graduação em Engenharia de Construção Civil, 2015.

Orientador: Sergio Fernando Tavares .


Bibliografia: p. 154-159.

1. Telhados - Aspectos ambientais. 2. Telhados - Propriedades térmicas.


3. Plantas - Adaptação. 4. Solos- Permeabilidade. 5. Água - Qualidade. I.
Universidade Federal do Paraná. II.Tavares, Sergio Fernando. III. Título.

CDD: 635.9671
AGRADECIMENTOS

A viabilidade dessa pesquisa não seria possível sem alguns agentes que
contribuíram de forma direta para a sua realização. Algumas empresas e pessoas
acreditaram no potencial da pesquisa e desta forma auxiliaram com doações para
viabilizar economicamente a construção do protótipo.
Desta forma, gostaria de agradecer primeiramente ao horto municipal de
Curitiba, na pessoa do engenheiro agrônomo Daniel Salvador Schlichta, que cedeu
o espaço para a instalação do protótipo de telhado verde.
À Eneida Hoffmann pela doação das madeiras. À LCC Construções pela
doação de material e mão de obra para a base do sistema. À Global Wood Brasil
pela doação das chapas de compensado estruturado. Às empresas Impertech que
forneceu a borracha liquida para impermeabilização, À Guter Instalação pela manta
PEAD e À Diprotec pela doação da manta geotêxtil.
Agradeço também ao Labeam, na pessoa da Luciane Prado, por abrir as
portas do laboratório para a realização dos testes de qualidade da água.
Gostaria de agradecer aos alunos de arquitetura: Maria Isabel Reis, Rafael
Vaz e Giani Leguizamon, pela contribuição na construção e medições necessárias.
À amiga, arquiteta e mestre Ana Priscilla Muller, que dividiu comigo essa
tarefa de construir o protótipo.
Ao meu orientador Sergio Tavares, que já sonhava com a realização dessa
pesquisa e contribuiu de todas as formas para a sua viabilidade e por todas as suas
contribuições para meu crescimento como pesquisadora.
Aos colegas de mestrado pelas contribuições e pelo crescimento juntos.
Agradeço à minha família, Marcia Savi, Francisco Savi e Andressa Savi pela
paciência, compreensão e dedicação nesse processo, que quando necessário
ajudaram na realização da construção e das medições da pesquisa.
Ao Raphael Travenssoli pelas revisões necessárias.
Especialmente ao Ormy Júnior pelo companheirismo nesse processo, me
apoiando em todas as minha decisões, me dando suporte nas horas difíceis e
trabalhando junto sempre que necessário.
E por fim agradeço ao Ian Matias, que teve a minha ausência alguns dias
para que eu pudesse finalizar a pesquisa.
RESUMO

Estudos ressaltam os benefícios que os telhados verdes podem proporcionar para as


cidades e para as edificações, entretanto, pode-se perceber uma variação entre os
resultados alcançados. Desta forma, este trabalho busca avaliar a influência das espécies
vegetais no desempenho dos telhados verdes na cidade de Curitiba, através da análise de
temperatura superficial, retenção de água da chuva e qualidade da água escoada, em cinco
protótipos de telhados verdes e três protótipos de coberturas convencionais (laje
impermeabilizada - com estrutura em chapa de compensado, telhado em fibrocimento,
telhado cerâmico), como objetos de comparação. Para essa análise foram escolhidas cinco
espécies vegetais com características morfológicas diferentes, entre elas: Bulbine
frutescens, Tradescantia zebrina, Arachis repens, Sedum mexicanum, Callisia repens. A
espécie Arachis repens não resistiu ao período de inverno sendo substituída pela espécie
Zoysia tenuifolia. As coberturas foram montadas em uma mesa de testes com módulos de
75cmx100cm para simular os sistemas de cobertura. A temperatura superficial foi registrada
através de termopares tipo K conectados a um datalogger (TD890). Foram realizadas cinco
coletas de dados (período médio de 48 horas) com registros a cada 10 minutos. Os
resultados demonstraram que existe uma variação significativa de temperatura superficial
entre as espécies vegetais analisadas, mas todas apresentaram um desempenho superior
aos sistemas convencionais de cobertura. Quanto à temperatura superficial superior (sobre
o substrato), a espécie Zoysia tenuifolia apresentou as temperaturas mais elevadas no
período diurno e mais baixas no período noturno, quando comparado com os demais
sistemas de telhado verde, com temperaturas próximas à da laje impermeabilizada. Já a
espécie Bulbine frutescens apresentou temperatura mais baixa durante o dia e as mais
elevadas durante a noite. Quanto à temperatura superficial inferior dos sistemas de telhado
verde, as temperaturas mais elevadas durante o dia foram registradas na espécie Bulbine
frutescens, entretanto, mesmo assim, com temperatura média 10ºC abaixo dos sistemas de
cobertura convencional. No período noturno o registro mais alto de temperatura dos
sistemas de telhado verde foi da espécie Zoysia tenuifolia, entretanto todas as espécies
apresentaram temperatura superior às coberturas convencionais. Para a análise de retenção
de água foram observados o escoamento da água dos sistemas de telhado verde e da laje
impermeabilizada (utilizada como pluviômetro no presente experimento) de junho de 2014 a
janeiro de 2015. A variação de retenção da água pelas espécies vegetais foi significativa e
podem ser explicadas pela tipologia das plantas e pelo fechamento que as plantas
proporcionam no solo. A maior retenção observada foi por plantas que, em sua morfologia,
absorvem mais água e a retêm em suas folhas e raízes, espécies que proporcionaram um
menor fechamento do solo também retiveram mais água que as demais. A espécie com a
maior retenção foi a Bulbine frutescens seguida do Sedum mexicanum. A análise da
qualidade da água escoada pelas coberturas foi feita através dos parâmetros: pH, nitrogênio
total, nitrogênio amoniacal, fósforo total, coloração e sólidos totais, com coletas feitas em dia
posterior ao registro de precipitação. A bibliografia destaca que esses parâmetros são os
que sofrem a maior variação quando a água é escoada por um sistema de telhado verde.
Essa pesquisa corroborou com a bibliografia, demonstrando que a presença de fósforo e
nitrogênio é superior nesse tipo de cobertura, sendo associada à adubação. A coloração da
água que escoava pelo telhado verde também apresentou tom ferroso intenso, superior aos
valores máximos previstos na legislação e superior a da água escoada pelos sistemas
tradicionais. A quantidade de sólidos presentes e pH ficaram dentro dos parâmetros
previstos pela legislação, tanto para os telhados verdes quanto para os telhados
convencionais.

Palavras chave: telhado verde, espécies vegetais, desempenho térmico, retenção de água,
qualidade da água, sustentabilidade.
ABSTRACT

Researches highlight the benefits brought by the adoption of green roofs to the cities and
buildings, however it's noticeable a variation on the obtained results, reason that encouraged
this research, which assesses how the vegetation species influences on the green roof
performance in the city of Curitiba by analyzing the surface temperature, how much rain
water is retained and its quality, five green roof prototypes were used along with three
regular roof (waterproof slab, fiber cement roofing, ceramic roof tiles) prototypes to provide
comparison parameters. The following five vegetation species were chosen, all with different
morphological characteristics: Bulbine frutescens, Tradescantia zebrina, Arachis repens,
Sedum mexicanum, Callisia repens. The species Arachis repens did not resist to the winter
and had to be replaced by the Zoysia tenuifolia. The roofs were assembled in modules on a
testing table, each one measuring 75x100cm, simulating the roof systems. The surface
temperature was measured using a type K thermocouple and recorded using a TD890
datalogger, five data collection were held (average of 48 hours period) and records every ten
minutes. The results showed that there is a significant variation between the vegetation
species. Analyzing the superior surface temperature (above the substratum), the specie
Zoysia tenuifolia had the highest temperatures during daytime and the lowest at night,
temperatures close to the slab, the specie Bulbine frutescens had the lowest records during
the day and the highest at night. For the inferior surface temperature, the highest records
were with the Bulbine frutescens, still below regular roofs (up to 10ºC)while at night the
highest temperatures recorded was with the specie Zoysia tenuifolia, however, all species
recorded higher temperatures than conventional roofs. To analyze the water retention was
recorded the amount of rain water that flew thru the slab (used as a pluviometer in this
experiments) and the green roofs between June 2014 and January 2015, the retention
variation among the species was significant and can be explained by the plants' typologies
and how much of the soil they cover. The highest retention observed was by the plants which
its morphology absorbers more water and retain on its leafs and roots, species that don't
cover much soil did retain more water than others. The specie with the highest retention was
the Bulbine frutescens followed by the Sedum mexicanum. The water flown quality analysis
was done by analyzing the following parameters: pH level, total nitrogen, ammoniacal
nitrogen, total phosphorus, color and total solids, with records being made in the following
day of the rain. The bibliography highlights that those parameters are the ones that show the
biggest variations when the water flows thru a green roof system. This research corroborates
with the bibliography, demonstrating that the phosphorus and nitrogen presence is higher
when using this type of roof, related to the fertilization. The coloring of the water that flew thru
the green roofs had an intense ferrous shade, above the limits foreseen by legislation and
higher than the water that flew thru regular roofs system. The amount of solids present and
the pH was within the limits foreseen by legislation for both roof methods.

Keywords: green roof, vegetation species, thermal performance, rainwater retention, water
quality, sustainability.
LISTA DE FIGURAS

figura 1 - Proporção da população urbana e rural no Brasil ...................................... 13


figura 2 -Telhado verde com inclinação de 45º - Siegen Oberscheiden (Alemanha) 18
figura 3 - Telhado Plano - Albergue em Stuttgart Hohenheim (Alemanha) ............... 18
figura 4 - Camadas Telhado verde Intensivo ............................................................. 19
figura 5 - Exemplo de telhado verde de uso intensivo - Houston, USA ..................... 19
figura 6 - Exemplo de telhado verde de uso intensivo – Beloit, USA......................... 19
figura 7- Exemplo de cobertura de uso Extensivo - Chicago – USA ......................... 20
figura 8 - Exemplo de cobertura de uso Extensivo - Chicago USA ........................... 20
figura 9 - Camadas telhado verde Extensivo ............................................................. 20
figura 10 - Composição telhado verde. ...................................................................... 22
figura 11 - Drenagem com Argila expandida, sem retenção de água........................ 24
figura 12 - Comparativo contendo os valores da temperatura interna do ar (altura 1
metro do piso); temperatura superficial do forro e temperatura externa do ar nas
horas do dia............................................................................................................... 29
figura 13 - Comparativo das temperaturas superficiais internas de cinco protótipos:
1.) aço galvanizado; 2.) fibrocimento ondulada; 3.) laje pré-moldada cerâmica
inclinada (sem telhas) e com impermeabilização, de cor branca, com resina de óleo
vegetal (Ricinus communis); 4.)cobertura verde leve e, finalmente; 5.) telha
cerâmica. ................................................................................................................... 29
figura 14 - Temperaturas medidas ao longo do tempo em diferentes superfícies de
coberturas planas em um dia ensolarado de verão................................................... 31
figura 15 - Composição das três coberturas: Plot A: Cobertura de controle
(tradicional); Plot B, telhado verde com a espécie Sedum; Plot C: telhado verde com
Grama Amendoim. .................................................................................................... 39
figura 16 - Fluxo de calor diurno através do telhado em Parcelas A, B e C por dois
dias mais frios nomeadamente adicionais para: (a) Dia de inverno nublado, e (b) dia
chuvoso de inverno. A temperatura é, em ° C e precipitação em mm....................... 40
figura 17 - Fluxo de calor diurno através do telhado em Parcelas A, B e C para três
cenários climáticos: (a) dia de inverno ensolarado, (b) dia de inverno nublado e (c)
dia chuvoso de inverno. A temperatura é, em ° C e precipitação em mm. ................ 41
figura 18 - Análise dos efeitos térmico com imagem do infravermelho térmico; (a)
nove tipos de espécies vegetais; (b) Bryophyllum pinnatum com diferentes alturas;
(c) Ipomoea batata com diferentes cores das folhas ................................................. 46
figura 19 - Variação de temperatura versus o tempo na superfície das folhas para:(a)
nove tipos de espécies vegetais; (b) Bryophyl lumpinnatum com diferentes alturas;
(c) Ipomoea batata com diferentes cores das folhas ................................................. 48
figura 20 - Dias em crescimento normal das plantas no experimento de tolerância a
seca ........................................................................................................................... 50
figura 21 - Exemplo de escoamento de um telhado verde (linha tracejada) gerado por
um dado evento de chuva (linha preta). .................................................................... 52
figura 22 - Visão geral do processo básico de produtos nos sistemas de coberturas
alternativas. O diagrama de fluxo descreve o fluxo básico de energia, emissões e
materiais. As setas pretas representam casos em que um modo de transporte serão
utilizados. .................................................................................................................. 59
figura 23 - Resultados individuais para os três tipos de coberturas .......................... 60
figura 24 - Horto Municipal de Curitiba ...................................................................... 68
figura 25 - Local de Inserção da mesa de testes ....................................................... 68
figura 26 - Perspectiva do protótipo........................................................................... 68
figura 27 - Perspectiva do protótipo........................................................................... 69
figura 28 - Perspectiva do protótipo........................................................................... 69
figura 29 - Perspectiva do protótipo........................................................................... 69
figura 30 - Perspectiva do protótipo........................................................................... 70
figura 31 - Corte do protótipo..................................................................................... 70
figura 32 - Mesa de teste de telhados, demonstrado a inclinação prevista para os
módulos ..................................................................................................................... 71
figura 33 - Sistema de Captação de água da Chuva ................................................. 71
figura 34 - Instalação dos pilares em madeira nas sapatas de concreto .................. 72
figura 35 - Identificação das vigas e pilares conforme projeto ................................... 72
figura 36 - limpeza e identificação das vigas e pilares .............................................. 72
figura 37 - Corte das madeiras conforme projeto ...................................................... 73
figura 38 - Corte das madeiras conforme projeto ...................................................... 73
figura 39 - Chapa de compensado de pinus naval .................................................... 73
figura 40 - Chapas de Compensado cortadas de fábrica .......................................... 74
figura 41 - Montagem da mesa de testes .................................................................. 74
figura 42 - Fixação da estrutura lateral dos módulos................................................. 74
figura 43 - Selador de borda ...................................................................................... 75
figura 44 - Bordas seladas e EPS colocado .............................................................. 75
figura 45 - Sistema de drenagem dos módulos ......................................................... 76
figura 46 - Instalação do sistema de coleta de água da chuva .................................. 76
figura 47 - Composto para fechar frestas .................................................................. 77
figura 48 - Vedação nos encaixes das caixas ........................................................... 77
figura 49 - Impermeabilização fundo do protótipo ..................................................... 77
figura 50 - Impermeabilização laterais do protótipo ................................................... 77
figura 51 - Manta de PEAD - camada antirraízes ...................................................... 78
figura 52 - Camada de drenagem com 4 cm de espessura ....................................... 78
figura 53 - Colocação de argila expandida nos módulos de telhado verde ............... 78
figura 54 - Colocação da manta geotêxtil .................................................................. 79
figura 55 - Argila expandida, vermiculita, turfa e casca de arroz carbonizada........... 80
figura 56 - Colocação de substrato no módulo de telhado verde .............................. 80
figura 57 - Bulbine frutescens .................................................................................... 81
figura 58 - Bulbine frútices ......................................................................................... 81
figura 59 - Tradescantia zebrina variação Purpusii. .................................................. 82
figura 60 - Tradescantia zebrina variação Purpusii ................................................... 82
figura 61 - Arachis repens ......................................................................................... 83
figura 62 - Arachis repens ......................................................................................... 83
figura 63 - Sedum mexicanum................................................................................... 83
figura 64 - Sedum mexicanum................................................................................... 83
figura 65 - Callisia repens .......................................................................................... 84
figura 66 - Callisia repens .......................................................................................... 84
figura 67 - Dia do plantio das mudas 10/02/2014 ...................................................... 85
figura 68 - Dia do plantio das mudas 10/02/2014 ...................................................... 86
figura 69 - Módulo impermeabilizado - pluviômetro ................................................... 87
figura 70 - fixação de chapa de compensado ............................................................ 88
figura 71 - fixação de caibros e ripas para sustentação das telhas cerâmicas.......... 88
figura 72 - módulo de telhado cerâmico .................................................................... 88
figura 73 - Detalhe do ralo, módulo telhado de fibrocimento ..................................... 89
figura 74 - Fixação de caibro para apoio da telha de fibrocimento ............................ 89
figura 75 - Módulo com cobertura de telha de fibrocimento ...................................... 89
figura 76 - Mesa de testes para experimento ............................................................ 90
figura 77 - coletor transparente graduado ................................................................. 91
figura 78 - coletores de água da chuva instalados .................................................... 91
figura 79 - Datalogger TD-90 com termopares do tipo K ........................................... 92
figura 80 - medição com datalogger TD-890 e termopares do tipo ........................... 92
figura 81 - HT-4000 - termo-higrômetro datalogger ................................................... 92
figura 82 - sensor instalado para medição superficial superior.................................. 93
figura 83 - sensor instalado para medição superficial inferior.................................... 93
figura 84 - HT-4000 fixado na estrutura de madeira .................................................. 94
figura 85 - caixa de correio para a locação dos dataloggers ..................................... 94
figura 86 - pHmetro de bancada ................................................................................ 95
figura 87 - medição de pH através do pHmetro de bancada ..................................... 95
figura 88 - Membrana para filtragem da água ........................................................... 96
figura 89 - Sistema de filtragem da água a vácuo ..................................................... 96
figura 90 - Membrana para filtragem da água ........................................................... 96
figura 91 - Estufa para secagem das membranas ..................................................... 96
figura 92 - Espectrofotômetro UV-Vis ........................................................................ 97
figura 93 - Curva de calibração Fósforo .................................................................... 97
figura 94 - Curva de calibração do nitrogênio amoniacal .......................................... 98
figura 95 - Redução pela coluna Cd-Cu .................................................................... 99
figura 96 - Amostras para curva de calibração (500 ao 0)......................................... 99
figura 97 - Leitura de cor NQ200 ............................................................................... 99
figura 98 - Ao lado esquerdo o branco (água destilada) lado direito a amostra. ....... 99
figura 99 - Gráfico pluviométrico mês de outubro de 2014 ...................................... 104
figura 100 - Desenvolvimento das vegetações entre os meses de fevereiro e julho de
2014 ........................................................................................................................ 105
figura 101 - Desenvolvimento das vegetações entre os meses de julho de 2014 a
fevereiro de 2015. ................................................................................................... 106
figura 102 - Escoamento de água de chuva em milímetros - eventos 1 ao 4 .......... 109
figura 103 - Escoamento de água de chuva em milímetros - eventos 11 ao 13 ...... 110
figura 104 - Escoamento de água de chuva em milímetros - eventos 5 ao 12 ........ 112
figura 105 - Sensor tipo K temperatura superficial superior. ................................... 115
figura 106 - Sensor tipo K temperatura superficial inferior. ..................................... 115
figura 107 - Datalogger HT - 4000 - temperatura e umidade do ar.......................... 115
figura 108 - Gráfico de temperatura superficial dos dias 07 a 09/10/2014 .............. 116
figura 109 - Gráfico de temperatura superficial superior dos dias 08 e 09/10/2014 117
figura 110 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura superior e a
temperatura do ar - (∆t= tempSup - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje
08 e 09/10/2014 ...................................................................................................... 118
figura 111 - Gráfico de temperatura superficial inferior dias 08 e 09/10/2014 ......... 120
figura 112 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura inferior e a
temperatura do ar .................................................................................................... 121
figura 113 - Gráfico temperatura superior e inferior da Bulbine e Tradescantia e
temperatura do ar 08 e 09/10/2014 ......................................................................... 122
figura 114 - Módulo telhado verde espécie Bulbine frutescens 07/10/2014 ............ 123
figura 115 - Módulo telhado verde espécie Tradescantia zebrina 07/10/2014 ........ 123
figura 116 - Gráfico de temperatura superficial inferior dia 07/11/2014 ................... 124
figura 117 - Gráfico de temperatura superficial inferior dia 09/11/2014 ................... 125
figura 118 - Gráfico de temperatura superficial dia 07 a 09/01/2015 ....................... 127
figura 119 - Gráfico de temperatura superficial superior dias 07 e 08/01/2015 ....... 128
figura 120 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura superior e a
temperatura do ar - (∆t= tempSup - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje
07 e 08/01/2015 ...................................................................................................... 129
figura 121 - Sensor sobre o sistema de telhado verde com a espécie Zoysia
tenuifolia. ................................................................................................................. 130
figura 122 - Gráfico de temperatura superficial inferior dias 07 e 08/01/2015 ......... 131
figura 123 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura superior e a
temperatura do ar - (∆t= tempInf - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje -
07 e 08/01/2015 ...................................................................................................... 132
figura 124 - Gráfico de temperatura superficial superior e inferior: Bulbine frutescens,
Zoysia tenuifolia e temperatura do ar dias 07 e 08/01/2015 .................................... 133
figura 125 - Gráfico de temperatura superficial dia 09 a 10/04/2015 ....................... 135
figura 126 - Gráfico de temperatura superficial superior dia 09 a 10/04/2015 ......... 136
figura 127 - Gráfico da diferença entre a temperatura superior e a temperatura do ar
................................................................................................................................ 137
figura 128 - Gráfico de temperatura superficial inferior dia 09 e 10/04/2015 ........... 138
figura 129 - Gráfico da diferença entre a temperatura inferior e a temperatura do ar
................................................................................................................................ 139
figura 130 - Membranas após filtragem dos sólidos totais presentes na água. ....... 145
figura 131 - Amostras de água coletadas dos módulos........................................... 146
figura 132 - Hierarquia entre os sistemas de telhados quanto a temperatura
superficial superior .................................................................................................. 151
LISTA DE TABELAS

tabela 1 - Análise comparativa entre três sistemas distintos de cobertura (laje


impermeabilizada, telha cerâmica, telhado verde) e simulação através de software.
.................................................................................................................................. 32
tabela 2 - Água da chuva retida em telhados verdes ............................................... 53
tabela 3 - Concentração de nutrientes no escoamento de água da chuva em
telhados verdes ......................................................................................................... 55
tabela 4 - Normais climatológicas Curitiba (1961 - 1990) ......................................... 67
tabela 5 - Classificação do uso de águas segundo Resolução Conama 357/2005
(BRASIL, 2005) ....................................................................................................... 100
tabela 6 - Parâmetros adotados pela legislação quanto a qualidade da água ........ 101
tabela 7 - Precipitação 2014/2015 e Precipitação média de 1961 a 1990............... 107
tabela 8 - tabela de retenção de água da chuva nos meses de junho de 2014 a
janeiro de 2015........................................................................................................ 108
tabela 9 - retenção da água da chuva - eventos 1 ao 4 .......................................... 109
tabela 10 - tabela de retenção de água da chuva no mês de janeiro de 2015 ........ 110
tabela 11 - tabela de retenção de água da chuva meses de junho e julho.............. 112
tabela 12 - Condições climáticas, conforme dados INMET ..................................... 114
tabela 13 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais superiores dos módulos 08 e 09/10/2014 (Dados:
Apêndice B) ............................................................................................................. 119
tabela 14 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais inferiores dos módulos 08 e 09/10/2014 ......... 121
tabela 15 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais inferiores07/11/2014 ....................................... 124
tabela 16 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais inferiores 09/11/2014 ...................................... 125
tabela 17 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais superiores dos módulos 08 e 09/10/2014 ....... 130
tabela 18 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais inferiores dos módulos 07 e 08/01/2015 ......... 133
tabela 19 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais superiores - 09 e 10/04/2015 ......................... 137
tabela 20 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e
mínimos, temperaturas superficiais inferiores - 09 e 10/04/2015 ............................ 139
tabela 21 - Análise dos diferentes parâmetros de qualidade da água entre os
sistemas de cobertura e a legislação vigente (Dados: Apêndice G) ....................... 143
tabela 22 - Modelo para anotação das informações coletadas nos protótipos em dia
posterior a precipitação ........................................................................................... 167
tabela 23 - Tabela de coleta de dados de temperatura .......................................... 168
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................13
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................14
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................15
1.3 HIPÓTESE ........................................................................................................15
1.4 CONTEXTUALIZAÇÃO NO PROGRAMA ........................................................16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................18
2.1 TELHADO VERDE: TIPOLOGIA ......................................................................18
2.1.1 Telhados verdes: intensivo e extensivo.........................................................18
2.2 COMPOSIÇÃO E TÉCNICAS DE TELHADO VERDE ......................................21
2.2.1 Estrutura........................................................................................................22
2.2.2 Impermeabilização ........................................................................................23
2.2.3 Membrana antirraiz .......................................................................................23
2.2.4 Camada de drenagem...................................................................................24
2.2.5 Separação substrato .....................................................................................24
2.2.6 Substrato .......................................................................................................25
2.2.7 Vegetação .....................................................................................................26
2.3 TELHADO VERDE: BENEFÍCIOS ....................................................................27
2.3.1 Isolamento térmico, conservação de energia e proteção da edificação quanto
aos raios solares .....................................................................................................28
2.3.2 Redução das ilhas de calor e da amplitude térmica ......................................30
2.3.3 Sistemas de drenagem mais eficazes ...........................................................31
2.3.4 Produção de oxigênio, absorção de CO2 e filtragem do ar ...........................32
2.4 ESTADO DA ARTE ...........................................................................................33
2.4.1 Artigo 01 ........................................................................................................33
2.4.2 Artigo 02 ........................................................................................................37
2.4.3 Artigo 03 ........................................................................................................44
2.4.4 Artigo 04 ........................................................................................................51
2.4.5 Artigo 05 ........................................................................................................58
3 MÉTODO DE PESQUISA.....................................................................................61
3.1 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA (MÉTODO) DE PESQUISA.............................61
3.1.1 Unidade de análise........................................................................................61
3.1.2 Delimitação do trabalho.................................................................................61
3.1.3 Justificativa da escolha a partir do objetivo ...................................................63
3.1.4 Testes de validade ........................................................................................63
3.1.4.1 Validade do constructo................................................................................63
3.1.4.2 Validade interna ..........................................................................................64
3.1.4.3 Validade externa .........................................................................................64
3.1.4.4 Rastreabilidade ...........................................................................................65
3.2 PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS ..........................................................65
3.3 EXPERIMENTO - CAMA DE TESTES..............................................................66
3.3.1 Localização ...................................................................................................66
3.3.2 Projeto da cama de testes.............................................................................68
3.3.3 Montagem da mesa de testes .......................................................................71
3.3.4 Montagem dos módulos de telhado verde ....................................................77
3.3.5 Montagem dos módulos de coberturas tradicionais ......................................87
3.4 MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS.................................................................90
4 RESULTADOS .....................................................................................................102
4.1 DESENVOLVIMENTO DAS ESPÉCIES ...........................................................102
4.1 RETENÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA..................................................................107
4.2 ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉRMICO .........................................................113
4.2.1 Evento 01: 07 a 09 de outubro de 2014 ........................................................115
4.2.2 Evento 02: 07 a 10 de novembro de 2014 ....................................................123
4.2.3 Evento 03: 07 a 09 de janeiro de 2014..........................................................126
4.2.4 Evento 05: 09 e 10 de abril de 2014..............................................................134
4.3 ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA ..............................................................140
5 CONCLUSÃO .......................................................................................................148
5.1 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS .......................................................153
REFERÊNCIAS .......................................................................................................154
APÊNDICE A ..........................................................................................................160
APÊNDICE B ..........................................................................................................167
APÊNDICE C ..........................................................................................................168
APÊNDICE D ..........................................................................................................169
APÊNDICE E ..........................................................................................................170
ANEXO A ................................................................................................................176
13

1 INTRODUÇÃO

O aglomerado urbano tem crescido de forma exponencial. No início do


século, a população urbana representava 15% da população mundial e atualmente
representa 54%, sendo que, no Brasil, a população em áreas urbanas ultrapassa
85%, conforme figura 1 (ONU, 2014). Com o desenvolvimento urbano das cidades
aumenta-se as superfícies impermeabilizadas, tais como ruas, calçadas e telhados,
o que acarreta em consequências para a cidade e para o meio ambiente, a redução
da infiltração natural das águas pluviais e aumento das inundações (TUCCI, 2015).
Além disso, estudos indicam que com o aquecimento global pode causar aumento
da frequência e da intensidade de precipitações (BERNDTSSON, 2010).

figura 1 - Proporção da população urbana e rural no Brasil


Fonte: ONU (2014)

O aumento da urbanização nos anos 60 até os dias atuais, juntamente com


a arquitetura contemporânea que se afastou da preocupação ambiental, tem
ajudado a agravar os problemas nos centros urbanos. Corbella e Yannas (2003)
afirmam que após a II Guerra Mundial, com o combustível abundante e barato, os
projetos arquitetônicos se afastaram da arquitetura bioclimática e foram adotadas
soluções com maior consumo energético; entretanto, depois da primeira crise
energética que impulsionou o aumento dos preços do petróleo em 1973, voltou-se a
se preocupar com uma arquitetura denominada arquitetura bioclimática o que,
segundo os autores, resultou no renascimento de uma arquitetura preocupada com
o consumo energético e com a integração ao clima local. "A arquitetura sustentável é
a continuidade mais natural da bioclimática, considerando também a integração do
edifício à totalidade do meio ambiente, de forma a torná-lo parte de um conjunto
maior” (CORBELLA e YANNAS,2003).
14

Nesse cenário, a necessidade de fomentar o uso de técnicas que auxiliem a


mitigar os problemas de consumo energético elevado nas edificações e recorrência
de inundações nos centros urbanos, os telhados verdes podem assumir um papel
importante.
Alguns pesquisadores, como Berndtsson (2010), Kosareo e Ries (2007) e
Saadatian et al.(2013), têm estudado diferentes variáveis dos telhados verdes, como
desempenho térmico, consumo energético, capacidade de fixação de carbono,
capacidade de retenção de água de chuva, entre outros, e seus resultados
convergem positivamente na aplicação dos telhados verdes como forma de melhorar
o desempenho das edificações.
Entretanto, poucos estudos analisam a variação do desempenho das
edificações pelo tipo de vegetação utilizada nos telhados verdes. Desta forma, esta
pesquisa, através de uma análise experimental, buscará verificar as diferentes
propriedades das espécies vegetais, principalmente quanto ao seu desempenho
térmico, à capacidade de retenção de água e à capacidade de filtrar as impurezas
da água da chuva. O desempenho será avaliado através do método comparativo
entre os diferentes sistemas de coberturas verdes e os sistemas tradicionais de
cobertura utilizados no Brasil, verificando o comportamento de cada um.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

A discussão em torno da temática de telhados verdes é muito atual e


frequente. Cidades do Brasil tem abordado a temática por meio de projetos de lei
que fomentam o uso de telhados verdes em novas edificações, como: Rio de
Janeiro, através da Lei 6.349/2012; Recife, com a aprovação do projeto de lei
67/2013 em dezembro de 2014; e Curitiba, com o projeto de Lei n.º 005.00006.2013,
que tramita na câmara de vereadores e tem como objetivos diminuir as ilhas de
calor, absorver o escoamento superficial, reduzir a demanda de ar condicionado,
reduzir as emissões dos gases do efeito estufa com a transformação do dióxido de
carbono (CO2) em oxigênio (O2) pela fotossíntese e melhoria do micro clima através
da redução da temperatura superficial da cobertura e consequente atenuação do
efeito das ilhas de calor em centros urbanos.
15

Niachou et al. (2001) ressaltam ainda que o tipo de vegetação influi


diretamente no desempenho térmico e na absorção de energia de uma cobertura.
Os resultados obtidos pelos autores demonstram que espécies vegetais com
coloração mais escura apresentam temperatura superficial mais elevada.
Desta forma, surge o problema dessa pesquisa:
Qual a influência das espécies vegetais no desempenho dos telhados
verdes, na cidade de Curitiba, quanto aos parâmetros de temperatura superficial,
retenção da água da chuva e qualidade da água escoada e quais se adaptam às
condições climáticas da cidade?

1.2 OBJETIVOS

Avaliar a influência de diferentes espécies vegetais no desempenho dos


telhados verdes comparando com sistemas tradicionais de cobertura, telha de barro,
telha de fibrocimento e estrutura impermeabilizada, na cidade de Curitiba.

1.3 HIPÓTESE

Acredita-se que o tipo de vegetação utilizada em coberturas verdes pode


influenciar diretamente na temperatura interna do ar de uma edificação. Niachou et
al. (2001) afirmam que a vegetação de cor escura apresenta maior temperatura
superficial que a vegetação roxa ou vermelha e afirma ainda que o cobrimento do
solo pela vegetação influencia o desempenho da cobertura: solos mais expostos
aquecem o substrato e aumentam a temperatura interna em climas quentes.
Saadatian et al. (2013) destacam que o desempenho de um telhado verde
pode alterar em função da sua composição, ou seja, dos elementos e camadas que
compõem cada cobertura. Assim, desta forma, destacam os autores, a troca das
espécies vegetais pode influenciar no desempenho da cobertura. Liu et al. (2012)
corroboram esta informação e destacam que a diferença morfológica das espécies
vegetais influenciam no seu desempenho. Como resultado de suas pesquisas,
demonstraram que a mesma espécie vegetal, mas com diferentes alturas,
apresentou resultados diferentes, sendo que quanto mais alta a planta mais baixa a
16

temperatura. Os autores destacam ainda a influência da coloração das folhas no


desempenho, sendo que o resultado apresenta resultado similar ao apresentado por
Niachou et al. (2001).

1.4 CONTEXTUALIZAÇÃO NO PROGRAMA

A linha de pesquisa, telhados verdes, vem sendo abordada e discutida


dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Construção Civil
(PPGECC) na Universidade Federal do Paraná (UFPR), na área de concentração:
Ambiente Construído.
Inicialmente Nascimento (2008) aprofundou o tema através de uma pesquisa
do tipo survey analisando as coberturas verdes no contexto da região metropolitana
de Curitiba, com foco nas barreiras e potencialidades. Nascimento (2008)
caracterizou a história das coberturas verdes no mundo, ressaltando ainda o
processo de aprimoramento tecnológico das coberturas verdes e os benefícios
desse sistema. Através da aplicação de um survey com profissionais da área de
Arquitetura e Engenharia, buscou entender a dificuldade da disseminação das
coberturas verdes no recorte acima citado.
Baldessar (2011) busca uma nova abordagem quanto à linha de pesquisa
sobre telhados verdes, aprofundando seu estudo na contribuição das coberturas
verdes na redução de vazão de água de chuva escoada. Por meio de uma pesquisa
experimental, a autora analisa o escoamento de água de chuva de três modelos
distintos de cobertura: laje impermeabilizada, telha cerâmica e cobertura verde,
confrontando os dados com o software greenroof. A autora comprova, dessa forma,
o benefício do telhado verde no processo de gestão de águas pluviais, com
capacidade média de retenção de água da chuva de 70%.
Muller (2014), em sua pesquisa, verificou a influência do substrato na
capacidade de retenção de água de chuva e no desenvolvimento das vegetações
através da análise de cinco composições distintas de substrato, mostrando, a partir
desse estudo, como os componentes do telhado verde influenciam no desempenho
da cobertura.
Nessa mesma linha, a presente pesquisa vem contribuir com novos dados a
respeito das coberturas verdes, através de experimentos que demonstrem o
17

comportamento das espécies vegetais em telhados verdes quanto a sua capacidade


de desenvolvimento, quanto a temperatura superficial, a retenção de água da chuva
e a qualidade da água.
18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TELHADO VERDE: TIPOLOGIA

Telhado verde corresponde à técnica de aplicação de substrato e vegetação


sobre uma camada impermeável com a função de cobertura de uma determinada
edificação, que pode ser inclinado (figura 2) ou plano (figura 3). Pode ser
denominado como cobertura verde, telhado vivo, telhado jardim, teto verde, jardim
suspenso, entre outros. Ao longo da pesquisa será adotado o termo telhado verde.

figura 2 -Telhado verde com inclinação de 45º figura 3 - Telhado Plano - Albergue em
- Siegen Oberscheiden (Alemanha) Stuttgart Hohenheim (Alemanha)
Fonte: MINKE (2005) Fonte: MINKE (2005)

2.1.1 Telhados verdes: intensivo e extensivo.

Os telhados verdes podem ser classificados em duas categorias: telhado


verde Intensivo e telhado verde extensivo. O telhado intensivo exige maior
manutenção e geralmente está associado a terraços ajardinados, necessitando de
mão de obra qualificada para a sua manutenção (BIANCHINI e HEWAGE, 2011).
Minke (2005) complementa que, para este sistema, é necessário uma espessura de
substrato mínima de 30 cm, conforme figura 4. Na figura 5 e figura 6 é possível
verificar alguns exemplos dessa técnica de cobertura verde.
19

Os telhados intensivos demandam mais irrigação e adubação e a estrutura para


suportar esses jardins é mais reforçada devido ao peso desse tipo de cobertura
quando saturada.

