Uma Questão de Honra
Uma Questão de Honra
Uma Questão de Honra
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
Capítulo 1
O PRINCÍPIO DA HONRA
Capítulo 2
A LEI DAS PRIMÍCIAS
Capítulo 3
O SACO FURADO
Capítulo 4
A QUESTÃO DO DINHEIRO
Capítulo 5
APRENDENDO O CONTENTAMENTO
Capítulo 6
INTEGRIDADE NAS FINANÇAS
Capítulo 7
DIFERENTES NÍVEIS DE CONTRIBUIÇÃO
Capítulo 8
CELEBRANDO A REDENÇÃO
Capítulo 9
ENTENDENDO A MORDOMIA
Capítulo 10
ALGUMAS LEIS DA CONTRIBUIÇÃO
Capítulo 11
SEMEADURA E CEIFA
Capítulo 12
DAR E RECEBER
Capítulo 13
DISCERNINDO O CORPO DE CRISTO
AGRADECIMENTOS
O PRINCÍPIO DA HONRA
“Se uma pessoa adquire a atitude correta em relação ao
dinheiro, isso ajudará a endireitar quase todas as outras
áreas de sua vida.”
(Billy Graham)
SEMENTE DE BÊNÇÃOS
Na verdade, a entrega das primícias é uma
semente que dá acesso às bênçãos de Deus. O
Senhor fez uma promessa a Abraão e à sua
descendência. Mas, como Paulo escreveu aos
romanos, a forma de santificarmos o restante de
alguma coisa é santificando ao Senhor as suas
primícias. Portanto, Deus, que Se move por Seus
princípios, pediu a Abraão as primícias de sua
descendência: Isaque. Depois, Ele passou a
defender toda a descendência de Abraão como se
todos fossem aquele primogênito entregue. Veja a
mensagem que Deus deu para Moisés entregar ao
Faraó egípcio:
“Dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu
filho, meu primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu
filho, para que me sirva; mas, se recusares deixá-lo ir,
eis que eu matarei teu filho, teu primogênito.”
Êxodo 4.22,23
Deus mandou Moisés dizer que Israel era Seu
primogênito (fruto da consagração das primícias de
Abraão), e que, se Faraó não o libertasse, então os
primogênitos do Egito é que sofreriam. E foi o que
aconteceu. Mas, num registro posterior, no Livro de
Salmos, observe como é descrito o juízo divino
sobre os primogênitos egípcios:
“Feriu todos os primogênitos no Egito, primícias da
força deles nas tendas de Cão.”
Salmos 78.51 (TB)
“Também feriu de morte a todos os primogênitos
da sua terra, as primícias do seu vigor.”
Salmos 105.36
Em ambos os casos eles são chamados de “as
primícias” dos egípcios. Isto faz com que
entendamos a mensagem de Moisés a Faraó em
Êxodo 4.22,23 da seguinte maneira: “Assim diz o
Senhor: Israel é o Meu primogênito, as primícias
consagradas de Meu servo Abraão. Liberta-o para que
Me sirva, senão Eu julgarei os teus primogênitos,
primícias da tua força”.
A prática da Lei das Primícias (ou a falta dela)
sempre traz consequências espirituais. Honrar ao
Senhor com a entrega das primícias traz bênçãos,
mas brincar com Deus no tocante a isto gera juízo!
CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS
O melhor ensino que já encontrei sobre a questão
das primícias foi no livro “Quando Deus é Primeiro”
(editado em português pela Willën Books) do
pastor Mike Hayes. A sua leitura ampliou o meu
horizonte acerca das primícias, e eu o recomendo
de coração. Ele me abriu os olhos para o que foi de
fato o pecado cometido por Acã em Jericó.
Jericó era a primeira cidade a ser conquistada em
Canaã. Portanto, de acordo com a Lei das
Primícias, o despojo de guerra não era deles, e sim
do Senhor:
“Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas,
para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e
assim torneis maldito o arraial de Israel e o
confundais. Porém toda prata, e ouro, e utensílios de
bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão
para o seu tesouro.”
Josué 6.18,19
Os israelitas estavam proibidos de se
apropriarem de qualquer coisa em Jericó. Os
tesouros deveriam ir para o Templo, e as demais
coisas (chamadas de coisas condenadas) deveriam
ser destruídas.
A Concordância de Strong mostra que a palavra
hebraica traduzida aqui como “condenadas” é
“cherem”, que significa: “uma coisa devotada, uma
coisa dedicada, proibição, devoção, algo que foi
completamente destruído ou designado para
destruição total”. Ela tem como raiz a palavra
hebraica “charam”, que por sua vez quer dizer:
“consagrar, devotar, dedicar para destruição”.
Algumas traduções bíblicas, como a Versão
Corrigida de Almeida, traduzem esta palavra como
“anátema”, podendo sugerir que a razão pela qual
os bens de Jericó não poderiam ser possuídos era o
fato de serem amaldiçoados. A definição bíblica, no
entanto, era a de algo consagrado à destruição.
Isto poderia trazer maldição, pela quebra de um
princípio, mas não era uma coisa maldita em si
mesma. Assim como o primogênito da jumenta,
que não podia ser sacrificado e tinha que ser
resgatado ou desnucado, assim também Deus
especificou o que Ele queria que fosse dedicado a
Ele e o que Ele queria que fosse destruído. O
importante não era a descoberta de um uso para
aquelas coisas, e sim não tocar no que era sagrado:
as primícias do Senhor. E o exército de Israel
obedeceu a ordem que lhes foi dada:
“Porém a cidade e tudo quanto havia nela,
queimaram-no; tão-somente a prata, o ouro e os
utensílios de bronze e de ferro deram para o tesouro
da Casa do Senhor.”
Josué 6.24
Um soldado, no entanto, desobedeceu a ordem
que o Senhor havia dado:
“Prevaricaram os filhos de Israel nas coisas
condenadas; porque Acã, filho de Carmi, filho de
Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá, tomou das
coisas condenadas. A ira do Senhor se acendeu contra
os filhos de Israel.”
Josué 7.1
A consequência da quebra deste princípio foi que
a bênção para as demais conquistas foi retirada de
sobre Israel. Eles foram derrotados na próxima
batalha, que exigia muito pouco deles, pois a Lei
das Primícias não havia sido obedecida.
Quando santificamos as primícias de alguma
coisa ao Senhor, também santificamos o restante
daquilo de que foi tirada. Portanto, inversamente,
quando roubamos a Deus nos primeiros frutos,
também perdemos a Sua bênção no restante!
Este princípio funciona em todas as áreas. Ao
separarmos um tempo pela manhã para buscarmos
a Deus e oferecermos em nosso tempo devocional
as primícias do nosso dia, também estamos
santificando o restante do dia ao Senhor.
Semelhantemente, quando separamos as primícias
da nossa renda, também estamos santificando o
restante da nossa renda a Deus!
O PRIMEIRO DIA
“Disse mais Jeová a Moisés: Fala aos filhos de
Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra que eu
vos hei de dar, e comerdes as suas searas, trareis ao
sacerdote um molho das primícias da vossa seara. Ele
moverá o molho diante de Jeová, para que seja aceito
a vosso favor; no dia depois do sábado o moverá.”
Levítico 23.9-11 (TB)
A entrega do molho das primícias ao sacerdote
tinha um dia certo para ser feita. A Tradução
Brasileira diz: “no dia depois do sábado”. A Versão
Atualizada de Almeida usa o termo “no dia
imediato ao sábado”, e a Versão Corrigida de
Almeida diz: “ao seguinte dia do sábado”.
Todas estas frases são claras e apontam para um
dia certo: o domingo. Não creio que este princípio
santifique o domingo, como o fazia com o sábado
no Antigo Testamento, mas ele revela que a entrega
dos primeiros frutos deve ser feita no primeiro dia
da semana.
Por que é importante observarmos isto?
Porque temos que dimensionar qual é a aplicação
prática da simbologia deste princípio hoje. E,
referindo-se à simbologia da Lei das Primícias, o
apóstolo Paulo declara aos coríntios um fato
importante acerca da ressurreição de Jesus:
“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos,
sendo ele as primícias dos que dormem.”
1 Coríntios 15.20
A ressurreição de Jesus Cristo é vista como um
cumprimento da tipologia das primícias, e
aconteceu no dia depois do sábado (Mt 28.1).
Porém, cinquenta dias depois desta oferta de
primícias, era necessário que uma nova celebração
fosse feita ao Senhor, a qual também caía num
domingo, depois de sete sábados da entrega da
primeira oferta de primícias.
“Depois, para vós contareis desde o dia seguinte ao
sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da
oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia
seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias;
então, oferecereis nova oferta de manjares ao
Senhor.”
Levítico 23.15,16 (ARC)
Este era o significado da Festa de “Pentecostes”
(que significa “cinquenta”), a qual era celebrada
cinquenta dias depois da entrega dos primeiros
frutos. Esta festa, mesmo sendo celebrada depois de
sete semanas, ainda era uma extensão da Festa das
Primícias (Lv 23.17). E isto também aparece no
cumprimento da tipologia do Antigo Testamento
no Novo Testamento:
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos
reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um
som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a
casa onde estavam assentados. E apareceram,
distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e
pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram
cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras
línguas, segundo o Espírito lhes concedia que
falassem.”
Atos 2.1-4
A Igreja recebeu o selo da aprovação divina
numa festa que era uma extensão da celebração das
primícias. Esta é a razão pela qual também
passamos a ser chamados de primícias para o
Senhor.
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela
palavra da verdade, para que fôssemos como que
primícias das suas criaturas.”
Tiago 1.18
Portanto, a aplicação da Lei das Primícias não é
somente financeira, ou literal, mas também
simbólica, pois somos chamados de “primícias”.
E qual é a relação que o Novo Testamento faz
entre as nossas contribuições e esta figura?
Paulo escreveu aos coríntios, fazendo uma destas
aplicações simbólicas quanto às ofertas:
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também
como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia
da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa,
conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que
se não façam coletas quando eu for.”
1 Coríntios 16.1,2
A orientação apostólica do dia específico para
esta contribuição continua sendo o dia seguinte ao
sábado: o domingo. Parece-me que a ideia das
primícias abordada no Novo Testamento não se
prende tanto ao fato de ser o ganho do primeiro dia
ou o primeiro décimo da renda que está sendo
entregue. O que precisa ser destacado é que eles
separavam a parte de Deus no primeiro dia da
semana. Ou seja, eles a entregavam em caráter de
primazia.
O que aprendemos com isto é que não importa
tanto se é o ganho do primeiro dia dado à parte, ou
se são os dízimos e ofertas entregues em caráter de
primazia. O mais importante é darmos primeiro a
parte de Deus, antes de gastarmos com as outras
coisas. Ao falar sobre a entrega das primícias, o
Senhor instruiu claramente aos israelitas:
“Não comereis pão, nem trigo torrado, nem espigas
verdes, até ao dia em que trouxerdes a oferta ao vosso
Deus; é estatuto perpétuo por vossas gerações, em
todas as vossas moradas.”
Levítico 23.14
Ninguém comia do fruto do seu trabalho antes
de entregar os primeiros frutos ao Senhor. Creio
que os dízimos e as ofertas devem ser o item
“número um” no plano de contas do nosso
orçamento. Além de ser dados primeiro, eles
devem refletir o fato de que Deus vem em primeiro
lugar. Este é o ponto mais importante. Por outro
lado, ofertar o ganho do primeiro dia do mês
também pode ser uma forma de se observar esta lei
bíblica. Quando honramos ao Senhor com as
primícias da nossa renda, Ele também nos honra
em nossas finanças. Por outro lado, quando
pensamos somente em nós mesmos, e não nos
preocupamos com as coisas do Senhor, também
ferimos a Sua primazia e perdemos as Suas
bênçãos.
É o que ocorreu nos dias de Ageu, quando ele
profetizou que o povo israelita só se preocupava
com as suas casas, enquanto a Casa do Senhor
estava em ruínas. E justamente por colocarem-se a
si mesmos em primeiro lugar e deixarem a Deus
por último é que eles perderam as bênçãos divinas.
O SACO FURADO
“Não darei nenhum valor a qualquer coisa que eu tenha ou
venha a possuir, a não ser que tenham valor para o Reino de
Cristo.”
(David Livingstone)
OS ABALOS DE DEUS
Você já ouviu falar dos abalos de Deus?
Eles são o modo como Deus faz com que as
nossas vidas sejam sacudidas, para que as coisas
abaláveis sejam removidas e as inabaláveis
permaneçam. O escritor de Hebreus foi
divinamente inspirado para falar deste assunto:
“Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se
não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem
divinamente os advertia sobre a terra, muito menos
nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos
adverte, aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora,
porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por
todas farei abalar não só a terra, mas também o céu.
Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas, significa
a remoção dessas cousas abaladas, como tinham sido
feitas, para que as cousas que não são abaladas
permaneçam. Por isso, recebendo nós um reino
inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a
Deus de modo agradável, com reverência e santo
temor; porque nosso Deus é um fogo consumidor.”
Hebreus 12.25-29
Vemos que a rebeldia dos que não dão ouvidos à
voz divina será repreendida com abalos. Note que
não estamos falando sobre Deus recompensar aos
fiéis com os Seus abalos, e sim dos que rejeitam a
voz de Deus, ou seja, a Sua Palavra. O salmista
escreveu acerca disto:
“Deus... tira os cativos para a prosperidade; só os
rebeldes habitam em terra estéril.”
Salmos 68.6b
O tratamento e a correção de Deus em nossas
vidas vêm justamente às áreas onde ainda não
estamos correspondendo com o que Ele diz em Sua
Palavra.
A Bíblia fala claramente sobre Deus trazendo os
Seus abalos. O texto fala de tremores de terra
produzidos por terremotos. E, simbolicamente,
mostra que as perdas não são oriundas apenas de
um saquitel furado, mas de abalos que Deus traz
sobre o Seu povo.
Ageu foi a primeira voz profética que se levantou
entre os israelitas depois do Exílio na Babilônia. A
reconstrução do Templo fora interrompida e estava
parada por cerca de quinze anos; o povo não se
envolvia na retomada da restauração, dizendo que o
tempo de reconstruir a Casa de Deus ainda não
havia chegado. Então o Senhor o enviou com uma
mensagem de repreensão ao Seu povo, mostrando
que, enquanto eles não se importassem com o
estado da Sua Casa, Ele prosseguiria abalando a
vida financeira deles:
“Esperastes o muito, e eis que o muito veio a ser
pouco, e este pouco, quando o trouxeste para casa, eu
com um assopro o dissipei. Por quê?, diz o Senhor dos
Exércitos; por causa da minha casa, que permanece
em ruínas, ao passo que cada um de vós corre por
causa da sua própria casa. Por isso os céus sobre vós
retém o seu orvalho, e a terra os seus frutos. Fiz vir a
seca sobre a terra e sobre os montes; sobre o cereal,
sobre o vinho, sobre o azeite e sobre o que a terra
produz; como também sobre os homens, sobre os
animais e sobre todo o trabalho das mãos.”
