Apostila de Estabilidade - Adobe
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Capítulo 1
Introdução
O presente módulo tem como objetivo apresentar as características básicas referentes aos estudos de
estabilidade angular de sistemas elétricos de potência. Para tanto são apresentados os conceitos, as
classificações e os modelos matemáticos básicos, para a discussão do problema, passando em
seguida para a consideração de exemplos típicos e simples, através de uma configuração radial com:
máquina, sistema de transmissão, barramento infinito. A estabilidade angular destes sistemas é
abordada através da divisão em dois tipos distintos de estudos: (a) de regime permanente, com a
consideração de pequenos impactos e (b) de regime transitório, admitindo maiores perturbações.
Este módulo introdutório serve de base para estudos mais avançados, onde são discutidos problemas
mais específicos e complexos, como a representação matemática e os efeitos causados pelos
reguladores de tensão, PSS, reguladores de velocidade, turbinas, tipos diversos de máquinas
síncronas, cargas elétricas, etc, assim como sistemas multimáquinas.
• Capítulo 1 – Introdução:
Que corresponde à introdução geral do presente módulo;
Capítulo 2
Conceitos Básicos de
Estabilidade
Uma das características básicas que um sistema elétrico de potência deve ter é a de garantir o
suprimento de energia às cargas, de forma confiável e ininterrupta. Estes fatos estão relacionados,
nos dias de hoje, com o conceito de confiabilidade dos sistemas elétricos, que além da continuidade
do fornecimento de energia, define condições mínimas para uma operação adequada, como os níveis
do sinal de tensão, tanto em amplitude como em freqüência.
Um dos grandes desafios destes vastos sistemas interligados, é que eles devem operar de forma
adequada, mesmo na presença constante das variações de carga ao longo de uma jornada (impactos
de carga), como na eventualidade de um distúrbio maior como: curto-circuito em transformadores e
linhas de transmissão, saída de unidades geradoras, perda de grandes blocos de carga, etc. (impactos
de perturbação).
estabilidade, etc. Estas são, portanto, algumas das mais importantes ferramentas utilizadas pelos
engenheiros e técnicos de sistemas de potência, nas áreas de: Planejamento da Expansão,
Planejamento da Operação e Operação em Tempo Real.
Outro ponto importante, que não deve ser esquecido, é o da experiência pessoal de cada um destes
técnicos e engenheiros, adquirida ao longo de anos e anos. Todo este conhecimento, armazenado nos
cérebros humanos, é importantíssimo na definição, análise, avaliação e conclusão dos estudos.
Este tipo de estudo de estabilidade, também denominado por estudo de estabilidade de ângulo, vem
sendo realizado progressivamente desde 1920. Corresponde, portanto, ao estudo de estabilidade
convencional, que avalia a habilidade do sistema de potência em manter suas unidades geradoras
operando em condições de sincronismo. Estudos desta natureza consideram os efeitos das oscilações
eletromecânicas inerentes ao sistema, analisando o comportamento existente entre as potências
fornecidas pelos geradores e os deslocamentos angulares de seus rotores.
As análises desta classe de estudos de estabilidade são estabelecidas, normalmente, através de dois
tipos distintos de estudo: estabilidade angular de regime permanente ou para pequenos impactos e
estabilidade angular transitória. Estes dois tipos de estudo podem ser tratados como subclasses do
problema de estabilidade angular do rotor. Maiores detalhes são apresentados a seguir.
5
Este é também chamado de estudo de estabilidade angular para pequenos impactos, ou ainda,
estudo de estabilidade angular para pequenos sinais. De uma forma geral avalia a capacidade de
manutenção do sincronismo das unidades geradoras do sistema de potência para as situações de
pequenos impactos, como variações normais de carga, por exemplo. Portanto, corresponde à análise
da estabilidade do ponto de equilíbrio ou de operação. A natureza da resposta do sistema aos
pequenos impactos depende de diversos fatores incluindo as condições operativas, a capacidade de
transmissão e os sistemas de excitação das unidades geradoras. A instabilidade pode ocorrer de duas
formas: (a) por falta de conjugado sincronizante e (b) por insuficiência de conjugado de
amortecimento.
Nos dias atuais, os problemas observados nos estudos de estabilidade angular de regime permanente
são essencialmente associados à falta de amortecimento das oscilações, que pode ser causada por:
(a) modos locais, (b) modos interáreas, (c) modos de controle e (d) modos torsionais.
Neste tipo de estudo de estabilidade os impactos são considerados suficientemente pequenos, de tal
forma que equações linearizadas podem ser utilizadas nas análises.
Em grandes sistemas interligados, a instabilidade ocorre normalmente de duas formas: (a) através de
aceleração do rotor, com crescimento progressivo, ou monotônico, do deslocamento angular, sendo
a causa fundamental a falta de conjugado sincronizante e (b) através de oscilações crescentes do
rotor, causadas pela superposição de diversos modos de oscilação do sistema.
O estudo de estabilidade de tensão é uma parte do estudo de estabilidade dos sistemas de potência
que vem merecendo maiores atenções dos técnicos e especialistas nestes últimos anos. Esta classe de
estudo de estabilidade está ligada a observação da habilidade do sistema de potência em manter um
perfil de tensões adequado em todos os seus barramentos, tanto em condições normais, como em
situações de distúrbio. Um sistema entra em um estado de instabilidade de tensão quando uma
perturbação, elevação de carga, ou alteração na configuração, causa um contínuo e incontrolável
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De uma forma geral um estudo de estabilidade de tensão pode ser classificado em duas categorias:
estudo de estabilidade de tensão de regime permanente ou para pequenos impactos e estudo de
estabilidade de tensão para grandes impactos. Estas duas subclasses, que consideram tipos distintos
de perturbações, são apresentadas a seguir.
Este tipo de estudo é também denominado por estudo de estabilidade de tensão para pequenos
impactos, ou ainda, estudo de estabilidade de tensão para pequenos sinais. Ele avalia a habilidade
do sistema de potência em manter um perfil adequado de tensões após ter sido submetido a um
pequeno impacto, como uma variação normal de carga, por exemplo. A natureza da resposta do
sistema a estes pequenos impactos depende de fatores como: a condição operativa, as características
das cargas e dos dispositivos de controle de tensão. Assim sendo, pode-se dizer que este tipo de
estudo de estabilidade tem como função principal determinar as características próprias (ou
inerentes) do sistema, quanto à relação entre tensões e potências reativas. A instabilidade se
manifesta principalmente pela insuficiência de potência reativa, o que define uma redução
progressiva nas magnitudes das tensões.
Neste tipo de estudo de estabilidade os impactos são admitidos como sendo suficientemente
pequenos, de tal forma que permitam o emprego de equações algébrico-diferenciais linearizadas nas
análises.
Com o auxílio dos estudos de estabilidade de tensão de regime permanente são esperadas respostas
às seguintes questões: (a) o sistema de potência é estável para a condição de equilíbrio considerada?;
(b) a que distância está o atual ponto de operação da condição de instabilidade de tensão? (depende
de condições não-lineares); e (c) onde e porque ocorre a instabilidade de tensão? (mecanismos da
instabilidade).
Em função das grandes excursões verificadas para as variáveis representativas do sistema, a análise
da estabilidade de tensão para grandes impactos deve ser realizada com o auxílio de equações
algébrico-diferenciais não-lineares.
Esta classe de estudo de estabilidade foi definida recentemente (últimos 20 anos) com o intuito de
analisar os efeitos dos impactos mais severos, que causam excursões de tensão, freqüência e fluxo de
potência, de grandes amplitudes e de duração longa o suficiente para requerer a ação de sistemas de
dinâmica mais lenta, sistemas de controle e dispositivos de proteção, não usados normalmente nos
estudos de estabilidade transitória.
Alguns autores preferem definir o estudo de estabilidade de longo prazo como sendo uma classe de
estudo de estabilidade que considera essencialmente a dinâmica lenta de determinados elementos,
assumindo que a fase transitória inicial tenha alcançado um amortecimento suficiente, capaz de
permitir a consideração de que o sistema esteja operando praticamente em condições de regime
permanente, quando do início das avaliações de longo prazo. Esta definição faz com que seja
necessária a consideração de elementos com respostas da ordem de vários segundos a muitos
minutos, como: cargas termostáticas, transformadores com taps ajustáveis, limitadores de correntes
nos geradores, turbinas, controle automático de geração, etc. Os estudos assim definidos podem ser
realizados através de equações linearizadas.
Outros autores preferem definir um estudo de estabilidade de médio prazo ou estudo de estabilidade
de médio termo, que considera tanto elementos de dinâmica rápida, com atuações a partir de 10
segundos do início da perturbação, quanto elementos de dinâmica lenta, com atuações que se
estendem até alguns poucos minutos. Assim sendo, resta para o então estudo de estabilidade de
longo prazo a consideração dos efeitos dos elementos de dinâmica mais lenta, com tempos de
atuação que vão de dezenas de segundos até vários minutos.
Por outro lado, deve-se ter sempre em mente que a estabilidade de um sistema de potência é um
problema único que envolve tanto os deslocamentos angulares dos rotores das unidades geradoras,
quanto as magnitudes das tensões das barras. A avaliação da efetividade de representação da
dinâmica de cada um dos elementos do sistema de potência permite a simplificação e a definição de
casos específicos de estudo, como os de avaliação das estabilidades de tensão e de ângulo do rotor.
A separação entre os dois tipos de estudo de estabilidade permite simplificar as análises, facilita a
representação dos elementos componentes envolvidos e possibilita um melhor entendimento dos
mecanismos. Estes motivos são suficientemente atraentes para que se procure, na medida do
possível, dissociar os dois fenômenos.
Numa tentativa de se estabelecer uma distinção pode-se dizer que, se há uma redução acentuada de
tensão em um ponto do sistema, longe das cargas, então ocorre um problema de estabilidade
angular. Se por outro lado, a redução de tensão aparece em áreas de consumo, ou em suas
vizinhanças, provavelmente é um problema de estabilidade de tensão.
9
No presente trabalho é dada maior ênfase à análise da estabilidade angular dos sistemas de potência.
Assim sendo, deve-se ter em mãos uma representação matemática que considere todos os
componentes do sistema que causam alterações nos conjugados elétrico e mecânico, ou seja:
Os ingredientes básicos para os estudos de estabilidade angular são: o conhecimento das condições
iniciais de operação e das perturbações consideradas, e uma descrição matemática adequada dos
componentes do sistema que influem no comportamento das máquinas síncronas. O número de
elementos componentes incluídos nos estudos e a complexidade dos modelos matemáticos
dependem de diversos fatores. Em geral, entretanto, são utilizadas equações algébrico-diferenciais
(lineares ou não) para representar os vários elementos. Os estudos do comportamento
eletromecânico dos sistemas podem ser definidos em função do tipo destas equações.
Se o conjunto de equações representativas do sistema de potência e de seus elementos for linear (ou
obtido através de um processo de linearização), o que acontece no caso dos estudos de estabilidade
angular de regime permanente, então podem ser utilizadas as técnicas de análise de sistemas lineares
para estudar o comportamento dinâmico. A forma mais comum é de representar os componentes por
meio de funções de transferência, desenvolvendo diagramas de blocos. A performance do sistema
pode então ser avaliada através dos seguintes métodos: (a) lugar das raízes; (b) resposta de
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freqüência (critério de Nyquist) e (c) critério de Routh/Hurwitz, dentre outros. Estes métodos são
aplicados geralmente em sistemas de pequeno porte.
x = f (x,u,t) (2.3)
0 = g (x,u,t) (2.4)
onde:
f = vetor de funções não-lineares, associado às equações diferenciais
g = vetor de funções não-lineares, associado às equações algébricas
Mais recentemente foram propostas formas alternativas de análise de sistemas não-lineares, por
meio de métodos diretos, que avaliam o comportamento do sistema sem resolver no domínio do
tempo o conjunto de equações algébrico-diferenciais. Estes métodos apresentam, pelo menos no
momento, limitações e dificuldades práticas quanto à representação de elementos.
12
Capítulo 3
Com o intuito de permitir algumas análises simplificadas são representados a seguir os elementos
básicos de um sistema elétrico de potência, normalmente considerados nos estudos de estabilidade
angular. É dada ênfase aos modelos estáticos dos seguintes componentes: geradores, compensadores
síncronos, cargas, reatores shunt, capacitores shunt, compensadores estáticos, linhas de transmissão,
transformadores e capacitores série. Estes modelos são normalmente empregados em análises de
fluxo de potência, que são desenvolvidas com o intuito de definir as condições iniciais operativas do
sistema para os estudos de estabilidade angular. Os modelos estáticos das linhas de transmissão,
capacitores, reatores, transformadores e cargas, representados, não são utilizados somente nas
referidas análises de fluxo de potência, mas também nas próprias avaliações do comportamento
transitório.
Modelos dinâmicos simplificados, que permitem a análise transitória das máquinas síncronas em
estudos de estabilidade, serão desenvolvidos posteriormente.
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3.1 Geradores
De uma forma geral, os geradores podem ser representados através das potências ativas e reativas
que entregam aos barramentos onde estão ligados. A figura 3.1 apresenta uma representação
simbólica simples muito utilizada para estes elementos.
(i)
Pgi
Q gi
Figura 3.1 – Representação simbólica do gerador.
Nos estudos de fluxo de potência os geradores podem ser representados por barras de tensão
controlada (tipo PV) ou de referência (tipo Vθ). No primeiro caso são especificadas a tensão
terminal e a potência ativa gerada, sendo incógnitas o ângulo da tensão e a potência reativa gerada.
No segundo caso são especificados o módulo e o ângulo da tensão terminal, já as incógnitas são as
potências ativa e reativa geradas. Um fato importante é que, quando as unidades geradoras alcançam
seus limites de potência reativa, gerada ou absorvida, elas perdem o controle da tensão, passando
assim de barras do tipo PV para barras do tipo PQ (barras de carga).
Na verdade, as tensões terminais são variáveis, sendo controladas pelos sistemas de excitação e
reguladores de tensão, enquanto que a potência ativa gerada, que também varia, é controlada pela
ação conjunta turbina/regulador de velocidade. Estes elementos controladores devem ser
representados nos estudos de estabilidade angular mais detalhados.
Os despachos de potências ativa e reativa das unidades geradoras devem estar dentro dos limites
estabelecidos pelas curvas de capabilidade das máquinas.