Coberturas Verdes Intensivas

6. Plantas, vegetação

5. Substrato/solo para CV intensiva

4. Camada de filtro permeável às raízes

3. Camada de drenagem e capilaridade

2. Camada de proteção e armazenamento

1. Pavimento de cobertura, isolante,

impermeabilização.

figura 4 - Camadas Telhado verde Intensivo


Fonte: GREEN ROOF TECHNOLOGY (2012)

figura 5 - Exemplo de telhado verde de uso figura 6 - Exemplo de telhado verde de uso
intensivo - Houston, USA intensivo – Beloit, USA
Fonte: GREEN ROOF TECHNOLOGY (2012) Fonte: GREEN ROOF TECHNOLOGY (2012)
20

As coberturas extensivas caracterizam-se por pouca ou nenhuma


manutenção, geralmente com substrato de espessura de 10cm e uso de plantas de
baixa manutenção (figura 9), como por exemplo, as suculentas, que tem suas folhas
e talos engrossados que permitem o armazenamento de água, reduzindo a
necessidade de regas. O peso desse tipo cobertura é muito menor (figuras 7 e 8),
ficando próximo ao peso de coberturas de telha de concreto. (KÖHLER et al., 2002)

figura 7- Exemplo de cobertura de uso figura 8 - Exemplo de cobertura de uso


Extensivo - Chicago – USA Extensivo - Chicago USA
Fonte: GREEN ROOF TECHNOLOGY (2012) Fonte: GREEN ROOF TECHNOLOGY (2012)

Coberturas Verdes Extensivas

6. Plantas, vegetação

5. Substrato/solo para CV extensiva

4. Camada de filtro permeável às raízes

3. Camada de drenagem e capilaridade

2. Camada de proteção e armazenamento

1. Pavimento de cobertura, isolante,

impermeabilização.

figura 9 - Camadas telhado verde Extensivo


Fonte: GREEN ROOF TECHNOLOGY (2012)

Os telhados verdes do tipo intensivo podem apresentar uma redução maior do


escoamento superficial e apresentar uma filtragem da água da chuva superior
21

quando comparado com os telhados verdes do tipo extensivo (SAADATIAN et al.,


2013). Entretanto, estes sistemas apresentam carga superior além de custos e
manutenção mais elevados.
A variação entre a capacidade de contenção dos telhados do tipo extensivo e
intensivo pode chegar a 15%. A redução da contaminação também é expressiva,
cerca de 1,5 vezes menos quantidade de zinco; 2,5 vezes menos de cádmio e 3
vezes menos de cobre e chumbo (SAADATIAN et al., 2013).
Contudo, o objetivo desta pesquisa é destacar um sistema de baixa ou
nenhuma manutenção para ser aplicado em centros urbanos, substituindo as
coberturas convencionais utilizadas. Desta forma, serão adotados os sistemas do
tipo extensivo na presente pesquisa.

2.2 COMPOSIÇÃO E TÉCNICAS DE TELHADO VERDE

Os telhados verdes possuem uma composição básica que o caracteriza:


estrutura, impermeabilização, drenagem, substrato e vegetação. Entretanto, os
materiais empregados para cada uma dessas camadas pode variar, influenciando
tanto em seu desempenho (MOODY e SAILOR, 2013) quanto em seu impacto
ambiental e ciclo de vida (KOSAREO e RIES, 2007).
É importante destacar que, para o dimensionamento da construção do telhado
verde, é necessário analisar as cargas sobre o mesmo quando este se encontra
saturado, calculando o peso da drenagem, substrato e cobertura vegetal. Segundo
Savi e Tavares (2013), um telhado verde com 10cm de espessura pesa
aproximadamente 100kg/m².
Para a composição do telhado verde são necessárias algumas camadas que
lhe garantem sustentação, impermeabilização e eficiência no seu funcionamento. Na
figura 10 descrevem-se as camadas conforme o sistema empregado na presente
pesquisa.
22

1 - Estrutura
2- Impermeabilização
3 - Membrana Antirraízes
4 - Drenagem
5 - Separação Substrato
6 - Substrato
7 - Vegetação
8 - Rufo

figura 10 - Composição telhado verde.


Fonte: A autora (2014)

2.2.1 Estrutura

Um sistema de telhado verde pode ser estruturado sobre diferentes


materiais, tais como: laje de concreto, tabuado de madeira, chapa de compensado
estruturado, chapa OSB estrutural, placa cimentícia, telha metálica, steel deck
(estrutura metálica em composição com camada de concreto), estrutura de madeira
e bambu, estrutura do telhado existente, entre outros. Estruturalmente são
necessários materiais que possuam resistência compatível à carga do sistema de
telhado verde a ser adotado.
Para o dimensionamento e definição do sistema devem-se avaliar as normas
da ABNT (Associação Brasileira de Normas técnicas) existentes, tais como a NBR
6118/2003, que trata sobre projeto de estrutura de concreto; a NBR 6120/1980 -
cargas para cálculo de estruturas de edificações e a NBR 7190/1997 - estruturas de
madeira, com o objetivo de verificar informações como: inclinação mínima, carga
mínima de suporte, composição, etc.
Novas construções deverão prever, desde a etapa de projeto, a instalação
de telhado verde e a tipologia deste para que o projeto estrutural contemple sua
23

carga. Minke (2005) afirma que, para o dimensionamento da estrutura, deve-se levar
em consideração não apenas a carga permanente do telhado verde saturado de
água e sua vegetação, mas também as cargas pontuais previstas, como circulação
de pessoas ou colocação de outros elementos.

2.2.2 Impermeabilização

A impermeabilização deve ser escolhida pela compatibilidade com a estrutura


definida para o telhado verde. É importante se atentar a essa etapa, pois a má
execução ou uso de materiais inadequados podem resultar em patologias futuras na
edificação.
Existem duas formas de impermeabilizantes: os flexíveis e os rígidos. A
ABNT, na NBR 9575 (2003) define impermeabilização como:
Produto resultante de um conjunto de componentes e elementos
construtivos (serviços) que objetivam proteger as construções contra a ação
deletéria de fluidos, de vapores e da umidade; produto (conjunto de
componentes ou o elemento) resultante destes serviços. Geralmente a
impermeabilização é composta de um conjunto de camadas, com funções
específicas (ABNT NBR 9575, 2003).

A forma mais difundida de impermeabilização para lajes de concreto armado


é a manta asfáltica. Para sistemas com chapas de madeira pode ser utilizada a
manta de polietileno de alta densidade (PEAD) ou a borracha líquida, sistemas
aplicados na presente pesquisa, por exemplo.
Conforme a norma, o escoamento superficial de superfícies
impermeabilizadas deve possuir inclinação de 1% na direção do ralo (ABNT- NBR
9574, 1986).

2.2.3 Membrana antirraiz

A membrana antirraízes garante a proteção da estrutura quanto a ação das


raízes. Essa possui a função de conter a penetração das raízes na
impermeabilização e na estrutura. Alguns sistemas de impermeabilização já
cumprem essa função. É possível utilizar mantas de polietileno de alta densidade
24

(PEAD) para conter as raízes das vegetações e impermeabilizar a estrutura, por


exemplo.
Segundo Minke (2005), quando a base da manta antirraízes é desuniforme ou
rugosa, deve-se colocar abaixo dessa membrana protetora um feltro ou uma
camada de areia, com a função de uniformizar e evitar rasgos na mesma.

2.2.4 Camada de drenagem

A camada de drenagem encaminha a água para o dreno, para que o solo não
fique completamente saturado. Minke (2005) observa que os melhores materiais a
serem utilizados são os mais porosos, que possuem a capacidade de absorver
água, por exemplo: argila expandida (figura 11).

figura 11 - Drenagem com Argila expandida, sem retenção de água

2.2.5 Separação substrato

A manta de separação ou contenção do substrato separa o substrato da


drenagem, garantindo o escoamento da água pluvial, mas evitando que o substrato
interfira no sistema de drenagem do telhado verde.
Essa manta deve ser colocada sobre a camada de drenagem.
25

2.2.6 Substrato

O substrato é a camada que fará o suporte da vegetação; essa camada supre


a vegetação de nutrientes e água. Por isso, para a colocação dessa camada é
importante conhecer a espécie vegetal que será aplicada, quais os nutrientes
necessários e o tipo de substrato que melhor se adéqua a ela. Substratos muito
ricos em nutrientes podem ser negativos, principalmente para telhados verdes
extensivos, pois o excesso de nutrientes pode acarretar em um rápido crescimento
da vegetação e de ervas daninhas aumentando a manutenção do mesmo; por isso a
importância do equilíbrio dos componentes do substrato.
Nascimento (2008) afirma que para coberturas extensivas devem ser
utilizados substratos orgânicos ou inorgânicos.
Os substratos orgânicos são compostos feitos a partir da matéria vegetal,
como resíduos vegetais e agrícolas (casca de pinheiros, fibras de coco, cascas de
arroz e resíduos de poda).
Os substratos inorgânicos e minerais, segundo Cantor (2008), são mais
adequados para o uso em coberturas verdes. São eles os agregados de argila
expandida de xisto ou ardósia; e material vulcânico, como pedra-pomes e
vermiculita.
O substrato deve ser drenante, leve e poroso; entretanto, deve ter a
capacidade de retenção de água para aumentar a sobrevivência das plantas quanto
ao estresse hídrico (FARRELL et al., 2012).
Como, em telhados do tipo extensivo, a intenção é ter a menor carga possível
no sistema, é fundamental escolher elementos de baixa densidade, como a
vermiculita expandida e a casca de arroz carbonizada.
Um substrato composto de terra preta, turfa, casca de arroz e vermiculita, na
proporção de 60% de material orgânico e 40% inorgânico, é o mais adequando para
a região de Curitiba quanto ao desenvolvimento da espécie e retenção de água de
chuva, afirma Muller (2014).
A profundidade do substrato também influencia o desempenho térmico da
cobertura, assim como o aumento da umidade no solo devido ao processo de
resfriamento evaporativo (SAADATIAN et al., 2013).
26

2.2.7 Vegetação

A camada de vegetação é definida em conjunto com as demais camadas.


Fatores como tipo de telhado verde, espessura do substrato, forma de drenagem,
inclinação da cobertura, sombreamento por outras coberturas e obstáculos são
essenciais para saber qual a espécie vegetal será utilizada.
A escolha das vegetações deve levar em conta ainda alguns outros fatores:
resistência à seca, resistência ao frio, altura de crescimento da vegetação (MINKE,
2005). Para telhados extensivos é importante optar por vegetações que exijam
pouca manutenção de rega e poda.
Diante dessas variáveis, a escolha da vegetação está ligada a região onde
será instalado o telhado verde, sendo necessário avaliar o clima, a incidência e
orientação solar, os ventos, média de temperatura, precipitação local e temperatura
média.
As vegetações assumem grande importância para as cidades devido à sua
capacidade de fixação de carbono e liberação de oxigênio. Segundo Getter et al.
(2009), a presença de carbono em um sistema de telhado verde acontece da
seguinte forma: 42,1% na Biomassa acima do solo, 41,4% na biomassa radicular e
4,6% no substrato. Getter et al. (2009) concluem que serão necessários apenas 9
anos para compensar o débito de carbono referente aos materiais que compõem a
cobertura verde. Após esse período passa a ser creditado carbono, em relação ao
telhado convencional.
Niachou et al. (2001) destacam a importância da escolha das vegetações
para a análise de temperatura dos telhados verdes. Em seu estudo concluem que a
temperatura do telhado verde, na face externa da edificação, pode ter uma variação
de até 12ºC em função do tipo vegetação utilizada. As temperaturas mais baixas do
telhado verde, que variaram entre 26 e 29ºC, foram medidas em lugares com
predominância de vegetações escuras e mais densas. As temperaturas mais altas,
que variaram entre 36 e 38ºC, são as cobertas por vegetações esparsas e
vermelhas, enquanto sobre a terra exposta chegou a temperaturas próximas ao
valor de 40ºC.
27

Saadatian et al. (2013) destacam que a análise das características das


plantas é considerada como um dos parâmetros mais importantes para verificar a
transferência de calor de um telhado verde, podendo ser medido através do índice
de área foliar (IAF), a resistência estomática, a fração de cobertura e o albedo.
Estudos realizados por Wong et al. (2003) revelam que a área foliar tem
grande relevância na eficiência da cobertura, quanto maior a área foliar e seu
sombreamento do substrato menor a temperatura observada.
Sailor (2008 apud SAADATIAN et al., 2013) destaca que o IAF está ligada a
idade das plantas, à espécie vegetal e à sua capacidade de cobertura, podendo
variar de 0,5 (menor) até 5,0 (maior); a resistência estomática determina a taxa de
umidade das plantas; enquanto a fração de cobertura está relacionado o IAF calcula
a fração do telhado verde que está coberta pelas folhas; e, por fim, o albedo que
corresponde a um coeficiente de reflexão, ou seja, corresponde à capacidade de
refletir a energia solar incidente sobre a superfície das folhas.
O sombreamento da área foliar das plantas, o isolamento do substrato, a
refrigeração e transpiração dos telhados verdes reduzem o fluxo de calor
(SAADATIAN et al.,2013).

2.3 TELHADO VERDE: BENEFÍCIOS

A implantação de telhados verdes e jardins poderiam melhorar muito o clima


das cidades por meio da purificação do ar, redução de pó e variação das
temperaturas nos centros urbanos (ANDRADE e RORIZ, 2013). A aplicação de
telhados verdes em 10% a 20% nas coberturas já garantiria um clima urbano
saudável (MINKE, 2005).
A densidade e a espessura da camada de telhado verde, assim como a
quantidade da superfície das folhas, são decisivas para alcançar os benefícios das
coberturas verdes como: isolamento térmico, filtragem do ar, etc.
Destacam-se alguns dos benefícios do telhado verde:
28

2.3.1 Isolamento térmico, conservação de energia e proteção da edificação quanto


aos raios solares

Os telhados verdes podem auxiliar no isolamento térmico da edificação e,


como consequência, auxiliar na conservação de energia. Substrato, planta,
drenagem e estrutura são elementos fundamentais que influenciam no desempenho
térmico de um telhado verde (MOODY e SAILOR, 2013).
Segundo Machado et al. (2003), os telhados verdes contribuem para a
proteção da edificação quanto a radiação solar pois, as folhas refletem a radiação
solar protegendo sua cobertura, ponto mais vulnerável da construção, segundo os
autores. Além disso, as coberturas verdes funcionam como um sistema de
resfriamento evaporativo devido a evapotranspiração realizada pelas plantas e a
retenção de água de chuva nas raízes, caules e folhas e no substrato.
Vecchia (2005) elaborou um estudo na Universidade de São Carlos onde
construiu 5 protótipos de cobertura, sendo um de telhado verde leve e outros 4 de
sistemas tradicionais de cobertura. O estudo comparou o desempenho térmico das
diferentes coberturas. Na figura 12 é possível comparar a temperatura externa do ar,
a temperatura interna do ar e a temperatura superficial do telhado verde.
A variação constatada foi de 8º C na hora mais quente do dia, registrada às
14:30h. Pode-se perceber um atraso térmico, pois o telhado verde age como um
isolante, ou seja, o pico da temperatura externa aconteceu às 14:30 horas (34,4ºC)
enquanto a interna aconteceu às 18:00 horas (28,8ºC). Vechhia (2005) destaca
ainda que isso é resultado da “sua constituição termo física, massa e resistência
térmica, ação de sombreamento provocado pelos arbustos da grama, entre outros
efeitos térmicos benéficos característicos desse tipo de sistema de cobertura.”
29

figura 12 - Comparativo contendo os valores da temperatura interna do ar (altura 1 metro do


piso); temperatura superficial do forro e temperatura externa do ar nas horas do dia.
Fonte: VECCHIA (2005)

Na figura 13 é possível comparar o desempenho térmico de cada uma das


coberturas, evidenciando que o telhado verde é o sistema mais eficiente quanto ao
isolamento da edificação, entre os sistemas analisados. Todas as demais coberturas
analisadas: aço galvanizado, telha de fibrocimento ondulada, laje pré-moldada com
lajotas de cerâmica com pintura na cor branca e telhado cerâmico, tiveram o seu
desempenho térmico inferior ao telhado verde.

figura 13 - Comparativo das temperaturas superficiais internas de cinco protótipos: 1.) aço
galvanizado; 2.) fibrocimento ondulada; 3.) laje pré-moldada cerâmica inclinada (sem telhas) e
com impermeabilização, de cor branca, com resina de óleo vegetal (Ricinus communis);
4.)cobertura verde leve e, finalmente; 5.) telha cerâmica.
Fonte: VECCHIA (2005)
30

O telhado verde proporciona estabilidade na temperatura durante o dia e à


noite. Temperaturas mais elevadas durante a noite (comparando com os demais
sistemas) e mais baixas durante o dia. Isso é consequência das camadas da
cobertura verde, que faz com que o calor seja dissipado de forma mais lenta.
Breuning (2014) destaca que os telhados verdes protegem a membrana de
impermeabilização dos telhados quanto à influência externa, impedindo o
envelhecimento acelerado devido à degradação causada pelos raios UV (Ultra
Violeta). Segundo o autor, a vida útil de uma impermeabilização é de 20 anos e os
telhados verde têm a capacidade de dobrar a vida útil da membrana.

2.3.2 Redução das ilhas de calor e da amplitude térmica

A incidência de radiação solar sobre as coberturas, principalmente as de


coloração escura, fazem com que se absorva essa energia e libere-a lentamente a
noite; como consequência, temos temperaturas muito elevadas em torno das
edificações, sendo necessário o uso de aparelhos para amenizar as temperaturas.
Essa redução de temperaturas poderia ser feita através da evapotranspiração das
espécies vegetais.
As residências em áreas urbanas possuem, em sua grande maioria,
coberturas cerâmicas, de concreto ou metálicas, o que diminui a absorção de
umidade. Esse tipo de material e a impermeabilização do solo elevam a temperatura
dos ambientes e dos envoltórios das edificações e, para suprir essa demanda,
usam-se sistemas artificiais de refrigeração (LÖTSCH, 1981 apud MINKE, 2005).
O efeito de ilha de calor cria um ciclo vicioso de concentração de energia
urbana. Com o aumento da temperatura aumenta-se, por conseqüência, o uso de ar
condicionado (LIU et al., 2012)
Estudo realizado por Gertis et al. (1997 apud MINKE, 2005) demonstra que
uma laje com aplicação de impermeabilizante na cor preta pode chegar a uma
temperatura superficial de mais de 90ºC; entretanto, sua temperatura durante a noite
estaria próximo aos 10ºC. A cobertura vegetada não ultrapassaria os 25ºC durante o
mesmo dia de análise e durante a noite ficaria com temperatura por volta dos 15ºC.
Desta forma, tem-se uma variação de temperatura superficial nas lajes betumadas
31

de 80ºC, quando nos telhados verdes é de apenas 10ºC. Essa temperatura


superficial mais baixa garante um micro clima no invólucro da edificação muito mais
agradável, contribui para a redução das ilhas de calor e aumenta a vida útil da
impermeabilização (figura 14).

a) Laje betumada;
b) Cascalho;
c) Tinta clara reflexiva;
d) Molhado, planta artificial;
e) Vegetado.

figura 14 - Temperaturas medidas ao longo do tempo em diferentes superfícies de coberturas


planas em um dia ensolarado de verão.
Fonte: (GERTIS et al., 1977, apud MINKE, 2005).

2.3.3 Sistemas de drenagem mais eficazes

Durante períodos de precipitação, a vegetação, o substrato e a camada de


drenagem projetada em um telhado verde podem absorver quantidades
significativas de águas pluviais e reduzir a quantidade de água escoada (CANTOR,
2008).
Baldessar (2012) analisou como os telhados verdes contribuem para aliviar os
sistemas de drenagem das cidades. A autora comparou a água escoada entre três
sistemas de cobertura: laje impermeabilizada, telha cerâmica e telhado verde. A
tabela 1 ilustra o resultado obtido com o experimento e conclui que se pode ter uma
redução de 70% da água que seria escoada para as galerias de água pluvial. O
teste foi feito com um telhado de uso extensivo com apenas 5 cm de substrato.
32

tabela 1 - Análise comparativa entre três sistemas distintos de cobertura (laje


impermeabilizada, telha cerâmica, telhado verde) e simulação através de software.

Totalização de água escoada - Experimento


Água Água Água Água
escoada mm escoada mm escoada mm escoada mm
Período Laje Telhado de Telhado verde Telhado verde Totais
impermeável barro medido medido simulação
medido software
Nov 2011 8,2 3,7 0,3 5,2 Total mensal
(em mm)
Dez 2011 109,9 85,1 29,1 36,2 Total mensal
(em mm)
Jan 2012 78,7 61,2 21,3 12,1 Total mensal
(em mm)
Fev 2012 128,3 101,2 49,0 55,0 Total mensal
(em mm)
325,0 251,2 99,6 108,5 Total Geral
(em mm)
100,0 77,3 30,7 33,4 Total Geral
(em %)
Fonte: Baldessar (2012)

Baldessar (2012) conclui ainda que o telhado verde realmente contribui,


através dos mecanismos de evapotranspiração e armazenamento, para a redução
de água de chuva direcionada escoada pelos telhados verdes.
Estudo elaborado por Cunha e Mediondo (2004) demonstra que um telhado
verde pode reter 14 mm de água de chuva. Desta forma, segundo o estudo, os
primeiros 14 mm de chuva ficam retidos no telhado para então iniciar o escoamento,
gerando um retardo do escoamento e auxiliando no desafogamento dos sistemas de
drenagem, dependendo do período de estiagem que antecedeu a precipitação.

2.3.4 Produção de oxigênio, absorção de CO2 e filtragem do ar

Sabe-se que o principal gás do efeito estufa é o CO2 e as edificações são as


maiores responsáveis por sua emissão (aproximadamente 50% das emissões),
afirma Roaf (2006). A vegetação, pelo mecanismo da fotossíntese, filtra o ar absorve
carbono e libera oxigênio.
Nowak (2004) apud Shinzato (2009) afirma que as plantas, por meio da
abertura dos estômatos, removem partículas poluentes presentes no ar e os gases
poluídos são dissolvidos pelas folhas das plantas. Além disso, afirma Shinzato
33

(2009), as plantas absorvem o carbono, estocando-o na sua estrutura durante o


crescimento, além de remover contaminantes como: formaldeído, benzina e
tricloroetileno.

2.4 ESTADO DA ARTE

Pesquisadores têm analisado os benefícios dos telhados verdes aplicados a


situações especificas e avaliado diferentes variáveis com o objetivo de verificar a
eficiência dessa tecnologia em diferentes locais e condições climáticas.
Segundo Henry e Frascaria-Lacoste (2012), a generalização das informações
quanto aos benefícios dos telhados verdes podem acarretar em informações
distorcidas. Os autores destacam que a análise das variáveis como: vegetação,
substrato, tipo de construção, localização geográfica, entre outros, são decisivos
para avaliar os benefícios desse tipo de cobertura.
Desta forma, são destacadas algumas pesquisas que fundamentam essa
necessidade de análise específica para cada situação, mostrando que os dados
poderão variar expressivamente em cada situação.

2.4.1 Artigo 01

Saadatian et al. (2013) realizam uma revisão de alguns artigos científicos que
discorrem sobre o tema telhado verde, trazendo alguns resultados voltados aos seus
benefícios no seu artigo: A review of energy aspects of green roofs. Destaca-se, na
sequência, alguns dos resultados obtidos por esses pesquisadores e apresentados
pelos autores.
Saadatian et al. (2013) destacam estudos nos quais viabiliza-se a instalação
de telhados verdes em edificações existentes, ou seja, através do retrofit das
coberturas. Segundo os autores, um estudo realizado em Melbourne por Wilkinson e
Reed (2009, apud SAADATIAN et al., 2013) demonstrou que em retrofit de cobertura
de edificações para a instalação de telhados verdes, as edificações com lajes de
concreto são as mais adequadas para receberem esse tipo de coberturas.
34

A norma brasileira NBR 6120/80, que discorre sobre as cargas para cálculo
de estruturas de edificações, destaca que terraços com acesso ao público devem
ser projetados para carga de 300kg/m² e aqueles sem acesso ao público com
200kg/m². Segundo Savi e Tavares (2013), os telhados verdes podem ter carga de
aproximadamente 90kg/m² quando saturados. Desta forma, pode-se perceber que
as lajes existentes que cumprem a NBR 6120/80 suportam a carga da instalação de
um telhado verde do tipo extensivo.
Castlelon e colaboradorres ressaltam que a modernização dos edifícios com
telhados verdes traz ainda mais benefícios que nos telhados novos, pois
normalmente as edificações antigas contam com menor isolamento trazendo, desta
forma, maior qualidade para o espaço interno (CASTLELON et al., 2010 apud
SAADATIAN et al., 2013).
Saadatian et al. (2013) abordam ainda a influência de qualquer componente
do telhado verde na sua eficiência. Os telhados verdes podem ser projetados sobre
diferentes superfícies como laje, telhas metálicas, e cada um desses irá apresentar
um desempenho diferente. O tipo de substrato e sua espessura e as espécies
vegetais também influenciam no desempenho da cobertura.
Estudo de Kosareo e Rios (2007) destaca a diferença entre telhados verdes
do tipo intensivo e extensivo no escoamento de água pluvial, sendo que os primeiros
podem reduzir cerca de 85% do escoamento da água e os do tipo extensivo em
torno de 60%. Já um estudo realizado por Baldessar (2012) destaca que telhados
extensivos nas condições climáticas de Curitiba podem reter cerca de 69% da água
da chuva. Desta forma, as condições de precipitação local e a tipologia do telhado
verde podem influenciar na retenção de água da chuva.
Esse resultado é importante para a tomada de decisão quanto a tipologia de
cobertura a ser adotada, ou seja, se há necessidade de uma retenção maior de
água. Por exemplo, em centros urbanos com sistemas de drenagens saturados,
recomenda-se o uso de tipologias que possuam a capacidade de maior retenção; se
em áreas rurais com grande capacidade de absorção de água pelo solo, pode-se
optar por um sistema mais leve e com menos retenção.
Saadatian et al. (2013) destacam que a redução da contaminação da água da
chuva também é expressiva quando comparada com telhados tradicionais, cerca de
35

1,5 vezes menos quantidade de zinco, 2,5 vezes menos de cádmio e 3 vezes menos
de cobre e chumbo.
Estudo elaborado por Wong et al. (2003) e abordado por Saadatian et al.
(2013) destaca que a aplicação de plantas nas superfícies dos edifícios é
considerada uma técnica que reduz a temperatura da edificação em até 20ºC e pode
reduzir também a energia gasta com ar condicionado variando de 25% a 80%. Os
autores destacam que os telhados verdes possuem grande contribuição nos dias de
verão pois segundo eles a principal função das coberturas verdes é evitar que a
radiação solar aqueça os espaços internos da edificação (WONG et al. 2003).
Os telhados verdes são capazes de refletir 27% da radiação solar e absorver
60% através da fotossíntese (WONG et al. 2003).
Estudo de Martens et al. (2008 apud SAADATIAN et al., 2013 ) destaca que
os benefícios dos telhados verdes, quanto à economia de energia, são ainda
maiores nas edificações térreas, pois o ganho com isolamento/conforto térmico se
estende por toda a edificação.
Saadatian et al. (2013) destacam em seu artigo o estudo de Getter et al.
(2011), o qual demonstra que na região de Midwstern, nos EUA, os telhados verdes
foram capazes de reduzir 5ºC durante o outono. Durante períodos frios e úmidos, o
fluxo de perda de calor foi menor na cobertura verde quando comparada com uma
cobertura com cascalho. Os autores constataram ainda que a maior variação
aconteceu no verão, reduzindo o fluxo de calor em sua envoltória em média 67%; no
inverno essa redução foi em torno de 13%. Enquanto isto, o telhado com cascalho
demonstrou que houve ganho de calor no verão (GETTER et al., 2011, apud
SAADATIAN et al., 2013).
Estudo realizado em nove cidades no mundo por Alexandri e Jones (2008)
demonstrou que Brasília e Hong Kong apresentaram a melhor redução em
resfriamento, com magnitude de 100%. Este estudo demonstra ainda a eficiência
dos telhados verdes para climas quentes, podendo os mesmos reduzirem a carga
térmica de arrefecimento de 100% para 32%. Os autores destacam ainda que os
telhados verdes contribuem de forma mais efetiva para a redução das ilhas de calor
que a aplicação de paredes verdes, pois o maior ganho térmico da edificação é pela
cobertura (ALEXANDRI e JONES, 2008 apud SAADATIAN, et al., 2013).
36

A capacidade de ganho ou perda de calor pode estar ligada à espécie vegetal


selecionada. Desta forma, um estudo em Cingapura buscou interpretar a influência
das espécies vegetais nas coberturas através da sua área foliar. Para tal
experimento foram utilizados termopares para realizar as medições em seis espécies
vegetais distintas. Os resultados mostraram a influência direta da área foliar com o
desempenho da cobertura. As espécies vegetais mais densas causaram maior
sombreamento e, como consequência, a temperatura verificada foi mais baixa. A
diferença máxima entre a temperatura da radiação média e temperaturas globais
parece ser em torno de 4°C, o que corresponde a um bom indicador da eficiência do
telhado verde no combate ao efeito de ilha de calor (WONG et al. 2003).
Outro fator que influencia o desempenho dos telhados verdes é a densidade.
Se a densidade do substrato aumenta, a condutividade térmica e, portanto, o fluxo
de calor do solo também aumentam, ou seja, substratos mais profundos apresentam
um desempenho térmico melhor (SAADATIAN et al., 2013).
Castleton et al. (2010 apud SAADATIAN et al., 2013), em seu estudo, relatam
a influência da umidade na temperatura da edificação, ressaltando que em meios
mais úmidos o calor de dentro da edificação é retirado com maior facilidade.
Quanto aos materiais e à sustentabilidade aplicada a eles, Bianchini e
Hewage (2011) fizeram um estudo de análise do ciclo de vida dos telhados verdes e
concluíram que os telhados verdes do tipo extensivo possuem um impacto ambiental
menor que os telhados do tipo intensivo. Isso é decorrência da espessura do
sistema e sua manutenção; entretanto, os autores ressaltam a necessidade de
explorar materiais de menor impacto ambiental que os a base de polietileno e
polipropileno utilizado para impermeabilização, por exemplo. Vecchia (2005) destaca
também a importância de eliminar os materiais a base de petróleo por outros com
menor impacto ambiental.
A partir da análise desses diferentes estudos, Saadatian et al. (2013) afirmam
que os telhados verdes possuem muitas vantagens e algumas desvantagens,
ressaltando a questão que envolve a água como um ponto positivo devido a
retenção da água da chuva, a redução das instalações de tratamento de água e o
aumento da qualidade da água escoada. Entretanto, dependendo do tipo do telhado
e da vegetação utilizada, é necessário um alto consumo de água com sua irrigação.
37

No que diz respeito à qualidade do ar, ela produz mais oxigênio e fixa dióxido
de carbono, além de criar habitats para a vida selvagem importante para o
ecossistema. No que diz respeito à interação humana, os telhados verdes
proporcionam oportunidades de lazer e convivência, além do apelo estético desse
tipo de tecnologia e ajuda a melhorar a qualidade urbana (SAADATIAN, et al., 2013).
Os autores trazem um apanhado dos diferentes benefícios que os telhados
verdes proporcionam para a edificação e ressaltam ainda que os estudos
demonstram uma variação entre os resultados alcançados. Essa diferença entre os
resultados é associada à variação da tipologia dos telhados, localização, espécies e
substrato.
Tendo em vista essa especificidade destacada pelos autores, busca-se
analisar alguns parâmetros para o desempenho das coberturas nos telhados verdes
na cidade de Curitiba, destacando a influência das espécies vegetais.