Ageu 1.9-11
É muito estranho vermos Deus dizendo que Ele
fez com que o muito esperado se tornasse pouco na
colheita do Seu povo e, ainda depois, que Ele
assoprou sobre o pouco, fazendo-o dissipar-se.
Não combina com a atual mensagem de
prosperidade o fato de Deus mandar os céus
reterem o orvalho e a terra reter o seu fruto, nem
tampouco Ele fazer vir a seca!
Mas Deus fez tudo isto.
Por quê?
Porque é somente com Deus abalando as coisas
naturais na vida do Seu povo que as coisas
espirituais teriam o seu lugar. Eles só estavam
pensando em si mesmos e haviam abandonado a
restauração da Casa do Senhor, mas Deus
conseguiu recuperar a atenção e o serviço deles de
uma forma muito especial.
Quando o escritor de Hebreus escreveu sobre as
coisas abaláveis que seriam removidas, ele também
falou sobre as inabaláveis que permaneceriam, e
então ele acrescentou que recebemos um reino
inabalável! Ou seja, quando estamos sufocando as
coisas espirituais por uma dedicação voltada
somente ao que é natural, Deus pode fazer tremer o
que é abalável, o natural, para que, caindo estas
coisas, permaneça em nossas vidas somente o que é
espiritual, e então a nossa reconstrução poderá
começar a partir deste ponto.
De nada adianta edificarmos somente para nós
mesmos. Devemos edificar para o Senhor em
nossas vidas, pois, quando os abalos de Deus
vierem, só ficará de pé o que construímos para o
Senhor, e o que é nosso, o que é humano, cairá. Em
Lucas 14.28-30, Jesus assemelhou a vida cristã à
edificação de uma torre, mostrando que também
edificamos no plano espiritual.
Tenho percebido isto, não somente em minha
própria vida e igreja, mas também em contato com
muitas outras igrejas e pastores. É um fato! Tal qual
nos dias de Ageu, quando nos esquecemos das
coisas de Deus e queremos buscar somente as
nossas próprias coisas, Deus não apenas deixa de
ter um compromisso de nos abençoar, como
também Ele pode nos julgar e disciplinar, uma vez
que a responsabilidade de edificar o Reino de Deus
é nossa.
Porém, quando agimos de forma correta e
colocamos o Senhor em primeiro lugar, tudo muda.
A bênção e a provisão divina fluem milagrosa e
abundantemente.
Por que Deus estava sacudindo as finanças do
Seu povo naqueles dias depois do Exílio?
Porque os israelitas haviam se tornado egoístas e
descomprometidos com o Reino de Deus, e o
propósito destes abalos era mudar a atitude do
povo.
Quando eles compreenderam que os abalos eram
uma forma de Deus fazê-los voltar a investir em
Sua Casa, eles se animaram a obedecê-Lo, fiados na
promessa de que desta forma a prosperidade viria
sobre eles.
Numa de suas profecias, Ageu deixa claro que os
abalos visavam trazer a Deus os recursos
financeiros necessários para a restauração de Sua
Casa:
“Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma
vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o
mar, e a terra seca; farei abalar todas as nações e as
cousas preciosas de todas as nações virão, e encherei
de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos. Minha
é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos. A
glória desta última casa será maior do que a primeira,
diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz,
diz o Senhor dos Exércitos.”
Ageu 2.6-9
Deus nunca está contra o Seu povo. Estes abalos
visavam corrigí-los e tratá-los, e não destruí-los.
Tão logo voltaram a cumprir a vontade de Deus,
eles foram abençoados. Quando o Livro de Hebreus
fala sobre os abalos de Deus, ele também fala sobre
“retermos a graça” (Hb 12.28), pela qual servimos a
Deus de forma agradável. “Reter” significa “não
perder, não desperdiçar”. Isto nos mostra que,
mesmo em meio aos abalos divinos, podemos estar
sob a graça de Deus, desde que não nos rebelemos,
insistindo em deixar os nossos valores invertidos,
de forma contrária aos valores da Palavra.
Quando somos abalados pelo tratamento divino,
devemos corresponder em obediência e mudança
de mente, de atitude. Ao obedecermos, a disciplina
dará lugar à bênção do Senhor. Embora Deus
houvesse abalado a vida financeira deles, Ele o fez
somente até que eles voltassem a priorizar o Reino
de Deus. Ele abalou as coisas abaláveis, para que as
inabaláveis permanecessem.
Talvez a sua vida esteja sendo abalada pelo
Senhor, e você não sabe o que fazer; aliás, não há
realmente nada a fazer quando os abalos divinos
chegam, a não ser permanecermos firmes e
reconstruirmos a partir do que sobrou. Deus quer
mudar os nossos valores, levando-nos a colocarmos
o Reino d’Ele em primeiro lugar. E, quando o
fazemos, o processo é invertido, e então Ele nos
abençoa e nos leva à reconstrução de tudo o que
ruiu, porém com novos alicerces.
Para muitos de nós é difícil vermos Deus agindo
em meio a um desmoronamento geral em nossas
vidas. É lógico que não estamos falando do melhor
de Deus para nós, e sim de correção. O plano do
Senhor é abençoar-nos, fazer o melhor para nós.
Creio que o Pai prefere não ter que abalar as nossas
vidas. Contudo, é devido à dureza dos nossos
corações que Ele nos trata desta maneira. Não
haveria abalos corretivos se não nos desviássemos
da Sua vontade; eles sempre ocorrem quando algo
está errado em nossa forma de agirmos. E a
intensidade dos abalos sempre virá em proporção
direta à nossa distorção de valores ou à nossa
resistência ao Senhor e ao Seu plano. Não será
maior e nem menor do que necessitamos.
O “saco furado” em nossa vida financeira é
resultado da quebra da Lei das Primícias; é agirmos
sem darmos a Deus a primazia. Se Deus estiver em
primeiro lugar, seremos abençoados, mas, se não
dermos a Ele a primazia, seremos julgados com
maldição. Portanto, já é hora de mudarmos a nossa
postura quanto à questão de investirmos na obra do
Senhor. Ele honra os que O honram, mas os que O
desprezam, Ele também desprezará!
Capítulo 4
A QUESTÃO DO DINHEIRO
“O uso dos bens materiais é um teste de caráter. Aqueles que
não podem usá-los com sabedoria não merecem ter
responsabilidades espirituais.”
(D. L. Moody)
QUEBRANDO O SENHORIO
DO DINHEIRO
A Bíblia é clara ao revelar-nos que o dinheiro
pode ser um concorrente ao senhorio de Cristo em
nossas vidas:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se
a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e
às riquezas.”
Mateus 6.24
A única coisa que Jesus mostrou que disputa com
o senhorio de Deus em nós foi justamente o
dinheiro (ou as riquezas). Dar a Deus não é apenas
uma das formas de honrá-Lo, mas também de
mantermos esta área sob disciplina.
Já vimos que Deus não está interessado em nosso
dinheiro, e sim na honra que Lhe conferimos. Mas
por que Deus deseja ser honrado justamente com
os nossos bens? Qual a importância deste tipo
específico de honra?
Quando conseguimos honrar ao Senhor
justamente nesta área, que é a que mais domina e
prende o nosso coração, estamos cumprindo o
verdadeiro sentido da palavra “honrar”: “fazer
distinção e colocá-Lo acima dos nossos maiores
valores”.
Temos que aprender a dar, porque amamos mais
a Deus do que aos nossos bens, e não por causa da
utilidade da oferta em si.
Fico pensando qual seria a minha reação se eu
visse algum irmão na igreja queimando alguns
maços de notas de cem reais num culto de
adoração (Por favor não faça isto!). Contudo, o que
Maria de Betânia fez foi algo parecido! Ela não
deixou que fosse aproveitado nem o vaso! Não
acredito que devemos cultivar uma atitude de
desperdício, mas que devemos aprender a dar,
independentemente de haver ou não proveito para
o dinheiro dado.
Dar somente para dizermos a Deus que Ele está
acima do dinheiro em nossas vidas já seria uma
motivação suficiente para ofertarmos. Contudo,
além de honrá-Lo, o Senhor ainda permite que o
dinheiro seja utilizado no avanço do Seu Reino e
que redunde em bênçãos para o que dá. Mas,
certamente, precisamos mudar a nossa mentalidade
acerca deste assunto e assumir a ótica de Deus para
as nossas ofertas. Essa postura do coração será
profundamente abençoadora.
Eu gosto da figura encontrada numa das formas
de entrega das ofertas na Igreja do Livro de Atos.
Vemos as Escrituras Sagradas afirmando que os
irmãos não mais deixavam as suas ofertas num
gazofilácio, como antes se costumava fazer no
Templo, mas agora as deixavam aos pés dos
apóstolos:
“Não havia, pois, entre eles necessitado algum;
porque todos os que possuíam herdades ou casas,
vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o
depositavam aos pés dos apóstolos. Então, José,
cognominado, pelos apóstolos, Barnabé (que,
traduzido, é Filho da Consolação), levita, natural de
Chipre, possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o
preço, e o depositou aos pés dos apóstolos.”
Atos 4.34,36,37
“Mas um certo varão chamado Ananias, com
Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade e reteve
parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e,
levando uma parte, a depositou aos pés dos
apóstolos.”
Atos 5.1,2
Ao fazer esta observação, não estou sugerindo
que tenhamos que mudar a forma de entregarmos
as contribuições em nossas igrejas, e sim chamar a
sua atenção para um detalhe importante.
Justamente nesta área financeira, que é tão delicada,
eles pareciam dizer que o dinheiro não era senhor, e
sim um servo, que ele estava sujeito aos seus pés. É
desta visão que precisamos ser imbuídos!
Desta forma, o dinheiro não governará as nossas
vidas. Pelo contrário, nós é que o governaremos,
como também aos atrativos que ele tenta trazer aos
nossos corações. Ele pode ser senhor ou servo na
vida do homem. Só depende do coração de cada
um de nós!
A PALAVRA DE DEUS PODE SER
SUFOCADA
Uma outra particularidade sobre o dinheiro e os
danos que ele pode produzir na vida do cristão é
vista na Parábola do Semeador. Jesus fala sobre a
semente da Palavra de Deus caindo em quatro tipos
de solos, e um deles é o terreno espinhoso:
“E outra caiu entre espinhos, e os espinhos
cresceram e sufocaram-na.”
Mateus 13.7
Os espinhos não parecem tão perigosos à
semente no início. O problema é o que acontece
com o passar do tempo e o fato de os espinhos não
terem sido removidos: eles crescem a ponto de
sufocarem a Palavra de Deus. Esta foi a
interpretação que o Senhor deu a seguir:
“E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a
palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução
das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”
Mateus 13.22
Do mesmo modo que o Diabo apelou para esta
área ao oferecer a Jesus (na tentação do deserto) a
glória e os reinos deste mundo, assim também ele
fará conosco. Porém, da mesma forma gloriosa
com que Cristo venceu o Maligno, rejeitando as
suas propostas, assim também devemos fugir dos
seus atrativos. O Diabo não oferece riquezas porque
ele queira o melhor para ninguém, mas justamente
por saber quão nocivos podem ser o dinheiro e as
riquezas na vida de alguém que se deixa prender
por eles.
APRENDENDO O
CONTENTAMENTO
“Não há melhor antídoto contra cobiçar aquilo que é dos
outros do que satisfazer-se com o que é seu.”
(Thomas Watson)
O CONTENTAMENTO SE
APRENDE
Ao escrever a sua Epístola aos Filipenses, o
Apóstolo Paulo falou sobre a importância do
contentamento e revelou que isto é uma virtude
que devemos desenvolver. O contentamento não
aparece imediatamente ao novo nascimento. É algo
que aprendemos:
“Alegro-me grandemente no Senhor, porque
finalmente vocês renovaram o seu interesse por mim.
De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham
oportunidade para demonstrá-lo. Não estou dizendo
isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-
me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar
necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o
segredo de viver contente em toda e qualquer
situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo
muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele
que me fortalece. Apesar disso, vocês fizeram bem em
participar de minhas tribulações.”
Filipenses 4.10-14 (NVI)
Quando examinamos o contexto desta afirmação
feita por Paulo, percebemos que ele estava em
tribulação, ou seja, com necessidades materiais. Os
irmãos intervieram com uma ajuda, uma oferta
amorosa para o seu sustento, e ele lhes disse que ela
veio ao encontro de suas necessidades do
momento, ou, como ele mesmo denomina, da sua
pobreza. Contudo, o apóstolo não reclama da sua
privação, mas diz que ele aprendeu a viver contente
em toda e qualquer situação.
Observe isto: ele aprendeu o contentamento, o
que significa que, no início da sua carreira cristã,
ele ainda não o possuía. E onde foi que ele
aprendeu a praticar esta virtude? Em meio à
abundância ou em meio à falta?
É claro que foi durante a necessidade, pois são
em circunstâncias como essas que Deus trata
conosco. Quando chegou a provisão enviada pelos
filipenses, Paulo teve a vitória sobre a privação e a
necessidade. Ele venceu (as circunstâncias) e
aprendeu o contentamento (com aquilo que
passou).
Ele aprendeu que a sua alegria em Deus
independe do que acontece do lado de fora (nas
circunstâncias) e que ela deve estar presente em
toda e qualquer situação.
O apóstolo aprendeu também que não são as
circunstâncias que devem reger os nossos
sentimentos, mas sim a confiança no Deus da nossa
vitória. Ele foi tratado pelo Senhor a ponto de se
desapegar completamente das coisas materiais e
viver contente pelo fato de que Deus é maior do
que os nossos problemas e intervém neles. Paulo
diz ainda que ele tinha experiência em todas as
coisas, tanto na fartura e abundância, como na falta
e escassez, mas que não importava qual o tipo de
situação ele teria que enfrentar, pois ele podia todas
as coisas n’Aquele que o fortalecia: Deus!
Vemos claramente que o “poder todas as coisas”
não significa “não precisar passar por tribulações”,
nem tampouco vencê-las tão imediatamente elas
cheguem, mas suportá-las paciente e
confiantemente, sabendo que a vitória do Senhor é
certa e que ela chegará a tempo.
A única forma de não nos deixarmos envolver
pela ganância é permitirmos que a Palavra de Deus
prevaleça em nossos corações.
O que as Escrituras Sagradas mais ensinam no
que tange as coisas materiais é que devemos viver
com contentamento. O nosso coração não deve ser
aprisionado pela ganância, mas sustentado pelo
contentamento!
“Conservem-se livres do amor ao dinheiro e
contentem-se com o que vocês têm, porque Deus
mesmo disse: Nunca o deixarei, nunca o
abandonarei.”
Hebreus 13.5 (NVI)
O contentamento é o oposto do “amor ao
dinheiro” (que outras versões bíblicas traduziram
como “avareza”), o qual, por sua vez, é insaciável. O
contentamento não é apenas um conselho, e sim o
padrão que Deus ordena aos Seus filhos.
“Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos
às humildes”.
Romanos 12.16 (ARC)
Entre os poucos registros que temos nos
Evangelhos sobre o teor da pregação de
arrependimento de João Batista, vemos que ele
aborda o assunto do contentamento:
“E uns soldados o interrogaram também, dizendo:
E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis
mal, nem defraudeis e contentai-vos com o vosso
soldo.”