(i)
Pgi = 0
CS
Q gi
Nos estudos de fluxo de potência os compensadores síncronos são representados por barras de
tensão controlada (tipo PV). Portanto, são especificadas a tensão terminal e a potência ativa gerada
(P = 0), sendo incógnitas o ângulo da tensão e a potência reativa gerada. Quando os compensadores
síncronos alcançam seus limites de potência reativa, gerada ou absorvida, eles perdem o controle da
tensão, passando de barras do tipo PV para barras do tipo PQ (barras de carga), com potência
constante.
As tensões terminais dos compensadores síncronos são variáveis, sendo controladas por sistemas de
excitação e reguladores de tensão. Estes elementos controladores devem ser representados nos
estudos de estabilidade angular mais detalhados.
Os modelos de compensadores síncronos podem ser obtidos através dos desenvolvimentos que são
normalmente realizados para os geradores síncronos, bastando considerar a potência ativa nula, ou
seja, P = 0.
3.3 Cargas
A estabilidade de um sistema de potência depende das características das cargas existentes no
mesmo. Assim sendo, é necessário o desenvolvimento de modelos que possibilitem uma
representação adequada do comportamento dos diversos tipos destas cargas.
A figura 3.3 apresenta um modelo composto, onde são consideradas as características exibidas por
alguns dos principais componentes individuais da carga em um barramento.
A elaboração destes modelos não é uma tarefa simples, uma vez que em um barramento típico, a
magnitude e composição da carga variam continuamente em função: (a) da grande diversidade de
seus componentes, como por exemplo: lâmpadas incandescentes e fluorescentes, aquecedores,
fornos, refrigeradores, compressores, motores, etc.; (b) das condições atmosféricas; (c) do horário ao
longo de um dia; (d) do mês e estação em um ano; (e) do status econômico; etc. Por outro lado, a
dificuldade de acesso aos equipamentos dos consumidores, a falta de informações precisas e as
incertezas referentes ao comportamento das cargas, implicam em um verdadeiro desafio, para o
desenvolvimento de modelos compostos adequados.
15
AT
BT
Devido a toda esta complexidade, uma representação plausível para as cargas implica em uma boa
dose de simplificações e considerações. Uma representação simbólica simples para um barramento
de carga (i), de um sistema elétrico de potência, é ilustrada na figura 3.4, onde são destacadas as
potências ativa e reativa consumidas pela carga.
(i)
Pci Q ci
Embora algumas cargas sejam sensíveis às variações de freqüência, a dependência das mesmas com
relação às variações de tensão é preponderante. Esta dependência costuma ser expressa através de
dois modelos estáticos principais: (a) modelo exponencial e (b) modelo polinomial. Estes dois
modelos são apresentados a seguir.
16
As potências ativa (P) e reativa (Q) da carga podem ser relacionadas com a tensão do barramento
através das expressões (3.1) e (3.2).
n
P = Po (V)
. (3.1)
m
Q = Qo . ( V ) (3.2)
Tem-se que:
V = V Vo
sendo,
Vo = tensão do barramento correspondente a Po e Qo
V = tensão do barramento correspondente a P e Q
n = parâmetro do modelo para a potência ativa
m = parâmetro do modelo para a potência reativa
A figura 3.5 ilustra os três modelos citados, apresentando a relação existente entre as potências ativa
e reativa e a tensão do barramento correspondente.
P, Q Z cte
I cte
P cte
V
o
V
Figura 3.5 – Características de diferentes modelos de carga.
Para representar a carga composta de um barramento o parâmetro “n” assume, normalmente, valores
entre 0,5 e 1,8. Já o parâmetro “m” adquire valores que vão desde 1,5 até 6,0.
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Uma forma alternativa de representar a variação da carga com a tensão é realizada através do
chamado modelo polinomial. Neste modelo, as potências ativa (P) e reativa (Q) da carga são
expressas por polinômios a uma variável, ou seja, polinômios em termos da magnitude de tensão do
respectivo barramento de carga.
A forma polinomial mais utilizada é aquela que considera a composição dos modelos de impedância
constante, corrente constante e potência constante, vistos no item anterior. Este modelo é conhecido
como ZIP e pode ser expresso através das seguintes formas quadráticas ou trinomiais:
P = Po (a.V2 + b.V + c)
. (3.3)
Q = Qo . ( d.V2 + e.V + f ) (3.4)
Tem-se que:
V= V Vo
sendo,
Vo = tensão do barramento correspondente a Po e Qo
V = tensão do barramento correspondente a P e Q
a = fator correspondente à parcela de impedância constante da potência ativa da carga
b = fator correspondente à parcela de corrente constante da potência ativa da carga
c = fator correspondente à parcela de potência constante da potência ativa da carga
d = fator correspondente à parcela de impedância constante da potência reativa da carga
e = fator correspondente à parcela de corrente constante da potência reativa da carga
f = fator correspondente à parcela de potência constante da potência reativa da carga
No caso particular em que as potências ativa (Pci) e reativa (Qci), da carga ligada a uma suposta barra
(i), dependem do quadrado da tensão desta barra (Vi), ou seja, no caso da carga ser do tipo
impedância (ou admitância) constante, esta carga pode ser representada através da seguinte
expressão complexa:
Pc Qc
yci = 2i - j 2i (3.5)
Vi Vi
sendo:
yci = admitância equivalente da carga ligada à barra (i)
shunt, ligado a uma barra (i) do sistema de potência, sendo BLi a sua susceptância equivalente (ou o
inverso de sua reatância equivalente) e QLi é a potência reativa consumida pelo mesmo.
(i)
B Li Q Li
Como a potência reativa absorvida pelo reator depende diretamente do quadrado da tensão da barra
onde o mesmo está ligado, ela pode ser calculada através da seguinte expressão:
Q Li
B Li = (3.7)
Vi 2
O reator shunt não-controlado assume, portanto, um modelo de carga do tipo impedância (ou
admitância) constante. Como ilustração, a figura 3.7 representa as características V = f (I) e V = f
(Q) para este elemento.
V V
I Q
(a) (b)
(i)
B Ci Q Ci
Como a potência reativa fornecida pelo capacitor depende diretamente do quadrado da tensão da
barra onde o mesmo está ligado, ela pode ser calculada através da seguinte expressão:
QCi
BCi = (3.9)
Vi 2
Portanto, o capacitor shunt não-controlado assume um modelo de carga do tipo impedância (ou
admitância) constante. Como ilustração, a figura 3.9 representa as características V = f (I) e V = f
(Q) para este elemento.
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V V
I Q
(a) (b)
(i)
L C
LIMITE DE
V FAIXA DE
CORRENTE
CONTROLE
BMIN
VMAX
VREF
VMIN
BMAX
Faixa de
Controle
limite limite
Q cap Q reat
Quando está funcionando dentro de sua faixa linear de controle, conforme indicam as figuras 3.11 e
3.12, o compensador estático pode ser visto como uma fonte de tensão (Vref) em série com uma
reatância (XCE). Esta condição é ilustrada na figura 3.13, onde a tensão Vi , da barra (i) do sistema, é
controlada pela fonte de tensão Vref.
Para operação fora da faixa de controle, o compensador estático assume as mesmas características
dos reatores ou capacitores shunt, vistas anteriormente, ou seja, apresenta características do tipo
impedância (ou admitância) constante, variando a potência reativa (absorvida ou fornecida) com o
quadrado da tensão do barramento. Estas características são diferentes daquelas apresentadas pelos
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compensadores síncronos. Estes últimos têm a propriedade de manter a potência reativa constante,
após ser alcançado o seu limite operativo.
X CE Vi
Ii
(i)
Vref
( i) ( j)
z = Ri j + j X i j
ij
B B
y =j s y =j s
io 2 jo 2
Na representação dos sistemas de potência é comum considerar a impedância série das linhas de
transmissão através de sua admitância correspondente ( yij ). Assim sendo, tem-se:
1 1
yij = = (3.10)
zij R ij +j.Xij
ou ainda,
yij = G ij + j Bij (3.11)
onde:
R ij -Xij
G ij = e Bij =
R ij2 +Xij2 R ij2 +Xij2
As linhas de transmissão costumam ser divididas em curtas, médias e longas. No caso das linhas
curtas, que apresentam extensão da ordem de até 80 km, despreza-se o efeito capacitivo, ou seja, não
são consideradas as susceptâncias shunt do modelo π equivalente. Para as linhas médias, com
extensões entre 80 e 200 km aproximadamente, considera-se o modelo π completo. Já as linhas
longas, com mais de 200 km de extensão, são representadas por modelos π em cascata.
Na operação das linhas de transmissão, é importante destacar que: no regime de carga pesada elas
consomem potência reativa, com preponderância do efeito indutivo do ramo série, sobre o efeito
capacitivo dos ramos shunt; quando em carga leve, as linhas fornecem potência reativa, pois o efeito
capacitivo dos ramos shunt suplanta o efeito indutivo do ramo série.
Nas condições de carga pesada são utilizados capacitores shunt, para reduzir o efeito indutivo das
linhas de transmissão. Por outro lado, nas condições de carga leve são inseridos reatores shunt, para
compensar o efeito capacitivo preponderante das linhas.
3.8 Transformadores
Estes elementos costumam ser representados, em uma de suas formas mais simples, por uma
impedância série ligada entre suas respectivas barras terminais, conforme ilustra a figura 3.15.
(i) (j)
Z ij
Muitas vezes, as resistências dos enrolamentos são desprezadas. Nestes casos, o modelo de
impedância série do transformador passa a ser expresso apenas pela sua reatância de dispersão
equivalente.
24
1
yij = (3.12)
zij
onde:
yij = admitância série do transformador ligado às barras (i) e (j)
A representação anterior (figura 3.15) despreza as perdas por histerese e Foucault, bem como a
influência do ramo magnetizante, e considera também que o transformador esteja operando com
relação nominal de transformação, ou seja, relação 1:1 em p.u.
Por outro lado, a ação de taps comutados, de forma manual ou automática, pode modificar a relação
de transformação de 1:1 para pi : pj, onde pi é a relação entre a tensão nominal do enrolamento (i) e a
tensão de base da barra (i) e pj é a relação entre a tensão nominal do enrolamento (j) e a tensão de
base da barra (j).
Os taps pi e pj, citados, correspondem a taps em fase. Estes taps permitem apenas alterações nas
magnitudes das tensões. Além deles os transformadores podem ter taps em quadratura, que
possibilitam modificações nos ângulos de fase das tensões.
Uma representação genérica é mostrada na figura 3.16. Nesta ilustração tem-se que:
t i = pi + j q i (3.13)
tj = p j + j q j (3.14)
sendo:
pi = tap em fase do enrolamento ligado à barra (i)
p j = tap em fase do enrolamento ligado à barra (j)
q i = tap em quadratura do enrolamento ligado à barra (i)
q j = tap em quadratura do enrolamento ligado à barra (j)
(i) ( j)
ti : tj yij
(m)
Vm ij
ii
Vi Vj
Figura 3.16 – Transformador com taps genéricos.
25
Diversos casos particulares podem ser obtidos com o auxílio da equação matricial anterior.
Alguns transformadores possuem comutadores, que permitem a alteração dos taps em operação com
carga. Esta ação pode ser exercida tanto de forma automática, através de um sistema de controle,
quanto de forma manual, com o comando realizado por um operador. Tais elementos são chamados
de transformadores com LTC (load tap changer).
Considerando que “p” seja o tap em fase de um transformador com LTC, ligado entre as barras (i) e
(j), e que o LTC controla a magnitude da tensão da barra (j), pode-se escrever que:
Portanto, se a variação de tensão na barra (j) for menor que o valor estipulado para a atuação do LTC
(ε), a função f (∆V) assume o valor nulo, não ocorrendo variação do tap, como pode ser observado
na expressão (3.16). Por outro lado, se a variação for superior (em módulo), à função serão
atribuídos os valores 1 ou -1, conforme o caso. Nesta condição haverá alteração do tap do
transformador.
26
A figura 3.18 apresenta como exemplo um sistema de potência radial composto por um reator série
conectado entre dois barramentos, cuja função é de limitar correntes de curto-circuito.
27
(1)
P1
(3) (5)
LT1
B∞
P2 LT2
(4)
(2)
A figura 3.19 mostra o diagrama unifilar de um sistema simples composto por: unidade geradora,
transformadores, linhas de transmissão com e sem compensação série, compensador estático,
barramento de carga, capacitor shunt e conexão com um grande sistema de potência.
LTC
CE CARGA
Capítulo 4
Equação de Oscilação
da Máquina Síncrona
Para analisar o comportamento das máquinas síncronas, quando da ocorrência de um impacto ou
de uma perturbação no sistema de potência, podem ser adotadas como variáveis de estado as
posições angulares dos rotores destas máquinas, com relação a uma referência que gira com
velocidade síncrona. Desta forma, através dos deslocamentos angulares (θ’), é possível verificar
o sincronismo das máquinas. Uma equação associada, que permite determinar as evoluções do
ângulo θ’, é denominada equação de oscilação da máquina, sendo o seu desenvolvimento
apresentado no item seguinte.
dv d2x
F = m.a = m. = m. 2 (4.1)
dt dt
onde:
F = força aplicada no corpo [N]
m = massa do corpo [kg]
29
a = aceleração [m/s2]
v = velocidade [m/s]
x = deslocamento [m]
m F
W
J
T
Figura 4.2 – Sistema mecânico de rotação.
dωm d 2θ'
J.α m = J. = J. 2 = Ta (4.3)
dt dt
onde:
J = momento de inércia das massas rotativas, total do eixo [kg.m2]
αm = aceleração angular do rotor [rad/s2]
ωm = velocidade angular do rotor [rad/s]
θ’ = deslocamento angular do rotor com relação a uma referência síncrona [rad]
Ta = conjugado acelerante resultante no eixo[N.m]
Ta = Tm - Te (4.5)
onde:
Tm = conjugado mecânico [N.m]
Te = conjugado elétrico [N.m]
d 2θ'
J. = Tm - Te (4.6)
dt 2
Para a operação da máquina síncrona como motor, a equação (4.5), que descreve o conjugado de
aceleração resultante no rotor da máquina, deve ser reescrita da seguinte forma:
Ta = Te - Tm (4.7)
Estator Estator
Rotor Rotor
(a) (b)
Figura 4.3 – Máquinas de pólos lisos (a) e salientes (b).