2.4.2 Artigo 02

Os resultados que demonstram as evidências dos benefícios dos telhados


verdes em climas quentes durante o verão são mais evidentes e expressivos.
Entretanto, no inverno existem alguns benefícios, principalmente quando
comparados com edificações sem isolamento térmico, mas que são pouco
abordados pelos pesquisadores.
Jim (2014) elabora um experimento que tem como objetivo a análise térmica
das coberturas verdes durante o inverno, apresentado através do seu artigo: Passive
warming of indoor space induced by tropical green roof in winter Esse estudo
aproxima-se da proposta desta pesquisa, tendo em vista que Curitiba possui
temperaturas baixas, principalmente durante o inverno, sendo importante o papel
das coberturas verdes nesse período
No artigo, "Aquecimento passivo dos espaços internos através de telhado
verde para o inverno em regiões com o clima tropical" (tradução da autora), Jim
(2014) afirma que existem poucas pesquisas que analisam o desempenho térmico
de telhados verdes para o clima de inverno. O autor destaca ainda que os edifícios
sem isolamento térmico ou aquecimento artificial podem resultar na baixa qualidade
38

de vida e saúde dos ocupantes das edificações. A maioria dos estudos de telhados
verdes abordam os benefícios quanto a capacidade de isolamento da edificação no
verão, se caracterizando pela economia de energia e o conforto humano, ou seja,
através da refrigeração passiva.É importante destacar a contribuição e a variação do
desempenho dos telhados verdes quanto ao aquecimento passivo.
Jim (2014) pesquisa a influência dos telhados verdes no aquecimento das
edificações em clima subtropical úmido, como em Hong Kong, e destaca que muitas
soluções relacionadas à questão de saúde e conforto, em estações com clima
quente, estão relacionadas à melhoria do espaço urbano em função do ecossistema
criado pelos espaços verdes urbanos.
A falta de isolamento térmico na maioria dos edifícios de Hong Kong permite
uma troca de calor mais intensa do espaço interno e externo, aumentando assim a
carga de arrefecimento ou aquecimento nas edificações (JIM, 2014).
Assim como a realidade de Curitiba, Jim (2014) afirma que em Hong Kong
raramente adota-se sistemas de aquecimento para o inverno, tornando, desta forma,
os espaços bastante desconfortáveis nos dias frios.
Se sistemas de aquecimento passivo através da radiação solar ou da
redução da perda de calor dos espaços internos forem adotados, o resultado do
desempenho térmico melhor. Além disso, os telhados verdes podem aumentar a
área útil de uma edificação através do uso dessas coberturas.
Diante dessa realidade e a da falta de pesquisas quanto à influência dos
telhados verdes em clima frio, Jim (2014) realiza um experimento para analisar a
variável de temperatura no inverno de Hong Kong, verificando a influencia da
fisiologia vegetal no desempenho das coberturas verdes.
Hong Kong caracteriza-se pelo seu alto índice de urbanização com uma
densidade populacional de 6.620 pessoas/km², com médias climáticas no inverno
variando entre 16,3ºC a 17,9ºC, média superior à de Curitiba, que é de 11ºC (IBGE,
2010).
O experimento foi realizado em Tseung Kwan em três apartamentos de um
edifício residencial com as mesmas condições, sendo um deles cobertura controle e
dois telhados verdes (JIM, 2014).
Sobre uma laje de concreto armado impermeabilizada foram instalados os
telhados verdes, compostos por uma camada de 50 mm de substrato para duas
39

espécies vegetais diferentes: sedum (Sedum mexicanum) e grama amendoim


(Arachis pintoi), com composições de substratos distintas e adequadas para cada
uma das espécies vegetais. Na figura 15 pode-se verificar que a camada de lã de
rocha é utilizada apenas na grama amendoim, pois serve para reter água da chuva.
Devido à característica do Sedum mexicanum de retenção de água, não é
necessária essa camada, afirma o autor.

figura 15 - Composição das três coberturas: Plot A: Cobertura de controle (tradicional); Plot B,
telhado verde com a espécie Sedum; Plot C: telhado verde com Grama Amendoim.
Marcando a posição dos sensores de temperatura e suas alturas.
Fonte: Jim (2014)

Diferente da proposta desta pesquisa, Jim (2014) adotou um sistema de


irrigação automática por aspersão.
As duas espécies vegetais escolhidas pelo autor são perenes, sendo que a
Arachis pintoi possui um crescimento rasteiro e caracteriza-se pela tolerância as
altas temperaturas e por ser uma planta do tipo C3, ou seja, realiza fotossíntese de
forma comum. A espécie Sedum mexicanum é uma planta extremamente tolerante à
seca devido a sua característica de suculenta, realiza fotossíntese CAM, forma
incomum de fotossíntese adaptada ao estresse hídrico. As plantas do tipo CAM
fecham os estômatos e reduzem a transpiração durante o dia para conservar a
umidade e abrem estômatos à noite, sequestrando carbono em ácidos orgânicos
para uso na fotossíntese durante o dia. Segundo o autor, essa espécie é bem
adaptada para telhados em regiões de clima tropical (JIM, 2014).
40

Jim (2014) realizou as medições com uso de termosensores e radiômetro


infravermelhos sem contato, conforme figura 15. Foram medidas temperaturas do ar,
do solo e umidade, sendo os dados coletados na fração de 15 minutos.
Foram escolhidos dias que se caracterizavam como dias típicos de inverno
em Hong Kong, conforme registro metereológico dos últimos 30 anos, sendo
escolhido um dia típico de cada principal condição climática: dia de sol, dia nublado
e dia com chuva (JIM, 2014).
Na figura 16 e figura 17 é possível verificar a variação de temperatura nos
três dias entre os três sistemas distintos.

figura 16 - Fluxo de calor diurno através do telhado em Parcelas A, B e C por dois dias mais
frios nomeadamente adicionais para: (a) Dia de inverno nublado, e (b) dia chuvoso de inverno.
A temperatura é, em ° C e precipitação em mm.
Fonte: Jim (2014)
41

figura 17 - Fluxo de calor diurno através do telhado em Parcelas A, B e C para três cenários
climáticos: (a) dia de inverno ensolarado, (b) dia de inverno nublado e (c) dia chuvoso de
inverno. A temperatura é, em ° C e precipitação em mm.
Fonte: Jim (2014)

Na cobertura controle, no dia de inverno ensolarado, Jim (2014) conclui que


as temperaturas externas variam mais que as temperaturas internas e as
temperaturas do ar possuem uma variação maior que a temperatura superficial, ou
seja, o fluxo de calor é de cima para baixo, para o espaço interno.
No dia de inverno nublado, na cobertura de controle, há uma maior
amplitude diurna de fluxo de calor em comparação com o dia ensolarado. No
entanto, a perda absoluta de calor interior ainda é bastante significativa. O fluxo de
calor negativo é acentuada no dia nublado frio, conforme figura 16a.
Quanto ao dia de inverno chuvoso, a cobertura de controle apresentou um
padrão similar ao do dia nublado sendo que, nessa condição, as temperaturas do ar
se aproximaram da temperatura ambiente. O autor destaca ainda que, em um dia
chuvoso frio, a dissipação do calor interno tem uma perda acentuada, mesmo em
torno do meio-dia. No dia de inverno chuvoso, a cobertura de controle apresentou
um padrão semelhante ao dia nublado, entretanto as temperaturas interiores são
ainda mais baixas. Desta forma, em um dia de chuvoso, a dissipação de calor
interno é intensa mesmo nas horas mais quentes do dia (JIM, 2014).
No dia de inverno ensolarado, no telhado verde com sedum, pode-se
observar que o telhado de controle apresentou um aquecimento maior. Com isso,
nos períodos de pico de calor obteve-se um fluxo de calor para baixo, ou seja, para
o espaço interno. Desta forma, o telhado verde consegue uma transferência de calor
atrasada para dentro da edificação devido à ação da capacidade térmica gerada
42

pelo aumento da capacidade térmica na cobertura. No dia nublado o aquecimento


na superfície foi reduzido, sendo que em alguns momentos o fluxo de calor foi igual
a zero e em outros pôde-se observar uma pequena quantidade de fluxo de calor
para baixo (dentro do ambiente). No dia chuvoso, durante o período da manhã,
observa-se um pequeno fluxo negativo, ou seja, perda de calor do espaço interno
para o meio, e depois desse período pode-se perceber uma inversão do sentido do
fluxo de calor, tornando-se positivo (JIM, 2014).
No telhado verde com a grama amendoim, os resultados para o dia
ensolarado foram similares ao do telhado verde com a planta sedum, entretanto
mostraram uma variação mais intensa quanto à temperatura superficial da planta.
Segundo o autor, o fluxo de calor é para baixo e uniderecional ao longo de todo dia,
auxiliando no aquecimento passivo do ambiente e se mostrou superior ao do telhado
verde com sedum, mostrando-se mais eficaz. Isso pode ser observado devido a
reduzida amplitude térmica ao longo do dia, o que indica a ação da inércia térmica
devido à elevada capacidade térmica do sistema, consequência da trama da grama
amendoim e da espessura do substrato com a camada de lã de rocha.
No dia nublado, o telhado com grama amendoim apresenta comportamento
semelhante ao telhado com a planta Sedum, entretanto com valores mais eficientes,
ou seja, apresenta maior fluxo de calor para o espaço interior. Já no dia chuvoso, a
diferença de temperatura entre o telhado verde e a superfície interior da cobertura é
a mais alta, demonstrando que existe uma redução no fluxo de calor para fora do
ambiente interno.O autor, a partir dessa pesquisa, conclui que os telhados verdes no
inverno tropical tem recebido pouca atenção e o resultado se mostra diferente da
característica normalmente apresentada em zonas climáticas mais frias.
Em climas frios, a preocupação do telhado verde deve ser quanto à
capacidade do telhado verde em reduzir a perda de calor interno para o ambiente
externo mais frio. Desta forma, Jim (2014) destaca algumas conclusões quanto à
sua pesquisa.
1. O telhado de controle perde uma quantidade significativa de calor de forma
negativa (ou seja, para cima);
2. Os substratos dos telhados verdes podem armazenar energia térmica
através da conversão de radiação solar em calor sensível durante o dia;
3. Os telhados verdes podem formar um gradiente térmico para conduzir o
fluxo de calor de forma positiva (para o interior da edificação) no inverno;
43

4. O substrato poroso e a lã de rocha podem armazenar água para aumentar a


capacidade térmica;
5. As camadas de contrapiso e drenagem, que ficam abaixo do substrato,
podem adquirir o calor que fica armazenado no substrato através da
dissipação do calor;
6. Mesmo o telhado verde com a espécie sedum com 5 cm de substrato pode
adquirir o efeito de dissipação de calor suficiente para permitir o fluxo do
calor que aqueça o ar interior;
7. O telhado verde com a grama amendoim, devido a camada de substrato de
10cm, apresentou capacidade térmica mais elevada, permitindo a dissipação
de calor de forma mais intensa;
8. Telhados verdes extensivos podem favorecer o aquecimento passivo do
interior das edificações no inverno tropical, resultando em uma economia no
aquecimento das edificações;
9. Como resultado destaca-se que o efeito de dissipação de calor é mais
eficiente em dias chuvosos, seguido de dias nublados e por fim dias
ensolarados. Esse resultado indica que a entrada de mais energia solar
aumentou a evapotranspiração e, como conseqüência, atenuou o efeito.
Desta forma, a maior incidência solar suprime, ao invés de melhorar, o efeito
de dissipação de calor;
10. O comportamento térmico de telhados verdes no inverno merece mais
investigação mais profunda (JIM, 2014).

A presente pesquisa objetiva analisar a eficiência da cobertura verde para a


cidade de Curitiba. Diante da pesquisa feita por Jim (2014), pode-se concluir que o
objetivo, para as condições climáticas de Curitiba, principalmente nas estações frias
é garantir um isolamento da cobertura e tentar criar um fluxo de calor para baixo,
para dentro da edificação. Desta forma, deve-se criar uma capacidade térmica na
cobertura para as estações de inverno, a fim de conseguir a inércia térmica da
cobertura.
Com a inserção de um elemento a mais na cobertura (lã de rocha) não fica
clara a ação da espécie vegetal no desempenho da cobertura. Desta forma, para
verificar o desempenho da espécie vegetal, é importante manter a mesma
44

composição do substrato para que a variação seja consequência da escolha da


espécie.

2.4.3 Artigo 03

A pesquisa elaborada por Liu et al. (2012): Drought tolerance and thermal
effect measurements for plants suitable for extensive green roof planting in humid
subtropical climates tem o objetivo de analisar o desempenho dos telhados verdes
através da variação de espécies vegetais, e a primeira analise a ser feita é quanto à
resistência das plantas ao estresse hídrico. Liu et al. (2012) realizam um estudo para
verificar a tolerância de algumas espécies quanto ao estresse hídrico, além de
verificar o desempenho térmico dessas espécies para o clima subtropical úmido.
Os autores afirmam que está comprovado a eficácia dos telhados verdes,
tanto em climas quente, como em climas frios. Segundo os autores, os telhados
verdes são utilizados com amplas funções, mas destaca-se principalmente para a
conservação de energia e redução da poluição.
Países de todo o mundo estão promovendo os edifícios verdes como forma
de resolver os problemas dos espaços verdes urbanos insuficientes, através da
criação de mais superfícies horizontais e verticais ajardinados. Essa técnica funciona
como forma de impedir que o calor solar entre dentro de casa e assim reduza as
temperaturas interiores e, por conseqüência, aumente o uso de ar condicionado. As
construções verdes não só reduzem a temperatura e economizam energia, mas
também ajudam no controle do micro clima, melhoram a paisagem visual, criam um
ambiente ecológico de maior biodiversidade, retardam o escoamento das águas
pluviais, protegem os edifícios, reduzem a poluição do ar e reduzem os ruídos
externos (LIU et al., 2012)
Liu et al. (2012) destacam que as edificações recebem duas vezes mais
radiação solar pelos telhados do que pelas superfícies verticais, tais como paredes e
esquadrias.Portanto, o objetivo de seu estudo era o de melhorar a seleção de
plantas para arborização no último andar testando a conservação da água,
tolerância à seca, e os efeitos térmicos de plantas específicas para o clima de
Taiwan.
45

Para a realização do experimento, Liu et al. (2012) utilizaram 31 espécies


vegetais diferentes para a analisar a conservação de água, a tolerância à seca e os
efeitos térmicos das mesmas, conforme figura 20, incluindo plantas das famílias
Commelinaeceae, Bromeliaceae, Crassulaceae, Portulacaceae, Asteraceae,
Aizoaceae, Euphorbiaceae, Lamiaceae, e Liliaceous, tendo como características
plantas suculentas, seduns, plantas do tipo CAM.
Liu et al. (2012) ressaltam que ambientes com alto índice de luz solar e
temperaturas altas levam as plantas rapidamente ao estresse hídrico. Entretanto as
plantas utilizam algumas estratégias para se protegerem como: reflexo da folha,
mudança de posição da folha e resfriamento evaporativo. Ainda, segundo os
autores, o nível de tolerância à seca é um fator fundamental para os telhados verdes
extensivos sobreviverem.
As plantas do tipo CAM são recomendadas para telhados verdes, pois
resistem ao estresse hídrico devido à sua capacidade de fechamentos dos
estômatos de dia, acumulando ácido orgânico, e abertura à noite para realizar a
fotossíntese. Desta forma, evitam a evaporação de água durante o dia (LIU et al.,
2012).
Para análise térmica realizada com as plantas, foram selecionadas nove
plantas com morfologias diferentes, variando características, como tamanho e cor.
Para esse experimento os autores não utilizaram apenas espécies resistentes à
seca. Para a uniformidade dos resultados, as espécies foram plantadas obtendo um
cobrimento de 100% do solo e as medições foram feitas depois o crescimento das
plantas (LIU et al., 2012).
Em Taiwan, cidade onde foram realizados os experimentos, a temperatura
média é superior a de Curitiba, sendo que no mês de agosto apresentou média de
28,7ºC e em novembro de 22ºC. O experimento foi locado sobre um edifício de 8
andares livre de sombreamento.
Nesse estudo, para as medições, foi utilizado um datalogger com termopar
do tipo K, além de uma câmera infravermelho para poder realizar a análise da
influência da planta na regulagem térmica. O experimento foi dividido em três
etapas: a primeira com uso de nove espécies diferentes, com características
morfológicas diferentes; a segunda com a mesma espécie, mas com três alturas
46

diferentes; e, a terceira, com a mesma espécie com variação da coloração das


folhas (arroxeada e esverdeada), conforme figura 18 (LIU et al., 2012).

figura 18 - Análise dos efeitos térmico com imagem do infravermelho térmico; (a) nove tipos de
espécies vegetais; (b) Bryophyllum pinnatum com diferentes alturas; (c) Ipomoea batata com
diferentes cores das folhas
Fonte: LIU et al. (2012)

As medições foram feitas entre 10:30 e 15:00 horas durante três distintos dias
no mês de novembro. As temperaturas obtidas (superfície das folhas, abaixo das
47

plantas, temperatura do ar e do piso) foram medidas a cada 5 minutos. A


temperatura das folhas foram obtidas também com o infravermelho, conforme figura
18 (LIU et al., 2012)
Conforme a figura 19, a temperatura média mais baixa na superfície da folha
foi na espécie T. japonica (Houtt.) DC. a 35,8°C. A mais alta temperatura média da
superfície ocorreu na C. repens L.com 46,7°C. A análise da temperatura superficial
das folhas, conforme a figura 19, mostra que as temperaturas de ambos T. japonica
(Houtt.) DC. (35,8 ° C) e I. williamsii cv. (36,8°C) foram menores do que 40°C,
afirmam Liu et al. (2012).
As temperaturas da superfície da folha de plantas suculentas são todos
evidentemente superiores. As plantas do tipo C3 têm taxas de evaporação mais
elevadas do que as do tipo CAM, afirmam os autores.
O efeito de arrefecimento pode ser observado através da comparação da
redução da temperatura sob a planta e a temperatura do solo. I. williamsii cv. teve a
maior redução de temperatura, com uma diferença de 17,1°C, seguido por S.
trifasciata cv. Hahnii de 17,5°C e B. PinnatumLam. Kurz a 15,9°C. C. repens L.
apresentou a menor redução de 10,2°C.
Na medida em que o solo abaixo dos módulos de vegetação é em cimento,
pode-se obter elevadas temperaturas, em torno de 35-40°C. A diferença entre a
temperatura do solo e a temperatura por debaixo da planta pode ser superior a
15°C.
48

figura 19 - Variação de temperatura versus o tempo na superfície das folhas para:(a) nove tipos
de espécies vegetais; (b) Bryophyl lumpinnatum com diferentes alturas; (c) Ipomoea batata
com diferentes cores das folhas
Fonte: LIU et al. (2012)

A temperatura da planta é afetada por muitos fatores, como a cobertura, taxa


de penetração, taxa de reflexão, taxa de absorção e taxa de evaporação. Assim, a
morfologia da planta, a composição da folha, o tamanho, a forma, o ângulo e tipo
influenciam sobre cada variável (LIU et al., 2012)
As temperaturas para plantas com alturas de 35 cm foram menores do que
naquelas com altura de 15 cm que, por sua vez, foram menores do que as
temperaturas de plantas com uma altura de 10 cm. Plantas mais altas têm mais
folhas, que se sobrepõem umas as outras para reduzir a temperatura média da
49

superfície da folha. Desta forma, conforme análise estatística, os autores Liu et al.
(2012) concluíram que a altura da planta é um fator que influencia no desempenho
de uma cobertura verde.
Quanto à análise em relação à influencia da cor no desempenho térmico de
uma cobertura verde, a temperatura média da superfície de espécie I. batata, com
folhas de cor esverdeada, foi de 31,2°C, enquanto que a variedade de folhas
arroxeadas teve média de 30,5°C. Entretanto, a menor temperatura média por baixo
da planta era da folha verde com 29ºC, ou seja, 4,2°C mais baixa do que a
temperatura média diária. Já a temperatura sob a planta com cor roxa foi ainda mais
elevada do que a temperatura da superfície da folha. Isto prova que o I. batata verde
exibiu a maior diferença de temperatura entre a temperatura sob a planta e a
temperatura do solo, indicando que é mais eficiente para reduzir a temperatura do
solo. Segundo Liu et al. (2012), essa característica é resultado da maior refletividade
das folhas verdes do que das folhas roxas, influenciando assim na redução de
temperatura.
Quanto à tolerância à seca, Liu et al. (2012) selecionaram 31 tipos diferentes
de vegetações e semearam em bandejas de plantação. As sementes foram irrigadas
em um período de 3 meses até apresentarem um crescimento estável. Após esse
período foram suspensas as regas para iniciar o acompanhamento de resistência à
seca, que contemplou os meses de agosto até dezembro do ano de 2009. O objetivo
deste estudo foi investigar a tolerância à desidratação de diferentes tipos de plantas
e usar os resultados de observação para determinar a sua tolerância à seca, sendo
as mesmas classificadas quanto a sua resistência: de crescimento esperado à morte
da vegetação.
Durante o período do experimento, o mês de agosto apresentou o maior
índice pluviométrico, chegando a 810 mm. Entre setembro e novembro o clima foi
mais seco, somando uma precipitação total de 959 mm. Devido a essa
característica, no início do experimento todas as plantas se desenvolveram bem.
Apresentaram crescimento normal como resultado as espécies das famílias:
Portulacaria, Kalanchoe, Euphoria, conforme figura 20.
Apesar de plantas com alta tolerância à seca pertencerem a famílias
diferentes e apresentarem diferentes morfologias quanto às folhas, tamanho e cor,
cada uma tem seus próprios mecanismos de enfrentamento da seca para se adaptar
50

ao estresse ambiental. Seu ponto comum é que toda são plantas suculentas com
folhas carnudas que servem como órgãos de armazenamento de água. (LIU et al.,
2012).
Os resultados indicam que as plantas de famílias do tipo CAM,
Euphorbiaceae, são mais tolerantes à seca e
Portulacaceae, Crassulaceae, e Euphorbiaceae,
podem sobreviver por longos períodos sem regas artificiais. Elas são adequados
para a fina camada de telhados verdes em climas subtropicais e sobrevivem apenas
por chuva natural em condições de telhado em Taiwan.

figura 20 - Dias em crescimento normal das plantas no experimento de tolerância a seca


Fonte: LIU et al. (2012)

Diante desses resultados, pode-se concluir que a espécie vegetal pode


influenciar diretamente em algumas variáveis de análise dos telhados verdes:
desempenho térmico, tanto pela coloração da vegetação quanto pelo seu porte e
fechamento do solo. Desenvolvimento das espécies, através da influência da
tipologia da mesma e a capacidade de resistência ao estresse hídrico.
51

2.4.4 Artigo 04

Alguns autores destacam a importância dos telhados verdes como


mitigadores dos problemas das cidades, Berndtsson (2010) no artigo: Green roof
performance towards management of runoff water quantity and quality: A review,
destaca dois pontos principais à quantidade e qualidade da água filtrada por uma
cobertura.
A presente pesquisa também adota como objeto de análise a relação
qualitativa e quantitativa das águas escoadas por uma cobertura verde
O autor destaca que a população mundial está cada vez mais concentrada
em áreas urbanas. A porcentagem de população urbana mundial tem aumentado
expressivamente e as áreas urbanas estão em constante expansão, em termos de
espaço e densidade. Um dos efeitos da urbanização é o aumento da área de
superfícies impermeáveis. Isso, por sua vez, tem inúmeras consequências para
algumas infra-estruturas da cidade e do ambiente circundante. Quando há infiltração
natural das águas pluviais, diminui a pressão sobre as galerias de águas pluviais.
Estudos indicam que, em certas regiões, o aquecimento global pode causar
aumento da frequência e intensidade das precipitações, que também levarão ao
aumento das inundações urbanas (BERNDTSSON, 2010).
Segundo o autor, apenas alguns benefícios são amplamente analisados
para o projeto e construção de um telhado verde e geralmente estão ligados ao
crescimento e desenvolvimento das plantas. Entretanto, o autor afirma que é
necessário desenvolver ainda mais as aplicações dos telhados verdes de forma a
otimizar os seus benefícios.
O potencial de melhorias é grande. Esta revisão abordada por Berndtsson
(2010) de alguns estudos de pesquisadores dessa área, visa ressaltar
quantitativamente como um telhado verde influencia a drenagem urbana no que diz
respeito à quantidade de águas pluviais e qualidade.
Berndtsson (2010) destaca alguns fatores que afetam a capacidade de
retenção de água da chuva dos telhadoos verdes relacionados à dinâmica de
escoamento.
52

Os telhados verdes reduzem o escoamento de águas pluviais quando


comparados com outros sistemas de cobertura, além de retardar o pico de vazão de
água, conforme figura 21, pois os telhados detêm parte da água e começam a lançá-
la apenas depois de saturado o solo. Uma porção da água fica detida e parte irá
evaporar ou ser utilizada pelas plantas pela transpiração (BERNDTSSON, 2010).
Intensidade da chuva

Tempo

figura 21 - Exemplo de escoamento de um telhado verde (linha tracejada) gerado por um dado
evento de chuva (linha preta).
Fonte: BERNDTSSON(2010)

Entretanto, essa capacidade de retenção irá alterar em função de alguns


fatores, de acordo com Berndtsson (2010):
1. Características dos telhados verdes: camadas, tipo de material, espessura do
substrato, tipo de vegetação, geometria do telhado, inclinação, posição solar
(sombreamento, direção, face, etc.), idade do telhado, entre outros;
2. Condições climáticas: características da estação - período de seca, de chuva,
temperatura do ar, condições de vento e umidade.
Berndtsson (2010) destaca que as propriedades do solo, bem como as
condições de umidade antes de evento de chuva, são cruciais para a quantidade de
água que será detida e, finalmente, que parte do escoamento será reduzida.
Desta forma, o autor ressalta que os valores em % obtidos em um estudo
dificilmente podem ser comparados com outro. Assim, conforme a tabela 2, os
valores variam de acordo com cada pesquisa.
53

tabela 2 - Água da chuva retida em telhados verdes

Referência Água da chuva retida Água da chuva Duração do período


no telhado verde retida nos telhados de estudo
durante o período de verdes: intervalo
estudo % dos eventos %
Bengtsson et al. (2005) 46 - 15 meses

VanWoert et al. (2005) 60.6 - 17 meses

De Nardo et al. (2005) 45 19-98 2 meses

Moran et al. (2005) 63 - 18 meses

Moran et al. (2005) 55 - 15 meses

Carter e Rasmussen (2006) 78 39-100 13 meses

Monterusso et al. (2004) 48 - 4 eventos de chuva

Bliss et al. (2009) - 5-70 6 meses

Fonte: A autora, adaptado de Berndtsson (2010)

Alguns pesquisadores, segundo Berndtsson (2010), avaliam o retardo de


escoamento proporcionado pelos telhados verdes e alguns afirmam que esse
retardo é de 10 minutos, mas que pode variar conforme a intensidade da chuva,
podendo chegar a 30 minutos. Baldessar (2012) afirma que, dependendo da
intensidade e durabilidade da chuva, telhados verdes planos não apresentarão
nenhum tipo de escoamento, retendo 100% da água.
Berndtsson (2010) traz ainda um estudo que demonstra que a redução de
escoamento de um telhado verde, com uma precipitação de 4,3mm/h foi de 1,9mm e
atrasaram o pico de escoamento em 2 horas (DENARDO et al., 2005 apud
BERNDTSSON, 2010).
Os susbtratos e as vegetações também são importantes para a capacidade
de escoamento de água pluvial de um telhado verde. Segundo Berndtsson (2010),
alguns autores afirmam que os substratos possuem influência maior que as
vegetações, principalmente com a variação de espessura destes. Entretanto, as
vegetações desempenham um papel importante, pricipalmente em períodos de
baixa disponibilidade de água e altas temperaturas.
54

Outro fator que irá influenciar o desempenho de escoamento de água da


chuva é a idade do telhado. Com o passar do tempo, o substrato dos telhados
verdes sofrem uma série de variações físicas e químicas e aumenta
expressivamente a quantidade de matéria orgânica, o que influencia na porosidade
da cobertura (BERNDTSSON, 2010).
Getter et al. (2007 apud BERNDTSSON, 2010) compararam o teor de
matéria orgânica e propriedades físicas do solo após 5 anos em um telhado verde.
Os autores descobriram que o teor de matéria orgânica e de espaço porosos/vazios
duplicou em um período de tempo (de 2% a 4% e de 41% para 82%,
respectivamente). A capacidade de retenção de água aumentou de 17% para 67%.
A retenção do telhado verde depende também da estação do ano. Estações
mais quentes, como o verão, resultam em maior evapotranspiração das plantas.
Desta forma, aumenta também a capacidade de retenção de água da chuva
(BERNDTSSON, 2010).
Os diferentes estudos sobre a influência da capacidade de retenção em
telhados verdes trazem resultados diferentes: enquanto alguns estudos não
encontram nenhuma correlação entre a inclinação do telhado e o escoamento,
outros observam que a retenção da água pode depender diretamente da inclinação
(BERNDTSSON, 2010).
Outra análise de Berndtsson (2010) é quanto a qualidade da água da chuva
escoada. O autor destaca alguns fatores que afetam a qualidade da água escoada.
Muitos pesquisadores citam como benefício dos telhados verdes a
capacidade de filtrar a água da chuva. Entretanto, é importante verificar alguns itens
para saber qual a qualidade dessa filtragem. Segundo Berndtsson (2010), pouca
atenção tem sido dada a essa qualidade da água da enxurrada. Na tabela 3 pode
ser verificado o resultado de alguns estudos referentes à qualidade da água.
55

tabela 3 - Concentração de nutrientes no escoamento de água da chuva em telhados verdes

Referências Unidade N-tot NO3–N NH4–N P-tot PO4–P

Teemusk e Mander (2007) mg/l

Precipitação 0,6–1,3 0,18–0,09 <0,015–0,22 0,012–0,019 0,003–0,004

Escoamento da chuva 1,2–2,1 0,42–0,8 0,12–0,33 0,026–0,09 0,006–0,066

Escoamento de degelo 0,2–1,1 0,33–<0,03 0,17–0,35 0,034–0,056 0,011–0,028

Moran et al. (2005) mg/l 0,8–6,8 0,6–1,5

Monte Russo et al. (2004) µg/l 0,46–4,39

Czemiel Berndtsson et al. (2009) (average values)

Precipitação mg/l 2,65 1,03 1,08 0,04 0,02

Escoamento da chuva mg/l 2,31 0,07 0,08 0,31 0,27

Escoamento de degelo mg/l 0,59 0,11 0,15 0,01 0,00

Bliss et al. (2009) mg/l 0,0 2-3

Fonte: A autora, adaptado de Berndtsson (2010)

Para analisar a qualidade da água, deve ser analisada a qualidade da água


na fonte e a sua exposição a contaminantes durante o seu movimento nas
superfícies construídas ou no solo. A água da chuva é geralmente considerada
como não poluída, mas pode ser ácida e conter quantidades substanciais de
nitratos, afirma Berndtsson (2010). Pode conter traços de outros poluentes, por
exemplo, metais pesados e pesticidas, dependendo das fontes de poluição local e
ventos dominantes.
Abaixo, alguns dos fatores que influenciam potencialmente escoamento do
telhado verde:

1. tipo de material utilizado (composição do solo, o material de drenagem e/ou


material do telhado subjacente, material dos tubos de chuva);
2. espessura do solo;
3. tipo de drenagem ;
56

4. manutenção / produtos químicos utilizados ;


5. tipo de vegetação, estação (biomassa usando nutrientes);
6. dinâmica de precipitação ;
7. direção do vento;
8. fontes de poluição local;
9. propriedades físico-químicas dos poluentes (BERNDTSSON, 2010).
Os contaminantes mais comuns de escoamento de águas pluviais urbanas
são os metais pesados, hidrocarbonetos de petróleo, pesticidas, suspensos sólidos,
nutrientes e microrganismos patogênicos. Segundo o autor, a principal questão
relacionada ao escoamento de água de chuva em telhados verdes é se ele aumenta
ou diminui a carga de poluição urbana no escoamento. Segundo os estudos
avaliados por Berndtsson (2010), existem duas formas de avaliar essa condição:
A primeira é quando se analisa se a quantidade de entrada de poluentes é
maior ou menor que a quantidade de saída desses. Desta forma, um telhado é
poluente se as concentrações de entrada forem menores que as concentrações de
saída. Nessa condição, não é levada em consideração a redução de água durante o
escoamento.
A segunda forma é quanto à massa de poluentes lançadas, ou seja, a
análise é se a carga de poluentes recolhidas em uma superfície sem o telhado verde
é diferente da massa recolhida depois do telhado verde (BERNDTSSON, 2010).
A carga de fósforo na água da chuva é geralmente muito pequena,
entretanto ela pode ser aumentada com uso de fertilizantes no solo, alguns
pesquisadores afirmam que o fósforo presenteno telhado verde na maioria das
vezes é liberados como fostado. Köhler et al. (2002 apud BERNDTSSON, 2010)
conclui, em relação aos fosfatos, que a redução de cargas depende da redução do
volume de água no interior do telhado verde e, segundo os autores, a redução de
fosfato também está ligado a vida útil do telhado verde, desta forma, ele associa a
quantidade de fosfato a irrigação e a idade do telhado verde.
Outro elemento analisado pelo autor é o nitrogênio. Alguns estudos indicam
que as concentrações de diversas formas de nitrogênio são mais baixas depois de
passarem pelo telhado verde do que as encontradas na água da chuva antes de
escoar nas superfícies, enquanto outros afirmam que liberação de nitrogênio é mais
significativa após os telhados verdes. As concentrações de nitrogênio no
57

escoamento do telhado verde estão ligados ao tipo de solo, à idade do telhado verde
e à manutenção (uso de fertilizantes).
Quanto aos metais pesados, não existe nenhum estudo disponível que
associe a liberação de metais pesados aos telhados verdes, afirma o autor. Segundo
ele, em geral nenhum telhado verde mostrou influência na qualidade do escoamento
superficial e na saída, entretanto, como os telhados verdes reduzem a quantidade
de água escoada, a quantidade de metais também é menor (BERNDTSSON, 2010).
Os telhados verdes podem influenciar a qualidade do escoamento
aumentando o pH da água para 7 ou 8 após o escoamento (BLISS et al., 2009 apud
BERNDTSSON, 2010).
O autor ainda destaca a relação com o first flush, ou seja, a primeira água de
escoamento da superfície. Essa água geralmente é mais poluída pois ela faz a
lavagem da superfície, carregando maior carga de poluição atmosférica, além de
rejeitos de pássaros, restos de espécies vegetais, etc., nos telhados verdes. Esse
fato também ocorre diminuindo a qualidade da água do primeiro escoamento
(BERNDTSSON, 2010).
O autor ressalta ainda que muitos telhados verdes, principalmente do tipo
intensivo, utilizam fertilizantes para auxiliar no desenvolvimento das espécies
vegetais.
Berndtsson (2010) conclui que os telhados verdes assumem importante
papel para a drenagem urbana, considerando tanto a quantidade quanto a qualidade
da água, com aspectos relacionados (propriedades geométricas, tipo de solo e
profundidade, vegetação e manutenção). Verifica-se que as declarações gerais
sobre o potencial papel benéfico de telhados com vegetação em ambiente urbano
são comuns através da literatura atual. No entanto, as evidências científicas dos
vários benefícios ainda são insuficientes. Há exemplos de diferentes estudos que
relatam resultados contraditórios e isso é consequência das condições específicas
de cada instalação de telhado verde.
Em relação à qualidade escoamento da água, torna-se evidente que a maior
influência sobre o teor de nutrientes no escoamento superficial é a partir do material
do solo (por exemplo, composto) e fertilizantes adicionados. Desta forma, é sempre
importante avaliar a necessidade de fertilização do solo.
58

A partir disso, pode-se concluir que os telhados verdes têm a capacidade de


aumentar a retenção de água da chuva em relação a outros sistemas de cobertura.
Entretanto, as características da cobertura podem influenciar diretamente nessa
retenção, assim como as condições climáticas locais. Desta forma, é necessário
avaliar a retenção para cada cidade com condições climáticas diferentes. Na
presente pesquisa, com o objetivo de verificar se as vegetações influenciam de
forma significa nessa alteração, deve-se manter constente todas as demais
caracterísitcas do telhado verde para que se possa isolar essa variável.
Quanto a qualidade da água, destaca-se as variáveis de nitrogênio, fósforo e
pH para ser observada e comparada com sistemas tradicionais de cobertura. Essas
variáveis podem variar em função da composição do substrato.