Lucas 3.14 (ARC)
Contentar-se com o seu salário era a base do
caráter que aqueles soldados romanos necessitavam
para não errarem em outras áreas. Muitos dos
nossos desvios de conduta originam-se na falta de
contentamento. Precisamos permitir que Deus
reformule os nossos valores. Temos que ter limites
em nossos anseios. Quando queremos muito
alcançar o que não podemos é porque já entramos
no território da ganância.
O contentamento não inunda o nosso coração só
porque fizemos uma oração nesse sentido. Ele vem
de acordo com um processo de mudança de
valores. Este processo é desencadeado quando
começamos a dar ouvidos ao que as Sagradas
Escrituras dizem sobre o assunto. A única forma
pela qual a ganância é tratada é mediante a
renovação da nossa mente pela Palavra de Deus. É
necessário meditarmos nos trechos bíblicos que
tratam do assunto, decorá-los, proferí-los sempre.
É preciso orar sobre eles, pois o contentamento é
algo que aprendemos, ouvindo a Palavra de Deus e
remodelando valores.
O contentamento não está ligado à falta de
condições para uma vida digna; não é uma carência
contínua, e sim saber esperar até que as
circunstâncias mudem. O contentamento não
significa falta de sonhos ou comodismo, e sim
paciência para darmos um passo de cada vez,
sempre do tamanho das nossas pernas; significa não
ambicionarmos coisas altivas, mas acomodarmo-
nos às humildes.
Paulo disse que ele sabia como passar por
escassez e também como ter em abundância. Tanto
numa circunstância como na outra, precisamos
aprender a nos contentarmos. Na falta, ele se
contentava. Na abundância, ele também se
contentava. O apóstolo dá a entender nestes
versículos que ele não era um esbanjador na hora
em que ele tinha de sobra, nem um murmurador
na hora em que as coisas estavam faltando.
Precisamos aprender estes princípios para também
aprendermos como lidar com cada circunstância.
Ao dizer que ele podia todas as coisas n’Aquele
que o fortalecia, Paulo mostra que ele havia
aprendido de Deus o contentamento, e que, na hora
do aperto, era o Senhor que o fortalecia, de modo
que ele pudesse suportar o que ele estava passando.
Na vida deste homem de Deus, a Palavra do Senhor
falava mais alto do que a ganância e a abafava
completamente. É este exemplo que nós devemos
seguir!
A dificuldade que temos de não nos
contentarmos não é proveniente do fato de ser
impossível vivermos com menos, mas sim porque
não queremos viver com menos, especialmente
quando vemos outros vivendo com mais.
Juntamente com a ganância, sempre
encontraremos, caminhando de mãos dadas com
ela, a inveja!
Queremos tanto os produtos de última geração
pelo mero fato de que todo mundo os está
comprando, e não queremos ficar para trás. Há em
nossa carne um senso de competitividade e disputa,
e estamos sempre procurando estar por cima. A
Bíblia fala que o que nos move de maneira
gananciosa, em busca da maioria dos nossos alvos,
é a inveja:
“Também vi eu que todo trabalho e toda destreza
em obras provém da inveja que o homem tem de seu
próximo. Também isso é vaidade e desejo vão.”
Eclesiastes 4.4
O contentamento provém do quebrantamento
interior. É necessário despir-se da ganância e
avareza e caminhar em desprendimento. Podemos
relacionar o contentamento ao domínio próprio,
que é fruto do Espírito. Por outro lado, a inveja é
uma obra da carne.
VALORES
Há valores maiores do que os bens e o dinheiro:
“Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que
um grande tesouro, e com ele a inquietação. Melhor é
um prato de hortaliça onde há amor, do que o boi
gordo, e com ele o ódio.”
Provérbios 15.16,17
Aqui a Bíblia está falando de valores espirituais
(como o temor do Senhor) e também de valores
emocionais (como o amor, ao invés de ódio). Tudo
isto deve vir antes do dinheiro!
Já afirmamos que a Bíblia não é contra a riqueza.
Pelo contrário, creio que Deus pode e quer fazer
com que prosperemos; contudo, é importante
entendermos que há uma ordem a ser seguida. O
Apóstolo João declarou a Gaio que ele queria que o
seu irmão e amigo fosse próspero e tivesse saúde,
assim como a sua alma – com valores interiores –
era próspera (3 Jo 2)!
O problema da ganância é que ela tenta apressar
as coisas e ainda consome o nosso tempo, energia,
alvos, e outras coisas em nossas vidas que deveriam
ser do Senhor. A Palavra do Senhor nos mostra que
o caminho da espera e paciência é melhor. Viver
com contentamento não significa acomodarmo-nos
de modo a nunca chegarmos a lugar algum. Não! É
esperarmos com paciência no Senhor até
alcançarmos os nossos alvos! Tem mais a ver com
sabermos esperar do que com não esperarmos
nada, como erroneamente ensinam alguns.
Veja o que Deus diz sobre o tempo necessário
para a prosperidade como fruto do trabalho:
“A riqueza adquirida às pressas diminuirá; mas
quem a ajunta pouco a pouco terá aumento.”
Provérbios 13.11
A ganância lhe diz para você jogar em tudo o que
puder dar-lhe dinheiro sem esforço e depressa, mas
o conselho de Deus diz que “quem ajunta pouco a
pouco enriquecerá”.
A ganância também lhe dirá para você não
entregar os seus dízimos e também não ofertar; ela
tentará mostrar-lhe o “quanto” você poderia fazer
com este dinheiro. Mas a Palavra de Deus diz que
devemos dar e fazer prova de Deus, pois Ele é a
nossa provisão e sustento.
Quem confia no Senhor vê a diferença:
“Aquele que confia nas suas riquezas cairá; mas os
justos reverdecerão como a folhagem.”
Provérbios 11.28
Já declarei que a ganância sempre caminha de
mãos dadas com a inveja, e agora eu gostaria de
mostrar-lhe as consequências da sua decisão de
esperar a hora de Deus para você alcançar o que
você deseja, ou entregar-se à inveja, porque você vê
outros que têm as coisas antes de você:
“O coração tranquilo é a vida da carne; a inveja,
porém, é a podridão dos ossos.”
Provérbios 14.30
Diga “não” à ganância, e você viverá em paz e
com uma realização interior. Mas, se você decidir
erroneamente e ceder à ganância, saiba desde já
quais são as consequências. Paulo disse a Timóteo
que essa cobiça levou muitos a se desviarem da fé e
a se traspassarem a si mesmos com muitas dores (1
Tm 6.10). Deus não é contra o fato de você ter
dinheiro, e sim contra a ganância. À medida que
você prosperar, mantenha os valores certos em seu
íntimo. Foi esta a instrução que o Apóstolo Paulo
pediu que o seu discípulo Timóteo transmitisse à
igreja:
“Manda aos ricos deste mundo que não sejam
altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza das
riquezas, mas em Deus, que nos concede
abundantemente todas as coisas para delas gozarmos;
que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas
obras, que sejam liberais e generosos, entesourando
para si mesmos um bom fundamento para o futuro,
para que possam alcançar a verdadeira vida.”
1 Timóteo 6.17-19
Os problemas ligados ao dinheiro são claramente
abordados: o perigo da altivez e o risco de fazermos
das riquezas a nossa esperança.
O contentamento, por sua vez, é a forma de não
permitirmos que estes erros nos enlacem. E,
justamente por ser o oposto da ganância, o
contentamento nos leva a semearmos na vida de
outras pessoas através da prática da bondade e da
generosidade.
Capítulo 6
INTEGRIDADE NAS
FINANÇAS
“Cuide bem da sua integridade, e Deus cuidará da sua
prosperidade.”
(Charles Spurgeon)
PRESERVANDO O
TESTEMUNHO
Tudo o que fazemos deve promover glória a
Deus, até mesmo o que comemos (1 Co 10.31).
Somos chamados para glorificarmos a Deus por
meio da nossa conduta e das nossas obras:
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”
Mateus 5.16
Mas, infelizmente, muitos de nós fazemos o
oposto em nossa vida financeira. As pessoas
querem olhar para nós e ver uma conduta
diferente. Aprendi a enxergar isto de modo mais
profundo, através de uma experiência que,
emocionalmente, foi muito dolorosa para mim.
Em 2002, tomei a decisão de romper com tudo o
que significasse algum comodismo no ministério, e,
ao seguir uma direção de Deus para esta nova fase,
decidi começar tudo de novo. Mudamo-nos para
uma nova cidade a fim de iniciarmos uma nova
igreja (e, a partir dela, várias outras). Ao fazê-lo, fui
aconselhado a levar comigo uma equipe, pois isto
me permitiria estabelecer o novo trabalho sem
impedir as minhas viagens para ministrar em
outras igrejas. Fomos em seis famílias em tempo
integral, e nos lançamos numa série de projetos,
para que pudéssemos nos manter. Com muita fé, e
também sem pouparmos esforços no trabalho,
vimos Deus nos abençoando e nos levando a muitas
conquistas. Os nossos registros acusaram um
investimento de muitos milhares de reais, só no
período inicial de um ano e meio, no ministério de
literatura, como também para suprirmos as
necessidades da igreja e mantermos as famílias que
nos acompanharam. Para isto nos desfizemos de
bens pessoais, trabalhamos como doidos, baixamos
o nosso padrão de vida, e passamos por um bom
aperto. Na hora de pagarmos as contas, tínhamos
uma filosofia: os aluguéis e as contas pessoais na
cidade eram prioridade e jamais poderiam ser
atrasados. A nossa preocupação era mantermos um
bom testemunho. Por outro lado, as contas de
telefone e de instituições financeiras eram as
últimas a serem pagas, pois dizíamos entre nós
mesmos:
“Estas companhias não sabem quem você é, mas
as pessoas da cidade sabem!”
Nunca agimos de má fé, e quitamos todas as
nossas contas. Houve ocasiões em que
aproveitamos a tolerância de pagarmos os telefones
com atraso, mas com os devidos juros. No fim
deste período, mesmo sem ter tudo em perfeita
ordem, sentia-me um herói! Eu havia edificado e
construído algo belo para o Reino de Deus! Eu
também havia me doado de forma singular ao
Senhor e ao Seu trabalho. Eu achava que eu era um
exemplo, até que um pastor amigo de outra cidade
me chamou para uma conversa... Ele me explicou
que ele havia se deparado com uma situação
constrangedora, e que ele gostaria de abrir aquilo
para mim, para me ajudar. Ele me contou que a sua
esposa havia adotado a primeira edição deste nosso
livro como leitura obrigatória para as pessoas sob a
sua liderança e discipulado, e que muitos foram
abençoados. Porém, uma pessoa a havia procurado
para uma conversa pastoral. Ela disse que o que eu
ensinava sobre honra nas finanças era
racionalmente certo, mas que o coração dela estava
fechado para me ouvir ensinar nesta área, pois ela
trabalhava na operadora do meu telefone celular e
tinha acesso a algumas informações, como por
exemplo, o fato de que as minhas faturas telefônicas
estavam atrasadas naquele momento. E ela
questionava:
“Como ele pode pregar sobre honra nas finanças
se ele está com as contas telefônicas atrasadas?”
Naquele momento senti o chão sumindo debaixo
dos meus pés! Primeiro, por achar que informações
como estas deveriam ser confidenciais; em segundo
lugar, por não entender qual era o crime de eu
atrasar uma conta que não chegou a ser
encaminhada para o Serasa, pois foi quitada dentro
de pouco tempo após o seu vencimento. Retruquei
imediatamente ao meu amigo pastor que a pessoa
errada não era eu, e sim ela, e que ela teria
problemas se eu denunciasse o ocorrido à
companhia telefônica! Disse-lhe que ela é que havia
quebrado as regras ao expor a minha situação, mas
que eu não havia feito nada de errado. Lembrei-lhe
do quanto em termos de recursos financeiros
estávamos injetando nos projetos do Reino de
Deus, que aquela funcionária da companhia
telefônica não sabia porque uma pequena conta
como aquela às vezes ficava atrasada, e argumentei
bastante com ele. Mas não adiantou! Ele estava lá
para abrir os meus olhos! Ele me disse que no nível
de ministério que eu já tinha chegado, não me era
mais permitido não pagar a conta do celular em
dia. Lembrou-me que as pessoas nos olham no
ministério, esperando modelos de integridade, e que
elas nunca ficarão sabendo que atrasamos uma
pequena conta por termos investido muito mais
que isto no Reino de Deus. E ele me deu uma boa
ilustração. Falou-me como são os jogos de
“videogame” da garotada. Cada vez que você passa
de nível, há um novo desafio. Os inimigos são mais
sutis e difíceis. Ele fez uma analogia ao ministério.
A cada novo nível, maior é a cobrança. E por fim
ele me advertiu:
“Você é um homem de fé. Mude o que você
pensa sobre o assunto. Esqueça esta história de que
a grande companhia não sabe quem você é. Ore por
cada continha e dê o exemplo ao pagá-la em dia.
Lembre-se sempre das pessoas que o ouvirão
ensinando e pregando, que lerão os seus livros, e
que não sabem que quase tudo o que você ganha vai
para o Reino de Deus. Já que elas não podem saber
o quanto você investe, deixe pelo menos que elas
saibam que as suas contas estão todas em dia!”
Confesso que poucas conversas tiveram um
impacto tão grande sobre as minhas ações como
esta. Entendi o dilema daquela irmã, que não quis
me expor, mas que só abriu o coração numa
confidência pastoral. Acredito que Deus usou isto
para chamar a minha atenção a detalhes que eu
nunca havia dado a devida atenção antes. Assim
sendo, decidi manter qualquer conta em dia, a não
me arriscar mais em empreendimento algum, nem
abusar da tolerância de crédito dos cartões e
bancos, ou de qualquer outra coisa do gênero.
Reconheço que me senti muito mal a princípio e
que eu chorei envergonhado em meu momento a
sós com Deus. Não achei justo estar me doando ao
Senhor como eu estava e ainda ouvir alguém
dizendo que eu não tinha um bom testemunho
nesta área. Mas o fato é que, aos olhos daquela
pessoa, naquele momento, e com as informações
que ela possuía, eu realmente não tinha um bom
testemunho!
Creio que eu nunca saberei quem é esta moça.
Mas agradeço a Deus por tê-la usado (mediante o
seu desabafo numa confissão pastoral) para que eu
mudasse os meus conceitos, decisões, e filosofia de
vida nesta área. Redobrei o cuidado e decidi
firmemente em meu coração que eu nunca mais
serviria de tropeço a ninguém!
Os nossos olhos normalmente não enxergam,
como os dos outros, o que pode ser um mau
testemunho nesta área financeira. Reveja o seu
coração, os seus princípios, as suas práticas e
filosofia de vida em suas finanças. E permita que
esta esfera de sua vida também promova a glória de
Deus!
