Miolo Ciencias Natureza Nova Eja Aluno Mod04 Vol02
Miolo Ciencias Natureza Nova Eja Aluno Mod04 Vol02
Miolo Ciencias Natureza Nova Eja Aluno Mod04 Vol02
Governador Vice-Governador
Luiz Fernando de Souza Pezão Francisco Oswaldo Neves Dornelles
Secretário de Estado
Gustavo Reis Ferreira
FUNDAÇÃO CECIERJ
Presidente
Carlos Eduardo Bielschowsky
Física
Anexo I 377
Anexo II 385
Prezado Aluno,
Seja bem-vindo a uma nova etapa da sua formação.
Através da educação a pessoa toma a sua história em suas próprias mãos e consegue mudar o rumo de sua
vida. Para isso, acreditamos na capacidade dos alunos de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, pro-
por, escolher e assumir suas escolhas.
O material didático que você está recebendo pretende contribuir para o desenvolvimento destas capacidades,
além de ajudar no acompanhamento de seus estudos, apresentando as informações necessárias ao seu aprendizado.
Acreditamos que, com ajuda de seus professores, você conseguirá cumprir todas as disciplinas dos quatro mó-
dulos da matriz curricular para Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
E assim, novas histórias acontecerão em sua vida.
Para ajudá-lo no seu percurso, segue abaixo uma tabela que apresenta a grade de disciplinas que irá cursar:
MÓDULO NOME DISCIPLINA CH SEMANAL CARGA HORÁRIA TOTAL
MÓDULO I LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA I 4 80
MÓDULO I MATEMÁTICA I 4 80
MÓDULO I HISTÓRIA I 4 80
MÓDULO I GEOGRAFIA I 4 80
MÓDULO I FILOSOFIA I 2 40
MÓDULO I SOCIOLOGIA I 2 40
MÓDULO I ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL DO MÓDULO I 420
MÓDULO II LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA II 4 80
MÓDULO II MATEMÁTICA II 4 80
MÓDULO II FÍSICA I 4 80
MÓDULO II QUÍMICA I 4 80
MÓDULO II BIOLOGIA I 4 80
MÓDULO II ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL DO MÓDULO II 420
MÓDULO III LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA III 4 80
MÓDULO III MATEMÁTICA III 4 80
MÓDULO III HISTÓRIA II 3 60
MÓDULO III GEOGRAFIA II 3 60
MÓDULO III FILOSOFIA II 2 40
MÓDULO III SOCIOLOGIA II 2 40
MÓDULO III EDUCAÇÃO FÍSICA 2 40
MÓDULO III LÍNGUA ESTRANGEIRA OPTATIVA 2 40
MÓDULO III ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL NO MÓDULO III 460
MÓDULO IV LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA IV 4 80
MÓDULO IV MATEMÁTICA IV 3 60
MÓDULO IV FÍSICA II 3 60
MÓDULO IV QUÍMICA II 3 60
MÓDULO IV BIOLOGIA II 3 60
MÓDULO IV LÍNGUA ESTRANGEIRA 2 40
MÓDULO IV ARTES 2 40
MÓDULO IV ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL NO MÓDULO IV 420
Conte conosco.
Equipe da Fundação Cecierj e SEEDUC
Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além
daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso,
a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e
isso é tudo.
Hermann Hesse
A energia do
dia a dia
Para início de conversa
forno quando se aquece. Para a Biologia, no entanto, o trabalho que interessa não
Você já deve ter parado para refletir um pouco sobre a vida. Existem muitas
ções filosóficas a religiosas, a vida pode ser encarada de vários ângulos. A E a Bio-
logia, como você já sabe, é a ciência que tem como principal objeto de estudo o
“vivo” é ele possuir metabolismo, como vimos no Módulo 2. Ou seja, que funciona
se alternam de tal forma que a energia liberada em uma é usada na outra. Assim,
através dos sistemas vivos assim como flui por toda parte do universo.
longo da cadeia alimentar, de um ser para outro, até voltar para o ambiente pela
A história que veremos a seguir é sobre como os seres vivos obtêm e usam
Figura 1: Já parou para pensar em como a energia do Sol chega até nós?
Objetivos da Aprendizagem:
relacionar as Leis da termodinâmica às Leis que regem a vida;
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Seção 1
A energia flui
Como dissemos, uma das definições de energia é a capacidade de produzir trabalho. O comportamento da
A primeira lei da termodinâmica observa que a energia pode se transformar de um tipo em outro; ela jamais
é criada ou destruída. A luz, por exemplo, pode transformar-se em calor ou ser convertida em energia nas
ligações químicas em moléculas orgânicas, como a glicose. Nos dois casos, a energia é consumida, mas não
destruída; ela é, sim, transformada.
A segunda lei da termodinâmica refere-se ao fato de que as transformações energéticas não são 100% efi-
cazes, pois parte da energia se dissipa na forma de calor. E as reações que consomem energia não ocorrem
de forma espontânea.
Dos organismos aos ecossistemas, toda a biosfera possui a característica termodinâmica de criar e man-
ter um grau bem elevado de ordem interior. Todas as manifestações da vida são acompanhadas por trocas de
energia, ainda que não se crie ou destrua energia alguma. Sem transferência de energia, não haveria vida. Assim,
as relações entre plantas produtoras e animais consumidores, entre predador e presa e toda a infinidade de
relações alimentares que se estabelecem são governadas pelas mesmas leis básicas que regem os sistemas não
Continuamente, a luz e outras radiações saem do Sol e passam para o espaço. Uma parte desta radiação chega
à Terra, atravessa a atmosfera e alcança oceanos, florestas, lagos, desertos, campos cultivados e muitos outros ecos-
Ecossistema
É um sistema natural onde interagem entre si os seres vivos (fatores chamados de bióticos) e o ambiente (fatores abióticos, como
temperatura, nutrientes, água).
Há seres capazes de, a partir desta energia da luz solar, produzir nutrientes que servem a eles mesmos e a ou-
tros seres, em um processo chamado fotossíntese, que você aprendeu na Unidade 2 do Módulo 2. Vamos conhecer
um pouco mais sobre essa história, não mais química e molecularmente, mas pensando no fluxo de energia entre os
Transformações energéticas
Antes de você conhecer como a energia flui dentro de sistemas vivos, vamos dar
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SITUAÇÃO DE ENERGIA... PARA ENERGIA...
Ligar um rádio para ouvir música Elétrica Sonora
Seção 2
Autotróficos x heterotróficos
Todos os seres vivos precisam de energia para manter as atividades de suas células, como a realização de mo-
vimentos, a fabricação e o transporte de substâncias. Sem esse fluxo de energia, as reações químicas que envolvem o
Diante de toda a diversidade de formas de vida que existe, podemos identificar algumas estratégias dos seres
vivos para conseguir a energia necessária para a manutenção de suas atividades vitais. Todas as formas de obtenção
1. Seres que captam energia do ambiente e sintetizam moléculas orgânicas a partir das moléculas inorgâni-
cas (autotróficos);
2. Seres que, sendo incapazes de sintetizar seu próprio alimento, obtêm-no a partir de outros seres (heterotróficos).
Os seres autotróficos normalmente usam a energia luminosa, captada do ambiente, para sintetizar seu próprio
alimento através da fotossíntese. Relembrando o que você viu na Unidade 2 do Módulo 2, nesse processo metabólico,
a luz é usada para sintetizar uma molécula orgânica (a glicose) a partir de moléculas inorgânicas, mais simples (gás
carbônico e água).
em nosso planeta. Primeiro, porque ela é a principal entrada de energia nas comunidades de seres vivos. Em outras
palavras, é, graças à fotossíntese, que a energia física (a luz proveniente do Sol) é transformada em energia química (a
Segundo, porque o gás oxigênio, o resíduo da fotossíntese, mudou radicalmente a composição da atmosfera
terrestre. No início, tal gás foi uma ameaça aos seres vivos por causa do seu grande poder corrosivo (baseado no seu
potencial oxidante, propriedade de arrancar elétrons das outras substâncias). Com o passar do tempo, houve uma
seleção natural de organismos que passaram a usar esse poder corrosivo a seu favor. Surgiram, então, os seres aeró-
bicos, capazes de usar o poder oxidante do gás oxigênio de forma direcionada para degradar a glicose, liberando boa
Figura 3: As plantas constituem um grupo de seres vivos capazes de fazer fotossíntese e, por isso, suas folhas estão sempre
expostas ao ambiente a fim de captar energia. !
Os seres heterotróficos adotam quatro estratégias básicas para conseguir seu alimento, já que são incapazes
de produzi-lo:
1. Os PREDADORES matam outros seres para consumir a matéria orgânica de seus corpos. Incorporando a ma-
téria (o corpo) de suas presas, constroem seus próprios corpos e produzem energia para fazê-los funcionar.
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2. Os PARASITAS consomem matéria e/ou energia do corpo de outros seres ainda em vida. Seus hospedeiros
são prejudicados nesta relação e eventualmente até morrem por causa disso (é o caso dos vermes que você
3. Os MUTUALISTAS desenvolvem uma relação de “troca de favores” com outros seres, recebendo a ma-
téria orgânica que precisam para sobreviver em troca de algum benefício que fazem a outros seres. O
benefício é mútuo e o interesse em manter a relação também. E existem diferentes graus de depen-
dência entre os seres desta relação. Desde seres que são bem independentes dos seus parceiros (pro-
tocooperação) a seres totalmente dependentes a ponto de não conseguirem sobreviver sem a relação
4. Os SAPRÓFITAS consomem a matéria orgânica presente nos restos dos outros organismos, como, por exem-
plo, folhas e troncos de plantas caídas no solo, fezes e cadáveres de animais. Evidentemente não causam
prejuízo algum ao explorar esses recursos, pelo contrário, agindo desta forma atuam como decompositores
e contribuem para a reciclagem dos nutrientes. O papel dos decompositores é fundamental na natureza,
Figura 4: Está servido? É bem possível que esta imagem lhe dê água na boca. E não é para menos, pois nós nos alimentamos
de outros seres vivos para construir o nosso corpo, assim como para produzir energia.
Toda espécie de ser vivo precisa obter matéria para construir seu corpo e colocá-lo
Baseado no que você estudou, leia os hábitos dos seres vivos a seguir e aponte nos
( ) É fincada no chão pelas raízes, mas suas folhas encontram-se no alto, sempre
( ) O cuidado maternal da mamãe passarinho é tanto que ela sai à caça de peque-
nos insetos para que o seu filhote, no ninho, cresça e aprenda a voar.
( ) Certas bactérias que vivem no solo, longe da luz solar, utilizam-se de substâncias
inorgânicas para manterem-se vivas. Elas não dependem de outros seres vivos para isso.
( ) Um fitoplâncton vive na massa d’água oceânica, flutuando. Ele tem uma es-
tratégia interessante para sobreviver: durante períodos claros do dia, ele flutua próximo à
superfície da água, pois precisa captar luz solar; mas, de noite, a fim de fugir de predadores,
Seção 3
A energia dentro dos seres vivos...
Os seres autotróficos e heterotróficos, no ambiente, desempenham papéis complementares no que diz respeito
à produção e ao consumo de energia. Os primeiros, graças (inclusive) ao fenômeno da fotossíntese, produzem matéria
orgânica. Isso significa que são os seres vivos responsáveis por promover a entrada de energia dentro dos sistemas or-
gânicos na forma de moléculas químicas, ou seja, matéria. Os seres autotróficos são, por isso, chamados de produtores.
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Como nenhum tipo de energia é criada, os heterotróficos não são capazes de produzir energia química a partir
Os seres heterotróficos se alimentam dos produtores, obtendo boa parte da matéria necessária para construir
e abastecer o próprio corpo. Pelo fato de heterotróficos consumirem energia química dos produtores, eles são cha-
mados de consumidores.
Observe que há um fluxo de energia dentro do sistema produtores-consumidores, o qual é unidirecional (pos-
sui apenas um sentido). Esse fluxo é demarcado pelas relações alimentares travadas entre os seres vivos, muitas vezes
dispostas em uma sequência linear de organismos, caracterizando a cadeia alimentar (ou cadeia trófica).
Podemos definir cadeia alimentar em um ecossistema como a transferência de energia química alimen-
tar, produzida inicialmente pelos produtores, de organismo em organismo, em uma sequência linear.
Os organismos, dentro da cadeia alimentar, ocupam níveis tróficos, dependendo de suas respectivas funções
produtores;
Existe ainda um nível trófico importantíssimo, os decompositores, que obtêm matéria orgânica a partir dos
Para ajudá-lo a compreender melhor os níveis tróficos, vamos exemplificar uma cadeia alimentar. ?
Se você andar por uma trilha na Mata Atlântica, pode presenciar diversos episódios que compõem, ao seu
todo, o fenômeno da cadeia alimentar. Logo ao entrar na trilha, verá diversas árvores, de diversos tamanhos, como a
Se você tiver um olhar bem atento, poderá ver que, em muitas folhas das árvores, há furos ou mesmo pe-
quenos bichos brancos. Esses bichos são larvas de insetos e os furos são causados por eles, que predam as folhas,
buscando matéria a fim de crescerem e formarem os seus corpos de adultos. O mesmo acontece com o bicho da
goiaba, ou aquele que encontramos nas berinjelas. Animais que se alimentam diretamente de seres produtores são
os consumidores primários.
Larva
Esses insetos, em formas jovens ou adultas, são fontes alimentares para, por exemplo, sapos e a pererecas, o
que a caracteriza estes anfíbios como consumidores secundários. Como consumidor terciário dessa cadeia, é possível
apontar o lagarto-teiú, um réptil bastante encontrado na Mata Atlântica que se alimenta da perereca.
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Figura 6 : Nessa cadeia alimentar, a energia física (luz) é captada e transformada em energia química. Esta, por sua vez, é
transferida de organismo em organismo em uma sequência linear e em único sentido. Observe o sentido apontado pelas
setas. Elas representam o sentido do fluxo de energia entre um nível trófico e outro.
Essa cadeia alimentar, no entanto, é apenas uma das muitas possíveis relações alimentares presentes na Mata
Atlântica. Os frutos e folhas da embaúba podem servir de alimentos para o lagarto-teiú, o que o torna consumidor
secundário e não mais terciário. Esse mesmo lagarto e a perereca podem servir de alimento para algumas espécies de
Figura 7: Em um ecossistema, as diversas cadeias podem se interconectar em um ou mais de seus componentes. Com suas
várias ligações, eis um exemplo de teia alimentar. Nesta, interagem seres como a embaúba, o macaco bugio, a cobra-cipó, o
lagarto-teiú, a perereca, a lagarta, o gavião carcará. Observem bem as setas, pois elas apontam o caminho da energia.
Você é o personagem!
2. O porco come de tudo um pouco, desde carne de outros animais até grãos e frutas.
3. A maçã é a fruta de uma árvore chamada macieira. Ela cresce sempre a favor da luz, pois
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4. O capim atinge baixas e médias alturas, mas é um dos primeiros organismos a ocupar o
Agora, coloque-se como o sétimo ser vivo dessa história e monte 3 cadeias alimen-
Seção 4
Pirâmides ecológicas
Você já sabe que a direção do fluxo de energia em uma cadeia ou uma teia alimentar tem apenas um sentido:
ela se inicia nos produtores e segue até o último nível trófico (consumidores ou decompositores). Mas ainda há uma
questão envolvendo esse fluxo energético: quanta energia é passada de um nível para o outro?
A fonte primordial de energia na Terra é o Sol, uma estrela cuja energia é produzida a partir da fusão nuclear
de átomos de hidrogênio. Uma pequena parte dessa energia atinge o nosso planeta; desse todo, uma boa porcenta-
gem é refletida na Terra, outra é absorvida por substâncias e seres que se encontram na atmosfera e na superfície do
planeta. Sendo assim, de toda energia solar que chega à superfície terrena, uma ínfima parte, aproximadamente 2%,
A luz usada no processo de fotossíntese é, como você sabe, transformada em energia química (moléculas de glico-
se), assim como é transformada também em energia térmica. Isso porque parte da energia que chega às folhas das plantas,
por exemplo, é dissipada na forma de calor. Observe, então, que já há um “desperdício” da energia inicial nesse processo.
Ainda, do total de energia produzida pela planta, boa parte é usada por ela própria em seus processos metabólicos e fisio-
lógicos, como o transporte de substâncias dentro do seu corpo ou os movimentos que ela faz em busca da luz.
Por isso, podemos pensar que existe uma diferença na quantidade de energia produzida pelos produtores para
Os consumidores, assim como o primeiro nível trófico, usam a energia das moléculas orgânicas em prol da
construção e do abastecimento do seu próprio corpo. Essa energia, portanto, é utilizada para realizar trabalho. É con-
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Não é difícil pensar, então, que, em uma cadeia alimentar, a quantidade de energia transferida de
um nível trófico para outro seja gradativamente menor em relação à quantidade inicialmente cap-
tada pelos produtores.
Essas diferenças energéticas podem ser representadas em forma de gráficos de pirâmide, cujo conjunto cons-
Para comparar os diferentes níveis tróficos entre si, precisamos usar uma característica comum a todos os seres
vivos que esteja relacionada à quantidade de energia que ele possui. Por isso, um dos gráficos mais usados para tal
representação é o que leva em consideração a biomassa presente no nível trófico de uma comunidade, ou seja, a
quantidade de matéria orgânica viva dos organismos que representa cada um deles.
O nível trófico que ocupa a base da pirâmide é aquele que possui a maior biomassa por área ocupada (a uni-
Apesar de a biomassa ser uma medida calculada por biólogos em laboratório a partir de dados coletados em
campo, não é difícil imaginar que realmente os produtores são os organismos com maior representatividade em
um ambiente. Voltemos ao exemplo daquela trilha da floresta de mata atlântica que utilizamos, páginas atrás, para
Acima dos produtores, na pirâmide de biomassa, estão os consumidores primários, seguidos pelos consu-
midores secundários, que, por sua vez, são seguidos pelos consumidores terciários e assim por diante, enquanto a
É importante apontar, nesse contexto, que quanto menos níveis tróficos houver em uma cadeia alimentar,
Estudar os tipos de cadeias e teias alimentares nos ecossistemas é algo fundamental se estivermos interessa-
dos em conservar o ambiente onde vivemos. O ambiente é composto por diversas espécies, com suas características
intrínsecas, interagindo entre si em um sutil equilíbrio. Modificar esse equilíbrio significa, muitas vezes, a extinção de
Sim, chegam, afinal somos consumidores! É importante termos em mente que uma plantação é o mesmo que
Para, por exemplo, um pé de alface chegar às nossas mesas, os agricultores desmataram uma dada área, ou
seja, eles retiraram os produtores nativos desse ecossistema. Em retorno, no novo ambiente, eles precisam evitar que
pragas (insetos, fungos ou mesmo outros tipos vegetais) impeçam o crescimento ou matem a população de alfaces
plantadas – e muitas vezes, fazem isso utilizando agrotóxicos, que são venenos...
Ao saber disso, aposto que você não olhará para a sua comida com os mesmos olhos!
Resumo
Todas as manifestações da vida são acompanhadas por trocas de energia, ainda que não se crie ou destrua
energia alguma.
O alimento resultante da fotossíntese dos produtores contém energia armazenada com potencial para se
transformar em outras formas de energia e realizar trabalho quando o alimento é usado pelos organismos.
Diante de toda a diversidade de formas de vida que existe, podemos identificar algumas estratégias
dos seres vivos para conseguir a energia necessária para a manutenção de suas atividades vitais: au-
totrofia e heterotrofia.
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Os seres autotróficos normalmente usam a energia luminosa, captada do ambiente, para sintetizar seu
Os seres heterotróficos adotam estratégias para conseguir seu alimento, já que são incapazes de produzi-lo,
como a predação.
Os seres autotróficos e heterotróficos, no ambiente, desempenham papéis complementares no que diz respeito
à produção e ao consumo de energia; são eles: produtores e consumidores (primários, secundário, terciários...).
As cadeias alimentares de um ecossistema podem se entrelaçar, formando uma verdadeira teia de intera-
Em uma cadeia alimentar, a quantidade de energia transferida de um nível trófico para outro é gradativa-
Pirâmide de biomassa é uma representação gráfica da diferença de energia potencial orgânica encontrada
de um nível trófico para outro, sendo maior nos produtores e menor nos mais altos níveis tróficos.
Veja ainda...
Há filmes que apresentam também a temática da cadeia alimentar. Surpreenda-se com esse pequeno trecho
de “O Rei Leão”:
http://educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=18128
Quer entender um pouco mais sobre cadeia alimentar e fluxo de energia? Dê uma olhada nessa animação:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/simuladoreseanimacoes/2011/biologia/ca-
deia_alimentar.swf
Referências
ODUM, Eugene. Fundamentos de ecologia. 7ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. 927 p.
AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia das populações. 2ª ed. São Paulo: Moderna,
• André Guimarães
• http://www.sxc.hu/photo/1400048
• http://www.sxc.hu/photo/1082397
• http://www.sxc.hu/photo/869074
• http://www.flickr.com/photos/fotoscanon/4025945291/ • Canon
Beatriz Alves.
Beatriz Alves.
24
• http://www.ra-bugio.org.br/galeria.php?id=35 • Germano Woehl Jr. • Instituto Rã-bugio • Adaptação:
• http://www.sxc.hu/985516_96035528.
Atividade 1
Atividade 2
O ser vivo é uma planta, cujas folhas são os órgãos responsáveis por captar a energia
(A) O ser vivo é uma planta cujas folhas são os órgãos responsáveis por captar a
(H) Pássaros são seres que se alimentam de outros insetos ou pequenos frutos. Sem
(A) Esse tipo de bactéria produz seu próprio alimento a partir de moléculas inorgâ-
(A) O fitoplâncton é um grupo de seres vivos que fazem fotossíntese para obter
Atividade 3
2. Capim → boi → você (se você se alimenta de carne bovina, com certeza representa o
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O que perguntam por aí?
Questão 1 (Enem 2011)
Suponha que, em cena anterior à apresentada, o homem tenha se alimentado de frutas e grãos que conseguiu
coletar. Na hipótese de, nas próximas cenas, o tigre ser bem-sucedido e, posteriormente, servir de alimento aos abu-
Comentário: Nessa situação apresentada, o homem é consumidor primário, alimentando-se dos produtores
(frutas e grãos, ou seja, vegetais autotróficos). Em consequência, se o tigre alimentar-se do homem, ele seria o consu-
Nos mercados e peixarias, o preço da sardinha (Sardinella brasiliensis) é oito vezes menor do que o preço do
cherne (Epinephelus niveatus). A primeira espécie é de porte pequeno, tem peso médio de 80 gramas e se alimenta
basicamente de fitoplâncton e zooplâncton. A segunda espécie é de porte grande, tem peso médio de 30.000 gramas
Considerando a eficiência do fluxo de energia entre os diferentes níveis tróficos nas redes tróficas mari-
nhas como o principal determinante do tamanho das populações de peixes, justifique a diferença de preço entre
as duas espécies.
Gabarito comentado: Espécies que se alimentam nos níveis tróficos mais baixos, nos quais há muita energia
disponível, formam populações com grande número de indivíduos. Já as espécies que se alimentam em níveis trófi-
cos mais altos, nos quais há menos energia disponível, formam populações com poucos indivíduos. Os preços desses
peixes no mercado estão relacionados a essas diferenças no número de indivíduos: quanto menos indivíduos, maior
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Interações
Ecológicas –
A Teia da Vida
Pra início de conversa
-se vivo a partir dos seus relacionamentos com todos os outros. Interdependência
outros seres. O ser humano, em especial, interfere de forma muito intensa nessa
Objetivos de aprendizagem:
Analisar as inter-relações e interdependências entre os diferentes organismos e com os fatores abióticos do meio,
explicando como essas relações contribuem para a estabilidade do ecossistema.
Investigar como as mudanças nas condições ambientais afetam os organismos e as dinâmicas populacionais.
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Seção 1
Decifrando os padrões
Observando atentamente as interações entre os seres vivos, os cientistas reconheceram várias formas pelas
quais eles podem interagir. As interações ocorrem tanto entre seres da mesma espécie (Relações Intraespecíficas)
Além disso, podem ser classificadas como Harmônicas ou Desarmônicas (caso pelo menos um dos participan-
tes da relação seja prejudicado de alguma forma com a relação). Assim, as possibilidades de interações podem ser
resumidas pelas combinações: neutras (0), positivas (+) e negativas (-), como se segue para os organismos envolvidos
nas relações:
(0) (0), (-) (-), (+) (+) , (+) (0), (-) (0) e (+) (-).
Tabela 1: Na Natureza, os seres podem interagir entre si de diversas maneiras. Aqui, estão representados os diversos tipos de
interações (à direita), as quais podem ser neutras, harmônicas ou desarmônicas e ocorrerem dentre seres da mesma espécie
ou de espécies diferentes.
Dizer que uma relação é neutra é o mesmo que dizer que não há relação direta entre as populações. Estuda-
remos, a seguir, os casos em que a relação se dá de forma positiva, ou seja, uma população afeta outra, de alguma
Nas relações harmônicas, não há prejuízo para nenhum dos participantes da relação. Nesta seção, veremos
2.1. Colônias
Se você já mergulhou alguma vez com equipamento de mergulho próximo a um costão rochoso, você já deve
ter visto um coral! Os corais são colônias formadas por vários pólipos, ou seja, pequenos animais do filo dos cnidários.
Cnidários
seres vivos, pertencentes ao reino dos animais, caracterizado por viverem exclusivamente em ambientes aquáticos;
possuírem corpos simples; apresentarem células especiais, os cnidocistos, especializadas em capturar presas, inje-
tando uma toxina nelas.
A costa brasileira é repleta de formações coralinas, como o Atol das Rocas e o recife de corais da praia de Boa
Viagem, em Recife, capital de Pernambuco. Não menos belas e famosas são as barreiras de corais de Porto Seguro,
no sul da Bahia. Os recifes são considerados os ecossistemas que têm a maior biodiversidade em nosso planeta, tão
Também formam colônias seres como bactérias, protozoários, algas, além de um outro cnidário, a caravela, que
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Figura 2: Um coral (à esquerda) e uma caravela (à direita), ambos são colônias de cnidários, um dos animais mais simples do Reino.
As sociedades são agrupamentos de indivíduos que, embora não apresentem qualquer tipo de liga-
ção anatômica, desenvolveram o comportamento gregário, ou seja, têm uma grande tendência de
viverem juntos.
É comum que, nas sociedades, ocorra uma divisão de tarefas entre os seres associados. Em alguns casos, os
seres da comunidade apresentam diferentes formas corporais de acordo com a tarefa que desempenham. Por exem-
plo, nas sociedades dos cupins, os operários são formados por machos e fêmeas estéreis. Os soldados também são
machos e fêmeas estéreis, só que apresentam mandíbulas e patas bem mais fortes para proteger a sociedade. Machos
e fêmeas férteis apresentam asas à época do acasalamento e a rainha tem seu abdômen aumentado centenas de
vezes e pode botar milhares de ovos por dia. Em uma mesma sociedade, cada grupo fisicamente diferente forma o
Estéril
Fértil
No filme Vida de Inseto, a vida de uma sociedade de formigas é apresentada, mostrando um pouco da
organização desses seres. Apesar de ser uma animação originalmente produzida pela Pixar para crian-
ças, a representação biológica é tão interessante que vale a pena aos adultos assistir!
Também apresentam o comportamento gregário de formação de sociedades animais como peixes (formam
cardumes), aves (bandos), cães (matilhas), lobos (alcateias), búfalos e elefantes (manadas) e primatas, como os micos,
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Figura 3: A divisão de tarefas nas sociedades de cupins é tão forte que moldou seus corpos ao longo da evolução. Aqui, da es-
querda para a direita, vemos um operário, um soldado e, em seguida, uma rainha com o abdômen repleto de ovos. Repare que
o exoesqueleto não consegue cobrir completamente seu corpo e forma placas que dão ao seu abdômen o aspecto rajado.
Exoesqueleto
Esqueleto que recobre a superfície do corpo de certos animais, tais quais os insetos e crustáceos (siris, camarões,
dentre outros).
Você já deve ter reparado que as formigas doceiras, aquelas que andam pelas paredes
de nossas cozinhas, caminham sempre em fila indiana como se seguissem uma trilha invisível.
delas quando elas não estiverem passando e observe o que acontece a partir daí.
Sabendo que as formigas possuem um cheiro que somente elas sentem e que é
formigas e elabore uma hipótese para explicá-lo, levando em consideração o seu hábito
Desta vez, vamos no debruçar sobre as relações harmônicas entre seres de espécies diferentes.
3.1. Simbiose
A alimentação dos cupins é baseada em fontes de origem vegetal, como a madeira e o papel. Acontece que os
cupins, como os outros animais, não possuem enzimas capazes de digerir a celulose presente na parede celular que
reveste as células vegetais. Então, como os cupins conseguem retirar os nutrientes das células dos vegetais? A arma
secreta dos cupins é uma parceria com protozoários que vivem em seu tubo digestivo. Os protozoários são capazes
de digerir a celulose, e quando fazem isso para alimentar-se desmancham o revestimento das células vegetais permi-
tindo que as enzimas digestivas do cupim façam a digestão das células vegetais.
Já foi observado que, quando nascem,os cupins são alimentados por cupins operários “babás” com pelotas
de fezes de cupins adultos. Em experimentos onde larvas de cupim eram isoladas da colônia e alimentadas somente
com madeira após nascerem, ficou claro que a coprofagia é fundamental para colonizar seus tubos digestivos com
protozoários que os ajudam a digerir seus alimentos. Porque as larvas de cupim que não comiam as fezes dos adultos,
simplesmente morriam por falta de alimentação mesmo comendo madeira à vontade. Sem os protozoários, eles sim-
Coprofagia
Mas essa relação também é fundamental para os protozoários que recebem, no tubo digestivo dos cupins, abrigo
e alimentação. A relação entre os cupins e os protozoários que digerem celulose para eles é conhecida como simbiose.
A simbiose é um tipo de mutualismo (existe benefício mútuo, ou seja, para as duas espécies envolvidas)
em que a interdependência é tão grande a ponto de eles não serem capazes de viver isoladamente.
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Há muitos outros belos exemplos de simbiose. Dentre eles se destacam:
Liquens – associações de algas com fungos. Os fungos, que são seres incapazes de produzir seu alimento
(heterotróficos), garantem para as algas a umidade da qual elas dependem para viver fora d´água. Em troca,
as algas dividem com os fungos parte dos alimentos que elas produzem na fotossíntese. Não porque elas
sejam justas, mas sim porque elas precisam manter os fungos vivos para a sua própria sobrevivência.
Micorrizas – associações de fungos com raízes de plantas. Os fungos aumentam a superfície de absorção
de nutrientes, facilitando a germinação e a nutrição adequada de várias plantas. Como isso é interessante
para as plantas, elas cultivam os fungos com parte dos açúcares que elas produzem na fotossíntese para
3.2. Protocooperação
Você já deve ter visto como é comum ver aves pousadas nas costas de bois pastando. E elas não estão ali por
acaso, mas sim em busca de alimentos no meio do pelo. Isso mesmo, elas comem carrapatos que estão presos à pele
dos bois, sugando seu sangue. Não preciso nem dizer o quanto isso é bom para o boi, que fica livre desses incômodos
Figura 4: O bovino da foto conta com a ajudinha do pássaro para se livrar dos indesejados carrapatos. E o pássaro, de papo
cheio, também agradece.
sivamente dos carrapatos do boi para sobreviver, pois consegue achar alimentos também em outros lugares. E o boi
A protocooperação é uma relação de mutualismo (de benefício mútuo entre animais de diferentes espé-
cies) em que os seres não dependem dessa relação para sua sobrevivência, mesmo ela sendo boa para
ambas as partes.
Peixe-palhaço e anêmonas-do-mar – as anêmonas são cnidários que se alimentam de animais como peixes
que, ao tocarem em seus tentáculos, são paralisados pelas suas toxinas. Os peixes-palhaço não correm esse
risco porque possuem uma proteção contra as toxinas das anêmonas, então eles usam as anêmonas como
abrigo, beneficiando-se da proteção que elas lhes proporcionam contra predadores. As anêmonas acabam
sendo beneficiadas, pois os peixes-palhaço atraem predadores que viram presas para elas.
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Formiga e pulgão – os pulgões alimentam-se de seiva de plantas e sofrem com o ataque das joaninhas,
que são suas predadoras. Mas os pulgões costumam ser protegidos, por formigas, contra as joaninhas. O
interesse das formigas em proteger os pulgões é que elas se alimentam do excesso de seiva que sai do ânus
dos pulgões e precisam deles vivos. Como você pode ver, embora não haja dependência entre formigas e
3.3. Comensalismo
Muita gente acha que toda planta que cresce em cima de outra planta é parasita, ou seja, retira seiva e acaba
matando a hospedeira. Isso até acontece, com veremos mais adiante, mas muitas das plantas que nascem sobre as
outras (chamadas, por isso, de epífitas) estão apenas pegando uma “carona” na hospedeira em busca de luz. Esse é o
caso das orquídeas e bromélias, que não causam prejuízo algum às árvores onde crescem. Mas também não causam
Comensalismo é essa relação em que um ser se beneficia da relação com outro ser, sem lhe causar pre-
juízo nem benefício.
cavalos. Há casos em que eles não comem os carrapatos (que seria uma protocooperação), mas apenas insetos que
estavam no meio da vegetação e que pulam ou voam para fugir do pisoteio do animal.