2.4.5 Artigo 05

Outro fator que pode ser destacado quanto aos telhados verdes é a sua
sustentabilidade. Kosareo e Ries (2006) buscam analisar de forma comparativa
telhados verdes e telhados convencionais e verificar a análise de ciclo de vida
envolvida no artigo: Comparative environmental life cycle assessment of green roofs.
Segundo Kosareo e Ries (2006), a redução de uso de energia com telhado
verde não é tão grande quando analisada a energia total da construção. Essa
redução é importante quando feita a análise do ciclo de vida da edificação.
Estudos que compararam telhados verdes extensivos, intensivos e telhados
convencionais, verificaram que os telhados extensivos têm custo de ciclo de vida
menor que os telhados convencionais, diferente dos telhados intensivos, que
apresentaram custo do ciclo de vida maior (KOSAREO e RIES, 2006).
Entretanto, esse não deve ser o único fator analisado, tendo em vista que na
vida útil do telhado verde intensivo muitos serão os ganhos ambientais. Desta forma,
Kosareo e Ries (2006) destacam a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV). O
objetivo da ACV é comparar os impactos ambientais e as potencialidades envolvidas
na construção.
O estudo de Kosareo e Ries (2006) quanto à comparação entre três sistemas
de cobertura (telhado verde extensivo, telhado verde intensivo e telhado
59

convencional), verificou que o telhado verde intensivo apresentou


apresentou o menor consumo
elétrico e de gás dentro do cenário analisado.
Os autores ressaltam ainda que a redução de escoamento de água para a
laje com cascalho foi de 33%, do telhado verde extensivo de 60% e intensivo 85%,
além de uma redução expressiva dos poluentes encontrados na água.

figura 22 - Visão geral do processo básico de produtos nos sistemas de coberturas


alternativas. O diagrama de fluxo descreve o fluxo básico de energia, emissões e materiais. As
setas pretas representam casos em que um modo de transporte serão utilizados.
Fonte: Kosareo e Rios (2006)

Na figura 23 busca-se comparar os três telhados quanto às suas emissões e


os impactos em quatro pontos distintos: saúde humana, qualidade do ecossistema,
mudança climática e recursos. O principal impacto de todas as coberturas é na
saúde humana e se deve principalmente à eletricidade com base no carvão, afirmam
Kosareo e Ries (2006).
60

Ciclo de vida Ciclo de vida Ciclo de vida


do telhado telhado verde telhado verde
de controle extensivo intensivo

Saúde humana Qualidade do ecossistema


Mudanças climáticas Recursos
figura 23 - Resultados individuais para os três tipos de coberturas
Fonte: Kosareo e Ries (2006)

Apesar da necessidade de recursos adicionais, inicialmente os telhados


verdes são a escolha ambientalmente preferível para a construção de um edifício
devido à redução na demanda de energia e maior vida útil da impermeabilização da
cobertura (KOSAREO e RIES, 2006).
A análise do ciclo de vida da edificação está diretamente relacionada aos
materiais que a compõem. Desta forma, deve-se atentar na escolha desses
materiais, podendo ser através do ciclo de vida de cada um dos materiais que o
compõem. Deve-se atentar também à capacidade de conservação de energia que
cada um dos telhados pode proporcionar, tendo em vista que esse é o maior
impacto entre os pontos analisados.
A escolha por telhados verdes como cobertura em edificações pode
representar uma série de benefícios, sejam eles para as edificações ou para o meio
ambiente. Entretanto, é necessário desenvolver mais pesquisas locais com o
objetivo de entender esses benefícios para cada localização com o objetivo de
nortear a escolha por um ou outro tipo de telhado.
61

3 MÉTODO DE PESQUISA

3.1 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA (MÉTODO) DE PESQUISA

Esta pesquisa é de caráter experimental e busca avaliar, de forma


comparativa, o desempenho dos telhados verdes quando variadas as espécies
vegetais, com foco na análise da temperatura superficial superior e posterior nos
módulos, capacidade de retenção de água da chuva e qualidade da água escoada.
Gil (2002) afirma que o “experimento representa o melhor exemplo de
pesquisa científica.” Define ainda que, em sua essência, “a pesquisa experimental
consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam
capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos
que a variável produz no objeto”.
Moreira (2004) destaca que um experimento tem como características:
“enquanto uma variável independente é manipulada, todas as outras variáveis são
mantidas constantes; o efeito da manipulação da variável independente sobre a
variável dependente é então observado”.

3.1.1 Unidade de análise

Esta pesquisa busca saber o desempenho dos telhados verdes quando


variado o tipo de espécie vegetal, para as quatro estações na cidade de Curitiba.
A unidade de análise desta pesquisa é a variação do efeito que a escolha
das espécies vegetais causa sobre um telhado verde do tipo extensivo através das
seguintes variáveis: desenvolvimento das espécies, capacidade de retenção de
água da chuva, desempenho térmico e qualidade da água.

3.1.2 Delimitação do trabalho

Essa pesquisa tem como objeto de estudo uma cama de teste para analisar
o desempenho de telhados verdes, comparando-os com sistemas tradicionais de
cobertura. A análise será feita em Curitiba com cinco protótipos de telhados verdes,
62

com cinco espécies vegetais diferentes. Três protótipos simulando coberturas


tradicionais, cobertura de telha cerâmica, cobertura de telha de fibrocimento e laje
impermeabilizada, este último também servindo como telhado de controle ou
pluviômetro Todos os sistemas tem como base chapa de compensado naval.
As variáveis analisadas serão:
1. Desenvolvimento das espécies, através da análise visual durante o período
de fevereiro de 2014 até abril de 2015, através de relatórios fotográficos
comparando as espécies vegetais;
2. Capacidade de retenção e qualidade da água da chuva escoada através da
leitura em galões milimetrados em eventos específicos de chuva, comparando
os dados obtidos de cada módulo entre eles. A análise de retenção de água
de chuva foi feita durante o período de junho de 2014 até janeiro de 2015,
realizando as medições na sequência de um período de chuva, sendo
relatados alguns eventos nesse período;
3. Desempenho quanto à temperatura superficial dos sistemas, com instalação
de termopares do tipo K, conectados ao datalogger do tipo TD-890 fixados na
parte inferior nos módulos (fixado na base da estrutura) e na parte superior
(sobre os sistemas de telhado verde), comparada com a temperatura do ar,
através de eventos específicos;
4. Análise da qualidade da água através dos parâmetros: nitrogênio total (na
primeira amostra) nitrogênio amoniacal (na segunda amostra) fósforo total,
pH, sólidos totais e coloração.
Os protótipos foram locados lado a lado em uma mesma estrutura, para que
se obtenha as mesmas condições climáticas incidindo sobre eles.
Essa pesquisa não irá abordar as variações de temperaturas dentro de
ambientes, apenas a temperatura superficial, tendo em vista que esse experimento é
uma cama de testes. Não será analisada a influência do substrato nas vegetações,
sendo esse mantido como uma constante nos módulos. Não serão avaliadas demais
variáveis de qualidade da água da chuva não citadas anteriormente. Transbordo de
água de escoamento será desconsiderado na análise.
63

3.1.3 Justificativa da escolha a partir do objetivo

A estratégia é analisar o comportamento da cobertura verde e verificar a


adaptação das vegetações ao clima subtropical da cidade de Curitiba, confrontando
os dados com os dados das coberturas tradicionais e verificado seu desempenho
quanto à temperatura superficial, retenção e qualidade da água.

3.1.4 Testes de validade

Robson (2011) destaca a importância da validade da pesquisa, ressaltando


que a falta de confiabilidade pode ser consequência de erros do objeto, do viés do
objeto, erro do observador e viés do observador. Entretanto, se a confiança for
demonstrada, o autor coloca que um bom trabalho de medição será realizado.

3.1.4.1 Validade do constructo

Como o objetivo da pesquisa é analisar as variáveis do telhado verde quanto


às espécies vegetais, comparando um sistema com o outro, os módulos de
cobertura foram posicionados um ao lado do outro de forma a garantir as mesmas
condições ambientais para todos, livres de interferências ou interferências diferentes
em cada um deles.
Para garantir a comparação entre os sistemas, foi deixado um dos módulos
apenas com a base impermeabilizada para funcionar como pluviômetro e ter a
precipitação local exata. Foi instalado um datalogger para a medição da temperatura
do ar junto aos módulos.
Quanto aos telhados verdes, foi alterada a variável referente às espécies
vegetais. Todas as demais variáveis foram mantidas constantes para não influenciar
nas medições.
Os módulos de telhado verde tiveram sua montagem feita no mesmo dia
para evitar influência de precipitação ou outras condições climáticas diferentes entre
eles. Além disso, a irrigação manual e a adubagem foram realizadas de forma igual
e também no mesmo período em cada um dos sistemas.
64

Os ensaios de água, realizados em laboratório, foram executados pela


mesma pessoa para evitar variações de leitura Além disso, foi seguida a
metodologia adotada como padrão dentro do laboratório. As soluções criadas para
as análises utilizadas em cada bateria de testes eram iguais para todas as amostras
para evitar qualquer tipo de influência sobre as espécies.

3.1.4.2 Validade interna

Para garantir a validade interna, a execução do experimento segue a


sequência descrita no protocolo de coleta de dados, sendo apresentada através dos
registros fotográficos e relatórios desenvolvidos ao longo da construção.
Ainda, para a validação, serão feitas comparações com modelos de
coberturas tradicionais, laje impermeabilizada, telha cerâmica e telha de
fibrocimento, expostos às mesmas condições que os telhados verdes, para verificar
se a variação encontrada entre os módulos é significativa.
Durante as medições de temperatura foi verificado se os termopares
estavam instalados corretamente e foi mantido padrão o mesmo datalogger para
cada uma das amostras, além de garantir a instalação do datalogger de temperatura
do ar.
Foram realizado dois testes de laboratório em água, para comparar os dados
e verificar se os resultados eram convergentes.
O mesmo destaca-se para retenção de água da chuva e temperatura
superficial.

3.1.4.3 Validade externa

Robson (2011) chama a validade externa de generabilidade. O autor destaca


a preocupação que se deve ter na validade externa com as ameaças, principalmente
quanto a qual recorte a pesquisa faz parte, seja um recorte de um grupo, de um local
de abrangência, e a significância deste recorte.
O experimento desta pesquisa não será feito em laboratório, apenas os
ensaios de qualidade da água, sendo que as variáveis de clima, umidade e
65

temperatura não são controláveis, mas acontecem igualmente entre todos os


sistemas em análise.
Para garantir que o método comparativo entre os módulos fosse válido,
todos foram construídos no mesmo local, com as mesmas condições climáticas.
Desta forma, esse estudo tem validade para regiões que apresentem as mesmas
características climáticas da cidade de Curitiba nas datas analisadas. Além disso, os
materiais utilizados tiveram as suas especificações detalhadas no método de
pesquisa.

3.1.4.4 Rastreabilidade

Yin (2010) destaca a importância da rastreabilidade, ou confiabilidade, de


uma pesquisa, podendo outro pesquisador chegar aos mesmos resultados quando
seguido o mesmo método de pesquisa.
A rastreabilidade desta pesquisa será garantida através da descrição do
processo no protocolo de coleta de dados, da especificação dos materiais e
equipamentos utilizados na montagem dos sistemas, além da disponibilização de
dados climáticos, pluviométricos e de temperatura local utilizados para a pesquisa
em questão.
Disponibilização da metodologia aplicada em laboratório para realização da
análise de água.

3.2 PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS

Gil (2002) afirma que “a coleta de dados, na pesquisa experimental, é feita


mediante a manipulação de certas condições e a observação dos efeitos
produzidos”.
Yin (2001) afirma ainda que o protocolo de coleta de dados tem a função de
servir como instrumento para a sistematização das regras e procedimentos de como
efetuar o levantamento de dados.
Abaixo a descrição das etapas adotadas para a elaboração dessa pesquisa.
a) Primeira etapa: revisão bibliográfica.
66

Esta etapa, contemplada no capítulo 02 desta pesquisa, compreende a


fundamentação do trabalho através da análise das bibliografias existentes, que se
relacionam direta ou indiretamente com o tema desta dissertação. Primeiramente,
abordando o conceito de telhados verdes e as suas tipologias. Na sequência,
realiza-se uma análise quanto aos benefícios que esse tipo de cobertura pode trazer
para as edificações e para o meio ambiente, seguida com uma abordagem sobre a
composição dos telhados verdes, sua importância e as espécies vegetais que
podem ser utilizadas em telhados verdes do tipo extensivo. Finaliza-se essa etapa
com o estado da arte, abordando alguns dos artigos recentemente publicados sobre
o tema que convergem com o tema dessa pesquisa.
b) Segunda etapa: experimento
Nessa etapa fundamentam-se as decisões sobre a construção da mesa de
testes que contempla 5 telhados verdes, 2 coberturas tradicionais e 1 pluviômetro,
descrevendo as características do local, o projeto e a construção do protótipo com
registro fotográfico de todo o processo. Essa etapa está descrita no item e).
c) Terceira etapa: coleta de dados e resultados
Os dados serão coletados conforme medições, sendo essas registradas na
forma de planilhas de coleta de dados, apresentando assim o resultado de análise
da cada uma das variáveis, sendo apresentado a método de análise desses dados
no item 3.4
d) Quarta etapa: análise dos resultados
Nessa etapa serão relacionados os resultados, mostrando o desempenho de
cada sistema destacados nos principais eventos analisados, além do comparativo
entre todos os sistemas e a melhor adaptação de cada um deles, item 4.
e) Quinta etapa: conclusão

3.3 EXPERIMENTO - CAMA DE TESTES

3.3.1 Localização

Para a montagem da cama de testes foi necessário um espaço livre de


sombreamento para que a mesma pudesse ser instalada em uma altura confortável
e de fácil acesso para leituras frequentes. Desta forma, optou-se por montar na
67

estrutura do Horto Municipal de Curitiba, que possui essa área disponível, além de
segurança 24 horas (figura 24 e figura 25), o que garante maior segurança para os
equipamentos utilizados.
O Horto Municipal localiza-se na cidade de Curitiba, no bairro Guabirotuba, na
Avenida Senador Salgado Filho, 1050. É administrado pelo Departamento de
Produção Vegetal, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e é responsável pela
produção de mudas de flores destinadas às áreas públicas da cidade de Curitiba.
A Cidade de Curitiba representa hoje a oitava cidade mais populosa do
Brasil (IBGE, 2010). Ainda, segundo dados do IBGE (2010), está localizada na zona
de clima temperado super úmido sem seca. Já, segundo a classificação climática de
Köppen-Geiger, Curitiba possui como tipo climático Cfb, caracterizado como
temperado úmido ou sub-tropical com verão temperado, chuvas bem distribuídas e
verões brandos, com temperatura média no inverno de 11ºC e no verão de 23ºC
(SAMPAIO et al., 2011).
Conforme as normais climatológicas do Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET, 2015) destaca-se que Curitiba possui uma precipitação anual média de
aproximadamente 1500mm e temperatura m édia de 16,8ºC (1961-1990), conforme
tabela 4.

tabela 4 - Normais climatológicas Curitiba (1961 - 1990)


UN JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO
Temp.
Média ºC 20,4 20,6 19,6 17,2 14,5 13,1 12,9 14,1 15,0 16,5 18,2 19,3 16,8
Temp. Mín
ºC 16,4 16,3 15,4 12,8 10,2 8,4 8,1 9,2 10,8 12,5 14,0 15,4 12,5
Temp. Máx
ºC 26,6 26,7 25,7 23,1 21,1 19,6 19,4 20,9 21,3 22,6 24,5 25,4 23,1
Pressão
Atm. hPa 909,4 910,3 911,2 912,4 913,4 914,3 915,1 914,0 913,3 911,6 910,1 909,4 912,0
Precipitação
mm 171,8 157,6 138,8 94,8 101,0 115,6 98,8 73,4 119,2 133,3 126,9 152,3 1483,4
Umid. Rel.
% 79,0 80,0 80,0 79,0 82,0 82,7 81,0 79,0 82,0 82,0 80,0 82,0 80,7
Evaporação
mm 79,0 67,7 68,7 58,9 57,8 58,1 68,1 79,9 69,5 71,2 84,1 80,4 843,4
Insolação
horas 184,4 160,8 172,0 164,2 178,3 160,2 173,4 175,4 134,1 155,5 177,0 170,9 2006,2
Fonte: A autora, a partir de dados Inmet (2015)
68

figura 24 - Horto Municipal de Curitiba figura 25 - Local de Inserção da mesa de testes


Fonte: Google Earth (2014) Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2014)

3.3.2 Projeto da cama de testes

O projeto arquitetônico da cama de testes contemplou 14 módulos, sendo 5


módulos de telhados verdes com variação de espécies vegetais, 5 módulos com
variação da composição de substratos e mesma vegetação utilizada por Muller
(2014), dois protótipos de coberturas tradicionais (telha cerâmica, telha de
fibrocimento) e, por fim, dois módulos de laje impermeabilizadas que cumprem
também a função de pluviômetro (figura 26, figura 27, figura 28, figura 29 e figura
30).

figura 26 - Perspectiva do protótipo


Fonte: A Autora (2013)
69

figura 27 - Perspectiva do protótipo


Fonte: A Autora (2013)

figura 28 - Perspectiva do protótipo


Fonte: A Autora (2013)

figura 29 - Perspectiva do protótipo


Fonte: A Autora (2013)
70

figura 30 - Perspectiva do protótipo


Fonte: A Autora (2013)

A figura 31 apresenta o corte desse sistema e toda a composição do


mesmo. No apêndice A desta pesquisa é possível verificar todo o projeto executivo
da estrutura.

figura 31 - Corte do protótipo


Fonte: A Autora (2013)

Toda a cama de teste possui uma inclinação de 2% para garantir o


escoamento da água da chuva (figura 31 e figura 33).
Em cada um dos módulos foi prevista uma saída de água para a drenagem
do sistema ligado a um recipiente graduado para a leitura da captação da água de
chuva, conforme figura 33.
71

figura 32 - Mesa de teste de telhados, demonstrado a figura 33 - Sistema de Captação


inclinação prevista para os módulos de água da Chuva
Fonte: A Autora (2013) Fonte: A Autora (2013)

3.3.3 Montagem da mesa de testes

Optou-se por um sistema de cobertura com uso de madeira, ao invés de laje


de concreto armado. Roaf et al. (2006) discorrem sobre o uso da madeira nas
edificações e destacam como um dos principais atributos desse material a
capacidade de redução na quantidade de CO2 na atmosfera. Entretanto, os autores
destacam ainda que se deve observar de onde vem a madeira, devido à emissão de
CO2 no transporte desse material, e se é certificada.
A partir disso, optou-se pelo uso de chapa de compensado estrutural para a
base do sistema, pois a mesma é feita com madeira com certificado de
reflorestamento e de produção próxima. As demais madeiras utilizadas para o
vigamento do sistema foram de reaproveitamento auxiliando, dessa forma, na
sustentabilidade do sistema.
Para suporte da estrutura no terreno disponível foram construídas 8 sapatas
de concreto, conforme o projeto estrutural, com as dimensões de 30x30cm e 20 cm
de altura, conforme figura 34. Em cada sapata foi chumbada uma barra roscada de
aço galvanizada com bitola de 1/4" para fazer a conexão com a estrutura de pilares
de madeira (figura 34). Os pilares foram furados com broca adequada e para a
72

fixação foi aplicado adesivo estrutural de base epóxi e secagem rápida, indicado
para a fixação de materiais como concreto, madeira e aço.

figura 34 - Instalação dos pilares em madeira nas sapatas de concreto


Fonte: A Autora (2013)

Conforme citado, as madeiras utilizadas para a base do sistema foram


reaproveitadas. Assim, as madeiras foram primeiramente identificadas (figura 35),
limpas (figura 36) e cortadas previamente (figura 37 e figura 38), tendo os pilares
uma altura de 50 cm e as vigas de madeira altura média de 20 cm. Por se tratar de
um material de reaproveitamento, as vigas tinham uma variação de altura, sendo
essas compensadas com calços, deixando, desta forma, todas com o mesma altura
quando instaladas.

figura 35 - Identificação das vigas e pilares figura 36 - limpeza e identificação das vigas e
conforme projeto pilares
Fonte: A Autora (2013) Fonte: A Autora (2013)
73

figura 37 - Corte das madeiras conforme figura 38 - Corte das madeiras conforme
projeto projeto
Fonte: A Autora (2013) Fonte: A Autora (2013)

Todo o protótipo possui uma inclinação de 2% no sentido transversal do


sistema, com essa inclinação na orientação noroeste.
Sobre esse sistema estrutural de sapatas de concreto, pilares e vigas de
madeira foi fixada a base dos módulos, compondo uma grande mesa. A estrutura
dos módulos foi feita com compensado de pinus naval, composto de lâminas de
pinus de reflorestamento e resina fenol-formaldeído, sendo um material a prova
d’água, com espessura de 20 mm e chapas de comprimento de 2,44m x1,22 m
(figura 39). Todas as peças que compõem os módulos (fundo e lateral) vieram
cortadas de fábrica nas dimensões previstas em projeto,
projeto, sendo necessário apenas
parafusar o sistema in loco (figura 40). Primeiramente a base foi parafusada nas
vigas (figura 41) e, na seqüência, as laterais do módulos fixadas uma na outra com
cantoneiras em 90º, garantindo o esquadro
esquadro entre elas, e por fim fixadas na base
também com cantoneiras em 90º (figura 42).

figura 39 - Chapa de compensado de pinus naval


Fonte: Global Wood (2014)
74

figura 40 - Chapas de Compensado cortadas de fábrica


Fonte: A Autora (2013)

figura 41 - Montagem da mesa de testes


Fonte: A Autora (2013)

figura 42 - Fixação da estrutura lateral dos módulos


Fonte: A Autora (2013)
75

Com o corte das madeiras, as laterais da chapa de compensado ficaram


expostas, sendo necessária a aplicação de um selador de borda a base de resinas
acrílicas, pigmentos orgânicos e inorgânicos, coalescentes, espessantes,
surfactantes, e cargas minerais (figura 43).
distanciamento entre eles de 2,5cm. O
Os módulos foram instalados com distanciamento
objetivo dessa distância é eliminar a influência térmica de um módulo sobre o outro,
sendo colocado um poliestireno expandido (EPS) entre os módulos devido à sua
capacidade de isolamento térmico (figura 44).

figura 43 - Selador de borda figura 44 - Bordas seladas e EPS colocado


Fonte: Global Wood (2014) Fonte: A autora (2013)

A drenagem de cada módulo é independente e realizada através de um tubo


de PVC de 3/4" na parte inferior do módulo, no nível mais baixo de cada módulo
(figura 45). Para verificar o melhor local de instalação
instalação da drenagem foi despejado um
litro de água e verificada a direção do escoamento do módulo, no sentido da
inclinação. Esse tubo foi instalado antes da impermeabilização, para que esta
pudesse envolver o tubo de queda e evitar
evitar infiltrações pelo tubo de drenagem.
76

figura 45 - Sistema de drenagem dos módulos figura 46 - Instalação do sistema de coleta de


Fonte: A autora (2014) água da chuva
Fonte: A autora (2014)

A partir disso, iniciou-se a etapa de impermeabilização, na qual foi utilizado


um sistema de borracha líquida, que é um nanocompósito formado pela combinação
de borracha modificada e um silicato lamelar com dimensões nanométricas,
conforme informações do fabricante.
Nos encontros entre chapas e nos parafusos foi aplicada uma massa
composta de borracha líquida e pneu moído com a função de fechar todas as frestas
do sistemas, aplicada em todos os encontros das chapas de compensado (figura 47
e figura 48). Na seqüência, com rolo de lã e pincel largo, foi aplicada a borracha
líquida em todas as laterais e fundo de cada módulo, sendo repetido esse
procedimento mais uma vez, para garantir a cobertura de toda a superfície (figura 49
e figura 50).
77

figura 47 - Composto para fechar frestas figura 48 - Vedação nos encaixes das caixas
Fonte: A autora (2013) Fonte: A autora (2013)

figura 49 - Impermeabilização fundo do figura 50 - Impermeabilização laterais do


protótipo protótipo
Fonte: A autora (2013) Fonte: A autora (2013)

3.3.4 Montagem dos módulos de telhado verde

Os módulos de telhado verde são compostos das seguintes camadas: manta


antirraízes, camada de drenagem, manta de contenção de substrato, substrato e
vegetação. Para a proteção antirraízes, foi instalada nos módulos de telhados verde
uma manta de polietileno de alta densidade, com espessura de 0,5mm, que se
caracteriza por ser um termoplástico derivado do eteno com densidade igual ou
maior que 0,941g/cm³. Esta resina tem alta resistência ao impacto, inclusive em
baixas temperaturas, e boa resistência contra agentes químicos e raios solares. Ela
cumpre a função de conter as raízes das vegetações para que as mesmas não
penetrem na impermeabilização.
78

figura 51 - Manta de PEAD - camada antirraízes


Fonte: A autora (2013)

Sobre essa camada foi disposta a camada de drenagem, que foi executada
com argila expandida com espessura média de 4 cm (figura 52). A escolha pela
argila expandida se deu devido ao seu peso, que é muito inferior ao peso de pedra
britada, além de apresentar formato arredondado que prejudica menos a camada
antirraízes do sistema (figura 53). Não foi utilizado nenhum sistema de retenção de
água da chuva pois o objetivo é verificar a resistência ao estresse hídrico das
plantas e a capacidade de retenção no substrato e na vegetação, sem influência do
sistema.

figura 52 - Camada de drenagem com 4 cm figura 53 - Colocação de argila expandida nos


de espessura módulos de telhado verde
Fonte: A autora (2013) Fonte: A autora (2013)
79

Por definição, a argila expandida é um agregado de origem mineral com uma


densidade de partícula não superior a 2000 kg/m³ ou uma densidade aparente solta
não superior a 1200 kg/m³. É feita a partir de matérias-primas naturais, como barro,
ardósia, xisto, etc., e de subprodutos industriais como cinzas volantes, cinzas de
escória, etc. (SHAFIGH et al., 2014). Foi utilizada a argila com granulometria de 22 a
32 mm, equivalente a brita 2.
Sobre a drenagem foi instalada uma manta geotêxtil não tecida que cumpre
a função de contenção do substrato, conforme figura 54.

figura 54 - Colocação da manta geotêxtil


Fonte: A autora (2013)

Imediatamente acima da camada do geotêxtil foram dispostos os elementos


do substrato, composto de: turfa, vermiculita, casca de arroz carbonizada e terra
preta. De acordo com Muller (2014) a composição com 35% de terra, 20% de turfa,
40% de casca de arroz carbonizada e 5% de vermiculita, apresentou o melhor
desenvolvimento das plantas, assim como a maior retenção de água da chuva,
característica importante para auxiliar a sobrevivência das espécies vegetais em
época de estiagem. Farrell et al. (2012) afirmam que quanto maior a capacidade de
retenção de água da chuva, maior sobrevivência das plantas. A partir desse estudo,
optou-se pela mesma composição de substrato para os 5 módulos de telhado verde.
A camada de substrato utilizada foi de 10 cm, que se caracteriza por um
telhado verde do tipo extensivo.
80

figura 55 - Argila expandida, vermiculita, turfa e figura 56 - Colocação de substrato no


casca de arroz carbonizada módulo de telhado verde
Fonte: A Autora (2013) Fonte: A Autora (2014)

Sobre a camada de substrato foi realizado o plantio das 5 espécies vegetais


escolhidas para o experimento.
A primeira delimitação para escolha das espécies vegetais a serem inseridas
no telhado verde foi que tivessem características diferentes como, porte, rapidez de
crescimento, capacidade de retenção de água e coloração, pois conforme estudo de
Liu et al. (2012) características como densidade, coloração e altura da vegetação
influenciam na temperatura da cobertura.
Todas as plantas se caracterizam por serem do tipo perene, ou seja,
espécies vegetais cujo ciclo de vida é longo, permitindo viver por mais de dois anos,
por mais de dois ciclos sazonais. Essa característica da planta é fundamental para
reduzir a manutenção dos telhados verdes.
Liu et al. (2012) destacam que as plantas de folhas verdes tem efeito na
redução de temperatura superior às plantas de folhas vermelhas e roxas. Sendo
assim, optou-se por três espécies de folhas verdes e duas de folha roxas para
verificar essa variação de temperatura entre espécies com colorações diferentes.
Liu et al. (2012) afirmam ainda que as plantas do tipo CAM (Metabolismo do
Ácido das Crassuláceas) são as mais indicadas para telhados verdes, devido à sua
capacidade de armazenar ácidos em suas folhas ou partes aéreas, o que auxilia na
resistência das plantas em período de estiagem. Segundo o INMET (2014), Curitiba
se caracteriza por um clima chuvoso e moderadamente úmido, com índice
81

pluviométrico médio de 1500 mm por ano. A partir disso optou-se por plantas tanto
do tipo CAM, ou seja, suculentas, quanto do tipo C3 e C4.
A primeira espécie vegetal escolhida foi a Bulbine frutescens, popularmente
conhecida como bulbine.Segundo Lorenzi (2013), a bulbine é uma herbácea, perene
e suculenta, originária da África do Sul, com altura de 20 a 30 cm. Caracteriza-se por
folhas longas, cilíndricas, carnosas e cerosas, ssendo composta de tufos com
inflorescencia no centro desses, com flores pequenas e amareladas que aparecem
ao longo de todo o ano. Lorenzi (2013) destaca que é uma planta tolerante ao frio e
com pouca exigência de água, característica ideal para telhados verdes na região de
Curitiba. Sua multiplicação é por touceiras, sendo pouco alastrante. É uma
vegetação de sol pleno e que gosta de solo rico em matéria orgânica e bem
permeável (figura 57 e figura 58).

figura 57 - Bulbine frutescens figura 58 - Bulbine frútices


Fonte: LORENZI (2013) Fonte: LORENZI (2013)

A segunda espécie selecionada (figura 59 e figura 60) é a Tradescantia


zebrina variação Purpusii, denominada popularmente por trapoeraba roxa,
trapoeraba zebrina ou lambari roxo. Caracteriza-se também por uma vegetação
suculenta originária do México. Possui coloração roxa escura quando ao pleno sol.
Suas folhas são carnosas e coloridas, variando do tom verde ao tom roxo escuro. A
sua escolha se deu devido a sua colocaração, e por se caracterizar, segundo
Lorenzi (2013), por ser uma planta rústica que não exige nem podas nem
contenções. Entretanto não é resistente a geada, podendo ter suas folhas
queimadas. Devido ao seu fácil enraizamento, pode rebrotar sem a necessidade da
troca das mudas quando atingida pela geada. Sua multiplicação é feita através de
estacas e pela ramagem rasteira enraizada.
82

figura 59 - Tradescantia zebrina figura 60 - Tradescantia zebrina variação Purpusii


variação Purpusii. Fonte: LORENZI (2013)
Fonte: LORENZI (2013)

A terceira espécie não é uma suculenta, mas é uma vegetação muito


utilizada em telhados verdes no Brasil; a aplicação dela é para verificar sua
adaptação ao clima do sul do Brasil, tendo em vista que é nativa do país. Arachis
repens, conhecida como grama amendoim (figura 61 e figura 62), caracteriza-se por
ser uma herbácea reptante, perene, com altura de 20 a 30 cm, com ramagem
prostrada e fina, de nós e entrenós destacados. Suas folhas são pequenas e em
pares com 2 a 3 cm de comprimento. No verão e na primavera brotam pequenas
flores amarelas solitárias. É uma excelente planta para ser utilizada como forração
em pleno sol, substituindo gramados; gosta de solo úmido e rico em matéria
orgânica, afirma Lorenzo (2013), é de fácil multiplicação e tolera bem a seca, mas
não a geada (PATRO, 2013).
83

figura 61 - Arachis repens figura 62 - Arachis repens


Fonte: LORENZI (2013) Fonte: LORENZI (2013)

A quarta espécie selecionada é o Sedum mexicanum, conhecido como


sedum ou estrelinha gorda. É uma espécie utilizada com muita freqüência em
telhados verdes na Europa devido a sua grande tolerância ao frio. Caracteriza-se por
ser uma planta do tipo suculenta de coloração verde amarelada. Apesar de ser uma
suculenta, é bem adaptada a regiões de clima ameno e úmido, resistente a solos de
baixa fertilidade e arenosos, sendo indicada para regiões subtropicais (LORENZI,
2013). Os seduns, de forma geral, têm como principal característica a alta
resistência ao estresse hídrico, característica importante para reduzir a manutenção
dos telhados verdes. Sua escolha se deu devido à sua coloração verde amarelada,
sua característica como suculenta e por proporcionar um fechamento denso do solo,
mesmo que de forma lenta (figura 63 e figura 64).

figura 63 - Sedum mexicanum figura 64 - Sedum mexicanum


Fonte: LORENZI (2013) Fonte: LORENZI (2013)
84

Por fim, a última espécie escolhida foi o popularmente conhecido dinheiro


em penca (Callisia repens). É uma planta herbácea e rasteira, de pequeno porte,
alcançando apenas 5 a 25 cm de altura, conforme figura 65 e figura 66. Ela
apresenta folhagem densa e muito ornamental, formada por caule ramificado,
filamentoso e comprido, de coloração arroxeada e numerosas folhas serosas,
delicadas, pequenas e verde-arroxeadas (PATRO, 2013). É freqüentemente
cultivada como forração em meia sombra. Quando cultivada em meia sombra, suas
folhas apresentam coloração esverdeada e quando cultivadas ao sol apresentam
folhas menores, mais adensadas e com coloração arroxeada (LORENZI, 2013).

figura 65 - Callisia repens figura 66 - Callisia repens


Fonte: LORENZI (2013) Fonte: LORENZI (2013)

Com essas vegetações conseguimos espécies com características


adequadas para o plantio em telhados verdes do tipo extensivo, mas com
características distintas como: coloração, porte, fechamento do solo, estrutura e
crescimento, para poder avaliar a influência dessas caracterisicas no desempenho
térmico da edificação.
O plantio foi efetuado no dia dez de fevereiro de dois mil e quatorze. Foram
colocadas as mesmas quantidades de mudas, com o objetivo de ter o mesmo
fechamento no solo e verificar o crescimento das plantas e a capacidade de
cobrimento do solo. Na figura 68 e figura 67 é possível verificar os módulos no dia
do plantio.
85

figura 67 - Dia do plantio das mudas 10/02/2014


Fonte: A Autora (2014)
86

figura 68 - Dia do plantio das mudas 10/02/2014


Fonte: A Autora (2014)
87

3.3.5 Montagem dos módulos de coberturas tradicionais

O módulo a ser utilizado como pluviômetro foi finalizado apenas com a


camada de impermeabilização, pois tem a função de escoar toda a água da chuva,
para que possa ser comparado diretamente com os demais módulos quanto à
quantidade de água retida (figura 69).

figura 69 - Módulo impermeabilizado - pluviômetro


Fonte: A Autora (2014)

Um dos módulos simula uma cobertura com telha do tipo cerâmica. Segundo
a ABNT (NBR 13582/2002), que regula sobre as telhas do tipo romana, a inclinação
mínima para esse tipo de cobertura é de 30%. Como os módulos possuem altura de
20 cm, não seria possível fazer a inclinação indicada por norma. Desta forma,
adaptou-se o módulo, inserindo uma estrutura em compensado plastificado, à prova
d'água, dispensando a impermeabilização. O compensado é composto de lâminas
de pinus de reflorestamento e resina fenol-formaldeído e filme fenólico (GLOBAL
WOOD, 2014). O selamento entre o encontro das duas chapas foi feito com silicone.
Para a fixação da chapa foram utilizadas chapas e cantoneiras metálicas
parafusadas, conforme figura 70.
Foram utilizados dois caibros (2x2") nas duas laterais longitudinais para fixar
as ripas (2x1") que suportam as telhas romanas. Os caibros foram posicionados com
inclinação de 30% e sobre eles instaladas as ripas com distanciamento adequado
88

para instalação das telhas, que possui caimento no sentido do ralo do módulo,
conforme figura 71. Sobre as ripas foram colocadas as telhas romanas. As telhas
cerâmicas, quando novas, possuem uma absorção maior de água devido a abertura
dos poros. Desta forma, para simular da melhor forma uma cobertura ao longo da
sua vida útil, foram utilizadas telhas com 12 anos de uso, conforme pode ser
verificado na figura 72.

figura 70 - fixação de chapa de compensado figura 71 - fixação de caibros e ripas para


Fonte: A Autora (2014) sustentação das telhas cerâmicas
Fonte: A Autora (2014)

figura 72 - módulo de telhado cerâmico


Fonte: A Autora (2014)
89

Um dos módulos recebeu uma cobertura de fibrocimento, conforme figura


75, com 4 mm de espessura e com inclinação de 15%. Para fazer a inclinação
adequada foram utilizados dois caibros (2x2") que fixaram duas ripas (2x1") (figura
73 e figura 74) local onde foram pregadas as telhas, com pregos próprios para telhas
do tipo de fibrocimento.

figura 73 - Detalhe do ralo, módulo telhado de figura 74 - Fixação de caibro para apoio da
fibrocimento telha de fibrocimento
Fonte: A Autora (2014) Fonte: A Autora (2014)

figura 75 - Módulo com cobertura de telha de fibrocimento


Fonte: A Autora (2014)
90

Na figura 76 é possível ver todo o sistema montado, composto de 5 telhados


verdes com espécies vegetais diferentes, um módulo de pluviômetro (apenas
impermeabilizado) um módulo de telha de fibrocimento, um módulo de telha
cerâmica tipo romana e 6 módulos para análise de variação de substrato, não
contemplada nesse estudo.

figura 76 - Mesa de testes para experimento


Fonte: A Autora (2014)

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS.