PRINCÍPIOS DE INTEGRIDADE
Vivemos numa sociedade em que “prosperar” é
sinônimo de “brigar bem nos negócios”. A ideia de
competitividade foi substituída pela ideia de uma
guerra onde vale tudo. Em nome da sobrevivência,
e com uma profunda manifestação de egoísmo, os
homens alegam que eles aprendem a viver a prática
de seus negócios alicerçados na mentira, na
desonestidade, passando a perna uns nos outros, e,
sem nenhum escrúpulo, tornam o jogo cada vez
mais severo.
Diante disto, questionamos como deve ser a
conduta do cristão na área financeira, uma vez que
é tão fácil nos deixarmos levar pelo atual sistema
mundano! Deus, no entanto, deseja que não nos
conformemos com este mundo, mas que nos
transformemos pela renovação da nossa mente (Rm
12.2). Precisamos deixar que os valores da Palavra
de Deus encham o nosso coração, a ponto de
mudarmos completamente de atitude e
pensamento. A Bíblia tem princípios de integridade
que precisamos absorver e praticar:
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?
Quem há de morar no teu santo monte? O que vive
com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala
a verdade; o que não difama com sua língua, não faz
mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu
vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao
réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor; o que
jura com dano próprio e não se retrata; o que não
empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita
suborno contra o inocente. Quem deste modo procede
não será jamais abalado.”
Salmos 15.1-5
“Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de
falsidade cada um com o seu próximo... Não
oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do
jornaleiro não ficará contigo até pela manhã. Não
farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre,
nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o
teu próximo.”
Levítico 19.11,13,15
Não deve haver lugar para a prática de roubos,
furtos, desonestidade, mentira, e qualquer outro
desvio da verdade em nossas vidas.
A base de todo tratamento que dispensamos ao
próximo deve ser a justiça e a integridade. Quem
faz vista grossa para isto, querendo lucrar depressa,
não conhece o que a Palavra de Deus diz sobre o
futuro dos que são desonestos nos negócios:
“Como a perdiz que choca ovos que não pôs, assim
é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no
meio de seus dias as deixará, e no seu fim será
insensato.”
Jeremias 17.11
Queremos agora examinar um pouco mais o que
as Sagradas Escrituras têm a dizer acerca destas
áreas em que tanto necessitamos de mudança e
compreensão.
BALANÇA JUSTA
Crescemos convivendo com a ideia de que o
mundo é dos espertos, e que a melhor forma de se
ganhar dinheiro é enganando aos outros. Mas, ao
edificarmos o nosso negócio nestas bases, estamos
trazendo sobre nós um princípio de maldição, e
não de bênção!
A Palavra do Senhor revela que devemos ser
justos em nossos negócios. Uma conhecida e antiga
prática de “esperteza” nos negócios era o uso de
pesos falsos nas balanças para se vender menos por
mais aos compradores. Eles usavam um outro peso,
diferente do padrão, para lesar os compradores.
Observe o que as Escrituras ensinam sobre isto:
“Dois pesos são coisa abominável ao Senhor, e
balança enganosa não é boa.”
Provérbios 20.23
Alguém que deseje honrar ao Senhor com os seus
bens não pode praticar, em seus negócios, o que o
próprio Deus chama de abominação. Todo tipo de
defraudação e engano é algo abominável ao Senhor.
Isto não somente deixa de dar-Lhe honra, mas
também O desonra!
FALANDO A VERDADE
Um outro princípio errado, e que portanto não
permite a bênção decorrente da integridade na vida
de alguém, é a mentira. A bênção divina está ligada
à presença do próprio Deus, e a Sua presença em
nossas vidas está condicionada à prática de
determinados princípios, como por exemplo, o
falarmos a verdade:
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?
Quem há de morar no teu santo monte? O que vive
com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala
a verdade.”
Salmos 15.1,2
Muitas pessoas já associaram a ideia de que, para
se vender, é necessário mentir ou exagerar um
pouco nos detalhes do produto. Inúmeros negócios
estão fundamentados neste falso alicerce. Mas, na
vida daquele que quer honrar ao Senhor, não há
espaço para este tipo de prática, pois ela ofende a
Deus.
“Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor,
mas os que agem fielmente são o seu prazer.”
Provérbios 12.22
A mentira é chamada de algo “abominável” ao
Senhor, e nada do que alguém diga para
argumentar diminui a intensidade deste merecido
adjetivo dado pela Palavra de Deus.
Conheço crentes que não mentem para
efetuarem as suas vendas em seus negócios. E
mesmo assim prosperam; não pelo engano, mas
com a bênção de Deus! Além disso, um dos
motivos pelos quais eles possuem uma carteira de
clientes fiéis se deve ao fato de que eles são dignos
de confiança.
A bênção começa nestas coisas pequenas aos
nossos olhos, mas que são relevantes aos olhos de
Deus. Falar a verdade é um princípio de
integridade que traz bênçãos sobre as nossas vidas.
Precisamos crer nisto de coração e passar a
vivermos segundo esta convicção.
CUMPRINDO A NOSSA
PALAVRA
Além da questão da mentira em si, há também o
princípio de cumprirmos a nossa palavra, ou de
não quebrarmos as nossas promessas.
Quando o Diabo consegue fazer com que
assimilemos estas práticas mundanas, além de nos
roubar a bênção financeira, ele também consegue
criar em nós uma imagem errada, que nos
prejudica em nosso relacionamento com Deus.
Como podemos crer nas promessas de Deus e
tratá-las como imutáveis e irrevogáveis, se criamos
para nós mesmos uma espécie de relatividade em
nossos conceitos de verdade e cumprimento de
promessas?
Entre os princípios de integridade abordados,
está o de jurarmos e não mudarmos, ainda que com
dano próprio:
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?
Quem há de morar no teu santo monte? ...o que jura
com dano próprio e não se retrata.”
Salmos 15.1,4b
Eu já fiz muitas promessas das quais me
arrependi depois, mas aprendi a cumprir a minha
palavra. Nos negócios devemos fazer o mesmo.
Um cristão que quer honrar ao Senhor não pode
combinar uma coisa e depois fazer outra. Ele não
pode simplesmente voltar atrás em sua palavra,
como se ele não tivesse prometido nada.
Estas atitudes podem até parecer que ajudam a
gerar lucros, mas, no fim, sempre percebemos que
lucrar com a falta da bênção divina não compensa.
Há muitos crentes que são roubados pelo Diabo
em seus negócios porque abrem a porta da
maldição pela sua falta de palavra, que é uma
mentira! Para honrar ao Senhor (e sermos honrados
por Ele) precisamos aprender a falar somente o que
cumpriremos. E, se por acaso prometermos algo do
qual venhamos a nos arrepender depois, então
devemos honrar esta palavra mesmo que ela nos
traga prejuízos. Foi disto que o salmista falou: “...o
que jura com dano próprio e não se retrata” (Sl
15.4b).
NÃO ROUBANDO
Roubar nos negócios é uma prática antiga. E a
advertência divina contra isto também é milenar. A
desonestidade de se vender menos por mais
(roubar tanto na quantidade como na qualidade) é
abominável ao Senhor. E há tantos cristãos agindo
assim!
Já falamos sobre o princípio da balança justa,
mas quero afirmar que lesar alguém pelo engano
também é roubar, pois envolve uma perda imposta
a alguém.
DIFERENTES NÍVEIS DE
CONTRIBUIÇÃO
“A graça não torna a contribuição algo opcional.”
(Charles C. Ryrie)
AS OFERTAS
Quando Malaquias repreendeu o povo de Israel,
ele não o fez pela retenção dos dízimos apenas, mas
também pela retenção das ofertas! Este é um outro
nível de contribuição que precisa ser entendido e
praticado de acordo com os seus princípios.
Mesmo dizimando fielmente, o crente não pode
parar aí! Ele deve ofertar também!
Mesmo antes de os dízimos aparecerem na
revelação bíblica, as ofertas já eram entregues ao
Senhor. O Livro de Gênesis mostra Caim e Abel
trazendo, individualmente, uma oferta ao Senhor.
Os patriarcas também sacrificavam ao Senhor. Com
o tempo e o desenvolvimento de um sistema
financeiro, as ofertas começaram a ser expressas
principalmente por meio do dinheiro e de outros
bens valiosos. Quando Jesus visitou o Templo, Ele
Se assentou diante do gazofilácio e observou como
as pessoas ofertavam. O texto enfatiza as ofertas
dadas em dinheiro. Hoje não vivemos mais no
contexto de um sistema religioso que exige
sacrifícios de animais, e quase todo o nosso
conceito de ofertas relaciona-se ao investimento
financeiro que devemos fazer.
Os dízimos têm o seu percentual determinado; as
ofertas não! Elas são algo que fazemos além dos
dízimos. Os dízimos não são um ato voluntário,
mas uma obrigação! As ofertas, por sua vez, são
uma expressão voluntária do coração de alguém
que ama ao Senhor e a Sua obra.
As ofertas têm como destinatário o Reino de
Deus. Não são somente destinadas à igreja local,
mas ao Reino de Deus em toda parte. Elas vão para
missões, para ministérios para-eclesiásticos, para
construções, para a aquisição de qualquer coisa útil
à propagação do Evangelho. Sempre que um
templo foi construído no Antigo Testamento, os
recursos vieram de ofertas voluntárias. Uma vez
que os dízimos deveriam suprir às necessidades dos
levitas, não eram usados em outras coisas. As
demais necessidades materiais eram supridas
mediante doações voluntárias. Vemos este modelo
desde que Deus ordenou a construção do
Tabernáculo de Moisés:
“Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de
todo homem cujo coração o mover para isso, dele
recebereis a minha oferta. Esta é a oferta que dele
recebereis: ouro, e prata, e bronze, e estofo azul, e
púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabra, e
peles de carneiro tintas de vermelho, e peles finas, e
madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para
o óleo de unção e para o incenso aromático, pedras de
ônix e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e
para o peitoral. E me farão um santuário, para que eu
possa habitar no meio deles.”
Êxodo 25.2-8
A oferta é fruto de um coração generoso, que
move a pessoa a entregar voluntariamente o que ela
não é obrigada a entregar. É uma expressão de
amor! E tem um propósito diferente dos dízimos.
Enquanto os dízimos visam suprir a necessidade de
sustento dos obreiros de tempo integral, as ofertas
não têm um propósito específico. Elas geralmente
são usadas para se suprir necessidades diversas que
os dízimos não suprem. Estão sempre relacionadas
com aquisições e realizações, como vimos nas
ofertas para a construção do Tabernáculo de
Moisés.
Na preparação para a construção do Templo de
Salomão, o mesmo princípio foi aplicado. Davi foi
o primeiro, dando o exemplo de se ofertar por
amor:
“E ainda, porque amo a casa de meu Deus, o ouro e
a prata particulares que tenho dou para a casa de
meu Deus, afora tudo quanto preparei para o
santuário: três mil talentos de ouro, do ouro de Ofir, e
sete mil talentos de prata purificada, para cobrir as
paredes das casas; ouro para os objetos de ouro e
prata para os de prata, e para toda obra de mão dos
artífices. Quem, pois, está disposto, hoje, a trazer
ofertas liberalmente ao Senhor?”
1 Crônicas 29.3-5
Depois de dizer o que fazia por amor, o Rei Davi
desafiou o povo a seguir o seu exemplo. E os líderes
o seguiram, dando ofertas pessoais:
“Então, os chefes das famílias, os príncipes das
tribos de Israel, os capitães de mil e os de cem e até os
intendentes sobre as empresas do rei voluntariamente
contribuíram e deram para o serviço da Casa de Deus
cinco mil talentos de ouro, dez mil daricos, dez mil
talentos de prata, dezoito mil talentos de bronze e cem
mil talentos de ferro. Os que possuíam pedras
preciosas as trouxeram para o tesouro da Casa do
Senhor, a cargo de Jeiel, o gersonita. O povo se
alegrou com tudo o que se fez voluntariamente;
porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao
Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande
júbilo.”
1 Crônicas 29.6-9
Em relação às ofertas, não há regras que
determinem “quanto” devemos dar e “quando”
devem ser dadas, somente “como” devem ser dadas.
No entanto, as ofertas devem fazer parte da vida do
crente!
No capítulo acerca da Lei das Primícias, falamos
que há pessoas que distinguem a entrega das
primícias como sendo uma forma a mais de
contribuição, ao invés de entregá-las apenas em
caráter de primazia. Neste caso, entendemos que a
entrega das primícias se enquadra na condição de
oferta. Ela foi chamada assim desde a primeira vez
em que foi mencionada na Bíblia (Gn 4.4). Esta é a
razão de não darmos às primícias um destaque
especial no Quadro de Contribuições (pg. 116).
Nos próximos capítulos falaremos mais sobre
outros princípios envolvidos nas ofertas.
AS ESMOLAS
Enquanto o destinatário dos dízimos é a igreja
local e o das ofertas é o Reino de Deus, as esmolas
destinam-se aos necessitados, sejam eles cristãos ou
não. É uma expressão de compaixão e misericórdia
para com os que estão passando por necessidades.
São uma forma de suprimento. O Antigo
Testamento já nos instruía a cuidarmos dos pobres:
“Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem
colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao
pobre e ao estrangeiro. Eu sou o Senhor, vosso Deus.”
Levítico 19.10
“Distribui, dá aos pobres; a sua justiça permanece
para sempre, e o seu poder se exaltará em glória.”
Salmos 112.9
“Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta,
e este lhe paga o seu benefício.”
Provérbios 19.17
Uma parte dos dízimos do Antigo Testamento
era destinada ao sustento dos pobres:
“Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos
do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade.
Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança
contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão
dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para
que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras
que as tuas mãos fizerem.”
Deuteronômio 14.28,29
A cada três anos, os dízimos se tornavam não
somente o sustento dos levitas, mas também dos
pobres. Portanto, cerca de um terço dos dízimos
tinha este destinatário no Antigo Testamento.
Morris Cerullo, em seu livro “Dando e Recebendo”,
faz o seguinte comentário:
“Creio que dizimar significa, especialmente,
suprir um rendimento aos nossos modernos levitas
e sacerdotes – e aos pobres ao nosso redor. Creio
que Deus quer que usemos cerca de dois terços dos
nossos dízimos para capacitarem alguns líderes da
igreja a desempenharem seu ministério sacerdotal
(pastorear e ensinar), e outros que trabalham no
ministério, semelhantemente aos levitas
(administração e zeladoria). E ainda creio que Deus
quer que nos asseguremos de que a outra terça
parte dos nossos dízimos seja usada para a provisão
dos pobres da nossa comunidade.”
Isto não significa que as pessoas devam decidir o
que fazer com os seus dízimos. Eles são entregues
na igreja local, mas esta, por sua vez, deveria ter um
programa ou fundo de ajuda aos necessitados. A
Bíblia não está dizendo que os dízimos devem ser
repartidos sempre, senão não haveria o terceiro
nível de contribuição, que é a esmola. Mas esta
aplicação dos dízimos na Antiga Aliança revela um
princípio importante para nós hoje: o dinheiro
arrecadado na igreja não deveria servir somente à
construção de prédios e aquisições de bens
materiais, mas também para ajudarmos os
necessitados.