O prejuízo do fogo
No Brasil, ainda é muito comum o hábito de fazer a coivara, usar fogo para a “lim-
peza” de uma área que se deseja usar para o plantio. Sabendo que as sementes de muitas
plantas dependem de uma simbiose com fungos presentes no solo para germinar, expli-
Seção 4
Relações Desarmônicas Interespecíficas
Nas relações desarmônicas, pelo menos um dos participantes é prejudicado pela relação. Nesta seção, vamos
4.1. Amensalismo
Quando manadas de búfalos ou elefantes se deslocam, causam um grande estrago por onde passam. Plantas
e pequenos animais morrem pisoteados. Embora a relação seja fatal para os pequenos seres, os animais que lhes
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Amensalismo é este tipo de relação na qual há seres prejudicados com a relação sem intenção, benefício
nem prejuízo do outro.
4.2. Parasitismo
Uma boa parte das doenças que podemos ter é causada por parasitas como vírus, bactérias, protozoários, fun-
gos e vermes (vimos alguns exemplos ao longo do Módulo 3). Insetos e aracnídeos também usam e abusam de outros
seres; e, quem diria, até as plantas podem ser parasitas de outras plantas!
Embora a maioria dos vermes não seja parasita, os poucos do grupo que são parasitas fazem a sua má fama:
tênias, esquistossomos, lombrigas, filárias, oxiúros e ancilóstomos são alguns dos vermes mais famosos que podem
2 do módulo 3) e o plasmódio (causador da malária – apresentado na unidade 2 do módulo 3) estão entre os proto-
zoários parasitas de seres humanos. Mas é bom lembrar que existem muitas espécies de protozoários de vida livre ou
Não poderíamos deixar de falar dos vírus, parasitas obrigatórios de outros seres, uma vez que não possuem
estruturas celulares capazes de desempenhar as funções vitais. Gripe, herpes, hepatite e AIDS estão entre doenças
A erva-de-passarinho é uma planta parasita de outras. Ela nasce de sementes deixadas por aves nos galhos das
árvores. Quando germina, ela lança raízes com uma especialização para perfurar o caule da outra planta a fim de su-
gar a seiva; são raízes sugadoras. A erva-de-passarinho se desenvolve como um cipó, cobrindo a copa da outra planta,
mas ela retira a seiva bruta, que contém apenas água e sais minerais, e faz fotossíntese para produzir a sua própria
O cipó-chumbo é outra planta parasita, mas com uma estratégia um pouco diferente da erva-de-passarinho.
Embora seja um vegetal, ele deixou de fazer fotossíntese e suga seiva elaborada de outras plantas. Por isso, o cipó-
4.3. Predação
Gaviões, entre outras coisas, comem cobras. Cobras costumam alimentar-se de sapos. Sapos são insetívoros.
Entre os insetos que os sapos comem estão os grilos que, por sua vez, são herbívoros. Embora aqui esteja representa-
Insetívoro
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Predação é uma relação desarmônica em que um ser mata outro de uma espécie diferente para ali-
mentar-se dele.
Na Natureza, muito raramente um predador come apenas um tipo de presa, e frequentemente mais de um
tipo de predador come a mesma presa. Então, a cadeia transforma-se numa teia complexa quando traçamos todas as
relações predadores-presas de uma comunidade. Essa é a Teia Alimentar, que é sustentada por um delicado e com-
plexo equilíbrio das relações entre os seres vivos que dela participam.
As insetívoras não têm um tubo digestivo como o dos animais e raramente conseguem capturar ani-
mais maiores que os insetos. Logo, não são carnívoras de verdade.
risco muito grande de danos. Por isso, há geralmente uma grande diferença entre predador e presa (de tamanho ou
de força). E é por isso que geralmente a presa prefere fugir a ficar e enfrentar o predador. As que apresentarem esse
comportamento tendem a ser eliminadas, justamente por causa dessa disputa desleal.
O controle biológico de pragas é um método usado como alternativa ao uso de pesticidas. A ideia é
responder à invasão de uma praga com a introdução de inimigos naturais dela, como predadores ou
parasitas específicos. Embora seja uma técnica recomendada para a agricultura orgânica, a introdução
de espécies sempre gera riscos de desequilíbrios ecológicos e deve ser feita com cautela e sob a orien-
tação de especialistas experientes.
Todas as plantas precisam da luz do Sol para fazer fotossíntese. Nas florestas, todas as plantas de todas as espé-
cies estão disputando por luz o tempo todo. Crescer, ramificar-se, crescer sobre outras plantas, aumentar o tamanho
de suas folhas e até mesmo produzir uma toxina que retarda o crescimento das adversárias são algumas estratégias
Entre animais, as disputas são ainda mais fervorosas. Disputas territoriais são comuns entre várias espécies. O
que está em jogo é a disputa pela exploração dos mesmos recursos, no mesmo território e ao mesmo tempo.
Um recurso é qualquer coisa usada diretamente por um organismo que pode levar ao crescimento da popu-
lação e que tem a quantidade reduzida quando é usada, como, por exemplo, comida, espaço, luz, água etc. Fatores
como temperatura, umidade, salinidade e pH, mesmo que tenham forte influência sobre o tamanho da população,
não são considerados recursos, porque não podem ser consumidos nem monopolizados.
Cada espécie sobrevive explorando certo conjunto de recursos. Isso define o seu nicho ecológico, também
entendido como o papel desempenhado por esta espécie no ecossistema. Se não existissem competidores, preda-
dores e parasitas em seu ambiente, uma espécie seria capaz de viver sob maior amplitude de condições ambientais
(seu nicho fundamental) do que o faz na presença de outras espécies que a afetam negativamente (seu nicho reali-
zado). Por outro lado, a presença de espécies benéficas pode aumentar a gama de condições em que uma espécie
consegue sobreviver.
Recursos cuja reposição é menor que o consumo são considerados recursos limitantes. Eles influenciam a abun-
dância e a distribuição das espécies. Os recursos que não são limitantes têm uma influência muito pequena sobre a
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dinâmica populacional de uma espécie. Por exemplo, para os animais terrestres a quantidade de gás oxigênio dispo-
nível para a respiração não é um fator limitante. Isso porque o gás oxigênio, com seus quase 21% na composição da
atmosfera, está sempre acima do nível mínimo de consumo. Já em um ambiente de água doce, onde a concentração
máxima de gás oxigênio dissolvido é apenas 0,5%, quase sempre os organismos consomem todo o gás e este se torna
um recurso limitante. Ecólogos de ambientes aquáticos, ao contrário de ecólogos de ambientes terrestres, prestam
A competição é uma relação de disputa pelo uso de um recurso que é limitado. Ela ocorre entre seres
que procuram pelos mesmos recursos, no mesmo local e ao mesmo tempo, ou seja, compartilham o
mesmo nicho ecológico e o mesmo hábitat.
Não haverá competição se as populações das espécies que usam um mesmo recurso habitam lugares diferen-
tes, porque, evidentemente, elas não estarão disputando o consumo daquele recurso no mesmo lugar.
Os parasitas usualmente têm tempo de geração muito mais curto do que seus hos-
Competição Intraespecífica
Os sapos, pererecas e rãs, todos do grupo dos anuros têm um comportamento reprodutivo muito caracterís-
tico. Os machos vocalizam para atrair as fêmeas. Em regra, quanto mais alto um macho vocalizar, maiores são as suas
chances de reprodução. Mas quando vocaliza, além de atrair as fêmeas, os machos também atraem predadores.
Como nas aves, cada espécie de anuro tem uma vocalização característica. Por isso, quando um macho de uma
espécie não encontra concorrentes, ele vocaliza apenas um pedaço da sua “canção”. Assim, ele avisa às fêmeas da sua
localização, mas não se expõe tanto à predação. Se houver um ou mais concorrentes, eles disputarão as fêmeas voca-
lizando o mais alto e o mais completo possível, ainda que assim eles corram o risco de atrair predadores.
Seres da mesma espécie geralmente exploram os mesmos recursos. Como desempenham o mesmo
nicho ecológico, quando dividem o mesmo hábitat onde um recurso é limitante, competem por esse
recurso. A competição intraespecífica ocorre frequentemente por território, alimento e parceiro sexual.
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O que está por trás deste comportamento competitivo é a seleção das características que aumentam as chan-
ces de reprodução e perpetuação do seu material genético. Cada ser escolhe o parceiro que julga trazer mais bene-
fícios para seus descendentes, garantindo a sobrevivência deles e a transmissão do seu material genético adiante.
Canibalismo
O louva-deus é um inseto predador, devora vorazmente outros insetos que captura com suas típicas patas
dianteiras. Estas parecem em prece enquanto esperam a oportunidade para dar um bote em sua presa. Mas durante
o acasalamento o louva-deus apresenta um comportamento estranho. Antes ainda do término da cópula, a fêmea
começa a devorar o macho. Come-o por inteiro, da cabeça aos pés, ou melhor, às patas.
Quando a predação acontece entre seres da mesma espécie, ela é chamada de canibalismo.
O canibalismo é raro, porque a seleção natural tende a eliminar esse comportamento, afinal, teoricamente, ele
reduz o número de indivíduos daquela espécie, deixando-a mais vulnerável à extinção. Além disso, como o canibalis-
mo ocorre entre seres da mesma espécie, a igualdade física deixa a captura da presa pelo predador bem arriscada e
com grandes chances de não ser bem-sucedida ou provocar danos sérios ao predador.
No caso do louva-deus, a interpretação é que, após cumprir seu papel reprodutivo, o macho é mais útil morto – ali-
mentando a fêmea e garantindo recursos para o desenvolvimento dos embriões e a postura dos ovos – do que vivo,
Muitos animais criados presos apresentam o canibalismo como um distúrbio comportamental gerado pelo
estresse do cativeiro.
Hannibal
Na espécie humana, o canibalismo é considerado um desvio grave, como no caso do psicopata Hanni-
bal, interpretado por Anthony Hopkins, no filme “Silêncio dos Inocentes”.
Mas a antropologia já registrou tribos indígenas e aborígenas que adotam a prática do canibalismo.
Nesses casos, o canibalismo tem mais a ver com aspectos religiosos subjetivos do que uma estratégia
nutricional. Os índios Tupinambás, por exemplo, acreditavam que ao derrotar um adversário deveriam
comer a sua carne para incorporar a coragem do espírito dele. Não era para matar a fome que estas
tribos praticavam o canibalismo.
Seção 6
Interações Ecológicas e Evolução
Pudemos ver claramente, nesta Unidade, que as interações entre os seres vivos são fortes agentes de pressão
evolutiva. Relações ecológicas estreitas favorecem processos de seleção natural combinados nas duas populações que
interagem, onde a evolução de cada um é dependente da evolução do outro. Isso acontece, por exemplo, entre plantas
A coevolução é um tipo de evolução da comunidade, envolvendo interação seletiva entre dois grupos
de organismos com uma relação ecológica estreita.
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Supõe-se que a grande diversidade de plantas nos trópicos pode estar relacionada a uma grande diversidade de
insetos herbívoros. Através de mutações casuais, as plantas produzem compostos químicos que tornam suas folhas desa-
gradáveis para herbívoros. Tais plantas, protegidas, entram em uma nova zona de adaptação e, eventualmente, aquilo que
começou como mutação casual se espalha e pode caracterizar uma família botânica inteira. Se numa população de insetos
herbívoros surgir um mutante capaz de se alimentar de uma planta com paladar desagradável, ele terá uma vantagem so-
bre os outros insetos. Melhor alimentado, ele tenderá a crescer e se reproduzir melhor que os outros, espalhando sua carac-
terística pela população. Assim, a diversidade de plantas tende a aumentar a diversidade de insetos herbívoros e vice-versa.
As relações simbiontes também sugerem processos de coevolução. É o que parece ocorrer entre embaúbas e
formigas do gênero Azteca. As formigas vivem em sociedade no interior do caule oco das embaúbas, de onde defendem
ferozmente a árvore que lhe dá abrigo, reduzindo o ataque de outros insetos herbívoros. A seleção natural age de forma
conjunta para as duas populações, reforçando as características dessas árvores e o comportamento das formigas.
Há inúmeros exemplos de plantas que são polinizadas exclusivamente por uma espécie de inseto ou beija-flor.
A anatomia da flor parece ter sido desenhada exclusivamente para uma abelha, mariposa ou beija-flor. E os animais,
por sua vez, parecem ter o encaixe perfeito com bicos e trombas compridos. Essa relação tão específica é uma forte
evidência de coevolução.
Outro exemplo de coevolução são o mimetismo e a camuflagem, adaptações contra a predação. A diferença
entre elas está na mensagem transmitida ao predador pelas mudanças no corpo da presa. Na camuflagem, a presa
tende a se confundir com o ambiente, sendo mais difícil ao predador localizá-la. Já no mimetismo, a estratégia envol-
ve ser visto, mas não identificado. Mariposas que se parecem com folhas fazem camuflagem, pois passam desperce-
bidas por pássaros que poderiam predá-las: para o pássaro, ela não está lá.
Por sua vez, outras mariposas que parecem ter olhos de coruja desenhados em suas asas são vistas por pássa-
ros predadores de mariposas, mas não são incomodadas por eles porque eles pensam estar olhando para uma coruja.
Geralmente fogem com medo. Estas mariposas fazem mimetismo porque sua aparência confunde seus predadores.
Elas são vistas, mas eles julgam estar vendo outro ser.
Um hospedeiro morto é um problemão para um parasita. A seleção natural que age na evolução dos parasitas
segue duas linhas principais e estranhamente opostas. A primeira seleciona as adaptações que aumentem a eficiência
dos parasitas em retirar nutrientes de seus hospedeiros, como, por exemplo, o desenvolvimento de raízes sugadoras
nas epífitas parasitas. A outra linha é a de reduzir os danos causados no hospedeiro, já que a sobrevivência do parasi-
É possível que essa redução de virulência possa ter levado alguns parasitas a coevoluir para uma relação de
simbiose, quando, além de reduzir a virulência, passaram a contribuir de alguma forma para a sobrevivência do seu
Os parasitas muito virulentos (agressivos) acabam investindo em contágio. Se vão esgotar os recursos, é bom
que consigam abandonar logo aquele hospedeiro e ir para outro, caso contrário eles morrerão.
de uma região para outra. Elabore um texto explicando o risco da introdução de espécies
tas-hospedeiros e competidores.
Nesta unidade, desvendamos as mais sutis relações entre os seres vivos, uma verdadeira Teia da Vida. Compro-
meter a fragilidade do equilíbrio desta teia reforça o compromisso que temos com a conservação de toda diversidade
de vida. Questões como “Para que servem as baratas?” são muito comuns. Ainda que alguém possa questionar a
importância de alguns seres, agora você sabe que cada ser desempenha um papel importante no equilíbrio da vida.
É fácil perceber como as seleções naturais entre seres com relações íntimas podem contribuir para o curso da
50
Resumo
As interações ocorrem tanto entre seres da mesma espécie (Relações Intraespecíficas) como entre seres de
espécies diferentes (Relações Interespecíficas). E as interações podem ser classificadas como Harmônicas
(caso não haja prejuízo para nenhum dos participantes da relação) ou Desarmônicas (caso pelo menos um
uma colônia dependem tanto do conjunto que eles são incapazes de viver isoladamente.
As sociedades são agrupamentos de indivíduos que, embora não apresentem qualquer tipo de liga-
ção anatômica, desenvolveram o comportamento gregário, ou seja, têm uma grande tendência de
viverem juntos.
A simbiose é um tipo de mutualismo (existe benefício mútuo, ou seja, para os dois envolvidos) em que a
interdependência é tão grande a ponto de eles não serem capazes de viver isoladamente.
A protocooperação é uma relação de mutualismo (de benefício mútuo entre animais de diferentes espé-
cies) em que os seres não dependem desta relação para sua sobrevivência, mesmo ela sendo boa para
ambas as partes.
nem benefício.
Amensalismo é o tipo de relação em que há seres prejudicados com a relação sem intenção, benefício nem
prejuízo do outro.
Identificamos o parasitismo quando um organismo ataca e consome partes de um organismo muito maior
do que ele mesmo. Nesse tipo de relação, o hospedeiro é prejudicado pelo benefício que o parasita tira dele.
Predação é uma relação desarmônica na qual um ser mata o outro para alimentar-se dele.
A competição é uma relação de disputa pelo uso de um recurso que é limitado. Ela ocorre entre seres que
procuram pelos mesmos recursos, no mesmo local e ao mesmo tempo, ou seja, compartilham o mesmo
Seres da mesma espécie geralmente exploram os mesmos recursos. Como desempenham o mesmo nicho
ecológico, quando dividem o mesmo hábitat onde um recurso é limitante, competem por esse recurso. A
Quando a predação acontece entre seres da mesma espécie, ela é chamada de canibalismo.
É fácil perceber como as seleções naturais entre seres com relações íntimas podem contribuir para o curso
Veja ainda...
http://super.abril.com.br/mundo-animal/bobeou-virou-comida-443852.shtml
Referências
ODUM, Eugene. Fundamentos de ecologia. 7ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. 927 p.
PURVES, William e outros. Vida, a ciência da biologia. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 1044 p.
DAWKINS, Richard. O gene egoísta. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1979. 230 p.
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Imagens
• André Guimarães
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• http://www.sxc.hu/photo/1386414
• http://www.sxc.hu/photo/824870
Você deve ter percebido que, quando atingem o ponto onde você passou o dedo cor-
tando seu caminho, as formigas se espalham, perdendo o rastro das que já passaram por ali.
os feromônios. Elas literalmente deixam um rastro para marcar a trilha por onde passaram
Se você ficar observando o experimento por mais tempo, você notará que as formi-
gas vão procurar uma passagem para reconectar seu caminho antigo e todas as formigas
que passarem por ali depois seguirão o novo caminho neste trecho.
Atividade 2
Além dos danos óbvios como a morte de plantas e animais das áreas queimadas e
a poluição atmosférica, a queimada mata também boa parte dos micro-organismos pre-
sentes no solo. Alguns deles são fundamentais para o desenvolvimento das plantas por es-
Atividade 3
Como sua sobrevivência depende do seu hospedeiro, os parasitas têm uma seleção
natural que leva em conta também as chances de sobrevivência do hospedeiro. Esse argu-
mento foi bem explorado um pouco mais adiante na Seção 6, que trata da relação entre as
relações ecológicas e a evolução dos seres envolvidos na relação. Fica claro que uma ten-
Atividade 4
brio nas relações ecológicas deste ecossistema. O novo ser pode ser uma ameaça às outras
espécies por ser parasita, predador ou competir com elas. Mesmo se o invasor estabelecer
uma relação harmônica com alguma espécie preexistente no ecossistema, ele vai alterar o
beneficiada. Não raro, a introdução de espécies exóticas gera extinções nas novas áreas.
54
O que perguntam por aí?
Um estudo recente feito no Pantanal dá uma boa ideia de como o equilíbrio entre as espécies, na Natureza, é
co é o único pássaro que consegue abrir o fruto e engolir a semente do manduvi, sendo, assim, o principal dispersor
de suas sementes. O manduvi, por sua vez, é uma das poucas árvores onde as araras-azuis fazem seus ninhos.
Até aqui, tudo parece bem encaixado, mas... é justamente o tucano-toco o maior predador de ovos de arara-azul
— mais da metade dos ovos das araras são predados pelos tucanos. Então, ficamos na seguinte encruzilhada: se não há
tucanos-toco, os manduvis se extinguem, pois não há dispersão de suas sementes e não surgem novos manduvinhos, e
isso afeta as araras-azuis, que não têm onde fazer seus ninhos. Se, por outro lado, há muitos tucanos-toco, eles dispersam
as sementes dos manduvis, e as araras-azuis têm muito lugar para fazer seus ninhos, mas seus ovos são muito predados.
a. O manduvi depende diretamente tanto do tucano-toco como da arara-azul para sua sobrevivência.
tucanos-toco.
d. A conservação das araras-azuis depende também da conservação dos tucanos-toco, apesar de estes
Comentário: O texto do enunciado expõe a delicada interação entre três populações diferentes: a de mandu-
vis, araras-azuis e tucanos-toco. Todas elas são interdependentes, portanto, para a conservação de uma, é preciso que
O controle biológico, técnica empregada no combate a espécies que causam danos e prejuízos aos seres hu-
manos, é utilizado no combate à lagarta que se alimenta de folhas de algodoeiro. Algumas espécies de borboleta
depositam seus ovos nessa cultura. A microvespa Trichogramma sp. introduz seus ovos nos ovos de outros insetos,
incluindo os das borboletas em questão. Os embriões da vespa se alimentam do conteúdo desses ovos e impedem
que as larvas de borboleta se desenvolvam. Assim, é possível reduzir a densidade populacional das borboletas até
A técnica de controle biológico realizado pela microvespa Trichogramma sp. consiste na:
Gabarito: Letra A.
Comentário: A microvespa é um parasita da borboleta, uma vez que ela se beneficia de recursos desse animal
para se manter vivo. Sua ação acaba por exterminar os embriões da borboleta (presentes nos ovos).
56
País tropical
e bonito por
Natureza: os
diferentes
biomas
Para início de conversa
perficial de água doce do mundo, e algo entre 10 e 29% de todas as espécies co-
nhecidas ocorre em território nacional. Isso representa uma das maiores biodiver-
abundantes o ano todo). Isso tudo sem contar a beleza da paisagem natural e de
Figura 1: Paisagens como essa são bastante comuns em determinadas regiões brasilei-
ras. Você há de convir que esse quadro é belíssimo!
gualdade no mundo. Nossos índices em saúde e educação não são bons. A retomada do crescimento econômico do
nosso país, após o período da ditadura militar, nos configura como uma potência emergente.
E também temos desafios socioambientais a superar. Já somos o 5º maior consumidor de petróleo do mundo
Bioma é um conjunto de ecossistemas caracterizado por tipos semelhantes de vegetação. O Brasil está
dividido em seis biomas: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa.
com a perigosa combinação de técnicas já muito ultrapassadas (monocultura em latifúndios) e tecnologia muito
avançada (máquinas, fertilizantes e defensivos agrícolas de ultima geração, além de Organismos Geneticamente Mo-
dificados – OGM, sobre os quais você aprenderá na Unidade 5) Essas práticas já vitimaram boa parte de nossos biomas.
Desmatamento
Retirada parcial ou total da vegetação de determinada área, geralmente para utilização do solo em atividades agropecuárias,
assentamentos urbanos, industriais, florestais, de geração e transmissão de energia, de mineração ou de transporte de carga e
passageiros. O desmatamento é caracterizado pelas práticas de corte ou queimada da cobertura vegetal nativa.
Nesta unidade, vamos conversar sobre os BIOMAS BRASILEIROS. Quero lhe convidar a viajar pelo Brasil, conhe-
cendo as principais características, a história, as ameaças e as alternativas para cada um dos nossos biomas. Afinal, a
solução do problema está em cada um de nós, pois a conservação da biodiversidade depende dos nossos interesses
e da nossa participação nas tomadas de decisões. Nestas, inclui-se a escolha de nossos representantes (democracia
representativa) e a participação direta através de movimentos populares, organizações não governamentais e conse-
lhos municipais (democracia participativa). Não há dúvida: é preciso conhecer para conservar!
58
Figura 2: Mapa do Brasil dividido por estados e colorido de acordo com a distribuição de cada um dos 6 biomas brasileiros.
Objetivos da Aprendizagem
Identificar causas e efeitos das ações humanas sobre os biomas e as consequências dos danos ambientais
Conta a lenda que, na região Norte do Brasil, no meio da selva amazônica, esconde-se o Eldorado, uma cidade
de ouro protegida por valentes guerreiras, as Amazonas. O Eldorado nunca foi encontrado, mas finalmente descobri-
A imensidão verde da Floresta Amazônica abriga, em seus diferentes estratos, um intenso ritmo de vida, reple-
to de aves coloridas, muitos macacos, além de répteis, felinos e incontáveis espécies de insetos. Você pode imaginar a
quantidade de peixes que vivem na imensidão das águas da Bacia Amazônica? Na Amazônia, vivem mais de um terço
Estratos
O mesmo que camadas. Grosso modo, a vegetação apresenta três estratos de acordo com o seu porte: o hebáceo (rasteiro), o
arbustivo (de arbustos, com porte intermediário) e o arbóreo (formado por árvores de grande porte).
O BIOMA AMAZÔNIA ocupa 8 milhões de quilômetros quadrados espalhados por nove países da América do
Sul: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. A Amazônia brasileira se
estende por todos os estados da Região Norte do Brasil: Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Rondônia e Acre. A Amazô-
nia Legal inclui ainda as bordas da Floresta Amazônica no Maranhão, Tocantins e Mato Grosso, embora nestes estados
as matas sejam mais ralas, fazendo uma transição para o Cerrado.
Amazônia Legal
É uma criação administrativa do Governo Federal de 1996. Abrange áreas vizinhas à Floresta Amazô-
nica. Nessa borda da Amazônia, o Governo Federal tem políticas especiais de estímulo da ocupação
(abrindo mão de alguns impostos para atrair empreendedores), mas também de proteção da vege-
tação (p. ex.: maior porcentagem de reserva legal nas propriedades rurais do Brasil – 80% contra 35%
no Cerrado e 20% nas demais regiões do país).
A Floresta Amazônica apresenta vários estratos formados pelas copas de árvores frondosas, chegando a 50 me-
tros de altura. Muitas dessas árvores apresentam raízes tabulares, adaptação para a sustentação da planta no solo areno-
so da Amazônia (Figura 3). Entre as árvores de grande porte, estão a castanheira do Pará, a sumaúma e a famosa serin-
gueira (Hevea brasiliensis), a partir da qual se extrai o látex, usado na fabricação da borracha natural. Também são muito
comuns as epífitas, entre as quais se destacam bromélias e trepadeiras com cipós que formam densas cortinas na mata.
60
Figura 3: Essa é uma típica árvore amazônica, com sua altura exuberante e suas raízes achatadas lateralmente (como tábuas)
que ajudam a sustentar tal altura e peso em um solo tão instável como aquele formado por grãos de areia.
A Amazônia presta importantes serviços ambientais para o planeta. Tais serviços são aqueles que a Natureza
garantir e desenvolver a nossa produção agropecuária e industrial. Tal processo pode ser feito ao providen-
ciar a necessária biodiversidade e diversidade genética para melhoria das culturas ou para fármacos, cos-
méticos e novos materiais, ou mesmo ao complementar processos que a tecnologia humana não domina
sequestrar carbono da atmosfera, reduzindo o efeito estufa, minimizando os sintomas das mudanças climáticas.
O conceito de serviços ambientais surgiu da necessidade de demonstrar que as áreas naturais cumprem fun-
ções importantes de manutenção de toda vida, inclusive a do homem. Tal conceito nasceu em oposição à falsa ideia
evapotranspiração. O rio Amazonas é o mais extenso e caudaloso do mundo. Nasce lá na Cordilheira dos Andes e
abastece o Oceano Atlântico com cerca de 17 bilhões de litros de água por dia, carregando sedimentos e nutrientes
(repare que a Floresta manda 3 bilhões de litros de água a mais para a atmosfera que para o mar). Toda essa água
forma verdadeiros rios aéreos que distribuem essa umidade para quase todo o Brasil!
Evapotranspiração
A soma da transpiração das plantas e da evaporação de água do solo na área coberta pela vegetação, totalizando o vapor de
água desprendido para a atmosfera em uma área coberta por vegetação.
Além de mandar água para a atmosfera, outro papel importante da Floresta Amazônica é descarregar uma
incrível quantidade de nutrientes no Oceano Atlântico. Isso nutre uma grande diversidade de algas, contribuindo
para a teia alimentar marinha e também para o sequestro de carbono da atmosfera, regulando o clima do planeta.
O curioso é que a camada de nutrientes do solo da Amazônia é bem superficial. A Floresta se sustenta do pró-
prio material orgânico que lança no chão (através da queda de folhas, flores, frutos, galhos e árvores que ao se decom-
por enriquecem a camada mais superficial do solo). Isso faz do bioma Amazônia um ecossistema frágil, de equilíbrio
muito delicado. Em áreas desmatadas, já se observam processos de desertificação. E a devastação já comeu mais de
Desertificação
Fenômeno no qual o solo perde suas propriedades e se torna incapaz de sustentar a comunidade vegetal. Esse fenômeno está
associado direta ou indiretamente às atividades humanas, como por exemplo o desmatamento e as mudanças climáticas.
O desmatamento se intensificou a partir da década de 1950, quando foram construídas as primeiras estradas
para integrar a região amazônica ao território nacional. Durante os governos militares (1964-1885), foram criados
incentivos fiscais e construídos portos, cidades, estradas e usinas hidrelétricas para atrair investimentos e moradores,
e assim promover o crescimento econômico da região. Existia um medo de que, por ser muito pouco habitada, a
No início deste século, a devastação da Floresta Amazônica continuou avançando, impulsionada pela explo-
ração de madeira e pelo uso do solo para a pecuária e agricultura. Não por acaso, nesse mesmo período, o Brasil
Além disso, novos empreendimentos estão trazendo mais impactos sociais e ambientais para a região. Dentre
esses projetos, estão:
62
a construção e pavimentação de estradas (como a Cuiabá–Santarém, Manaus–Porto Velho e Rio Branco–
Cruzeiro do Sul);
a construção de novas usinas hidrelétricas (como a de Belo Monte, a dos rios Araguaia e Tocantins e do
Complexo Madeira);
Gasoduto
Hidrovias
Você deve imaginar a importância desses empreendimentos para o desenvolvimento da Região. Mas também é
preciso entender a importância de acompanhar os projetos e cobrar a realização de estudos sérios de impactos ambien-
tais e sociais. Tudo isso com a participação democrática da sociedade civil organizada e do Ministério Público Federal.
Nos últimos anos, centenas de iniciativas populares criaram um novo modelo para o desenvolvimento econô-
mico baseado no manejo sustentável de recursos naturais. A riqueza da Amazônia está na floresta em pé, prestando
seus serviços ambientais. Por isso, os empreendimentos devem ser acompanhados pela criação de Unidades de Con-
servação, formando Corredores Ecológicos que funcionam como barreiras ao avanço do desmatamento. Além disso, é
preciso garantir a proteção da cultura das populações tradicionais e indígenas e proteger nosso patrimônio genético
da Biopirataria.
Biopirataria
Retirada do patrimônio genético dos seres vivos (animais, plantas, fungos etc.) e conhecimentos tradicionais para fins de explo-
ração comercial, sem o consentimento ou controle do país de origem e das comunidades locais.
Uma das ferramentas usadas pela Ciência são modelos matemáticos que permitem
aos cientistas simular situações que nunca foram observadas. Tais ferramentas são úteis
porque nos permitem fazer previsões do que aconteceria em cenários que podem, um dia,
ser reais. E isso pode nos ajudar a tomar decisões do que fazer ou evitar fazer, pois pode-
mos sobre os serviços ambientais prestados pela Floresta Amazônica, aponte duas conse-
Seção 2
Cerrado – A riqueza do Brasil Central
Cerrar, escrito assim, com “c”, significa fechar. E é exatamente porque a vegetação rasteira desse ambiente é
Figura 4: O cerrado tem este nome por sua característica vegetação rasteira bem fechada.
64
Você pode até pensar que o Cerrado é um ambiente pobre. Mas que nada! O Cerrado, pelo contrário, é um
ambiente bastante diversificado, apresenta diferentes domínios, cada um com sua vegetação típica:
Talvez você se surpreenda se eu disser que o Cerrado é, atualmente, o segundo maior bioma brasileiro. Ocupa
quase 2 milhões de quilômetros quadrados distribuídos por 12 estados: Rondônia, Pará, Maranhão, Piauí, Tocantins,
Goiás, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, além do Distrito Federal.
No Cerrado, estão um terço ( ) de todas as espécies brasileiras; 5% de toda a fauna e flora do mundo; e, para
completar, as nascentes das três principais bacias hidrográficas brasileiras (Amazônica, do São Francisco e do Para-
Bacias hidrográficas
Conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes contribuintes. As bacias hidrográficas são determinadas pelo
relevo, já que a água escoa sempre das regiões mais altas para as mais baixas.
Aquífero
A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960, foi acompanhada por medidas para
estimular o desenvolvimento da região. Políticas públicas, como investimentos em infraestrutura e liberação de di-
nheiro para investimentos no agronegócio, fizeram do Cerrado alvo de uma forte expansão da fronteira agropecuária.
Assim, metade da soja cultivada no Brasil (13% da soja cultivada no mundo) vem de áreas que eram antes
ocupadas pelo Cerrado. A região é responsável por 20% do milho, 15% do arroz e 11% do feijão produzidos, além de
abrigar mais de 33% do rebanho bovino e 20% dos suínos criados no Brasil.