Com relação ao eixo da máquina síncrona pode-se considerar o esquema da figura 4.4, onde
aparecem duas referências angulares distintas, uma girante com velocidade síncrona constante e
outra fixa.
d
ωm
θ'
q
δm
ω
ms
ref. síncrona
ref. fixa
π
θ = ωms .t + + δ m = ωms .t + θ' (4.8)
2
dθ dδ dθ'
= ωms + m = ωms + = ωm (4.9)
dt dt dt
dδ m
= ωm - ωms = ∆ωm (4.10)
dt
d 2θ d 2δm d 2θ'
= = = αm (4.11)
dt 2 dt 2 dt 2
d 2δ m dω
J. 2
= J. m = Ta = Tm - Te (4.12)
dt dt
Através de um pequeno artifício matemático na equação (4.12) é possível definir o que costuma
ser chamado de constante de inércia da máquina síncrona. Desta forma, seja multiplicar os
membros da expressão (4.12) por ωm, obtém-se então:
d 2δ m dω
J.ωm . 2 = J.ωm . m = ωm .Ta (4.13)
dt dt
O produto do momento de inércia das massas rotativas (J), pela velocidade angular do rotor
(ωm), é definido como constante de inércia da máquina síncrona (M), tendo como dimensão
J.s/rad. Portanto, por definição:
33
M = J.ωm (4.14)
Por outro lado, o produto de uma velocidade angular (ω) por um conjugado (T) corresponde a
uma potência (P). Assim é possível definir como potência acelerante da máquina síncrona (Pa) a
seguinte expressão:
Pa = ω m .Ta = Pm − Pe (4.15)
sendo:
Pm = potência mecânica [W]
Pe = potência elétrica [W]
d 2δ m dω
M. 2 = M. m = Pa = Pm - Pe (4.16)
dt dt
A expressão (4.16) é a equação de oscilação do rotor da máquina síncrona. Pode-se observar que
dentre outras ela relaciona as grandezas mecânicas δm e ωm.
Através de uma forma esquemática muito simples, uma máquina síncrona operando como
gerador pode ser representada de acordo com a figura 4.5 a seguir.
Ia
E
V
if d Wm
λfd
λr
ωm = ω
E
q
δ
V
ωms = ωs
λa φ
ref. síncrona
Ia
No caso da máquina de dois pólos, se o ângulo da tensão terminal da máquina for assumido
como o de referência, pode-se concluir através de comparação entre as figuras 4.4 e 4.6 que os
ângulos δm (mecânico) e δ (elétrico) são coincidentes. Este fato simplifica a análise da máquina,
pois o deslocamento angular do rotor pode ser medido através do ângulo da tensão de excitação
(E).
Desta forma, a equação (4.16), de oscilação da máquina, pode ser reescrita através das grandezas
elétricas δ e ω, ou seja:
d 2δ dω
M. 2 = M. = Pa = Pm - Pe (4.17)
dt dt
Na análise anterior foi admitida uma máquina síncrona de dois pólos. A seguir será realizada a
generalização das equações para uma máquina de “p” pólos.
As relações existentes entre as grandezas elétricas e mecânicas, para ângulo e velocidade angular
são apresentadas, respectivamente, nas equações (4.18) e (4.19).
p
δ= .δ m (4.18)
2
p
ω = .ωm (4.19)
2
2.M d 2δ 2.M dω
. 2 = . = Pa = Pm - Pe (4.20)
p dt p dt
Os sistemas elétricos de potência possuem normalmente diversas unidades geradoras, que devem
ser analisadas nos estudos de estabilidade angular. Para cada uma destas máquinas deve ser
36
desenvolvida uma equação de oscilação, como aquela descrita por (4.20). No entanto, as
máquinas têm portes diversos, o que torna interessante a adoção de uma base comum de
potência, como forma de normalizar este conjunto de equações. Desta forma, considerando Sb
como a potência base em MVA, tem-se:
2.M d 2 δ 2.M dω
. 2 = . = Pa u = Pmu - Peu (4.21)
p.Sb dt p.Sb dt
d 2δ m dω
J. 2
= J. m = Ta = Tm - Te (4.22)
dt dt
2.J d 2δ 2.J dω
. 2 = . = Ta = Tm - Te (4.23)
p dt p dt
pode-se normalizar a equação de oscilação dada pela expressão (4.23). Assim procedendo tem-
se:
2.J.ωms d 2δ 2.J.ωms dω
. 2 = . = Ta u = Tmu - Teu (4.24)
p.Sb dt p.Sb dt
2 ω
= ms (4.25)
p ωs
Levando (4.25) em (4.24), vem:
J.ω2ms d 2 δ J.ω2ms dω
. = . = Ta u = Tmu - Teu (4.26)
ωs .Sb dt 2 ωs .Sb dt
37
Para o rotor da máquina síncrona tem-se a seguinte expressão corresponde à sua energia cinética:
1
E c = .J.ω2m (4.27)
2
1 2
E cs = .J.ωms (4.27)
2
Da expressão (4.27) tem-se que:
2.E cs d 2 δ 2.E cs dω
. 2 = . = Ta u = Tmu - Teu (4.29)
ωs .Sb dt ωs .Sb dt
Definindo agora a constante de tempo de inércia da máquina síncrona (H), como sendo:
E cs
H= (4.30)
Sb
2.H d 2 δ 2.H dω
. 2 = . = Ta u = Tmu - Teu (4.31)
ωs dt ωs dt
A constante de tempo de inércia (H) está ligada ao tempo de resposta da máquina e tem como
possíveis unidades: [s], [MWs/MVA] e [MJ/MVA].
Como a velocidade do rotor das unidades geradoras varia muito pouco, pode-se admitir
ω ≅ 1 pu e assim escrever que Pa u ≅ Ta u . Com esta consideração tem-se em (4.31):
2.H d 2δ 2.H dω
. 2 = . = Pa u = Pmu - Peu (4.32)
ωs dt ωs dt
A expressão (4.32) é a equação de oscilação da máquina síncrona, podendo ser escrita ainda da
seguinte forma:
d 2δ ωs
= .[ Pm - Pe ] (4.33)
dt 2 2.H
onde:
Pm = potência mecânica em pu
Pe = potência elétrica em pu
δ = deslocamento angular do rotor em rad
38
Considerando a equação (4.10), com grandezas elétricas, é possível obter a primeira das duas
equações de estado, ou seja:
dδ
= ω - ωs (4.34)
dt
De (4.33) pode-se obter a segunda equação de estado da máquina, em termos da variável ω. Esta
equação é mostrada a seguir.
dω ω
= s .[ Pm - Pe ] (4.35)
dt 2.H
Para as condições de regime permanente as derivadas das expressões (4.34) e (4.35) se anulam,
ou seja:
dδ dω
=0 e =0
dt dt
⎛ dδ ⎞
PD = D m . ⎜ ⎟ = D m . ( ω - ωs ) = D m .∆ω (4.36)
⎝ dt ⎠
onde:
ω = velocidade angular do rotor
ωs = velocidade angular síncrona do rotor
δ = deslocamento angular do rotor (com relação a uma dada referência)
39
d 2δ ω
2
= s .[ Pm - Pe - PD ] (4.37)
dt 2.H
ou ainda,
d 2δ ω ⎡ dδ ⎤
2
= s . ⎢ Pm - Pe - D m . ⎥ (4.38)
dt 2.H ⎣ dt ⎦
A equação diferencial anterior pode ser decomposta nas seguintes equações de estado:
dδ
= ω - ωs (4.39)
dt
dω ω
= s .[ Pm - Pe - D m .(ω - ωs ) ] (4.40)
dt 2.H
• Em função de J:
J.n 2
H = 5,4831136.10-9 . (4.41)
SBASE
onde:
H = constante de tempo de inércia [MWs/MVA] ou [MJ/MVA] ou [s]
J = momento de inércia [kg.m2]
n = rotação da máquina [rpm]
Sbase = potência base da máquina [MVA]
• Em função de WR2:
WR 2 .n 2
-10
H = 2,3090379.10 . (4.42)
SBASE
onde:
H = constante de tempo de inércia [MWs/MVA] ou [MJ/MVA] ou [s]
WR2 = valor associado ao momento de inércia [lb.ft2]
n = rotação da máquina [rpm]
Sbase =
potência base da máquina [MVA]
32,2.J
sendo WR 2 = , com J = momento de inércia [kgm2].
1,356
40
• Em função de GD2:
GD 2 .n 2
H = 5,772595.10-11. (4.43)
SBASE
onde:
Exemplo de Aplicação:
Rotação da Momento de
Potência Base
Turbina Inércia
N = 3600 rpm J = 8822 kgm2 115,6 MVA
8822.(3600) 2
H = 5,4831136.10-9 .
115,6
ou seja:
H = 5,423 [MJ/MVA]
41
Capítulo 5
Modelos da Máquina
Síncrona em Regime
Permanente
No presente capítulo são apresentados modelos simplificados da máquina síncrona, que
possibilitam algumas análises do comportamento de sistemas de potência, em termos de sua
operação e de sua estabilidade de regime permanente. Desta forma, são desenvolvidos modelos
matemáticos para as máquinas síncronas de pólos lisos e de pólos salientes, destacando seus
circuitos elétricos equivalentes, equações de potência elétrica fornecida, características potência-
ângulo e diagramas fasoriais. O capítulo aborda também o problema da determinação de limites
de carregamento da máquina e define um índice denominado coeficiente de potência
sincronizante, que pode ser associado às margens operativas.
Os modelos matemáticos das máquinas de pólos lisos são mais simples de desenvolver. Na
verdade pode-se dizer que a representação matemática destas máquinas é uma simplificação, ou
caso particular, da representação das máquinas de pólos salientes. Por este motivo é interessante
42
iniciar o desenvolvimento dos modelos através da máquina de pólos lisos, passando a seguir para
o caso mais geral da máquina de pólos salientes.
Para a presente análise é suficiente considerar um sistema simples do tipo máquina síncrona de
pólos lisos ligada diretamente a um barramento infinito, como mostra a figura 5.1.
(i)
P
B∞
Figura 5.1 – Máquina síncrona ligada a um barramento infinito.
λ r = λfd + λa (5.1)
O fluxo enlaçado resultante ( λ r ) corresponde à soma do fluxo enlaçado produzido pela corrente
de campo ( λfd ), com o fluxo enlaçado produzido pela corrente da armadura ( λa ).
O fluxo enlaçado λfd dá origem à tensão de excitação, ou tensão em vazio ( E ), enquanto que o
fluxo enlaçado λa produz uma queda de tensão E a na armadura da máquina síncrona. A soma
destas duas tensões proporciona uma tensão resultante E r .
E a = - j.X φ . Ia (5.3)
onde:
Xϕ = reatância de magnetização da máquina síncrona, ou
reatância de reação da armadura
E r = E - j.X φ . Ia (5.4)
43
Ia
E Er
Assim, definindo:
Xϕ Xl Ra
Ia
E Er V
E = V + R a . Ia + j.(X φ +X l ). Ia (5.5)
44
Xs = X φ + X l (5.6)
E = V + R a . Ia + j.Xs . Ia (5.7)
Finalmente, pode-se obter da equação (5.7) o circuito elétrico equivalente para uma máquina
síncrona de pólos lisos operando em regime permanente. Tal circuito elétrico é apresentado na
figura 5.4.
Xs Ra
Ia
E V
Portanto, em regime permanente a máquina síncrona de pólos lisos pode ser representada por um
modelo de fonte de tensão constante (E), atrás de uma impedância (Ra + j.Xs), ou reatância (Xs),
correspondendo a um equivalente de Thévenin.
(i)
P
B∞
Figura 5.5 – Máquina síncrona de pólos lisos ligada diretamente a um barramento infinito.
45
Q
Ia
E V
A máquina síncrona considerada fornece uma potência ativa (P) e uma potência reativa (Q),
portanto, a potência complexa correspondente tem a seguinte expressão:
E-V E δ - V 0o
Ia = = (5.9)
j.Xs Xs 90o
Da expressão (5.10) podem ser extraídos os valores das potências ativa e reativa fornecidas pela
máquina, bastando considerar as partes real e imaginária. Assim, tem-se para a potência ativa:
E.V V2
P = Re {S} = .cos(δ-90o ) - .cos(90o ) (5.11)
Xs Xs
ou ainda,
E.V
P= .sen(δ) (5.12)
Xs
Já para a potência reativa vem:
46
⎡ E.V V2 ⎤
Q = Im {S} = - ⎢ .sen(δ-90o ) + .sen(90o ) ⎥ (5.13)
⎣ Xs Xs ⎦
ou ainda,
E.V V2
Q= .cos(δ) - (5.14)
Xs Xs
No caso da operação da máquina como compensador síncrono, a mesma não fornece potência
ativa (P = 0), conseqüentemente o ângulo δ é nulo. Este fato pode ser observado com o auxílio
da equação (5.12). Como o ângulo é nulo, a expressão (5.14) pode ser simplificada de acordo
com a equação (5.15).
V
Q= .(E-V) (5.15)
Xs
De (5.15) nota-se que:
• Para E > V: a máquina fornece potência reativa para o sistema, ou seja, a máquina se
encontra superexcitada;
No caso da operação da máquina como gerador síncrono, a mesma fornece uma determinada
potência ativa (P). Assim, quanto maior for a potência ativa, maior será o deslocamento angular
do rotor (δ). Este fato pode ser observado através da equação (5.12). Como o ângulo δ não é
nulo, a expressão (5.14) pode ser reescrita da seguinte forma:
V
Q= .[ E.cos(δ)-V ] (5.16)
Xs
Da expressão (5.16) tem-se que:
• Para E.cos(δ) > V: a máquina fornece potência reativa para o sistema, ou seja, a
máquina se encontra superexcitada;
47
• Para E.cos(δ) < V: a máquina absorve potência reativa do sistema, ou seja, a mesma se
encontra subexcitada;
• Para E.cos(δ) = V: a máquina não fornece e não absorve potência reativa. No entanto,
ela pode estar fornecendo potência ativa se δ ≠ 0.
Pmax Pe
Pm
δ
0o δo 90o
Da figura 5.7 pode-se observar que, à medida que a potência mecânica aumenta o mesmo ocorre
com a potência elétrica, pois o ângulo δ também aumenta (observar a condição de equilíbrio,
intersecção das duas características). Esta condição é válida desde que se considere Pm ≤ Pmax, ou
ainda, ângulos δ inferiores a 90o
48
Se a potência mecânica atingir um valor superior a Pmax , não haverá condição de equilíbrio,
sendo a máquina síncrona submetida a uma potência acelerante positiva, o que tem como
conseqüência a sua instabilidade.