Vemos que a Igreja da primeira era cristã
sustentava as suas viúvas (At 6.1; 1 Tm 5.3-16) e
que os irmãos supriam às necessidades uns dos
outros, repartindo os seus bens entre os que tinham
necessidades:
“Todos os que creram estavam juntos e tinham
tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e
bens, distribuindo o produto entre todos, à medida
que alguém tinha necessidade.”
Atos 2.44,45
Temos a responsabilidade de exercermos
misericórdia e assistência social aos necessitados. E
os recursos que proporcionam isto são as “esmolas”,
ou, como outros preferem denominar,
“beneficência”.
O Capítulo 58 de Isaías trata disso, enfatizando
que a falta de solidariedade social pode prejudicar
toda a batalha do jejum e da oração.
Temos um conceito errado e achamos que
“esmola” é a moedinha esquecida no bolso que
jogamos ao necessitado da rua, mas toda e qualquer
forma de ajuda ao pobre e necessitado é
enquadrada nesta categoria de contribuição.
O Novo Testamento também sustentou o quanto
isto é necessário, começando-se pelos cristãos que
precisam de ajuda e estendendo-se aos ímpios.
Paulo disse que devemos fazer o bem a todos, e
Jesus incluiu nesta categoria até mesmo os nossos
inimigos. Mas a prioridade é ajudarmos os da
família da fé:
“Não nos desanimemos de fazer o bem; pois a seu
tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Portanto, à
medida que tivermos oportunidade, façamos o que é
bom a todos os homens, mas especialmente aos que
pertencem à família da fé.”
Gálatas 6.9,10 (TB)
Uma das principais recomendações ministeriais
que o apóstolo Paulo recebeu de Tiago, Pedro, e
João (a quem ele chamou de “as colunas da Igreja
em Jerusalém”) envolvia este assunto da ajuda que
deve ser ministrada aos necessitados:
“Recomendando-nos somente que nos
lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei
por fazer.”
Gálatas 2.10
Que tipo de lembrete é este a que Paulo se refere?
Certamente ele não está falando apenas de nos
lembrarmos ou recordarmos a existência destes
pobres, mas de nos importarmos com eles, de
procurarmos suprir às suas necessidades.
O Evangelho não toca somente o espírito e a
alma das pessoas; toca também o corpo com cura, e
o estômago com comida!
Cada um destes três níveis de contribuição tem a
sua importância, e, juntos, nos ajudam a
edificarmos o nosso memorial de contribuição
diante do Senhor. Certamente a nossa obediência a
estes princípios não será esquecida e tampouco
passará despercebidamente diante de Deus!
Relembrando, os diferentes tipos de contribuição
e os seus propósitos são:
CELEBRANDO A REDENÇÃO
“O que gastamos em piedade e caridade não é tributo pago a
um tirano, mas resposta de gratidão a nosso Redentor.”
(James Denney)
ENTENDENDO A REDENÇÃO
Para muitos cristãos, a palavra “redenção” não
significa nada mais do que “perdão dos pecados” ou
“salvação”. Mas o seu significado vai muito além
disto!
A palavra “redenção” significa “resgate” ou
“remissão”. Ela retrata o ato de se readquirir uma
propriedade perdida. Antes de Deus estabelecer
algumas verdades no Novo Testamento, Ele
determinou que elas fossem primeiramente
ilustradas no Antigo Testamento:
“Ora, visto que a lei tem sombra dos bens
vindouros, não a imagem real das coisas, nunca
jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os
mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente,
eles oferecem.”
Hebreus 10.1(TB)
A sombra é diferente do objeto que a projeta.
Assim também, o que se via nas ordenanças da
Antiga Aliança eram características similares (em
ordenanças “literais”) às dos princípios que Deus
revelaria nos dias da Nova Aliança (práticas
espirituais).
Por exemplo, o ato da circuncisão deixou de ser
“literal” e passou a ser uma experiência no coração
(Rm 2.28,29). Outro exemplo é a serpente que
Moisés levantou no deserto e se tornou uma figura
da obra redentora de Cristo na Cruz (Jo 3.14).
Assim também, outros detalhes da Lei que
envolviam comida, bebida e dias de festa,
começaram a ser vistos, não como ordenanças
“literais” pelas quais quem não as praticasse poderia
ser julgado, mas como uma revelação de princípios
espirituais, cabíveis na Nova Aliança:
“Ninguém, portanto, vos julgue pelo comer, nem
pelo beber, nem a respeito de um dia de festa, ou de
lua nova ou de sábado, as quais coisas são sombras
das vindouras, mas o corpo é de Cristo.”
Colossenses 2.16,17
É desta forma que precisamos olhar para a Lei da
Redenção no Antigo Testamento. Durante anos
Deus fez o povo praticar pela fé uma tipologia do
que Ele Mesmo um dia faria conosco. Foi assim
com o sacrifício do cordeiro que os israelitas
repetiam anualmente em várias cerimônias; por
fim, vemos João Batista apontando para Jesus e
dizendo:
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!”
João 1.29
Paulo se referiu a Jesus como sendo o Cordeiro
Pascal (1 Co 5.7). Vemos nestas passagens que as
práticas repetidas por centenas e centenas de anos
visavam levá-los a entenderem uma figura que só
seria revelada posteriormente. Com a Redenção
não foi diferente.
O Livro de Rute nos mostra Boaz resgatando (ou
redimindo) as propriedades de Noemi. Ele estava
readquirindo uma posse perdida.
Toda dívida tinha que ser paga. Se uma pessoa
não tivesse recursos para honrar os seus
compromissos, ela deveria dar os seus bens em
pagamento, e, se também não fossem suficientes,
ela deveria dar as suas terras. E, se isto ainda não
bastasse para a quitação da sua dívida, o próprio
indivíduo (e às vezes até a própria família) deveria
ser dado como pagamento. Isto faria dele um
escravo!
Lemos em 2 Reis 4.1-7 que uma mulher viúva
teria seus filhos transformados em escravos se ela
não pagasse a sua dívida. E, quando isto acontecia
com alguém, só havia duas formas de esta pessoa
sair da condição de escravidão: ou alguém teria que
pagar a sua dívida (um redentor), ou ela teria que
esperar nesta condição até que o Ano do Jubileu
(que se repetia a cada cinquenta anos; a exceção
ocorria quando o escravo também era um judeu –
Êx 21.2) chegasse. Veja o que a Lei dizia acerca
disto:
“Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte
das suas possessões, então, virá o seu resgatador, seu
parente, e resgatará o que seu irmão vendeu. Se
alguém não tiver resgatador, porém vier a tornar-se
próspero e achar o bastante com que a remir, então,
contará os anos desde a sua venda, e o que ficar
restituirá ao homem a quem vendeu, e tornará à sua
possessão. Mas, se as suas posses não lhe permitirem
reavê-la, então, a que for vendida ficará na mão do
comprador até ao Ano do Jubileu; porém, no Ano do
Jubileu, sairá do poder deste, e aquele tornará à sua
possessão.”
Levítico 25.25-28
Neste texto, que fala somente da perda da terra, e
não da escravidão, vemos que havia três formas de
alguém recuperar as suas posses:
CELEBRANDO A REDENÇÃO
A consciência da Redenção deve provocar em
nós uma atitude de gratidão e de culto a Deus.
Paulo falou sobre vivermos uma vida de santidade,
que é fruto desta consciência:
“Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem
comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca
contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o nosso
corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em
vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós
mesmos? Porque fostes comprados por bom preço;
glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso
espírito, os quais pertencem a Deus.”
1 Coríntios 6.18-20 (ARC)
O apóstolo deixa claro, em três frases distintas, a
ênfase de que somos propriedade de Deus.
Primeiro ele afirma que não somos de nós mesmos.
Depois ele declara que fomos comprados – e por
um bom preço! E finalmente ele diz que o nosso
corpo e o nosso espírito “pertencem” (verbo que
indica posse) a Deus.
Portanto, separar-se do pecado e santificar-se
para Deus é glorificá-Lo por meio do corpo. Não é
um culto de palavras, mas não deixa de ser uma
exaltação. É um culto de santidade e boa
mordomia! Celebramos a Redenção não só por
meio de cânticos, mas também de atitudes. Quando
reconhecemos que Deus comprou o nosso corpo e
cuidamos dele com a consciência de que ele é de
Deus, estamos cultuando ao Senhor.
Da mesma forma, há um culto que é expresso
não só por meio de palavras, mas também por
nossas atitudes em relação às nossas finanças.
Assim como Deus redimiu o nosso corpo, Ele
também redimiu os nossos bens. Logo, da mesma
forma como o bom uso do corpo (em santidade)
glorifica a Deus, assim também o bom uso dos
nossos recursos financeiros, que são de Deus, O
glorifica!
UM ATO PROFÉTICO
A entrega dos dízimos é um ato profético.
Semelhantemente aos israelitas que, ao celebrarem
a primeira Páscoa praticaram um ato profético,
assim também fazemos algo semelhante ao
dizimarmos.
Deus advertiu que naquela noite o Anjo da Morte
haveria de matar todos os primogênitos dos
homens e dos animais no Egito ( Êx 12.12). Em
todas as pragas anteriores, os hebreus haviam sido
poupados, mas, naquela noite, a proteção não seria
automática, mas dependeria de um ato profético,
com um simbolismo espiritual. Cada um deles
deveria aplicar o sangue do cordeiro da Páscoa aos
umbrais de suas portas:
“O sangue vos será por sinal nas casas em que
estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e
não haverá entre vós praga destruidora, quando eu
ferir a terra do Egito.”
Êxodo 12.13
O sangue de um animal não tinha o poder de
promover em si uma proteção espiritual. Ele era só
um sinal, uma mensagem simbólica! Era um ato
profético, por meio do qual eles reconheciam a
redenção de Deus em suas vidas naquela noite e
apontavam para o futuro, quando Cristo viria nos
resgatar e nos proteger por meio do Seu sangue
vertido na Cruz.
O interessante é que os hebreus não precisavam
se proteger. Eles somente precisavam cumprir o
sinal que foi estabelecido por Deus. Então, o
próprio Deus cuidaria da proteção deles. Mas, se
não O obedecessem, não fazendo o sinal de
proteção, então a morte dos seus primogênitos seria
inevitável:
“Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue
que estiver na bacia e marcai a verga da porta e suas
ombreiras com o sangue que estiver na bacia; nenhum
de vós saia da porta da sua casa até pela manhã.
Porque o Senhor passará para ferir os egípcios;
quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em
ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e
não permitirá ao Destruidor que entre em vossas
casas, para vos ferir.”
Êxodo 12.22,23
Há algo que precisa ser entendido aqui. Deus diz:
“Eu passarei pelas portas... Eu ferirei os
primogênitos...” Em primeira instância, parece que é
Ele fazendo tudo pessoalmente, mas não é isto o
que vemos aqui. Vemos Deus determinando a
execução do juízo, mas não exercendo-o sozinho e
diretamente. O versículo 23 termina dizendo que
Deus não permitiria que o Destruidor entrasse.
Logo, quem executava as mortes não era Ele
pessoalmente, mas um anjo. Vários textos do
Antigo Testamento mostram enfaticamente Deus
exercendo este juízo (Nm 33.4; Sl 135.8), mas a
forma como Ele executou isto é o que estamos
discutindo aqui.
E que anjo era este?
Ele foi chamado de “Destruidor”.
Curiosamente, este mesmo nome é dado ao Anjo
do Abismo, cujo nome em hebraico é “Abadom”, e
o nome em grego é “Apoliom” (ambos significam
“destruidor”); e a Palavra de Deus declara que ele
era o rei sobre os outros anjos que saíram do
abismo (Ap 9.11)! No juízo que Deus determinou
sobre a cidade de Jerusalém, o Anjo Destruidor
também foi enviado (1 Cr 21.15).
Satanás executa atos de juízo divino quando ele é
liberado para ferir e destruir os que desobedecem.
E não tenho medo de dizer que quem de fato
exerceu o juízo de Deus naquela noite foi o Diabo,
o Anjo da Morte.
As Escrituras dizem que um espírito maligno da
parte do Senhor atormentava a Saul (1 Sm 16.14-
16). Isto não quer dizer que o espírito maligno era
do Céu, mas que ele foi autorizado por Deus para
exercer juízo sobre quem se afastou
deliberadamente do Senhor!
O sangue naquela noite era um sinal de
propriedade. E o Diabo não pode ir além do
sangue. Lemos em Apocalipse 12.11 sobre um
grupo de fiéis que venceram a Satanás, e o texto
revela que eles o venceram pelo sangue do
Cordeiro!
Satanás não pode tocar no que é de Deus.
Conheci pessoas que foram alcançadas por Jesus
e que antes serviam aos demônios. Eu ouvi
pessoalmente de algumas delas que, antes da sua
conversão, elas tiveram experiências que as fizeram
refletir sobre o cuidado de Deus com os Seus. Uma
destas pessoas, a irmã Vilma Laudelino de Souza
(hoje missionária), quando pertencia à magia negra,
tentou matar uma crente com os seus trabalhos,
mas o demônio disse que não poderia fazer nada
contra tal pessoa, a qual, nas palavras dele mesmo,
tinha um “espírito terrível”. Uma outra pessoa, o
irmão Carlos (hoje pastor), quando ainda era um
bruxo, tentou violar o túmulo de uma cristã, mas a
entidade que lhe apareceu materializada no
momento do trabalho disse-lhe que ele não poderia
tocar naquele corpo, uma vez que ele pertencia a
quem o próprio demônio chamou de “O Homem Lá
de Cima”!
Aleluia! Se até os restos mortais do crente, que
sofreram decomposição, estão sob proteção divina,
o que não dizer de nós hoje, de nossas famílias e
bens?
Quando um hebreu estava colocando o sinal do
sangue na porta, ele estava dizendo com aquele
gesto que aquilo era propriedade de Deus e não
podia ser tocado. E sempre que a Redenção está em
questão, Deus decide defender pessoalmente o que
é Seu. Foi assim na Páscoa, e é assim com os nossos
dízimos hoje. Quando dizimamos, Ele mesmo
repreende o Devorador!
No momento em que o crente entrega os seus
dízimos diante de Deus e de todo o reino espiritual,
ele está reconhecendo a Redenção e a consequência
de ter a Deus como seu Dono, bem como de tudo o
que lhe pertence. Diante deste reconhecimento, o
Senhor mesmo afasta o Devorador e protege o que
é d’Ele. E o Diabo não se atreve a tentar tocar no
que pertence a Deus!
Mas, quando desobedecemos o mandamento
referente aos dízimos, estamos declarando que
Deus não é o Dono destas quantias. E não só
estamos roubando os dízimos (o que é uma
apropriação indébita do que é de Deus), como
também estamos nos apropriando dos noventa por
cento que ficam. E, ao fazermos isto, o Diabo está
de longe, assistindo tudo. Aí então ele diz: “Ah, este
dinheiro não é de Deus? O que é de Deus eu não
posso tocar, mas o que é seu...”
E é aí que as perdas ocorrem! Devemos fazer dos
dízimos um ato de celebração da Redenção. O
número dez está ligado à simbologia da Redenção.