Estimativas apontam que metade da área original do Cerrado já foi devastada pelos empreendimentos
agropecuários na região. A dinâmica de desmatamento inclui a produção de carvão com a vegetação retirada para as
lavouras de soja ou para o plantio de pasto. Os grandes consumidores deste carvão são as siderúrgicas de Minas Gerais.
Outro problema é a perda de fertilidade do solo que força os agricultores a usarem fertilizantes e defensivos
agrícolas que contaminam as águas da região. Além disso, o consumo de água para a irrigação das lavouras deixa
O alagamento de extensas áreas para a construção de usinas hidrelétricas é outra ameaça ao Cerrado. Grande
parte da energia gerada nas hidrelétricas da região destina-se à produção de alumínio na Região Norte. Um exemplo
é a usina de Tucuruí e da Serra da Mesa (que possui um dos maiores reservatórios de água doce do mundo).
Essa situação é fruto do contraste entre o valor desse bioma e a visão que nós temos dele. O Cerrado ainda é visto
como uma vegetação pobre e sem importância, por isso acaba sendo considerada uma área que o Brasil tem para ser
ocupada na expansão da sua fronteira agrícola. Tal modelo de ocupação gerou também implicações sociais, não mais
permitindo a agricultura familiar. Isso forçou o êxodo rural, uma vez que as atividades rurais não foram capazes de absor-
ver a mão de obra excedente no campo. O problema é que os centros urbanos locais também não deram conta de ab-
sorver todo o contingente de mão de obra migrante, provocando um fenômeno de inchaço e de favelização das cidades.
Além do mais, o Cerrado é um dos biomas mais desamparados para sua proteção em termos legais. Isso acon-
tece porque ele não figura como Patrimônio Natural Nacional na Constituição Federal, ao contrário do que acontece
66
Salvar o que resta do Cerrado passa por:
criar novas unidades de conservação e consolidar as que já existem, mas não funcionam;
difusão de práticas mais sustentáveis de agricultura e pecuária, como as propostas pela Agroecologia.
Agroecologia
Sistema agrícola alternativo que considera as produções agropecuárias como ecossistemas. Nestes, o objetivo é um manejo
sustentável das relações entre os componentes dos ecossistemas (incluindo plantações, pastos, criadouros e outras redes de
flora, fauna, atmosfera, solos, água subterrânea e drenagem) e de um manejo ambientalmente sensível das terras virgens e da
vida selvagem.
Mas nada disso vai acontecer enquanto a opinião pública continuar julgando o Cerrado um bioma menos
Caatinga, em tupi-guarani, significa floresta branca, nome que descreve muito bem a paisagem do semiárido
brasileiro. Sua vegetação, durante o período seco, fica sem folhas para reduzir a perda de água por transpiração e seus
Figura 7: Essa imagem é uma típica paisagem da Caatinga no período de estiagem das chuvas. Observe o característico solo
avermelhado, as árvores com poucas folhas, os troncos em tons acinzentados.
É o único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando quase 10% do país e 60% da Região Nordeste. Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Caatinga se estende por todo o Estado do Ceará, 95% do Rio
Grande do Norte, 92% da Paraíba, 83% de Pernambuco, 63% do Piauí, 54% da Bahia, 49% de Sergipe e 48% de Alago-
Quer mais informações sobre os biomas? Consulte o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE. www.ibge.gov.br.
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Assim como o Cerrado, a Caatinga vai surpreender você com sua imensa diversidade de vida e paisagens! Exis-
tem 12 tipos diferentes de caatingas. Há desde a chamada caatinga arbórea, composta por árvores secas de até 20
Afloramentos rochosos
São 932 espécies de plantas (318 endêmicas). A maioria delas apresenta adaptações ao clima semiárido, como
caules retorcidos e folhas reduzidas ou transformadas em espinhos para reduzir a superfície de transpiração. Ou-
tras adaptações são caules que armazenam água e raízes profundas, que conseguem água a muitos metros abaixo
da superfície. São espécies emblemáticas da Caatinga, o mandacaru (Cereus jamacaru), o xique-xique (Pilosocereus
gounellei), o umbuzeiro (Spondias tuberosa) e o juazeiro (Zizyphus juazeiro). Muitas plantas da Caatinga apresentam
propriedades medicinais e, também por isso, precisamos conhecer esse patrimônio genético para conservá-lo.
Espécies endêmicas
Espécies de seres vivos que ocorrem apenas em um local específico e dependem das condições de solo e clima peculiares
daquele local.
Figura 8: O mandacaru pode ser considerado um símbolo da Caatinga. Veja os seus espinhos: são folhas modificadas para
evitar a perda d’água, um bem precioso nesse ambiente tão seco.
(Herpetotheres cachinnans), um gavião predador de serpentes, a Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza
pelo tráfico de animais silvestres, e o Galo-da-campina (Paroaria dominicana), um dos mais bonitos pássaros brasileiros.
Apesar da escassez de água e das muitas ameaças que os corpos hídricos da Caatinga sofrem (desmatamento
das matas ciliares e contaminação por esgotos, agrotóxicos e efluentes industriais), foram registradas 240 espécies de
peixes (57% endêmicas). Algumas delas têm uma incrível adaptação para viver em rios e lagos temporários: os ovos
resistem à seca durante os meses de estiagem e eclodem no período mais úmido. Por isso, esses peixes são conheci-
Apesar disso, a fauna mais característica da Caatinga são os répteis e anfíbios (154 espécies no total). Há também
144 espécies de mamíferos na região (64 são espécies de morcegos e 34 de roedores). De acordo com a lista de animais
brasileiros ameaçados de extinção, 28 vivem na Caatinga. Ainda assim, este é o bioma menos estudado do país.
Entre as áreas de maior importância para a conservação estão a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o Raso
da Catarina (BA), a Chapada do Araripe (CE, PE e PI), o Parque Nacional da Serra das Confusões (PI) e o Parque Nacional
da Serra da Capivara (PI). Neste último, foi descoberto um sítio arqueológico com os mais antigos vestígios conheci-
dos da presença humana nas Américas (fogueiras, artefatos de pedra e pinturas rupestres).
Pinturas rupestres
São as mais antigas representações artísticas conhecidas, gravadas em abrigos ou cavernas, em suas paredes e tetos rochosos,
ou também em superfícies rochosas ao ar livre, mas em lugares protegidos, normalmente datando de épocas pré-históricas.
Aliás, o passado geológico da região é fascinante! O Rio São Francisco já formou uma imensa lagoa no interior
do Brasil. A dinâmica de variação do seu curso, devido a alterações climáticas nos últimos 2 milhões de anos, criou
barreiras geográficas que isolaram populações, estimulando a formação de novas espécies (como você estudou na
A Caatinga também é uma região de profundas desigualdades sociais, com os mais baixos Índices de Desen-
volvimento Humano (IDH). Eles são decorrentes de um processo de ocupação que explorou a Natureza de forma
predatória, concentrando terra e poder no domínio de poucos. Uma região onde o acesso à água ainda não se con-
solidou como direito básico. Uma região com energia solar abundante e que abriga um complexo hidrelétrico que
fornece energia para as grandes metrópoles nordestinas e para seu parque industrial. Mas onde 30% da energia
consumida em residências, olarias e siderúrgicas são gerados por lenha, retirada da natureza de forma predatória.
70
Olarias
Fábricas de tijolos e objetos de cerâmica, como vasos e pisos. Nas olarias, os fornos são usados para cozinhar o barro transfor-
mando-o em cerâmica. Geralmente esses fornos são alimentados por lenha, muitas vezes extraída de forma irregular. Além
disso, a extração do barro costuma ser outro problema, pois, geralmente, envolve a retirada da vegetação, deixando o solo mais
vulnerável à erosão, aumentando o risco de deslizamento de terra, além de contribuir para o assoreamento de cursos d´água.
Além do desmatamento para o consumo de lenha, a Caatinga sofre ainda degradação ambiental pela pressão
da pecuária extensiva, a agricultura de irrigação e pela exploração de minérios (como o polo gesseiro da Chapada do
Araripe – CE).
Entre as ações prioritárias para a conservação deste bioma, estão a recuperação das matas ciliares (especial-
mente as do Velho Chico), a ampliação das áreas de manejo sustentável e a criação de três corredores ecológicos, nas
regiões de Peruaçu a Jaíba (MG), no sertão de Alagoas e Sergipe e entre a Serra da Capivara e a Serra das Confusões.
O sertão e a Caatinga estão muito bem retratados na arte brasileira, como na literatura (Graciliano Ramos,
Raquel de Queiroz, José Lins do Rêgo, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e Patativa do Assaré), no cinema (“Deus e o
Diabo na Terra do Sol”, “Vidas Secas”, “Baile Perfumado”, “Abril Despedaçado”, entre outros) e na música de Luiz Gon-
zaga e do Cordel do Fogo Encantado. Muito ricas, as manifestações culturais do sertanejo exprimem como o homem
está envolvido com o ambiente em que vive. Infelizmente, essa que é a parcela mais pobre do Brasil também é a mais
Velho Chico
O rio São Francisco é conhecido como o rio da integração nacional. Sua bacia hidrográfica faz a liga-
ção entre as regiões Sudeste e Nordeste, passando pela região Centro-Oeste. Seis estados são banha-
dos pelo Velho Chico e seus afluentes, além do Distrito Federal: Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambu-
co, Alagoas e Sergipe. O curso principal da bacia, o rio São Francisco, tem uma extensão de 2.696 Km,
nascendo na Serra da Canastra (MG) e desembocando no oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe.
Um bom trecho do rio tem grande potencial para navegação, mas, em termos estratégicos, o
setor de produção de energia hidrelétrica divide com a agricultura irrigada a posição de maior
importância na bacia.
A Caatinga e o Cerrado são biomas da Região Nordeste do Brasil. A região por onde
esses biomas se distribuem é caracterizada pelo clima seco na maior parte do tempo, com
um período curto de umidade. A água é o fator limitante para os seres vivos neste tipo de
Apresente uma adaptação das plantas que vivem nesta região para lidar com a falta
Seção 4
Mata Atlântica – A Natureza ao seu redor
Talvez você não conheça pessoalmente a Amazônia ou o Pantanal, mas tenho certeza de que você conhece a
Mata Atlântica. Se você olhar a sua volta ou pela janela, em qualquer lugar do Estado do Rio que você esteja, prova-
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, a Mata Atlântica ocupava cerca de 15% do território
brasileiro, praticamente todo o litoral, que é banhado pelo Oceano Atlântico (daí o seu nome). E, como a ocupação
do Brasil foi feita justamente a partir do litoral, esse foi o bioma que sofreu o maior impacto. Na verdade, houve uma
verdadeira luta contra a selva no início da ocupação e a vegetação densa e fechada deu lugar às primeiras estradas e
províncias que foram lentamente se multiplicando e expandindo. Hoje, pouco mais de 500 anos depois, restam ape-
nas cerca de 8% da vegetação original (embora, quando se leva em conta as áreas em regeneração, essa estimativa
chegue a 20%).
72
Mesmo reduzida e muito fragmentada, é a floresta mais rica do mundo em diversidade de árvores. Estima-se
que, na Mata Atlântica, existam cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil,
incluindo cerca de 8.000 espécies endêmicas). Infelizmente, várias delas estão ameaçadas de extinção. Essa riqueza é
maior que a de alguns continentes (17.000 espécies na América do Norte e 12.500 na Europa).
Figura 9: Basta olhar para essa foto para se ter uma noção da diversidade de flora da Mata Atlântica. Consegue contar
quantas plantas diferentes há nesse quadro? Aposto que você vai ter um bom trabalho para chegar ao número, que
não é pequeno!
Em relação à fauna, os levantamentos já realizados indicam que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de aves,
370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes.
No triste ranking dos biomas ameaçados de extinção, a Mata Atlântica fica em 2º lugar, perdendo apenas para
as florestas de Madagascar. Ao mesmo tempo, a Mata Atlântica ainda é um dos biomas mais ricos do mundo em
biodiversidade. Essa combinação de uma grande riqueza de diversidade biológica e que ao mesmo tempo sofre uma
Hotspot
Áreas de grande riqueza biológica e altos índices de ameaças de extinção, indicadas por especialistas como uma das prioridades
para a conservação da biodiversidade em todo o mundo.
Muitos ainda são os fatores que impactam e contribuem com a degradação da Mata Atlântica. Além de ser
uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, tem importância vital para aproximadamente 120 milhões
Ainda, a Floresta regula o fluxo dos mananciais hídricos, assegura a fertilidade do solo, suas paisagens ofere-
cem belezas cênicas, controla o equilíbrio climático e protege escarpas e encostas das serras, além de preservar um
patrimônio histórico e cultural imenso. Nesse contexto, as áreas protegidas, como as Unidades de Conservação e as
Terras Indígenas, são fundamentais para a manutenção de amostras representativas e viáveis da diversidade biológi-
Figura 10: Essa é a imagem de uma tragédia! A Mata Atlântica tem a grande capacidade de segurar o solo de encostas e mor-
ros, impedindo que ele seja carreado com a água das chuvas. Quando a mata sofre intervenções, ela perde essa capacidade,
e desastres como esses podem ocorrer, muitas vezes vitimando muitas pessoas.
revelar agressões, como desmatamentos por corte ou queimada, além de apontar a ocupa-
Mas as imagens de satélites exigem uma interpretação atenta para não esconder
fatos importantes. Por exemplo, uma imagem de satélite da Amazônia vista de uma grande
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altitude mostra aparentemente gigantescas áreas contínuas de vegetação. Mas quando
abertas pela ação do homem. Na Mata Atlântica, observa-se o contrário. Vista bem do alto,
Considerando as características de cada uma dessas duas regiões, proponha uma ex-
se aproxima a imagem de satélite e na Mata Atlântica são as áreas de floresta que aparecem.
Seção 5
Pantanal – Reino das águas claras
Com uma área equivalente às dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e do Paraná somadas, o Pantanal é a
maior planície alagável do mundo. É reconhecido como Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira e está na
O Pantanal é elo entre as duas maiores bacias hidrográficas da América do Sul: a do rio da Prata e a do rio Ama-
zonas. Por isso, é considerado um corredor que permite a dispersão e troca de espécies da fauna e da flora entre essas
bacias. Setenta por cento deste importante bioma estão no Brasil (nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).
A característica mais marcante do Pantanal é seu regime de cheias e secas. O ciclo de inundação do Pantanal
é regido pelas chuvas dos planaltos do entorno da planície pantaneira. A água escoa lentamente pela planície, que
apresenta uma suave declividade do norte para o sul e do leste para o oeste.
deslocamento de espécies. Esse fenômeno é um dos principais responsáveis pela constante renovação da vida e pelo
fornecimento de nutrientes. Na época seca, ao contrário, formam-se lagos isolados. À medida que esses lagos vão
secando, concentram grande quantidade de peixes e plantas aquáticas, o que atrai aves e outros animais em busca de
alimentos, promovendo espetacular concentração de animais. Devem receber um destaque especial à importância
Aves aquáticas
Quando os primeiros colonizadores europeus chegaram à região, por volta do século XVI, o Pantanal já era
ocupado por importantes populações indígenas de várias etnias. Estima-se que somente no Mato Grosso do Sul havia
cerca de 1,5 milhão de indígenas. Atualmente, a população no Pantanal brasileiro é de cerca de 1.100.000 pessoas,
cerca de 18.800 na parte boliviana e 8.400 no Pantanal Paraguaio. Mesmo havendo reservas indígenas importantes
nesta região, a população indígena atual que vive em reservas é bem reduzida.
As principais atividades econômicas desenvolvidas na planície pantaneira são a pecuária, a pesca, o turismo,
a extração de minérios e, em menor escala, a agricultura. Nas áreas vizinhas (de planalto) são desenvolvidas princi-
palmente a pecuária e a agricultura, atividades que geram um impacto considerável, pois aceleram o processo de
Assoreamento
Processo de obstrução de rios e outros corpos d´água pela queda de sedimentos em seus leitos. O assoreamento é intensificado
pela retirada da mata ciliar (que se encontra à margem dos corpos d’água), que tem justamente a função de reter os sedimentos
da erosão, evitando que sejam arrastados para dentro de rios, lagos e nascentes.
queimadas para limpeza de pastagens, as quais todos os anos causam danos ambientais (perda de qualida-
tráfico, caça e venda de peles e couro de animais silvestres, representando uma ameaça à biodiversidade;
introdução de espécies exóticas como a brachiaria, gramínea usada como pasto e que se alastra com mui-
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o gasoduto Bolívia-Brasil, construído para fornecer gás para o Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa
seus fornos;
o projeto da construção da hidrovia Paraná–Paraguai, que prevê a criação de uma calha de 3.400 Km para
a passagem de embarcações. Esse projeto já havia sido negado pela Justiça Federal, mas foi resgatado e
consta como uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Se for construída, a
hidrovia vai modificar a dinâmica de escoamento de água da bacia pantaneira pelo Rio Paraguai, compro-
São aquelas que foram introduzidas ou adentraram acidentalmente um ambiente que não é o seu de origem.
Seção 6
Pampa – pasto sem fim
O termo “Pampa” tem origem numa língua de índios nativos sul-americanos (Quíchua) e designa as extensas
planícies cobertas de vegetação rasteira de gramíneas, no sul da América do Sul. Além da vegetação característica,
outra presença marcante no cenário desse bioma são os ventos que moldam a paisagem. A vegetação do Pampa é
O Pampa ocupa extensas áreas na Argentina, no Uruguai e no Brasil. Aqui, ocupa a metade mais ao sul do Rio
Grande do Sul, distribuído por extensas planícies com suaves ondulações. Suas pequenas matas são constituídas por
árvores de pequeno porte, como a aroeira e o salgueiro. Além das planícies cobertas por campos nativos, o Pampa
cerros e serras, morros baixos que aparecem em áreas totalmente planas, geralmente sem floresta.
marrecos selvagens e a ema, além de mamíferos como tatus, tamanduás, lobos-guará e uma imensa diversidade de
a monocultura de árvores para a produção de celulose, com impactos previstos no clima da região por
a mineração e queima de carvão mineral em usinas termelétricas, com consequências ambientais locais e
globais, como emissão de gases de efeito estufa, chuva ácida, acidificação da água, alteração da paisagem
a drenagem dos banhados para possibilitar seu uso na agricultura. Alguns foram transformados em plan-
tações de arroz.
Por causa das grandes áreas de pasto, a vocação natural da região é para a pecuária. Por isso, há muitos
latifúndios com criação extensiva de gado. Nessa região, a qualidade do campo nativo, aliada às modernas práticas de
manejo, garante produtividade, manutenção da biodiversidade e ganhos financeiros significativos para o produtor
Como você pode perceber, o Brasil é realmente muito rico em belas paisagens. Como a extensão territorial é
muito grande, há também uma grande variedade de clima, relevo, tipos de solo e regime de chuva, o que determina
Conhecer e valorizar toda essa diversidade de ecossistemas dos nossos biomas é ponto de partida para a
proteção do meio ambiente em nosso país. Pessoas bem informadas farão diferença na escolha do rumo que vamos
tomar. Espero que essa unidade tenha contribuído para que você conheça um pouco melhor o nosso querido Brasil e
Resumo
A Amazônia é o maior bioma brasileiro e também uma das maiores extensões florestais do mundo. Tem
uma biodiversidade ainda não completamente conhecida, mas é reconhecida por prestar importantes ser-
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viços ambientais, contribuindo para a dinâmica de circulação de água na atmosfera através da evapotrans-
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, presente em 12 estados. No Cerrado, estão um terço de
todas as espécies brasileiras e as nascentes das três principais bacias hidrográficas brasileiras (Amazônica,
do São Francisco e do Paraná/Paraguai), além do aquífero Guarani. Ainda assim, o Cerrado vem sofrendo
repetidas agressões porque, assim como a Amazônia, é visto como uma área para a expansão da fronteira
agrícola do país. O Cerrado é caracterizado por uma vegetação adaptada a longas temporadas de seca, com
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Ocupa 10% do território brasileiro e 60% da Região
Nordeste. A paisagem árida desta região, que é a mais seca do Brasil, engana, pois na Caatinga existe uma
A Mata Atlântica foi o bioma que mais sofreu devido à ocupação humana no Brasil por causa da sua loca-
lização ao longo do litoral, exatamente por onde os colonizadores entraram. Hoje, restam apenas cerca de
8% dos ecossistemas originais deste bioma. Ele é um dos mais ameaçados do mundo. Mesmo assim, ainda
hoje, a Mata Atlântica chama muito a atenção pela sua biodiversidade deslumbrante. É este o bioma que
O Pantanal é a maior planície inundável do mundo. Mais que isso, devido a sua localização geográfica, é um
importante corredor para a circulação de seres vivos entre as duas maiores bacias hidrográficas da América
do Sul: a do rio da Prata e a do rio Amazonas. A característica mais marcante do Pantanal é seu regime de
cheias e secas. O Pantanal é uma das áreas mais importantes para as aves aquáticas e espécies migratórias
O Pampa, dominado por campos de pastagens naturais, ocupa o extremo sul do Rio Grande do Sul e es-
tende-se até a Patagônia. É uma região de planície com poucas e suaves elevações, marcada pela presença
constante de ventos. Há grandes áreas alagadas conhecidas como Banhados. Apesar da quase total ausên-
As principais ameaças aos biomas brasileiros estão relacionadas à ocupação humana para habitação, produ-
ção de alimentos (agricultura e pecuária), exploração e circulação de recursos naturais (mineração, geração
de energia, construção de rodovias, ferrovias e hidrovias). Além disso, as mudanças climáticas já apresentam
seus efeitos sobre nossos biomas, alterando o equilíbrio do clima e o regime das chuvas, provocando even-
tos extremos, como secas prolongadas em algumas regiões e chuvas torrenciais em outras. Nos últimos anos
vimos rios que nunca secam secarem e atingirem recordes das marcas históricas dos períodos de cheia.
nosso padrão de consumo dos recursos naturais têm influência direta sobre tudo isso. Conhecer bem os
biomas brasileiros, suas particularidades e ameaças, e contribuir de alguma forma para fiscalizar e cobrar
das autoridades o cumprimento das leis de proteção do meio ambiente é papel do Cidadão Ecológico. Este
Veja ainda...
Há muito material relacionado a tudo que estudamos nesta Unidade disponível na internet. Em particular, a
construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte tem gerado muita discussão entre ambientalistas e os órgãos oficiais
do Governo. Para que você entenda melhor essa polêmica, uma boa dica é ver os vídeos da Eletronorte (www.ele-
tronorte.gov.br) para saber o que diz o Governo sobre a construção da Usina. Para ter um contraponto, veja o filme
“Belo Monte: uma guerra anunciada” (disponível no site www.belomonteofilme.org.br), com entrevistas a lideranças
indígenas e ambientalistas.
Depois de analisar os dois lados do debate, você certamente terá muito mais embasamento para formar uma
Referências
ALMANAQUE BRASIL SOCIOAMBIENTAL. 2ª ed. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2008. 551 p.
PARQUES NACIONAIS: Brasil: Guia de Turismo Ecológico. São Paulo: Empresa das Artes, 1999. 383 p.
Imagens
• André Guimarães
• Tiago Madruga
• http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/geografia
80
• http://www.flickr.com/photos/33037982@N04/3543276157/ • Leonora Enking
• Rommulo Barreiro
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hillside_deforestation_in_Rio_de_Janeiro.jpg
Atividade 1
regulação do clima, a resposta pode indicar como efeito da perda de Floresta alguns dos
itens a seguir:
local e global.
Perda de biodiversidade.
Desertificação.
Atividade 2
Perda das folhas nos períodos mais secos para evitar a perda de água na transpi-
cactos).
Raízes profundas que atingem lençóis freáticos vários metros abaixo da superfí-
ex.: répteis).
Hábito noturno para evitar as horas mais quentes do dia, quando o risco de
Atividade 3
A história de exploração pelo homem na região da Mata Atlântica é bem mais antiga
que na região Amazônica. Por isso, a área devastada do bioma Mata Atlântica é proporcio-
nalmente maior que o da Amazônia. No entanto, um olhar aproximado revela que ainda
íngremes onde não foi possível a exploração na agricultura ou na pecuária ou áreas que
ao desmatamento de lotes nas margens das rodovias, promovido por madeireiras ou para
82
O que perguntam por aí?
1. (ENEM 2009)
A economia moderna depende da disponibilidade de muita energia em diferentes formas, para funcionar e
crescer. No Brasil, o consumo total de energia pelas indústrias cresceu mais de quatro vezes no período entre 1970 e
2005. Enquanto os investimentos em energias limpas e renováveis, como solar e eólica, ainda são incipientes, ao se
avaliar a possibilidade de instalação de usinas geradoras de energia elétrica, diversos fatores devem ser levados em
Em uma situação hipotética, optou-se por construir uma usina hidrelétrica em região que abrange diversas
quedas d’água em rios cercados por mata, alegando-se que causaria impacto ambiental muito menor que uma usina
termelétrica. Entre os possíveis impactos da instalação de uma usina hidrelétrica nessa região, inclui-se:
e. O aprofundamento no leito do rio, com a menor deposição de resíduos no trecho de rio anterior à represa.
Gabarito: Letra B.
Comentário: A inundação provocada pela construção da barragem alaga áreas de floresta, reduzindo a dispo-
nibilidade de habitats para os animais terrestres. A consequência disso, muitas vezes, é a extinção de várias espécies.
As florestas tropicais úmidas contribuem muito para a manutenção da vida no planeta, por meio do chamado
sequestro de carbono atmosférico. Resultados de observações sucessivas, nas últimas décadas, indicam que a Flo-
resta Amazônica é capaz de absorver até 300 milhões de toneladas de carbono por ano. Conclui-se, portanto, que as
a. das chuvas ácidas, que decorrem da liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono resultante dos desma-
b. das inversões térmicas, causadas pelo acumulo de dióxido de carbono resultante da não dispersão dos
c. da destruição da camada de ozônio, causada pela liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono contido
d. do efeito estufa provocado pelo acúmulo de carbono na atmosfera, resultante da queima de combustíveis
e. da eutrofização das águas, decorrente da dissolução, nos rios, do excesso de dióxido de carbono presente
na atmosfera.
Gabarito: Letra D.
Comentário: Esse é um dos serviços ambientais prestados pela Floresta Amazônica em pé, o sequestro de
carbono que contribui para a neutralização do efeito estufa que vem se intensificando pelas emissões de gases pro-
duzidos na queima de combustíveis fósseis.
3. (ENEM 2006)
“O aquífero Guarani, megarreservatório hídrico subterrâneo da América do Sul, com 1,2 milhão de km2, não é
o ‘mar de água doce’ que se pensava existir. Enquanto em algumas áreas a água é excelente, em outras, é inacessível,
escassa ou não potável. O aquífero pode ser dividido em quatro grandes compartimentos. No compartimento Oeste,
ha boas condições estruturais que proporcionam recarga rápida a partir das chuvas e as águas são, em geral, de boa
qualidade e potáveis. Já no compartimento Norte - Alto Uruguai, o sistema encontra-se coberto por rochas vulcâ-
nicas, a profundidades que variam de 350 m a 1.200 m. Suas águas são muito antigas, datando da Era Mesozoica, e
não são potáveis em grande parte da área, com elevada salinidade, sendo que os altos teores de fluoretos e de sódio
84
Em relação ao aquífero Guarani, é correto afirmar que:
c. é necessário, para utilização de seu potencial como reservatório de água potável, conhecer detalhadamen-
te o aquífero;
d. a água é adequada ao consumo humano direto em grande parte da área do compartimento Norte - Alto
Uruguai;
e. o uso das águas do compartimento Norte - Alto Uruguai para irrigação deixaria ácido o solo.
Gabarito: C
Comentário: Aí está o lema: Conhecer para conservar! Se não conhecermos a extensão, a profundidade, todas
as características do aquífero, não seremos capazes de impedir a sua contaminação e usufruir do seu uso como reser-
essas linhagens.
gênero antes de se especiar nessas duas linhagens. Por outro lado, as caracterís-
ticas diferentes entre elas (cor das penas, cor dos bicos, medidas do corpo) foram
Repare que a idade do ancestral comum torna as espécies mais semelhantes, pois as características morfológi-
cas são herdadas com o material genético recebido da espécie ancestral. Vamos observar as duas espécies do gênero
Ara, ilustradas a seguir, que herdaram da espécie ancestral do gênero suas características em comum.
Figura 2. Duas espécies de araras do gênero Ara, A. glaucoogularis (esquerda) e A. ararauna (direita). Da mesma forma que
nos pinguins, as características em comum entre elas já estavam presentes na espécie ancestral das araras e as diferentes
foram adquiridas depois da especiação.
88
Para formar essas quatro espécies, três desses eventos de especiação ocorreram. O evento mais antigo sepa-
rou, primeiro, araras e pinguins, que passaram a evoluir independentemente por maior período de tempo e, por isso,
apresentam mais diferenças. Mais recentemente, outros eventos de especiação ocorreram: um na linhagem ancestral
Na história evolutiva dessas quatro espécies, as duas espécies de araras eram a mesma espécie biológica, acu-
Nesta unidade, iremos entender como e por que a história evolutiva da vida em nosso planeta pode ser con-
tada por meio de uma fascinante árvore filogenética da vida. Os galhos e ramos compartilhados nessa árvore de-
terminam as características semelhantes e diferentes entre as espécies e servem de alicerce para a construção do
conhecimento biológico.
Objetivos de aprendizagem
Ressaltar a diferença entre o processo de evolução de espécies ao longo do tempo e o processo de desen-
Enfatizar que a idade de um ancestral comum a linhagens diferentes determina as diferenças e semelhan-
Demonstrar que a perspectiva histórico-evolutiva tem um papel central na construção do conhecimento biológico.
Reiterar a sistemática filogenética como a ferramenta chave para tal construção, pois as características dos orga-
nismos são herdadas segundo um padrão ancestral descendente que é ilustrado em uma árvore filogenética.
Listar as evidências que sustentam o processo evolutivo como gerador e mantenedor da diversidade biológica.
mais importante de todos os conceitos biológicos. É a partir desses ciclos, que podemos nomear, distinguir e estudar
os grupos taxonômicos da diversidade biológica e saber quais as características que cada um dos grupos possui.
As espécies de araras (Figura 2) são originadas a partir de uma mesma espécie biológica desde a origem da
vida até o momento recente de sua especiação. Assim, as características compartilhadas entre essas duas espécies de
araras foram acumuladas durante quatro bilhões de anos. As quatro espécies eram também a mesma espécie desde
Na origem da vida, toda a diversidade era representada por uma única espécie, a qual, ao longo do tempo, se homo-
geneizou e adquiriu, por mutações, as características que todas as espécies vivas hoje possuem em comum. Por exemplo:
o código genético universal (ou seja, aquele constituído por códons que são traduzidos em aminoácidos);
Todas essas são características que foram adquiridas antes da primeira especiação, pois toda a diversidade
biológica as apresenta.
90
As duas espécies ilustradas na Figura 2 apresentam características comuns:
Ossos pneumáticos
São tipos ósseos, característicos das aves, que apresentam cavidades internas e orifícios que permitem a entrada de ar em sua
estrutura. Assim, dentre outras características, tais ossos tornam-se mais leves, facilitando o voo.
As mutações, que deram origem às características que as araras compartilham, não aconteceram nas
duas linhagens independentemente, mas sim quando as duas linhagens de araras eram membros de
uma única espécie, se reproduzindo e compartilhando todas as suas características.
Figura 3. Escala representando hipoteticamente a porcentagem de diferenças morfológicas entre várias linhagens compa-
radas. A porcentagem de diferenças morfológicas está relacionada com a idade do ancestral comum. Um ancestral mais
recente indica um maior número de características compartilhadas e a localização mais à esquerda na escala, como na com-
paração entre gêmeos univitelinos (chamados também de gêmeos idênticos).
chamadas de iguais e tampouco de diferentes. A comparação entre pinguins e araras tem uma localização na escala
mais para a direita do que a comparação entre duas araras, como mostra a Figura 3. O ancestral comum dessas qua-
tro espécies viveu há mais tempo do que o ancestral comum só das araras. Ou seja, as linhagens de pinguins e araras
estão há mais tempo isoladas reprodutivamente e acumulando mais mutações independentemente e, assim, exibem
Seção 2
Árvores filogenéticas
Na realidade, existe uma forma melhor de visualizarmos a escala comparativa dos organismos: não em uma
linha reta, mas como uma árvore filogenética, como mostra a Figura 4. Por assim dizer, a Biologia é uma ciência que
só pode ser realmente entendida a partir de uma perspectiva histórica, pois foram os sucessivos eventos que forma-
taram a vida fóssil, como também a recente. A reconstrução dessas árvores filogenéticas não é trivial, sendo realizada
com base na comparação detalhada de características morfológicas e genéticas das espécies em questão.
Figura 4. Pequena história evolutiva das aves contada em uma árvore filogenética. O eixo de tempo (à esquerda) também
marca o processo de diferenciação, no qual as espécies que se especiaram recentemente apresentam maior proporção de
características compartilhadas.