Foram coletados quatro conjuntos distintos de dados ao longo da pesquisa.


O primeiro deles foi quanto à análise do desenvolvimento das espécies.
Essa análise foi realizada de forma visual, verificando o fechamento do solo
proporcionado pelas espécies, a capacidade de desenvolvimento de cada uma delas
e o suporte ao estresse hídrico, ou seja, a capacidade de sobreviver sem irrigação
artificial, mantendo-se apenas com a precipitação natural.
A segunda análise foi quanto à retenção de água de chuva de cada um dos
protótipos com o objetivo de verificar a retenção e a evapotranspiração dos sistemas
de telhado verde comparado com sistemas tradicionais.
A coleta de dados foi realizada em dias posteriores à precipitação de alguns
eventos específicos. Para o armazenamento da água de chuva, cada um dos
91

módulos possui um coletor transparente graduado (figura 77), que permite fazer a
leitura da quantidade de água que o mesmo escoou (figura 78), com capacidade de
armazenamento de 20 litros, ou seja, 26,67mm de precipitação no módulo de
75cmx100cm. Essas informações são anotadas em tabelas, conforme apêndice B,
para depois comparar os dados entre si. Foram avaliados eventos de chuva de
junho de 2014 a janeiro de 2015, dias com precipitação superior aos 26,67mm serão
anotados na tabela como "transbordo". Os demais dados serão comparados entre si
(dados dos telhados verdes).
As primeiras análises foram feitas primeiramente no módulo
impermeabilizado e nos de telhado verde (eventos 1 ao 10) e nas análises
posteriores foram considerados os 8 módulos distintos (eventos 11 ao 13). Esses
resultados são comparados com dados da bibliografia que demonstram qual a
retenção média dos telhados verdes, para verificarmos a validade da análise.

figura 77 - coletor transparente figura 78 - coletores de água da chuva instalados


graduado Fonte: A Autora (2014)
Fonte: A Autora (2014)

A terceira etapa tem como objetivo analisar as temperaturas superficiais dos


sistemas de cobertura e verificar o desempenho de cada uma das coberturas,
comparando os sistemas de telhado verde entre eles, além dos sistemas de
coberturas convencionais.
92

Os dados de temperatura superficiais foram coletados através de


termopares do tipo K conectados a dataloggers do tipo TD 890 (figura 79 e figura
80). A temperatura do ar foi coletada nesse mesmo intervalo através de um termo-
higrômetro datalogger - HT-4000 (figura 81).

figura 79 - Datalogger TD-90 com termopares figura 80 - medição com datalogger TD-890 e
do tipo K termopares do tipo
Fonte: A autora (2014) Fonte: A autora (2014)

figura 81 - HT-4000 - termo-higrômetro datalogger


Fonte: ICEL (2013)

Essa análise foi feita através das medidas de temperatura superficial


superior, ou seja, sobre o substrato ou sobre as plantas, dependendo do tipo da
mesma (figura 82) e temperatura superficial inferior (fixada na chapa de
93

compensado de base) com o termopar fixado com fita adesiva sobre o sensor de
medição para evitar a influência dos ventos sobre o mesmo, conforme figura 83. O
sensor de temperatura do ar foi fixado abaixo da estrutura em uma viga de madeira.
A fixação dele nesse local foi com o objetivo de evitar que outras pessoas pudessem
ver o sensor e ficasse suscetível ao roubo (figura 84).
Os termopares superiores e inferiores diferem em sua tipologia, sendo os
superiores com haste, e os inferiores apenas o sensor fixado em fio com
revestimento plástico.
Com o objetivo de protegê-los da chuva e do acesso por outras pessoas, os
dataloggers foram colocados dentro de caixas de correio fixadas na estrutura do
móvel (figura 85). Cada datalogger coletou os dados de dois módulos, sendo dois
sensores para temperaturas superiores (entrada 01 e 02) e dois sensores para
temperaturas inferiores (entrada 03 e 04).

figura 83 - sensor instalado para medição


figura 82 - sensor instalado para medição superficial inferior
superficial superior Fonte: A autora (2014)
Fonte: A autora (2015)
94

figura 84 - HT-4000 fixado na estrutura de figura 85 - caixa de correio para a locação


madeira dos dataloggers
Fonte: A Autora (2015) Fonte: A Autora (2015)

As informações coletadas no datalogger foram baixadas em software


específico do programa sendo essas informações repassadas para o computador e
compilados em uma planilha (apêndice C). Cada medição foi realizada por um
período mínimo 24 horas, com temperaturas coletadas em intervalos de 10 ou 15
minutos.
Foram realizadas medições de outubro de 2014 a abril de 2015, somando
cinco eventos de medição.
Para análise dos dados foram elaborados gráficos de temperatura superficial
superior e inferior, além de gráficos de diferença de temperatura (diferença entre a
temperatura do ar e temperatura superficial), tabela com temperatura média, mínima,
máxima e amplitude do ar de cada evento avaliado.
A quarta análise realizada refere-se à qualidade da água coletada por cada
um dos sistemas. Para tal análise foi coletada um litro de cada amostra, após um
evento de chuva, totalizando dois conjuntos de análise.
Essa etapa teve como objetivo analisar a qualidade da água da chuva
escoada depois de passar em um sistema de telhado verde, cobertura cerâmica,
cobertura de fibrocimento e laje impermeabilizada, analisando alguns aspectos para
verificar a qualidade da água. Berndtsson (2010) destaca que a qualidade da água
pode variar muito em função do solo, dos fertilizantes e das espécies vegetais.
Desta forma, para determinar a qualidade da água, foram analisadas as
seguintes variáveis: pH, quantidade de sólidos, fósforo total, nitrogênio total,
nitrogênio amoniacal e coloração. Todos esses testes foram realizados no Labeam
95

(Laboratório de Engenharia Ambiental Francisco Borsari Neto) do DHS


(Departamento de Hidráulica e Saneamento) da UFPR (Universidade Federal do
Paraná).
A primeira análise realizada foi a do pH da água, que deve ser feita assim
que coletada a água da chuva através de uma análise direta de potencionometria no
pHmêtro de bancada (figura 86). Separa-se uma amostra da água e posiciona-se o
sensor dentro da água e aguarda-se até o valor estabilizar (figura 87).

figura 86 - pHmetro de bancada figura 87 - medição de pH através do


Fonte: A autora (2014) pHmetro de bancada
Fonte: A autora (2014)

A análise da quantidade de sólidos presentes na água foi feita pelo método


gravimétrico, que corresponde à análise de diferença de peso em relação ao volume
de amostra utilizada no ensaio. Para realização desse ensaio, pesa-se a membrana
de AC 0,47mm 0,45 µ (figura 88) antes da filtragem em uma balança de precisão,
filtra-se a amostra (figura 89) através de uma bomba de vácuo e posteriormente a
membrana de filtragem é seca em estufa (figura 91) e pesada novamente, a
diferença de peso corresponde à quantidade de sólidos presente na água. No anexo
A, caderno de procedimentos do Labeam, consta todo o detalhamento do
procedimento a ser realizado nessa etapa.
96

figura 88 - Membrana para filtragem da água figura 89 - Sistema de filtragem da água a


Fonte: A autora (2015) vácuo
Fonte: A Autora (2015)

figura 90 - Membrana para filtragem da água figura 91 - Estufa para secagem das
Fonte: A autora (2015) membranas
Fonte: A autora (2015)
97

Quanto à análise do fósforo, foi utilizado o método do ácido ascórbico que,


conforme método adotado no Labeam, se dá através da reação entre "molibdato de
amônio e antimônio tartarato de potássio em meio ácido (H2SO4) com ortofosfato,
formam o ácido fosfomolibdico que, em presença de ácido ascórbico, é reduzido
para fosfomolibdato, composto de coloração azul intensa característica". Conforme
descritivo no anexo A (caderno de procedimentos do Labeam), o equipamento
utilizado para a leitura dos dados é o espectrofotômetro UV-Vis (figura 92). Para
comparar a coloração é realizada junto a curva de calibração que tem a função de
calibrar o método para a leitura das amostras através do método de colonometria,
conforme figura 93.

figura 92 - Espectrofotômetro UV-Vis figura 93 - Curva de calibração Fósforo


Fonte: A autora (2014) Fonte: A autora (2014)

O nitrogênio amoniacal, parâmetro previsto na legislação referente a


qualidade de água (Resolução 357/05), deve ser medido até 48 horas após a
precipitação. Desta forma, na primeira análise não foi possível realizá-lo no período
indicado, sendo realizada a análise do nitrogênio total. Na segunda análise foi
possível fazer a análise do nitrogênio amoniacal dentro do período previsto no
método.
Segundo o método utilizado no Labeam, "A presença de um composto de
intensa coloração azul-esverdeado característica, azul de indofenol, é formada
através da reação entre a concentração de N-NH3 presente na amostra, hipoclorito
98

de sódio e fenol em meio básico, tendo o nitroprussiato de sódio como catalisador


da reação". A leitura também é feita através do espectrofotômetro, assim como é
feita a curva de calibração (figura 94) para comparação com as amostras, conforme
método previsto no caderno de procedimentos no anexo A.

figura 94 - Curva de calibração do nitrogênio amoniacal


Fonte: A autora (2014)

Para verificação do nitrogênio total o método aplicado foi digestão por


persulfato de potássio, conforme método aplicado no Labeam "Quantificação de
nitrogênio total através de uma oxidação alcalina em autoclave (25min / 14kg.cm-1)
na faixa de temperatura entre 110 - 125ºC, para conversão de todas as formas de
nitrogênio presentes a N-NO3- e posterior redução pela coluna de Cd-Cu para
detecção na forma de N-NO2" (Anexo A). Através da adição da solução reativa, as
amostras, com presença de nitrogênio, tomam uma cor rosada. A leitura da amostra
é feita através do espectrofotômetro UV-Vis (figura 92). Para comparar a coloração é
realizada junto à curva de calibração, que tem a função de calibrar o método para a
leitura das amostras através da colonometria. A quantificação da concentração de
Nitrogênio total (mg.L-1 ou µg.L-1) é feita através da equação da reta, obtida na
curva de calibração para N-NO3- ( ver anexo A).
99

figura 95 - Redução pela coluna Cd-Cu figura 96 - Amostras para curva de calibração
Fonte: A autora (2014) (500 ao 0)
Fonte: A autora (2014)
Quanto à coloração da água, será feita uma análise visual comparativa entre
a amostra e a água destilada, que não possui nenhuma coloração, no equipamento
NQ 200 (figura 97). Nesse modelo, coloca-se uma amostra branca (água destilada)
e no tubo do lado água da amostra (figura 98); através de um filtro de cor compara-
se a amostra com a coloração branca até chegarem ao mesmo tom, sendo então
feita a leitura. Para as coletas com coloração intensa é necessário fazer a diluição
da água para então realizar a leitura, e depois por cálculo chegar ao valor que
corresponde à cor (ver apêndice G).

figura 97 - Leitura de cor NQ200 figura 98 - Ao lado esquerdo o branco (água


Fonte: A autora (2014) destilada) lado direito a amostra.
Fonte: A autora (2014)
100

Os resultados obtidos serão comparados com os telhados convencionais,


para verificar a variação e a possibilidade de uso dessas águas para fins não
potáveis e comparar com a legislação vigente, com o objetivo de verificar o nível de
qualidade apresentando.
No Brasil e em Curitiba não existe uma legislação específica quanto à
qualidade de água da chuva para fins não potáveis. Desta forma, a comparação será
feita com as legislações que tratam sobre qualidade de corpos de água, água
potável e balneabilidade através da Resolução do Conama n.º 357/2005 (BRASIL,
2005) e n.º 274/2000 (BRASIL, 2000) e Portaria MS n.º 518/2004 (BRASIL, 2004).
A Resolução do Conama nº. 357/2005 "Dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências." Essa resolução definiu padrões de qualidade da água para diferentes
usos.
Na tabela 5 destaca-se a classificação das águas, quanto aos fins não
potáveis, segundo essa resolução.

tabela 5 - Classificação do uso de águas segundo Resolução Conama 357/2005 (BRASIL, 2005)
Classificação Uso da água
Classe I à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película.
Classe II irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de
esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto
Classe III à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras
Classe IV à harmonia paisagística
Fonte: A Autora, a partir de dados de Brasil, 2005 (2015)

A legislação aborda corpos de água e não especificamente água de chuva.


Entretanto, como não existe uma legislação específica quanto as águas da chuva,
utilizaremos tal legislação com padrão comparativo.
Outra resolução que podemos destacar é a Resolução Conama 274/2000
(BRASIL, 2000) que determina os padrões de qualidade de água para
balneabilidade, tanto para águas doces e salobras.
101

Além dessas resoluções a Portaria MS 518/2004 (BRASIL, 2004) traz os


padrões de qualidade da água potável, também destacados na análise. Os padrões
analisados e destacados pela legislação estão descritos na tabela 6. Vale destacar
que as legislações trazem outros parâmetros, entretanto não são objetos de análise
na presente pesquisa.

tabela 6 - Parâmetros adotados pela legislação quanto a qualidade da água

pH Sólidos Nitrogênio Nitrogênio Fósforo


Parâmetro Totais Coloração Total Amoniacal Total
mg/l UC ou UH mg/l mg/l mg/l
Resolução Conama
274/2000 6-9,5 * * * * *
Portaria N º518/04 MS 6-9,5 1.000 15 * * *
3,7mg/L N, para
pH ≤ 7,5
2,0 mg/L N, para
7,5 < pH ≤ 8,0
Legislação

Resolução 357/05 -Classe 1,0 mg/L N, para


01 6,0-9,0 500 Cor natural 1,27 8,0 < pH ≤ 8,5 0,02
Resolução 357/05 -Classe
02 6,0-9,0 75 0,05
13,3 mg/L N,
para pH ≤ 7,5
5,6 mg/L N, para
7,5 < pH ≤ 8,0
Resolução 357/05 -Classe 2,2 mg/L N, para
03 6,0-9,0 500 75 * 8,0 < pH ≤ 8,5 0,075
* Não consta na legislação

Fonte: A autora, a partir dos dados das legislações: Brasil (2000), Brasil (2004), Brasil (2005)
102

4 RESULTADOS

4.1 DESENVOLVIMENTO DAS ESPÉCIES

Foi realizado o acompanhamento do crescimento das espécies vegetais


para verificar seu desenvolvimento e adaptação às condições climáticas de Curitiba.
A análise foi realizada durante um ano, de fevereiro de 2014 a fevereiro de 2015.
Para facilitar a comparação foi feito um levantamento fotográfico das
espécies ao longo desse período com fotos mensais ou quinzenais, conforme figura
100 (período de 10/02/2014 a 15/107/2014) e figura 101 (período de 25/07/2014 a
26/02/2015).
Na figura 100 pode-se analisar o desenvolvimento das plantas nos meses de
fevereiro a julho de 2014. Já no primeiro mês todas as plantas apresentaram certo
grau de crescimento. As espécies Tradescantia zebrina e Callisia repens,
apresentaram o maior desenvolvimento quanto ao fechamento do solo, podendo ser
associado à sua característica alastrante. Em abril, todas as espécies já
apresentavam fechamento quase completo do solo. A espécie Sedum mexicanum
apresentou o crescimento mais lento dentre as espécies analisadas, característica
da espécie, apresentando fechamento completo do solo apenas no mês de junho de
2014. As plantas se desenvolveram de forma exponencial até meados de maio, a
espécie Bulbine frutescens apresentou ainda floração nesse período.
As fotos tiradas no dia 26/05/2014 apresentam uma alteração nas
vegetações, decorrência da geada moderada que aconteceu na madrugada do dia
20/05/2014. A espécie Arachis Repens sofreu o maior impacto, suas folhas
"queimaram" devido a geada (figura 100). A geada é um processo de deposição de
cristais de gelo, sendo registrado geralmente quando a temperatura do solo fica
abaixo de 0ºC e a temperatura do ar pouco acima disso (3ºC ou 4ºC). O que ocorre
com as plantas é que seus órgãos podem não suportar as baixas temperaturas e
morrer, e isso pode ser perceptível nas plantas pela coloração negra de suas partes
aéreas, conforme figura 100 na data de 11/06/2014.
Quanto a Bulbine frutescens, observou-se que suas flores morreram, mas
suas folhas tiveram pouca alteração, assim como o Sedum mexicanum que sofreu
apenas uma leve alteração na sua cor. Quanto a Tradescantia zebrina e Callisia
103

repens, muitas das suas folhas morreram, mas de forma menos intensa que na
espécie Arachis repens, que pode ser percebida através da coloração escura da
maior parte das folhas e conseguiram rebrotar.
No dia 26/05/2014 foram adubados todos os módulos com esterco de
galinha, com 500 gramas aproximadamente de adubo por módulo e então realizada
a rega. A opção pelo adubo orgânico se deu pois ele é rico em nitrogênio, que
auxilia no desenvolvimento das plantas e esse tipo de adubo é liberado mais
lentamente; desta forma a sua ação é mais prolongada, o que é desejado no
telhados verdes, tendo em vista que a intenção não era realizar novas adubações
durante o período de testes.
Com a queima das folhas, a Arachis repens não conseguiu rebrotar a ponto
de cobrir novamente o solo, dando espaço para muitas ervas daninhas, como pode
ser visto nas fotos do dia 23/06 e 15/07 (figura 100). Como Curitiba possui um
inverno intenso e a geada é comum nessa época, optou-se por substituir essa
especie vegetal, destacando que ela não é indicada para telhados verdes na cidade
de Curitiba, devido as condições de inverno.
No dia 25/07/2014 (figura 101) foi feita a troca da espécie vegetal,
substituindo-a por uma gramínea, tendo em vista que esse tipo de vegetação é
muito utilizada em telhados verdes, principalmente aqueles que possuem a função
de terraço, ou seja, possuem circulação de pessoas.
As gramas são facilmente encontradas e comumnente utilizadas no
paisagismo no Brasil. A espécie escolhida foi a Zoysia tenuifolia, conhecida como
grama coreana ou grama japonesa. Segundo Lorenzi (2013), é uma herbácea
rizomatosa estolonífera, nativa do Japão e Coreia, uma gramínea de pleno sol que
possui crescimento lento, reduzindo assim a manutenção. A escolha por essa
espécie diante das outas gramíneas se deu pelo seu lento crescimento e baixa
manutenção.
Observou-se a remoção de uma muda da espécie Bulbine frutescens e da
Sedum mexicanum, tendo sido retirado alguns brotos do mesmo módulo para
realizar o fechamento das mesmas.
A Bulbine frutescens manteve o seu porte ao longo de todo o ano, alterando
a sua coloração para tons mais amarelos ou esverdeados conforme o período do
ano. Acredita-se que a adubação, a insolação e a pricipitação sejam os principais
fatores que influenciam nessa variação da espécie.
104

A Tradescantia zebrina, por sua característica alastrante, apresentou um


rápido e satisfatório fechamento do solo, criando um maciço que se manteve ao
período de geada, entretanto rebrotando sem a
longo do ano, sofrendo apenas no período
necessidade de substituição da espécie.
A Zoysia tenuifolia tem como característica o alto consumo de água e
sugere-se que seja feita a irrigação nos primeiros 3 ou 4 meses do plantio para sua
manutenção e enraizamento(PATRO, 2013), entrentanto, o objetivo desta pesquisa,
era observar o desenvolvimento das espécies sem irrigação, não sendo realizada
nenhum tipo de irrigação artificial.
O mês de outubro de 2014, conforme figura 99, teve 16 dias de estiagem.
Assim, as folhas da grama queimaram apresentando coloração dourada após esse
período. Conforme figura 101, após alguns eventos de chuva foi possível observar o
rebrotamente da grama, apresentando, em dezembro, o fechamento completo do
solo.

figura 99 - Gráfico pluviométrico mês de outubro de 2014


Fonte: Inmet (2015)

A espécie sedum mexicanum adaptou-se melhor ao clima de inverno,


apresentando um fechamento mais completo do solo nesse período. Nos meses
com temperatura mais elevada (novembro de 2014 a fevereiro de 2015) o
fechamento do solo foi insatisfatório, dando espaço ao crescimento de ervas
daninhas (figura 101).
A espécie Callisia repens apresentou um fechamento do substrato já no
primeiro mês e manteve-se constante ao longo do ano. Em períodos com insolação
mais alta as folhas se caracterizavam pela coloração mais arroxada e menor, em
períodos de menor insolação as folhas ficaram maiores e mais esverdeadas.
Essas espécies foram mantidas até o final dos experimentos.
105

Bulbine frutescens Tradescantia zebrina Arachis repens Sedum mexicanum Callisia repens

figura 100 - Desenvolvimento das vegetações entre os meses de fevereiro e julho de 2014
Fonte: A Autora (2015)
106

Bulbine frutescens Tradescantia zebrina Zoysia tenuifolia Sedum mexicanum Callisia repens

figura 101 - Desenvolvimento das vegetações entre os meses de julho de 2014 a fevereiro de
2015.
Fonte: A Autora (2015)
107

4.1 RETENÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA

Quanto à retenção de água da chuva, foram analisados os dados de junho


de 2014 a janeiro de 2015. Pode-se perceber que alguns meses apresentaram uma
variação significativa com a média normal de chuva, segundo o Inmet (2015).
Destaca-se o mês de Julho, que alcançou um índice pluviométrico em torno de 50%
menor que a média. Já os meses de junho, setembro e novembro de 2014 tiveram
índices bem superiores aos observados na média, chegando a 82% mais alto no
mês de junho e 60% no mês de novembro.

tabela 7 - Precipitação 2014/2015 e Precipitação média de 1961 a 1990


Jun/14 Jul/14 Ago/14 Set/14 Out/14 Nov/14 Dez/14 Jan/15

Precipitação
2014 e 2015
210,4 49 62,7 176,4 116,8 203,2 155,6 180,5
(mm)
Precipitação
média 1961 a
115,6 98,8 73,4 119,2 133,3 126,9 152,3 171,8
1990 (mm)
Fonte: A autora, a partir de dados Inmet (2015)

Na tabela 8 destacam-se treze eventos de chuva registrados durante esse


período. Alguns outros levantamentos foram feitos entretanto, devido ao transbordo
de todos os módulos, não foram considerados para análise.
Os galões utilizados para coleta retêm até 20 litros de água, em uma
metragem de 0,75 m² (1m x 0,75m), ou seja, 26,7 mm de água. Para comparação
dos dados foram utilizados ainda os dados do Instituto Nacional de Metereologia
(Inmet).
108

tabela 8 - tabela de retenção de água da chuva nos meses de junho de 2014 a janeiro de 2015

Fibrocimento
Dinheiro em
Trapoeraba

Amendoim

Cerâmica
Unidade

Bulbine
Evento

Sedum
Grama

INMET
penca
Data

Laje
1 18/06/2014 mm 1,33 4,67 3,33 2,67 6,67 16,67 * * 20,1

2 30/06/2014 mm 1,33 8,00 6,67 4,67 12,00 24,67 * * 21,1

3 15/07/2014 mm 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,33 * * 2,7

4 23/07/2014 mm 1,33 4,00 1,33 1,33 8,00 26,67 * * 18,5

Fibrocimento
Dinheiro em
Trapoeraba

Cerâmica
Coreana
Unidade

Bulbine
Evento

Sedum
Grama

INMET
penca
Data

Laje
5 13/08/2014 mm 3,33 8,00 9,33 3,33 8,67 ** * * 19,5

6 19/08/2014 mm 15,33 19,33 19,33 17,33 20,00 ** * * 25,3

7 19/09/2014 mm 20,00 25,33 22,00 20,00 24,00 ** * * 34,7

8 18/10/2014 mm 12,67 20,00 17,33 14,67 14,67 ** * * 47,5

9 24/10/2014 mm 6,67 8,67 6,67 9,33 9,33 18,67 * * 25,0

10 18/12/2014 mm 0,67 1,33 1,33 1,33 1,33 14,00 * * 8,00

11 08/01/2015 mm 9,33 12,00 10,67 13,33 12,00 18,67 17,33 16,00 40,2

12 09/01/2015 mm 6,67 6,67 8,00 5,34 5,33 2,00 2,67 2,67 4,5

13 30/01/2015 mm 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,33 6,67 8,00 16,2
*Sem medição nesses módulos - instalação posterior
**Transbordo dos galões de captação de água da chuva

Fonte: A autora (2015)

Os 4 primeiros eventos de chuva foram registrados no módulo de número 3,


composto da espécie grama amendoim (Arachis Repens); nos eventos posteriores a
análise foi feita com a grama coreana (Zoysia tenuifolia).
A análise foi separada em três tabelas distintas: na tabela 9 destacam-se os
4 primeiros eventos (com a espécie grama amendoim); na tabela 10 apresenta-se a
retenção de água de chuva nos oito distintos módulos (5 de telhados verdes, 3
telhados convencionais); eventos 11, 12 e 13 e por fim, na tabela 11, uma análise
comparativa entre os sistemas de telhado verde e os índices do Inmet (eventos 05
ao 12).
109

tabela 9 - retenção da água da chuva - eventos 1 ao 4


Grama Dinheiro
Evento Data Un. Bulbine Trapoeraba Sedum Laje INMET
amendoim em penca

1 18/06/2014 mm 1,33 4,67 3,33 2,67 6,67 16,67 20,1


2 30/06/2014 mm 1,33 8,00 6,67 4,67 12,00 24,67 21,1
3 15/07/2014 mm 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,33 2,7
4 23/07/2014 mm 1,33 4,00 1,33 1,33 8,00 26,67 18,5

TOTAL 62,4
4 16,67 11,33 8,67 26,67 71,33
PORCENTAGEM
DE RETENÇÃO DE
ÁGUA % 94% 77% 84% 88% 63% 0%
Fonte: A autora (2015)

80
70
60
50
23/07/2014
40
15/07/2014
30
30/06/2014
20
10 18/06/2014

0 18/06/2014

figura 102 - Escoamento de água de chuva em milímetros - eventos 1 ao 4


Fonte: A Autora (2015)

Os eventos apresentados na tabela 9 demonstram que a espécie Bulbine


frutescens apresentou a maior retenção de água da chuva (94%), seguida da
espécie Sedum mexicanum (88%). As espécies Tradescantia zebrina e Arachis
repens retiverem 77% e 88%, respectivamente e Callisia repens reteve 63% da água
da chuva. A laje impermeabilizada foi utilizada com pluviômetro, ou seja, foi
considerado que ela escoa 100% da água da chuva.
No evento 03 podemos perceber que, com níveis baixos de precipitação, os
telhados verdes podem reter até 100% da água escoada, independente da espécie
analisada.
110

Na figura 102 pode-se visualizar que as espécies do tipo suculenta, ou seja,


a bulbine e sedum, obtiveram o melhor desempenho quanto à retenção de água da
chuva.

tabela 10 - tabela de retenção de água da chuva no mês de janeiro de 2015

Fibrocimento
Dinheiro em
Trapoeraba

Cerâmica
Coreana
Unidade

Bulbine
Evento

Sedum
Grama

INMET
penca
Data

Laje
11 08/01/2015 mm 9,33 12,00 10,67 13,33 12,00 18,67 17,33 16,00 40,2

12 09/01/2015 mm 6,67 6,67 8,00 5,34 5,33 2,00 2,67 2,67 4,5

TOTAL mm 16,00 18,67 18,67 18,67 17,33 20,67 20,00 18,67 44,7
PORCENTAGEM
DE ESCOAMENTO
DE ÁGUA % 23% 10% 10% 10% 16% 0% 3% 10%

13 30/01/2015 mm 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,33 6,67 8,00 16,2

TOTAL mm 16,00 18,67 18,67 18,67 17,33 32,00 26,67 26,67


PORCENTAGEM
DE RETENÇÃO DE
ÁGUA % 50% 42% 42% 42% 46% 0% 17% 17%
Fonte: A autora (2015)

60

50

40
30/01/2015
30
30/01/2015
20
09/01/2015
10 08/01/2015

figura 103 - Escoamento de água de chuva em milímetros - eventos 11 ao 13


Fonte: A Autora (2015)
111

Na tabela 10 destacamos os eventos de chuva no mês de janeiro de 2015.


Nesses eventos, além da análise da retenção dos telhados verdes, analisou-se a
retenção de água nas telhas de fibrocimento e cerâmica. A retenção desses dois
tipos de telhado foram de 13 e 16% respectivamente, quando comparada com a laje
impermeabilizada. As retenções das espécies vegetais demonstraram novamente
que a espécie bulbine tem a maior retenção entre as espécies analisadas, retendo
50%, as espécies grama e dinheiro em penca apresentaram retenção de 42%, a
trapoeraba 39% e o sedum 27%.
No evento cuja leitura foi feita no dia 30/01, pode-se perceber que não foi
relatada vazão nos módulos de telhado verde, ou seja, toda a água foi armazenada
no sistema para abastecer as vegetações, Isso ocorre em decorrência da saturação
do solo. Na data em questão, a temperatura e incidência solar foram intensas e,
segundo o Inmet (2015), não foi relatada chuva intensa nos 7 dias que antecederam
a coleta.
Observando os eventos do dia 08 e 09 de janeiro de 2015 pode-se perceber
que a precipitação no dia 09 foi muito baixa, entretanto o escoamento nos módulos
foi maior que a retenção. Isso é conseqüência da característica de retardo na vazão
que os sistemas de telhado verde proporcionam, já que a coleta foi feita em um dia
de chuva (08/01). Mesmo com essa saturação do sistema, no conjunto a bulbine
reteve 23% da água da chuva, o dinheiro em penca 16% e as demais espécies 10%.
Na análise do conjunto desses três eventos de chuva, os telhados retiveram em
média 45% da água da chuva, sendo que a bulbine apresentou a maior retenção.
Na figura 103 pode-se perceber que o registro do Inmet apresentou um
volume maior que da laje utilizada como pluviômetro nesse experimento; desse
modo, foram considerados, para efeito de porcentagem, os dados registrados na
laje.
112

tabela 11 - tabela de retenção de água da chuva meses de junho e julho

Trapoeraba

em penca
Dinheiro
Coreana
Bulbine
Evento

Sedum
Grama

INMET
Data

Un.
5 13/08/2014 mm 3,33 8,00 9,33 3,33 8,67 19,5
6 19/08/2014 mm 15,33 19,33 19,33 17,33 20,00 25,3
7 19/09/2014 mm 20,00 25,33 22,00 20,00 24,00 34,7
8 18/10/2014 mm 12,67 20,00 17,33 14,67 14,67 47,5
9 24/10/2014 mm 6,67 8,67 6,67 9,33 9,33 25,0
10 18/12/2014 mm 0,67 1,33 1,33 1,33 1,33 8,00
11 08/01/2015 mm 9,33 12,00 10,67 13,33 12,00 40,2
12 09/01/2015 mm 16,00 18,67 18,67 18,67 17,33 4,5

TOTAL 204,70
mm 84,00 113,33 105,33 98,00 107,33
PORCENTAGEM
DE RETENÇAO DE ÁGUA % 59% 45% 49% 52% 48% 0%
Fonte: A autora (2015)

210

190

170

150 09/01/2015
130 08/01/2015

110 18/12/2014
24/10/2014
90
18/10/2014
70 19/09/2014
50 19/08/2014
13/08/2014
30

10

-10 Bulbine Trapoeraba Grama Sedum Dinheiro em INMET


Coreana penca

figura 104 - Escoamento de água de chuva em milímetros - eventos 5 ao 12


Fonte: A Autora (2015)
113

Na tabela 11 foi realizado um comparativo apenas da retenção das espécies


de telhado verde ao longo de oito eventos, do mês de agosto de 2014 até o mês de
janeiro de 2015. Nessa tabela, a espécie que apresentou a maior retenção foi
novamente a bulbine, com 59% de retenção; em segundo lugar ficou o sedum, com
52%; em terceiro e quarto a grama coreana e o dinheiro em penca, com 49% e 48%;
e, por fim, a trapoeraba roxa, com 45% da água retida.
Pode-se perceber, na figura 104, que a variação entre as espécies vegetais
é significativa quando comparadas entre si; entretanto, quando comparada com o
índice pluviométrico, essa variação é de 1 a 15% entre as espécies.
Comparando os resultados obtidos com os resultados apresentados por
Baldessar (2012), os telhados verdes apresentaram uma retenção significativa da
água da chuva. Em seu estudo, Baldessar verificou que o telhado verde reteve
69,3%, e a telha cerâmica 22,7%. A telha cerâmica no atual estudo apresentou uma
retenção inferior de 16%. Baldessar (2012), em seu estudo, destaca que o alto
índice de retenção por ela alcançada quanto a telha cerâmica é consequência da
baixa inclinação do sistema, inferior a inclinação mínima descrita na norma.
Os telhados verdes variaram de 100% de retenção a 9,5% dependendo do
índice pluviométrico e do período de estiagem que antecedeu o período de chuva
(ver apêndice B). Como resultado, retiveram em média 61,6% da água da chuva,
resultado similar ao apresentado por Kosareo e Rios (2007) que afirmam que a
retenção média de um telhado verde do tipo extensivo é de 60%.
Como resultado geral podemos destacar que os telhados com plantas do
tipo suculenta (Bulbine frutescens e Sedum mexicanum) apresentaram a maior
retenção, seguida das espécies: Zoysia tenuifolia, Callisia repens e Tradescantia
zebrina.