Mesmo quando ele fala de prova (nos Dez
Mandamentos) ou juízo (nas dez pragas), é porque
a Redenção está por trás da história. O cordeiro da
Páscoa deveria ser escolhido no dia dez do mês de
Abib (Êx 12.3). Ao entregarmos os nossos dízimos,
devemos ser gratos pela Redenção e compreender
que, através deste gesto, redimimos os noventa por
cento da renda restantes para administrá-los para o
Senhor.
PERDAS E GANHOS
Muitos não entendem a bênção e a maldição
mencionadas por Malaquias em sua profecia.
Acham que Deus ameaça os Seus filhos, para que O
obedeçam por medo, mas não se trata disto!
Vimos que o Diabo não pode tocar no que é de
Deus, mas ele pode tocar em nosso dinheiro
quando deixamos de reconhecer a Deus como
Dono de tudo o que temos. Devido ao nosso
pecado de roubarmos o que é de Deus, o Maligno
encontra uma brecha para nos tocar. Esta é a razão
pela qual a maldição fere os que negligenciam a
entrega dos dízimos. As perdas se manifestam em
decorrência de uma maldição, a qual, por sua vez,
entra em nossas vidas pela desobediência.
Por outro lado, a bênção proveniente da
fidelidade nos dízimos também precisa ser
entendida. Ela não se trata de uma recompensa por
um bom comportamento, mas dos princípios que
estão sendo devidamente aplicados pelo cristão.
Será que há ganhos para os que dizimam? Claro
que sim! Mas eles não devem ser vistos como se
Deus estivesse aumentando o nosso patrimônio, e
sim como uma forma de Deus aumentar o
patrimônio d’Ele, sob nossa mordomia. Jesus nos
ensinou um princípio que rege vários aspectos da
vida cristã:
“Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e
quem é injusto no pouco também é injusto no muito.”
Lucas 16.10
Se não dizimarmos o pouco que Deus nos
confiou, mas O roubarmos, com uma atitude de
infidelidade em nossa mordomia, Ele não nos
confiará mais, pois continuaríamos sendo injustos
no muito. Esta infidelidade impede a bênção
financeira sobre quem retém os dízimos!
Por outro lado, quem é fiel no pouco também o
será no muito. Se demonstrarmos obediência,
dizimando o que já temos, Deus nos confiará mais
dos Seus bens. Esta é a prova que determina quem
receberá mais do Senhor e quem não receberá!
MANTENDO-NOS
CONSCIENTES
Jesus instituiu uma Ceia Memorial para que
sempre recordássemos o que Ele fez por nós na
Cruz (1 Co 11.24,25). O Senhor conhece a nós,
como também a nossa inclinação ao esquecimento
do que Ele fez por nós. Portanto, Ele estabeleceu
uma forma de nos manter conscientes do que Ele
fez. Os dízimos também servem para este mesmo
propósito. A sua relação com a Redenção deve nos
manter conscientes de que Deus é o nosso Dono e
que somos propriedade Sua.
Assim como a Ceia faz parte de um culto de
gratidão e anuncia uma mensagem (a morte do
Senhor até que Ele venha – 1 Co 11.26), assim
também a entrega dos dízimos celebra a Redenção
e testemunha à nossa consciência que pertencemos
ao Senhor.
É interessante observarmos que a primeira
menção dos dízimos na Bíblia aparece justamente
num contexto de redenção (Abraão resgatando o
seu sobrinho Ló), juntamente com a tipologia da
Ceia: Melquisedeque (que recebe os dízimos) veio
ao encontro de Abraão, trazendo pão e vinho.
Quando temos o Culto de Ceia na igreja que eu
pastoreio, deixamos para entregar os nossos
dízimos no momento em que participamos da Ceia.
Assim como celebramos a Ceia, lembrando o que o
Senhor fez por nós na Cruz, assim também
celebramos a Redenção ao entregarmos os nossos
dízimos.
Quando você entregar os seus dízimos em sua
igreja local, faça-o com esta consciência. Uma
atitude correta com relação ao que você oferece ao
Senhor é um passo vital para você desfrutar das
Suas bênçãos!
Capítulo 9
ENTENDENDO A
MORDOMIA
“Os cristãos são mordomos do dinheiro do Senhor. Nós somos
apenas agentes d’Ele para distribuí-lo de acordo com a Sua
direção. Portanto, não temos condições de fazer algo
contrário à Sua vontade.”
(John Wesley)
PRATICANDO A BOA
MORDOMIA
Embora nesta parábola Jesus estivesse Se
referindo principalmente a coisas espirituais, Ele
não deixou de incluir o aspecto natural e financeiro,
uma vez que os nossos bens também são d’Ele.
Prestaremos contas do que fizermos com o que
Ele nos deu. A nossa vida, família, casa, e bens são
do Senhor, e devemos administrar tudo isto como
algo que Ele nos confiou.
Uma parte do nosso dinheiro volta a Deus na
forma de contribuições, mas o restante não deixa de
pertencer d’Ele e deve ser usado da maneira
correta, bem administrado. Este é um princípio que
deve ser entendido e vivido, antes mesmo da
contribuição, que é só um pequeno aspecto da
mordomia. Ao lermos a Parábola dos Talentos (Mt
25.14-30), encontramos este conceito de mordomia,
que se aplica a todas as áreas das nossas vidas,
inclusive a financeira.
Honrar ao Senhor com os nossos bens inclui a
boa mordomia. Deus nos confia o que é d’Ele e
ainda nos dá a liberdade de usufruirmos o que nos
foi confiado:
“E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e
disselhes: Negociai até que eu venha.”
Lucas 19.13
No entanto, o fato de Ele nos deixar a escolha e a
decisão do que faremos com o que Ele nos concede
não significa que não haja uma forma correta de
administrarmos o que é d’Ele.
A PRESTAÇÃO DE CONTAS
Cristo também nos ensinou que a mordomia é
um cuidado temporário do que pertence a uma
outra pessoa e que o verdadeiro dono exigirá uma
prestação de contas da administração depois.
“E dizia também aos seus discípulos: Havia um
certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este
foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele,
chamando-o, disse-lhe: Que é isso que ouço de ti?
Presta contas da tua mordomia, porque já não
poderás ser mais meu mordomo.”
Lucas 16.1,2
Temos exemplos bíblicos de uma boa mordomia
sendo louvada e também de uma má mordomia
sendo punida. Ninguém pode fugir da prestação de
contas. Vemos isto nos exemplos que Jesus deu na
Parábola das Dez Minas e na Parábola dos Talentos:
“E aconteceu que, voltando ele, depois de ter
tomado o reino, disse que lhe chamassem aqueles
servos a quem tinha dado o dinheiro, para saber o
que cada um tinha ganhado, negociando.”
Lucas 19.15
“E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles
servos e ajustou contas com eles.”
Mateus 25.19
Esta é uma ênfase encontrada em toda a Bíblia.
Em Hebreus, fica evidente que a prestação de
contas é para todos, e que nada passará
despercebido aos olhos de Deus:
“E não há criatura que não seja manifesta na sua
presença; pelo contrário, todas as coisas estão
descobertas e patentes aos olhos daquele a quem
temos de prestar contas.”
Hebreus 4.13
ALGUMAS LEIS DA
CONTRIBUIÇÃO
“Estou convencido de que não há assunto sobre o qual a
consciência cristã esteja mais mal informada do que o da
contribuição.”
(Samuel Chadwick)
FIDELIDADE NO MÍNIMO
“Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e
quem é injusto no pouco também é injusto no muito.”
Lucas 16:10
Não adianta dizermos que, quando Deus nos der
mais dinheiro, então passaremos a contribuir. Se
não o fizermos com o pouco que temos, não o
faremos depois. Quem não dá dez por cento de
cem reais de renda não dará dez por cento de uma
renda de mil reais. Se você não conseguir fazer isto
enquanto tiver pouco, não conseguirá fazê-lo
depois. A corrupção está dentro do ser humano. O
dinheiro somente traz à tona o que já existe por lá!
Por isso precisamos de disciplina no contribuir,
independentemente de acharmos que fará diferença
ou não!
Através das nossas contribuições, temos a
oportunidade de nos exercitarmos na fidelidade.
Pela disciplina da contribuição contínua, o nosso
coração é treinado e o nosso caráter é aperfeiçoado.
Precisamos ser fiéis ao Senhor e não aceitar
nenhum tipo de desculpas para não contribuirmos.
SEGUNDO AS NOSSAS
POSSES
Um outro princípio bíblico acerca da
contribuição é que ela deve ser feita conforme a
nossa prosperidade:
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também
como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia
da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa,
conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que
se não façam coletas quando eu for.”
1 Coríntios 16.1,2
Ou seja, o Senhor não pede de alguém o que não
esteja ao seu alcance. Algumas vezes vemos na
Bíblia Deus pedindo algo precioso, como Ele fez
com Abraão. Outras vezes vemos pessoas ofertando
tudo o que possuíam, de modo sacrificial, e não
podemos negar que o Espírito Santo possa tê-las
movido em seu íntimo a agirem assim. O
importante, no entanto, é não perdermos de vista o
propósito de Deus:
“Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o
que o homem tem e não segundo o que ele não tem.”
2 Coríntios 8.12
A contribuição é aceita segundo o que você tem,
ou, em outras palavras, de acordo com as suas
posses.
Ninguém precisa ter um peso em seu coração
por não poder ofertar mais. Algumas vezes tenho
enfrentado momentos de tristeza em meu coração
por não poder ofertar mais. Eu amo a causa do
Evangelho, e, muitas vezes, eu gostaria de poder ter
feito bem mais, de ter ido além do que eu já fiz na
área das contribuições. Mas me conforta saber que
Deus não espera de nós mais do que aquilo que
podemos fazer. Ele espera que façamos a nossa
parte – e que sejamos fiéis na parte que nos toca!
Há um exemplo bíblico indiscutível acerca disto:
“Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem
suas ofertas no gazofilácio. Viu também certa viúva
pobre lançar ali duas pequenas moedas; e disse:
Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu
mais do que todos. Porque todos estes deram como
oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua
pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento.”
Lucas 21.1-4
Deus não vê e nem tampouco compara números.
Ele vê a disposição do coração (e também a
limitação da renda, das posses). Quem possui mais
não é melhor do que aquele que tem menos
condições, ainda que tenha a capacidade de ofertar
mais. Quando Jesus foi dedicado no Templo, os
Seus pais deram uma oferta de pessoas de menor
poder aquisitivo, e, no entanto, esta oferta não
perdeu o seu valor.
EXPRESSÃO DE GENEROSIDADE
“Portanto, julguei conveniente recomendar aos
irmãos que me precedessem entre vós e preparassem
de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que
esteja pronta como expressão de generosidade e não
de avareza. E isto afirmo: aquele que semeia pouco,
pouco também ceifará; e o que semeia com fartura
com abundância também ceifará. Cada um contribua
segundo tiver proposto no coração, não com tristeza
ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com
alegria.”
2 Coríntios 9.5-7
Deus não aceita o que é uma expressão de
avareza. Em Atos 5, vemos que Ananias não foi
generoso; pelo contrário, ele foi avarento e
orgulhoso, e somente quis ficar em evidência com a
sua oferta.
Deus não está atrás do nosso dinheiro, mas da
nossa expressão de generosidade! Sem isto, a nossa
oferta não vale nada! Deve haver em nós alegria ao
contribuirmos. O apóstolo Paulo se referiu a isto
como sendo uma “graça” (2 Co 8.4). É um privilégio
servirmos a Deus com os nossos bens, e o Senhor
não quer que o façamos por constrangimento, mas
de coração! Não basta fazermos a coisa certa; temos
que fazer do jeito certo. Dar é a coisa certa, mas dar
generosamente é fazer do jeito certo. No Antigo
Testamento Deus ordenou que o povo de Israel
ajudasse aos pobres; mas advertiu a que fizessem da
forma correta:
“Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu
coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará
o Senhor, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o
que empreenderes.”
Deuteronômio 15.10
O Senhor não queria apenas que os pobres
fossem socorridos, mas que aqueles que os
ajudassem o fizessem com um coração correto.
Deveriam ser movidos não só pela obrigação de
ajudar, mas por um coração que se regozija ao
ajudar alguém.
Escrevendo a Timóteo, Paulo pediu que ele
exortasse “os ricos deste mundo a serem generosos ao
dar”. Não bastava que eles fossem indivíduos que
doassem dos seus bens e renda; as suas dádivas
deveriam refletir generosidade.
“Exorta aos ricos do presente século... que
pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras,
generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem
para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o
futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.”
1 Timóteo 6.17-19
Uma boa forma de se medir se você é generoso
na hora de ofertar é comparando-se quanto
dinheiro você investe na Casa do Senhor com
quanto você investe em seus entretenimentos e
hobbies. Não consigo entender, por exemplo, um
cristão que oferta menos do que aquilo que ele
gasta na vídeo-locadora!
As Escrituras Sagradas nos revelam que, quando
Jesus esteve no Templo de Jerusalém, Ele Se
assentou diante do cofre das ofertas para ver como
as pessoas contribuíam (Mc 12.41-44). Não está
escrito que Jesus observava quanto ofertavam e sim
como o faziam!
O texto mostra que muitos ricos lançavam ali
muito dinheiro, mas, apesar de darem mais em
comparação com os outros, eles não estavam dando
nada além da sua sobra. Se as suas ofertas fossem
comparadas com o seu poder aquisitivo, não se
podia dizer que estavam dando muito.
Muitos crentes ofertam tão somente por
obrigação; outros o fazem apenas por medo do
Devorador. Outros, ainda, ofertam com a
motivação de querer multiplicar o seu dinheiro. No
entanto, a alegria do coração do verdadeiro doador
é poder expressar diante de Deus a sua
generosidade. É dar substancialmente!
PERIODICIDADE E CONSTÂNCIA
Este aspecto é muito importante. Há pessoas que
testemunham que fizeram ofertas de sacrifício, e
que houve ocasiões em que o Senhor tocou os seus
corações para fazerem algo especial, mas, apesar
destas experiências, elas não vivem uma prática
regular e constante de contribuições.
Paulo ensinou aos coríntios que devemos fazer
isto de forma planejada e periódica:
“No primeiro dia da semana, cada um de vós
ponha de parte, em casa, conforme a sua
prosperidade, e vá juntando, para que se não façam
coletas quando eu for.”
1 Coríntios 16.2
O apóstolo ensinou que a contribuição deveria
ser pessoal, constante, e programada. A Igreja
também deveria perceber aqui um princípio
administrativo interessante: a necessidade de
trabalharmos com fundos que servirão a propósitos
específicos e previamente programados.
Também vale ressaltar que a expressão “conforme
a sua prosperidade” sugere o cuidado da família
antes do resto do mundo, sempre obedecendo-se à
clássica ordem de prioridades: Deus, família, igreja,
e depois os outros.
No próximo capítulo falaremos sobre a
importância de semearmos com regularidade e
perseverança. A Bíblia nos ensina que depois de
termos começado a fazer o bem, não podemos
desanimar no sentido de continuarmos a fazê-lo. A
bênção do Senhor virá sobre os que não desfalecem,
sobre os que não se cansam, nem se desanimam.