92
Iniciamos a leitura desta árvore pelo lado oposto ao que aparecem as espécies (neste exemplo, pela parte inferior).
Tal lado marca o nó (encontro de linhas) que define o ancestral comum da diversidade ilustrada. O tempo vai do ancestral
comum (passado) para as espécies vivas (presente); na Figura 4, o tempo vai de baixo (passado) para cima (presente).
Nesta árvore, uma linha é chamada de linhagem e indica uma espécie cujos membros são compatíveis repro-
dutivamente. Já a bifurcação de uma linhagem ilustra o processo de especiação de uma espécie ancestral em duas
espécies descendentes que, a partir daí, irão evoluir independentemente. A raiz é uma bifurcação especial que ilustra
Entretanto, numa árvore de aves, como a ilustrada, a raiz marca o ancestral comum das aves. Naturalmente, a história
das aves é extremamente rica pela diversidade do grupo e não se resume à árvore da Figura 4, pois não existem apenas
quatro espécies de aves. Existem milhares de espécies incluídas na Classe Aves! Isso não significa que a árvore retratada
esteja errada, ela está apenas incompleta, para fins didáticos de explicação evolutiva sobre uma determinada espécie.
Desenhe uma árvore filogenética com as seis espécies a seguir, indicando as carac-
estão vivas hoje em dia. Como uma árvore genealógica retrata a sua história evolutiva, a árvore filogenética da vida
retrata as relações de ancestralidade em comum entre todos os seres vivos. Claro que nem todas as espécies podem
ser incluídas numa árvore, pois nem conseguiríamos enxergar as relações de ancestralidade em uma filogenia com as
Figura 5. Árvore da vida. Nem todos os 2 milhões de espécies estão presentes nessa árvore, mas sim as principais linhagens
de cada um dos grandes grupos. A maior parte da diversidade de grandes linhagens é de bactérias (roxo): temos as arqueas
(verde) e os eucariontes (rosa), que incluem, entre outros, todos os organismos que podemos ver a olho nu.
94
Seção 3
Sistemática filogenética
Entender os padrões de relações históricas e evolutivas entre as linhagens da diversidade biológica é funda-
mental, pois existe uma dependência entre as características que espécies descendentes compartilham e a idade de
seu ancestral em comum. Existem processos evolutivos relacionados à diversificação das linhagens que, se compre-
Ora, se o conhecimento biológico é baseado na associação entre grupos da diversidade e características que
um dos tais grupos apresenta, a história evolutiva é o caminho pelo qual as espécies descendentes herdam e exibem
tais características. Isso significa que, sob um ponto de vista evolutivo, a Biologia deixa de ser uma disciplina do “de-
coreba” e da memorização.
Por exemplo, entendendo os padrões de ancestralidade em comum, saberemos que, se uma espécie apresen-
ta glândulas mamárias, ela será um vertebrado, um animal e um eucarionte. Sabendo uma característica, podemos
prever outras, muitas outras! As espécies ancestrais passam todo o genoma para espécies descendentes. Por isso, não
apenas as características marcantes, mas também aquelas características que nós nem conhecemos ainda são com-
Uma questão interessante que surge quando aliamos a filogenia à história é que podemos inferir questões
importantes sobre outras características que não foram usadas para inferir a filogenia. Uma perspectiva histórica é
importante, pois questões da biologia aplicada estão ligadas à história dos organismos. A resistência de um vírus a um
medicamento, por exemplo, deve-se a uma mutação que aconteceu em algum momento histórico.
Figura 6. O conhecimento biológico é acumulado APENAS associando grupos da diversidade (p. ex.: mamíferos) com caracte-
rísticas (p. ex.: pelos, mamas e dentes diferenciados), que sozinhas nada significam.
filogenética, nomear os grupos da diversidade vira uma tarefa relativamente simples. Basta nomearmos os ramos da
Charles Darwin escreveu, em uma carta a Thomas Huxley, em 1857: “Vai existir um momento, que eu
não viverei para presenciá-lo, quando teremos árvores filogenéticas quase verdadeiras para cada um dos
grandes reinos da natureza.”
Pois bem, o sonho de Darwin está sendo concretizado num grande projeto com cientistas de todo o
mundo chamado Árvore da Vida, ou Tree of Life (com a sigla ToL). O projeto tem como objetivo apre-
sentar as filogenias e os dados morfológicos que sustentam tais propostas filogenéticas para cada um
dos grupos da diversidade.
Quando um novo grupo da diversidade se origina, o grupo preexistente não deixa de existir necessariamente.
Após a especiação, as duas linhagens simplesmente passam a se diferenciar, pois estão isoladas reprodutivamente.
Por exemplo, os anfíbios terrestres não deixaram de existir porque um grupo deles se transformou em répteis com
ovos de casca dura, nem os répteis deixaram de existir porque um grupo deles se transformou em aves e outro em
Figura 7. Grandes eventos de extinção e de diversificação dos vertebrados, ao longo dos anos. Nesse gráfico, as linhas largas
ou finas representam o tamanho da diversidade de um grupo: quanto mais “gorda” for uma linha, mais diverso é o grupo.
Um afinamento de baixo para cima significa uma extinção desse grupo da diversidade. Repare que, depois de uma extinção
em massa, existe uma fase em que os grupos sobreviventes começam a se diversificar e especiar, ocupando ambientes onde
há pouca (ou nenhuma) competição por recursos com outros organismos.
96
A raiz da árvore filogenética da Figura 7 indica que o ancestral comum dos vertebrados viveu há 500 milhões
de anos (era Paleozoica). Por outro lado, a diversificação das aves e dos mamíferos ocorreu na era Cenozoica (Cen),
há menos de 50 milhões de anos. Repare que, nas transições entre os períodos Paleozoico-Mesozoico e Mesozoico-
-Cenozoico, ocorreram extinções em massa em todos os grupos de vertebrados. A primeira causou a extinção dos
Figura 8. Trilobitas eram animais muito comuns durante a era Paleozoica. Existem milhares de fósseis desses organismos,
dispostos de tal maneira nas rochas, indicando que foram extintos. Os dinossauros, por outro lado, eram comuns na era
Mesozoica e de todas as espécies que descenderam desses animais apenas as aves sobrevivem hoje em dia.
Willi Hennig
Hennig (1913-1976) foi um biólogo alemão que entendeu o ponto central e a
importância da sistemática com base na ancestralidade em comum proposta
por Darwin. A proposta de Darwin tinha sido simplesmente ignorada, pois
a sociedade da época de Darwin ficou tão chocada com a ideia de evolução
que tudo mais que Darwin propôs foi esquecido. Assim, ninguém entendeu a
sistemática filogenética de Darwin até 1950, quando Hennig publicou o livro
“Sistemática Filogenética”. Hoje, a sistemática filogenética é objetivo e rotina
da maior parte dos taxonomistas.
Desde a publicação, por Darwin, da sua teoria evolutiva descobrimos muitas coisas, até campos inteiros do
conhecimento, que, na época de Darwin, eram desconhecidos, tais como a Genética, a Biologia do Desenvolvimento,
a Neurobiologia. Essa quantidade imensa de evidências que vêm desses campos é perfeitamente compatível com a
Teoria Evolutiva de Darwin. Assim, a teoria evolutiva é uma das mais sólidas teorias em ciência comprovada por inú-
Por exemplo, das milhões de espécies que estão descritas hoje, apenas cinco mil apresentam pelos. Curiosamen-
te, as mesmas cinco mil também apresentam mamas e são as únicas viventes que apresentam dentes diferenciados.
Como exatamente as mesmas cinco mil espécies apresentam essas três adaptações? Como explicar, ainda,
que essas cinco mil espécies também apresentem outras adaptações comuns a um maior número de espécies, como
Apenas a evolução explica perfeitamente, pela ancestralidade em comum, os padrões de semelhanças e dife-
renças que observamos entre os organismos. Existem centenas de milhares de evidências que fazem da teoria evolu-
tiva uma das mais bem comprovadas por evidências científicas. Conheça algumas delas.
1. Fósseis intermediários. Existem milhares de exemplos de fósseis intermediários que são uma evidência
contundente da evolução dos organismos. Um dos exemplos melhor estudados está relacionado à evo-
lução das baleias. As baleias são descendentes de mamíferos terrestres e existem fósseis intermediários
Figura 9. Um esqueleto fóssil de Ambulocetus natans encontrado no Paquistão, em extratos com fósseis de 50 milhões de
anos atrás. Este organismo tinha pernas bem desenvolvidas que conseguiam sustentar seu corpo no ambiente terrestre, mas
já era um excelente nadador. Ao lado, está a provável reconstrução do corpo do animal.
98
Figura 10. O Basilosaurus representa um animal ancestral das baleias mais recente que era exclusivamente aquático. Repare
na reconstrução, à direita, que ele ainda apresentava membros inferiores evidenciados, mas que claramente não conse-
guiam sustentar seu corpo no ambiente terrestre. Fósseis deste gênero são encontrados em estratos mais recentes do que os
de Ambulocetus (cerca de 40 milhões).
Figura 11. O esqueleto e a foto de uma baleia recente. Apesar de não possuir membros inferiores evidentes, as baleias até
hoje apresentam um pequeno fêmur (C), resquício (e evidência) de sua ancestralidade terrestre. Note também que a baleia
atual não está perfeitamente adaptada à vida marinha, pois ela respira apenas quando sobe à superfície e pode ser conside-
rada uma espécie intermediária entre o ambiente terrestre e o marinho!
2. Sucessão no registro fóssil. No planalto central brasileiro, na savana africana e no deserto da China, ire-
mos encontrar a mesma sequência de fósseis ao escavarmos os estratos sedimentares. Cavando um pou-
co, encontraremos fósseis de mamíferos, principalmente. Cavando um pouco mais fundo, os mamíferos
desaparecem do registro fóssil em todo mundo ao mesmo tempo. Cavando um pouco mais ainda, todos
os vertebrados somem. Ora, se os vertebrados fossilizam mais facilmente (pois têm ossos duros fáceis de
serem preservados) do que os invertebrados, por que cavando fundo em estratos mais antigos só encon-
tramos invertebrados? Por que exatamente o mesmo padrão é encontrado em qualquer lugar do mundo?
A única explicação para essas duas perguntas é que naquela época mais antiga os vertebrados não tinham
evoluído ainda.
3. Seleção natural observável. Um exemplo bem conhecido de seleção natural que podemos observar é o caso
das bactérias resistentes a antibióticos. Alexander Fleming (1881-1955) foi um biólogo britânico que descobriu
a propriedade antibiótica de uma substância secretada por fungos do gênero Penicillium. A feliz descoberta que
revolucionou a medicina aconteceu por acaso. Fleming tinha deixado colônias de bactérias no laboratório antes
de sair para uma viagem. Ao retornar, verificou que uma das colônias tinha sido contaminada por um fungo. Nes-
sa colônia, as bactérias estavam mortas. A substância exterminava bactérias que entraram em contato com ela
e foi chamada de penicilina, que é, até hoje, um potente antibiótico que já salvou milhões de vidas no planeta.
Figura 13. Na figura à direita, um esquema ilustrando como as bactérias mais resistentes (vermelhas) ao remédio tendem a
sobreviver. Assim, nas próximas gerações, as bactérias tendem a aumentar a proporção e o nível de resistência na presença de
antibióticos. Por isso, novas drogas têm de ser desenvolvidas para eliminar essas linhagens resistentes. É por esse motivo que as
infecções contraídas em hospitais são tão perigosas, pois as bactérias que habitam ali são resistentes a maior parte dos antibióti-
cos. Na foto à esquerda, Sir Alexander Flemming recebendo o Prêmio Nobel de Medicina, em 1945, do rei da Suécia Gustaf V.
100
4. Seleção artificial - criadores realizam cruzamento seletivo e aumentam e diminuem os tamanhos dos ca-
chorros, mudam as formas, as cores dos bichos. O cachorro ancestral era semelhante ao lobo e tinha porte
mediano. Os primeiros criadores perceberam que havia pessoas interessadas em animais de outros tama-
nhos. Assim, alguns passaram a selecionar os menores indivíduos para cruzarem entre si originando as
menores raças. Outros criadores selecionaram os maiores indivíduos que cruzaram entre si dando origem
O mesmo processo pode ser feito para tamanho ou cor de pelo, velocidade, capacidade de olfato, inte-
ligência e, hoje, cada uma das raças de cachorro apresenta características próprias de acordo com as ca-
racterísticas selecionadas em seus ancestrais. O processo nas criações de cachorros é semelhante ao que
acontece na Natureza, onde os organismos que apresentam adaptações têm mais chances de sobreviver e
Figura 14. À esquerda, duas raças de cachorro selecionadas artificialmente para porte grande e porte pequeno, respectiva-
mente. À direita, o lobo ancestral que foi domesticado. Ancestrais do lobo moderno foram selecionados para tamanho, cor,
comprimento de pelo, docilidade que resultaram nas inúmeras raças de cachorro que encontramos hoje em dia. Todas as ra-
ças de cachorro e o lobo selvagem são da mesma espécie biológica Canis lupus, pois conseguem cruzar e ter filhotes férteis.
Seção 5
De um tão simples começo
Depois da química complexa ter virado o primeiro sistema biológico capaz de reproduzir-se, a vida continuou
diversificando a partir daí. As propriedades de herdabilidade, reprodutibilidade e mutabilidade já existiam, mas essas
permitiram todas as outras que descobrimos a cada dia nos laboratórios de pesquisa biológica. Assim foi até que, de-
pois de 4 bilhões de anos, um dos descendentes dessa molécula replicadora original adquiriu consciência sobre esse
momento primordial, percebendo a origem do Homo sapiens como apenas mais um dos descendentes do primeiro
de impactar muito significativamente toda a vida no planeta. Dentre as muitas ações que a espécie humana conse-
guiu realizar, há uma em especial, chamada biotecnologia, que compreende a manipulação de espécies biológicas
para obtenção de algum benefício. Sobre isso, você vai aprender na próxima unidade!
102
Resumo
Dois processos são transformantes em Biologia. O primeiro é a evolução das linhagens e das espécies que
vimos falando desde a primeira unidade. O segundo envolve as modificações no corpo que um indivíduo
sofre desde a fecundação até a sua morte, chamado de desenvolvimento ou ontogenia. Um indivíduo nun-
Na origem da vida, toda a diversidade era uma única espécie se homogeneizando e adquirindo, por muta-
Depois desse momento, eventos de especiações confinaram novas mutações que iam aparecendo a uma
ou a outra linhagem, permitindo a diferenciação de fato como observamos hoje em dia. A melhor forma de
Iniciamos a leitura de uma árvore pelo lado oposto ao que aparecem as espécies. Tal lado marca o ancestral
comum da diversidade ilustrada, o tempo vai do ancestral comum (passado) para as espécies vivas (presen-
Charles Darwin propôs a Teoria Evolutiva há mais de 150 anos, antes de descobrirmos a Genética, a Biologia
é perfeitamente compatível e sustenta a Teoria Evolutiva de Darwin. Sendo assim, a Teoria Evolutiva é uma
Imagens
• André Guimarães
• : http://en.wikipedia.org/wiki/File:Pygoscelis_papua.jpg
• : http://en.wikipedia.org/wiki/File:Manchot_01.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ara_glaucogularis_-Cincinnati_Zoo-8a.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Blue-and-Yellow-Macaw.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Homo_habilis-cropped.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:HappyPensioneer.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Gorilla_gorilla11.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lichonycteris.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Desmodusrotundus.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Kangaroo_and_joey03.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Tree_of_life_SVG.svg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:DuskyDolphin.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Morcego
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Capivara_ST.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Pferdeauge.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Manatee_with_calf.PD.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Teeth_by_David_Shankbone.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Spindle_diagram.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:BLW_Trilobite_(Paradoxides_sp.).jpg
104
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Dr._Bob_Bakker_with_Dino.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Willi_Hennig#mediaviewer/Ficheiro:Willi_Hennig2.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ambulocetus_natans.jpg
• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Ambulocetus_BW.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Basilosaurus_cetoides_(1).jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Basilosaurus_BW.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Whale_skeleton.png
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Humpback_stellwagen_edit.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Antibiotic_resistance.svg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Nobelpristagare_Fleming_Midi.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Big_and_little_dog_1.jpg
tes na espécie ancestral são: nadadeiras, bicos finos, rabo curto, medidas do corpo e cor
das pernas.
Atividade 2
106
O que perguntam por aí?
1. (ENEM 2010)
“Investigadores das Universidades de Oxford e da Califórnia desenvolveram uma variedade de Aedes aegypti
geneticamente modificada que é candidata para uso na busca de redução na transmissão do vírus da dengue. Nessa
nova variedade de mosquito, as fêmeas não conseguem voar devido à interrupção do desenvolvimento do músculo
das asas. A modificação genética introduzida é um gene dominante condicional, isto é, o gene tem expressão domi-
nante (basta apenas uma cópia do alelo) e este só atua nas fêmeas.”
FU, G. et al. Female-specific hightiess phenotype for mosquito control. PNAS 107 (10):4550-4554, 2010.
Prevê-se, porém, que a utilização dessa variedade de Aedes aegypti demore ainda anos para ser implementada,
pois há demanda de muitos estudos com relação ao impacto ambiental. A liberação de machos de Aedes aegypti des-
sa variedade geneticamente modificada reduziria o número de casos de dengue em uma determinada região porque
Comentário: Os machos geneticamente modificados da espécie Aedes aegypti podem voar, mas transmitem
o gene que impede o voo aos seus descendentes. As fêmeas que herdarem o gene não voam, o que dificulta a conta-
minação delas com o vírus da dengue e a reprodução dessas fêmeas com o gene modificado.
108
Cerveja, pão, Zé
Gotinha, Soja e
uma certa ovelha
chamada Dolly: a
Biotecnologia
Pra início de conversa...
Beber uma cerveja é um prazer para muitas pessoas. Seja nas horas vagas,
cerveja foi uma das primeiras bebidas alcoólicas produzidas pelo homem e há
registros de sua produção e consumo por povos antigos (como os egípcios, por
A cerveja e também os vinhos têm como bases das suas preparações, mis-
turas ou “sucos” de plantas diferentes: tipos distintos de cerveja podem ser produ-
tipos de vinhos têm sua origem a partir do suco de uvas de diferentes qualidades.
em todas as suas etapas (por exemplo, para garantir maior produtividade e melhor
qualidade). Como dissemos, isso é feito há milhares de anos. Mas há um detalhe muito
Posicionar-se frente ao uso da biotecnologia pelo homem, emitindo opiniões baseadas em argumentos
110
Seção 1
Biotecnologia, o pão e a cerveja nossos de
cada dia!
A utilização de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre os próprios seres vivos envolvidos nesses
processos, no intuito de gerar bens e resolver questões nas mais diferentes áreas de atividades humanas, é definida,
Os processos biotecnológicos são muito variados e baseiam-se no conhecimento e na integração de saberes de várias
áreas, como, por exemplo, Microbiologia, Genética, Biologia Molecular, Bioquímica, Química, Agricultura e Informática.
Hoje em dia, é bastante comum associar a biotecnologia a usos de conhecimentos avançados de técnicas de
Biologia Molecular e à sua associação à informática (bioinformática). Essa é a chamada “Biotecnologia Moderna”, so-
bre a qual falaremos mais adiante. Mas se olharmos para trás, veremos que há um longo histórico antes disso.
Os povos antigos, provavelmente por acaso, descobriram o fenômeno da fermentação alcoólica. De uma ma-
neira bastante simples e resumida, a fermentação alcoólica acontece em um ambiente sem oxigênio, quando micro-
organismos, denominados leveduras, precisam obter energia para a sua sobrevivência. Para isso, utilizam o amido
(ou o açúcar derivado deste) presente no “suco de cevada” (no caso das cervejas) ou no suco de uvas (no caso dos
Leveduras
São um tipo de fungo, assim como os cogumelos e os bolores que aparecem no pão mofado.
Figura 1: Saccharomices cerevisae, a levedura que dá origem à cerveja, fotografada com o auxílio de um microscópio.
fermentação poderia ter outras aplicações... Ao utilizarem o amido da farinha como alimento, as leveduras produzem
não apenas álcool, mas também gás carbônico (dióxido de carbono ou CO2; no caso das cervejas e dos vinhos espu-
mantes, esse gás é o responsável pela formação de “bolhas” no líquido). Dentro da massa do pão, o gás carbônico
não consegue escapar facilmente, fazendo-a inchar e “crescer”. Assim, vão sendo formadas pequenas bolhas, as quais
deixam a massa porosa e mais fofa - o álcool acaba evaporando durante a etapa de aquecimento da massa.
Figura 2: O uso das leveduras na massa do pão (acrescentadas na forma de um tablete de fermento que vende nos super-
mercados) faz com que, durante a fermentação, bolhas de gás carbônico formem-se, deixando o pão fofo.
Há outro tipo de fermentação muito útil à nossa alimentação: a fermentação láctea, que dá origem a muitos
dos laticínios que ingerimos. Este tipo de fermentação usa o açúcar presente no meio para gerar uma substância,
Os processos de fermentação não têm aplicações somente na indústria alimentícia. Com o tempo, descobriu-
-se que, a partir da cana-de-açúcar, as leveduras podem fazer o álcool, que hoje utilizamos como combustível para
os automóveis. Ou seja, com o tempo, um processo que foi descoberto de forma intuitiva, por meio da observação
nos tempos antigos, foi sendo aperfeiçoado para dar origem a compostos que atendem a outras necessidades que o
homem possui.
112
As festas de Baco continuam até hoje!
sem contato com o ar, para que fermentassem. Nesses tonéis, as leveduras consumiam
o açúcar do suco de uva e geravam, como produto de seu metabolismo, o álcool que o
transformava em vinho.
Hoje em dia, apesar de não cultuarmos Baco como faziam os romanos, também ce-
lebramos bastante ao sabor do bom e velho vinho. Mas, será que o vinho atual é produzido
vinhos com mais qualidade e sabor, estão aderindo aos conhecimentos advindos das
novas tecnologias.
lhores tipos de uva a serem plantados em dado terreno; modificações genéticas das uvas
para que elas dêem frutos maiores; estudo dos solos onde as uvas são plantadas; quais
são os melhores tonéis para armazenar o suco da uva e fermentá-lo; quais são os melhores
Não sabemos se você se lembra, mas em meados da década de 1980, um “mascote” foi criado para facilitar a
O Zé Gotinha faz referência explícita a uma gota de um líquido imunizante que protege as crianças de um deter-
minado grupo de doenças. Vamos retomar um pouco do que vimos sobre o sistema imune na Unidade 3 do Módulo 3.
Imunizar significa tornar imune, ou seja, tornar “à prova de” alguma coisa. Temos um sistema no nosso corpo
responsável por defendê-lo de microorganismos ou substâncias que possam afetar o seu bom funcionamento – é o
sistema imune, que tem duas formas de atuar na proteção do nosso organismo.
Em uma delas, o nosso sistema imune produz uma série de células especiais, os macrófagos e neutrófilos, ca-
A outra forma de defesa está relacionada a moléculas, os famosos anticorpos. Anticorpos (ou imunoglobulinas)
nada mais são do que proteínas produzidas pelo nosso sistema imune e que são capazes de neutralizar toxinas ou
outros antígenos de naturezas diversas que se encontram em nosso organismo. Os anticorpos podem atuar tanto
inativando os antígenos quanto facilitando sua destruição pelas células de defesa do restante do sistema.
A relação entre o anticorpo e o antígeno que ele é capaz de neutralizar é muito, mas muito específica. Assim, é
necessário que existam anticorpos para cada tipo de antígeno que entrar em contato com nosso organismo, pois, sem a
especificidade química, que permite que um se ligue ao outro, não há neutralização e consequente proteção da pessoa.
A gente já nasce com um certo grupo de anticorpos no corpo, e adquire outros pelo colostro, aquele primeiro
leite mais grosso com o qual a mãe amamenta o seu filho. Os outros anticorpos vão sendo produzidos no nosso orga-
nismo ao longo da nossa vida. E é aqui que entra o Zé Gotinha e a biotecnologia novamente!
Esta história começa lá nos idos do século XVIII e nos mostra, mais uma vez, que a Biotecnologia vem sendo
utilizada e aperfeiçoada desde outros tempos para gerar maior qualidade de vida para o homem – este ser que faz
Naquela época, uma doença chamada varíola causava muitas mortes, e não havia tratamento eficaz ou pre-
venção contra ela. Um médico inglês, chamado Edward Jenner, observou que havia uma forma semelhante de varíola
em vacas. Ele percebeu também que as pessoas que ordenhavam as vacas doentes desenvolviam algumas poucas fe-
ridas, mas não ficavam realmente adoecidas. Em um experimento, Jenner inoculou (introduziu) uma secreção de um
machucado desses das ordenhadoras em um menino saudável, que desenvolveu uma forma bem branda da doença.
114
Poucos meses depois, colocou esse mesmo menino em contato com o vírus da varíola de verdade: o resultado foi que
A interpretação desse experimento, que deu origem à primeira vacina, veio depois e foi sendo cada vez melhor
compreendida por pesquisadores da área. Hoje em dia, sabemos que o que Jenner fez foi pegar uma forma atenuada
do vírus da varíola para desencadear no menino a produção de anticorpos que pudessem defendê-lo de uma real
infecção com varíola. Sabemos que é possível fazer isso não somente para vírus, mas também para bactérias, e esti-
As vacinas podem ser produzidas a partir do antígeno vivo atenuado, do antígeno morto ou de partes dele
(proteínas específicas, pedaços da membrana etc.) que sejam capazes de desencadear a resposta adaptativa do siste-
ma imune – ou seja, a produção de anticorpos no organismo. O uso de vacinas é mais efetivo no controle de algumas
doenças do que simplesmente usar medicamentos quando uma pessoa fica doente, além de proteger contra doen-
ças que não podem não ter seus efeitos revertidos, como é o caso da poliomielite/paralisia infantil.
Falando em paralisia infantil, esta é uma das doenças que, assim como a varíola, já foram erradicadas no Brasil
Em que pese ele tenha feito grandes contribuições para a Saúde Pública da cidade, na época, a ma-
neira como foi conduzido o processo merece um pouco de nossa reflexão. Veja o vídeo disponível em
http://goo.gl/f5RPZ, sobre a revolta da vacina.
Politicamente, foi uma imposição muito violenta. O bota abaixo do então prefeito do Rio, Pereira
Passos, foi uma forma brutal de colocar ordem na cidade, derrubando muitas construções com a
finalidade de urbanizar a cidade, alargando ruas, abrindo outras novas. No entanto, tais modificações
se deram sem respeitar as pessoas que ali viviam (guardando as devidas proporções, é parecido com
o que acontece hoje em dia com os moradores do Morro da Conceição, da Vila Autódromo e de ou-
tras partes da cidade). Muitos dos problemas de urbanização que temos hoje, com a população mais
pobre com dificuldade de moradia, vêm dessa época.
Na mesma postura autoritária de Pereira Passos, Oswaldo Cruz comandou a vacinação compulsória.
As pessoas foram obrigadas a serem vacinadas sem nem entenderem direito como isso funcionava
(e, cá entre nós, é realmente uma ideia estranha inocular em você um agente causador de doença
para te proteger da doença “de verdade”, não é mesmo?). Hoje em dia, todos sabemos da importância
que a vacinação tem em controlar algumas doenças. Mas, na época, a população desinformada tinha
medo. Será que a única maneira de estabelecer a vacinação naquela época era a violência? Será que
havia tempo para se tentar outra estratégia?
Hoje em dia, Oswaldo Cruz e sua inegável contribuição para a Saúde Pública brasileira dão nome à
Fundação Oswaldo Cruz. A Fiocruz tem importante atuação na área da Saúde, tanto no ensino e na
pesquisa, quanto na produção de remédios e vacinas que são distribuídos pelo nosso Sistema Único
de Saúde (SUS). Se quiser saber mais sobre a Fiocruz, acesse www.fiocruz.br.
Há algumas bactérias e fungos que são tão nocivos (ou patogênicos, como preferir)
que, após entrarem em nosso organismo não imune, matam-nos rapidamente. Para muitos
Esse é o caso das bactérias Yersinia pestis (causadora da peste bubônica) e Ba-
cillus anthracis (provoca o antraz). Elas já foram usadas como armas biológicas, você
Armas biológicas são microorganismos (ou toxinas produzidas por eles) usadas para
116
Seção 3
Soja, biotecnologia e a discussão sobre os
famosos transgênicos
Há muito tempo, o homem manipula plantações. Arranca plantas que são mais frágeis aos ataques de pragas,
deixando apenas aquelas que são mais resistentes; seleciona aquelas que dão os melhores frutos, excluindo da plan-
tação aquelas que dão poucos frutos, ou frutos não saborosos e bonitos.
Você aprendeu no Módulo 1 que o nome deste processo é Seleção Artificial. Ele acontece há muitos séculos e,
através dele, características vistas como “mais interessantes” pelos agricultores foram sendo selecionadas. O mesmo
vale para criadores de animais, que selecionavam os cavalos que corriam mais, eram mais fortes, as vacas que davam
Pois bem! Se entendemos Biotecnologia em sentido amplo, em que usamos o conhecimento sobre processos
e características biológicos dos seres vivos para gerar benefícios ao homem, a seleção artificial pode ser entendida
Só que no campo da Biologia e da Biotecnologia Moderna, essa seleção foi tomando outros contornos... Co-
nhecimentos sobre a estrutura do DNA e a possibilidade de identificar quais genes são responsáveis por quais carac-
terísticas, aliados às técnicas mais desenvolvidas de Biologia Molecular, possibilitaram que o homem fizesse outro
nível de seleção. Em laboratório, tornou-se possível que uma planta tivesse seus genes modificados de forma que ela
O processo envolve técnicas relacionadas ao DNA recombinante. Como o próprio nome diz, são técnicas que
possibilitam recombinar o DNA de um organismo com outros trechos de DNA (genes), que podem ser de outro
organismo ou dele mesmo. Estes organismos que sofreram recombinação de DNA, transferência de genes, são
chamados transgênicos.
Há vários propósitos de transgenia. Um muito difundido é a inserção em bactérias do gene que codifica a insu-
lina. A insulina é um peptídeo que, no nosso metabolismo (como você viu na Unidade 5 do Módulo 3), tem o papel de
regular a quantidade de açúcar no nosso sangue. Quando há problemas com a regulação dessa quantidade de açúcar,
Durante muito tempo, essa insulina “extra”, usada como medicamento, foi conseguida a partir de extrações de
animais, como boi e porco. Foi na década de 1980 que se descobriu que era possível produzir insulina em laboratório.
A prática consistia em inserir o gene que codifica a insulina em uma bactéria que o expressaria (ou seja, produziria a
temente, a quantidade de insulina produzida. A partir daí, por processos de purificação, a insulina poderia ser usada
Há muitas outras aplicações da modificação genética de organismos. No que se refere à agricultura, como já
No Brasil, estima-se que mais da metade das plantações que existem sejam de organismos geneticamente mo-
dificados (OGM). De soja, um dos produtos mais importantes na nossa balança de exportações, essa proporção chega
a mais de 80%. Todos esses OGM de larga escala (soja, milho e até arroz) têm maior resistência a insetos, porque foram
modificados com a inserção de genes com propriedade inseticida. Além disso, têm maior resistência aos agrotóxicos,
embora nós, que consumimos os alimentos, não tenhamos sido geneticamente modificados para isso.
Fato concreto é que a manipulação genética de plantas de exportação relevante, como a soja, tem um impacto
muito grande na economia. Analisando a questão, de um lado, temos dados científicos obtidos até o momento para
defender a plantação de transgênicos. Entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das
Nações Unidas para Alimentação e para Agricultura (FAO), o Comissariado Europeu para Pesquisa, Inovação e Ciência
e várias das principais academias de ciência do mundo avaliam como “normal” a disseminação de transgênicos. Esta
De outro lado, há organizações e cientistas que não acreditam que o impacto dos transgênicos já tenha sido
avaliado de forma suficiente. O Greenpeace carrega intensamente essa bandeira contrária à disseminação e con-
sumo de transgênicos, e conseguiu que, ao menos, os produtos alimentícios transgênicos fossem identificados em
seus rótulos, de forma que cada pessoa tivesse sua oportunidade de escolha. As alegações do “time” contrário aos
transgênicos são de que os estudos realizados até o momento não seriam totalmente conclusivos, uma vez que seria
necessário avaliar os efeitos do consumo constante e prolongado dos transgênicos ao longo da vida das pessoas
para chegar a alguma conclusão. Além disso, a manipulação genética teria um impacto direto na biodiversidade, pois
estaria interferindo diretamente na natureza e não seria possível avaliar as consequências disso nos ecossistemas.