A característica P-δ da máquina síncrona é útil também no entendimento físico dos problemas
relacionados com a estabilidade angular transitória de sistemas de potência. Este tema será
abordado em um capítulo posterior.
Da expressão (5.12) e da característica potência – ângulo (figura 5.7) pode-se observar que a
máxima potência que pode ser transferida da máquina síncrona de pólos lisos ao barramento
infinito é de:
E.V
Pmax =
Xs
Pmax Pe
Pm1
P1
∆ Pm
Po
Pmo
δ
0o δ o δ1 90o
Na figura 5.8 pode-se observar a existência de uma condição inicial de equilíbrio, onde se tem
um ângulo δo no ponto em que Pmo = Peo = Po. Pode-se observar também que, para um
incremento de potência mecânica ∆Pm , após passado um pequeno período transitório, o sistema
alcança uma nova condição de equilíbrio com Pm1 = Pe1 = P1. Neste ponto tem-se o ângulo de
carga igual a δ1.
δ1 = δ0 + ∆δ (5.18)
Através da expressão (5.12) podem ser escritas as seguintes expressões de potência para as duas
condições de equilíbrio mostradas na figura 5.8:
E.V
P0 = .sen(δ0 ) (5.19)
Xs
50
E.V
P1 = .sen(δ1 ) (5.20)
Xs
E.V
P0 + ∆P = .sen (δ0 +∆δ) (5.21)
Xs
e ainda,
E.V
P0 + ∆P = [sen δ0 .cos ∆δ + sen ∆δ. cos δ0 )] (5.22)
Xs
Como foi considerada uma pequena variação de potência mecânica (∆Pm), tem-se como
conseqüência também uma pequena variação para o ângulo de carga (∆δ). Desta forma podem ser
realizadas as seguintes simplificações: sen (∆δ) = ∆δ e cos (∆δ) = 1
E.V E.V
P0 + ∆P = . sen δ0 + . cos δ0 . ∆δ (5.23)
Xs Xs
⎡ E.V ⎤
∆P = ⎢ . cos δ 0 ⎥ . ∆δ (5.24)
⎣ Xs ⎦
À relação entre a variação da potência elétrica (∆P) e a variação do ângulo de carga (∆δ), em uma
dada condição de equilíbrio, é definida como coeficiente de potência sincronizante (Ps), tendo como
dimensão [MW/rad].
∆P E.V
PS = = . cos δ0 = Pmax . cos δ0 (5.25)
∆δ δ o Xs
dP E.V
PS = = . cos δ0 = Pmax . cos δ0 (5.26)
dδ δ o Xs
Pode-se observar através das expressões (5.12) e (5.26) que o coeficiente de potência sincronizante
corresponde à derivada da equação de potência elétrica, com relação ao ângulo de carga, no ponto de
equilíbrio. Ou ainda, o coeficiente de potência sincronizante corresponde à tangente da característica
P-δ na condição de equilíbrio.
51
• Para 0 < δ < 90o: Ps > 0 Î a máquina apresenta uma condição adequada de operação
• Para δ = 90o: Ps = 0 Î a máquina apresenta uma condição limite de operação (Pmax)
• Para δ > 90o: Ps < 0 Î a máquina apresenta uma condição inadequada de operação
Portanto, para a operação em regime permanente, onde a potência elétrica da máquina síncrona
de pólos lisos é determinada pela expressão (5.12), tem-se as seguintes equações de estado:
dδ
= ω - ωs (5.27)
dt
dω ω E.V
= s .[ Pm - .sen(δ)] (5.28)
dt 2.H Xs
d 2δ ωs E.V
= .[ Pm - .sen(δ)] (5.29)
dt 2 2.H Xs
Da equação (5.29) pode-se observar que, para δ = δo tem-se Pm = Pe, ou seja, condição de
equilíbrio sem variação de ângulo e de velocidade.
Determinar a tensão interna da máquina, que opera como gerador, bem como a equação da
potência elétrica fornecida. Avaliar ainda o coeficiente de potência sincronizante.
Solução:
S* P - j.Q
Ia = *
=
V V*
I a = 1,0648 -26,57o pu
A máquina síncrona de pólos lisos pode ser representada através do seguinte circuito elétrico
equivalente:
Xs
P
Q
Ia
E V
onde Xs = Xd.
E = V + j.X d . I a
E = 1,9838 35,18o pu
O resultado anterior corresponde à tensão interna da máquina síncrona de pólos lisos, em módulo
e ângulo.
53
E.V
Pe = .sen(δ)
Xd
1,9838 . 1,05
Pe = .sen(δ)
1,2
Pe = 1,736.sen(δ) pu
O coeficiente de potência sincronizante (Ps) pode ser determinado através da expressão (5.26),
ou seja:
E.V
Ps = .cos(δo )
Xd
1,9838 . 1,05
Ps = .cos(35,18o ) = 1,736.cos(35,18o )
1,2
(i)
P
B∞
Figura 5.9 – Máquina síncrona ligada a um barramento infinito.
No caso de uma máquina de pólos lisos as reatâncias de eixo direto e de eixo em quadratura são
praticamente iguais. Isto ocorre porque as relutâncias observadas através destes dois eixos têm
valores semelhantes. Enquanto isto, uma máquina de pólos salientes apresenta reatâncias
diferentes nos eixos “d“ e “q”. Estes fatos podem ser observados através da figura 5.10.
Estator Estator
Rotor Rotor
(a) (b)
Conforme visto anteriormente, em regime permanente, uma máquina de pólos lisos pode ser
descrita através da seguinte expressão:
E = V + R a . Ia + j.Xs . Ia (5.30)
λfd
λr
ωm = ω
Iq E
q
δ
V
α ωms = ωs
λa φ
ref. síncrona
Id
Ia
(
E = V + R a . Ia + j.X d . Id + Iq )
ou ainda,
E = V + R a . Ia + j.X d . Id + j.X d . Iq (5.31)
No caso da máquina de pólos salientes ocorre que Xd ≠ Xq. Assim, a expressão (5.31) deve ser
modificada para a seguinte forma:
Em (5.32) pode-se considerar o artifício matemático de somar e subtrair o valor j.X q . Id . Assim
procedendo obtém-se:
(
E = V + j.X q . Ia + j. X d -X q . Id ) (5.35)
56
( )
E - j. X d -X q . Id = V + j.X q . Ia (5.36)
( )
E qd E - j. X d -X q . Id = V + j.X q . Ia (5.37)
A tensão Eqd permite definir o posicionamento dos eixos “d” e “q”, como será visto através de
um exemplo de aplicação.
d
ω
Iq E
q
δ
α φ j X q.I q
V
Id
Ia R .I a
jX d ,I d
j Xq
+
Ia
E V
-
j (Xd - Xq ) Id
- +
Xq
+
Ia
E qd V
-
Pode-se observar que as tensões E e E qd , assim como a queda de tensão j. ( X d -X q ) .Id , estão
alinhadas com o eixo “q”. Desta forma o módulo da tensão E pode ser obtido como segue:
E = E qd + (X d -X q ).Id (5.38)
(i)
P
B∞
Figura 5.15 – Máquina síncrona de pólos salientes ligada diretamente a um
barramento infinito.
d
ω
Iq E
q
δ
α φ
j X q.I q
V jX d ,I d
Id
Ia ref.
E.V V2 ⎡ Xd − Xq ⎤
P= .senδ + .⎢ ⎥ .sen(2.δ) (5.48)
Xd 2 ⎢⎣ X d .X q ⎥⎦
A expressão (5.48) corresponde à potência elétrica fornecida pela máquina de pólos salientes na
operação em regime permanente. A mesma apresenta duas parcelas quem têm as seguintes
definições:
E.V
P1 = .senδ Æ parcela de potência sincronizante
Xd
V2 ⎡ Xd − Xq ⎤
P2 = .⎢ ⎥ .sen(2.δ) Æ parcela de potência de relutância
2 ⎣⎢ X d .X q ⎦⎥
59
De forma semelhante às análises realizadas para as máquinas de pólos lisos podem ser
consideradas também para as máquinas de pólos salientes duas condições operativas distintas, ou
seja, máquina operando como gerador e máquina operando como compensador síncrono. Estas
análises são apresentadas em seguida.
No caso da operação da máquina como compensador síncrono, a mesma não fornece potência
ativa (P = 0), conseqüentemente o ângulo δ é nulo. Desta forma, levando em consideração o
circuito elétrico da figura 5.14, com resistência nula da armadura, e o desenvolvimento realizado
para as máquinas de pólos lisos, tem-se:
V
Q= .(E qd -V) (5.49)
Xq
De (5.49) nota-se que:
• Para Eqd > V: a máquina fornece potência reativa para o sistema, ou seja, a máquina se
encontra superexcitada;
• Para Eqd < V: a máquina absorve potência reativa do sistema, ou seja, a mesma se
encontra subexcitada;
No caso da operação da máquina como gerador síncrono, a mesma fornece uma determinada
potência ativa (P). Assim, quanto maior for a potência ativa, maior será o deslocamento angular
do rotor (δ). Este fato pode ser observado através da equação (5.48). Considerando o circuito
elétrico da figura 5.14, com resistência nula da armadura, e o desenvolvimento realizado para as
máquinas de pólos lisos, tem-se:
V
Q= . ⎡ E qd .cos(δ)-V ⎤⎦ (5.50)
Xq ⎣
Da expressão (5.50) tem-se que:
• Para Eqd.cos(δ) > V: a máquina fornece potência reativa para o sistema, ou seja, a
máquina se encontra superexcitada;
• Para Eqd.cos(δ) < V: a máquina absorve potência reativa do sistema, ou seja, a mesma se
encontra subexcitada;
• Para Eqd.cos(δ) = V: a máquina não fornece e não absorve potência reativa. No entanto,
ela pode estar fornecendo potência ativa se δ ≠ 0.
60
Pmáx
Potência Sincronizante
Potência
Elétrica
0 90 180
Potência de Relutância
Delta [Graus]
Da figura 5.17 pode-se observar que, à medida que a potência mecânica aumenta o mesmo
ocorre com a potência elétrica, pois o ângulo δ também aumenta (observar a condição de
equilíbrio, intersecção das duas características). No caso da máquina de pólos salientes a
potência máxima ocorre para um valor inferior a 90o, devido à composição entre as potências
sincronizante e de amortecimento.
Se a potência mecânica atingir um valor superior a Pmax , não haverá condição de equilíbrio,
sendo a máquina síncrona submetida a uma potência acelerante positiva, o que tem como
conseqüência a sua instabilidade.
dP
PS = (5.51)
dδ δ o
Como a potência elétrica fornecida pela máquina de pólos salientes pode ser representada pela
expressão (5.48), tem-se em (5.51):
E.V ⎡ X − Xq ⎤
Ps = .cosδo + V 2 . ⎢ d ⎥ .cos(2.δo ) (5.52)
Xd ⎢⎣ X d .X q ⎥⎦
dδ
= ω - ωs (5.53)
dt
dω ω
= s .[ Pm - Pe ] (5.54)
dt 2.H
A potência elétrica da máquina síncrona de pólos salientes é dada pela expressão (5.48), assim as
equações de estado podem ser reescritas da seguinte forma:
dδ
= ω - ωs (5.55)
dt
62
dω ωs E.V V2 ⎡ Xd − Xq ⎤
= .[ Pm - .senδ - .⎢ ⎥ .sen(2.δ) ] (5.56)
dt 2.H Xd 2 ⎣⎢ X d .X q ⎦⎥
Da expressão (5.56) pode-se observar que, para δ = δo tem-se Pm = Pe, ou seja, condição de
equilíbrio sem variação de ângulo e de velocidade.
P Q Xd Xq V Sbase fbase
[MW] [MVAr] [pu] [pu] [pu] [MVA] [Hz]
100 50 1,2 0,7 1,05 100 60
Determinar a tensão interna da máquina, que opera como gerador, bem como a equação da
potência elétrica fornecida. Avaliar ainda o coeficiente de potência sincronizante.
Solução:
S* P - j.Q
Ia = *
=
V V*
I a = 1,0648 -26,57o pu
A máquina síncrona de pólos salientes pode ser representada através do seguinte circuito elétrico
equivalente:
Xq
+
Ia
E qd V
-
63
E qd = V + j.X q . I a
E qd = 1,5356 25,73o pu
Através da tensão anterior pode-se posicionar o eixo “q”, com um ângulo de 25,73o com relação
à referência angular do sistema.
A tensão interna da máquina de pólos salientes pode ser calculada através da expressão (5.38),
ou seja:
E = E qd + (X d -X q ).Id
Com o posicionamento do eixo “q” e o diagrama fasorial a seguir é possível determinar com
facilidade as correntes Id e Iq.
ω
q
Eqd
j X q.I a
Iq
δ
ref.
φ V
α Ia
Id
ou ainda,
Id = 0,8425 -64,27 o pu
64
Iq = 0,6512 25,73o pu
E = 1,9569 25,73o pu
E.V V2 ⎡ Xd − Xq ⎤
Pe = .senδ + .⎢ ⎥ .sen(2.δ)
Xd 2 ⎢⎣ X d .X q ⎥⎦
Pe = 1,7123.senδ + 0,3281.sen(2.δ) pu
O coeficiente de potência sincronizante (Ps) pode ser determinado através da expressão (5.52),
ou seja:
E.V ⎡ X − Xq ⎤
Ps = .cosδo + V 2 . ⎢ d ⎥ .cos(2.δo )
Xd ⎢⎣ X d .X q ⎥⎦
A potência máxima fornecida pela máquina de pólos salientes (Pmax) pode ser calculada através
da seguinte condição:
dPe E.V ⎡ X − Xq ⎤
=0 ou seja, .cosδ* + V 2 . ⎢ d *
⎥ .cos(2.δ ) = 0
dδ Xd ⎢⎣ X d .X q ⎥⎦
Resolvendo a expressão anterior obtém-se δ* e com este valor pode-se calcular a potência
máxima transferida pela máquina de pólos salientes através da expressão (5.48).