Esta é a instrução bíblica:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”
Gálatas 6.9
As suas emoções, e até mesmo o próprio Diabo,
com as suas sugestões malignas, tentarão desanimá-
lo. Contudo, persevere e continue contribuindo
periódica e constantemente.
PROVA DE OBEDIÊNCIA
Um outro aspecto interessante, usado na Bíblia
em associação com a idéia de contribuição, é a
questão da obediência. Paulo falou disto em sua
Epístola aos Coríntios:
“Porque o serviço desta assistência não só supre a
necessidade dos santos, mas também redunda em
muitas graças a Deus, visto como, na prova desta
ministração, glorificam a Deus pela obediência da
vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela
liberalidade com que contribuís para eles e para
todos.”
2 Coríntios 9.12,13
As minhas contribuições em todos os seus níveis
(dízimos, ofertas e esmolas) são uma prova da
minha obediência a Deus. Era assim que os líderes
entendiam esta questão no início da Igreja. Quando
viam as pessoas ofertando, eles entendiam que
havia uma relação entre a sua liberalidade e a sua
obediência ao Senhor e à Sua Palavra. Portanto, se
nós somos falhos nesta área, estamos
demonstrando quem realmente somos nas demais
áreas! Além disso, Deus não precisa tanto da nossa
contribuição quanto nós precisamos da Sua bênção
por praticá-la!
Eu tenho um critério pessoal na escolha das
pessoas que eu levanto para trabalharem comigo no
ministério. Eu não me disponho a investir “pesado”
em suas vidas e ministérios, se eu não perceber
nelas uma grande disposição de semearem no
Reino de Deus. Acredito que isto seja uma espécie
de “termômetro de obediência”. Quem não
obedece a Deus no dar também não O obedecerá
em outros níveis de entrega e renúncia que o
Senhor espera de nós.
Quando aquele jovem rico foi ao encontro de
Jesus, ele recebeu d’Ele um convite para seguí-Lo,
para ser Seu discípulo. Contudo, a condição que o
Senhor lhe impôs foi vender tudo o que tinha e
doá-lo aos pobres, para somente então seguí-Lo.
Creio que esta condição estabelecida por Jesus foi
uma espécie de peneira. Eu não acho que os ricos
não possam exercer um ministério, mas creio que
se não conseguirem demonstrar obediência no ato
de dar, então tampouco conseguirão demonstrá-la
em outras áreas.
Barnabé foi um dos ministérios de excelência do
Novo Testamento, um homem com um coração
pronto a investir em vidas. Entre as suas muitas
virtudes, no entanto, a Palavra do Senhor destaca a
sua liberalidade e prontidão de obediência nesta
área específica:
“José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de
Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita,
natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-
o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.”
Atos 4.36,37
Através das nossas dádivas, não só mantemos os
nossos corações submissos a Deus, mas também
transformamos o nosso dinheiro num servo dos
propósitos do Seu Reino!
Capítulo 11
SEMEADURA E CEIFA
“Dá o que tens, para que mereças receber o que te falta.”
(Agostinho de Hipona)
ENTENDENDO O
TRABALHO
O trabalho é um mandamento bíblico e foi
estabelecido por Deus desde o início da história da
humanidade como a maneira pela qual o homem
promoveria o seu sustento:
“No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes
à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao
pó tornarás.”
Gênesis 3.19
Depois da queda do homem, o trabalho tornou-
se mais árduo por causa da maldição que sobreveio
à terra (Gn 3.17-19). No entanto, o trabalho em si
não é maldição nem consequência do pecado, pois,
antes da Queda, Adão já havia sido colocado no
jardim para cultivá-lo. É o meio de o homem
sustentar a sua casa e viver dignamente; além disso,
por meio do seu ganho, ele também pode servir ao
Reino de Deus e aos necessitados:
“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe,
fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que
tenha com que acudir ao necessitado.”
Efésios 4.28
Ninguém que diz que serve a Cristo deve
negligenciar o cuidado de sua casa, pois a Escritura
também declara:
“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos de sua própria casa, tem negado a
fé, e é pior do que o descrente.”
1 Timóteo 5.8
Há princípios que Deus instituiu e que não
podem ser quebrados. As Escrituras declaram que
há uma ligação entre o trabalho da pessoa e o seu
sustento. Adão teria que suar para comer o seu pão,
e quem não quer trabalhar não tem direito a comer:
“Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos
isto: Se alguém não quer trabalhar, também não
coma. Pois, de fato, estamos informados de que entre
vós há pessoas que andam desordenadamente, não
trabalhando; antes se intrometem na vida alheia. A
elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor
Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente,
comam o seu próprio pão.”
2 Tessalonicenses 3.10-12
Paulo se “orgulhava” de nunca ter sido um peso a
ninguém e do fato de que muitas vezes as suas
próprias mãos – o seu trabalho – proporcionaram o
seu sustento (At 20.34).
A igreja deve socorrer as viúvas que não têm
condições de se sustentarem, mas, quando há
alguém em casa que pode trabalhar para trazer o
seu sustento, então a igreja é instruída a não
sustentar estes lares em caráter sistemático,
mostrando assim a importância e o dever do nosso
trabalho:
“Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Mas, se
alguma viúva tem filhos, ou netos, aprendam
primeiro a exercer piedade para com a sua própria
casa, e a recompensar os seus progenitores; pois isto é
aceitável diante de Deus.”
1 Timóteo 5.3,4
Porém, além de mostrarem a importância do
nosso trabalho, pois é um meio de produzirmos o
nosso sustento e o aumento dos nossos bens, as
Sagradas Escrituras também ensinam os filhos de
Deus a irem além destes resultados:
“Inútil vos será levantar de madrugada, repousar
tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos
seus amados ele o dá enquanto dormem.”
Salmos 127.2
Mais do que “trabalharmos”, somos ensinados a
“edificarmos” com a bênção de Deus! A graça do
Senhor pode nos levar mais longe que o nosso
esforço, mas isto não significa que não precisamos
trabalhar. Desde o Antigo Testamento, Deus já
admoestou o Seu povo a não achar que
prosperariam sozinhos.
O trabalho tem o seu lugar, mas a bênção divina
nos leva além dos nossos próprios resultados.
Então, não podemos dizer que a liberação da
provisão de Deus sobre as nossas vidas depende
somente de nós, nem que não temos parte nela:
“Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o
poder do meu braço me adquiriram estas riquezas.
Antes, te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é ele
o que te dá força para adquirires riquezas; para
confirmar a sua aliança, que, sob juramento,
prometeu a teus pais, como hoje se vê.”
Deuteronômio 8.17,18
É lógico que há exemplos bíblicos em que a
provisão também flui onde não há condições de
gerá-la com o nosso próprio trabalho, como no
caso do povo de Israel em sua jornada no deserto,
ou de Elias junto ao Ribeiro de Querite.
A falta de trabalho impede o fluir da provisão
quando ela está ligada à negligência, mas não no
caso de impossibilidade. Mesmo assim, não
podemos desassociar o padrão divino da semeadura
e ceifa da Sua provisão em nossas vidas. Primeiro o
homem faz a sua parte e depois Deus faz a parte
d’Ele.
O ASPECTO ESPIRITUAL
Assim como o homem deve plantar e colher para
ter o seu sustento na dimensão natural, assim
também ele deve gerar recursos e conquistas por
meio da semeadura na dimensão espiritual!
As Escrituras Sagradas nos revelam que a Lei da
Semeadura e Ceifa não é só uma lei natural. Ela
também é aplicada pela Palavra de Deus como uma
lei espiritual:
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará.
Porque o que semeia para a sua própria carne da
carne colherá corrupção; mas o que semeia para o
Espírito do Espírito colherá vida eterna.”
Gálatas 6.7,8
Além de revelar que este princípio opera em
nossa vida cristã, a Palavra de Deus ainda nos
mostra de forma bem específica a operação desta
lei na esfera da contribuição:
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco
também ceifará; e o que semeia com fartura com
abundância também ceifará.”
2 Coríntios 9.6
O apóstolo Paulo comparou as ofertas com uma
semeadura. Portanto, se há um paralelo entre as
nossas ofertas e a Lei da Semeadura e Ceifa, há
também uma série de lições que podemos extrair
dos princípios de semeadura e ceifa encontrados na
Bíblia e aplicá-las ao funcionamento das ofertas e
dos demais níveis de contribuição.
Na verdade, há vários aspectos interessantes a ser
destacados neste assunto do paralelismo entre a
“semeadura e ceifa” e as nossas contribuições.
Gostaríamos de abordar em seguida alguns destes
aspectos.
ENTENDENDO O PROPÓSITO
Por que precisamos semear e colher?
Por duas razões distintas. O apóstolo Paulo falou
sobre elas aos coríntios:
“Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão
para alimento também suprirá e aumentará a vossa
sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça.”
2 Coríntios 9.10
Ele afirmou que Deus dá semente ao que semeia
e pão para alimento, o que revela um duplo
propósito na semeadura:
HÁ UM TEMPO ESPECÍFICO
Outro aspecto que deve ser enfatizado é que a
colheita não é automática, mas precisa de tempo.
Alguns plantam a semente num dia, e, no outro, já
estão cavando a terra para verem porque ela ainda
não brotou. Eu colho no presente a semente que eu
plantei no passado e colherei no futuro a semente
que eu estou plantando no presente. Há um
processo por trás desta lei, e as coisas não são
imediatas, mas a colheita é certa e não falhará!
Estou colhendo hoje algumas sementes
financeiras que eu plantei há muitos anos atrás e
que eu nem imaginava que ainda tivessem a
possibilidade de produzirem frutos.
No reino espiritual não ocorre a mesma
cronologia de desenvolvimento e amadurecimento
da semente que ocorre no reino natural. Mesmo
depois de germinar, a semente ainda tem diante de
si todo um processo de desenvolvimento e
amadurecimento, antes de chegar o momento da
colheita.
Jesus apresentou este processo na seguinte
ordem:
“Primeiro a erva, depois a espiga, e por último o
grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está
maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a
ceifa.”
Marcos 4.28,29
Muitas vezes podemos colher num tempo que
aos nossos olhos parecerá ser rápido, e, em outras
situações, talvez colhamos num tempo que nos
parecerá demorado. O fato é que a colheita
somente poderá ocorrer quando o fruto estiver
pronto.
PERSEVERANÇA
A semeadura deve ser uma prática regular e uma
expressão de perseverança. A Bíblia nunca nos
aconselha a lançarmos uma só semente! Em todos
os exemplos bíblicos, há sementes que frutificam, e
há sementes que não frutificam. Mas, a insistência e
a constância nos levarão aos frutos:
“Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não
repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se
esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas.”
Eclesiastes 11.6
Já abordamos o princípio de que a semente tem
que morrer para nós no momento da semeadura. E
esta atitude, de não podermos contar com todas as
sementes lançadas, retrata uma parte do ensino.
Por outro lado, não podemos perder de vista que
Deus quer nos manter cientes de que a colheita
virá! Ele alimenta em nós uma expectativa genérica
de que, em algum momento, algumas destas
sementes produzirão o seu fruto.
Precisamos deste equilíbrio, de termos, por um
lado, a consciência de que há bênçãos prometidas
para quem aciona este princípio, e, por outro, de
mantermos a consciência de darmos com o espírito
e a motivação corretos.
Muitos perdem a sua colheita financeira por falta
de perseverança. É como se você plantasse a sua
semente na terra, e, alguns dias depois, você a
cavasse para ver se ela está germinando. Ou ainda, é
como se você esperasse pouco tempo após o
plantio, e, então, você virasse as costas para a terra
semeada, desistindo da colheita, porque ela não foi
instantânea.
Além de sabermos esperar, precisamos ter
perseverança. Refiro-me a insistência, a
continuidade, a longanimidade. Não podemos
desanimar! Não podemos desistir! A colheita
financeira virá somente aos que perseverarem em
sua semeadura. O apóstolo Paulo ensinou isto na
Epístola aos Gálatas:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”
Gálatas 6.9 (ARC)
O texto relaciona a colheita ao fato de não
desfalecermos. Portanto, não se canse nem
desanime! Seja perseverante!
DAR E RECEBER
“Nós perguntamos quanto o homem dá; Cristo pergunta
quanto ele retém.”
(Andrew Murray)
ENTENDENDO A BEM-AVENTURANÇA
Ao falar com os presbíteros de Éfeso, Paulo citou
uma afirmação do Senhor Jesus, aprendida
diretamente de Cristo, que nos revela um princípio
do reino espiritual:
“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando
assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as
palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-
aventurado é dar que receber.”
Atos 20.35
Em outras palavras, o Senhor Jesus disse que é
melhor dar do que receber. Acredito que este
versículo expressa uma profunda verdade, que
interessa não somente aos pugilistas, mas também a
cada um de nós. Normalmente pensamos que dar
significa perda, e receber significa lucro, pois,
através do dar, deixamos de ter algo, e, através do
receber, ganhamos algo.
Mas a bem-aventurança do dar não é só uma
virtude espiritual, que nos proporcionará um
galardão futuro lá na glória. Dar é melhor do que
receber já aqui, nesta terra! Se só recebemos algo de
alguém, a coisa termina por aí mesmo, para nós, e
não se torna progressiva. Somente a outra pessoa
fica com um crédito espiritual. Mas, se damos,
acionamos uma lei espiritual que nos levará a
recebermos mais do que o que demos (Lc 6.38).
Portanto, dar é melhor do que receber, pois, ao
recebermos, a nossa bênção está limitada somente
ao que recebemos, e nada mais! Porém, através do
dar, geramos um ciclo da liberação divina que
sempre nos leva a termos mais do que tínhamos
antes de darmos.
QUEBRANDO O EGOÍSMO
Somos extremamente egoístas – a ponto de
pensarmos em dar a alguém só para recebermos
mais em troca. Porém, o sistema segundo o qual
Deus trabalha conosco na Lei do Dar e Receber é
justamente uma forma de se quebrar o egoísmo. Ele
nos ensina a darmos porque Ele não quer que
estejamos presos a nada. E, quando nos
desprendemos, Ele sabe que estamos
demonstrando maturidade para recebermos mais.
Para muitos crentes hoje, o fato de serem
abençoados financeiramente não significaria uma
bênção tão grande assim, pois, devido ao seu
egoísmo e imaturidade, prejuízos poderiam ocorrer
até mesmo com a entrada de recursos financeiros.
O Filho Pródigo que o diga! Ele não tinha
maturidade alguma para receber o que recebeu.
Assim sendo, dissipou tudo! Através do nosso dar,
da nossa liberação sincera e despretensiosa,
acionamos um princípio pelo qual podemos
receber de Deus. Mas a dádiva egocêntrica não se
enquadra no todo das leis divinas quanto ao dar e
receber. É o caso da filantropia espírita que
mencionamos anteriormente.
Vemos pessoas na Bíblia que deram sem ser
abençoadas, como Ananias e Safira, por exemplo. O
ato de dar não pode ser visto isoladamente. Assim
como falamos da semente que precisa morrer para
germinar e frutificar, assim também, na Lei do Dar
e Receber, o dar tem que ser uma entrega que
quebre o egoísmo.