O que podemos concluir desse debate é que a discussão sobre os transgênicos precisa ser olhada com muita
cautela. De um lado, temos a ciência e muitos interesses econômicos em jogo; de outro, argumentos que, embora
118
Seção 4
Uma certa ovelha chamada Dolly
Você aprendeu lá no Módulo 1 que existe um tipo de reprodução chamada assexuada. Neste tipo, um
organismo dá origem a cópias idênticas de si mesmo – sem “misturar” o seu DNA ao de outro organismo. Isso é o que
acontece com as bactérias, por exemplo, e com todas as células do nosso corpo, que se dividem, gerando duas novas
Em laboratórios, esse princípio é muito utilizado para cultivar células e bactérias com alguma característica es-
pecífica, por exemplo, como vimos no caso da insulina em bactérias transgênicas. Basta conseguir fazer a inserção do
gene da insulina em umas poucas bactérias que, ao se reproduzirem, elas gerarão cópias idênticas contendo esse gene.
Este processo de gerar cópias idênticas de uma coisa chama-se clonagem. Na Natureza, ele é muito comum
para alguns tipos de organismos e para células de outros. Gêmeos idênticos também são um caso de clonagem natu-
ral: de uma única célula fecundada, por meio de divisões mais aceleradas do que o padrão, em vez de um bebê temos
A observação da Natureza fez com que a ciência se interessasse bastante pela clonagem. Em um primeiro mo-
mento, a observação mostrava que era muito simples fazer clonagem de seres unicelulares (como as bactérias). Mas
Em 1997, é divulgada a resposta para esta pergunta: a ovelha Dolly, um clone que já tinha alguns meses de vida
– era o primeiro clone de um organismo complexo, um mamífero. Um grupo liderado pelo pesquisador Ian Wilnut
criou a Dolly, em laboratório, a partir de três ovelhas. A ovelha 1 doou célula-ovo, da qual os cientistas retiraram todo
o DNA. Da mama de uma ovelha 2 (a que foi efetivamente clonada, porque seu DNA é que foi usado), eles coletaram
células e extraíram o DNA, que inseriram na célula-ovo da ovelha 1. Esta célula-ovo da 1 com o DNA da 2 foi inserida
em uma ovelha 3, que serviu de “barriga de aluguel”. Este processo de reproduzir um ser em laboratório por meio de
Dolly nasceu em 1996. Em 1998, teve sua primeira cria, o que mostrou que ela era capaz de se reproduzir, ques-
tão que era colocada pela comunidade científica na época. Só que na gestação seguinte, os três filhotes que ela teve
apresentaram problemas graves de saúde. Com cinco anos, ela apresentou um quadro grave de artrite, o que não é
comum para ovelhas nesta idade. Seria este um sinal de envelhecimento precoce? A Dolly tinha mesmo cinco anos
ou tinha onze (soma de sua idade com a idade da ovelha 2, que doou o DNA)? O clone não carrega as características
em laboratório abriu uma avenida de possibilidades para os cientistas. Obviamente, ela acenou com a possibilidade
de clonagem humana.
Imagine a complexidade deste evento. Quem seria clonado? Quem doaria a célula-ovo? Quem seria a “barri-
ga de aluguel” em cada caso de clonagem? Quem arcaria com os custos elevadíssimos desses procedimentos? Foi
demonstrado, com a clonagem de outros mamíferos além da ovelha, que é muito difícil clones serem viáveis ou não
apresentarem anomalias em seus genomas. Como seria isso com os seres humanos? Para que fim esses clones seriam
“usados”? Transplantes de órgãos para o ser “original”? E o clone não é um ser humano também? E, tendo diversos
clones, isso não seria um problema para a variabilidade genética de uma população? Se uma catástrofe acontece,
como está a capacidade adaptativa se os seres (humanos e bichos) têm o mesmo DNA?
Dado o número de questões sem resposta, em 2003 uma reunião de 63 academias científicas publicou um
documento dizendo que seria irresponsável os governos liberarem a produção de clones humanos em seus am-
bientes científicos.
No entanto, a ciência encontrou um outro princípio de clonagem relevante para a espécie humana: a clona-
gem terapêutica. Em vez de se pensar em fazer um ser humano completo clonado, a ideia é fazer tecidos e até órgãos
por meio da clonagem, a partir de células-tronco embrionárias. Aqui “mora” o nó crítico da ideia.
Células-tronco, como você viu na Unidade 5 do Módulo 2, são células que ainda não se diferenciaram o suficiente
para assumir alguma “função” no nosso organismo. Assim, dependendo do estímulo, elas podem virar qualquer célula.
Embora haja células-tronco na medula de indivíduos adultos, nas células embrionárias é que encontramos o maior
potencial de multiplicação e diferenciação dessas células. Essas células embrionárias estão presentes no cordão um-
bilical, placenta e no próprio embrião.
Células-tronco são utilizadas, já nos dias de hoje, para uma série de tratamentos, como é o caso da diabetes tipo
1. No princípio da clonagem terapêutica, a ideia não é gerar um ser-humano-clone, que vai crescer, ficar adulto, mas
sim um embrião com o DNA de uma pessoa que, logo nos estágios iniciais, teria suas células coletadas e induzidas à
diferenciação de acordo com a necessidade de quem deu origem a esse embrião (um fígado, um rim, um coração etc).
Este tipo de procedimento, embora seja realizado em alguns países no mundo, ainda é proibido no Brasil.
Existem muitas, mas muitas questões éticas, de direitos humanos e mesmo científicas que ainda não foram suficien-
temente debatidas para que se pudesse chegar a uma conclusão.
A pessoa que deu origem ao embrião teria sua vida melhorada ou salva pelo transplante. A clonagem tera-
pêutica poderia auxiliar também no tratamento de doenças neurodegenerativas, com a produção de novos feixes
nervosos para implante nos “donos do embrião”. A fila de transplantes poderia diminuir muito, assim como os riscos
120
Mas e o embrião, que é descartado depois? Ele é vida ou neste estágio não é considerado vida ainda? Os Di-
reitos Humanos ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre o momento em que um embrião é considerado
uma vida: se no momento da fecundação, na fixação no útero, no desenvolvimento do encéfalo. Como regulamentar
Essas pessoas são, claro, reflexos da sociedade e, por isso, é importante que você
conheça essas questões e tenha sua própria opinião sobre a clonagem. Então, em poucas
linhas, escreva a sua opinião sobre esse tema: você é a favor que se clone células humanas
Considerações finais
Depois de tudo o que você estudou aqui nesta unidade, imaginamos que esteja claro o potencial de benefícios
Alguns dos procedimentos biotecnológicos são unânimes hoje, tanto para a população quanto para a comu-
No encerramento deste último módulo de Biologia, achamos que a biotecnologia, a manipulação da natureza,
De fato, ainda precisamos de muitos estudos e de tempo para observar e entender as consequências do que
o homem vem produzindo. Não há como negar que os cientistas não têm, ainda, como prever o efeito de transgêni-
cos na biodiversidade, a longo prazo. Observações pontuais não dão conta de responder a perguntas como: “o que
com os insetos que se alimentam de plantas com essas características? E com outros bichos que se alimentam desses
Qual é o limite da intervenção do homem na Natureza? Ele existe? Deve existir? A ciência explica e justifica
tudo? Quais são as implicações para o próprio homem das interferências que ele vem realizando na natureza? Existem
São muitas as questões sobre as quais temos que refletir. É inegável o avanço da ciência e os benefícios que
ela tem trazido para a sociedade. Por outro lado, isso não deve nos permitir colocá-la em um lugar de onisciência
absoluta, de quem “sabe-tudo”, sem regulamentação pela própria Ciência, pelo Direito e, principalmente, pela Ética.
Resumo
A utilização de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre os próprios seres vivos envolvidos
nesses processos, no intuito de gerar bens e resolver questões nas mais diferentes áreas de atividades hu-
res de várias áreas, como, por exemplo, Microbiologia, Genética, Biologia Molecular, Bioquímica, Química,
Agricultura e Informática.
dos leveduras, precisam obter energia para a sua sobrevivência. Para isso, utilizam o amido (ou o açúcar de-
rivado deste) presente no “suco de cevada” (no caso das cervejas) ou no suco de uvas (no caso dos vinhos),
Há outro tipo de fermentação muito útil à nossa alimentação: a fermentação láctea, que dá origem a mui-
tos dos laticínios que ingerimos. Este tipo de fermentação usa o açúcar presente no meio para gerar uma
As vacinas são antígenos que não nos fazem mal, mas são capazes de desencadear uma resposta imune
As vacinas podem ser produzidas a partir do antígeno vivo atenuado, do antígeno morto ou de partes dele
(proteínas específicas, pedaços da membrana etc.) que sejam capazes de desencadear a resposta adaptati-
va do sistema imune – ou seja, a produção de anticorpos no organismo. O uso de vacinas é mais efetivo no
controle de algumas doenças do que simplesmente usar medicamentos quando uma pessoa fica doente,
122
além de proteger contra doenças que não podem não ter seus efeitos revertidos, como é o caso da polio-
mielite/paralisia infantil.
Se entendemos biotecnologia em sentido amplo, em que usamos o conhecimento sobre processos e ca-
racterísticas biológicos dos seres vivos para gerar benefícios ao homem, a seleção artificial pode ser enten-
Em laboratório, tornou-se possível que uma planta tivesse seus genes modificados de forma que ela fosse
O processo envolve técnicas relacionadas ao DNA recombinante. Como o próprio nome diz, são técnicas
que possibilitam recombinar o DNA de um organismo com outros trechos de DNA (genes), que podem ser
de outro organismo ou dele mesmo. Estes organismos que sofreram recombinação de DNA, transferência
No Brasil, estima-se que mais da metade das plantações que existem sejam de organismos geneticamente
modificados (OGM). Analisando a questão, de um lado, temos dados científicos obtidos até o momento
para defender a plantação de transgênicos. De outro lado, há organizações e cientistas que não acreditam
O processo de gerar cópias idênticas de uma coisa chama-se clonagem. Na Natureza, ele é muito comum
para alguns tipos de organismos e para células de outros. Gêmeos idênticos também são um caso de clo-
nagem natural: de uma única célula fecundada, por meio de divisões mais aceleradas do que o padrão, em
A ovelha Dolly foi o primeiro clone de um organismo complexo, um mamífero, conhecido, em 1997. Este
processo de reproduzir um ser em laboratório por meio de clonagem é chamado clonagem reprodutiva. Em
1998, teve sua primeira cria, o que mostrou que ela era capaz de se reproduzir, questão que era colocada
pela comunidade científica na época. Só que, na gestação seguinte, os três filhotes que ela teve apresenta-
ram problemas graves de saúde. Com cinco anos, ela apresentou um quadro grave de artrite, o que não é
comum para ovelhas nesta idade. Seria este um sinal de envelhecimento precoce?
Veja ainda
Existem muitas aplicações da Biotecnologia e, neste espaço, claro que não ia ser possível falar de todas elas. Na
verdade, essa não é a ideia, mesmo, pois queremos que você vá à Internet, pesquise, descubra coisas e faça as suas
próprias reflexões.
Bioetanol e biodísel são biocombustíveis, ou seja, diferente da gasolina, que vem do petróleo, eles são
produzidos de fontes biológicas, como a cana-de-açúcar e óleo de cozinha. Saiba mais em: http://www.
youtube.com/watch?v=vxprpNZaZs0
sabe que, quando há derramamento de petróleo nos oceanos, por exemplo, usar microorganismos
para “comer” esse petróleo e limpar as águas pode ser uma boa saída. Assita http://www.youtube.com/
Referências
Documento da convenção sobre diversidade biológica da Organização das Nações Unidas. Disponível em:
02 mar 2013.
Pela 1ª vez, transgênicos ocupam mais da metade da área plantada no Brasil. Disponível em http://g1.globo.
com/economia/noticia/2013/02/pela-1a-vez-transgenicos-ocupam-mais-da-metade-da-area-plantada-
br/ciencia/testes-em-transgenicos-sao-robustos-o-suficiente-diz-especialista,2f7821105c7bc310VgnCLD2
http://www.bioetica.ufrgs.br/dollyca.htm
http://www.icb.ufmg.br/mor/mor/Disciplinas/Embriologia/clonagem.htm
124
https://www.ufmg.br/diversa/4/clonagem.htm
http://www.rc.unesp.br/biosferas/0011.php
Imagens
• André Guimarães
• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/S_cerevisiae_under_DIC_microscopy.jpg
• http://farm7.staticflickr.com/6137/5939683445_5b0f810ee1_b_d.jpg • Dee
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Michelangelo_Caravaggio_007.jpg
Atividade 1
“Esse vinho era produzido a partir do suco de uvas, que ficavam por algum tem-
A produção de vinho a partir do suco da uva é uma técnica que se utiliza os pro-
possível aferir qual tipo de vida melhor cresce em determinado tipo de solo. As-
“modificações genéticas das uvas para que elas dêem frutos maiores”
científico sobre os efeitos dos microorganismos sobre nós, podemos produzir elementos
que beneficiem a população humana (como as vacinas) ou, pelo contrário, é possível pro-
Por isso, é importante sabermos que a chave para o sucesso da ciência não é a quan-
tidade de produção do conhecimento e sim o que você faz com ele. Há de ser se ter res-
ponsabilidade com o que produzimos, assim como respeito para com os seres vivos que
nos circundam.
Atividade 3
Causa e efeitos das tecnologias são aspectos que nem sempre um cientista pode
apontar. O mesmo vale para clonagem. E é importante que você baseie a sua opinião sobre
esse tema em fontes bibliográficas seguras. Portanto, pesquise bastante sobre a clonagem
126
O mundo dentro
do espelho
Para início de conversa...
Você já parou para pensar o que seria a sua vida sem luz? Seria como não
ter visão. Talvez você não saiba, mas o cérebro humano, capaz de proezas for-
midáveis, dedica cerca de um terço (30%) da sua capacidade para este sentido.
ou assistir a um filme, até atividades mais complexas, como tentar atravessar uma
dizer que o ramo da física que se dedica a esse estudo é a óptica. Estudaremos,
até mesmo a formação dos eclipses. Além disto, a óptica nos permite fabricar
dentre outros.
Figura 1: A óptica geométrica vai nos ajudar a entender como funcionam nossos olhos,
como somos capazes de tirar uma foto com uma câmera e descobrir o que está por trás
de um eclipse.
mundos distintos, até então desconhecidos. Conseguimos visualizar escalas de comprimento bastante dis-
tintas, do espaço sideral (cosmos), que é estudado com o auxílio de telescópios ao mundo microscópico, que
foi descoberto em meados do século XVII com o auxílio do microscópio feito pelo holandês Leeuwenhoek.
Para entender um pouco sobre o funcionamento desses objetos, precisamos entender antes o que é raio lumi-
128
Objetivos de aprendizagem
Utilizar o modelo de raio luminoso para representar sombras e imagens formadas em espelhos.
Ao caminhar num dia ensolarado, você muito provavelmente já observou diversas sombras, das mais variadas
formas e tamanhos. Quando a luz incide em um objeto que não permite a sua passagem, podemos ver um contorno
deste corpo projetado em um outro objeto (no caso das sombras da rua, você as vê no chão, ou projetadas em prédios,
muros). Chamamos a objetos desse tipo, que não permitem a passagem de luz, objetos opacos (veja a Figura 2).
a b
Figura 3: Em (a), ressaltamos em vermelho, uma linha, que passa rente ao patinho e que delimita a região de sombra. Na
Figura 3-b é formado um conjunto de raios luminosos.
130
Na Figura 3a, você vê uma luz incidindo sobre um objeto opaco, o patinho. Ressaltamos em vermelho, uma li-
nha, que passa rente ao patinho e que delimita a região de sombra. Chamaremos a esta linha vermelha segmento AB.
Podemos muito bem representar a trajetória descrita pela luz utilizando este segmento de reta AB, que chamamos
raio luminoso. Mas este é apenas um dos raios de luz que sai da luminária – afinal, você vê a luz iluminar muito mais
Usando essa mesma lógica, podemos imaginar que o facho de luz que sai da lâmpada na Figura 3b é formado
por um conjunto de raios luminosos. Chamamos feixe luminoso a esse conjunto de raios . Uma característica desse feixe
é que ele parte de um ponto, a lâmpada da figura, e se abre. Chamamos este tipo de feixe de divergente. Como outros
exemplos de feixes divergentes temos a luz emitida pelo farol de uma moto, de uma lanterna ou de um poste. Em geral,
Figura 4: Feixe convergente. Nesta imagem, tal feixe foi criado utilizando-se uma lente convergente. Esse tipo de lente
será discutida na próxima aula.
Um feixe convergente é aquele cujos raios luminosos, ao saírem de sua origem, vão se aproximando até se
encontrarem em um determinado ponto, como em um funil. Este tipo de feixe é utilizado em diversos instrumentos,
Hipermetropia
É uma deformação no olho humano que faz com que a pessoa tenha um erro na focalização das imagens. Ao contrário da mio-
pia, as pessoas com hipermetropia têm dificuldade em focalizar imagens de perto.
a b
Um feixe laser é um exemplo de feixe colimado (veja a Figura 5b). Se projetarmos o laser em uma parede e ca-
minharmos em sua direção, veremos que o tamanho do ponto luminoso não se alterará, o que indica que o feixe não
é nem convergente nem divergente. Se fosse, o tamanho do ponto se alteraria conforme nos movimentamos (se você
fizer essa experiência aproximando uma luminária comum da parede, poderá observar a diferença).
132
Projetando uma sombra
Represente a sombra da vela projetada no chão, de acordo com a luz que vem da
luminária.
134
Nas alturas
Suponha que uma pessoa de 1,8 m de altura esteja interessada em estimar a altura
de um prédio. Esta pessoa mediu o tamanho de sua própria sombra, e obteve um valor
de 3,0 m. Logo em seguida, ele estimou o tamanho da sombra deste edifício como tendo
Lembre-se das vezes que você se arrumou para ir a alguma festa. Muito provavelmente, durante essas atividades,
você se olha em algum espelho, que é uma superfície plana, onde você vê a sua própria imagem. Na falta de um espelho,
como você faria para conferir se o seu penteado está do seu agrado? Sem dúvida, apenas alguns objetos são capazes de
gerar uma imagem. Quais características que um objeto precisa ter para que ele consiga formar uma imagem sua?
a b
Figura 6: Em (a), temos a reflexão regular (em um espelho). Em (b), temos um exemplo de reflexão difusa, que pode ser ob-
servada quando o feixe laser reflete na parede. Isto se deve à irregularidade da parede, que não é suficientemente polida.
Um característica que o seu espelho possui é a polidez de sua superfície. Esta é uma característica primordial
para a formação de imagens, pois é a regularidade da superfície polida que faz com que os raios luminosos que inci-
Repare o caso da Figura (6-b). A irregularidade da parede faz com que o feixe laser, inicialmente colimado,
seja refletido de maneira difusa. Por causa disso, não conseguimos ver uma imagem bem definida do feixe na outra
palavra normal não possui o significado que você deve estar habi-
136
o raio luminoso (laser) da Figura 8 com a normal é o mesmo, tanto para o raio incidente, quanto para o raio refletido. Este
Vamos agora utilizar a lei da reflexão para entender um pouco mais a formação de imagens em um espelho
como o do seu banheiro, conhecido como espelho plano. Na Figura 8, temos três raios luminosos, que partem de uma
a b
Figura 8: Você pode ver claramente que os raios 1, 2 e 3 são refletidos pelo espelho, gerando respectivamente os
raios 1’, 2’ e 3’.
Devido à lei da reflexão, podemos notar que a imagem associada à fonte laser (na Figura 8a), formada atrás do
espelho corresponde ao prolongamento dos raios refletidos para o lado de dentro do espelho, em específico os raios
Embora não possamos ver o trajeto dos raios, todos os pontos da chama emitem inúmeros raios luminosos,
que se comportam da mesma maneira que os raios laser da Figura 9a. Deste modo, a cada um dos pontos da vela
po da vela.
fato de precisarmos de uma fonte de luz, como uma lâmpada, TV ou mesmo uma simples chama para enxergarmos.
Só somos capazes de ver objetos que não são fontes luminosas por que estes objetos refletem a luz oriunda de uma
fonte.
Podemos concluir disto que a grande maioria dos objetos refletem luz, pelo simples fato de sermos capazes
de enxergá-los.
Por exemplo, não é muito incomum (talvez isso já lhe tenha ocorrido) se deparar com uma placa de vidro que,
de tão limpa e polida, lhe passou a impressão de não existir, e que o fez acabar se chocando com a mesma.
Mesmo uma placa de vidro com estas características, se observada com mais atenção, reflete a luz que nela
incide, formando uma imagem sua, funcionando como um espelho. Perceba que isto também ocorre quando você
observa a vitrine de uma loja. Além de sermos capazes de ver o seu interior, podemos também observar a nossa ima-
138
Se a sua luz não brilha, não tente apagar a minha!
Os objetos podem ser classificados em dois tipos, de acordo com a sua emissão ou reflexão de raios
luminosos:
Fonte própria: Quando o objeto é emissor de luz. É um objeto que não depende da luz refletida sobre
ele para ser visto (por exemplo a chama da vela da Figura 10).
Fonte não própria: São os objetos que só são vistos por refletirem iluminação proveniente de uma
fonte qualquer (por exemplo o corpo da vela da Figura 10).
Uma propriedade bastante importante das imagens formadas pelos espelhos planos é o fato de a distância
entre a imagem e o espelho ser igual à distância entre o espelho e o objeto. Para ilustrar esse fenômeno, imagine que
dispomos uma placa de vidro de pé, sobre uma folha centimetrada, tal como na Figura 11.
Figura 11: Folha de papel centimetrado com uma placa de vidro na vertical.
Dispomos, a 5cm da placa de vidro, um alfinete de cabeça azul e do lado oposto da placa de vidro, repetimos
o procedimento, colocando desta vez um alfinete de cabeça vermelha. O alfinete vermelho encontra-se na posição 2,
Note que a imagem do alfinete azul localiza-se exatamente sobre o alfinete vermelho, estando ambos a uma dis-
tância de 5cm da placa. Uma outra característica importante é que a imagem formada tem o mesmo tamanho do objeto,
a posição do alfinete azul de um centímetro, da posição 12 para a posição 13, a imagem formada também se moverá
de um centímetro, movendo-se para a posição 1 cm. Isto ocorre porque a distância entre a imagem e o espelho deve
Figura 12: Mudança de posição do alfinete azul (de 12cm para 13 cm) com consequente
mudança na posição de sua imagem de 2cm para 1 cm.
Definindo a velocidade como a distância percorrida por um corpo num certo intervalo de tempo, isto é, a ra-
pidez com que o corpo se move, podemos dizer que, tanto a imagem quanto o objeto deslocaram-se com a mesma
velocidade, porque ambos percorreram a mesma distância (no caso, 1cm), gastando o mesmo intervalo de tempo.
Agora, se ao invés de movermos o alfinete movermos a placa de vidro, fazendo com que ela passe da posição
7 para a posição 6, a imagem deverá caminhar da posição 2 para a posição 0cm e, portanto, desloca-se o dobro do
deslocamento percorrido pela placa. Novamente, isto ocorre porque a distância entre o objeto e a placa deve ser igual
Vemos então que a velocidade da imagem será duas vezes maior que a da placa, pois, ao movimentar o vidro de
Enantiomorfismo
Da próxima vez que você estiver de frente a um espelho, faça a seguinte experiência: levante a mão esquer-
da e perceba que ao se colocar no lugar de sua imagem você estaria com a mão direita erguida, ou seja, a imagem
a aparece invertida. A esse fenômeno damos o nome de enantiomorfismo (veja a Figura 10).
140
Figura 13: Temos uma moça de frente a um espelho. Veja que o cabelo dela está do seu lado direito. Se nos colocarmos no
lugar da sua imagem, entretanto, seu cabelo estará do lado esquerdo.
É devido a este fenômeno que carros de bombeiro e ambulâncias possuem letreiros invertidos, para que pos-
Faça um diagrama que forma a imagem dos objetos, representados pelas setas, a
do oposto. Se o indivíduo caminha com uma velocidade de um passo por segundo, a qual
A L V N Q
Virando do avesso
7
Escreva o seu nome de forma que a imagem formada pelo seu nome num espelho
142
Seção 3
Espelhos curvos
Na seção anterior, discutimos as imagens formadas por espelhos e superfícies planas. No exemplo das am-
bulâncias, falamos do espelho retrovisor do carro. Você já notou que a imagem produzida por esse espelho é menor
que o objeto em si? Isso se deve ao fato de a superfície desse espelho não ser plana. Na verdade, esse espelho é dito
convexo, ou seja, a superfície refletora do espelho é abaulada (curvada) para fora como a forma de uma esfera ou bola
a b
Figura 14: Repare que a superfície refletora nas imagens (a) e (b) é abaulada, modificando a imagem que é vista.
A imagem formada por um espelho convexo é sempre virtual (formada atrás do espelho, pelos prolongamen-
tos dos raios refletidos), como no espelho plano de seu banheiro. Entretanto, a imagem será sempre menor que o
objeto, e a distância entre a imagem e o espelho, menor que a do objeto ao espelho (veja a Figura 14).
Geometricamente podemos entender esse fenômeno da seguinte forma: pela lei da reflexão, o ângulo forma-
do entre a normal e o raio incidente deve ser igual ao ângulo entre a normal e o raio refletido.
No caso do espelho convexo, entretanto, a curvatura do mesmo faz com que a normal mude de direção de tal
forma que o prolongamento dos raios refletidos torna-se mais convergente se comparado com o espelho plano. Na
Atividade 8, você aplicará a lei da reflexão, verificando o que descrevemos em palavras neste parágrafo.
8
Desenhe os raios refletidos para os espelhos 1 e 2 da figura a seguir, utilizando a lei
da reflexão.
no, de tal modo que o objeto retirado seja uma calota (veja a
Figura 15).
144
tância bastante especial para entendermos a construção de imagens em espelhos convexos que é a distância focal.
Todos os raios luminosos que sejam paralelos ao eixo focal (reta horizontal que passa pelo centro de curvatura
do espelho), terão prolongamentos que se encontram em um ponto dentro do espelho (ver Figura 16).
a b
Figura 16: Reflexão de raios paralelos ao eixo focal em um espelho convexo. Na figura (a), temos um esquema mostrando
como os reflexos dos raios são prolongamentos a partir do foco. Em (b), temos a imagem real de uma reflexão de raios em
um espelho convexo.
A esse ponto damos o nome de foco. Para construir uma imagem nesse espelho, usaremos o mesmo processo
que usamos no espelho plano. Pegaremos um raio luminoso que sai do objeto e chega ao espelho e que seja paralelo
ao eixo focal, e a partir do ponto onde ele encontra a superfície do espelho, traçaremos o raio refletido.
A partir daí, podemos prolongar o raio refletido para dentro do espelho, mas precisamos de pelo menos um outro
raio luminoso para completar essa imagem (na verdade, conforme discutimos anteriormente, o prolongamento de todos
os raios luminosos que saem de um ponto é que formam a sua imagem. Entretanto, se quisermos saber apenas onde a
imagem se encontra, apenas dois raios tornam-se necessários).
Na verdade podemos escolher qualquer raio luminoso, mas escolheremos aqui um raio bastante simples que é
o raio que sai do objeto e encontra o espelho exatamente onde o eixo focal o atravessa (a esse ponto damos o nome
de vértice). O prolongamento desse raio refletido se encontra com o prolongamento feito anteriormente, e neste
ponto de cruzamento teremos a imagem do ponto que originou os dois raios (veja a Figura 17).
Se repetirmos essa tarefa para todos os outros pontos que constituem o objeto, formaremos por completo a
imagem no espelho convexo. Perceba que, se desejamos representar a imagem de um objeto similar a uma vela, só
precisamos saber onde se tocam os raios referentes à “cabeça” da vela, utilizando dois raios particulares: um que passa
paralelo ao eixo focal, e um que passa pelo vértice do espelho (veja a Figura 17).
Devido ao formato do espelho e à lei da reflexão, é simples prever a direção desse raio refletido. Como a nor-
mal ao espelho no vértice é o próprio eixo focal, o ângulo entre este raio incidente e o eixo focal será igual ao ângulo
formado pelo seu raio refletido e o eixo. A Figura 17 ilustra um esquema deste fenômeno.
9 Pesquise algumas aplicações de espelhos convexos no seu dia a dia e dê, pelo me-
nos, um exemplo do uso de espelhos convexos que são comuns em nosso cotidiano.
146
Construção de imagens
10
Construa geometricamente, utilizando os raios especiais que discutimos nesta se-
11
De acordo com o que foi visto até aqui, explique por que motivo espelhos convexos
Bem, muito provavelmente você já se olhou em uma colher de aço inox, cuja superfície é refletora e bem po-
lida. A imagem formada “pelas costas” da colher é uma imagem virtual e menor, pois ela tem um formato convexo.
Mas se olharmos na parte interna da colher, notaremos que as características da imagem formada dependem
da distância do objeto (no caso, seu rosto) à colher. Há inclusive uma determinada distância em que a imagem desa-
parece.
Nós convidamos você a realizar o seguinte experimento: pegue uma colher de metal bem limpa e se-
gure-a em uma das mãos com o braço esticado, o mais distante possível de seus olhos. Feche um olho e apro-
xime a colher lentamente do olho que está aberto. Você perceberá que, no ponto mais distante, a imagem
formada está de cabeça para baixo (invertida) e se forma atrás da colher (e, portanto, virtual). Ao aproximá-
la, você verá a imagem aumentar gradualmente; num ponto específico, a imagem sumirá (ficará borrada e indistin-
guível) e prosseguindo com o movimento, surgirá uma imagem não invertida (direita) que aumentará à medida que
o movimento de sua mão continuar. Diferentemente das outras imagens que vimos até o momento, esta última não
se forma atrás da colher, mas sim é projetada diretamente em seus olhos (veja a Figura 18).
Figura 18: Exemplo de imagem projetada. Neste caso, a imagem foi projetada numa parede. É exatamente desta maneira
que funcionam os retroprojetores.
148
Há imagens deste tipo, que não se formam atrás do espelho por prolongamento de raios, mas sim são projetadas
à sua frente. São chamadas imagens reais. Vamos esquematizar os fenômenos descritos anteriormente, que esperamos
Bem, na Figura 19, podemos ver dois tipos de raios bastante peculiares, que já foram explorados no caso dos
espelhos convexos.
Figura 19: Em (a), temos destacados dois tipos de raios especiais. Um deles é o que viaja paralelamente ao eixo focal (e que é
refletido de modo a passar pelo foco do espelho), e o que incide no vértice. Em (b), temos um feixe de raios solares parale-
los ao eixo focal incidindo num espelho côncavo. Com o auxílio de fumaça, vemos a convergência desses raios no foco do
espelho.
Todo raio que viaja paralelamente ao eixo focal do espelho é refletido de maneira a convergir num único
ponto, que chamamos foco. Um raio que incide exatamente no centro de curvatura é refletido tal como mostrado
na Figura 19a, isto é, simétrico com relação ao eixo focal. Utilizando esses dois raios especiais, ilustramos, a seguir, as
imagens formadas pelo espelho côncavo, em função da posição relativa do objeto ao espelho.
Você pode reproduzir estes diagramas facilmente. Basta possuir uma régua, papel e lápis. Escolha primeira-
mente onde estará o espelho. Marque a posição do foco desse espelho (por exemplo, a 5 cm do vértice), e em seguida,
o raio do espelho representado na Figura por 2f (no exemplo anterior, 2f estará a 10 cm do vértice).
Lembrando que todo raio paralelo ao eixo focal passa pelo foco do espelho côncavo, e sabendo que o raio que
incide no vértice e seu raio refletido correspondente estão dispostos como se o eixo focal fosse um espelho plano,
podemos representar esquematicamente as imagens formadas no espelho côncavo, de maneira análoga ao que ve-
mos na Figura 20. Finalmente, colocamos uma pergunta. As características das imagens que representamos na Figura
18 são condizentes com as imagens que você observou na superfície da colher? Lembre-se de que você controlou a
150
Construindo imagens no espelho côncavo
A partir dos conhecimentos que você obteve nesta seção, explique por que os refle-
Neste texto, discutimos os fenômenos e conceitos básicos para o estudo da óptica geométrica. Você deve ter
reparado que muitos desses fenômenos você já havia observado antes, em diversas situações de sua vida. Com o
conceito de raio luminoso e a lei da reflexão, fomos capazes de construir as imagens formadas por espelhos curvos e
planos. Na próxima aula, discutiremos o fenômeno de refração, e como podemos utilizá-lo para explicar a formação
de imagens em lentes.
A formação de sombra se dá quando um raio luminoso encontra um objeto opaco que impede a continu-
Um feixe divergente é aquele cujos raios luminosos partem de um ponto único e se espalham em várias
direções.
Um feixe convergente é aquele cujos raios luminosos partem de direções diversas e chegam a um ponto
comum.
Para se construir uma imagem em espelhos esféricos, usamos os prolongamentos dos raios luminosos inci-
Veja Ainda
Caso você não tenha conseguido realizar o experimento com a colher, como foi proposto nesta unidade, não
fique triste, no link a seguir há uma animação muito interessante que descreve como a imagem de um objeto se com-
http://www.youtube.com/watch?v=U4B8F2hCYus
152
Atividade 1
Sombra
Atividade 2
Atividade 3
Bem, a pessoa mede 1,8m e o tamanho de sua sombra é 3,0m. Com esses dados,
e sabendo que os raios de luz caminham em linha reta, podemos montar um triângulo
retângulo cujo cateto adjacente mede 3,0m e o cateto oposto 1,8m. Veja a figura a seguir.
retângulo cujo cateto adjacente ao ângulo mede 30,0m e o cateto oposto mede H, a altura
Como os raios de luz do sol vêm de muito longe, podemos considerar que eles são
todos paralelos ou seja, podemos considerá-los um feixe colimado. Isso nos permite dizer
que os dois triângulos formados são semelhantes. Logo, podemos realizar a semelhança
18,0m
Atividade 4
lho.