4.2 ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉRMICO

Na presente pesquisa busca-se verificar qual o desempenho térmico dos


telhados verdes para a cidade de Curitiba e qual a influência que a espécie vegetal
pode ter nesse desempenho.
A análise de temperatura superficial foi realizada nos 8 distintos módulos
separados em cinco eventos de outubro de 2014 a abril de 2015, com duração
114

média de 48 horas de registro. Na tabela 12 podemos perceber as condições


climáticas para cada dia de análise.

tabela 12 - Condições climáticas, conforme dados INMET


Umid. Rel.
Precipitação Temp. Máxima Temp. Mínima Insolação Média
Data
(mm) (ºC) (ºC) (horas) (%)
07/10/2014 0 24,7 11,4 4,6 79
Evento 01
08/10/2014 0 25,9 14,6 5,4 78
09/10/2014 0 28,3 13,4 10,2 67
Evento 02
07/11/2014 10,6 20,4 16,2 0 91
08/11/2014 10,4 26,8 16,2 3,5 84
09/11/2014 9,4 27,4 14,6 11,1 71
10/11/2014 0 27,4 13,7 10,2 70
Evento 03
07/01/2015 40,1 28,2 19,1 6,3 78
08/01/2015 0,3 30 19,7 1,6 70
09/01/2015 4,4 31,2 18,6 11,1 69
Evento 04
28/01/2015 12,2 27,3 19,6 4,7 77
29/01/2015 4 27,1 19,3 6,7 75
30/01/2015 9,8 22,1 16,3 0 88
Evento 05
09/04/2015 0 25,0 13,3 8,2 77
10/04/2015 0 25,0 15,4 5,6 80
Fonte: A autora, a partir de dados do Inmet (2015)

Para análise de temperatura superficial, conforme descrito no método,


utilizou-se termopares do tipo K. Os mesmos foram posicionados sobre os módulos,
para coleta das temperaturas superiores (figura 105), e abaixo dos módulos, fixados
com fita adesiva junto a base, para registrar as temperaturas inferiores (figura 106).
A temperatura do ar foi registrada através de um sensor fixado na parte inferior da
estrutura (figura 107), ficando protegido da incidência solar direta. Ressalta-se que
no ensaio em abril de 2015 foi deixado o datalogger exposto ao sol, sobre a cama
teste, para verificar a variação de temperatura com os outros registros.
Os dados de temperatura foram ainda comparados com os dados do Inmet
(2015). Esses dados são coletados no campus do Centro Politécnico da
Universidade Federal do Paraná pelo Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná),
localizado a 2 km lineares de distância do local do experimento.
115

figura 105 - Sensor tipo K figura 106 - Sensor tipo K figura 107 - Datalogger HT -
temperatura superficial temperatura superficial 4000 - temperatura e
superior. inferior. umidade do ar.
Fonte: A autora (2015) Fonte: A autora (2015) Fonte: A autora (2015)

4.2.1 Evento 01: 07 a 09 de outubro de 2014

A primeira análise foi realizada durante um período de 40 horas, do dia 07 ao


dia 09 de outubro de 2014. Entretanto, o sensor 02 do datalogger de número 02
ficou desconectado do dia 07/10/2014 às 15:53h até o dia 08/10/2014 às 8:38h, não
registrando as temperaturas superiores do módulo 04 (Sedum mexicanum).
O recorte utilizado na análise a seguir destaca os dados registrados do dia
08/10/2014 às 8:53h até 09/10/2014 às 07:23h (figura 108).
116

44,0
42,0
40,0
38,0
36,0
34,0
32,0
30,0
28,0
26,0
24,0
22,0
20,0
18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
08:53
09:23
09:53
10:23
10:53
11:23
11:53
12:23
12:53
13:23
13:53
14:23
14:53
15:23
15:53
16:23
16:53
17:23
17:53
18:23
18:53
19:23
19:53
20:23
20:53
21:23
21:53
22:23
22:53
23:23
23:53
00:23
00:53
01:23
01:53
02:23
02:53
03:23
03:53
04:23
04:53
05:23
05:53
06:23
06:53
07:23
07:53
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Zoysia tenuifolia Inferior Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Superior Laje Superior
Callisia repens Inferior Laje Inferior Fibrocimento Superior Cerâmica Superior Fibrocimento Inferior
Cerâmica Inferior Temperatura do ar

figura 108 - Gráfico de temperatura superficial dos dias 07 a 09/10/2014


Fonte: A Autora (2015)
43,00
41,00
39,00
37,00
35,00
33,00
31,00
29,00
27,00
25,00
23,00
21,00
19,00
17,00
15,00
13,00
11,00
9,00
08:53
09:38
10:23
11:08
11:53
12:38
13:23
14:08
14:53
15:38
16:23
17:08
17:53
18:38
19:23
20:08
20:53
21:38
22:23
23:08
23:53
00:38
01:23
02:08
02:53
03:38
04:23
05:08
05:53
06:38
07:23
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Callisia repens Superior Laje Superior
Fibrocimento Superior Cerâmica Superior Temperatura do ar

figura 109 - Gráfico de temperatura superficial superior dos dias 08 e 09/10/2014


Fonte: A Autora (2015)

Na figura 109 são comparadas as temperaturas superficiais superiores dos


módulos juntamente com a temperatura do ar, que visualmente já podem ser
divididas em dois grupos de análise, durante o dia e durante a noite.
No período diurno são observados alguns efeitos que podem estar
associados à condição de cada espécie. A Bulbine frutescens apresenta as
temperaturas mais baixas ao longo do dia, mais próximas à temperatura do ar
registrada, podendo este fato estar associado à altura da vegetação, que cria um
sombreamento sobre o substrato, reduzindo a incidência solar direta e a capacidade
de retenção de água em suas folhas e raízes. No período noturno, a espécie Zoysia
tenuifolia apresentou temperatura mais baixa entre os sistemas de telhado verde,
temperatura similar à da laje, podendo, este efeito ser explicado pela ação dos
ventos sobre a superfície, aumentando a troca de calor através da convecção,
perdendo calor para o meio, e devido à exposição do termopar nesses sistemas
(telhado verde com espécie Zoysia tenuifolia e telhados convencionais). A
Tradescantia zebrina, que absorveu mais calor durante o dia, perdeu de forma mais
118

lenta calor durante a noite, apresentando temperaturas superiores à temperatura do


ar.
Os telhados convencionais, durante o dia, absorveram a radiação térmica
apresentando temperaturas elevadas, superiores à da laje, e a noite perderam
rapidamente calor para o meio, apresentando temperaturas inferiores à temperatura
do ar (figura 109) esse fato pode ser associada à capacidade térmica dos materiais.

15,00

10,00

5,00

0,00

-5,00
08:53
09:38
10:23
11:08
11:53
12:38
13:23
14:08
14:53
15:38
16:23
17:08
17:53
18:38
19:23
20:08
20:53
21:38
22:23
23:08
23:53
00:38
01:23
02:08
02:53
03:38
04:23
05:08
05:53
06:38
07:23
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Callisia repens Superior Laje Superior

figura 110 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura superior e a temperatura do


ar - (∆t= tempSup - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje 08 e 09/10/2014
Fonte: A autora (2015)

O gráfico apresentado na figura 110 demonstra a diferença entre a


temperatura do ar e a temperatura superior dos módulos de telhado verde e da laje.
Identifica-se com clareza a espécie Bulbine frutescens, durante o período do dia,
com a temperatura mais próxima à temperatura do ar, ou seja, o efeito da radiação é
menor. As espécies de coloração arroxeada Tradescantia zebrina e Callisia repens,
absorveram mais calor durante o dia, apresentando temperaturas mais altas.
Entretanto a espécie Tradescantia Zebrina, apresentou temperatura mais alta
durante a noite quando comparada com a espécie Callisia repens, podendo estar
associada a altura da espécie e a densidade da mesma.
119

tabela 13 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais superiores dos módulos 08 e 09/10/2014 (Dados: Apêndice B)

Callisia repens

Fibrocimento
Laje Superior

Temperatura
Tradescantia

mexicanum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Superior

Superior

Superior

Superior

Superior

Superior

Superior
Bulbine

zebrina

Sedum
Zoysia

do ar
T Mínima 13,10 14,00 9,35 13,25 12,06 9,44 9,40 11,30 13,40
T Máxima 31,90 40,60 37,95 42,25 41,00 37,39 42,90 39,10 28,10
T Média 20,33 21,84 20,18 19,88 20,64 21,60 20,35 20,25 22,10
Amplitude 18,80 26,60 28,60 29,00 28,94 27,94 33,50 27,80 14,70
Fonte: A Autora (2015)

Na tabela 13 podem-se destacar alguns resultados. A média de temperatura


do ar no dia analisado foi de 22,1ºC e as demais coberturas variaram entre 19,9ºC
(Sedum Mexicanum) até 21,8ºC (Tradescantia zebrina). A cobertura que apresentou
a temperatura mínima mais baixa, no período analisado, foi a cobertura com telha de
fibrocimento, seguida da laje e da Zoysia tenuifolia. O telhado de fibrocimento
apresentou também a temperatura mais alta, seguida do Sedum mexicanum, da
Tradescantia zebrina e da Callisia repens. A cobertura que apresentou a menor
amplitude térmica foi a Bulbine frutescens, enquanto a cobertura de fibrocimento
apresentou a maior amplitude térmica.
120

35,00
33,00
31,00
29,00
27,00
25,00
23,00
21,00
19,00
17,00
15,00
13,00
11,00
08:53
09:38
10:23
11:08
11:53
12:38
13:23
14:08
14:53
15:38
16:23
17:08
17:53
18:38
19:23
20:08
20:53
21:38
22:23
23:08
23:53
00:38
01:23
02:08
02:53
03:38
04:23
05:08
05:53
06:38
07:23
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior
Fibrocimento Inferior Cerâmica Inferior Temperatura do ar

figura 111 - Gráfico de temperatura superficial inferior dias 08 e 09/10/2014


Fonte: A Autora (2015)

Na análise das temperaturas superficiais inferiores (figura 111) o pico


térmico ocorreu às 14:38h com uma diferença de temperatura entre a laje
(temperatura mais alta registrada) e a trapoeraba (temperatura mais baixa) de
10,7ºC. Já no pico mais baixo de temperatura, às 4:08h, a temperatura da laje
apresentou uma temperatura 1,5ºC mais baixa que a temperatura do ar, enquanto a
Tradescantia zebrina e a Zoysia tenuifolia apresentaram uma temperatura 3,0ºC
mais alta, ou seja, uma diferença de 4,5ºC. A telha cerâmica apresentou a segunda
temperatura mais baixa, seguido da telha de fibrocimento. A Bulbine frutescens, a
Callisia repens e o Sedum Mexicanum apresentaram resultados similares entre si,
com aumento médio de 2ºC em relação a temperatura do ar. A Tradescantia zebrina
absorveu mais radiação na superfície superior, entretanto a condução de energia em
todo o sistema foi mais lenta, desta forma, durante o dia apresentou temperatura
inferior mais baixa e durante a noite a temperatura inferior foi mais alta, ou seja, teve
uma variação de temperatura menor ao longo do dia.
121

9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
-1,00
-2,00
-3,00
08:53
09:38
10:23
11:08
11:53
12:38
13:23
14:08
14:53
15:38
16:23
17:08
17:53
18:38
19:23
20:08
20:53
21:38
22:23
23:08
23:53
00:38
01:23
02:08
02:53
03:38
04:23
05:08
05:53
06:38
07:23
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior

figura 112 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura inferior e a temperatura do ar


(∆t= tempSup - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje 08 e 09/10/2014
Fonte: A autora (2015)

tabela 14 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais inferiores dos módulos 08 e 09/10/2014
Callisia repens

Fibrocimento

Temperatura
Tradescantia

Laje Inferior
mexicanum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Bulbine

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior
zebrina

Sedum
Zoysia

do ar

T Mínima 15,10 15,90 15,75 15,55 15,06 11,89 13,30 13,20 13,40
T Máxima 28,10 25,60 27,75 28,45 26,06 35,94 28,30 29,40 28,10
T Média 20,62 20,22 20,73 20,65 19,82 21,29 19,98 20,33 22,10
Amplitude 13,00 9,70 12,00 12,90 11,00 24,06 15,00 16,20 14,70
Fonte: A Autora (2015)

O gráfico com a amplitude térmica entre os módulos e a temperatura do ar


demonstra que a laje, durante o dia, tem um ganho de temperatura chegando a 9ºC,
enquanto os sistemas de telhado verde registram redução de temperatura de até
2ºC (figura 112) em relação a temperatura do ar. No período noturno, a laje
demonstra temperaturas inferiores a do ar. Já os telhados verdes, devido ao atraso
térmico causado pela capacidade térmica, apresentam temperatura superior a do ar.
122

As coberturas tradicionais se caracterizaram por absorver calor durante o


dia, mas devido à ação dos ventos em conjunto com a baixa capacidade térmica,
perdem calor para o meio com maior facilidade durante a noite, podendo este
fenômeno ser evidenciado nas temperaturas mínimas e máximas, assim como na
amplitude térmica apresentada na tabela 14.
Quando analisada a diferença térmica das temperaturas inferiores (tabela
14) a menor diferença foi registrada pela espécie Tradescantia zebrina (9,7ºC),
seguida das espécies Callisia repens (11ºC), Zoysia tenuifolia (12ºC) e Sedum
mexicanum (12,9ºC), a cobertura verde com a maior diferença térmica foi a Bulbine
frutescens (13ºC).

41,00
39,00
37,00
35,00
33,00
31,00
29,00
27,00
25,00
23,00
21,00
19,00
17,00
15,00
13,00
08:53
09:38
10:23
11:08
11:53
12:38
13:23
14:08
14:53
15:38
16:23
17:08
17:53
18:38
19:23
20:08
20:53
21:38
22:23
23:08
23:53
00:38
01:23
02:08
02:53
03:38
04:23
05:08
05:53
06:38
07:23
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior
Temperatura do ar

figura 113 - Gráfico temperatura superior e inferior da Bulbine e Tradescantia e temperatura do


ar 08 e 09/10/2014
Fonte: A autora (2015)

Analisando a figura 113, onde se compara as espécies Bulbine frutescens e


Tradescantia zebrina, percebe-se que o diferença de temperatura superior e inferior
da espécie Tradescantia é superior ao da espécie Bulbine. Isso pode estar
associado ao fechamento do solo e altura das plantas (figura 115, figura 114). A
espécie Bulbine frutescens permite maior troca de calor devido à exposição do
substrato, entretanto retém maior quantidade de água em suas folhas e raízes,
conforme tabela 11, essas características podem influenciar a apresentar uma
123

temperatura superficial superior mais baixa e temperatura superficial inferior mais


alta (figura 113).

figura 114 - Módulo telhado verde espécie figura 115 - Módulo telhado verde espécie
Bulbine frutescens 07/10/2014 Tradescantia zebrina 07/10/2014
Fonte: A autora (2015) Fonte: A autora (2015)

4.2.2 Evento 02: 07 a 10 de novembro de 2014

O segundo evento caracterizado foi dos dias 07 a 10/11/2014, com


precipitação registrada de 30,4mm. Devido à sensibilidade dos sensores à água
foram instalados apenas os sensores inferiores e não realizada a medição da
temperatura do ar. Desta forma a comparação foi feita entre a temperatura dos
diferentes módulos.
O índice de insolação no dia 07/11 foi de zero horas e, desta forma, a
amplitude térmica das coberturas e do ar, conforme dados do Inmet (2015), foi
baixa, pois não havia a ação da radiação solar neste período. Analisando as
temperaturas inferiores, durante o período diurno, a laje apresentou temperatura
mais elevada, com até 2ºC acima da temperatura dos telhados verdes. No período
noturno, os sistemas tradicionais apresentaram as temperaturas mais baixas
registradas e a espécie Zoysia tenuifolia as temperaturas mais altas, seguida dos
demais sistemas de telhado verde (figura 116).
124

35,0
33,0
31,0
29,0
27,0
25,0
23,0
21,0
19,0
17,0
15,0
00:05
00:50
01:35
02:20
03:05
03:50
04:35
05:20
06:05
06:50
07:35
08:20
09:05
09:50
10:35
11:20
12:05
12:50
13:35
14:20
15:05
15:50
16:35
17:20
18:05
18:50
19:35
20:20
21:05
21:50
22:35
23:20
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior
Fibrocimento Inferior Cerâmica Inferior

figura 116 - Gráfico de temperatura superficial inferior dia 07/11/2014


Fonte: A Autora (2015)

Quando analisada a amplitude térmica desses sistemas pode-se perceber


que a laje apresentou uma amplitude quase 2,5 vezes maior que a das espécies
Zoysia tenuifolia e Callisia repens. Entre as espécies para telhados verdes
analisadas, a Bulbine frutescens apresentou a maior amplitude térmica (3,2ºC),
ainda assim menor que dos sistemas com telhado de fibrocimento (4,0ºC) e
cerâmica (4,1ºC) (tabela 15). Essa variação pode ser associada a água retida nas
plantas (folhas, caules e raízes) nos sistemas de telhado verde, que aumentam a
capacidade térmica do sistema, reduzindo a variação de temperatura.

tabela 15 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais inferiores07/11/2014
Fibrocimento
Tradescantia

Laje Inferior
mexicanum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Bulbine

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior
zebrina

Callisia
Sedum

repens
Zoysia

T Mínima 17,70 17,90 18,40 17,80 18,00 16,40 17,00 17,00


T Máxima 20,90 20,80 21,10 20,70 20,70 22,70 21,00 21,10
T Média 19,13 19,20 19,58 19,17 19,22 18,97 18,78 18,83
Amplitude 3,20 2,90 2,70 2,90 2,70 6,30 4,00 4,10
Fonte: A Autora (2015)
125

No dia 09/11/2014, conforme dados do Inmet (2015), a insolação foi de 11,1


horas, desta forma, podemos perceber a influência da insolação na análise de
temperatura. No pico mais alto de temperatura, a laje apresentou uma temperatura
de 36ºC e a Bulbine frutescens e a Tradescantia zebrina registraram 27ºC, ou seja
uma variação de 9ºC entre os sistemas. No período noturno essa variação é menor
mas registrou uma amplitude de 4ºC entre a laje e a Zoysia tenuifolia.

36,0
34,0
32,0
30,0
28,0
26,0
24,0
22,0
20,0
18,0
16,0
14,0
00:05
00:50
01:35
02:20
03:05
03:50
04:35
05:20
06:05
06:50
07:35
08:20
09:05
09:50
10:35
11:20
12:05
12:50
13:35
14:20
15:05
15:50
16:35
17:20
18:05
18:50
19:35
20:20
21:05
21:50
22:35
23:20
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior
Fibrocimento Inferior Cerâmica Inferior

figura 117 - Gráfico de temperatura superficial inferior dia 09/11/2014


Fonte: A Autora (2015)

tabela 16 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais inferiores 09/11/2014
Callisia repens

Fibrocimento
Tradescantia

Laje Inferior
mexicanum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Bulbine

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior
zebrina

Sedum
Zoysia

T Mínima 15,90 16,60 17,20 16,50 16,70 14,10 15,30 15,20


T Máxima 28,30 27,30 28,40 27,50 27,30 36,10 29,50 30,00
T Média 21,01 20,95 21,63 20,86 20,91 22,27 20,59 20,78
Amplitude 12,40 10,70 11,20 11,00 10,60 22,00 14,20 14,80
Fonte: A Autora (2015)

Analisando a amplitude térmica e as temperaturas mínimas e máximas,


destaca-se que a menor amplitude foi do Arachis repens (10,6ºC), com temperaturas
126

próximas a Tradescantia zebrina (10,7ºC) e ao Sedum mexicanum (11,0ºC).


Novamente, entre as espécies analisadas, a bulbine apresentou a maior amplitude
(12,4ºC) e a menor temperatura mínima (15,9ºC). Os sistemas de cobertura
tradicionais apresentaram amplitude de 22,0ºC a 14,2ºC (laje e fibrocimento,
respectivamente) e apresentaram mínimas e máximas superiores aos telhados
verdes (tabela 16).

4.2.3 Evento 03: 07 a 09 de janeiro de 2014

Dos eventos analisados na presente pesquisa, segundo o Inmet (2015), o


levantamento dos dias 07 a 09/01/2015 (figura 118) foram com as temperaturas
mais elevadas, com máxima de 31,2ºC e mínima de 18,6ºC. Destacamos na próxima
análise um recorte do dia 07/01, às 17:07 h, ao dia 08/01, às 16:57 h. A análise dos
dias posteriores foram feitas apenas com os sensores inferiores devido à
precipitação registrada e são destacados na figura 118.
127

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10
08:37
09:17
09:57
10:37
11:17
11:57
12:37
13:17
13:57
14:37
15:17
15:57
16:37
17:17
17:57
18:37
19:17
19:57
20:37
21:17
21:57
22:37
23:17
23:57
00:37
01:17
01:57
02:37
03:17
03:57
04:37
05:17
05:57
06:37
07:17
07:57
08:37
09:17
09:57
10:37
11:17
11:57
12:37
13:17
13:57
14:37
15:17
15:57
16:37
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior
Zoysia tenuifolia Superior Sedum Mexianum Superior Zoysia tenuifolia Inferior Sedum Mexianum Inferior
Callisia repens Superior Laje Superior Callisia repens Inferior Laje Inferior
Fibrocimento Superior Cerâmica Superior Fibrocimento Inferior Cerâmica Inferior
Temperatura do ar Temperatura INMET

figura 118 - Gráfico de temperatura superficial dia 07 a 09/01/2015


Fonte: A Autora (2015)
128

60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
08:37
09:47
10:57
12:07
13:17
14:27
15:37
16:47
17:57
19:07
20:17
21:27
22:37
23:47
00:57
02:07
03:17
04:27
05:37
06:47
07:57
09:07
10:17
11:27
12:37
13:47
14:57
16:07
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Callisia repens Superior Laje Superior
Fibrocimento Superior Cerâmica Superior Temperatura do ar
Temperatura INMET

figura 119 - Gráfico de temperatura superficial superior dias 07 e 08/01/2015


Fonte: A Autora (2015)

Na análise comparativa entre as temperaturas superficiais superiores, pode-


se perceber que o pico mais alto de temperatura foi apresentado pelo sistema de
telha cerâmica, com temperatura de até 56,9ºC. Nesse mesmo horário, a espécie
vegetal que apresentou a menor temperatura foi a Bulbine frutescens com
temperatura de 33,7ºC, ou seja, uma variação térmica de 23,2º. Entre os telhados
verdes analisados, a espécie Zoysia tenuifolia apresentou as temperaturas mais
altas, isso se deve ao fato do sensor nessa espécie ficar exposto à radiação solar,
com temperaturas superiores à laje e próximas à cobertura cerâmica.
129

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00

-5,00

-10,00
18:07
18:57
19:47
20:37
21:27
22:17
23:07
23:57
00:47
01:37
02:27
03:17
04:07
04:57
05:47
06:37
07:27
08:17
09:07
09:57
10:47
11:37
12:27
13:17
14:07
14:57
15:47
16:37
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Callisia repens Superior Laje Superior

figura 120 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura superior e a temperatura do


ar - (∆t= tempSup - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje 07 e 08/01/2015
Fonte: A autora (2015)

Neste recorte, a maioria das medições apresentou temperatura superior a


temperatura do ar. Destaca-se a espécie grama coreana (Zoysia tenuifolia) com as
temperaturas mais altas, com amplitude superior aos 20ºC. A espécie Bulbine
frutescens apresentou uma amplitude inferior a 5ºC, com algumas temperaturas
abaixo da temperatura do ar, resultado similar ao dinheiro em penca (Callisia
repens). A laje registrou a segunda maior variação entre as coberturas analisadas
(figura 120).
A temperatura mais elevada na espécie Zoysia tenuifolia pode estar
associada à exposição do sensor a radiação solar direta. Nas demais espécies
vegetais, o sensor ficou posicionado sob o substrato com sombreamento das folhas
(figura 121).
130

figura 121 - Sensor sobre o sistema de telhado verde com a espécie Zoysia tenuifolia.
Fonte: A autora (2015)

tabela 17 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais superiores dos módulos 08 e 09/10/2014
Callisia repens

Fibrocimento
Laje Superior

Temperatura
Tradescantia

mexicanum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Superior

Superior

Superior

Superior

Superior

Superior

Superior
Bulbine

zebrina

Sedum
Zoysia

do ar
T Mínima 19,60 19,90 15,10 19,30 20,50 19,80 20,30 20,40 18,80
T Máxima 36,60 43,00 48,50 42,70 37,20 42,90 41,80 56,90 33,30
T Média 25,27 26,55 29,30 26,32 26,36 27,94 28,03 29,56 23,07
Amplitude 17,00 23,10 33,40 23,40 16,70 23,10 21,50 36,50 14,50
Fonte: A Autora (2015)

A análise da tabela 17 corrobora com as informações trazidas anteriormente,


destacando a espécie Zoysia tenuifolia com a maior amplitude térmica entre os
telhados verdes, o Callisia repens e a Bulbine frutescens registraram as menores
amplitudes. A amplitude entre a temperatura máxima da Bulbine frutescens e da
Zoysia tenuifolia chega a 12ºC.
131

37

35

33

31

29

27

25

23

21

19
08:37
09:47
10:57
12:07
13:17
14:27
15:37
16:47
17:57
19:07
20:17
21:27
22:37
23:47
00:57
02:07
03:17
04:27
05:37
06:47
07:57
09:07
10:17
11:27
12:37
13:47
14:57
16:07
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior
Fibrocimento Inferior Cerâmica Inferior Temperatura do ar
Temperatura INMET

figura 122 - Gráfico de temperatura superficial inferior dias 07 e 08/01/2015


Fonte: A Autora (2015)

Analisando as temperaturas superficiais inferiores, no recorte de data dos


dias 07 e 08/01/2015, a espécie Zoysia tenuifolia se destaca com as menores
temperaturas e menor variação de temperatura ao longo do dia. Essa característica
pode estar associada ao fechamento uniforme das folhas sob o substrato reduzindo
a troca de calor do substrato com o meio. A espécie Zoysia tenuifolia registrou uma
diferença de temperatura em relação à laje de 7ºC (figura 122). As coberturas
convencionais registraram as temperaturas mais altas ao longo do dia e mais baixas
a noite. As coberturas de fibrocimento e cerâmica apresentaram temperatura similar
à temperatura do ar.
132

7,00

5,00

3,00

1,00

-1,00

-3,00

-5,00
18:07
18:57
19:47
20:37
21:27
22:17
23:07
23:57
00:47
01:37
02:27
03:17
04:07
04:57
05:47
06:37
07:27
08:17
09:07
09:57
10:47
11:37
12:27
13:17
14:07
14:57
15:47
16:37
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior

figura 123 - Gráfico representado a diferença entre a temperatura superior e a temperatura do


ar - (∆t= tempInf - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje - 07 e 08/01/2015
Fonte: A autora (2015)

Analisando a diferença entre a temperatura superficial inferior com a


temperatura do ar, evidencia-se que a laje absorve mais radiação solar em forma de
calor e apresenta ao longo do dia temperatura superior à temperatura do ar (em até
6ºC). Os sistemas de telhado verde apresentam temperatura inferior à temperatura
do ar, podendo ser em decorrência do efeito de evapotranspiração, que reduz a
temperatura dos módulos em relação à temperatura do ar, e a capacidade térmica
do conjunto. Já no período noturno, com a redução da temperatura do ar, os
sistemas de telhado verde apresentam temperaturas superiores a do ar e dos
sistemas tradicionais de cobertura, ou seja, mantêm as temperaturas mais
constantes ao longo do dia e da noite, apresentando menor variação térmica.
133

tabela 18 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais inferiores dos módulos 07 e 08/01/2015

Callisia repens

Fibrocimento

Temperatura
Tradescantia

Laje Inferior
Mexianum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Bulbine

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior
zebrina

Sedum
Zoysia

do ar
T Mínima 19,80 20,30 20,40 20,00 20,30 18,10 18,80 18,60 18,80
T Máxima 30,80 30,10 31,00 30,90 30,10 36,50 32,40 33,00 33,30
T Média 23,91 23,74 23,92 23,78 23,73 24,48 23,71 23,70 23,86
Amplitude 11,00 9,80 10,60 10,90 9,80 18,40 13,60 14,40 14,50
Fonte: A Autora (2015)

Observando a tabela 21, pode-se perceber que a laje apresentou uma


amplitude térmica 2 vezes maior que alguns sistemas de telhado verde e uma
temperatura máxima até seis graus mais alta. A temperatura mínima também foi
menor 2ºC em média. Pode-se, desta forma, concluir que os telhados verdes
mantêm a temperatura mais constante ao longo de um dia de calor, sendo as
espécies Tradescantia zebrina e Arachis repens as que apresentaram a menor
variação térmica ao longo do dia.

49

44

39

34

29

24

19

14
08:37
09:47
10:57
12:07
13:17
14:27
15:37
16:47
17:57
19:07
20:17
21:27
22:37
23:47
00:57
02:07
03:17
04:27
05:37
06:47
07:57
09:07
10:17
11:27
12:37
13:47
14:57
16:07

Bulbine frutescens Superior Bulbine frutescens Inferior Zoysia tenuifolia Superior


Zoysia tenuifolia Inferior Temperatura do ar Temperatura INMET

figura 124 - Gráfico de temperatura superficial superior e inferior: Bulbine frutescens, Zoysia
tenuifolia e temperatura do ar dias 07 e 08/01/2015
Fonte: A Autora (2015)
134

Na figura 124 compara-se os sistemas de telhado verde com Zoysia


tenuifolia e Bulbine frutescens quanto a temperatura superficial superior e inferior.
Pode-se perceber que a grama coreana, mesmo com uma temperatura superior
muito alta, conduziu essa temperatura para o sistema, ou seja, o sistema não
absorveu todo o calor acumulado. Já a espécie bulbine apresentou uma variação
entre a temperatura superior e inferior muito pequena, que se manteve quase
constante, ou seja, a massa densa e uniforme que a grama coreana cria na
superfície reduz a troca de calor do substrato com o meio, enquanto no caso da
bulbine, onde o substrato fica exposto a ação do vento, a troca por convenção é
maior.

4.2.4 Evento 05: 09 e 10 de abril de 2014

Nos dados levantados no mês de abril, dias 09 e 10, a temperatura variou


entre 25ºC e 13,3ºC segundo o Inmet (2015). Destaca-se esse experimento, pois se
optou por deixar o sensor de temperatura do ar sobre os módulos e não abaixo,
conforme os outros experimentos. Devido à insolação sobre o sensor, que no dia 09
foi de 8,2 horas e no dia 09 de 5,6 horas (INMET, 2015), o sensor de temperatura do
ar apresentou temperatura máxima de 43,80ºC, 18,8ºC acima da temperatura
registrada pelo Inmet, e mínima de 11,40ºC (figura 125 - Gráfico de temperatura
superficial dia 09 a 10/04/2015figura 125).
Analisando a figura 125 podemos perceber de forma clara a variação entre a
temperatura do ar, segundo dados do Inmet (2015), e a temperatura medida in loco.
O recorte de dados utilizados e destacado nos gráficos a seguir são do dia 09/04 às
8:53h até 10/04 às 10:23h. A temperatura registrada pelo Inmet foi inferior a medida
de temperatura registrada in loco das 7 às 15 horas e superior das 16 às 7 horas.
135

45,0
43,0
41,0
39,0
37,0
35,0
33,0
31,0
29,0
27,0
25,0
23,0
21,0
19,0
17,0
15,0
13,0
11,0
08:53
09:23
09:53
10:23
10:53
11:23
11:53
12:23
12:53
13:23
13:53
14:23
14:53
15:23
15:53
16:23
16:53
17:23
17:53
18:23
18:53
19:23
19:53
20:23
20:53
21:23
21:53
22:23
22:53
23:23
23:53
00:23
00:53
01:23
01:53
02:23
02:53
03:23
03:53
04:23
04:53
05:23
05:53
06:23
06:53
07:23
07:53
08:23
08:53
09:23
09:53
10:23
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Zoysia tenuifolia Inferior Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Superior Laje Superior
Callisia repens Inferior Laje Inferior Fibrocimento Superior Cerâmica Superior Fibrocimento Inferior
Cerâmica Superior Temperatura do ar Temeratura do ar Inmet

figura 125 - Gráfico de temperatura superficial dia 09 a 10/04/2015


Fonte: A Autora (2015)
136

44,0
42,0
40,0
38,0
36,0
34,0
32,0
30,0
28,0
26,0
24,0
22,0
20,0
18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
08:53
09:43
10:33
11:23
12:13
13:03
13:53
14:43
15:33
16:23
17:13
18:03
18:53
19:43
20:33
21:23
22:13
23:03
23:53
00:43
01:33
02:23
03:13
04:03
04:53
05:43
06:33
07:23
08:13
09:03
09:53
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Callisia repens Superior Laje Superior
Fibrocimento Superior Cerâmica Superior Temperatura do ar
Temeratura do ar Inmet

figura 126 - Gráfico de temperatura superficial superior dia 09 a 10/04/2015


Fonte: A Autora (2015)

A alta incidência solar das 08:00 às 17:00 horas pode ser percebida na figura
126. Comparando os sistemas de cobertura, quanto à temperatura superficial
superior, o telhado de fibrocimento apresentou os maiores picos de temperatura das
12:00 às 16:00 horas. No início da manhã, o telhado verde com a espécie Zoysia
tenuifolia apresentou as temperaturas mais elevadas, enquanto a Bulbine frutescens
apresentou as menores temperaturas, juntamente com a Tradescantia zebrina,
assim como apresentaram a menor amplitude térmica, conforme tabela 19.
No período noturno, destaca-se a Zoysia tenuifolia com a temperatura
superior mais baixa e próxima da temperatura do ar Isso se deve ao fato dos dois
sensores estarem igualmente expostos. As demais coberturas apresentaram
resultados similares entre si.
137

10,00

5,00

0,00

-5,00

-10,00

-15,00

-20,00

-25,00
08:53
09:43
10:33
11:23
12:13
13:03
13:53
14:43
15:33
16:23
17:13
18:03
18:53
19:43
20:33
21:23
22:13
23:03
23:53
00:43
01:33
02:23
03:13
04:03
04:53
05:43
06:33
07:23
08:13
09:03
09:53
Bulbine frutescens Superior Tradescantia zebrina Superior Zoysia tenuifolia Superior
Sedum Mexianum Superior Callisia repens Superior Laje Superior

figura 127 - Gráfico da diferença entre a temperatura superior e a temperatura do ar


(∆t= tempSup - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje 09 e 10/04/2015
Fonte: A autora (2015)

Na figura 127, diferente das análises anteriores, os módulos apresentaram


temperatura inferior à temperatura do ar ao longo do dia em consequência da
posição do sensor de temperatura do ar. A Bulbine frutescens e a Tradescantia
zebrina apresentaram a maior amplitude com relação à temperatura do ar. Este
efeito pode estar associado à altura e sombreamento da bulbine e a densidade da
Tradescantia zebrina registrando temperaturas muito menores que a do ar. A
espécie Zoysia tenuifolia apresentou a menor amplitude durante a noite e as
temperaturas mais baixas entre os sistemas analisados.

tabela 19 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais superiores - 09 e 10/04/2015
Callisia repens

Fibrocimento
Laje Superior

Temperatura
Tradescantia

mexicanum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Superior

Superior

Superior

Superior

Superior

Superior

Superior
Bulbine

zebrina

Sedum
Zoysia

do ar

T Mínima 14,20 14,10 11,20 13,90 13,10 12,40 13,00 13,20 11,40
T Máxima 33,30 32,70 43,80 37,90 37,40 35,90 41,80 36,60 43,80
T Média 20,17 19,67 20,84 20,78 21,17 20,72 21,65 21,09 18,24
Amplitude 19,10 18,60 32,60 24,00 24,30 23,50 28,80 23,40 32,40
Fonte: A Autora (2015)
138

Pode-se destacar, na tabela 19, que a temperatura média do ar foi 18,2ºC.


As médias das coberturas variaram entre 19,7ºC (Tradescantia zebrina) e 21,6ºC
(telhado de fibrocimento). A maior temperatura registrada foi da espécie Zoysia
tenuifolia, com a mesma temperatura máxima do ar, 43,8ºC, registrando também
menor temperatura e uma amplitude térmica de 32,6º, enquanto a espécie
Tradescantia zebrina apresentou a menor amplitude térmica, com apenas 18,6º.

44,0
42,0
40,0
38,0
36,0
34,0
32,0
30,0
28,0
26,0
24,0
22,0
20,0
18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
08:53
09:43
10:33
11:23
12:13
13:03
13:53
14:43
15:33
16:23
17:13
18:03
18:53
19:43
20:33
21:23
22:13
23:03
23:53
00:43
01:33
02:23
03:13
04:03
04:53
05:43
06:33
07:23
08:13
09:03
09:53
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior
Fibrocimento Inferior Cerâmica Superior Temperatura do ar
Temeratura do ar Inmet

figura 128 - Gráfico de temperatura superficial inferior dia 09 e 10/04/2015


Fonte: A Autora (2015)

Quanto às temperaturas superficiais inferiores, a laje apresentou


temperatura superior, em até 8ºC, em relação à temperatura dos telhados verdes, ou
seja, devido à reduzida capacidade térmica, a transmissão de calor é maior da
superfície superior para a inferior. As menores temperaturas no período diurno foram
das espécies Callisia repens e Sedum mexicanum. No período noturno a amplitude
entre a laje e os telhados verdes foi de 3,5ºC ,nesse caso com a temperatura da laje
139

abaixo da temperatura dos telhados verdes. As temperaturas mais altas noturnas


foram registradas pela espécie de grama coreana.