Não negamos que o próprio Deus instituiu a Lei
do Dar e Receber, mas isto não quer dizer que
barganhar com Ele seja a forma de se receber algo.
Dar é melhor do que receber porque é uma ajuda
no processo de se quebrar o egoísmo e nos prepara
para recebermos com uma atitude melhor.
EXEMPLOS BÍBLICOS
Há uma diversidade de exemplos bíblicos que
demonstram o funcionamento da Lei do Dar e
Receber.
Muitas vezes concluímos erroneamente que os
relatos bíblicos são uma mera descrição histórica.
Mas, por trás de cada episódio, há uma lição a ser
aprendida:
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso
ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela
consolação das Escrituras, tenhamos esperança.”
Romanos 15.4
Paulo citou este fato aos coríntios, mostrando a
razão pela qual os registros históricos de Israel
chegaram até nós: para nos servir de exemplo e
advertência.
“Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e
foram escritas para advertência nossa, de nós outros
sobre quem os fins dos séculos têm chegado.”
1 Coríntios 10.11
Portanto, gostaríamos de examinar vários destes
exemplos e aprender com eles. Creio que o Antigo
Testamento ilustra o Novo, enquanto que o Novo,
por sua vez, explica o Antigo Testamento.
O EXEMPLO DE ELIAS
Há uma lição a ser aprendida com um ocorrido
na vida do profeta Elias. Depois de ter profetizado
acerca da seca em Israel, Deus o escondeu da
perseguição de Acabe e o sustentou durante um
certo período de forma sobrenatural:
“Veio-lhe a palavra do Senhor, dizendo: Retira-te
daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à
torrente de Querite, fronteira ao Jordão. Beberás da
torrente; e ordenei aos corvos que ali mesmo te
sustentem. Foi, pois, e fez segundo a palavra do
Senhor; retirou-se e habitou junto à torrente de
Querite, fronteira ao Jordão. Os corvos lhe traziam
pela manhã pão e carne, como também pão e carne ao
anoitecer; e bebia da torrente.”
1 Reis 17.2-6
Mas, num dado momento, a direção de Deus
para Elias tornou-se diferente. Ao invés de
continuar a sustentá-lo como vinha fazendo, o
Senhor lhe deu uma nova direção:
“Mas, passados dias, a torrente secou, porque não
chovia sobre a terra. Então, lhe veio a palavra do
Senhor, dizendo: Dispõe-te, e vai a Sarepta, que
pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a
uma mulher viúva que te dê comida.”
1 Reis 17.7-9
O profeta Elias se encontrava sendo sustentado
de forma sobrenatural por meio daqueles corvos.
Não seria um problema para o nosso Deus
Onipotente trazer o seu suprimento de água
também de forma sobrenatural, mas creio que o
Senhor não tinha só Elias em mente, pois Ele
mencionou uma viúva em cuja vida Ele decidira
intervir. Como o profeta já tinha um sustento
sobrenatural e poderia continuar a tê-lo, e a
mulher, por sua vez, estava diante da sua última
refeição, sou levado a crer que o verdadeiro
propósito do milagre era a mulher viúva. Este texto
não diz que Elias foi enviado até lá por causa dela,
mas é desta forma que entendo este acontecimento,
pois Jesus o apresentou nestes termos:
“Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em
Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por
três anos e seis meses, reinando grande fome em toda
a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a
uma viúva de Sarepta de Sidom.”
Lucas 4.25,26
Cristo disse que Elias foi enviado a uma viúva
gentílica (para abençoá-la), e não a uma israelita.
Isto mostra que o profeta não foi enviado apenas
para receber algo, mas principalmente para liberar
uma bênção sobre aquela mulher! Elias era o meio
através do qual ela praticaria a Lei do Dar e
Receber. O texto a seguir nos mostra de forma
implícita esta lei:
“Então, ele se levantou e se foi a Sarepta; chegando
à porta da cidade, estava ali uma mulher viúva
apanhando lenha; ele a chamou e lhe disse: Traze-me,
peço-te, uma vasilha de água para eu beber. Indo ela
a buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me
também um bocado de pão na tua mão. Porém ela
respondeu: Tão certo como vive o Senhor, teu Deus,
nada tenho cozido; há somente um punhado de
farinha numa panela e um pouco de azeite numa
botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou
preparar esse resto de comida para mim e para o meu
filho; comê-lo-emos e morreremos. Elias lhe disse:
Não temas; vai e faze o que disseste; mas primeiro
faze dele para mim um bolo pequeno e traze-mo aqui
fora; depois, farás para ti mesma e para teu filho.
Porque assim diz o Senhor, Deus de Israel: A farinha
da tua panela não se acabará, e o azeite da tua botija
não faltará, até ao dia em que o Senhor fizer chover
sobre a terra. Foi ela e fez segundo a palavra de Elias;
assim, comeram ele, ela e a sua casa muitos dias. Da
panela a farinha não se acabou, e da botija o azeite
não faltou, segundo a palavra do Senhor, por
intermédio de Elias.”
1 Reis 17.10-16
Se aquela mulher tivesse comido a sua última
refeição, ela não teria mais como acionar a Lei do
Dar e Receber.
Há muitos anos atrás, li num estudo bíblico do
irmão Dave Roberson uma aplicação deste
exemplo. Ele dizia que é nos momentos de maior
necessidade que devemos nos abrir para darmos.
Muitos crentes, na hora do aperto financeiro,
cortam do seu orçamento justamente o que jamais
deveria ser cortado: a Lei do Dar (e Receber). Eu
passei então a seguir o conselho do irmão Roberson
e eu tenho dado nas horas em que menos tenho
para dar. Tenho vivido isto, e sempre vejo a
provisão de Deus! Ainda que nem sempre ela seja
instantânea, todavia nunca falha!
Nas horas de dificuldades financeiras,
precisamos estar atentos porque Deus sempre cria
oportunidades para que possamos dar do pouco
que temos. Precisamos estar atentos às
oportunidades divinas que talvez não venham de
forma tão clara como achamos que viriam.
Por exemplo, a Bíblia diz que alguns hospedaram
anjos sem saberem (Hb 13.2). Por que será que
Deus mandaria anjos sem que eles revelassem que
eram anjos?
Certamente não é porque os anjos precisem de
coisa alguma, pois eles não necessitam de comida,
nem de roupa, nem de hospedagem. Talvez Deus
os envie só para nos testar se supriríamos as suas
necessidades ou não, pois, se soubéssemos que se
tratava de anjos, talvez o fizéssemos por motivos
diferentes.
E o envio de anjos para receber a hospitalidade
reforça o que estamos dizendo, pois, embora os
anjos não precisem da hospitalidade recebida,
certamente a hospitalidade praticada produzirá
bênçãos sobre a vida de quem a exerceu!
Há momentos em que precisamos discernir as
oportunidades. Pessoas com necessidades podem
estar diante de nós em momentos em que também
estamos precisando de provisão. Se o nosso coração
nos der um indício de que devemos ajudar, e se isto
estiver ao nosso alcance, então devemos ajudar!
Já ofertei na vida de pessoas simplesmente
porque na hora senti o desejo de fazê-lo (mesmo
sem poder), e só depois percebi que isto acabou
sendo algo que Deus usou, não apenas para suprir
estas pessoas, mas também para me impedir de
comer uma “semente” (como se fosse “pão”), e,
assim sendo, desperdiçá-la!
O EXEMPLO DE ABRAÃO
Depois de pedir a Abraão o seu filho amado
(ainda que não foi necessário ele chegar às últimas
consequências deste ato), Deus renovou com o
patriarca a Sua aliança de abençoar as famílias da
terra por seu intermédio (Gn 22.15-18). O patriarca
foi inserido em promessas que envolviam o ato
redentor de Deus para com a humanidade.
Pelo fato de que Abraão deu o seu filho ao
Senhor, ele fortaleceu o direito de receber de Deus
a entrega do Seu Filho como um canal de redenção
a todas as famílias da Terra.
A Lei do Dar e Receber não é algo que Deus
impôs somente a nós, mas é também algo que Ele
próprio utiliza.
O EXEMPLO DE ANA
Um belo exemplo bíblico da Lei do Dar e
Receber pode ser visto na vida de Ana, a mãe do
profeta Samuel.
As Escrituras Sagradas afirmam que ela não
podia gerar filhos, pois ela era estéril (1 Sm 1.5,6),
mas, ainda assim, ela ofereceu ao Senhor Deus o
filho que ela teria, caso viesse a experimentar um
milagre:
“E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se
benignamente atentares para a aflição da tua serva, e
de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres,
e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por
todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não
passará navalha.”
1 Samuel 1.11
Depois que Samuel nasceu e ela o desmamou,
Ana cumpriu o voto dela, e, para dedicá-lo a Deus,
ela o levou ao Templo, onde o deixou aos cuidados
de Eli, o sacerdote que antes a teve por embriagada
(1 Sm 1.24-28).
E o que aconteceu com Ana?
A lei do receber funcionou para aquela que deu:
“Eli abençoava a Elcana e a sua mulher e dizia: O
Senhor te dê filhos desta mulher, em lugar do filho
que devolveu ao Senhor. E voltavam para a sua casa.
Abençoou, pois, o Senhor a Ana, e ela concebeu e teve
três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia
diante do Senhor.”
1 Samuel 2.20,21
Ninguém vence a Deus no dar! Ele sempre nos
devolve muito mais do que Lhe damos!
Ana ainda não tinha nenhum filho, mas, ao dá-lo
a Deus, recebeu outros cinco. E o interessante é que
ela deu antes de ter para dar. Podemos dizer que
foi uma dádiva de fé.
Já fiz isto algumas vezes. Já orei ao Senhor,
consagrando a Ele recursos que eu ainda não tinha!
Em minhas orações eu Lhe disse o que eu gostaria
de ofertar, mas que antes eu precisaria receber
d’Ele, para então poder devolver-Lhe. Fiz isto
mesmo não tendo nada para dar nestas ocasiões, e,
quando as respostas a estas orações vieram, cumpri
a promessa e entreguei imediatamente o que eu
havia me comprometido ofertar ao Senhor.
A Lei do Dar e Receber é tão forte que até o que
votamos ao Senhor, mesmo antes de termos, já gera
resultados.
O EXEMPLO DA SUNAMITA
Temos ainda uma outra lição bíblica do Antigo
Testamento a ser examinada. Uma mulher
sunamita, cujo nome não é mencionado, tratou
com muita hospitalidade o profeta:
“Certo dia, passou Eliseu por Suném, onde se
achava uma mulher rica, a qual o constrangeu a
comer pão. Daí, todas as vezes que passava por lá,
entrava para comer. Ela disse a seu marido: Vejo que
este que passa sempre por nós é santo homem de
Deus. Façamos-lhe, pois, em cima, um pequeno
quarto, obra de pedreiro, e ponhamos-lhe nele uma
cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro;
quando ele vier à nossa casa, retirar-se-á para ali.”
2 Reis 4.8-10
Diante da hospitalidade praticada, Eliseu sentiu-
se movido a abençoar aquela família:
“Um dia, vindo ele para ali, retirou-se para o
quarto e se deitou. Então, disse ao seu moço Geazi:
Chama esta sunamita. Chamando-a ele, ela se pôs
diante do profeta. Este dissera ao seu moço: Dize-lhe:
Eis que tu nos tens tratado com muita abnegação; que
se há de fazer por ti? Haverá alguma coisa de que se
fale a teu favor ao rei ou ao comandante do exército?
Ela respondeu: Habito no meio do meu povo. Então,
disse o profeta: Que se há de fazer por ela? Geazi
respondeu: Ora, ela não tem filho, e seu marido é
velho. Disse Eliseu: Chama-a. Chamando-a ele, ela se
pôs à porta. Disse-lhe o profeta: Por este tempo, daqui
a um ano, abraçarás um filho. Ela disse: Não, meu
senhor, homem de Deus, não mintas à tua serva.
Concebeu a mulher e deu à luz um filho, no tempo
determinado, quando fez um ano, segundo Eliseu lhe
dissera.”
2 Reis 4.11-17
Eliseu não operava milagres como e quando ele
bem entendia. Ele era um profeta guiado pelo
Espírito de Deus, e, em meu entendimento, se há
uma razão descrita para que ele se sentisse
incomodado a abençoá-la, é justamente porque ele
percebeu que ela tinha este direito; esta mulher
havia acionado a Lei do Dar e Receber!
Este texto não é apenas mais uma “coincidência
bíblica”, e sim mais uma parte de um quebra-
cabeças repleto de figuras e exemplos de que quem
dá recebe!
DISCERNINDO O CORPO DE
CRISTO
“Como algo frequentemente necessário, o dinheiro também
pode ser transformado em tesouros eternos. Tudo o que
oferecemos a Cristo é imediatamente revestido de
imortalidade.”
(A. W. Tozer)
ENTENDENDO O PARALELO
É relevante o fato de destacarmos estes dois
diferentes aspectos do Corpo do Senhor, porque
isto nos ajudará a entendermos um paralelo
espiritual de grande importância. A nossa ênfase
aqui é no cuidado, ou na manutenção do Corpo de
Cristo.
Quando o Senhor Jesus Cristo caminhou nesta
terra com um corpo físico igual ao nosso, Ele foi
cercado de proteção e carinho que o Pai Celestial,
por meio de pessoas, Lhe ofereceu.
José e Maria merecem destaque em seu papel de
suprir e proteger a Jesus Cristo. Eles não só
alimentaram, aqueceram e cuidaram do Seu corpo,
mas também o protegeram. O registro dos
Evangelhos nos informa que José, ao tomar
conhecimento (por divina revelação) de que
Herodes procuraria matar a Jesus, fugiu com a sua
família para o Egito (Mt 2.13,14). Antes que isto
acontecesse, Deus supriu os recursos para este
tempo de viagem e para a sobrevivência deles,
através das ofertas que os reis magos trouxeram
(Mt 2.11).
Quando Jesus já não estava mais sob os cuidados
de Seus pais, quando Ele já Se encontrava em Sua
fase adulta, em que deu início ao Seu ministério,
Deus supriu outras pessoas para continuarem
estendendo a Ele o mesmo tipo de cuidados para a
Sua sobrevivência:
“Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e
povoados proclamando as boas novas do Reino de
Deus. Os Doze estavam com ele, e também algumas
mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de
quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de
Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e
muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-
los com os seus bens.”
Lucas 8.1-3 (NVI)
Por que Jesus precisava de dinheiro?
Porque, semelhantemente a mim e a você, Ele
comia, Se vestia, e em Suas viagens Ele precisava de
hospedagem (embora nem sempre gastasse com
isso) e outras coisas que exigiam pagamento.
E por que eram tão importantes os cuidados com
o corpo do Senhor Jesus e com as Suas
necessidades?
Porque era por meio do Seu corpo que Jesus agia!
Além disso, todas as bênçãos que Deus oferece à
humanidade são devidas à vitória que Cristo
consumou no mistério da Sua Encarnação – em
corpo e em carne!