154
Atividade 5
passo do espelho. Note que você caminha em sentido contrário à sua imagem. Logo, nesse
instante, você estará dois passos mais distante de sua imagem. Se você se afasta a um pas-
so por segundo do espelho, a sua imagem também se afastará, com a mesma velocidade,
para dentro do espelho. Isso faz com que a distância entre você e sua imagem seja o dobro
Atividade 6
Atividade 7
Atividade 8
pois eles ampliam o campo de visão do observador. A imagem formada por um espelho
convexo tem maior amplitude, se comparada a de um espelho plano, embora seja menor
que o objeto.
Atividade 10
a)
b)
156
Atividade 11
ou seja vemos uma imagem bem ampla em uma pequena área. Essa propriedade permite
Atividade 12
Atividade 13
luz, ou pelo menos evitar que ele seja muito divergente. Veja a figura a seguir.
Bibliografia Consultada
HEWITT, Paul. Física Conceitual, 9ª. Edição. Porto Alegre: ARTMED Ed., 2002
LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da e ÁLVARES, Beatriz Alvarenga. Curso de física. São Paulo: Scipione. 2007.
Boa, M. F. & Guimarães, L. A. Física: Termologia e óptica Ensino Médio São Paulo: Harbra, 2007.
Imagens
• http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1381517.
• http://www.sxc.hu/photo/1221586.
• http://www.sxc.hu/photo/1368439.
• http://www.sxc.hu/photo/765219.
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Jan_Verkolje_-_Antonie_van_Leeuwenhoek.jpg.
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Leeuwenhoek_Microscope.png.
• http://teca.cecierj.edu.br/popUpVisualizar.php?id=47993.
158
• Vitor Lara e Leonardo Pereira Vieira.
• http://www.sxc.hu/985516_96035528.
(Unesp/1992) Questão 1
Isaac Newton foi o criador do telescópio refletor. O mais caro desses instrumentos até hoje fabricado pelo
homem, o telescópio espacial Hubble (1,6 bilhão de dólares), colocado em órbita terrestre em 1990, apresentou em
seu espelho côncavo, dentre outros, um defeito de fabricação que impede a obtenção de imagens bem definidas das
estrelas distantes (O Estado de São Paulo, 01/08/91, p.14). Qual das figuras a seguir representaria o funcionamento
162
Refração e
aplicações
Para início de conversa...
Agora, vamos focar nossa atenção no fenômeno conhecido como refração, que nos
res, e até nos mais poderosos telescópios, tais como o famoso Hubble.
Associar a Lei de Snell à aproximação (ou afastamento) do raio, refratado com relação à normal;
Associar a refração e as lentes estudadas a situações reais em que elas podem ser utilizadas, em função de
suas propriedades.
164
Seção 1
Refração
Para discutir o fenômeno da refração, pedimos a você que providencie um copo cheio d’água e um lápis. Colo-
que o lápis no copo obliquamente (inclinado) e observe a imagem formada na lateral do recipiente (veja a Figura 2).
Figura 2: Um lápis dentro de um copo d’água. Repita essa montagem e verifique que isto acontece.
O que você pode observar de estranho? O lápis parece estar “quebrado”, certo? O fenômeno físico responsável
Em nosso estudo sobre os fenômenos que envolvem a luz, introduzimos vários aspectos e modelos relacionados
a como a luz comporta-se em determinadas situações. Agora é hora de discutirmos um pouco sobre a natureza da luz.
Você já se perguntou quanto tempo leva para que a luz saia de uma lâmpada e chegue ao chão de seu quarto,
quando você a acende? Ou ainda, se ela simplesmente não chega ao chão instantaneamente, sem demorar tempo algum?
Muito provavelmente você já observou uma tempestade e viu um relâmpago na linha do horizonte. É interes-
sante notar que o som provocado por esse fenômeno é ouvido somente alguns segundos depois dele ser visto, o que
nos leva à conclusão que no mínimo a velocidade de propagação da luz é consideravelmente maior que a do som.
Para essas questões, trazemos a seguinte resposta: a velocidade da luz não é infinita, isto é, a luz leva um certo
tempo para percorrer uma determinada distância. Junto a essa informação, discutiremos rapidamente um princípio
Imagine a seguinte situação: estamos dentro de uma ambulância, que está sobre uma pista de asfalto. Que-
remos atravessar esta pista de asfalto, para chegar até uma emergência, que está num solo barroso (veja a Figura 3).
Como você bem sabe, a maior velocidade que o carro pode atingir será maior na pista de asfalto do que na pista
de barro. Suponha então que o carro viaja a 100 km/h na pista de asfalto. Se o motorista não exigir mais do motor à
medida que o carro adentrar na pista de barro, a velocidade da ambulância inevitavelmente diminuirá (digamos que ela
passou de 100 a 70 km/h). Agora, lembre-se que desejamos chegar ao ponto B da emergência no menor tempo possí-
vel. Na Figura 2, temos indicadas 3 possíveis trajetórias. Você seria capaz de dizer em qual das três trajetórias o carro de
socorro chegará mais rapidamente ao ponto B? Registre a seguir como seria essa trajetória e por que você a escolheu.
Atividade
166
Esta situação que criamos com a ambulância ilustra também o que ocorre com um raio de luz, quando o mes-
mo passa de um meio para outro. O fato é que a velocidade de propagação da luz depende do meio no qual a mesma
está viajando. A seguir, damos alguns valores para a velocidade da luz no vácuo, no ar, no vidro e na água.
Figura 4: Ao atravessar diferentes meios, a luz refrata-se, mudando assim a sua velocidade. Isso causa uma deformação da
imagem que está sendo vista.
Índice de refração
Vimos anteriormente que a velocidade da luz varia conforme o meio em que ela se propaga. Podemos associar
esta mudança na velocidade da luz a um índice, que nos quantifique de alguma maneira essa variação. Definiremos o
Ar nar 1,0
Agora, para ilustrar o fenômeno de maneira mais esquemática, usaremos uma fonte laser (como as facilmente
encontradas em papelarias), um aquário retangular e duas gotas de leite. Misturamos o leite à água do aquário para
evidenciar o trajeto do feixe luminoso, produzido pelo laser pointer, uma vez que a mistura da água com o leite acen-
Figura 5: Veja que a direção do feixe luminoso altera-se, quando o mesmo passa do ar para a água.
Observe que direcionamos o feixe laser obliquamente à superfície do líquido, de modo que o raio incidente
faça um ângulo î com relação a uma reta normal (perpendicular) à superfície. A este ângulo, damos o nome de ângulo
Note que parte da luz que chega à superfície é refletida, segundo a lei da reflexão (ver aula anterior), enquanto
que outra parcela penetra na mistura líquida. O ângulo r formado pelo feixe que adentrou o fluido e a normal (feixe
168
refratado), entretanto, é diferente do ângulo incidente. Repare que ao penetrar no fluido o feixe luminoso aproximou-se
Podemos buscar uma relação empírica que nos permita relacionar os ângulos r e î, para um par de meios. No
Empírico
Baseado em observação de experiências.
Lei de Snell-Descartes
Existe uma equação que nos fornece quantitativamente a variação angular entre os raios incidente e
refratado, e que nos possibilita descobrir qual o ângulo do raio refratado, a partir do ângulo incidente
e vice versa. Ela é dada por:
n1 n
= 2 ,
senθ1 senθ2
pois temos como objetivo apenas deixar claro que a refração ocorre devido a uma diferença
vier de um meio menos refringente, para um meio mais refringente, isto é, de um meio onde a velocidade é maior,
Refringência
É o nome dado para a medida do índice de refração absoluto do meio onde o raio propaga-se e está diretamente relacionado à
velocidade da luz, neste meio. Quanto menor for a refringência, maior será a velocidade da luz neste meio e vice versa.
Você pode se lembrar do exemplo da ambulância. Como podemos ver na Figura 3, o fato de a trajetória 3
ser a indicada, implica que a velocidade no meio 1 é maior que a velocidade no meio 2 (a ambulância percorreu
uma distância maior nesse meio). O que observamos foi que o raio refratado aproximou-se da normal. Agora,
quando o raio luminoso vem de um meio mais refringente para um meio menos refringente, o raio refratado
Desvio no caminho
Esboce os raios refratados nos casos abaixo, onde são válidas as relações entre os
(a) (b)
170
Ele está mesmo ali?
Imagine o seguinte questionamento: Será que a posição que vemos um peixe num
aquário pode ser alterada em função do fenômeno de refração, de maneira análoga ao que
vimos no caso do lápis no copo d’água (veja a Figura 1)? Formule uma resposta e justifique
a mesma (dica: lembre-se que o índice de refração da luz na água é maior que o índice de
Perceba que pelo que discutimos nesta seção, quando saímos de um meio mais re-
fringente para um meio menos refringente, o raio refratado afasta-se da normal. Será que
existe um raio inclinado de tal maneira, que o raio refratado encontrar-se-ia exatamente
sobre a interface que separa os dois meios? Qual seria o ângulo refratado? Se um raio inci-
A imagem a seguir indica um raio luminoso (a) que entrará no prisma. Esboce na fi-
gura o raio, refratado do ar para o prisma e o raio que refrata do prisma para o ar. Lembre-se
do que acontece com o raio refratado, quando o mesmo sai de um meio mais refringente
172
Seção 2
Ângulo Limite
Com a discussão que fizemos agora há pouco, podemos explorar um fenômeno bastante interessante, res-
ponsável por 90% das comunicações digitais, tais como telefonia móvel e fixa, Internet com e sem fio, transações
bancárias, dentre outros. A fibra óptica, largamente usada nas comunicações, baseia-se no fenômeno de reflexão
interna total, que pode acontecer quando a luz viaja num meio mais refringente e tenta passar para um meio menos
Figura 6: A fibra óptica é uma realidade em nosso cotidiano, através de aplicações cada vez mais diversificadas, desde linhas
telefônicas a conexões com a Internet. Seu funcionamento baseia-se nos fenômenos de reflexão interna total.
Existe uma condição especial para que isso ocorra. O ângulo de incidência tem de ser maior que o ângulo limi-
te. Esse ângulo específico é determinado da seguinte forma: se formos aumentando o ângulo de incidência, podemos
notar que o raio refratado afasta-se cada vez mais da reta normal.
Figura 7: Repare que aos poucos, o raio refratado, que sai da mistura água-leite para o ar com fumaça, afasta-se cada vez
mais da normal. Existe um ângulo especial a partir do qual nenhuma parcela do feixe incidente será refratada (7c).
ângulo de refração mede 90º, justamente por que o raio sai paralelo à interface que separa ambos os meios. Se au-
mentarmos o ângulo de incidência, nem que seja de muito pouco, a luz será refletida totalmente e não sairá de dentro
Utilizando uma régua e a lei de Snell, que discutimos anteriormente, estime o índice
A fibra óptica é capaz de transmitir informação, através de raios luminosos que são refletidos repetidas vezes
174
Figura 8: Representação esquemática do funcionamento da fibra óptica (onde ocorrem sucessivas reflexões totais).
Com um copo transparente, que possui a mistura de água e leite, podemos repetir o fenômeno de reflexão
Figura 9: Utilizando um copo com água e leite, conseguimos reproduzir o fenômeno da reflexão total, responsável pelo
funcionamento das fibras ópticas.
limite para determinar qual será o valor do raio R que se forma na superfície que separa o
Seção 3
Lentes
Vamos utilizar o exemplo do prisma, que discutimos agora há pouco. Suponha que temos a nossa disposição
176
Figura 10: Conjunto de prismas, utilizados em conjunto para convergir os raios paralelos que incidem neles.
Perceba que os raios incidentes, paralelos entre si, têm a sua direção alterada, depois de atravessar o arranjo de
prismas. Isso aconteceu devido ao formato peculiar deste arranjo e às propriedades do prisma, que você explorou na
atividade 4. Chamamos qualquer objeto transparente, com um formato similar ao da Figura 10 de lente. Repare que
o feixe da Figura 10, que inicialmente era colimado, converge para um único ponto, que chamamos de foco. As lentes
Figura 11: À esquerda, vemos como uma lente convergente (no caso uma lupa) consegue concentrar os raios solares. À direi-
ta, temos um diagrama que esquematiza o fenômeno visto com a lupa.
Podemos construir uma lente que possua um formato diferente do que vemos na Figura 11 e que possui a
Note que o formato de lentes deste tipo é diferente das lentes convergentes. Enquanto as lentes convergentes
possuem pelo menos uma face abaulada para fora, as lentes divergentes possuem uma sinuosidade para “dentro”.
Não iremos nos aprofundar muito nas especificidades das lentes. Entretanto, é importante acrescentar que existe
Vamos agora nos debruçar sobre a formação de imagens nestas duas categorias de lentes, as divergentes e as
Legenda: Imagem de um prisma. Cada cor possui um índice de refração diferente e por isso as
cores são separadas.
178
Isso ocorre por que cada cor tem uma faixa de frequência e cada frequência tem um índice de refra-
ção distinto para um dado material. Logo, a luz branca quando entra num prisma, cada frequência
terá um ângulo de refração diferente. O que separa todas essas cores. Vale dizer que as cores são
inúmeras e não sete como comumente pensamos.
Seção 4
Fomação de imagens em Lentes
Lentes Divergentes
Algum dos membros da sua família possui dificuldade para enxergar de longe? A esta disfunção damos o nome
de miopia. Se você tiver alguém assim ao seu redor, peça a esta pessoa que lhe empreste, se ela tiver, seu par de óculos.
As lentes que compõe esse par de óculos são divergentes, conforme você pode constatar pelo seu formato.
Segure com uma das mãos o par de óculos, feche um dos seus olhos e posicione os óculos o mais distante que puder
Agora, fixe sua visão na direção da imagem formada por uma das lentes. Modifique a distância entre a lente e
seu olho aberto, trazendo-o lentamente na direção do seu olho. O que acontece com a imagem?
Note que a imagem formada será sempre menor que o objeto observado e será sempre direita, de maneira bastante
similar ao caso do espelho convexo. Como podemos entender um pouco mais a formação de imagens neste tipo de lente?
Primeiro, perceba que existe uma distância muito peculiar. Se direcionarmos um feixe colimado numa lente
Veja que não existe um ponto onde todos os raios que compõe o feixe encontram-se para que possamos
chamá-lo de foco. Entretanto, podemos ver na Figura 13 que o prolongamento dos raios refratados parece emanar de
Para finalmente efetuarmos a construção de uma imagem por uma lente divergente, precisamos de alguns raios
bastante especiais. O primeiro deles será o raio paralelo ao eixo focal. Podemos ver raios deste tipo na figura acima. O feixe
colimado que incide na lente é composto por raios deste tipo. Como pudemos observar, estes raios possuem como pro-
priedade o fato de seu prolongamento emanar do foco da lente. Já o segundo tipo de raio não sofre mudança na sua dire-
ção de propagação. Sempre que um raio passa no vértice (ponto onde o eixo focal cruza com a lente), ele não sofre desvio.
Vamos agora utilizar estes raios para construir a imagem formada por este tipo de lente. Temos na Figura 14 o
Figura 14: À esquerda, temos a imagem formada por uma lente divergente da foto de Einstein. Já à direita, temos um diagra-
ma esquemático que mostra como a imagem vista à esquerda se forma.
Já, à direita da Figura 14, temos um diagrama que ilustra como a utilização dos dois raios descritos no parágra-
fo anterior nos permite construir a imagem do objeto A. O raio paralelo ao eixo focal que passa pela “cabeça” do objeto
180
diverge de tal maneira que seu prolongamento passa pelo foco da lente. Já o raio que passa no vértice da lente não
sofre desvio (por causa disso, a projeção deste raio acaba “caindo” nele mesmo). Perceba que apenas a projeção dos
raios é que se cruzam, entre o objeto e a lente. No cruzamento destas projeções, será formada a “cabeça” da imagem.
Ressaltamos novamente que, embora tenhamos utilizado apenas dois raios, todo e qualquer raio que passe pela “ca-
Mantendo o foco
Como você faria para determinar a distância focal dos óculos de alguém que é mí- 7
ope, sem perguntar a ela? Procure um par de óculos feito para míopes e determine o valor
da distância focal das lentes (sugestão: pode ser útil utilizar fumaça e um apontador laser,
Lentes Convergentes
Esse tipo de lente é largamente usado em instrumentos ópticos, tais como: lunetas, microscópios, farol de
carros, projetores de cinema, entre outros. Diferente das lentes divergentes, a convergente é capaz de concentrar os
As imagens formadas por esse tipo de lente podem ser projetadas em um anteparo (uma parede, por exem-
plo), e por isso são tão importantes. Todos os casos em que você viu uma imagem projetada, como num cinema ou
Vamos agora entender a construção de imagens para essa lente. Como anteriormente precisaremos de pelo
menos 2 raios para construí-las. Usaremos um raio que passa paralelamente ao eixo focal e um outro que passa pelo
vértice da lente. Desta vez, todos os raios que se propagam paralelamente ao eixo focal serão convergidos de tal
modo a passarem pelo ponto que chamamos de foco da lente. Já os raios que passam pelo vértice continuam trans-
Mais uma vez nós o convidamos a participar ativamente na construção de um experimento. Para essa atividade
você pode utilizar uma lupa ou um par de óculos usado por portadores de hipermetropia. Dentro de um cômodo com
uma janela disponha a lente, da lupa ou dos óculos, entre a janela e uma parede. Ao variar a distância entre a parede
e a lente, você perceberá que uma imagem da janela (e da paisagem de fundo que ela dispõe) surgirá projetada na
parede. Para exemplificar este mesmo fenômeno, dispomos a imagem de uma vela, projetada numa parede (veja a Fi-
gura 16). Sugerimos que você procure fazer experiências semelhantes com os instrumentos indicados anteriormente.
182
Figura 16: Imagem da vela, projetada na parede com o auxílio de uma lente convergente.
a) d)
b)
e)
c)
Figura 17: Imagem de uma lente projetada numa parede por uma lente convergente. Perceba que uma das faces da
lente é abaulada.
Estamos aptos agora a construir as imagens geradas por uma lente convergente. Quando a lente está a uma
distância superior a duas vezes a distância focal, a imagem será projetada, e será invertida e menor, conforme você
pôde constatar com a lupa. Veja o diagrama na Figura 17.Observe a trajetória descrita por um raio paralelo ao eixo
focal e que passa pela cabeça do objeto e a de um raio que passa pelo vértice da lente (cuja direção portanto não se
altera). Estes raios encontram-se em um ponto, que está “atrás” da lente (para o objeto). A este ponto corresponde a
imagem da “cabeça” do objeto, o que mostra que a imagem projetada será de fato menor e invertida. Como a imagem
é projetada, trata-se de uma imagem real. À medida que o objeto aproxima-se da lente, o comportamento da imagem
altera-se. Quando o objeto está a uma distância exatamente igual ao dobro da distância focal, a imagem terá exatamente o
mesmo tamanho que o objeto (veja a Figura 17c), e continuará sendo invertida e real. Quando aproximamos o objeto um
Quando o objeto está exatamente em cima do foco, não haverá imagem (conforme você pode ver na Figura 17b os raios
nunca se encontram, isto é, são paralelos). Por fim, quando o objeto estiver entre o vértice e o foco da lente, sua imagem
voltará a ser formada pelas projeções de raios refradados, de modo que será virtual, direita e aumentada (veja a Figura 18).
Figura 18: Quando o objeto está entre o vértice e o foco, a imagem é maior, virtual (formada pela projeção de raios) e direita.
Nesta aula, introduzimos o fenômeno de refração, relacionando-o à diversas ferramentas e tecnologias, tais
como a fibra óptica e diferentes tipos de lentes. Descobrimos que este fenômeno está relacionado à variação de velo-
cidade que a luz sofre quando a mesma vai de um meio à outro. Utilizando alguns raios especiais, fomos capazes de
Resumo
O fenômeno da refração, que ocorre quando a luz troca de meio, associando este fenômeno à variação da
A reflexão total, que pode ocorrer quando a luz vai de um meio mais refringente (menor velocidade) para
um menos refringente (maior velocidade), e sua aplicação tecnológica, por exemplo, as fibras ópticas;
Utilizando os raios principais, fomos capazes de descrever as imagens formadas por lentes convergentes e
184
Veja Ainda
O Olho Humano
Com todo o conhecimento construído até agora, seremos capazes, tentaremos entender o funcionamento do
olho humano. Esquematicamente, podemos modelá-lo como um instrumento óptico formado por um globo dotado
de duas lentes convergentes, um obturador e um anteparo. Um obturador é um dispositivo que controla a entrada de
luz numa cavidade. No olho, quem faz esse papel é a íris, um músculo que, quando tencionado, é capaz de se fechar,
Nesta imagem, também podemos ver a córnea e o cristalino, que são um par de lentes convergentes acopla-
das. Um feixe luminoso que vem de um determinado local é refratado pela córnea e pelo cristalino, formando uma
imagem no fundo do olho, que é chamado de retina. A retina é dotada de células capazes de transformar a luz em
impulsos nervosos que são interpretados pelo cérebro. A visão dá-se por todo esse processo. Como toda imagem que
parte relativa à formação de imagens em lentes convergentes). Não vemos o mundo de maneira invertida por que
Referências
HEWITT, Paul. Física Conceitual. 9ª. Edição. Porto Alegre: ARTMED Ed., 2002
LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da e ÁLVARES, Beatriz Alvarenga. Curso de física. São Paulo: Scipione. 2007.
Boa, M. F. & Guimarães, L. A. Física: Termologia e óptica. Ensino Médio, São Paulo: Harbra, 2007
Imagens
• http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1381517.
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sts109-708-038a.jpg.
• http://www.sxc.hu/photo/968512.
• http://www.sxc.hu/photo/1067599.
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Schematic_diagram_of_the_human_eye_pt.svg.
• http://www.sxc.hu/985516_96035528.
186
Atividade 1
Nessa questão temos que nos lembrar que quando a luz passa de um meio mais
refringente para um menos refringente, a luz tende a se afastar da reta normal à super-
fície de separação entre os meios; e quando a luz vem de um meio menos refringente
para um meio mais refringente o raio luminoso tende a se aproximar da reta normal!
MEIO 1 MEIO 1
n1=1,5 n1=1,0
Atividade 2
Sim! Pois a luz que vem do peixe sai de um meio mais refringente para um meio
menos refringente e portanto se afasta da normal. Isso faz com que a luz que chega aos
olhos do observador tenha uma direção diferente da quela que seria se não houvesse água.
Logo, temos a impressão que o peixe está mais acima do que realmente está!
Sim, ele existe! Como nesse caso o raio refratado tende a se afastar da normal. A
medida que o ângulo do raio incidente o ângulo do raio refratado também aumenta, assim
o raio refratado tende a se afastar de reta normal etá que chega a um limite, que vale 90°.
Atividade 4
Nesse caso o que pode parecer difícil é o fato de que a reta normal a superfície de sepa-
ração está inclinada, pois a superfície onde a lus passa do vidro para o ar também está inclinada.
Visto isso, basta aplicar a regra que já conhecemos: quando a lus passa de um meio
188
Atividade 5
Nessa questão, você deve utilizar uma régua para medir os catetos dos triângulos retân-
gulos formados pelos raios incidentes, refratados e as linhas pontilhada. Veja a figura a seguir:
assim podemos utilizar a semelhança de triângulos onde o cateto menor está para
Atividade 6
Para essa questão temos que usar a fórmula que aprendemos: n1 sen θ1 = n2 x sen
90°. vamos lembrar que e em sen θ2, θ2 = 90° por que o ângulo refratado da água para o ar
é paralelo e rente a superfície da água. Assim o ângulo que ela faz com a normal vale 90°.
n1 sen θ1 = n2 x 1
sen θ1 = n2/n1
Sabemos que n1=1,3 e que n2 = 1,0. Assim temos que descobrir o ângulo cujo
seno vale 0,75!
Ao olhar uma tabela de senos vemos que esse ângulo vale 48,5° aproximadamente.
Agora sim!
190
Atividade 7
Bem esse exercício lhe pede, na verdade, uma estimativa desse valor. Para tanto,
basta apoiar o par de óculos sobre uma folha branca e injetar um feixe laser (desses tipo
chaveiro). Você notará que esse feixe tende a divergir; marque com uma régua o feixe refra-
Agora você só precisa prolongar os feixes refratados até que eles se encontram.
Com uma régua meça a distância entre a lente do óculos e o ponto de encontro dos
feixes prolongados.
Comentário:
De acordo com o enunciado, o metamaterial apresenta propriedades e comportamentos que não são encon-
trados em materiais naturais. Assim sendo, a única alternativa que pode representar a refração da luz ao passar para
o metamaterial é a D
194
Entrando
nessa onda
Para início de conversa...
cionado a uma característica evolutiva dos seres que andam sobre duas pernas:
ela não pode ser grande demais para passar na cavidade da bacia da mulher. No
entanto, uma cabeça “pequena demais” pode representar algum problema de de-
senvolvimento da criança.
dades modernas. Elas existem porque, nos dias de hoje, existem equipamentos que nos possibilitam ver dentro da
barriga de uma gestante e avaliar o que está acontecendo. Um desses equipamentos, importantíssimo para acompa-
Você deve estar se perguntando o que esse ultrassom tem a ver com esta aula... Pois a resposta é muito sim-
ples: um aparelho de ultrassom é um aparelho que emite ondas. Você sabe o que é uma onda?
Provavelmente, você tem um conceito intuitivo sobre esse assunto, e é em cima dele que trabalharemos nesta
aula. Por exemplo, deve vir à sua cabeça a onda do mar, ou duas crianças segurando e balançando uma corda estica-
da. Ou os círculos que se formam na superfície da água quando jogamos uma pedrinha em um lago calmo.
Intuitivo
Que se conhece por intuição.
Figura 1: Ondas do mar e vibrações circulares na água são exemplos cotidianos de ondas que estamos acostumados a
observar.
As ondas realmente estão em toda parte. Um mosquito passando perto do seu ouvido (e perturbando seu
sossego) produz um som agudo. Se for uma abelha, produz um som mais grave. Veremos mais tarde que o som é um
tipo de onda também. E a luz, que já estudamos um pouco nas duas aulas passadas, são também ondas, de um tipo
As propriedades básicas das ondas são conceitos muito importantes na Física e no nosso dia a dia, da música
ao acompanhamento do nascimento dos bebês. Por esse motivo, você aprenderá sobre isso nesta aula.
196
Objetivos de Aprendizagem
Conceituar onda e seus diferentes tipos.
Vamos começar discutindo uma onda numa corda. Imagine duas crianças brincando com uma corda esticada.
Vamos supor que a criança da direita segure a corda sem se mexer. A corda, inicialmente, está parada. Se a criança da
esquerda subir e descer a mão rapidamente, voltando a mão para o mesmo lugar, então um pulso vai se propagar
na corda. Imagine como isso acontece. A corda como um todo continua parada. Mas cada pedacinho da corda sobe
e depois desce. E o pulso vai se propagando para a direita. Ao final, a criança da direita sente um puxão na mão dela.
Veja Figura 2.
Figura 2: Um pulso se movimenta da esquerda para a direita na corda esticada, resultado de um movimento brusco para
cima e para baixo na ponta da corda do lado direito.
Agora, vamos imaginar que a criança da esquerda balança a extremidade da corda, para cima e para baixo, de
forma rápida, contínua e ritmada. Um pulso depois do outro vai se propagando para a esquerda. Veja Figura 3.
Figura 3: Uma corda esticada cuja extremidade esquerda é balançada, para cima e para baixo, de forma ritmada. Uma onda
(uma sucessão de pulsos) se movimenta para a direita.
É importante perceber que a corda, ela mesma, não está se movendo para a direita, pois as duas crianças estão
paradas. Mas a onda na corda, essa sucessão de pulsos para a esquerda na figura, se move. Vamos ver mais tarde que
algo que se movimenta possui energia cinética, energia de movimento. O movimento da mão da criança possui ener-
gia cinética e a transmite para a corda. Essa energia cinética se propaga na corda, a criança na outra ponta sente o mo-
poderia ser transmitida, da mão da criança da esquerda para a mão da criança da direita, quando a primeira jogasse
uma bola para a segunda. A energia é transmitida porque a matéria (no caso, a bola) movimentou-se de uma mão
para a outra. Mas,no caso da corda, é diferente. A matéria (a corda) está parada, a energia flui nela em forma de onda.
Onda é o transporte de energia de um ponto a outro do espaço sem que haja transporte de matéria.
Seção 2
Tipos de ondas
A onda que utilizamos como exemplo na seção passada é uma onda mecânica, ou seja, que necessita de um
meio para se propagar. O meio no exemplo anterior foi a corda. As ondas na superfície de um lago, por exemplo, têm
Pode parecer estranho, mas existe um tipo de onda, que estudaremos mais tarde, chamada onda eletromag-
nética, que pode se propagar no vácuo (vazio), não precisa de um meio para se propagar. Essas ondas têm a ver com
os fenômenos ligados à eletricidade e ao magnetismo. Mas, nesta aula, só estudaremos ondas mecânicas.
Propagar
Difundir, divulgar, multiplicar, espalhar.
Mencionamos, no início, que uma pedra lançada no lago cria um pulso que se propaga como um círculo a
partir do ponto aonde ela entra na água. Mas para que haja uma onda (ou seja, muitos pulsos um atrás do outro)
podemos imaginar que, ao invés da pedra, uma pessoa num barquinho permanece batendo, de leve com a pontinha
200
Figura 4: Ondas se propagando num lago bem calmo a partir de um ponto onde alguém balança a pontinha de uma vareta
para baixo e para cima.
Quando comparamos as ondas que se propagam na superfície da água do lago e as ondas que se propagam
na corda, temos algumas diferenças. Uma delas, claro, é o meio, o primeiro é a água e o segundo é a corda. Mas outra
diferença é que o pulso na corda se movimenta em uma dimensão (a velocidade do pulso tem uma direção que é a
Por outro lado, as ondas que se movimentam na superfície do lago se movimentam em duas dimensões, ou
seja, numa superfície plana. Veja a Figura 4. Aqui, a velocidade da onda não tem uma única direção. A partir da ori-
gem da onda todas as direções são permitidas. Mas se você imaginar uma direção apenas no lago, ou seja, uma reta
saindo do ponto onde a onda está sendo produzida, o movimento da onda, nessa reta, seria muito parecido com o
Os dois exemplos que mencionamos são ondas mecânicas transversais. Chamamos ondas transversais as
ondas cujo meio (seja a corda ou a superfície do lago) se move para cima e para baixo, porém a onda mesmo anda
horizontalmente, em cima da corda ou sobre a superfície do lago. Mas há outros tipos de ondas mecânicas. Veja a
Figura 5.
Na parte de cima da Figura 5, ilustramos uma onda transversal produzida numa longa mola. O comportamento
da onda é o mesmo que já discutimos nos exemplos da corda e no exemplo do lago. A mola fica parada e a onda se
propaga para a direita. Cada pedaço da mola sobe e desce no lugar e a onda vai se propagando para a direita.
Na parte de baixo da figura, ilustramos um novo tipo de onda, a onda longitudinal. Esse tipo não pode ser
produzido numa corda. Imagine agora alguém puxando e empurrando a extremidade esquerda da mola. Agora, ao
invés de termos cristas e vales, temos zonas de compressão (onde a mola está mais comprimida) e zonas de rarefa-
ção (onde a mola está mais relaxada), como ilustrado na figura. Observe que um pedacinho da mola vai para frente
e para trás, mas a mola como um todo não sai do lugar. Ou seja, aqui o meio (a mola) e a onda se movem na mesma
Crista
É o nome da parte da onda que faz uma curva para cima e o vale é a parte da onda que faz uma curva para baixo, entre duas
cristas.
202
Uma nova onda
que se obtinha balançando uma das extremidades da mola para cima e para baixo (trans-
versal) e o outro, empurrando e puxando a ponta da mola (longitudinal). Imagine que tipo
de onda você obteria se torcesse levemente a ponta da mola para um lado e para o outro,
Seção 3
Propriedades fundamentais das ondas
Vamos redesenhar a Figura 3, agora com mais detalhes, na Figura 6. Queremos obter as propriedades funda-
mentais das ondas. Antes da extremidade da esquerda da corda ser balançada, vamos supor que a corda se encontre
parada. Essa posição é denominada posição de equilíbrio. A extremidade esquerda é balançada para cima e para
baixo. Temos, então, de novo a onda, que é composta de vários pulsos, todos eles se movimentando para a direita,
um depois do outro.