5,00

0,00

-5,00

-10,00

-15,00

-20,00

-25,00
08:53
09:43
10:33
11:23
12:13
13:03
13:53
14:43
15:33
16:23
17:13
18:03
18:53
19:43
20:33
21:23
22:13
23:03
23:53
00:43
01:33
02:23
03:13
04:03
04:53
05:43
06:33
07:23
08:13
09:03
09:53
Bulbine frutescens Inferior Tradescantia zebrina Inferior Zoysia tenuifolia Inferior
Sedum Mexianum Inferior Callisia repens Inferior Laje Inferior

figura 129 - Gráfico da diferença entre a temperatura inferior e a temperatura do ar


(∆t= tempSup - TempAr) dos sistemas de telhado verde e laje 09 e 10/04/2015
Fonte: A autora (2015)

A variação de temperatura entre os sistemas de telhado verde (figura 129)


foram pequenas e apresentaram temperatura inferior à temperatura do ar ao longo
do dia em até 24ºC, enquanto a laje, nesse mesmo período, apresentou atenuação
de 18ºC.
No período noturno, a diferença dos telhados verdes foi de até 5,5ºC, mas
com aumento da temperatura em relação à temperatura do ar, enquanto a laje
apresentou um acréscimo de aproximadamente 3ºC.

tabela 20 - Comparação das amplitudes térmicas e dos valores máximos, médios e mínimos,
temperaturas superficiais inferiores - 09 e 10/04/2015
zebrina Inferior

Callisia repens

Fibrocimento
Laje Superior

Temperatura
Tradescantia

mexicanum
frutescens

tenuifolia

Cerâmica
Superior

Superior
Bulbine

Inferior

Inferior

Inferior

Inferior
Sedum
Zoysia

do ar

T Mínima 16,10 16,70 16,90 16,60 16,60 13,60 15,20 15,30 11,40
T Máxima 26,20 24,20 24,40 24,70 24,60 30,70 25,70 26,20 43,80
T Média 19,76 19,38 19,54 19,45 19,34 20,11 19,21 19,48 21,69
Amplitude 10,10 7,50 7,50 8,10 8,00 17,10 10,50 10,90 32,40

Fonte: A autora (2015)


140

Na análise da amplitude térmica das temperaturas inferiores (tabela 20),


pode-se perceber que as espécies Tradescantia zebrina e Zoysia tenuifolia
apresentaram a mesma amplitude (7,5ºC), seguida da espécie Callisia repens (8ºC)
e Sedum mexicanum (8,1ºC). A maior amplitude registrada entre os telhados verdes
foi da espécie Bulbine frutescens (10,1ºC). Os telhados convencionais apresentaram
as maiores amplitudes: 17,2ºC (laje), 10,9ºC (telha cerâmica) e 10,5ºC (telha de
fibrocimento).
Esses dados dos 5 eventos distintos demonstram que, quanto à temperatura
superficial inferior e superior no período diurno, as coberturas se portaram de forma
similar. Os telhados convencionais apresentaram temperatura mais elevada que os
telhados verdes; em períodos com radiação solar direta essa variação de
temperatura superou os 20ºC. No período noturno, os sistemas convencionais
apresentaram temperatura inferior aos sistemas de telhado verde, demonstrando
que esses possuem uma variação térmica ao longo do dia superior aos sistemas de
telhado verde.
Dentre as espécies vegetais analisadas, a Zoysia tenuifolia apresentou as
maiores temperaturas superiores e inferiores no período diurno, e a Bulbine
frutescens as mais baixas. Já no período noturno, a espécie Zoysia tenuifolia
apresentou as maiores temperaturas quanto ao sensor superior, mas as menores
temperaturas quanto ao sensor inferior. Já a espécie Bulbine frutescens apresentou
as maiores temperaturas quanto ao sensor inferior e menores quanto ao superior.

4.3 ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA

As águas coletadas pelas coberturas podem ser destinadas para fins não
potáveis, conforme prevê legislação específica. Em Curitiba, através da Lei
10.785/2003, foi criado o programa de conservação e uso racional da água nas
edificações, que foi regulamentado através do decreto 293/2006, o qual estabelece
critérios para o uso e conservação racional da água nas edificações. No decreto são
descritos os parâmetros para dimensionamento das cisternas, conforme
dimensionamento das unidades habitacionais ou comerciais e industriais, mas não
se menciona padrão de qualidade mínima da água para fins não potáveis.
Desta forma, como o objetivo da presente pesquisa é verificar se a água da
chuva, depois de escoar por um sistema de telhado verde, se enquadra nos
141

parâmetros adotados pelas legislações vigentes, foram seus dados comparados


com a resolução do Conama n.º 357/2005 (BRASIL, 2005) e n.º 274/2000 (BRASIL,
2000) e a portaria MS n.º 518/2004 (BRASIL, 2004). Entretanto essas legislações
não tratam especificamente de água da chuva, mas sim de outros corpos de água.
Desta forma, ressalta-se a importância de parâmetros próprios para escoamento de
água da chuva.
As variáveis analisadas foram escolhidas em função da bibliografia existente
que destaca tais parâmetros como os principais pontos alterados pelo sistema de
telhado verde.
A análise de fósforo e nitrogênio em coberturas verdes é importante para
verificar a influência do substrato e sua adubação e fertilização na qualidade da
água. A eutrofização da água é causada pelo excesso desses nutrientes (nitrogênio
e fósforo), que podem contribuir para o aumento de algas e da biomassa. Esse
aumento de biomassa pode acarretar na diminuição da oxigenação da água e, como
consequência, na diminuição da sua qualidade. Por isso a importância do controle
desses dois nutrientes nas águas.
Os adubos orgânicos (formados por matéria de origem animal e vegetal) e
os adubos inorgânicos (obtidos através da extração mineral ou refino do petróleo)
são ricos em fósforo e nitrogênio. Assim, o objetivo é verificar o quanto essa
adubação influencia na qualidade da água.
Foram realizadas duas análises de laboratório nos meses de março e maio
de 2015, com duas coletas diferentes de água. Essas coletas foram feitas no dia
seguinte à precipitação.
Na primeira coleta, o módulo de número 02 (Tradescantia zebrina) soltou a
sua conexão do sistema de drenagem, desta forma, esse foi o único módulo que não
apresentou transbordo na coleta. Todos os demais módulos transbordaram, ou seja,
excederam os 26,67mm de água coletada. Segundo o Inmet (2015), a precipitação
no dia 05/03, a partir das 19 horas, até o dia 06/03, às 03 horas, foi de 45,20mm. A
coleta da água foi realizada no dia 06/03/2015 no período da manhã.
A segunda coleta foi realizada no dia 04/05/2015, também no período da
manhã, e a precipitação ocorreu no dia 04/05/2015 entre 1 hora e 6 horas da manhã.
Segundo o Inmet (2015), a precipitação registrada foi de 33,60mm
142

A precipitação registrada in loco demonstrou o transbordo dos sistemas de


laje, telha de fibrocimento e telha de cerâmica. Os módulos de telhado verde
apresentaram o seguinte escoamento:
1. Bulbine frutescens - 11,33mm
2. Tradescantia zebrina - 18mm
3. Zoysia tenuifolia - 14,67mm
4. Sedum mexicanum - 12,67mm
5. Callisia repens - 17,33mm
Na tabela 21 destacam-se os dados levantados quanto à análise de água da
chuva, comparando as duas coletas registradas e a legislação vigente.
143

tabela 21 - Análise dos diferentes parâmetros de qualidade da água entre os sistemas de


cobertura e a legislação vigente (Dados: Apêndice G)

Sólidos Nitrogênio Nitrogênio Fósforo


Parâmetro Totais Coloração Total Amoniacal Total
pH mg/l uC ou Uh mg/l mg/l mg/l
Resolução Conama
274/2000 6-9,5 - - - - -
Portaria N º518/04 Até
MS 6-9,5 1.000 Até 15 - - -
Até 3,7mg/L N,
para pH ≤ 7,5
Até 2,0 mg/L N,
para 7,5 < pH ≤ 8,0
Legislação

Resolução 357/05 - Até 1,0 mg/L N,


Classe 01 6,0-9,0 Até 500 Cor natural Até 1,27 para 8,0 < pH ≤ 8,5 Até 0,02
Resolução 357/05 -
Classe 02 6,0-9,0 Até 75 Até 0,05
Até 13,3 mg/L N,
para pH ≤ 7,5
Até 5,6 mg/L N,
para 7,5 < pH ≤ 8,0
Resolução 357/05 - Até 2,2 mg/L N,
Classe 03 6,0-9,0 Até 500 Até 75 - para 8,0 < pH ≤ 8,5 Até 0,075
Bulbine frutescens 6,63 17 400* 4,52* - 1,58*
Tradescantia
zebrina 6,52 164 1000* 4,93* - 1,22*
Zoysia tenuifolia 6,53 20 400* 4,71* - 1,30*
Coleta 01

Sedum mexicanum 5,66* 29 875* 4,44* - 1,66*


Callisia repens 5,91* 32 500* 3,67* - 0,79*
Laje 6,77 2 12,5 1,62* - 0,01
Telha Fibrocimento 8,25 - 20 1,95* - 0,06
Telha Cerâmica 6,51 22 100* - - 1,32*
Bulbine frutescens 6,75 17 400* - 0,18 1,37*
Tradescantia
zebrina 6,93 51 500* - 0,06 0,46*
Zoysia tenuifolia 6,92 28 500* - 0,07 0,59*
Coleta 02

Sedum mexicanum 6,39 25 700* - 0,15 0,89*


Callisia repens 6,19 36 500* - 0,07 0,24*
Laje 6,71 11 50 - 0,11 0,02
Telha Fibrocimento 7,41 9 20 - 0,12 0,58*
Telha Cerâmica 6,56 14 12,5 - 0,24 0,09*
- Não consta na legislação ou não foram realizados ensaios quanto a esse parâmetro
* Dados que apresentaram índice superior a máximo previsto na legislação

Fonte: A autora (2015)


144

O primeiro ensaio realizado foi do pH da água. Segundo Tamiosso et al.


(2007), o pH da água da chuva, quando coletada diretamente, pode apresentar
níveis inferiores a 5, caracterizando-o como ácido. Isso é consequência da presença
de gases como o CO2 e SO2, que reagem com a água e formam gases ácidos. Na
tabela 21 pode-se comparar os dados de pH registrado em cada um dos módulos.
Na coleta 01 apenas dois módulos apresentaram índice inferior a seis, os
módulos Callisia repens e Sedum mexicanum, entretanto superior a 5,5; os demais
apresentaram valores entre 6 e 7, valor aceitável pelas legislações vigentes. Na
segunda coleta, todos módulos apresentaram valores entre 6 e 9, entretanto a
Callisia repens e Sedum mexicanum apresentaram novamente a menor taxa de pH,
mas superiores a seis.
O sistema que apresentou o maior pH foi a telha de fibrocimento. Segundo
Tassiano (2007) "isso se deve ao fato de o material do telhado ser de amianto, que é
composto por mais de 90% de cimento e menos de 10% de fibras de amianto
crisotila cuja fórmula química é Mg3SI2O5(OH)4 , responsável pelo acréscimo do pH".
Quanto aos sólidos totais presentes nas análises, todos os módulos
apresentaram quantidades inferiores previstas pela legislação. Comparando os
sistemas entre si, pode-se perceber que os telhados verdes apresentam maior
quantidade de sólidos. Observando a figura 130 pode-se notar que, devido a sua
coloração, essa quantidade de sólidos deve-se a parte do substrato e do sistema de
drenagem (argila expandida) que se deslocam junto com a água e possuem
coloração marrom. O módulo 02 (Tradescantia Zebrina) apresentou maior índice de
sólidos totais presentes nas duas análises realizadas e a Bulbine frutescens a menor
quantidade, podendo estar associada à matéria orgânica dessas espécies. A
espécie do módulo 02 tem uma troca de folhas mais constantes, formando mais
matéria orgânica no substrato; já o módulo 01 não possui essa troca regular de
folhas, apresentando menor quantidade de matéria orgânica.
145

figura 130 - Membranas após filtragem dos sólidos totais presentes na água.
01-Bulbine frutescens, 02-Tradescantia zebrina, 03-Zoysia tenuifolia, 04-Sedum mexicanum,
05-Callisia repens, 06-laje, 07-telhado de fibrocimento, 08-telhado cerâmico - coleta 01.
Fonte: A autora (2015)

Quanto à análise de coloração, mesmo antes da análise em laboratório,


pode-se perceber que os sistemas de telhado verde possuem coloração ferrosa
intensa e que não passariam no padrão de qualidade da água. Os sistemas de
cobertura convencionais, com exceção da telha cerâmica na primeira coleta, ficaram
dentro dos padrões. Isso indica que o conjunto drenagem, planta e substrato
influencia diretamente a coloração da água. Percebe-se ainda uma variação
significativa entre as espécies vegetais que pode estar associada à quantidade de
matéria orgânica, decorrente da decomposição das folhas, em cada um dos módulos
(figura 131). A análise de laboratório demonstrou que a espécie Sedum mexicanum
(garrafa 4, figura 131) apresentou a maior alteração de coloração entre as espécies
analisadas, e a Bulbine frutescens (garrafa 1, figura 131) a menor alteração,
entretanto cinco vezes superior ao valor máximo admitido nas legislações vigentes.
Esse mesmo resultado reflete-se na figura 130.
146

figura 131 - Amostras de água coletadas dos módulos.


01-Bulbine frutescens, 02-Tradescantia zebrina, 03-Zoysia tenuifolia, 04-Sedum mexicanum,
05-Callisia repens, 06-laje, 07-telhado de fibrocimento, 08-telhado cerâmico - coleta 02.
Fonte: A autora (2015)

A análise realizada quanto à presença de fósforo e nitrogênio total nas


amostras foi com o objetivo de verificar o aumento desses índices em função da
adubação. Segundo Liu et al. (2012), esses índices podem aumentar
significativamente com o uso de fertilizantes.
Esse aumento é comprovado na presente pesquisa. Os telhados verdes
apresentam até o dobro da quantidade de nitrogênio que os telhados convencionais
e mais de 3 vezes os valores permitidos pela norma.
O fósforo total apresentou índices até 21 vezes maior do que os índices
previstos na legislação e a cobertura de telha cerâmica também apresentou índice
superior a norma. Os sistemas de laje impermeabilizada e telha de fibrocimento
apresentaram parâmetros dentro dos limites da norma.
Quanto ao nitrogênio amoniacal (NH3 + NH4+), a sua presença em grande
quantidade está associada à presença de efluentes na água. Por se tratar de água
da chuva, os índices de nitrogênio amoniacal foram baixos, sendo que o mais alto foi
147

da água de telhado cerâmico e da espécie bulbine e todos dentro dos índices da


legislação vigente.
Comparando os resultados obtidos com a bibliografia presente, os dados
apresentados ficaram dentro da faixa do estudo de Moran et al. (2005) que foi de:
0,8 a 6,8 mg/l de nitrogênio e 0,6 a 1,5mg/l de fósforo, segundo Berndtsson (2010).
148

5 CONCLUSÃO

A análise da influência das espécies vegetais no desempenho dos telhados


verdes demonstrou que existe uma variação significativa entre as espécies quanto
às variáveis analisadas: capacidade de retenção de água, desempenho térmico e
qualidade da água escoada.
Quanto ao desenvolvimento das espécies, pode-se concluir que é
fundamental, para o clima de Curitiba, espécies que não sofram "queima" ou perda
total das folhas em períodos com geada, mas que sejam resistentes ao estresse
hídrico, ou seja, suportem períodos de estiagem e períodos com grande volume de
precipitação.
A espécie Arachis repens (grama amendoim) não apresentou essa
característica de rebrotamento após o evento registrado de geada, não sendo uma
espécie recomendada para a cidade de Curitiba ou regiões onde geadas são
possíveis durante o período de inverno.
Quanto ao desenvolvimento das espécies, pode-se concluir que a
Tradescantia zebrina apresentou a melhor adaptação às condições impostas, com o
fechamento mais denso do solo, seguido da Zoysia tenuifolia. A espécie Callisia
repens (mais adaptada à condição de sombra), apresentou redução da área foliar
quando imposta à incidência solar intensa, entretanto sobreviveu a todas as
estações climáticas. A espécie Sedum mexicanum apresentou um desenvolvimento
inicial muito positivo, entretanto, no período de verão, perdeu boa parte das mudas,
podendo o fato estar associado à tipologia da planta. Por ser uma suculenta com
fotossíntese do tipo CAM, ela não necessita de muita água. Como os meses de
verão apresentam índices de precipitação alta, a água em excesso por ter
apodrecido as raízes, causando a morte de muitas mudas. Recomenda-se, dessa
forma, utilizar substratos mais porosos com areia, argila expandida e vermiculita em
maior quantidade na sua composição, para que o solo fique menos saturado e
contribua para o desenvolvimento da espécie.
Quanto à resistência ao estresse hídrico, a bibliografia recomenda o uso de
espécies que realizem fotossíntese do tipo CAM (Sedum, por exemplo), sobre
espécies do tipo C3 e C4, devido ao seu consumo de água menor (até 100 gramas
por grama de CO2), enquanto as espécies do tipo C3 consumem até 500 gramas por
grama de CO2 e do tipo C4 300 gramas por grama de CO2. Entretanto, o que se
149

observou no experimento em questão foi que, devido aos índices pluviométricos


altos registrados em Curitiba, essa característica não foi decisiva no
desenvolvimento da espécie.
Analisando os resultados obtidos quanto à retenção de água da chuva,
podemos concluir que a espécie Bulbine frutescens apresentou o maior índice de
retenção, com aproximadamente 60%, seguido da espécie Sedum mexicanum. As
demais espécies apresentaram índices com pouca variação entre eles, mas
próximos a 50%
A retenção maior das espécies suculentas (Bulbine frutescens e Sedum
mexicanum), pode estar associada a característica de armazenamento de água em
suas folhas e raízes e ao fechamento do solo pelas folhas que, no caso dessas duas
espécies, foi o menor fechamento entre as espécies analisadas, permitindo uma
maior evaporação da água diretamente pelo substrato, ou seja, uma redução de
umidade do mesmo.
As espécies Tradescantia zebrina e Callisia repens apresentaram o
fechamento do solo mais uniforme e também a menor retenção de água de chuva.
Isso pode ser explicado pelo fato de perderem menos água para o ambiente,
mantendo seu substrato úmido por um período maior, sendo a saturação desse mais
rápida após a precipitação, efeito que pode ainda estar associado à espécie Zoysia
tenuifolia.
Conclui-se, assim, que os telhados verdes têm capacidade de reter uma
quantidade expressiva de água em seu sistema (conjunto: substrato e planta) e que
devido as características morfológicas de cada espécie existe variação de retenção
entre as mesmas.
Quanto à análise térmica, pode-se concluir que as espécies vegetais
influenciam no desempenho térmico das coberturas. Isso pode estar associado a
alguns efeitos observados.
O efeito da evapotranspiração, que corresponde a evaporação da água no
solo e da umidade da vegetação, além da transpiração da espécie vegetal. Esse
efeito acontece em todas as espécies vegetais, ajudando a reduzir a temperatura de
todos os telhados verdes, podendo esse fato ser observado quando comparado com
os sistemas tradicionais de cobertura.
A radiação solar sobre espécies vegetais com menor densidade aproximam
a temperatura dessas à temperatura da laje exposta à incidência solar. Esse efeito
150

pode ser percebido na espécie Zoysia tenuifolia, que apresentou os valores mais
altos e mais próximos aos valores da laje, com picos de temperatura até 10ºC acima
dos outros sistemas de telhado verde.
As folhas escuras podem absorver mais calor, apresentando também
temperaturas mais elevadas na superfície superior. Essa característica pode ser
observada nas espécies de coloração arroxeada, como a Tradescantia zebrina e
Callisia repens.
Na espécie bulbine, que, devido à sua composição morfológica, apresenta a
maior altura entre as espécies analisadas, foram observados dois efeitos: o primeiro
é quanto ao sombreamento do substrato, que ajuda a reduzir a temperatura
superficial; e, o segundo, é o efeito de frenar o vento, fazendo com que a
temperatura se afastasse da temperatura do ar. Essa espécie apresentou a menor
temperatura superficial superior entre as espécies analisadas.
No período noturno pode-se destacar dois efeitos que ocorrem quanto à
temperatura: o primeiro deles é a troca de radiação (acumulada ao longo do dia)
com o espaço/ar nas espécies com plantas menos densas. Esse efeito faz com que
a temperatura superficial aproxime-se da temperatura observada na laje ou a
temperatura do ar e é evidente na espécie Zoysia tenuifolia, que apresentou as
menores temperaturas superficiais superiores durante a noite, em alguns casos até
4,5ºC em relação a espécie Bulbine frutescens (evento 5). Ainda, o efeito do vento
sobre o sistema que, dependendo da morfologia da espécie, pode aumentar ou
diminuir a temperatura da superfície em relação a temperatura do ar.
Com relação aos resultados apresentados, pode-se destacar que a espécie
Zoysia tenuifolia apresentou a maior temperatura superficial superior durante o dia,
seguida das espécies Callisia repens, Sedum mexicanum. A espécie Bulbine
frutescens foi a que apresentou as menores temperaturas entre os sistemas
analisados. A espécie Tradescantia Zebrina variou com temperaturas altas e baixas
dependendo do evento analisado, podendo estar associado à incidência solar (figura
132).
151

figura 132 - Hierarquia entre os sistemas de telhados quanto a temperatura superficial superior
Fonte: A autora (2015)

No período noturno, a espécie Bulbine frutescens apresentou as


temperaturas superficiais superiores mais altas registradas, seguida da espécie
Tradescantia Zebrina e Sedum mexicanum. Já as espécies Callisia repens e Zoysia
tenuifolia apresentaram as temperaturas noturnas mais baixas, próximas à
temperatura da laje impermeabilizada.
Quanto a análise de temperatura superficial inferior dos eventos registrados,
a variação entre as espécies vegetais é menos significativa que as temperaturas
superiores, variando no máximo 2ºC no período diurno. As espécies Bulbine
frutescens e Zoysia tenuifolia apresentaram as temperaturas mais elevadas na
maioria dos eventos analisados, enquanto a Callisia repens e o Sedum mexicanum e
a Tradescantia Zebrina apresentaram as menores temperaturas registradas.
Entretanto não se pode criar uma hierarquia entre as espécies vegetais, pois não foi
observado um padrão nos eventos analisados, assim como no período noturno, não
concluindo qual das espécies apresentou maior ou menor redução de temperatura
em relação à temperatura do ar.
Comparando os sistemas de telhado verde com os sistemas convencionais
de cobertura quanto as temperaturas inferiores diurnas, os telhados verdes
apresentaram uma redução de até 10ºC na temperatura em relação à laje, já no
152

período noturno apresentaram temperatura superior aos telhados convencionais,


em média 2ºC.
Pode-se concluir que os telhados verdes proporcionam estabilidade na
temperatura durante o dia e a noite. Esse resultado pode estar associado a
capacidade e resistência térmica dos telhados verdes, a ação de sombreamento na
cobertura e o efeito da evapotranspiração, que faz com que o calor seja dissipado de
forma mais lenta.
Essa pesquisa corrobora ainda com os resultados alcançados por Vecchia
(2005) e Wong et al. (2003) quanto à estabilidade de temperatura que os sistemas
de telhado verde proporcionam e a redução dos picos de temperatura.
Desta forma, pode-se concluir que as espécies vegetais influenciam o
desempenho dos telhados verdes e apresentam variação significativa quanto aos
telhados convencionais. Entretanto, quando analisadas as espécies vegetais, não foi
possível criar um padrão de comportamento. Desta forma, a escolha da espécie
vegetal é pouco significativa para o desempenho térmico de uma cobertura.
Analisando os resultados obtidos quanto à qualidade da água escoada pelos
telhados verdes, pode-se concluir que existe uma variação entre as espécies
vegetais, relacionada principalmente a matéria orgânica presente em cada um dos
sistemas devido à decomposição das folhas. Entretanto, de forma geral, os sistemas
se enquadraram igualmente nas legislações analisadas. Os índices de nitrogênio
total, fósforo total e coloração não se adequaram a resolução Conama nº. 357/2005
e a portaria MS nº. 518/2004, isso por causa do excesso de nutrientes presentes no
substrato que, no processo de escoamento, são transferidos para a água. Já quanto
a coloração, o tom ferroso pode estar associado não somente ao substrato, mas ao
sistema de drenagem, sendo recomendável um teste com outro sistema de
drenagem para comparar com os resultados obtidos.
Vale ressaltar que nenhuma legislação trata especificamente de água pluvial
escoada por coberturas. A comparação foi realizada com legislação de corpo de
água. Desta forma, o uso da água da chuva para fins não potáveis não precisa
atender aos padrões adotados na presente pesquisa, tendo sido utilizados apenas
como dado referencial.
Para um novo experimento, recomendam-se algumas adequações do
método para melhores resultados.
153

Para análise de retenção de água da chuva recomenda-se rever o


dimensionamento dos galões de armazenamento de água, com capacidade mais
adequada aos índices de precipitação diária para evitar o transbordo, conforme
registrado em algumas medições.
Garantir um melhor isolamento do sensor inferior e a cobertura do sensor
superior para reduzir a influência do meio, como ventos, reflexão da radiação no
chão, entre outros. A mesa de testes pode ser elaborada com módulos
independentes para evitar a influência de um sobre o outro.
O sensor de temperatura do ar deve ficar em uma condição de espaço
aberto, sem incidência solar direta, com o objetivo de simular da melhor forma a
temperatura real do ar no ambiente analisado.
A análise comparativa pode incluir um módulo apenas com o substrato para
auxiliar a isolar a variável espécie vegetal e avaliar o desempenho térmico,
capacidade de retenção e qualidade da água.

5.1 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS

a) Analisar outras espécies vegetais e sua adaptação ao clima da cidade de


Curitiba;
b) Avaliar, em protótipos simulando edificações, a variação de conforto térmico
que as espécies vegetais proporcionam;
c) Analisar todos os parâmetros de qualidade de água para sistemas de
telhados verdes constantes nas legislações vigentes;
d) Verificar o desempenho térmico e de qualidade da água através da variação
da espessura e composição de substrato;
e) Avaliar o desempenho dos telhados verdes na variável de temperatura
superficial durante o inverno, com temperaturas do ar inferiores aos 10ºC;
f) Estudar sistemas de substrato que reduzam a coloração ferrosa intensa da
água.
g) Estudar sistemas de telhados verdes produtivos para a instalação como
hortas urbanas.
154

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artigos 26 a 34 da Resolução no 20/86. Publicada no DOU no 18, de 25 de janeiro
de 2001, Seção 1, p.70-71.
155

Brasil. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a


classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman,


2001.
160

APÊNDICE A
161
162
163
164
165
166
167

APÊNDICE B

tabela 22 - Modelo para anotação das informações coletadas nos protótipos em dia posterior a
precipitação
Análise Pluvial:

Módulo 01: Telhado verde Planta Bulbine (Bulbine frutescens)


Módulo 02: Telhado verde Planta Trapoeraba (Tradescantia zebrina)
Módulo 03: Telhado verde Planta Grama(Zoysia tenuifolia)
Módulo 04: Telhado verde Planta Sedum(Sedum mexicanum)
Módulo 05: Telhado verde Planta Dinheiro em penca (Callisia repens)
Módulo 06: Pluviômetro /Laje
Módulo 07: Telha de fibrocimento
Módulo 08: Telha cerâmica

Data:
Hora:
Data da última coleta:
Ensaio número:
Dados pluviométricos Simepar:

Mód.01 Mód.02 Mód.03 Mód.04 Mód.05 Mód.06 Mód.07 Mód.08


ml

Conversão
para
mm/m²

Variáveis não controladas observadas:

Observações:
168

APÊNDICE C

tabela 23 - Tabela de coleta de dados de temperatura

Análise Temperatura:

Módulo 01: Telhado verde Planta Bulbine (Bulbine frutescens)


Módulo 02: Telhado verde Planta Trapoeraba (Tradescantia zebrina)
Módulo 03: Telhado verde Planta Grama(Zoysia tenuifolia)
Módulo 04: Telhado verde Planta Sedum (Sedum mexicanum)
Módulo 05: Telhado verde Planta Dinheiro em penca (Callisia repens)
Módulo 06: Laje
Módulo 07: Telha de fibrocimento
Módulo 08: Telha cerâmica

(Dados Coletados a partir do Datalogger, medições a cada 10 minutos durante 1 a 7 dias)

Data:
Data da última coleta:
Ensaio número:

Temp. Mód.01 Mód.02 Mód.03 Mód.04 Mód.05 Mód.06 Mód.07 Mód.08


superficial
superior
8:00
8:15
8:30
8:45

Temp. Mód.01 Mód.02 Mód.03 Mód.04 Mód.05 Mód.06 Mód.07 Mód.08


superficial
inferior
8:00

8:15

8:30

8:45

Temper
atura
do ar
8:00
8:15
8:30
8:45
169

APÊNDICE D

Dados de Precipitação segundo Inmet (2015) de junho de 2014 a janeiro de 2015.

Precipitação (mm)
Dia jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15
1 10 0 0 23,7 46,1 0 0 0,2
2 0 0 0,1 0 0 0,2 0 10,4
3 0 0 0 26,3 0,2 0 0 0,7
4 0,1 0 0 0,7 0,4 0 6,8 6,7
5 0,1 0 0 2,2 0,3 72,5 0 10,3
6 54,4 0 0 0 0 0,2 0 22,2
7 95,2 0,1 0 4,9 0 10,6 0 40,2
8 12,4 8,3 0 0,6 0 10,4 0 0,4
9 6,7 0 0 0 0 9,4 0 4,5
10 0,3 2,5 0 0 0 0 7,2 0
11 0 0,2 0 0 0 0 0,4 3
12 0 0 0 0 0 0 0 19,8
13 0 0 30,3 0 0 0 4,2 0,5
14 0 0 1,2 0 0 10,4 0,4 10,8
15 0,1 0 0 0 0,5 4,3 0 0,4
16 0,6 0 16,6 0 0 0 0 0
17 0 0 7,5 0 0 0 0 0
18 9,4 18,5 0 0 41,8 0 0 0
19 1,6 0 0 44,7 0,1 0 2 0
20 0 0 0 3,4 24,9 8,7 3,5 8,4
21 0 0 0 13,2 0 43,9 0 11,6
22 0 0 0 0 0 8,3 47,6 0,5
23 0 0 0 0 0 0 38 0,3
24 0 10 0 0 0,1 0 7,8 0
25 0 9,4 0 28 0 0,2 0,7 0
26 0 0 7 13 2,4 24,3 18,4 1,4
27 0 0 0 1,5 0 0 3,1 0
28 0 0 0 1,5 0 0 0 12,2
29 19,5 0 0 4,8 0 0 1,6 4
30 0 0 0 7,9 0 0 7,6 9,8
31 0 0 0 6,3 2,2
170

APÊNDICE E

Dados de laboratório quanto a qualidade da água.