δ* = 71,96 o
Pmax = 1,8213 pu
65
Capítulo 6
Operação de um Sistema
Radial em Regime
Permanente
Com a finalidade de introduzir de forma simples os principais conceitos, bem como dar início
aos primeiros estudos de estabilidade angular de regime permanente e transitória, é desenvolvido
a seguir o modelo matemático representativo de um sistema radial composto por uma unidade
geradora (máquina síncrona), um transformador elevador, duas linhas de transmissão em
paralelo e um barramento infinito, este último representando um grande sistema elétrico de
potência. Os modelos básicos dos elementos componentes mencionados foram mostrados nos
capítulos anteriores. No caso específico da máquina síncrona foram desenvolvidos modelos de
regime permanente para as máquinas de pólos lisos e de pólos salientes.
(3) (2)
(1) LT1
P
GRANDE
SISTEMA
LT2
Os elementos componentes do sistema descrito pela figura 6.1 podem ser representados pelos
seguintes modelos de regime permanente:
a) Gerador
Através do modelo desenvolvido no item 5.1.1 tem-se para uma máquina síncrona de pólos lisos
o circuito elétrico equivalente da figura 6.2.
XS
Ia
+
E V
-
Por outro lado, uma máquina síncrona de pólos salientes pode ser representada pelo circuito
elétrico da figura 6.3, que corresponde ao desenvolvimento apresentado no item 5.2.1.
Xq
+
Ia
E qd V
-
No modelo descrito pela figura 6.3 considerou-se nula a resistência da armadura. Foram
representadas: a reatância de eixo em quadratura (Xq), a tensão E qd e a tensão terminal da máquina
síncrona ( V ).
b) Transformador Elevador
O transformador elevador, que conecta a máquina síncrona às linhas de transmissão, pode ser
representado através do modelo simplificado apresentado no item 3.8, onde são consideradas a
67
reatância de dispersão equivalente (XT) e a resistência total dos enrolamentos. Para efeito de
simplificação são desprezadas as resistências dos enrolamentos do transformador no presente
modelo. A figura 6.4 descreve tal componente.
XT
V1 V2
c) Linhas de Transmissão
As duas linhas de transmissão do sistema radial são descritas a seguir por um modelo de linha
curta (extensão inferior a 80 km), conforme representação do item 3.7. Também para efeito de
simplificação são desprezadas as resistências.
X LT
V1 V2
d) Grande Sistema
O porte do grande sistema considerado é tal que se pode admitir o sinal de tensão como
invariante, tanto em módulo quanto em ângulo de fase. Portanto, este sistema é representado por
um barramento onde não há variação de tensão e de freqüência, um barramento onde a potência
de curto-circuito é muito grande (ou infinita). Este barramento é denominado barramento
infinito.
O barramento infinito pode ser representado através de um equivalente de Thévenin, com uma
fonte de tensão constante e impedância nula, como mostra a figura 6.6.
68
V
-
Com base nos modelos dos componentes descritos no item 6.1 pode ser desenvolvido o modelo
de sistema radial representado na figura 6.7.
X LT
XS XT
Ia
+ X LT +
E V
- -
Pode-se fazer uma redução no modelo da figura 6.7, com a eliminação das barras intermediárias
e a determinação da seguinte reatância equivalente:
X LT
X = XS + X T + (6.1)
2
Ia
+ +
E V
- -
Figura 6.8 – Modelo equivalente do sistema radial com máquina de pólos lisos.
A soma das reatâncias do transformador elevador (XT) e das linhas de transmissão em paralelo
(XLT/2) corresponde à reatância externa do sistema (Xe), do ponto de vista da máquina síncrona.
De forma análoga ao desenvolvimento realizado no item 5.1.2 é possível obter a expressão (6.2),
para a potência ativa fornecida pela máquina síncrona de pólos lisos no sistema radial.
E.V
Pe = .sen(δ) (6.2)
X
Deve-se observar que a máxima potência transferida (Pmáx) é obtida para a condição de δ = 90o,
ou seja:
E.V
Pmax = (6.3)
X
No capítulo seguinte será mostrado, que em determinadas condições, este valor corresponde ao
limite de estabilidade angular de regime permanente.
Como pode ser observado na figura, a potência máxima transferida é obtida para a condição de
diferença angular, entre a tensão interna da máquina síncrona e a tensão do barramento infinito,
igual a 90o.
70
Pmax Pe
Pm
δ
0o δo 90o
• Para 0 < δ < 90o: Ps > 0 Î o sistema apresenta uma condição adequada de operação
• Para δ = 90o: Ps = 0 Î o sistema apresenta uma condição limite de operação (Pmax)
• Para δ > 90o: Ps < 0 Î o sistema apresenta uma condição inadequada de operação
O presente sistema radial com máquina de pólos lisos pode ser representado através das
seguintes equações de estado:
dδ
= ω - ωs (6.5)
dt
dω ω ⎡ E.V ⎤
= s . ⎢ Pm - .senδ - D m .(ω - ωs ) ⎥ (6.6)
dt 2.H ⎣ X ⎦
71
Através dos modelos de componentes descritos no item 6.1 pode ser desenvolvido o sistema
radial representado na figura 6.10.
X LT
Xq XT
Ia
+ X LT +
Eqd V
- -
Um sistema equivalente reduzido, pode ser obtido do modelo da figura 6.10, considerando a
eliminação da barra que conecta o transformador às linhas de transmissão. Para tanto seja
considerar:
X
Xe = XT + L (6.7)
2
Xq Xe
Ia
+ +
Eqd V
- -
Figura 6.11 – Modelo equivalente do sistema radial com máquina de pólos salientes.
72
De forma análoga ao desenvolvimento realizado no item 5.2.2 é possível obter a expressão (6.8),
para a potência ativa fornecida pela máquina síncrona de pólos salientes no sistema radial.
E.V V2 ⎡ X d -X q ⎤
Pe = .sen(δ) + .⎢ ⎥ .sen(2.δ) (6.8)
X d +X e 2 ⎢⎣ (X d +X e ).(X q +X e ) ⎥⎦
Deve-se observar que a máxima potência transferida (Pmáx) é obtida para a condição em que
dP/dδ = 0. Isto ocorre para um ângulo δ inferior a 90o, como pode ser observado no item
seguinte.
Potência Sincronizante
Potência
Elétrica
0 90 180
Potência de Relutância
Delta [Graus]
dPe E.V ⎡ Xd − Xq ⎤
Ps = = .cos(δo ) +V 2 . ⎢ ⎥ .cos(2.δo ) (6.9)
dδ δo (X d +X e ) ⎢⎣ (X d +X e ).(X q +X e ) ⎥⎦
• Para 0 < δ < δ*: Ps > 0 Î o sistema apresenta uma condição adequada de operação
• Para δ = δ*: Ps = 0 Î o sistema apresenta uma condição limite de operação (Pmax)
• Para δ > δ*: Ps < 0 Î o sistema apresenta uma condição inadequada de operação
O presente sistema radial com máquina de pólos salientes pode ser representado através das
seguintes equações de estado:
dδ
= ω - ωs (6.10)
dt
dω ω ⎧⎪ E.V V2 ⎡ X d -X q ⎤ ⎫⎪
= s . ⎨Pm - .sen(δ) - .⎢ ⎥ .sen(2.δ) - D m .(ω - ωs ) ⎬ (6.11)
dt 2.H ⎪⎩ X d +X e 2 ⎢⎣ (X d +X e ).(X q +X e ) ⎥⎦ ⎭⎪
As equações de estado mostradas neste item, assim como às do item 6.2.5, para a situação com
máquinas de pólos lisos, serão utilizadas no próximo capítulo, para a análise da estabilidade
angular de regime permanente de um sistema de potência radial.
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Através do diagrama unifilar da figura 6.13, e das considerações simplificadas dos modelos dos
elementos componentes, pode-se desenvolver o circuito elétrico equivalente apresentado na figura a
seguir.
(3) XLT (2)
Xd (1) XT
P
XLT
E V1 V2
Do circuito elétrico anterior é possível observar que a potência fornecida pela máquina (P) é a
mesma que chega no barramento infinito, pois no presente modelo simplificado não são
consideradas as perdas do sistema. Assim tem-se:
V1.V2
P= .sen(δ1 )
X LT
XT +
2
1,05 . 1,0
0,8 = .sen(δ1 ) ∴ δ1 = 13,21o
0,1 + 0,2
V1 = 1,05 13,21o pu
Como a tensão da barra (2) é conhecida e está na referência, determina-se a corrente (I) do circuito
elétrico da seguinte forma:
E δ = 1,6353 47,21o pu
c) Valores iniciais
Com base nos dados da tabela e nos cálculos desenvolvidos no item anterior, tem-se:
Peo = Pmo = 0,8 pu ==> potência elétrica inicial igual à potência mecânica
E = 1,6353 pu ==> módulo da tensão interna da máquina síncrona, assumido como constante
nesta análise.
δo = 47,21o = 0,824 rad ==> deslocamento angular inicial do rotor da máquina síncrona
(corresponde, também, à condição inicial do ângulo de fase da tensão interna da máquina)
Q1 = 0,26755 pu e Q 2 = 0,07392 pu
76
E.V2
Pe = .sen(δ) pu
X EQ
Pe = 1,0902.sen(δ) pu
Através da equação da potência elétrica do item anterior tem-se como coeficiente de potência
sincronizante do sistema radial:
dPe E.V2
Ps = = .cos(δo ) = 1,0902.cos(47,21o )
dδ δo X EQ
Ps = 0,7406 puMW/rad
Observe que o coeficiente de potência sincronizante é positivo, indicando uma condição adequada
de operação.
Através dos valores calculados, bem como daqueles constantes da tabela 6.1, obtém-se a seguinte
equação de oscilação para o sistema radial:
d 2δ 377
2
= .[ 0,8 - 1,0902.sen(δ)]
dt 10
g) Equações de estado
A equação de oscilação anterior pode ser decomposta nas seguintes equações de estado,
representativas do sistema radial:
dδ
= ω - 377
dt
dω 377
= .[ 0,8 - 1,0902.sen(δ)]
dt 10
h) Característica potência-ângulo
1,0902 Pe
0,8
Pm
o o o δ
0 47,21 90
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Admita os dados constantes na tabela 6.2, onde os valores em p.u. estão referidos a uma potência
base de 100 MVA. Despreze as resistências do estator da máquina síncrona, do transformador
elevador e das linhas de transmissão, além dos amortecimentos mecânicos do rotor.
Capítulo 7
Estudo de Estabilidade
Angular de Regime
Permanente – Sistema Radial
Os estudos de estabilidade angular, como visto, podem ser divididos em: estudos de estabilidade
transitória e estudos de estabilidade de regime permanente. O primeiro tipo de estudos avalia o
comportamento do sistema em termos de sua suportabilidade a um dado impacto. Já o segundo
analisa as condições do sistema pertinentes ao seu estado de equilíbrio.
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Conforme observado no item 6.2.5, o sistema radial da figura anterior pode ser descrito através
do seguinte modelo não-linear de equações de estado:
dδ
= ω - ωs (7.1)
dt
dω ω ⎡ E.V ⎤
= s . ⎢ Pm - .senδ - D m .(ω - ωs ) ⎥ (7.2)
dt 2.H ⎣ X ⎦
O primeiro passo para a análise da estabilidade angular de regime permanente do sistema radial
da figura 7.1 é fazer a linearização de suas equações de estado. Para que isto seja possível é
apresentado inicialmente um procedimento geral de linearização de equações. Posteriormente tal
procedimento será aplicado no caso específico do sistema radial aqui considerado.
PROCEDIMENTO DE LINEARIZAÇÃO
Solução:
Uma função f(x,y), qualquer, pode ser expandida através da série de Taylor da seguinte forma:
∂f(x,y) ∂f(x,y)
f(x,y) = f(x o ,yo ) + .∆x + .∆y + ...
∂x x o ∂y y
o
∂f(x,y) ∂f(x,y)
f(x,y) - f(x o ,yo ) = .∆x + .∆y + ...
∂x x o ∂y y
o
∂f(x,y) ∂f(x,y)
∆f(x,y) = .∆x + .∆y
∂x x o ∂y y
o
A função f(x,y) dada em (1) pode ser linearizada, em torno do ponto (xo,yo), de acordo com a
equação anterior. As derivadas parciais podem, então, ser calculadas como segue:
∂f(x,y)
= a.cos(x o )
∂x x o
∂f(x,y)
= -b.sen(yo )
∂y y
o
Antes de realizar as linearizações das equações (7.1) e (7.2), que descrevem o caso do sistema
radial de uma máquina síncrona ligada a um barramento infinito, será mostrada a chamada
notação de Newton, que permite simplificar a representação de equações diferenciais.
NOTAÇÃO DE NEWTON
dx d2x d3 x
x = ;
x = 2 ;
x= 3
dt dt dt
No caso do sistema radial apresentado existem três variáveis: δ, ω e Pm. Admitindo o processo de
linearização, descrito anteriormente, e considerando a notação de Newton, tem-se para o sistema
radial nas imediações do ponto de operação (δo, ωo e Pmo):
∂δ
∆δ = .∆ω
∂ω o
∂ω
∂ω
∂ω
=
∆ω .∆δ + .∆ω + .∆Pm
∂δ o ∂ω o ∂Pm o
82
Onde:
∂δ
=1
∂ω o
∂ω
ωs E.V ω .P
=- . .cosδo = - s s
∂δ o 2.H X 2.H
∂ω
ωs .D m
=-
∂ω o 2.H
∂ω ωs
=
∂Pm o
2.H
∆δ = ∆ω (7.3)
ωs
=
∆ω .[ ∆Pm - Ps .∆δ - D m .∆ω] (7.4)
2.H
⎡ 0 1 ⎤ ⎡ 0 ⎤
⎡ ∆δ ⎤ ⎢ ⎥ ⎡ ∆δ ⎤ ⎢
⎢ ⎥ = ⎢ ωs .Ps ω .D . + ω ⎥ .[ ∆Pm ] (7.5)
⎣ ∆ω⎦ - - s m ⎥ ⎢⎣∆ω ⎥⎦ ⎢ s ⎥
⎢⎣ 2.H 2.H ⎥⎦ ⎢⎣ 2.H ⎥⎦
onde:
⎡ 0 1 ⎤ ⎡ 0 ⎤
⎡ ∆δ ⎤ ⎢ ω .P ⎡ ∆δ ⎤
∆x = ⎢ ⎥ ; A =
⎢- s s ω .D ⎥ ; ∆x = ⎢ ⎥
⎢∆ω ⎥ ; B = ⎢ ωs ⎥ e ∆u = [ ∆Pm ]
⎣ ∆ω⎦ - s m⎥ ⎣ ⎦
⎢⎣ 2.H 2.H ⎥⎦ ⎢⎣ 2.H ⎥⎦
sendo:
∆x = vetor de estado.