Cada pulso tem uma parte alta, que chamamos crista e outra baixa que chamamos vale (veja Figura 6). A distân-
O comprimento de onda também é a distância entre dois vales sucessivos. A amplitude mede o tamanho do
pulso (da posição de equilíbrio da corda até o ponto mais alto da crista). O comprimento de onda costuma ser repre-
sentado pela letra grega lambda (λ) e é um número que tem unidade de comprimento. Assim, uma onda pode ter λ
= 2 cm.
Na Figura 6, temos quatro pulsos numerados. Imagine que uma terceira criança fique próximo a um ponto
qualquer da corda, marcado pela linha horizontal na figura. Ela vê passar a crista do pulso 1 por aquele ponto e marca,
em um cronômetro, quanto tempo leva até a crista do ponto 2 passar também. O tempo entre duas cristas sucessivas
é denominado período da onda e costuma ser representado pela letra T. O tempo, como já vimos anteriormente, se
mede em segundos. Assim, se o tempo entre duas cristas sucessivas é de um quarto de segundo, escreve-se T = 1/4
s = 0,25 s.
Outro conceito importante é o conceito de frequência. Vamos supor que a terceira criança, ao invés de marcar
o tempo que as duas cristas levam para passar por um determinado ponto da corda, conta quantas cristas passam
por segundo. A frequência da onda é exatamente isso: o número de cristas que passam num determinado ponto por
segundo. Ela, normalmente, é representada pela letra f. A unidade de frequência é hertz (cujo símbolo é Hz). Na rea-
lidade, o hertz é simplesmente 1/s, ou seja, o inverso do segundo, também escrito como s-1. Assim, se quatro cristas
passam num ponto da corda por segundo, dizemos que a frequência é de 4 Hz ou 4 s-1. A frequência é, portanto, o
204
O que é velocidade
Velocidade é um conceito intuitivo. Aqui, vamos nos limitar a movimentos em uma dimensão e em
linha reta. Imagine um carro que se movimente numa estrada reta e ande 10 m em 1 s. Assim, v=10 m/s.
Definimos velocidade = distância/tempo (distância sobre tempo), que escrevemos de forma abreviada
v = d/t. O que queremos dizer com isso é que, a cada segundo, o carro percorre 10 m. Se marcarmos 5
segundos no nosso relógio, como a cada segundo o carro percorre 10 m, o carro percorreu 5x10 = 50 m.
Isso pode ser compreendido a partir da definição de velocidade. Da definição acima:
v = d/t
Existe uma relação importante entre as grandezas fundamentais de uma onda. Pode-se mostrar que a velo-
cidade de uma onda é igual ao comprimento de onda vezes a frequência. Em termos dos símbolos definidos acima:
v= λ×f
Essa relação vale para qualquer onda. Observe que a unidade de velocidade é m/s (o comprimento de onda
é dado por m e a frequência é 1/s, que, quando mutiplicados, fornecem m/s). Ou seja, é simplesmente a definição de
acontece com seu período? O que acontece com seu comprimento de onda ?
A velocidade da luz no vácuo é dada por c = 3 x 108 m/s. Um onda de luz visível
amarela tem comprimento de onda de 580 nanômetros. Qual a frequência desta onda?
206
A luz é uma onda
O que é a luz? A luz é uma onda denomi-
nada onda eletromagnética. Ela sempre se
move com a mesma velocidade c = 3x108
m/s no vácuo (vazio). A luz é uma onda
transversal, mas diferentemente das ondas
sonoras, ela não necessita de um meio para
se propagar. Por isso, a luz do Sol consegue
chegar à Terra, propagando-se no espaço
vazio. As ondas de luz são classificadas em
tipos que dependem do comprimento de
onda λ da onda. Se a velocidade da luz é c
= λf e c é fixa (para um dado meio), quanto
menor a frequência, maior o comprimento
de onda. Ao conjunto de todos os tipos de
ondas eletromagnéticas dá-se o nome de
espectro eletromagnético, ilustrado na fi-
gura ao lado. Da mesma forma que o ouvi-
do humano usualmente só consegue captar
sons entre 20 e 20000 Hz, o olho humano
só consegue captar uma faixa limitada de ondas eletromagnéticas, a região do visível, que fica entre o
infravermelho e o ultravioleta. Num dos extremos do espectro,temos as ondas de rádio, que podem
ter comprimento de onda da ordem de kilômetros. As microondas que aquecem a comida no forno da
sua casa tem comprimento de onda da ordem de centímetros. O comprimento da luz visível amarela é
de cerca de 580 nanômetros, ou seja, 5.8 x 10-7 m. Os raios X têm comprimento de onda da ordem de
10 nanômetros e elas podem atravessar certos tipo de materiais, por isso são muito úteis para se obter
imagens de ossos e de órgãos internos. Finalmente, no outro extremo do espectro, os raios gama são
produzidos em processos relacionados à física nuclear e são as ondas mais energéticas do espectro.
Quando cantamos (ou falamos), nossas cordas vocais vibram rapidamente e produzem regiões mais comprimi-
das e regiões mais rarefeitas que se propagam com uma onda. No nosso ouvido, temos um detector dessas ondas,
que é uma membrana chamada tímpano. O funcionamento do ouvido é complicado e não vamos apresentar deta-
lhes aqui. Mas a ideia básica é que as vibrações do tímpano são transmitidos ao cérebro que reconhece o som.
Rarefeito
Espalhado, esparso, pouco denso.
Imagine que você cante uma música com a boca encostada num tubo e seu amigo encoste o ouvido no outro
lado do tubo. Como ilustrado (de forma simplificada na Figura 7, o som consiste de ondas longitudinais com zonas
de compressão e zonas de rarefações. O som, na realidade, é uma onda mais complicada porque não consiste apenas
de um comprimento de onda, como no caso do exemplo simples da corda que discutimos. Na realidade, ele consiste
da soma de várias ondas, algumas com comprimento pequeno de onda e outras com comprimento maior de onda.
Se você ficar perto das caixas de som num show de música e colocar a mão numa delas, vai sentir vibrações.
Se conseguir colocar a mão no cone de uma das caixas, vai perceber que ela vibra de acordo com a música que está
tocando. Ao vibrar, ela “empurra” as moléculas de ar que se movem levemente para frente e para trás, causando as
zonas de compressão e rarefação. O ar que foi empurrado pelo cone, por sua vez, empurra as moléculas vizinhas, que
repetem esse padrão mais à frente e assim por diante. Assim, um padrão ritmado de ar rarefeito e comprimido enche
Figura 7: O som sendo transmitido através de um tubo contendo ar. A onda sonora consiste de regiões de compressão e
rarefação do ar que se propagam da boca até o ouvido.
208
Seção 5
Reflexão e velocidade do som
Algumas vezes estamos longe de um prédio ou de um paredão numa montanha, num dia sem vento, e perce-
bemos que um grito produz um eco bem claro. Chamamos eco ao som refletido. Pelo tempo que o som leva para ir
e voltar, podemos medir a velocidade do som, se soubermos a distância até o paredão. Numa temperatura ambiente
usual a velocidade do som é de cerca de 340 m/s. A luz anda com muito mais velocidade do que o som. Por isso, ou-
vimos um trovão bem depois que vemos o relâmpago, durante uma tempestade.
Figura 8: A diferença entre as velocidades da luz e do som (a primeira mais rápida que a segunda) é a explicação do porquê
de, primeiro, vermos a luz do relâmpago e, só depois de alguns segundos, ouvirmos o barulho dele.
O som se reflete em uma superfície lisa de forma semelhante à luz, como foi visto na segunda unidade, ou seja,
o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. Assim, se você estiver ouvindo música numa sala, o som que sai
da caixa se reflete nas paredes e no teto da sala e, dependendo de como essa reflexão acontece, o som pode sofrer
alterações.
Você está em frente a um paredão numa montanha. Você dá um grito e ouve o eco
do grito, 6 segundos mais tarde. Qual a máxima distância D atingida pelo som?
No mundo da Lua
Sabemos que a Lua não possui atmosfera. Consequentemente, não tem ar. Assim, a Lua é um lugar
muito silencioso. Se um astronauta levar uma sineta e agitá-la na Lua (ou em qualquer outro lugar
sem atmosfera), ninguém a ouvirá, nem mesmo ele!
Muitos filmes erram nesse aspecto. Isso não os diminui como obras de arte, mas a ciência neles
poderia ser melhor apresentada. Tente descobrir esse furo nos seguintes filmes: Contato (1997), Caw-
boys do Espaço (2000), Armageddon (1998), Guerra nas Estrelas (1997 a 2005), Alien (1979), Solaris
(1972), The Black Hole (1979) e muitos outros!!
210
Seção 6
Propriedades do som
O tom de um som relaciona-se à frequência. Vibrações rápidas (como as da asa de um mosquito) produzem
um som agudo, enquanto vibrações lentas (como o bater de asas de um pombo) produzem um som mais grave. A
audição humana é sensível a sons com frequências entre f = 20 Hz e f = 20.000 Hz. Como a velocidade do som no ar
é praticamente constante para essas frequências, podemos ver que,na relação v = λ × f, quanto maior a frequência
Outra propriedade fundamental é a intensidade que quantifica quanto de energia a onda sonora possui. A
intensidade é medida em uma unidade chamada decibel (dB). Por convenção, o menor som que se consegue ouvir,
possui 0 dB, que corresponde ao limite da audição humana. No outro extremo, um avião a jato, decolando pertinho
de você, pode produzir um som de intensidade 150 dB. Mas essas unidades têm uma particularidade. Um som de 10
dB é dez vezes maior do que o limite da audição. Um som de 20 dB é 100 vezes maior, um som com intensidade de
30 dB é 1000 vezes maior e por aí vai. Esse é um exemplo de uma escala logarítmica, ou seja, cada aumento de 10
dB representa um fator multiplicativo de 10 na intensidade. Veja a Tabela 1 com alguns valores representativos das
intensidades.
energia sonora chega ao seu ouvido no concerto, comparado ao som de uma conversa
normal?
Seção 7
O efeito Doppler
Já vimos que, quanto menor o comprimento de onda, maior a frequência e mais agudo o som, e, portanto,
quanto maior for o comprimento de onda, menor a frequência e mais grave será o som. Provavelmente você já obser-
vou uma ambulância ou um carro de polícia com uma sirene ligada passando por você. Quando a sirene se aproxima
parece emitir um som mais agudo e, quando ela se afasta, parece emitir um som mais grave. Isso é muito comum
também nas transmissões de corridas de automóveis pela TV, ouvimos aquele som a princípio agudo e que depois
se torna grave.
212
Se a ambulância estiver parada, sabemos que o som se pro-
Quando a ambulância se aproxima de você, a onda sonora parece estar “achatada”, ou seja, o comprimento de
onda se torna menor. Isso acontece porque o emissor do som, a ambulância, também está andando para você e a
distância entre dois máximos de compressão se torna menor. Como o comprimento de onda é efetivamente menor,
Uma pessoa que estivesse parada num ponto atrás da ambulância ouviria, ao mesmo tempo, um som mais
grave, pois para ela, as ondas sonoras parecem estar “esticadas”, o comprimento de onda é maior e a frequência se
O som lhe parecerá mais agudo ou grave? A frequência do som lhe parece maior ou
O princípio físico utilizado no exame é similar à forma de localização por eco,utilizada pelos morce-
gos. Um aparelho localizado fora do corpo do paciente envia pulsos ultrassônicos à região que vai ser
examinada. Esses pulsos são refletidos nas divisões entre os diferentes tecidos e órgãos humanos. Os
pulsos que retornam são detectados por um outro sensor e processados por um computador para
formar a imagem.
Você agora se convenceu que ondas, visíveis e invisíveis, estão em toda parte. O conceito de onda é central no
estudo da Física. Ondas mecânicas aparecem na superfície dos lagos, ondas propagando-se no ar transmitem música
e as ondas eletromagnéticas fazem sua TV e seu celular funcionarem. Você está cercado de ondas!
Resumo
Neste módulo, você viu que uma onda é o transporte de energia de um ponto a outro do espaço sem que
As ondas mecânicas necessitam de um meio para se propagar, como o som e as ondas do mar.
As ondas eletromagnéticas são capazes de se propagar no vácuo, como a luz e as ondas de rádio e TV.
214
Ondas transversais apresentam vales e cristas, ondas longitudinais apresentam zonas de compressão e
zonas de rarefação.
O comprimento de onda (λ) é a medida entre duas cristas, ou dois vales de uma onda e a amplitude são a
distância entre uma crista e o ponto médio (vertical) da onda, ou seja, a metade de altura ente um vale e
uma crista.
A frequência da onda é o número de cristas que passam num determinado ponto por segundo. Ela é me-
dida em hertz.
O período da onda é o tempo medido entre duas cristas sucessivas, representado pela letra T.
A intensidade quantifica quanto de energia a onda sonora possui. Ela é medida em uma unidade chamada
decibel (dB).
Veja Ainda
Neste experimento, vamos demonstrar que o som apresenta uma das propriedades básicas de onda, que foi
Consiga dois tubos de, aproximadamente, meio metro. Aponte um dos tubos para uma mesa e fale baixinho
alguma coisa. Ao mesmo tempo, seu companheiro encosta o outro tubo no ouvido e o aponta também para o mesmo
ponto da mesa. Ele vai ouvir o que você disser, mesmo se você falar bem baixinho.
Referências
Understanding Physics, David Cassidy, Gerald Holton, James Rutherford, Springer, 2002.
Scientific American Como Funciona, editores: Michael Wright e Mukul Patel, Editora e Gráfica Visor, 2000.
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• http://www.sxc.hu/photo/1339909.
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• http://www.sxc.hu/photo/676878.
Atividade 1
Você obteria uma onda “torsional”, ou seja, uma onda longitudinal onde cada seção
Atividade 2
216
Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
O som sai da sua boca, é refletido no paredão e volta. Assim, ele percorre duas vezes
a distância até o paredão, uma vez indo e outra vez voltando. Já vimos que distância (m)
Atividade 6
tensidade. Assim, 105 vezes (110dB – 60dB = 50dB; logo, há um aumento de 100.000 vezes).
Atividade 7
do som deve ser a mesma, supondo que não haja vento forte (pois as ondas sonoras se
movem no ar).
Comentário:
Do gráfico da Figura 1 que apresenta o espectro de absorção, percebemos que o comprimento de onda da luz
absorvida com mais intensidade é da ordem de 500nm. Na Figura 2, roda de cores, este comprimento de onda está na
faixa da radiação verde, logo o seu oposto que será observado é a luz vermelha.
220
Gabarito: Letra E.
Comentário:
A melhor discriminação dos alvos mostrados vai ocorrer quando os valores de refletância forem os mais dis-
tintos possíveis, isto é, as curvas forem mais separadas. Isto ocorre na faixa de comprimento de onda entre 0,8 µm e
0,9 µm.
Observe que, nesta faixa, a refletência de água é nula, o que significa uma região escura do espectro.
O fato de você não conseguir ver algo, não quer dizer que ele
para observá-lo.
Até o século XIX, por exemplo, uma grande quantidade de pessoas mor-
pois, como você viu nas Unidades 1 e 2, foram difundidos e aperfeiçoados instru-
vamente complexo, mas você pode visualizá-lo no seu dia a dia. Ele explica, por
Objetivos de aprendizagem
Compreender o fenômeno da difração e o limite da sua ocorrência;
224
Seção 1
Difração
A chamada difração de uma onda é um fenômeno que ocorre no dia a dia sob certas condições e seus efei-
tos são percebidos pelos nossos sentidos sem que saibamos por que eles ocorrem. Assim, vale a pena estudar este
interessante fenômeno, para compreendê-lo melhor. Ela pode acontecer quando a onda contorna um obstáculo ou
passa por uma abertura. Vamos explicar melhor. A ponta de uma rocha que emerge e fica exposta na superfície pode
representar um obstáculo a ser contornado pelas ondas do mar, caso ocorra a difração dessas ondas.
No caso da luz, esta pode incidir em uma abertura representada, por exemplo, por um pequeno orifício produ-
zido em um pedaço de cartolina que irá difratar as ondas de luz sob certas condições.
O fenômeno da difração
Vamos considerar que o orifício na cartolina seja iluminado por uma lanterna, para entendermos o fenômeno
da difração. Chamaremos a lanterna de fonte de onda luminosa, a cartolina de anteparo e o orifício nela de abertura
ou fenda.
Quando a onda (no exemplo, a luz que sai da lanterna) encontra o anteparo (cartolina) e este apresenta uma
abertura (fenda – orifício na cartolina), a difração poderá ocorrer. Entretanto, para isso, é necessário que seja satisfeita
uma condição: a largura da abertura (orifício na cartolina) deve ser aproximadamente igual ao comprimento de onda
relativo à onda que incide na abertura. A figura a seguir ilustra três casos onde o fenômeno pode ocorrer ou não.
No primeiro caso, temos uma onda incidente cujo comprimento de onda (λ) é muito menor que a abertura (a)
e a onda passa pela fenda. É o caso de, por exemplo, fazermos um orifício do tamanho da palma da mão e utilizarmos
como fonte luminosa uma lanterna. O comprimento de onda da luz é da ordem de 10-6 m; logo, é tão pequeno em
No segundo caso, o comprimento de onda (λ) é muito maior e a difração da onda também não acontece. É
como se fizéssemos um orifício com um alfinete na cartolina e sobre ele incidisse uma onda de comprimento de onda
muito grande em relação ao tamanho do orifício, o que não seria possível com a onda de luz, já que o seu compri-
O fenômeno da difração é observado no terceiro caso, onde a largura da abertura (a) e o comprimento de onda
(λ) são muito parecidos. Isso equivale a fazer um experimento com uma lanterna e um orifício bem pequeno na carto-
lina, de tal maneira que o tamanho do orifício aproxime-se ao máximo do comprimento de onda da luz.
226
A rigor, esse limite de aproximação é difícil de ser atingido, uma vez que a ponta de um alfinete não pode pro-
duzir um orifício tão pequeno, da ordem de 10-6 m. Entretanto, mesmo neste caso, o fenômeno já pode ser observa-
parcela difratada.
ilustra o primeiro e o terceiro casos acima descritos, em um abertura da fenda é muito próxima ao comprimento da
onda, como nesta figura que mostra a difração de um raio
experimento realizado com o auxílio de uma dessas cubas, laser em um fenda quadrada.
Para exemplificar a difração, vejamos o caso dos chamados Raios-X, um tipo de onda eletromagnética cujo
comprimento de onda médio é muito pequeno. A difração de Raios-X é uma técnica que encontra aplicação na ca-
racterização de materiais cristalinos. Da interação dessas ondas com os espaçamentos existentes entre os planos
atômicos que constituem o material estudado pode ocorrer a difração. Os padrões de difração resultantes podem ser
ções a respeito da estrutura do material. O comprimento de onda característico dos Raios-X é compatível, portanto,
com as dimensões desses espaçamentos existentes entre os planos atômicos, em uma estrutura cristalina.
Quando ocorre a difração, a fenda comporta-se como se fosse uma fonte pontual que reproduz as mesmas
propriedades da fonte que gerou a onda incidente, ou seja, a mesma frequência e o mesmo comprimento de onda.
Logo, a onda difratada deverá possuir as mesmas características da onda que chega à fenda.
Você pode estar se perguntando: por que a onda incidente é formada por frentes retas e paralelas, en-
quanto a onda difratada apresenta frentes circulares e concêntricas? Aqui é importante esclarecer que
a fonte geradora da onda incidente também produziu uma onda de frentes circulares e concêntricas.
Entretanto, o que está representado nos desenhos da Figura 2 são trechos de ondas cujas fontes encon-
tram-se muito distantes dos anteparos. As frentes que aparecem nas ilustrações são pequenos trechos
de círculos extensos, que foram gerados distante do anteparo e, por isso, parecem planos. São segmen-
tos de círculos cujos raios de curvatura são muito grandes.
de LASER, desses que se vende em qualquer loja de presentes de baixo custo e pegue dois
cartões de crédito. TOME MUITO CUIDADO PARA QUE O LASER NÂO ATINJA OS SEU OLHOS.
Em seguida, ligue e posicione o apontador de frente para você com os cartões entre o
apontador e os seus olhos, conforme na figura a seguir. Você deve analisar o efeito que
ocorre com o feixe de luz depois que passa pelos cartões, quando o espaçamento entre
eles é suficientemente pequeno para que a difração da luz possa ser observada. Se puder,
228
Aparato para observação da difração da luz
Seção 2
Difração do som
como a onda de luz e as ondas que se propagam no mar, é também uma onda.
Vamos imaginar que pudéssemos construir salas de aula com material que
fosse um perfeito isolante acústico. Imagine que a porta da sala estivesse aberta
Figura 6: O que acontece com uma onda sonora, quando se depara com um anteparo, depende do comprimento da onda
em relação à largura da fenda neste anteparo.
No primeiro caso da figura anterior, temos a ocorrência da difração e, portanto, é possível ouvir na posição em
que se encontra a pessoa. Isso seria possível porque o comprimento de onda relativo à onda de som é aproximada-
mente igual à dimensão da largura de uma porta. Logo, esta porta funcionaria como fenda ideal para que a difração
acontecesse e a onda contornasse a abertura. Entretanto, se a porta fosse muito larga, com as dimensões muito
maiores que o comprimento de onda característico das ondas sonoras, como no segundo caso, o ouvido da pessoa
que estivesse posicionada ao lado da porta não seria atingido pelas frentes da onda difratada, já que não ocorreria a
difração.
230
(UFRJ) A difração da luz só é nitidamente perceptível quando ocasionada por ob-
jetos pequeninos, com dimensões inferiores ao milésimo de milímetro. Por outro lado,
diante de obstáculos macroscópicos, como uma casa ou seus móveis, a luz não apresenta
difração, enquanto que o som difrata-se com nitidez. A velocidade de propagação do som
no ar é de cerca de 340 m/s e o intervalo de frequências audíveis vai de 20 Hz até 20000 Hz.
Calcule o intervalo dos comprimentos de onda audíveis e com esse resultado explique por
Utilizamos os casos do som e da luz, por serem exemplos concretos e possíveis de você observar. O fenômeno
da difração poderia parecer uma coisa distante de nós, mas, se pensarmos em diversas situações do dia a dia, perce-
Da configuração de um projeto de iluminação por um arquiteto até o simples “escutar atrás da porta”, a ocor-
rência da difração de ondas é algo que permeia o nosso entorno. Há exemplos dos quais você ainda nem faz ideia,
como é o caso das ondas eletromagnéticas do sinal de telefonia celular, que sofrem sucessivos processos de difração
ao se propagarem pelas cidades, mas que às vezes somem porque não conseguem difratar ao encontrar um obs-
táculo de dimensões incompatíveis (um morro, por exemplo). Ou o que acontece mesmo com os elétrons em um
microscópio eletrônico, que tem permitido aos cientistas responderem a uma série de perguntas importantes sobre
Os estudos até aqui realizados mostraram que a difração pode ocorrer com qualquer tipo de onda, sejam elas
as ondas do mar, o som, a luz e outras ondas eletromagnéticas, como os Raios-X. A condição para a ocorrência da
difração é que o tamanho do comprimento de onda (λ) seja próximo do tamanho da fenda, ou do obstáculo com o
qual a onda vai interagir. Nesse caso, quanto mais próximos forem esses valores, mais perceptível será a difração. Além
Esse é um dos importantes papéis que a Física desempenha e, para isso é que desejamos sensibilizar vocês com os
Difração e microscopia
Quando nos referimos às técnicas de microscopia e aos microscópios, quase sempre nos vem à cabeça
aquele aparelho que foi desenvolvido pelo microscopista Von Leeuwenhoek (1632-1723), mais comu-
mente encontrado nas bancadas dos laboratórios de ciências e utilizado para a realização de análises
clínicas ou de amostras biológicas, dentre outras aplicações. Esses instrumentos são microscópios óp-
ticos, ou seja, funcionam baseados em princípios e métodos que envolvem a incidência da luz sobre a
amostra e, de maneira geral, possibilitam uma ampliação de 1.000 vezes da área analisada.
Outra forma de obter imagens de estruturas microscópicas é através do uso de microscópios eletrô-
nicos. Nesse caso, ocorre a incidência de um feixe de elétrons na amostra ao invés de luz. Esses apa-
relhos são muito poderosos e permitem ampliações bem maiores do que aquelas fornecidas pelos
microscópios ópticos, podendo chegar até 1.000.000 de vezes de aumento da região analisada. Além
disso, funcionam como instrumentos analíticos bastante completos, na medida em que possibilitam
a realização de avaliações acerca da composição química e, principalmente, permitem identificar as
características físicas relacionadas com a estrutura cristalina da amostra, a partir da utilização de
técnicas de difração de elétrons. Devido a isso, esses instrumentos têm sido largamente utilizados nas
áreas de química, física e engenharia.
Você pode estar se perguntando: se a difração é um fenômeno que ocorre com as ondas, como pode
ocorrer a difração de elétrons-partículas materiais?
Sendo o elétron uma partícula de massa conhecida m = 9,1.10-31 Kg, talvez fosse mesmo difícil atri-
buir a este corpúsculo uma propriedade que normalmente atribuímos às ondas, como é o caso do
fenômeno da difração. Entretanto, a difração de partículas materiais, como os elétrons, foi uma das
principais evidências experimentais que ajudou a esclarecer questões levantadas no início do século
XX a respeito da natureza ondulatória da matéria, quando da formulação do princípio da dualidade
partícula-onda, um dos princípios fundamentais da Mecânica Quântica.
Hoje, a difração de elétrons, amplamente utilizada como técnica de análise, evidencia o comportamen-
to dual da matéria. O que ocorre é que, assim como no caso dos Raios-X, o comprimento de onda (λ)
da onda associada ao elétron é da ordem do tamanho dos espaçamentos existentes entre os planos
atômicos desses monocristais que funcionam como fendas para os feixes de elétrons acelerados, por
exemplo, pelas lentes eletromagnéticas de microscópios eletrônicos de transmissão.
As figuras a seguir ilustram tanto o mecanismo de interação entre os elétrons e a rede de difração que
o cristal proporciona, como os padrões obtidos dessa difração realizada em um microscópio eletrônico
de transmissão, a partir de um monocristal.
232
Ilustração do mecanismo de interação elétron – cristal
Resumo
A difração é um fenômeno que ocorre em dois casos: quando uma onda precisa contorna um obstáculo
Para que ocorra a difração da luz em uma fenda, este orifício precisa ter uma largura próxima da medida do
Quando o orifício de um anteparo é maior que o comprimento da onda, estão não sofre modificação em
sua trajetória;
A difração do som ocorre de forma similar à difração da luz, a diferença está no comprimento da onda do
som, que por ser maior que a da luz, faz com que a difração ocorra em abertura maiores do que para a luz.
Veja ainda
O fenômeno da difração é algo corriqueiro em nosso dia a dia, porém não nos damos conta de sua existência.
Ela pode ser observada quando ouvimos sons que passam por obstáculos, ao vermos luz por uma fenda e, em escalas
maiores, em ondas do mar, quando encontram grandes obstáculos. A seguir, há dois vídeos bastante interessantes,
mostrando experimentos de difração com ondas mecânicas (ondas na água) e com ondas eletromagnéticas (feixe de
luz). Veja como essas ondas comportam-se ao atravessar obstáculos diferentes e compare com fenômenos do nosso
cotidiano.
http://www.youtube.com/watch?v=JrQ1jgwKd-0
http://www.youtube.com/watch?v=_BunIbYgwa8
Atividade 1
-se até que os cartões estejam bem próximos. Quando o espaçamento entre eles se torna
muito pequeno, observa-se que a luz que emerge da fenda difrata-se. A partir deste ponto,
vários raios divergem. O ponto funciona como se fosse uma fonte pontual, emitindo luz em
diversas as direções.
Atividade 2
v= λf
v
λ=
f
340
λ1 = = 0,017m
20000
340
λ2 = = 17m
20
234
Referências
KANTOR, Carlos; PAOLIELLO Jr, Lilio; MENEZES, Luis Carlos; BONNETTI, Marcelo; CANATO Jr, Osvaldo; ALVES,
Viviane. Quanto Física. v. 3, Primeira edição, São Paulo: Ed. PD, 2010, 96 p.
GUIMARÃES, Luiz Alberto; FONTE BOA, Marcelo. Física Ensino Médio. v. 3, Segunda edição, São Paulo: Ed.
Imagens
• http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1381517.
• http://teca.cecierj.edu.br/popUpVisualizar.php?id=50138.
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diffraction_ouverture_carree.png?uselang=pt-br.
Atividade 1 (UFF-RJ)
A luz visível que atravessa um buraco de fechadura praticamente não sofre desvio por-
que:
a. Os comprimentos de onda da luz são muito menores que as dimensões do buraco da fechadura.
b. Os comprimentos de onda da luz são muito maiores que as dimensões do buraco da fechadura.
Resposta: Letra a.
Comentário: Sendo o comprimento de onda da luz (λ) da ordem de 10-6 m, fica claro que
a difração da luz não pode ocorrer em uma fenda tão grande em relação à λ, como é o caso do
buraco da fechadura.
Ao diminuir o tamanho de um orifício, atravessado por um feixe de luz, passa menos luz por intervalo de tem-
po e próximo da situação de completo fechamento do orifício, verifica-se que a luz apresenta um comportamento
b. Ao gritar diante de um desfiladeiro, uma pessoa ouve a repetição do seu próprio grito.
c. Ao encostar o ouvido no chão, um homem percebe o som de uma locomotiva, antes de ouvi-lo pelo ar.
d. Ao ouvir uma ambulância aproximando-se, uma pessoa percebe o som mais agudo do que quando
aquela se afasta.
e. Ao emitir uma nota musical muito aguda, uma cantora de ópera faz com que uma taça de cristal des-
pedace-se.
238
Resposta: Letra A.
Comentário: O texto e a figura tratam do fenômeno da difração da luz, que ocorre no limite em que o tamanho
do orifício torna-se próximo do comprimento de onda, característico da luz. Nas opções oferecidas, aquela da letra a é
a que trata do fenômeno da difração da onda sonora, quando esta incide no muro que funciona como um obstáculo.
Como a altura do muro aproxima-se do comprimento de onda do som, a difração ocorre também neste caso.
dos compostos produzidos no nosso corpo, assim como em todos os seres vivos,
é orgânica. Como exemplos, podemos citar a ureia e a glicose. Caso fossem retira-
na maioria das vezes, hidrogênio. Outros elementos, como nitrogênio (N), oxigênio
(O), enxofre (S), fósforo (P), boro (B) e halogênios (F, Cℓ, Br, I) estão presentes com
compostos orgânicos que são classificados de acordo com a sequência de seus en-
Encadeamento
Veremos também que os compostos orgânicos não são obtidos apenas dos organismos vivos, pois várias des-
sas substâncias são sintetizadas pelo homem em laboratório. Nos Estados Unidos, por exemplo, dentre as 25 matérias-
-primas mais consumidas, 13 são substâncias orgânicas, das quais são produzidos plásticos, perfumes, detergentes,
E as indústrias? Você já parou para pensar como indústrias de diferentes ramos iriam funcionar sem que os
seus produtos não tivessem qualquer insumo de origem química? Isso seria impossível! Muitas substâncias presentes
na natureza são modificadas e geram matérias-primas que são utilizadas nas indústrias para produção de alimentos,
fabricação de bens duráveis e tantos outros produtos utilizados no nosso dia a dia.
Podemos afirmar também que essa ciência, além de se preocupar com o desenvolvimento da humanidade,
também nos auxilia em um aspecto de extrema importância. A conscientização ambiental tem aumentado em nossa
sociedade, alimentada por grupos de interesse público e da mídia. É cada vez maior a sensibilização do público com
os processos que envolvem o uso, a fabricação e os efeitos dos produtos químicos no meio ambiente, incluindo a ge-
ração de resíduos, a degradação dos ecossistemas e o esgotamento de recursos naturais. É nesse ponto que a Química
É este ramo da química que estuda métodos de preparo dos compostos orgânicos de interesse nas indús-
trias químicas, tais como a farmacêutica, a de alimentos e a petroquímica. Uma tendência atual dessas indústrias é
o desenvolvimento de novos métodos e produtos que sejam sustentáveis, ou seja, que o impacto ao ambiente e ao
242
Por todos esses motivos, podemos afirmar que a vida em sociedade está diretamente ligada à Química Orgâ-
nica. Então, voltemos à pergunta inicial: Seria realmente um exagero dizer que a química move o mundo? Acho que
não, e você?
Objetivos da Aprendizagem
Reconhecer as características do átomo de carbono que o fazem ser diferente dos outros átomos.
Identificar as diferentes formas de classificação do átomo de carbono, assim como de suas cadeias.
Representar um composto orgânico de diferentes formas: fórmula estrutural plana, estrutural simplificada,
condensada ou em bastão.
As propriedades de diversos compostos orgânicos já eram conhecidas por nossos ancestrais pré-históricos,
sendo a descoberta do fogo (reação de combustão de compostos orgânicos) considerada uma das primeiras experi-
ências. Com o auxílio do fogo, o homem pode se aquecer nos dias frios, conservar a carne usando a técnica conhecida
como defumação, cozinhar seus alimentos e produzir poções medicinais (mistura aquosa complexa de compostos
Defumação
É o processo pelo qual alguns alimentos são expostos à fumaça proveniente da queima de partes de plantas, com a finalidade
de conservá-los e melhorar o seu sabor.