Coleta de março de 2015:

SÓLIDOS TOTAIS

peso inicialpeso final Sólidos em Sólidos em


película + 100ml (g) 1000 ml mg/l
película (g)
sólidos (g) (g)
Módulo 01 0,0781 0,0798 0,0017 0,017 17
Módulo 02 0,0781 0,0945 0,0164 0,164 164
Módulo 03 0,0807 0,0827 0,0020 0,02 20
Módulo 04 0,0794 0,0823 0,0029 0,029 29
Módulo 05 0,0784 0,0816 0,0032 0,032 32
Módulo 06 0,0793 0,0795 0,0002 0,002 2
Módulo 07 0,0785 0,0781 -0,0004 -0,004 -4
Módulo 08 0,0787 0,0809 0,0022 0,022 22

COLORAÇÃO
Diluição Unidade de cor
MODULO 01 1:20 20 400
MODULO 02 1:50 50 1000
MODULO 03 1:20 20 400
MODULO 04 1:50 50 875
MODULO 05 1:20 20 500
MODULO 06 1:1 1 12,5
MODULO 07 1:1 1 20
MODULO 08 1:10 10 100
171

Análise Nitrogênio total - março de 2015 (coleta 01)


Curva Nitrato
Curva padrao absorbância
0 0,0017 0 0,0026 0,0022
50 0,0056 0,0048 0,0050 0,0051
100 0,0962 0,0959 0,0946 0,0956
300 0,5162 0,5088 0,5155 0,5135
500 1,0408 1,0366 1,0653 1,0476
Valores Amostras
módulo 01 1,0073 1,0239 1,0443 1,0252
módulo 02 1,1216 1,1187 1,1201 1,1201
módulo 03 1,0831 1,0779 1,0502 1,0704
módulo 04 1,0116 1,0073 1,0029 1,0073
módulo 05 0,8358 0,8308 0,8236 0,8301
módulo 06 0,3741 0,3573 0,348 0,3598
módulo 07 0,4464 0,4276 0,429 0,4343
módulo 08 - - -

CURVA NITRATO
Concentração Absorbância 1,2
1 y = 0,002x - 0,133
0,8 R² = 0,995
50 0,0051 0,6
0,4
100 0,0956
0,2
300 0,5135
0
500 1,0476 -0,2 0 200 400 600

Concentração
Amostras Absorbância (média) Concentração (µg/L) (mg/L)

1 10,25 4515 4,52


2 11,20 4928 4,93
3 10,70 4712 4,71
4 10,07 4437 4,44
5 8,30 3667 3,67
6 3,60 1622 1,62
7 4,34 1946 1,95
8
172

Análise Fósforo total - março de 2015 (coleta 01)


Valores Curva de Fósforo
amostra 01 amostra 02 média
0 0,0321 0,0095 0,0095
50 0,0178 0,0249 0,0214
100 0,0193 0,0215 0,0204
250 0,0300 0,0387 0,0344
500 0,0725 0,0754 0,0740
Valores Amostras
modulo 01 0,4972 0,5018 0,4995
modulo 02 0,3855 0,3973 0,3914
modulo 03 0,4208 0,4099 0,4154
modulo 04 0,5151 0,5273 0,5212
modulo 05 0,2583 0,2653 0,2618
modulo 06 0,0338 0,019 0,0264
modulo 07 0,0364 0,0507 0,0436
modulo 08 0,7373 0,1036 0,4205

0,4000
0,3500 y = 0,000x + 0,048
CURVA FÓSFORO 0,3000
R² = 0,978

Concentração Absorbância (x5) Absorbância 0,2500


0,2000
0,1500
0 0,0475 0,0095 0,1000
50 0,0925 0,0185 0,0500
100 0,1160 0,0232 0,0000
0 200 400 600
250 0,1715 0,0343
500 0,3700 0,0740

Absorbância Concentração
Amostras Absorbância (x2) (média) Concentração (µg/L) (mg/L)

1 0,9990 0,4995 1584 1,58


2 0,7828 0,3914 1224 1,22
3 0,8307 0,4154 1304 1,30
4 1,0424 0,5212 1657 1,66
5 0,5236 0,2618 792 0,79
6 0,0528 0,0264 7 0,01
7 0,0871 0,0436 64 0,06
8 0,8409 0,4205 1321 1,32
173

SÓLIDOS TOTAIS
peso final Sólidos em
peso inicial Sólidos em
película + 1000 ml mg/l
película (g) 100ml (g)
sólidos (g) (g)

Módulo 01 0,0784 0,0801 0,0017 0,017 17

Módulo 02 0,0774 0,0825 0,0051 0,051 51

Módulo 03 0,0759 0,0787 0,0028 0,028 28

Módulo 04 0,0761 0,0786 0,0025 0,025 25

Módulo 05 0,0781 0,0817 0,0036 0,036 36

Módulo 06 0,0763 0,0774 0,0011 0,011 11

Módulo 07 0,0772 0,0781 0,0009 0,009 9

Módulo 08 0,0764 0,0778 0,0014 0,014 14

COLORAÇÃO
Diluição Unidade de cor
MODULO 01 1:20 20,00 400

MODULO 02 1:20 25,00 500

MODULO 03 1:20 25,00 500

MODULO 04 1:40 17,50 700

MODULO 05 1:20 25,00 500

MODULO 06 1:10 5,00 50

MODULO 07 1:1 20,00 20

MODULO 08 1:1 12,50 12,5


174

Análise Nitrogênio Amoniacal - maio de 2015 (coleta 01)


Curva Nitrogênio amoniacal
Curva padrao absorbância
0 0,0344 0,0222 0,0243 0,0270
100 0,1548 0,1324 0,1384 0,1419
200 0,2135 0,241 0,2393 0,2313
300 0,3326 0,355 0,3357 0,3411
400 0,4641 0,4695 0,4297 0,4544
500 0,5187 0,5857 0,5398 0,5481
600 0,6412 0,7054 0,705 0,6839
Valores Amostras
módulo 01 0,218 0,222 0,2435 0,2278
módulo 02 0,0939 0,0985 0,095 0,0958
módulo 03 0,1047 0,1053 0,1078 0,1059
módulo 04 0,1901 0,1761 0,1915 0,1859
módulo 05 0,1014 0,0913 0,1047 0,0991
módulo 06 0,1471 0,1416 0,1393 0,1427
módulo 07 0,1624 0,1698 0,1482 0,1601
módulo 08 0,2899 0,2937 0,2712 0,2849

CURVA NITROGÊNIO AMONIACAL 0,8000


Concentração Absorbância y = 0,001x + 0,024
0 0,0270 0,6000 R² = 0,998
100 0,1419
200 0,2313 0,4000
300 0,3411 0,2000
400 0,4544
500 0,5481 0,0000
600 0,6839 0 200 400 600 800

Absorbância
Amostras (média) Concentração (µg/L) Concentração (mg/L)

1 0,2278 184,67 0,18


2 0,0958 64,64 0,06
3 0,1059 73,85 0,07
4 0,1859 146,55 0,15
5 0,0991 67,67 0,07
6 0,1427 107,24 0,11
7 0,1601 123,12 0,12
8 0,2849 236,58 0,24
175

Análise Fósforo total - março de 2015 (coleta 01)


Valores Curva de Fósforo
amostra 01 amostra 02 média
0 0,0321 0,0095 0,0095
50 0,0178 0,0249 0,0214
100 0,0193 0,0215 0,0204
250 0,0300 0,0387 0,0344
500 0,0725 0,0754 0,0740
Valores Amostras
modulo 01 0,4972 0,5018 0,4995
modulo 02 0,3855 0,3973 0,3914
modulo 03 0,4208 0,4099 0,4154
modulo 04 0,5151 0,5273 0,5212
modulo 05 0,2583 0,2653 0,2618
modulo 06 0,0338 0,019 0,0264
modulo 07 0,0364 0,0507 0,0436
modulo 08 0,7373 0,1036 0,4205

0,4000
CURVA FÓSFORO 0,3500 y = 0,000x + 0,048
R² = 0,978
Concentração Absorbância (x5) Absorbância 0,3000
0,2500
0,2000
0 0,0475 0,0095 0,1500
50 0,0925 0,0185 0,1000
100 0,1160 0,0232 0,0500
0,0000
250 0,1715 0,0343 0 200 400 600
500 0,3700 0,0740

Concentração Concentração
Amostras Absorbância (x2) Absorbância (média) (µg/L) (mg/L)

1 0,9990 0,4995 1584 1,58


2 0,7828 0,3914 1224 1,22
3 0,8307 0,4154 1304 1,30
4 1,0424 0,5212 1657 1,66
5 0,5236 0,2618 792 0,79
6 0,0528 0,0264 7 0,01
7 0,0871 0,0436 64 0,06
8 0,8409 0,4205 1321 1,32
176

ANEXO A

Procedimentos de laboratório adotados no Labeam (Laboratório de


Engenharia Ambiental Francisco Borsari Neto) do DHS (Departamento de Hidráulica
e Saneamento) da UFPR (Universidade Federal do Paraná):
POP 09 – SÉRIE DE NITROGÊNIO – NITROGÊNIO
AMONIACAL TOTAL (NH3 + NH4+)

1. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO

1.1. MÉTODO MODIFICADO DO FENATO / AZUL DE INDOFENOL

A presença de um composto de intensa coloração azul-esverdeado


característica, azul de indofenol, é formada através da reação entre a
concentração de N-NH3 presente na amostra, hipoclorito de sódio e fenol em meio
básico, tendo o nitroprussiato de sódio como catalisador da reação, conforme
esquema abaixo:

H
(+)
N) Na2[Fe(CN)5NO]·2H2O
H + OCl- H2NCl + OH-
H H Meio básico

H2NCl + OH Na2[Fe(CN)5NO]·2H2O O NCl


Meio básico
OH
Na2[Fe(CN)5NO]·2H2O
O NCl + OH
Meio básico
Ausência de luz
O N
Azul de indofenol

Figura 7. Esquema explicativo das etapas de reação de Berthelot (1859), utilizada como
metodologia analítica na quantificação de N-Amoniacal em amostras de água e de
efluentes líquidos.

1.2. EQUIPAMENTOS, VIDRARIAS E REAGENTES

Equipamentos e materiais
 Bomba de vácuo
 Membranas de acetato de celulose (Ø 0,45µm)
 Balança analítica (precisão ± 0,0001g)
 Espectrofotômetro UV-VIS
 Micropipeta (100 - 1000µl)
 Papel parafilm®

Vidrarias

 Balão volumétrico de 100ml


 Balão volumétrico de 500 ml
 Pipetas volumétricas e graduadas
 Cubeta de vidro
 Conjunto kitassato para filtração

Reagentes analíticos

 Solução estoque padrão de NH4Cl: dissolver 0,3819g de cloreto de


amônio (NH4Cl p.a), previamente seco em estufa (100ºC/2h), em
aproximadamente 80ml de água destilada. Aferir com água destilada para
100ml, em balão volumétrico.
* Armazenar em frasco âmbar e acondicionar em ambiente refrigerado (4ºC).
* Estável por 1 mês após o preparo.
* 1ml = 1mg N ou 1ml = 1,22 mg NH3.

 Solução intermediária padrão de N-NH3: diluir 5ml da solução estoque


padrão em água destilada. Aferir com água destilada para 50ml (diluição de
10x), em balão volumétrico.
-1
* Concentração final de 100 mg N.L
* Preparo deve ser realizado para uso imediato.

 Solução de hipoclorito de sódio: solução comercial 2,5%.


 Verificar reposição desta solução a cada 6 meses, devido à decomposição após abertura
do frasco.
* Transfira a solução para um frasco âmbar para acondicionamento em ambiente refrigerado
(4ºC).

 Solução reativa 1 (Hipoclorito alcalino): adicionar 20ml de hipoclorito de


sódio 2,5% em 80ml de água destilada e deionizada. Na sequência,
adicionar 5g de NaOH p.a. Dissolver e aferir com água destilada para 100
ml, em balão volumétrico.
* Armazenar em frasco âmbar e acondicionar em ambiente refrigerado (<4ºC).
* Estável por 2 meses após o preparo.
 Solução reativa 2 (Fenol + Nitroprussiato de sódio): dissolver 10g de
fenol (p.a) e 0,1g de nitroprussiato de sódio (p.a) em, aproximadamente,
80ml de água destilada. Dissolver e aferir com água destilada para 100ml,
em balão volumétrico.
* Armazenar em frasco âmbar e acondicionar em ambiente refrigerado (4ºC).
* Estável por 2 meses após o preparo.

* ATENÇÃO: durante o preparo, utilize luvas e óculos de proteção e sempre que for manusear o
fenol (reagente ou solução para N-NH3), trabalhar SEMPRE em capela com ventilação / exaustão;
O fenol é altamente cancerígeno e todos os procedimentos de segurança devem ser adotados na
hora do uso.

2. PROCEDIMENTO ANALÍTICO

2.1. CALIBRAÇÃO DO MÉTODO

A calibração do método é realizada através de curva de calibração padrão,


descrita na seqüência:
1. Partindo-se da solução intermediária padrão preparar, em balões
volumétricos de 50ml, a seguinte curva de calibração (volume final com água
destilada):

Concentração N-NH3 (µg.L-1) Volume N-NH3 (ml)


0 (branco) -
200 0,1
400 0,2
800 0,4
1200 0,6
2000 1,0
*Para uma melhor confiabilidade e verificação da linearidade da curva de calibração, esta pode ser
preparada em duplicata ou triplicata.

2. Posteriormente ao preparo das soluções padrões, conforme a tabela


acima, retirar, com auxílio de uma pipeta volumétrica, uma alíquota de 2ml de
cada padrão e reservar em outro frasco;
3. Juntamente aos padrões, realizar prova em branco utilizando alíquotas
de 2ml de água destilada;
4. Adicionar nesta ordem: 1ml da solução reativa 1 seguido de 1ml da
solução reativa 2;
5. Fechar o frasco com papel Parafilm® e misturar por inversão;
6. Aguardar 10 minutos para desenvolvimento e estabilização da cor;
7. Leitura em espectrofotômetro ( = 630nm). Tempo máximo para leitura
de 24h;
8. Equação da reta, obtida com a plotagem do gráfico: absorbância (eixo y)
X concentração (eixo x);
9. Verificar coeficiente de linearidade: R > 0,990;
10. Realizar comparação com a curva de analítica apresentada na Figura
8a;
1,2 1,4
Calibração 1
1,0 1,2 Calibração 2
Calibração 3
Calibração 4
1,0 Calibração 5
0,8
Absorvância

Absorvância

0,8
0,6
0,6
0,4
Eq.Reta: Conc=(Abs-0,02894)/4,74999E-4 0,4
R = 0,99757 / n = 10
0,2
0,2
(a) (b)
0,0 0,0
0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 0 500 1000 1500 2000 2500
-1
N-NH3 (g.L ) -1
N-NH3 (g.L )

Figura 8. (a) Exemplo de curva analítica de NH4Cl aplicada a calibração do método


colorimétrico para determinação de N-Amoniacal (N-NH3) em amostras de água e
efluentes líquidos e (b) Exemplo comparativo de cinco calibrações preparadas em
diferentes períodos (jul/09 – fev/10) para análise de N-NH3.

2.2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE N-NH3 / NH4+ EM


AMOSTRAS

1. Homogeneizar bem a amostra presente no frasco de coleta;


2. Transferir 20ml de amostra para o sistema de filtragem de vácuo;
3. Filtrar em membrana de acetato de celulose Ø 0,45µm;
4. A partir da fração dissolvida, retirar alíquotas de 2ml (triplicata) e
reservar em frascos secundários;
5. Juntamente as amostras, realizar prova em branco utilizando alíquotas
de 2ml de água destilada;
6. Adicionar nesta ordem: 1ml da solução reativa 1 seguido de 1ml da
solução reativa 2, para cada alíquota (amostra ou branco);
7. Fechar o frasco com papel Parafilm® e misturar por inversão;
8. Aguardar 10min para desenvolvimento e estabilização da cor;
9. Leitura em espectrofotômetro ( = 630nm). Tempo máximo para leitura
de 24h;

ATENÇÃO: o método do fenato para quantificação de N-NH3 acaba por gerar um resíduo
composto, principalmente, por fenol, devido à existência deste reagente nas etapas de reação do
método. Assim, todo e qualquer material líquido gerado por este método devem ser armazenados
em frascos próprios para o resíduo de fenol / N-NH3 (FRASCOS DE VIDRO PARA DESCARTE).

2.3. CÁLCULO DA CONCENTRAÇÃO

Quantificação da concentração de N-NH3 / NH4+ (mg.L-1 ou µg.L-1) através


da equação da reta, obtida na curva analítica (calibração).

2.4. LIMITE DE DECTEÇÃO

O método para quantificação de N-NH3 /NH4+ é aplicável para leitura na


faixa de concentração entre 10 e 2000 µg.L-1. Para concentrações superiores,
sugere-se a diluição da mesma e, posteriormente, quantificação através do fator
de diluição fdiluição utilizado.

3. DESCARTE DO RESÍDUO GERADO

O método proposto no presente manual para análise de nitrogênio


amoniacal utiliza fenol nas etapas de quantificação da amostra. Dessa forma, o
resíduo gerado deve ser, exclusivamente, armazenado em frascos de vidro (≥
1litro). Quando houver um acúmulo excessivo em laboratório deve-se solicitar na
Prefeitura da Cidade Universitária um encaminhamento para transporte e
destinação final no aterro industrial da Essencis.

3. REFERÊNCIAS
WEATHERBURN. Phenol-hypochlorite reaction for determination of ammonia. Anal.
Chem, Vol.8, pp. 130-132, 1962.

Adaptação de STANDARD METHODS, method 4500-NH3 F (Apha, 1998)


POP 10 – SÉRIE DE NITROGÊNIO – NITROGÊNIO TOTAL
(NT)

1. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO

1.1. MÉTODO DA DIGESTÃO POR PERSULFATO DE POTÁSSIO

Quantificação de NT através de uma oxidação alcalina em autoclave (25min


/ 14kg.cm-1) na faixa de temperatura entre 110 - 125ºC, para conversão de todas
as formas de nitrogênio presentes a N-NO3- e posterior redução pela coluna de
Cd-Cu para detecção na forma de N-NO2-, a exemplo do esquema abaixo:

O
K2S2O8 / NaOH N
(+)
NT T = 120ºC;t = 30min (-) O O (-)
O
(+)
Cd-Cu
N N
Cd0Cd2+
(-) O O (-) (-) O O (-)

Figura 9. Esquema explicativo das etapas da oxidação por persulfato das formas de
nitrogênio a N-Nitrato, redução de N-Nitrato para N-Nitrito através da coluna de Cd-Cu e
reação de Griess (1879), utilizada como metodologia analítica na quantificação de N-
Total em amostras de água e de efluentes líquidos.

1.2. EQUIPAMENTOS, VIDRARIAS E REAGENTES

Equipamentos
 Balança analítica (precisão ± 0,0001g)
 Autoclave vertical
 Espectrofotômetro UV-Vis
Vidrarias

 Frascos para digestão


 Balão volumétrico de 100ml
 Balão volumétrico de 500ml
 Tubos de plástico para centrífuga, tipo Falcon (15ml)
 Pipetas volumétricas e graduadas
 Cubeta de vidro

Reagentes analíticos

 Solução digestora: dissolver 2,01g de persulfato de potássio (K2S2O8 p.a


< 0,001% N), em aproximadamente 80ml de água destilada. Adicionar
0,300g de hidróxido de sódio (NaOH p.a) e dissolver novamente. Aferir com
água destilada para 100ml, em balão volumétrico.
* Preparo deve ser realizado para uso imediato.

 Solução tampão de borato: dissolver 30,9g de ácido bórico (H3BO3 p.a)


em, aproximadamente, 300ml em água destilada. Adicionar 4g de hidróxido
de sódio (NaOH p.a) e dissolver novamente. Aferir com água destilada para
500 mL em balão volumétrico.
* Estável por 1 ano (mínimo).

 Solução de sulfato de cobre 2%: ver POP-08, item 1 (N-NO3-).

 Solução estoque de NH4Cl – EDTA: ver POP-08, item 1 (N-NO3-).

 Solução diluída de NH4Cl – EDTA: ver POP-08, item 1 (N-NO3-).


 Solução reativa para N-NO2-: ver POP-07, item 1 (N-NO2-).

2. PROCEDIMENTO ANALÍTICO

2.1. CALIBRAÇÃO DO MÉTODO

A calibração do método é mesma utilizada para a determinação do nitrato


(ver POP-08).

2.2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE N-TOTAL EM AMOSTRAS


1. Homogeneizar bem a amostra presente no frasco de coleta;
2. Transferir com o auxílio de uma pipeta volumétrica, 5ml da amostra
para tubos de ensaio com rosca para uso na autoclave;
3. Adicionar ao volume de amostra, 2,5ml da solução digestora;
4. Fechar bem os tubos para digestão e misturar por inversão;
5. Manter na autoclave, por um período de 25min após atingir a
temperatura de 120ºC e pressão de 14 kg.cm -2. Neste momento, mudar
a chave seletora de máximo para médio e controlar a possibilidade de
aumento no manômetro de controle. Neste caso, mudar a chave para
mínimo;
6. Após o término da digestão e resfriamento da autoclave, retirar os tubos
e aguardar que atinjam a temperatura ambiente;
7. Após esfriar, adicionar 1ml da solução tampão de borato e misturar por
inversão;
8. Transferir o volume presente no tubo de ensaio para um balão
volumétrico de 50ml;
9. Adicionar 10ml da solução de NH4Cl-EDTA diluída;
10. Aferir o balão volumétrico com água destilada;
11. Passar a amostra pela coluna de Cd-Cu (ver etapa de ativação da
coluna de Cd-Cu);
12. Descartar, aproximadamente, os primeiros 40ml;
13. Coletar, em um tubo de centrífuga aferido (15ml), os próximos 5ml e
transferir para um frasco secundário;
14. Nesta alíquota de 5ml, adicionar 0,4ml da solução reativa para N-NO2-;
15. Leitura em espectrofotômetro ( = 543nm) entre 10min e tempo máximo
de 2h;

O mesmo procedimento deve ser realizado para as réplicas da amostra e


para outras amostras. Após a passagem da amostra, seguir o mesmo
procedimento para realização das provas em branco, utilizando água destilada.

ATENÇÃO: seguindo este procedimento acima, descrito para NT, você estará fazendo uma
diluição de 10 vezes da amostra, ou seja, foram tomados 5ml iniciais da amostra, passado pela
digestão e antes de passar pela coluna de Cd-Cu foi diluída para 50ml. Para este exemplo, o valor
obtido para a absorbância deve ser corrigido com um fator de diluição de 10 vezes, de modo a se
obter o valor da concentração real.

2.3. CÁLCULO DA CONCENTRAÇÃO

Quantificação da concentração de NT (mg.L-1 ou µg.L-1) através da equação


da reta, obtida na curva de calibração para N-NO3-.

2.4. LIMITE DE DECTEÇÃO

O método para quantificação de NT é aplicável para leitura de


concentrações < 2,9 mg.L-1. Concentrações superiores ao limite podem ser
obtidas através da diluição da amostra e, posteriormente, quantificação através do
fator de diluição fdiluição.
ATENÇÃO: para este método, se a concentração de NT for superior ao limite de detecção,
a diluição da amostra deve ser realizada na etapa 2 deste procedimento. Ao adicionar os 5ml da
amostra, uma diluição de 5x, por exemplo, pode ser preparada a partir de 1ml da amostra e 4ml de
água destilada e, em seguida adição da solução digestora (etapa 3). Ainda, a diluição pode ser
feita separadamente, em balão volumétrico, e posteriormente o volume de 5ml retirado e
transferido para o tubo de digestão. Assim, se houver uma diluição prévia a etapa de digestão,
esta deve ser acrescida a diluição de 10x, aplicada a este procedimento e descrita acima, ou seja,
ambos os fatores de diluição são multiplicados para que a nova diluição seja obtida.

3. DESCARTE DO RESÍDUO GERADO

Idem procedimento apresentado para nitrito e nitrato.

3. REFERÊNCIA

Adaptação de STANDARD METHODS, method 4500- N C (Apha, 1998)


POP 05 – SÉRIE DE SÓLIDOS

1. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO – GRAVIMÉTRICO

O método gravimétrico baseia-se na diferença de peso. Dessa forma, a


determinação das várias formas de sólidos prende-se a diferença entre o peso
seco e úmido, em relação ao volume de amostra utilizado no ensaio.

1.1. EQUIPAMENTOS, VIDRARIAS E REAGENTES

Equipamentos e materiais
 Bomba de Vácuo
 Balança analítica (precisão ± 0,0001g)
 Dessecador
 Estufa (105 ± 5ºC)
 Mufla (550 ± 5ºC)
 Pinça simples metálica ou de madeira e espátula
 Porta Filtro
 Membrana de filtração de fibra de vidro

Vidrarias

 Proveta graduada (50ml e 100ml)


 Pipeta graduada e volumétrica
 Cápsula de porcelana de 50ml de capacidade
 Cápsula de porcelana de 100ml de capacidade
 Cadinho de porcelana de 50ml de capacidade
 Conjunto kitassato para filtração
 Cone Imhoff

Reagentes analíticos

Não é utilizada nenhuma solução, apenas a amostra.

1.2. SÓLIDOS TOTAIS (ST)


1.2.1. PROCEDIMENTO ANALÍTICO (Amostra)

(a) Preparo da Cápsula (NOTA: procedimento explicativo para 1 réplica)

1. Ligar a mufla a 550 ± 5ºC e a estufa a 105 ± 5ºC;


2. Colocar uma cápsula limpa na mufla para aferição por 1h e seguir os
passos abaixo na sequência:
a. Esfriar na estufa por 45min seguido de dessecador por 45min;
b. Pesar a cápsula e anotar o resultado em g (P0);

(b) Determinação de Sólidos Totais (ST)

1. Transferir para a cápsula, uma alíquota homogênea de volume adequado


de amostra, medido em proveta, e manter sob evaporação em banho-maria
até atingir secura completa (MANUSEAR A CÁPSULA SEMPRE COM O AUXÍLIO
DA PINÇA E NÃO DIRETAMENTE COM A MÃO);
2. Levar a cápsula com resíduo em estufa a 105 ± 5ºC por 45min;
3. Deixar a cápsula esfriar no dessecador por 45min;
4. Pesar a cápsula com resíduo e anotar o resultado em g (P1);
5. Expressar o resultado:

ST (mg / L) 
P1  P0 *1.000.000 (6)
Vamostra(mL)
(c) Determinação de Sólidos Totais Fixos (STF)

1. Após anotar o valor do peso P1, transferir a cápsula para mufla a 550 ± 5ºC
por 1 hora e seguir os passos abaixo na sequência;
2. Esfriar na estufa a 105 ± 5ºC por 30min seguido de dessecador por 45min;
3. Pesar a cápsula e anotar o resultado em g (P2);
4. Expressar o resultado:

STF (mg / L) 
P2  P0 *1.000.000 (7)
Vamostra(mL)

(d) Determinação de Sólidos Totais Voláteis (STV)


1. É obtido através do cálculo da diferença entre os Sólidos totais e os
Sólidos Totais Fixos;
2. Expressar o resultado:
STV (mg / L)  ST  STF (8)

1.3. SÓLIDOS SUSPENSOS (SST)

1.3.1. PROCEDIMENTO ANALÍTICO (Amostra)

(a) Preparo do Cadinho (NOTA: procedimento explicativo para 1 réplica)

1. Ligar a mufla a 550 ± 5ºC e a estufa a 105 ± 5ºC;


2. Colocar um cadinho limpo com a membrana de fibra de vidro na mufla para
aferição por 1h;
3. Deixar o cadinho esfriar na estufa por 45min seguido de dessecador por
1h;
4. Pesar o cadinho e anotar o resultado em g (P0);

(b) Determinação de Sólidos Suspensos Totais (SST)

1. Transferir o cadinho contendo o papel filtro de fibra de vidro para um porta


filtro adaptado ao kit kitassato para filtração (MANUSEAR A CÁPSULA SEMPRE
COM O AUXÍLIO DA PINÇA E NÃO DIRETAMENTE COM A MÃO);
2. Filtrar um volume de amostra entre 50 e 200ml (volumes utilizados
rotineiramente), com auxílio de uma proveta graduada, que favoreça a
quantificação de SST na amostra em questão;
3. Retirar o cadinho contendo o papel filtro fibra de vidro e o resíduo sólido
retido no mesmo do kit kitassato;
4. Levar o cadinho com resíduo, para estufa a 105 ± 5ºC por 1h;
5. Em seguida, aguardar esfriar no dessecador por 30min;
6. Pesar o cadinho com resíduo e anotar o resultado em g (P1);
7. Expressar o resultado:
SST (mg / L) 
P1  P0 *1.000.000 (9)
Vamostra(mL)

(c) Determinação de Sólidos Suspensos Fixos (SSF)

1. Após anotar o valor do peso P1, transferir o cadinho para mufla a 550 ±
5ºC por 1h;
2. Deixar a cadinho esfriar na estufa a 105 ± 5ºC por 30min seguido de
dessecado por 45min;
3. Pesar a cadinho e anotar o resultado em g (P2);
4. Expressar o resultado:

SSF (mg / L) 
P2  P0 *1.000.000 (10)
Vamostra(mL)

(d) Determinação de Sólidos Suspensos Voláteis (SSV)

1. É obtido pela diferença entre os sólidos suspensos totais e os sólidos


suspensos fixos;
2. Expressar o resultado:
SSV (mg / L)  SST  SSF (11)

1.4. SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS (SS)

1.4.1. PROCEDIMENTO ANALÍTICO (Amostra)

2. Homogeneizar vigorosamente a amostra;


3. Transferir a amostra para o cone de Imhoff até a marca de 1000ml;
4. Deixar em repouso por 45min;
5. Passar vagarosamente um bastão de vidro na parede interna do cone, ou
gira-lo suavemente entre as mãos;
6. Deixar em repouso por mais 15min;
7. Determinar o volume, em ml, ocupado pelos sólidos sedimentáveis;
8. Anotar o valor observado;
9. Expressar o resultado em ml.L-1 pela leitura direta no cone Imhoff;
2. REFERÊNCIAS

Adaptação de STANDARD METHODS, method 2540 B (Apha, 1998)

Adaptação de STANDARD METHODS, method 2540 E (Apha, 1998)

STANDARD METHODS, method 2540 F (Apha, 1998)


POP 13 – SÉRIE DE FÓSFORO – FÓSFORO TOTAL (PT)

1. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO

1.1. MÉTODO DA DIGESTÃO ALCALINA (K2S2O8 / NaOH) & MÉTODO DO


ÁCIDO ASCÓRBICO

Quantificação de PT através de digestão alcalina utilizando persulfato de


potássio em autoclave (125ºC / 14kg.cm -1 / 25min) para conversão de todas as
formas de fósforo presentes para ortofosfato (PO43-) e posterior quantificação
segundo o método do ácido ascórbico.

1.2. EQUIPAMENTOS, VIDRARIAS E REAGENTES

Equipamentos e materiais
 Bomba de vácuo e membranas de acetato de celulose (Ø 0,45µm)
 Balança analítica (precisão ± 0,0001g)
 Autoclave vertical
 Espectrofotômetro UV-Vis
 Micropipeta (100 - 1000µl)

Vidrarias

 Frascos para digestão (vidro)


 Balão volumétrico de 100ml, 250ml e 500ml
 Erlenmeyer
 Pipetas volumétricas e graduadas
 Cubeta de vidro

Reagentes analíticos

 Solução digestora alcalina: dissolver 2,01g de persulfato de potássio


(K2S2O8 p.a < 0,001% N), em aproximadamente 80ml de água destilada
Adicionar 0,300g de hidróxido de sódio (NaOH p.a) e dissolver
novamente. Aferir com água destilada para 100ml, em balão
volumétrico.
* Preparo deve ser realizado para uso imediato.

 Solução reativa combinada (Mix): ver POP-12, item 1 (PO43-).

 Solução padrão para fosfato (50 mg.L-1): ver POP-12, item 1 (PO43-).

 Solução tampão de borato: dissolver 30,9g de ácido bórico (H3BO3


p.a) em, aproximadamente, 300ml em água destilada. Adicionar 4g de
hidróxido de sódio (NaOH p.a) e dissolver novamente. Aferir com água
destilada para 500 mL em balão volumétrico.
* Estável por 1 ano (mínimo).

1. PROCEDIMENTO ANALÍTICO

1.1. CALIBRAÇÃO DO MÉTODO

A calibração do método é realizada através de curva de calibração


padrão, descrita na seqüência:
1. A partir da solução padrão (50 mg P.L-1) (ver POP-12, item 1)
preparar, em balões volumétricos de 50ml a seguinte curva de calibração
(volume final com água destilada):

Concentração P-PO4-3 (µg.L-1) Volume P-PO4-3 (ml)


0 (branco) -
100 0,1
300 0,3
500 0,5
900 0,9
1500 1,5
*Para uma melhor confiabilidade e verificação da linearidade da curva de calibração, esta pode
ser preparada em duplicata ou triplicata.

2. A partir das soluções padrões preparadas, retirar com o auxílio de


uma pipeta volumétrica, alíquotas de 5ml e transferir para os tubos de ensaio
com rosca para uso em autoclave;
3. Juntamente aos padrões, realizar prova em branco utilizando
alíquotas de 5ml de água destilada;
4. Adicionar a cada tubo, 2,5ml da solução digestora alcalina;
5. Fechar bem os tubos para digestão e misturar por inversão no mínimo
duas vezes;
6. Manter na autoclave, por um período de 25min após atingir a
temperatura de 120ºC e pressão de 14 kg.cm -2. Neste momento, mudar a
chave seletora de máximo para médio e controlar a possibilidade de aumento
no manômetro de controle. Neste caso, mudar a chave para mínimo;
7. Após o término da digestão e resfriamento da autoclave, retirar os
tubos e aguardar que atinjam a temperatura ambiente;
8. Após esfriar, adicionar 1ml da solução tampão de borato e misturar
por inversão.
9. Transferir a solução para um balão volumétrico de 25ml e aferir com
água destilada;
10. Retirar uma alíquota de 10ml e reservar em outro frasco;
11. Adicionar a esta alíquota 2ml da solução reativa combinada (Mix).
Repetir o mesmo procedimento para os demais padrões e réplicas;
12. Fechar o frasco e misturar por inversão;
13. Aguardar 10min para o desenvolvimento e estabilidade da cor;
14. Leitura em espectrofotômetro ( = 880nm). Tempo máximo para
leitura de 45min;
15. Equação da reta obtida com a plotagem do gráfico: absorbância
(eixo y) X concentração (eixo x);
16. Verificar coeficiente de linearidade: R > 0,990;
17. Realizar comparação com a curva analítica apresentada na Figura
11a:
(a) (b)

Figura 11. (a) Exemplo de curva analítica de KH2PO4 aplicada à calibração do método
de digestão / colorimétrico para determinação de Fosfato Total (PT) em amostras de
água e de efluentes líquidos e (b) Exemplo comparativo entre a calibração para PO43-,
com ausência da etapa de digestão, e calibração para PT com presença da etapa de
digestão / neutralização.

ATENÇÃO: verifique a seguinte etapa da metodologia: ao adicionar 5ml do padrão para


digestão e após a neutralização, ter aferido para 25ml, você realizou uma diluição de 5 vezes,
ou seja, o padrão deve estar, teoricamente, 5 vezes mais diluído que o valor encontrado para a
curva de calibração de Ortofosfato (POP nº. 12). Um exemplo pode ser observado na Figura
11b.

1.2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PT EM AMOSTRAS

1. Homogeneizar bem a amostra presente no frasco de coleta;


2. Com o auxílio de uma pipeta volumétrica, transferir 5ml da amostra
para tubos de ensaio com rosca, para digestão;
0,18 0,9
3- -1
Calibração PO4 (0 - 1500 g.L )
-1
Calibração PT- digestão (0 - 300 g.L )

0,12 0,6
Absorvância

Absorvância

Comparativo com o
3-
padrão P2 de PO4
0,06 0,3
Eq.Reta: Conc=(Abs+0,00166)/5,61129E-4
R = 0,99982 / n = 10 Padrão P5 (PT) diluído 5 vezes
após digestão /
tamponamento.
0,00 0,0
0 50 100 150 200 250 300 0 250 500 750 1000 1250 1500
3- 3-
P-PO4 g.L-1) P-PO4 g.L-1)
3. Juntamente aos padrões, realizar prova em branco utilizando
alíquotas de 5ml de água destilada;
4. Adicionar a cada tubo, 2,5ml da solução digestora alcalina;
5. Fechar bem os tubos para digestão e misturar por inversão;
6. Manter na autoclave, por um período de 25min após atingir a
temperatura de 120ºC e pressão de 14 kg.cm -2. Neste momento,
mudar a chave seletora de máximo para médio e controlar a
possibilidade de aumento no manômetro de controle. Neste caso,
mudar a chave para mínimo;
7. Após o término da digestão e resfriamento da autoclave, retirar os
tubos e aguardar que atinjam a temperatura ambiente;
8. Após esfriar, adicionar 1ml da solução tampão de borato e misturar
por inversão;
9. No mesmo frasco, adicionar 1,5ml de água destilada e misturar por
inversão;
ATENÇÃO: verifique a seguinte etapa da metodologia: ao adicionar 5ml do padrão para
digestão e após a adição dos reagentes seguintes (solução digestora, solução tampão e água),
a amostra foi diluída, neste caso, 2x, fator este que deve ser utilizado na correção da
concentração de PT quantificada.
10. Adicionar a esta alíquota 2ml da solução reativa combinada (Mix).
Repetir o mesmo procedimento para as demais amostras e réplicas;
11. Fechar o frasco e misturar por inversão;
12. Aguardar 10min para o desenvolvimento e estabilidade da cor;
13. Leitura em espectrofotômetro ( = 880nm). Tempo máximo para
leitura de 45min;

1.3. CÁLCULO DA CONCENTRAÇÃO

Quantificação da concentração de PT (mg.L-1 ou µg.L-1) através da


equação da reta, obtida na curva analítica (calibração) para PT.

1.4. LIMITE DE DECTEÇÃO

O método para quantificação de PT está relacionado com o método


utilizado na quantificação de ortofosfato (PO43-). Assim, segue a faixa de leitura
descrita para ortofosfato: quantificação para concentrações < 1500 µg.L-1 com
valor mínimo detectável de 5 µg.L-1.

2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE FÓSFORO TOTAL


DISSOLVIDO (PTD) EM AMOSTRAS

A quantificação de fosfato total na fração dissolvida (PTD) pode ser


realizada seguindo a metodologia descrita para fosfato total (PT). Entretanto, a
única diferença é uma etapa adicional de pré tratamento da amostra:
A amostra deve, primeiramente, ser filtrada em membrana de acetato de
celulose Ø 0,45µm para obtenção da fração dissolvida e, na sequência, seguir
o método da digestão alcalina (fechada).

3. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE FÓSFORO TOTAL


PARTICULADO (PTP) EM AMOSTRAS

3.1. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO

A quantificação da concentração de fosfato total, presente na fração


particulada (PTP) pode ser obtida a partir da subtração da concentração de
fosfato total dissolvido (PTD) pela concentração encontrada para fosfato total
(PT):

PTP = PT – PTD (13)

4. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE FÓSFORO ORGÂNICO


DISSOLVIDO / SOLÚVEL (POrgD) EM AMOSTRAS

4.1. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO

A quantificação da concentração do fósforo orgânico dissolvido (PORG),


presente na amostra pode ser obtida a partir da subtração da concentração de
ortofosfato (PO43-), POP Nº. 12 pelo resultado encontrado para a concentração
de fosfato total dissolvido (PTD):

POrgD = PTD – PO4-3 (14)

5. REFERÊNCIAS

MURPHY, J.; RILEY, J.P. A Modified Single Solution Method for the Determination
of Phosphate in Natural Water. Anal.Chim.Acta, Vol. 27, pp. 31-36, 1962

STANDARD METHODS, method 4500 - P E (Apha, 1998)

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