∆u = vetor de controle.
A = matriz característica ou matriz de distribuição de estados do sistema.
B = matriz de distribuição de controle.
∆x = derivada do vetor de estado.
83
⎡ 0 1 ⎤
⎡ ∆δ ⎤ ⎢ ⎡ ∆δ ⎤
⎢ ⎥ = ⎢ ωs .Ps ωs .D m ⎥⎥ . ⎢ ⎥ (7.7)
⎣ ∆ω⎦ - - ⎣∆ω ⎦
⎣⎢ 2.H 2.H ⎦⎥
A expressão (7.7) representa a resposta livre do sistema, ou seja, sem a ação de controle.
( A - λ I ) .w = 0 (7.9)
det ( A - λ I ) = 0 (7.10)
Através das expressões (7.8) e (7.9) é possível aplicar a técnica de autovalores e autovetores no
problema específico do sistema de potência radial descrito pela equação matricial de estado
(7.5). Para tanto deve-se considerar a correspondente matriz característica ( A ), ou seja:
⎧⎡ 0 1 ⎤ ⎫
⎪ ⎡λ 0⎤ ⎪
det ⎨ ⎢ ωs .Ps ω .D ⎥ - ⎬ =0 (7.11)
⎪ ⎢⎣⎢- 2.H - s m ⎥ ⎢⎣ 0 λ ⎥⎦ ⎪
⎩ 2.H ⎦⎥ ⎭
e ainda,
⎧ ⎡ -λ 1 ⎤⎫
⎪ ⎥ ⎪⎬ = 0
det ⎨ ⎢ ωs .Ps ωs .D m (7.12)
⎪ ⎢⎣⎢- 2.H - - λ⎥⎪
⎥⎦ ⎭
⎩ 2.H
ωs .D m ω .P
λ2 + .λ + s s = 0 (7.13)
2.H 2.H
ωs .Ps
λ2 + =0 (7.14)
2.H
e também,
ωs .Ps
λ2 = - (7.15)
2.H
ωs .Ps
λ = ± j. (7.16)
2.H
onde:
ωs .Ps
ωn = ==> freqüência natural não-amortecida do sistema em [rad/s]. (7.17)
2.H
λ1
λ2
Observar que os autovalores são complexos conjugados e imaginários puros. Uma condição
como esta define uma resposta oscilatória não-amortecida para o sistema.
1 ω .P
fn = . s s ==> freqüência natural não-amortecida em [Hz]. (7.18)
2.π 2.H
2.H
Tn = 2.π. ==> período da oscilação não-amortecida em [s]. (7.19)
ωs .Ps
Observe que quanto maior for a constante de tempo de inércia da máquina síncrona (H), maior
será o período de oscilação. O contrário ocorre com relação ao coeficiente de potência
sincronizante (Ps). Análise inversa vale para a freqüência natural não-amortecida.
Pe
o o δ
0 90
Da figura 7.3 pode-se observar que quanto maior for a potência transferida, ou seja, quanto
menor for o coeficiente de potência sincronizante, maior será o período de oscilação causado por
um pequeno impacto. Nas proximidades da condição de carregamento máximo ( δ = π/2 ) uma
pequena variação pode levar o sistema a uma resposta não-oscilatória.
Deve-se observar que, devido à linearização realizada existe uma região de incerteza para pontos
de operação próximos do limite operativo (Ps quase nulo).
86
onde:
λ = - ξ.ωn ± ωn . ξ 2 -1 (7.21)
Dependendo dos valores de ξ podem ser considerados três casos distintos de resposta para o
sistema: (a) caso de resposta superamortecida; (b) caso de resposta amortecida crítica; e (c) caso
de resposta subamortecida. Estes três tipos são analisados a seguir.
λ1 = - ξ.ωn + ωn . ξ 2 -1 e λ 2 = - ξ.ωn - ωn . ξ 2 -1
A figura 7.4 mostra os autovalores λ1 e λ2, que são reais e negativos, dispostos em um plano
complexo.
ω
λ2 λ1
α
A figura 7.5 ilustra este tipo de resposta apresentado por um sistema de segunda ordem.
Resposta Superamortecida
12
10
6
V
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Tempo [s]
λ1 = λ 2 = - ξ.ωn = - ωn
A figura 7.6 apresenta os autovalores λ1 e λ2, que também são reais e negativos, dispostos em
um plano complexo.
ω
λ2 = λ1
α
A figura 7.7 apresenta este tipo de resposta, referente a um sistema de segunda ordem. Deve-se
observar que a resposta amortecida crítica corresponde a uma condição limite, ou seja, valores
de ξ superiores a 1 determinam uma resposta superamortecida, enquanto que valores de ξ
inferiores a 1 produzem uma resposta oscilatória (ou subamortecida), como será visto em
seguida.
10
6
V
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Tempo [s]
Como pode ser observado agora, existem dois autovalores complexos e conjugados, ou seja:
ω
λ1 ωd
ωn
−εω α
ωn
λ2 −ωd
Das expressões (7.25) e (7.26) e da figura anterior são definidos os seguintes valores:
λ1 = α + j.ωd
λ 2 = α - j.ωd
Resposta Subamortecida
18
16
14
12
10
V 8
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Tempo [s]
Para tanto, observe inicialmente o resultado descrito pela equação (7.15), relativo ao sistema
máquina versus barramento infinito sem consideração de amortecimentos (Dm = 0), ou seja:
ωs .Ps
λ2 = - (7.29)
2.H
Pode-se observar, com auxílio das respostas descritas pelas expressões (7.22), (7.23) e (7.28) que
a existência de autovalores reais positivos, ou com parte real positiva, faz com que a resposta do
sistema tenda para o infinito, na medida em que o tempo evolui. Este é exatamente o caso da
condição Ps < 0, ou seja, para que o sistema seja estável o coeficiente de potência sincronizante
não pode ser negativo.
91
Uma análise mais geral, considerando os efeitos dos amortecimentos mecânicos, pode ser obtida
com auxílio das expressões (7.13) e (7.20), correspondentes respectivamente à equação
característica do sistema radial e à equação característica geral de um sistema qualquer de
segunda ordem. Esta análise é realizada a seguir.
ωs .D m ω .P
λ2 + .λ + s s = 0 (7.30)
2.H 2.H
ωs .Ps
ωn = (7.32)
2.H
ωs
ξ = Dm . (7.33)
8.H.Ps
Os valores que definem a equação (7.33) fazem com que a resposta de um sistema elétrico de
potência seja oscilatória, uma vez que Dm é bastante reduzido (tipicamente Dm = 1 / 377 pu
MW/rad/s). Desta forma tem-se ξ < 1, ou seja, resposta subamortecida. Como a resposta
correspondente de um sistema geral de segunda ordem ë:
obtém-se, com base nos valores definidos pelas expressões (7.32) e (7.33):
2
ωs .D m ω .P ⎛ ω .D ⎞
λ=- ± j. s s - ⎜ s m ⎟ (7.35)
4.H 2.H ⎝ 4.H ⎠
Observe na expressão (7.35) que:
2
ωs .Ps ⎛ ωs .D m ⎞
>⎜ ⎟
2.H ⎝ 4.H ⎠
O coeficiente de amortecimento mecânico (Dm) é positivo. Assim, da expressão (7.35) podem ser
obtidas as conclusões apresentadas na tabela 7.1.
92
Da tabela anterior observa-se que para manter a estabilidade de regime permanente do sistema é
necessário que o coeficiente de potência sincronizante seja positivo. Na condição limite de
estabilidade tem-se Ps = 0.
a) se todos os autovalores da matriz característica do sistema forem reais e negativos, e/ou forem
complexos conjugados com parte real negativa, o sistema apresentará estabilidade angular de
regime permanente;
c) se pelo menos um autovalor real for positivo, ou se pelo menos um par de autovalores
complexos conjugados apresentar parte real positiva, o sistema estará em uma condição de
instabilidade angular de regime permanente.
Outras formas de análise da estabilidade angular de regime permanente podem ser consideradas
através da representação matemática do sistema por meio das transformadas de Laplace.
93
∆δ = ∆ω (7.36)
ωs
=
∆ω .[ ∆Pm - Ps .∆δ - D m .∆ω] (7.37)
2.H
ωs
s.∆ω(s) = .[ ∆Pm (s) - Ps .∆δ(s) - D m .∆ω(s) ] (7.39)
2.H
⎡ 2 ωs .D m ωs .Ps ⎤ ωs
⎢⎣s + 2.H .s + 2.H ⎥⎦ .∆δ(s) = 2.H .∆Pm (s) (7.40)
ou ainda,
ωs
∆δ(s) 2.H
F.T. = = (7.41)
∆Pm (s) ⎡ 2 ωs .D m ωs .Ps ⎤
⎢⎣s + 2.H .s + 2.H ⎥⎦
∆δ(s) P(s)
F.T. = = (7.42)
∆Pm (s) Q(s)
ωs .D m ω .P
Q(s) = s 2 + .s + s s = 0 (7.43)
2.H 2.H
A expressão anterior fica idêntica a expressão (7.13) se “s” for trocado por “λ“. Este resultado
era esperado, uma vez que o sistema analisado é o mesmo, o que mudou foi apenas a técnica de
análise, de espaços de estado para transformada de Laplace.
94
Através da equação característica dada pela expressão (7.43) é possível aplicar o critério de
estabilidade de Routh/Hurwitz para analisar a estabilidade angular de regime permanente do
sistema radial considerado.
ωs .D m ω .P
s2 + .s + s s = 0 (7.44)
2.H 2.H
Para que o sistema apresente estabilidade é necessário que não haja troca de sinais na 1a. coluna
da tabela anterior. Desta forma, podem ser estabelecidas as seguintes condições:
ωs .D m ω .P
>0 e s s >0
2.H 2.H
ou ainda:
Dm > 0: condição atendida, uma vez que Dm corresponde aos amortecimentos mecânicos, sendo
sempre maior do que zero;
Ps > 0: condição necessária para garantir a estabilidade angular de regime permanente, como
foi visto anteriormente e agora comprovado.
ωs
s.∆ω(s) = .[ ∆Pm (s) - Ps .∆δ(s) - D m .∆ω(s) ] (7.46)
2.H
∆ω(s)
∆δ(s) = (7.47)
s
ωs
∆ω(s) = .[ ∆Pm (s) - Ps .∆δ(s) - D m .∆ω(s) ] (7.48)
2.H.s
Ps
∆Pe
- 1 ∆ω ωs
∆Pm + ∆δ
- 2.H.s s
∆Pd
Dm
O diagrama unifilar do sistema em análise, bem como seus dados de parâmetros e de condições
operativas, são repetidos a seguir através da figura 7.11 e da tabela 7.3, respectivamente.
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
No exemplo 6.4 não foram considerados os amortecimentos mecânicos (Dm). Para tornar a análise
mais completa, neste exemplo, será atribuído ao mesmo o valor de 1,0 pu, na base de 100 MVA.
Alguns dos principais resultados obtidos do exemplo 6.4 são listados em seguida. Estes valores são
importantes para o desenvolvimento que segue.
Valores Obtidos:
E = 1,6353 pu
V1 = 1,05 13,21o pu
V2 = 1,0 0o pu
Pe = 1,0902.sen(δ) pu
97
Ps = 0,7406 puMW/rad
O sistema radial, composto por máquina de pólos lisos, pode ser representado através do seguinte
conjunto de equações de estado não-lineares:
dδ
= ω - 377
dt
dω 377 1,0
= .[ 0,8 - 1,0902.sen(δ) - .(ω - 377)]
dt 10 377
ou de forma alternativa,
dδ
= 377.(ω - 1)
dt
dω 1
= .[ 0,8 - 1,0902.sen(δ) - 1,0.(ω - 1)]
dt 10
As equações de estado anteriores podem ser descritas de forma linearizada, nas proximidades do
ponto de equilíbrio, com base nas expressões (7.36) e (7.37), ou seja:
∆δ = ∆ω
377 ⎡ 1,0 ⎤
=
∆ω . ⎢∆Pm - 0,7406.∆δ - .∆ω ⎥
10 ⎣ 377 ⎦
ou ainda,
∆δ = 377.∆ω
1
=
∆ω .[ ∆Pm - 0,7406.∆δ - 1,0.∆ω]
10
⎡ ∆δ ⎤ ⎡ 0 1 ⎤ ⎡ ∆δ ⎤ ⎡ 0 ⎤
⎢ ⎥ =⎢ . + .[ ∆Pm ]
⎣ ∆ω ⎦ ⎣- 27,9206 - 0,1⎥⎦ ⎢⎣∆ω ⎥⎦ ⎢⎣37,7 ⎥⎦
e também,
⎡ ∆δ ⎤ ⎡ 0 377 ⎤ ⎡ ∆δ ⎤ ⎡ 0 ⎤
⎢ ⎥ = ⎢ . + .[ ∆Pm ]
⎣ ∆ω ⎦ ⎣- 0,07406 - 0,1⎥⎦ ⎢⎣∆ω ⎥⎦ ⎢⎣ 0,1⎥⎦
λ1 = - 0.05 + j 5,2838
λ 2 = - 0.05 - j 5,2838
• as partes reais dos autovalores são negativas: desta forma o sistema apresenta estabilidade
angular de regime permanente;
• as partes reais dos autovalores têm uma atenuação igual a 0,05: este fato mostra que o sistema
apresenta um fraco amortecimento das oscilações;
ωn = α 2 + ωd2
5,2840
Portanto, f n = = 0,841 Hz e ainda, Tn = 1,189 s.
2.π
99
ωs
ξ = Dm .
8.H.Ps
1,0 377
ξ= . = 0,00946 = 0,946% ≅ 1%
377 8.5.0,7406
A equação característica do sistema radial pode ser determinada através da expressão (7.44).
Desta forma tem-se:
ωs .D m ω .P
s2 + .s + s s = 0
2.H 2.H
ou ainda,
s 2 + 0,1.s + 27,9206 = 0
s2 1 27,9206
s1 0,1 ---
s0 27,9206
Na coluna destacada não há troca de sinal, desta forma o sistema pode ser classificado como
estável.
O diagrama de blocos apresentado a seguir representa o sistema radial deste exemplo. Nele são
considerados os seguintes valores:
Ps = 0,7406 pu MW/rad
H = 5,0 s
Dm = 1,0 pu
ωs = 377 rad/s
100
Ps
∆Pe
- 1 ∆ω ωs
∆Pm + ∆δ
- 2.H.s s
∆Pd
Dm
Com base no diagrama de blocos do item anterior é possível desenvolver o seguinte diagrama de
simulação para o programa Simulink:
Para uma pequena variação na potência mecânica da máquina síncrona (de +0,01 pu, por
exemplo) e considerando o diagrama de simulação anterior, é possível analisar a estabilidade
angular de regime permanente do sistema radial aqui considerado. Para tanto são apresentados, a
seguir, alguns valores obtidos das simulações deste sistema.
101
Delta x Tempo
49
48.8
48.6
48.4
48.2
48
47.8
47.6
47.4
47.2
0 1 2 3 4 5 6
Tempo [s]
As figuras a seguir mostram os resultados das simulações do sistema radial admitindo 3 valores
diferentes para a constante de tempo de inércia da máquina síncrona, ou seja: H = 2 s, H = 5 s e
H = 10 s.
H=2s H=5s
49 49
48.8 48.8
48.6 48.6
48.4 48.4
48.2 48.2
48 48
47.8 47.8
47.6 47.6
47.4 47.4
47.2 47.2
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Tempo [s] Tempo [s]
H = 10 s
49
48.8
48.6
48.4
48.2
48
47.8
47.6
47.4
47.2
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Tempo [s]
102
Pmec H Ps δo fn Tn
[pu] [s] [puMW/rad] [graus] [Hz] [s]
0,8 2,0 0,7406 47,21 1,330 0,752
0,8 5,0 0,7406 47,21 0,841 1,189
0,8 10,0 0,7406 47,21 0,595 1,682
As figuras a seguir mostram os resultados das simulações do sistema radial admitindo 3 valores
diferentes de potência mecânica, o que produz condições distintas de coeficientes de potência
sincronizantes.
48.8
48.6
14.5 48.4
48.2
48
14 47.8
47.6
47.4
13.5 47.2
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Tempo [s] Tempo [s]
70.5
70
69.5
69
68.5
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Tempo [s]
Pmec H Ps δo fn Tn
[pu] [s] [puMW/rad] [graus] [Hz] [s]
0,2 5,0 0,8276 13,59 0,889 1,125
0,8 5,0 0,7406 47,21 0,841 1,189
1,4 5,0 0,5411 68,87 0,719 1,391
103
No item anterior foram analisados cenários com valores distintos de constante de tempo de
inércia da máquina síncrona e coeficiente de potência sincronizante do sistema radial. Para estes
casos de análise são obtidos agora, e mostrados na tabela a seguir, os autovalores das respectivas
matrizes características.
Pmec δo H Ps λ
[pu] [graus] [s] [puMW/rad] [rad/s]
0,2 13,59 5,0 0,8276 -0,050 ± j 5,5855
0,8 47,21 2,0 0,7406 -0,125 ± j 8,3541
0,8 47,21 5,0 0,7406 -0,050 ± j 5,2840
0,8 47,21 10,0 0,7406 -0,025 ± j 3,7364
1,4 68,87 5,0 0,5411 -0,050 ± j 4,5164
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Para este sistema admita os dados da tabela seguinte, que têm como base a potência de 100 MVA.
Despreze as resistências dos equipamentos. A freqüência nominal do sistema é de 60 Hz.
II – Analisar a estabilidade angular de regime permanente do sistema radial. Para tanto admita o
diagrama de blocos da figura a seguir, onde constam para a unidade geradora: uma turbina térmica
sem reaquecimento e um regulador de velocidade com queda.
Capítulo 8
Estudo de Estabilidade
Angular Transitória
Sistema Radial
O presente capítulo considera as principais características dos estudos de estabilidade angular
transitória dos sistemas elétricos de potência. Para tanto é analisada a configuração de máquina
síncrona operando como gerador, ligada a um sistema de potência de grande porte (barramento
infinito). Esta configuração tem como objetivo principal permitir a apresentação das
características básicas dos estudos de estabilidade de ângulo do rotor, através do chamado estudo
clássico de estabilidade, bem como pelo método da igualdade de áreas.
Seja uma máquina síncrona em vazio, submetida a um curto-circuito trifásico em seus terminais:
CC3F
Pode-se analisar o comportamento da mesma através do seguinte circuito elétrico análogo (forma
simplificada):
R L
+ i CC
e CC3F
-
diCC
e = R ⋅ iCC + L .
dt
diCC R E
= - ⋅ iCC + M ⋅ sen ( ω ⋅ t )
dt L L
107
I''m
1
I'm
o ti
u 2
c
ri
3
C- Im
o
rt
u 0
C
e
d
e t
n
e
rr
o
C
0 Tempo
E iCC
+
_
Rf
i F
Vf
Lf
+ I CC
E
-
E
ICC =
Xd
A corrente máxima de regime permanente pode ser obtida através da seguinte expressão:
Em
Imrp =
Xd
A reatância síncrona de eixo direto (Xd) pode ser determinada da seguinte forma:
Xl
Xφ Xd
X d = Xφ +Xl
109
b) Regime Transitório
Xl
XF Xφ X'd
Xφ ⋅ X F
X'd =Xl +
Xφ +XF
X'd
+ I' CC
E
-
E
ICC' =
X'd
Em
I'm =
X'd
c) Regime Subtransitório
Xl
XD XF Xφ X''d
1
X''d =X l +
1 1 1
+ +
Xφ X F X D
X''d < X'd
X''d
+ I'' CC
E
-
E
I''CC =
X''d
Em
I''m =
X''d
ou seja:
-t -t
' ''
im ( t ) = ∆i + ∆i' ⋅ e Td0
+ ∆i'' ⋅ e Td0
Sendo:
LF
• '
Td0 = (constante de tempo associada ao enrolamento de campo);
RF
LD
• ''
Td0 = (constante de tempo associada ao enrolamento amortecedor);
RD
Em
• ∆i = Imrp =
Xd
Em Em
• ∆i' = Im
'
- Imrp = −
X 'd Xd
Em Em
• ∆i'' = Im
'' '
- Im = −
X ''d X 'd
Assim, tem-se:
-t -t
Em ⎡E E ⎤ ' ⎡E E ⎤ ''
im ( t ) = + ⎢ m' − m ⎥ ⋅ e Td0 + ⎢ m'' − m' ⎥ ⋅ e Td0
Xd ⎢⎣ X d X d ⎥⎦ ⎢⎣ X d X d ⎥⎦
Em
para t = 0+: im ( 0+ ) =
X ''d
Em
para t → ∞: imrp =
Xd
-t
Em ⎡E E ⎤ '
im ( t ) = + ⎢ m' − m ⎥ ⋅ e Td0
Xd ⎣⎢ X d X d ⎦⎥
Para tempos de análise de até aproximadamente 500 ms, pode-se considerar o seguinte circuito
elétrico equivalente para uma máquina síncrona de pólos lisos:
112
X'd
+
I
E c V
-
Ra X'd
I
+
E V
-
O modelo da figura 8.7 corresponde ao IEEE (0,0) para a máquina de pólos lisos. Neste modelo
tem-se:
Equações de estado:
dδ
= ω - ωs (8.1)
dt
dω ω
= s . ⎡⎣Pm - Pe - Dm ( ω - ωs ) ⎤⎦ (8.2)
dt 2.H
onde:
E⋅V
Pe = ⋅ sen ( δ )
X 'd
Equação de oscilação:
d2 δ ωs ⎛ E⋅V ⎞
= . ⎜ Pm - ⋅ sen ( δ ) - D ( ω - ω ) ⎟ (8.3)
2.H ⎜⎝ ⎟
m s
dt 2 X 'd ⎠
113
(3) (2)
(1) LT1
P
GRANDE
SISTEMA
LT2
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Assim, podem ser observadas três situações distintas: (a) condição pré-defeito: caracterizada
pela condição operativa existente antes da ocorrência da perturbação; (b) condição durante o
defeito: onde se considera a aplicação do referido impacto, com tipo, localização e duração bem
definidos e (c) condição pós-defeito: que considera a eliminação do defeito através da abertura
simultânea dos disjuntores terminais da linha onde houve a perturbação, ocasionando portanto a
saída de operação da referida linha de transmissão.
Os elementos componentes do sistema podem ser representados através de modelos que vão dos
mais simples aos mais complexos. Desta forma, nas análises que seguem serão admitidas as
seguintes representações:
a) Gerador
Na figura 8.10 tem-se o circuito elétrico equivalente para uma máquina síncrona de pólos lisos:
XS
P
+
E V
-
b)Transformador Elevador
O transformador elevador, que conecta a máquina síncrona à linha de transmissão, pode ser
representado através do modelo simplificado, onde são consideradas a reatância de dispersão
equivalente (XT) e a resistência total dos enrolamentos. Para efeito de simplificação são
desprezadas as resistências dos enrolamentos do transformador no presente modelo. A figura
8.11 descreve tal componente.
XT
V1 V2
c) Linhas de Transmissão
As duas linhas de transmissão do sistema radial são descritas a seguir por um modelo de linha
curta (extensão inferior a 80 km). Também para efeito de simplificação são desprezadas as
resistências.
X LT
V1 V2
d) Grande Sistema
O porte do grande sistema considerado é tal que se pode admitir o sinal de tensão como
invariante, tanto em módulo quanto em ângulo de fase. Portanto, este sistema pode ser
representado por um barramento onde não há variação de tensão e de freqüência. Um barramento
onde a potência de curto-circuito é muito grande (ou infinita). Este barramento é denominado
barramento infinito.
O barramento infinito pode ser representado através de um equivalente de Thévenin, com uma
fonte de tensão constante e impedância nula, como mostra a figura 8.13.
V
-
A figura 8.14 apresenta o diagrama unifilar do sistema radial para a condição pré-defeito.
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Através do diagrama unifilar da figura 8.14, e das considerações simplificadas dos modelos dos
elementos componentes, pode-se desenvolver o circuito elétrico equivalente apresentado na
figura 8.15.
(3) XLT (2)
X'd (1) Xt
P
XLT
E V1 V2
Do circuito elétrico da figura 8.15 é possível observar que a potência fornecida pela máquina (P)
é a mesma que chega no barramento infinito, pois no presente modelo simplificado não são
consideradas as perdas do sistema (não existem resistências). Assim, pode-se escrever que:
V1 .V2
P= .sen(δ1 )
XLT
Xt +
2
1,05 . 1,0
0,8 = .sen(δ1 ) \ δ1 = 13,21o
0,1 + 0,2
Como a tensão da barra (2) é conhecida e está na referência, determina-se a corrente (I) do
circuito elétrico da seguinte forma:
E δ = 1,111 21,09o pu
d)Valores iniciais
Com base nos dados da tabela 8.1 e nos cálculos desenvolvidos no item anterior, tem-se:
Peo = Pmo = 0,8 pu ==> potência elétrica inicial igual a potência mecânica
E = 1,111 pu ==> módulo da tensão interna da máquina síncrona, assumido
como constante durante toda a análise (esta tensão
corresponde à tensão E’q)
o
δo = 21,09 = 0,368 rad ==> deslocamento angular inicial do rotor da máquina síncrona
(corresponde, também, à condição inicial do ângulo de fase da
tensão interna da máquina)
o
V1 = 1,05 13,21 pu ==> tensão terminal da máquina síncrona
V2 = 1,0 0o pu ==> tensão do barramento infinito
A potência reativa recebida pelo barramento infinito, na condição inicial de regime permanente,
pode ser calculada considerando-se δ = δ0 , V = V2 e a reatância síncrona (Xs) pela reatância
equivalente do sistema, ou seja, XEQ = X’d + Xt + XLT/2. Assim procedendo vem:
E.V2 V2
Q2 = .cos(δo ) - 2
XEQ XEQ
Q2 = 0,0732 pu
Já a potência reativa entregue pela máquina síncrona, em seus terminais, é obtida considerando:
V2 = V1 , X EQ = X’d e ainda trocando δ 0 por δ 0 - δ 1 . Desta forma obtém-se:
E.V1 V12
Q1 = .cos(δ o - δ1 ) -
X 'd X 'd
118
Q1 = 0,2652 pu
A equação da potência elétrica fornecida pela máquina síncrona pode ser determinada
considerando-se a tensão V2 e a reatância equivalente do sistema (X EQ). Desta forma, obtém-se:
E.V2
Pe = .sen(δ) (
XEQ
Pe = 2,222.sen(δ) pu
d2 δ ωs E.V2
2
= .[ Pm - .sen(δ)]
dt 2.H XEQ
d2 δ 377
2
= .[ 0,8 - 2,222.sen(δ)]
dt 10
g) Equações de estado
dδ
= ω - ωs
dt
dω ω E.V2
= s .[ Pm - .sen(δ)]
dt 2.H XEQ
dδ
= ω - 377
dt
dω 377
= .[ 0,8 - 2,222.sen(δ)]
dt 10
Para a condição durante o defeito serão desenvolvidos os respectivos diagrama unifilar e circuito
elétrico equivalente. Posteriormente são determinadas as equações da potência elétrica fornecida,
de oscilação e de estado da máquina síncrona. Como o modelo de máquina utilizado é o clássico,
a tensão interna permanece constante durante todo o período de análise, sendo seu valor igual a
1,111 pu.
A figura 8.16 apresenta o diagrama unifilar do sistema radial para a condição durante o defeito,
que é um curto-circuito trifásico franco.
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Através do diagrama unifilar da figura 8.16 e das considerações simplificadas dos modelos dos
elementos componentes, pode-se desenvolver o circuito elétrico equivalente apresentado na
figura 8.17.
X'd (1) Xt
P
XLT
E V1 V
d) Valores iniciais
Peo = Pmo = 0,8 pu ==> potência elétrica igual a potência mecânica, condição de
equilíbrio
Q1 = 0,2652 pu ==> potência reativa fornecida pela máquina síncrona
E = 1,111 pu ==> módulo da tensão interna da máquina. Esta tensão corresponde
à tensão E’q
o
δo = 21,09 = 0,368 rad ==> deslocamento angular inicial do rotor da máquina síncrona
V1 = 1,05 13,21o pu ==> tensão terminal da máquina síncrona
V2 = 1,0 0o pu ==> tensão do barramento infinito
Q2 = 0,0732 pu ==> potência reativa recebida pelo barramento infinito
A equação da potência elétrica fornecida pela máquina síncrona pode ser determinada através da
seguinte expressão:
E.V2
Pe = .sen(δ)
XEQ
Através da figura 8.17 é possível observar que a reatância equivalente do circuito elétrico é
infinita (este valor pode ser encontrado com a aplicação da transformação estrela / delta).
Considerando esta condição tem-se que a potência elétrica transferida da máquina para o
barramento infinito é nula, durante o período de defeito. Logo:
Pe = 0
Para o período durante o defeito, tem-se a seguinte equação de oscilação da máquina síncrona,:
121
d2 δ ωs
= .P
dt 2 2.H m
d2 δ 377
2
= . 0,8 = 30,16 rad/s 2
dt 10
O valor de 30,16 rad/s2 corresponde à aceleração constante sofrida pelo rotor da máquina,
durante o período de defeito. Deve-se observar que neste período toda a energia mecânica
entregue ao eixo da máquina está sendo convertida em energia cinética, com conseqüente
aceleração do rotor.
g) Equações de estado
dδ
= ω - ωs
dt
dω ω
= s . Pm
dt 2.H
dδ
= ω - 377
dt
dω 377
= . 0,8 = 30,16 rad/s2
dt 10
A figura 8.18 apresenta o diagrama unifilar do sistema radial para a condição pós-defeito, onde a
atuação simultânea dos disjuntores terminais retira a LT1 de operação.
(3) (2)
(1)
P
B∞
LT2
Através do diagrama unifilar da figura 8.18, e das considerações simplificadas dos modelos dos
elementos componentes, pode-se desenvolver o circuito elétrico equivalente apresentado na
figura 8.19.
(3) (2)
X'd (1) Xt
P
XLT
E V1 V2
A tensão interna da máquina síncrona permanece constante durante todo o período de análise,
uma vez que se considera a aplicação do modelo clássico de máquina. Conforme foi mencionado
este valor é de E = 1,111 pu.
A equação da potência elétrica fornecida pela máquina síncrona pode ser determinada através da
seguinte expressão:
E.V2
Pe = .sen(δ)
XEQ
123
Da figura 8.19 é possível observar que a reatância equivalente do circuito elétrico é igual a soma
das reatâncias X’d , X t e X LT. Desta forma tem-se X EQ = 0,2 + 0,1 + 0,4 = 0,7 pu.
Como E = 1,111 pu, V2 = 1,0 pu e X EQ = 0,7 pu, a equação da potência elétrica pós-defeito pode
ser escrita como sendo:
Pe = 1,587.sen (δ)
d2 δ 377
2
= .[ 0,8 - 1,587.sen(δ)]
dt 10
f) Equações de estado
dδ
= ω - 377
dt
dω 377
= .[ 0,8 - 1,587.sen(δ)]
dt 10
Com base nas 3 condições operativas: pré, durante e pós defeito, pode-se desenvolver o seguinte
conjunto de curvas P-δ.
Com o intuito de garantir a estabilidade angular transitória do sistema, a proteção deve promover
a atuação dos disjuntores terminais da linha em curto-circuito, eliminando o defeito. A
estabilidades poderá ser garantida se o tempo de eliminação da perturbação for adequado (rápida
atuação da proteção).
124
Através da solução das equações de estado, que representam as condições pré, durante e pós-
defeito, é possível obter características no domínio do tempo, referentes às variáveis δ e ω. Desta
forma é possível avaliar a estabilidade angular transitória do sistema considerado.
A seguir é apresentada uma síntese das equações de estado obtidas para o caso em análise.
dδ
= ω - 377
dt
dω 377
= .[ 0,8 - 2,222.sen(δ)]
dt 10
dδ
= ω - 377
dt
dω 377
= . 0,8
dt 10
c) Condição pós-defeito: t ≥ t e
dδ
= ω - 377
dt
dω 377
= .[ 0,8 - 1,587.sen(δ)]
dt 10
As equações anteriores podem ser resolvidas através de métodos numéricos. No entanto, existem
vários programas de simulação no tempo que executam estas funções, como por exemplo:
MATLAB, SIMULINK, SIMNON, TUTSIM, CSMP, etc.
A seguir na figura 8.21 tem-se um diagrama de simulação do programa Matlab que pode ser
implementado para simular a condição de defeito. Pode-se através dessa simulação avaliar a
estabilidade do sistema alterando-se o tempo de abertura da linha.
125
P b
8
Xe
V=V∠0°
d2 δ ωs
2
= . (Pm - Pe )
dt 2.H
A equação diferencial anterior não pode ser resolvida diretamente, uma vez que Pe é uma função
não-linear do ângulo δ. Definindo Pa = Pm – Pe, como sendo a potência acelerante, tem-se
126
d2 δ ωs
2
= . (Pa )
dt 2.H
dδ d2 δ ω .(P ) dδ
2. . = s a .
dt dt 2 H dt
2
d ⎡ dδ ⎤ ω .(P ) dδ
⎢ ⎥ = s a .
dt ⎣ dt ⎦ H dt
2
⎡ dδ ⎤ ω .(P )
d ⎢ ⎥ = s a .dδ
⎣ dt ⎦ H
Integrando vem:
2
⎡ dδ ⎤ ⎡ ωs .(Pa ) ⎤
⎢ dt ⎥ =
⎣ ⎦
∫ ⎢ H ⎥ .dδ
⎣ ⎦
δmáx
dδ ω
dt
= s ⋅
H ∫ Pa ⋅ dδ
δ0
Através da figura 8.23 pode-se observar que inicialmente o deslocamento angular do rotor é
constante e igual a δ0 , portanto, nesta condição a variação dδ/dt é nula. No entanto, o ângulo δ
irá sofrer variações em resposta à perturbação ocorrida no sistema. Se o ângulo do rotor atingir
um determinado valor máximo, em sua excursão no tempo, e em seguida começar a reduzir, é
sinal de que o sistema suportou o impacto, tendo alcançado a condição dδ/dt=0 na situação de
deslocamento angular máximo (δmax). A característica 2, indicada na figura, mostra que o sistema
não suportou a perturbação, tornando-se transitoriamente instável.
127
2
δ
ωs dδ
δmax dt
=0
δ1
1
δ0 ωs
t
Figura 8.23 – Característica δ = f(t)
δmáx
dδ ω
dt
= s ⋅
H ∫ Pa ⋅ dδ =0
δ0
δmax
∫δ o
(Pa ).dδ = 0
onde:
• δ0 = deslocamento angular inicial do rotor
• δmax = deslocamento angular máximo do rotor
Para se entender o significado da expressão vista anteriormente, tem-se a seguir a figura 8.24, na
qual A1 corresponde a uma área de aceleração e A2 a uma área de desaceleração.
ωs
A1
ω máx
δ0 δ
A2
8.3.1 Aplicações
a) Caso 1 – Perturbação sem defeito:
(1) LT1
P
B∞
LT2
(1)
P
B∞
LT2
Característica P-δ:
P
Pmáx
P e pré
P'máx P e pós
A2 Pm
P1
A1
δ0 δ1 δmáx π/2
δ
onde:
• P1 = valor da potência mecânica;
129
Admitindo agora uma outra condição de operação do sistema, onde a máquina está com uma
potência mecânica P2 , de tal forma que P2 > P1 , vem:
P
Pmáx
P e pré
P'máx P e pós
A1 A2 Pm
P2
onde:
• P2 = novo valor da potência mecânica;
• δ0’ = ângulo do rotor correspondente à P2, anterior à perturbação;
• δ1 = ângulo do rotor correspondente à P2, após à perturbação;
• A1 = área de aceleração;
• A2 = área de desaceleração
Como pode-se observar através da figura 8.28, o impacto para esta nova condição operativa é
mais severo. Isto ocorre devido ao maior valor da potência despachada (P2 > P1).
Admitindo, ainda, outra condição de operação do sistema, onde a máquina síncrona está
despachada com uma potência mecânica P3 , de tal sorte que P3 > P2 , obtém-se:
130
P
Pmáx
P e pré
P'máx A2
P e pós Pm
P3
A1
onde:
• P3 = novo valor da potência mecânica;
• δ0’’ = ângulo do rotor correspondente à P3, anterior à perturbação;
• δ1 = ângulo do rotor correspondente à P3, após à perturbação;
• A1 = área de aceleração;
• A2 = área de desaceleração.
Pode-se observar, na figura 8.29, que o impacto para a carga P3 é ainda mais severo, devido à
condição inicial operativa, em que P3 > P2 . Observa-se também, que durante o período
transitório o ângulo da máquina supera os 90º.
Seja considerar agora uma nova condição operativa para o sistema, onde a máquina síncrona tem
uma potência mecânica P4 , sendo P4 > P3.
P
Pmáx
P e pré
P'máx A2
ωs P e pós Pm
P4 ωs
A1
onde:
• P4 = novo valor da potência mecânica;
131
O impacto para a carga P4 é ainda mais severo, devido ao valor da potência inicialmente
despachada (P4). Observa-se que o sistema atinge seu limite de estabilidade angular
transitória.
Por fim, admitindo uma condição inicial operativa do sistema, com uma potência despachada P5 ,
tal que P5 > P4 , vem:
P
Pmáx
P e pré
P'máx ωs A 2 P e pós
Pm
P5
A3
A1
δ0'' π/2
δ
onde:
• P5 = novo valor da potência mecânica;
• δ0’’ = ângulo do rotor correspondente à P5, anterior à perturbação;
• A1 = área de aceleração;
• A2 = área de desaceleração;
• A3 = área de aceleração;
O impacto para a carga P5 leva o sistema a uma condição de instabilidade angular transitória.
132
(1) LT1
P
B∞
LT2
Dados:
Tabela 8.2 - Dados do Sistema Radial.
a) Condição pré-perturbação:
(3) XLT (2)
X'd (1) Xt
P
XLT
E V1 V2
XLT
XEQ = X 'd + X t + = 0,5 pu
2
1,111 . 1,0
Pepré = .sen(δ)
0,5
Pepré = 2,222.sen(δ) pu
133
b) Condição pós-perturbação:
(3) (2)
X'd (1) Xt
P
XLT
E V1 V2
1,111 . 1,0
Pepós = .sen(δ)
0,7
Pepós = 1,587.sen(δ) pu
Pepré = 2,222.sen(δ) pu
Pepós = 1,587.sen(δ) pu
d) Característica P-δ:
P
2.222
P e pré
1.587 P e pós
ωs
ωs Pm
0.8
A1 A2
δ0 δ1 δmáx π/2
δ
δ1
A1 = ∫δ o
(0,8 - 1,587 . sen(δ) . dδ
⎧ δ =30,27°
0,8 = 1,587 . sen(δ1 ) ⎨ 1
⎩δ1 =0,528 rad
A1 = 0, 01793
δmáx
A2 = ∫δ (1,587 . senδ - 0,8 )
1
. dδ = A1
Logo, vem:
δmáx = 39,72°
135
Seja o seguinte sistema radial submetido a um curto-circuito através de uma reatância Xf.
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
P
PM
Pepré
PMPF Pe pós
A2
Pm
P0
A1
PMF Pe dur
δ0 δc π/2 δmáx
δ
Figura 8.37 – Característica P-δ.
onde:
• PM = potência máxima pré-falta;
• PMF = potência máxima durante a falta;
• PMPF = potência máxima pós-falta;
• Pm = potência mecânica;
• δ0 = deslocamento angular inicial (condição de equilíbrio).
δc
A1 = ∫δ ⎡⎣Pm - PMF . sen ( δ ) ⎤⎦ . dδ
o
δmáx
A2 = ∫δ ⎡⎣PMPF . sen ( δ ) - Pm ⎤⎦ . dδ
c
A1 = A 2
Pm .δc - Pm .δ0 + PMF . cos ( δc ) - PMF . cos ( δ0 ) = PMPF .cos ( δ c ) - PMPF .cos ( δmáx ) - Pm .δmáx +Pm .δc
Observação: A expressão acima é válida somente para a condição PMF < Pm.
P
PM
Pepré
PMPF Pe pós
A2
Pm
P0
A1
Pe dur
δ0 δc π/2 δmáx
δ
Figura 8.38 – Característica P-δ para CC3F Franco.
Determinação de δc:
(3) (2)
(1) LT1
P
B∞
LT2
Dados:
Tabela 8.2 – Dados do Sistema Radial.
Pepré = 2,222.sen(δ) pu
Pepós = 1,587.sen(δ) pu
1,111 . 1,0
Pedur = .sen(δ)
6,5
XEQ = ∞
Pedur = 0
Caso Xf = 0,01 pu
P
2,222
Pe pré
1,587 Pe pós
A2
Pm
0,8
A1
Pe dur
0,1709
δ0 δc π/2 δmáx
δ
Figura 8.41 – Característica P-δ para Xf = 0,01 pu
0, 8
sen ( δmáx ) =
1,587
logo,
δc = 79,2°
139
Caso Xf = 0
Observação:
Para CC3F franco é possível obter, além do ângulo, o tempo crítico de eliminação do defeito,
com base no critério de igualdade de áreas.
Pedur = 0
Como,
dω ω
= s . (Pm - Pe )
dt 2.H
tem-se,
dω ω
= s . (Pm )
dt 2.H
Assim,
ωs
dω = . (Pm ) . dt
2.H
Integrando, vem:
ω t
ωs
∫ dω = . (Pm ) . ∫ dt
ω0
2.H 0
Portanto:
ωs .Pm
ω = ωs + .t
2.H
Mas,
dδ
= ω - ωs
dt
140
Logo,
dδ ω .P
= s m .t
dt 2.H
ωs .Pm
dδ = . t . dt
2.H
Integrando, obtém-se:
δ
ωs .Pm t
∫ dδ = 2.H
. ∫ t . dt
δ0 0
ωs .Pm t2
δ - δ0 = .
2.H 2
ωs .Pm
δ = δ0 + . t2
4.H
4.H. ( δ - δ0 )
t2 =
ωs .Pm
4.H. ( δ - δ0 )
t=
ωs .Pm
4.H. ( δ c - δ0 )
tc =
ωs .Pm