A civilização egípcia utilizava corantes naturais (índigo e alizarina) para tingir tecidos. Os Fenícios eram bas-
tantes conhecidos pelo tecido de cor vermelho-púrpura, confeccionados a partir do tingimento, usando um corante
Fenícios
Civilização que dominou o comércio no Mar Mediterrâneo entre os séculos IX e VI a. C.. A partir da região litorânea que com-
preende hoje estados do Líbano, da Síria e de Israel, comercializavam vários produtos, como azeite de oliva, vinho e madeira.
Figura 2: O índigo é um corante (fórmula estrutural à esquerda) utilizado no tingimento de jaquetas e calças jeans.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jeans.jpg – Autor: Oktaeder
244
A Química Orgânica surgiu, como ciência, a partir do final do século XVIII, quando os químicos começaram a se
dedicar a obter compostos orgânicos encontrados nos extratos de plantas e estudaram suas propriedades químicas.
Como essas substâncias eram extraídas de animais e vegetais, os químicos acreditavam que estas não poderiam ser
produzidas em laboratório a partir de materiais inorgânicos (minerais). Para tal, seria necessário o que eles chamavam
de uma “força maior” para obter um composto orgânico a partir de substâncias que contivessem os elementos quími-
cos necessários. Essa ideia ficou conhecida como Teoria da Força Vital ou Vitalismo.
A popularidade dessa teoria foi diminuindo à medida que compostos orgânicos eram sintetizados a partir de
fontes inorgânicas. Em 1828, o químico alemão Wöhler foi o primeiro a realizar essas sínteses ao produzir o composto
orgânico ureia (presente no suor e urina dos animais) a partir do aquecimento de uma solução aquosa de cianeto de
Figura 3: Friedrich Wöehler, pedagogo e químico alemão, precursor no campo da química orgânica e famoso por sua síntese
do composto orgânico ureia. À direita, temos a reação de transformação do cianeto de amônio em ureia, realizada por ele.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Friedrich_woehler.jpg
Com a queda do Vitalismo e a síntese de inúmeros compostos orgânicos, percebeu-se que a definição estabe-
lecida para a Química Orgânica, naquela época, não era adequada. Como os compostos orgânicos até então conhe-
cidos continham carbono, em 1858, o químico alemão Kekulé propôs a definição que é aceita atualmente: “Química
Observe que, no entanto, nem todos os compostos que contêm carbono são orgânicos, como o dióxido de carbo-
no (CO2), o ácido carbônico (H2CO3), a grafite (C), entre outros. Esses são compostos inorgânicos, como você já aprendeu.
Indústria petroquímica
A combustão do carvão, do gás natural e do petróleo fornece a maior par-
te da demanda energética mundial. Além disso, os combustíveis fósseis
são fonte de matérias-primas para outras indústrias como, por exemplo, a
dos polímeros e a farmacêutica.
Indústria farmacêutica
A maioria dos compostos orgânicos de interesse medicinal é obtida de
sínteses realizadas no laboratório. A disponibilidade de diversos agentes
terapêuticos possibilitou a redução da mortalidade e do sofrimento dos
doentes. O ácido acetil-salicílico, conhecida como aspirina, foi o primeiro
medicamento a ser sintetizado. Devido as suas propriedades analgésicas
(alívio da dor) e antipiréticas (redução da febre), é um dos medicamentos
mais utilizados no mundo. Entre os quimioterápicos, a penicilina foi a
primeira droga efetiva no tratamento de doenças bacterianas. Sua produ-
ção comercial é feita a partir de um microrganismo.
246
Indústria têxtil
A seda, a lã e o algodão são fibras naturais que o homem usa desde os
primórdios da civilização humana na confecção de tecidos. Dentre estes,
o algodão é o mais utilizado. A busca por materiais sintéticos com proprie-
dades próximas as fibras naturais ocasionou a síntese de várias outras fibras
têxteis, como o náilon e a viscose. O aumento das fontes de fibras acarretou
o aumento da produção, a redução dos custos e inovações técnicas dos
produtos têxteis. A mistura de fibras naturais e têxteis possibilitou a obten-
ção de tecidos com propriedades desejáveis de ambas as fibras.
Quimioterápicos
São compostos químicos usados no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos.
Quando utilizados para tratamento de algum tipo de câncer, o quimioterápico é chamado de an-
tineoplásico ou antiblástico.
Seção 2
O átomo de carbono e suas características
As características especiais do carbono tornam-no um elemento notável. Ao examinarmos a sua estrutura atô-
mica, saberemos por que o carbono é capaz de formar uma diversidade de compostos muito maior do que os outros
A primeira característica importante sobre o carbono é que ele é tetravalente, ou seja, forma 4 ligações co-
valentes. Sendo do grupo 14 da tabela periódica, o carbono possui quatro elétrons na camada de valência. Para
obedecer a regra do octeto e ter 8 elétrons na camada de valência, o carbono forma quatro ligações covalentes com
outros átomos. Lembre-se que em cada ligação covalente é feito o compartilhamento de elétrons entre os átomos
Figura 5: Distribuição eletrônica do átomo do carbono: 2 elétrons na primeira camada (K) e 4 elétrons na segunda (L).
Fonte: Jéssica Vicente
consequência direta disso é que há um número incontável de estruturas diferentes que podem ser feitas a partir
do carbono. Para aumentar ainda mais esse universo, os átomos de carbono são capazes de fazer ligações duplas e
248
Completando as estruturas
A partir do que aprendeu sobre a valência do carbono, utilize ligações simples (—),
dupla (=) ou tripla (≡) entre os átomos deste elemento para completar corretamente as
seguintes estruturas.
a.
b.
O átomo de carbono pode se combinar com vários outros átomos, formando cadeias que podem conter até
milhares de átomos ligados entre si nas mais variadas proporções. Há outros elementos químicos que formam enca-
deamentos como o carbono, mas nada comparável às cadeias estáveis e variadas deste último.
Devido à sua importância, cada átomo de carbono possui uma classificação de acordo com a quantidade de
outros átomos de carbono aos quais possa estar ligado em uma cadeia carbônica. Vejamos quais são essas classificações
e alguns exemplos.
250
Vamos descobrir quem é quem?
a.
Numeração
Tipos de carbono
do carbono
Carbonos primários
Carbonos secundários
Carbonos terciários
Carbonos quaternários
b.
Numeração
Tipos de carbono
do carbono
Carbonos primários
Carbonos secundários
Carbonos terciários
Carbonos quaternários
Seção 3
Tipos de cadeias orgânicas
Uma cadeia carbônica pode ter as mais diferentes formas: ser formada apenas por átomos de carbono ou con-
ter outros tipos de átomos, podem ter um ou mais anéis ligados ou não entre si etc. Ou seja, a lista de possibilidades
é bem grande!
uma determinada característica ou critério. Vejamos a seguir as classificações de acordo com as estruturas das cadeias
O encadeamento dos átomos não possui nenhum fechamento (ciclo ou anel), apresentando duas ou
c. Cadeia mista
252
Classificação quanto à disposição dos átomos de carbono
a. Cadeia normal
Existem apenas duas extremidades na cadeia. Ou seja, a estrutura molecular possui apenas carbonos
primários e secundários.
b. Cadeia ramificada
A estrutura possui mais de duas extremidades, caracterizadas por ramificações, apresentando pelo me-
a. Cadeia saturada
Além de ligações simples, há pelo menos uma dupla ou tripla ligação entre os carbonos.
a. Cadeia homogênea
Não há outro elemento entre os átomos de carbono da cadeia a não ser outros carbonos.
b. Cadeia heterogênea
As cadeias orgânicas cíclicas podem ser chamadas de alicíclicas ou aromáticas. A diferença entre as duas está
na presença (cadeia aromática) ou ausência (cadeia alicíclica) de um anel de seis átomos com ligações duplas e
254
simples alternadas, também conhecido como anel aromático.
Como o próprio nome sugere, os compostos aromáticos possuem um odor forte. Essa estrutura é encontrada
a. Mononucleares
b. Polinucleares
As classificações descritas são independentes, uma não exclui as outras! Isso significa que um com-
posto orgânico pode ser classificado como sendo, por exemplo, de cadeia aberta, ramificada e hete-
rogênea.
a)
b)
c)
d)
e)
representarmos as suas estruturas por fórmulas para que possamos identificá-los e diferenciá-los uns dos outros. Para
isso, os químicos orgânicos criaram formas alternativas de representar as estruturas das moléculas orgânicas de forma
a auxiliar sua compreensão, bem como a redução do tempo e do espaço gastos quando um grande número delas
Os compostos orgânicos podem ser representados por quatro tipos de fórmulas diferentes e são essas fórmu-
Fórmula estrutural
A fórmula estrutural é uma das representações de fórmulas químicas mais utilizadas, sendo indicado não so-
mente o número de cada tipo de átomo na molécula, mas também como eles estão ligados entre si na estrutura.
Fórmula estrutural plana, onde todas as ligações da molécula são representadas por traços.
Fórmula estrutural simplificada, onde as ligações do átomo de carbono com os átomos de hidrogênio são
ocultadas.
Na confecção das estruturas na fórmula estrutural simplificada são utilizados os seguintes passos:
4. As demais ligações que não foram representadas são ligações que ocorrem entre átomos de carbono e
hidrogênio. Lembrando sempre que o carbono é tetravalente, ou seja, realiza 4 ligações covalentes.
258
Montando as fórmulas
características:
A fórmula condensada é um modo compacto de se fazer uma fórmula estrutural. Nesse tipo de fórmula in-
cluímos os átomos da molécula, ocultando todas as ligações existentes entre os mesmos. Outro recurso importante
utilizado para a elaboração deste tipo de fórmula é a representação de grupamentos repetitivos entre parênteses e o
respectivo índice, o qual indica a quantidade de vezes que esse grupamento se repete.
Condensando as coisas
a)
b)
c)
d)
260
Fórmula bastão
A fórmula bastão simplifica ainda mais a forma de apresentar os compostos orgânicos. As ligações são representa-
das por linhas e as extremidades e os pontos da inflexão correspondem aos átomos de carbono. Como os átomos de hi-
drogênios são ocultados, a quantidade de ligações que estiver faltando ao carbono é a quantidade de hidrogênios ligados
a esse elemento. Os heteroátomos, quando presentes na molécula, são representados. Caso estejam ligados a átomos de
Este tipo de fórmula é a mais utilizada para a representação de estruturas cíclicas. Observe alguns exemplos:
a)
b)
c)
A química como um todo está muito presente em nosso cotidiano, mas você percebeu como a química orgânica
parece ainda mais próxima de nós? Não só pelas substâncias orgânicas que nosso corpo produz, mas também pelos im-
portantes compostos orgânicos de interesse comercial e o impacto de sua produção e descarte sobre o meio ambiente.
Na próxima unidade conversaremos sobre uma classe de compostos orgânicos que é a base da química orgânica:
os hidrocarbonetos. A partir deles vamos descortinar esse novo mundo dentro da ciência que chamamos de Química.
262
Resumo
A Química Orgânica é o ramo da química que estuda os compostos de carbono. Porém, nem todos os com-
Vários compostos orgânicos já são usados pelo homem desde as civilizações mais antigas. No entanto, a
A Teoria da Força Vital, o Vitalismo, afirmava que os compostos orgânicos somente poderiam ser obtidos a
partir de fontes animais e vegetais. Em 1828, Wöhler mostrou que essa teoria era equivocada quando sinte-
A evolução da química orgânica como ciência é que permite o estilo de vida atual da humanidade. Roupas,
medicamentos, combustíveis, utensílios domésticos, entre outros itens são fontes dessa evolução.
As principais características do carbono são ser tetravalente (formar quatro ligações covalentes) e possuir a
capacidade de formar cadeias. Esse encadeamento pode ser feito a partir de ligações simples, duplas e triplas.
O átomo de carbono pode ser classificado como primário, secundário, terciário ou quaternário de acordo
As cadeias carbônicas podem ser classificadas de diversas formas, de acordo com a presença ou ausência
Quanto ao fechamento da cadeia, a mesma é classificada de acordo com a presença, ou não, de extremidades
na cadeia. As cadeias podem ser classificadas como abertas (acíclicas ou alifáticas), fechadas (cíclicas) ou mistas.
Quanto à disposição dos átomos de carbono, as cadeias podem ser normal ou ramificada.
Quanto aos tipos de ligações entre os carbonos, as cadeias podem ser classificadas como saturadas (apenas
com ligações simples entre carbonos) e insaturadas (pelo menos uma ligação dupla ou tripla entre carbonos).
Quanto à natureza dos átomos que compõem a cadeia, esta pode ser homogênea (não há outro elemento en-
tre os átomos de carbono) ou heterogênea (há a presença de um heteroátomo entre os átomos de carbono).
Existem formas distintas de se representar as fórmulas químicas. São as chamadas fórmulas estruturais
1. Que tal um jogo que apresente a você vários compostos orgânicos que fazem parte do nosso dia a dia?
2. Você sabia que existe uma teoria de que os compostos orgânicos, tão essenciais para a existência de vida
na Terra, vieram de outros planetas? Ficou curioso? Então, leia essa matéria e fique por dentro: http://cien-
ciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2008/251/nossas-raizes-no-espaco/
Referências
Kotz, J. C.; Wood, J.L.; Joesten, M.D.; Moore, J.W. The chemical world: Concepts and applications; Saun-
Urbesco, J.; Salvador, E. Química – Química Orgânica; volume 3; 10ª edição; São Paulo: Saraiva, 2005. 512p.
Allinger, N. L. Química Orgânica, 2ª ed., Rio de Janeiro – Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 1978; 961p.
Morrinson, R. T.; Boyd, R. N. Química Orgânica; 9ª Ed.; Fundação Calouste Gulbenkian, 1990; 1639p.
Pine, S. H.; Hendrickson, J. B.; Cram, D. J.; Hammond, G. S.; Organic chemistry; 4ª ed.; McGraw-Hill; 1039p.
264
Atividade 1
a)
b)
Atividade 2
a)
Numeração
Tipos de carbono
do carbono
Carbonos primários 5, 8, 9, 10
Carbonos secundários 1, 3, 6
Carbonos terciários 2,4
Carbonos quaternários 7
b)
Numeração
Tipos de carbono
do carbono
Carbonos primários 1, 3, 6, 7, 8
Carbonos secundários 4
Carbonos terciários 2
Carbonos quaternários 5
Atividade 4
a)
b)
Atividade 5
a. CHCH
b. CH4
c. CH2CH2
d. CH2CHCH3
266
Atividade 6
a)
b)
c)
Questão 1 (UERJ)
A maior parte das drogas nos anticoncepcionais de via oral é derivada da fórmula estrutural plana abaixo:
a. 5
b. 6
c. 7
d. 8
e. 9
Resposta da questão
Letra C
Questão 2 (UERJ)
A testosterona, um dos principais hormônios sexuais masculinos, possui fórmula estrutural plana:
Determine:
Resposta da questão
b. C19H28O2
Comentários
270
b. A fórmula molecular é referente à quantidade de átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio na molécula.
Questão 3 (PUC-RS)
Resposta da questão
Letra C
Comentários
A estrutura da “fluoxetina” apresenta na sua estrutura anéis aromáticos (parte cíclica da estrutura) ligados a
Questão 4 (UFF-RJ)
A estrutura dos compostos orgânicos começou a ser desvendada nos meados do séc. XIX, com os estudos de
Couper e Kekulé, referentes ao comportamento químico do carbono. Dentre as ideias propostas, três particularidades
do átomo de carbono são fundamentais, sendo que uma delas refere-se à formação de cadeias.
Escreva a fórmula estrutural de compostos orgânicos que contenham apenas atomos de hidrogênio e o me-
Resposta da questão
a)
b)
c)
272
Hidrocarbonetos
Para início de conversa...
Você sabe o que é sustentabilidade? Pensa que sabe? Não tem a menor
ideia? Vamos fazer o seguinte, leia o texto a seguir e depois volte aqui e responda
novamente!
vidro, não me preocupei, porque eles poderão ser reciclados, desde que ele seja
zação deste tipo de material que têm como objetivo fabricar outros frascos ou
Silicatos
São compostos minerais constituídos de silício e oxigênio, um ou mais metais e, possi-
velmente, hidrogênio. O mineral conhecido como areia ou sílica, que é um dos compo-
nentes do vidro, apresenta a fórmula SiO2, sendo conhecido como óxido de silício.
um, com certeza já ouviu falar deles. Os catadores, normalmente, são homens,
palmente, em locais públicos como, por exemplo, nas praias. Do ponto de vista
latinhas serve de exemplo de sustentabilidade. Ou seja, os cacos de vidro e as latinhas poderão retornar às respectivas
Agora pense na imensa quantidade de frascos plásticos, as chamadas garrafas PET, das águas minerais e dos re-
frigerantes. Se esses materiais fossem deixados na natureza até se decomporem totalmente, causariam um transtorno
dos mais sérios porque esses materiais levam muitos anos para serem degradados e, por isso, são um tipo de poluição
Figura 1: Vidros, latas de alumínio e plásticos podem levar mais de duzentos anos para se decomporem. O bom é que esses
materiais podem voltar ao estado origem e serem reaproveitados. Por isso, a reciclagem é tão importante para o Meio Am-
biente. Este processo faz parte daquilo que se chama sustentabilidade.
Fontes: http://www.sxc.hu/photo/414122 Autor: Berkeley Robinson; http://www.sxc.hu/photo/1248748 Autor: Meenalnc’s;
http://www.sxc.hu/photo/1245600 Autor: Gerhard Taatgen jr.; http://www.sxc.hu/photo/1263263 Autor: Emilien Auneau
De uma maneira geral, podemos afirmar que materiais como garrafas PET e outros plásticos são considerados
polímeros dos mais variados hidrocarbonetos como veremos mais adiante nos nossos conteúdos.
Polímeros
São macromoléculas de elevadas massas molares, formadas pela união de inúmeras moléculas de uma ou mais unidades fun-
damentais, denominadas monômeros.
274
Hidrocarbonetos são compostos orgânicos binários hidrogenados, isto é, compostos orgânicos, for-
mados por dois elementos químicos, carbono e hidrogênio..
A sustentabilidade pode ser bem caracterizada, por exemplo, pela coleta seletiva. Alguns estabelecimentos,
tais como restaurantes, bares, colégios, hospitais, edifícios comerciais e residenciais fazem esse tipo de coleta, divi-
dindo o seu lixo em compartimentos separados. Você já deve ter visto esses coletores de lixo coloridos por aí, não?
Coleta seletiva de lixo é um processo que consiste na separação e recolhimento dos resíduos descartados por
empresas e pessoas. Desta maneira, os materiais que podem ser reciclados são separados do lixo orgânico. Entenda
que o lixo orgânico consiste em restos de carne, frutas, verduras e outros alimentos, e que deverá ser descartado em
No sistema de coleta seletiva, os materiais recicláveis são separados em quatro segmentos, a saber: papéis,
plásticos, metais e vidros. Existem indústrias que reutilizam esses materiais para a fabricação de matéria-prima ou, até
pessoas e economia para as empresas, também significa uma grande vantagem para o Meio Ambiente, uma vez que
diminui a poluição dos solos, rios e mares. Esse tipo de coleta é de extrema importância para o desenvolvimento
sustentável do planeta.
Objetivos da Aprendizagem
276
Seção 1
Hidrocarbonetos: A base da química orgânica
Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos binários hidrogenados. Quando se afirma que eles são “orgâni-
cos”, significa que há a presença obrigatória do elemento químico carbono; quando se afirma “binários” é para indicar
a presença de dois elementos químicos; e em relação à expressão “hidrogenados”, deve-se interpretar que o segundo
Os hidrocarbonetos possuem algumas diferenças entre si que nos permite classificá-los de três maneiras:
Mas você deve estar imaginando como devem ser os hidrocarbonetos a partir desta classificação, não é mesmo?
Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem somente ligações simples são comumente denominados
ALCANOS (sinônimo: parafinas). Eles podem apresentar diferentes formações, como essas a seguir.
Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem apenas uma dupla ligação são denominados ALCENOS
(sinônimo: olefinas).
Exemplos:
Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que apresentam apenas uma tripla ligação, são denominados ALCINOS
Exemplos:
Os hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem apenas duas duplas ligações (por isso dietênicos), são de-
Exemplos:
278
Os hidrocarbonetos de cadeia fechada que possuem somente ligações simples são denominados CICLANOS
Exemplos:
Os hidrocarbonetos de cadeia fechada que possuem uma dupla ligação, são denominados CICLENOS (ou ciclo
alcenos).
Exemplos:
Por fim, os hidrocarbonetos que apresentam o anel ou ciclo benzênico, isto é, que são formados por um ciclo,
contendo seis átomos de carbono dispostos hexagonalmente e ligados entre si por três ligações simples e três duplas
ligações alternadas, são denominados HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS. Veja nas imagens a seguir que temos duas
Exemplos:
seguintes hidrocarbonetos:
Seção 2
Os hidrocarbonetos e as suas fórmulas gerais
Fórmula geral em hidrocarbonetos é uma expressão que irá identificar, do ponto de vista quantitativo, o tipo
de hidrocarboneto pela indicação dos números de átomos de carbono e de hidrogênio. Se ainda não entendeu o que
significa uma fórmula geral, com os exemplos a seguir ficará mais claro.
Exemplos:
280
Alcanos:
Fórmula estrutural Fórmula molecular
CH4 CH4
CH3−CH3 C2H6
CH3−CH2−CH3 C3H8
CH3−CH2−CH2−CH3 C4H10
CH3-(CH2)3−CH3 C5H12
Observe que, em todas as fórmulas, o número de átomos de hidrogênio é o dobro do número de átomos de
Alcenos e ciclanos:
Fórmula estrutural Fórmula molecular
H2C=CH2 C2H4
CH3−CH=CH−CH3 C4H8
CH2=CH−CH3 C3H6
CH2
C3H6
H2C CH2
No caso das fórmulas desses hidrocarbonetos, o número de átomos de hidrogênio é o dobro do número de átomos
de hidrogênio.
Observação: Dois dos hidrocarbonetos dos tipos alceno e ciclano apresentados no exemplo apresentam a
mesma fórmula molecular (igual a C3H6) e, portanto, estão enquadrados no fenômeno denominado isomeria, logo
eles são isômeros. Caso queira saber mais a respeito deste tema, procure a indicação que fizemos na seção Veja Ainda.
Isomeria
É o fenômeno pelo qual duas ou mais substâncias diferentes apresentam a mesma fórmula molecular.
CH2
C3H4
HC CH
HC ≡ C −CH3 C3H4
H2C = C = CH2 C3H4
Na fórmula geral dos alcinos, alcadienos e ciclenos, o número de átomos de hidrogênio é o dobro do número de
282
Seção 3
Os hidrocarbonetos e as suas combustões
Combustão não é um assunto novo para você, certo? Lembra que já conversamos sobre ela na unidade de
Termoquímica? Então, leia atentamente o quadro a seguir e pense o que pode haver em comum entre as histórias
apresentadas.
Você deve ter percebido nos textos do esquema a ocorrência de uma série de aplicações do processo, denomi-
nado queima, ou melhor, combustão. E o mais interessante, dentre as várias queimas mencionadas, é que a maioria
delas consiste na queima de diversos tipos de hidrocarbonetos.
Combustão é o fenômeno pelo qual ocorre a reação de queima de um material quando em presença do gás
oxigênio presente no ar atmosférico liberando calor. No caso dos hidrocarbonetos, a combustão em presença do gás
oxigênio (O2) do ar atmosférico leva à formação de gás carbônico (CO2) e vapor d´água (H2O) e a produção de calor. As
reações de combustão são exotérmicas.
Vejamos alguns exemplos de reações de combustão completa, envolvendo carbono, hidrogênio e hidrocarbonetos:
284
b. Gás hidrogênio
Quanto à estequiometria das reações de combustão dos hidrocarbonetos, elas podem ser de dois tipos:
Exemplo:
Exemplos:
C(carvão) + O2(g) CO2(g) + calor (esta equação é a soma das duas anteriores)
b. Benzeno C6H6
Seção 4
Nomenclatura oficial dos hidrocarbonetos
normais (IUPAC)
Para garantir que em qualquer lugar do mundo será usado o mesmo nome para um determinado composto
químico, foram criadas algumas regras que devem ser seguidas por todos. No caso dos compostos orgânicos e inor-
gânicos, usamos a nomenclatura IUPAC. A sigla IUPAC significa, em Português, União Internacional de Química Pura
A regra oficial para nomear os hidrocarbonetos de cadeia normal consiste em um prefixo que designará o
número de átomos de carbono, seguido de uma característica que apontará o tipo de ligação carbônica e uma letra
final “o” que indicará a função química orgânica que, neste caso, será hidrocarboneto. O esquema a seguir é um bom
....................................... + ............................ + O
Mas afinal, quem são esses prefixos designativos? Os quatro primeiros prefixos são inerentes apenas à química
orgânica; do quinto em diante serão prefixos gregos, principalmente, e latinos, e eles determinam o número de áto-
mos de carbono que existem na estrutura. A tabela a seguir lista essas duas informações que você deverá memorizar.
286
Prefixos Número de Prefixos Número de
designativos átomos de C designativos átomos de C
met 1 hex 6
et 2 hept 7
prop 3 oct 8
but 4 non 9
pent 5 dec 10
Já o que chamamos de características indicam o tipo de ligação que existe na estrutura. Lembrando que elas
podem ser simples, duplas e triplas ligações. A tabela a seguir mostra o radical que deve ser colocado no nome para
cada tipo de ligação.
Características Significados
an somente ligações simples
met + an + o metano
et + an + o etano
et + en + o eteno
com apenas três átomos de carbono são possíveis quatro diferentes hidrocarbonetos acíclicos, como esses represen-
Com apenas três átomos de carbono são possíveis, principalmente, dois hidrocarbonetos cíclicos diferentes.
Neste caso, a nomenclatura oficial é feita da mesma maneira que a dos hidrocarbonetos de cadeia aberta, apenas
ciclopropano ciclopropeno
Com a fórmula molecular igual a C4H8, são possíveis dois alcenos normais diferentes, isômeros de posição,
porque a dupla ligação mudou de posição de um para outro hidrocarboneto. Veja nas representações a seguir que a
localização da dupla ligação é feita entre o prefixo e a característica da cadeia carbônica (a localização é o número que
aparece no nome). A numeração dos carbonos foi iniciada a partir da extremidade mais próxima da dupla ligação. Na
fórmula da esquerda a dupla ligação está na extremidade esquerda, sendo assim, a numeração começa ali. Já na fór-
mula da direita a dupla ligação está no meio da cadeia, portanto, não faz diferença de que lado se começa a numerar,
Da mesma forma, com a fórmula molecular igual a C4H6 são possíveis dois alcinos normais diferentes, e dois alcadie-
nos normais diferentes. Também neste caso, a localização da tripla ligação nos alcinos é feita entre o prefixo e a característica
da ligação carbônica, o mesmo para as localizações das duplas ligações nos alcadienos. Mais uma vez, ressaltando que as
numerações têm início a partir da extremidade mais próxima da tripla ligação ou de uma das duplas ligações.
288
Dando nome aos bois
a. CH3−CH2−CH2−CH3
b. CH3−CH2−CH2−CH2−CH3
c. CH2=CH−CH2−CH2−CH3
d. CH3−CH2−CH=CH−CH3
e. CH3−C≡CH−CH2−CH3
f. CH3−CH2−CH2−C≡CH
g. H2C=CH−CH=CH−CH3
h. CH2=CH−CH2−CH=CH2
Seção 5
Radicais monovalentes derivados dos alcanos
Radicais são átomos ou grupos de átomos que apresentam uma ou mais valências livres, isto é, um ou mais
Radicais monovalentes são aqueles que apresentam apenas uma valência livre, isto é, um elétron livre ou de-
semparelhado. A nomenclatura desses radicais monovalentes, quando derivados dos alcanos (são chamados de al-
coilas), é feita substituindo-se a terminação ano dos alcanos pela terminação ila.
Quando o alcano possui três ou mais carbonos, poderemos encontrar mais de um possível radical a partir dele.
Na estrutura superior (n-propila), o prefixo “n” indica que o radical apresenta uma cadeia normal e o elétron
livre encontra-se na ponta da cadeia, isto é, no carbono do tipo primário. Já na estrutura inferior (isopropila), o prefixo
Você sabia que a união de dois radicais monovalentes do tipo alcoila irá produzir a molécula de um hidrocar-
boneto do tipo alcano? Por exemplo, a união de dois radicais do tipo metila leva à formação do alcano denominado
etano, assim como a união do radical metila ao radical etila leva à formação do alcano de nome propano, e assim
290
Junte e vamos ver no que dá!
Proponha as estruturas e dê os nomes oficiais dos alcanos formados pela união dos
seguintes radicais:
Você já aprendeu como nomear os alcanos de cadeia normal, certo? Mas e quando a cadeia do alcano é ramifi-
cada? Com a nomenclatura dos radicais monovalentes derivados dos alcanos, pode-se dar nomes oficiais aos alcanos
ramificados. Vamos começar, analisando um propano com uma ramificação em sua cadeia:
metilpropano
Para dar nome oficial ao mais simples dos alcanos ramificados já se torna necessário o uso do primeiro radical
mencionado, o radical metil. O nome do alcano fica metilpropano. Consiste na cadeia do propano que apresenta uma
Mas o propano também pode ter mais de uma ramificação, não é mesmo? No exemplo a seguir, vemos que o
propano tem dois radicais metil e, portanto, ele será um dimetilpropano. Lembre-se de que o prefixo grego “di” signi-
Provavelmente, você está pensando: “E as cadeias grandes? Se você quiser aprender um pouco mais sobre a
Seção 6
Hidrocarbonetos aromáticos:
Classificação e nomenclaturas
São os hidrocarbonetos que apresentam um ou mais anéis ou núcleos benzênicos. Os mais comuns são os
benzênicos e os naftalênicos, embora existam outras classificações. Os benzênicos são aqueles que apresentam ape-
nas um anel benzênico e os naftalênicos são aqueles que apresentam dois núcleos benzênicos condensados.
As estruturas iniciais, ou seja, as mais simples dos aromáticos benzênicos e naftalênicos são:
292
Mas os hidrocarbonetos aromáticos também podem ser ramificados. Nesses casos, antes do nome dos referen-
tes à quantidade de anéis benzênicos, devemos colocar o nome dos radicais referentes às ramificações e, quando for
o caso, a numeração que indicará a localização da ramificação (ou ramificações). Veja os exemplos:
Seção 7
Principais hidrocarbonetos cíclicos (alicíclicos):
Estruturas e nomes oficiais
Agora veremos alguns dos principais hidrocarbonetos de cadeia fechada. As regras para nomeá-los une os conhe-
cimentos que você aprendeu durante toda a aula, ou seja, a nomeação dos hidrocarbonetos cíclicos mais as regras que
envolvem os radicais e a forma de localização das ramificações através da numeração dos carbonos. Veja os exemplos:
Nossa, quanta informação, não é mesmo? Como nós dissemos anteriormente, os hidrocarbonetos são a base
da Química Orgânica e, por isso, eles apresentam essa riqueza de informações. Mas agora você está pronto para a
Para começar, falaremos das funções oxigenadas que envolvem substâncias que apresentam, em grande parte,
uma relação bastante íntima com diversos de nossos hábitos. É o caso do álcool, da cetona e até do vinagre. E se o
nome das funções é “oxigenadas”, significa que nosso imprescindível oxigênio está envolvido, correto? Então, até mais!
Resumo
Hidrocarbonetos são compostos orgânicos binários hidrogenados, isto é, compostos formados por dois
Alcenos são hidrocarbonetos de cadeia aberta e possuindo apenas uma dupla ligação.
Alcinos são hidrocarbonetos de cadeia aberta e possuindo apenas uma tripla ligação.
Alcadienos são hidrocarbonetos de cadeia aberta e possuindo apenas duas duplas ligações.
Hidrocarbonetos aromáticos são aqueles que apresentam anel ou núcleo benzênico em sua estrutura.
Ciclenos são hidrocarbonetos de cadeia fechada e possuindo apenas uma dupla ligação.
294
Combustão é o fenômeno pelo qual ocorre a reação de queima de um material quando em presença do gás
oxigênio do ar atmosférico liberando calor. No caso dos hidrocarbonetos, a combustão em presença do gás
oxigênio (O2) do ar atmosférico leva à formação de gás carbônico (CO2) e vapor d´água (H2O) e produção de
A nomenclatura oficial (IUPAC) dos hidrocarbonetos normais é feita da seguinte maneira: prefixo designa-
Os prefixos designativos podem ser: met (1 C), et (2C), prop (3C), but (4C), pent (5C), hex (6C) e assim
sucessivamente.
As características podem ser: an (só simples), en (1 dupla), in (1 tríplice), dien (2 duplas) e assim sucessiva-
mente.
Veja ainda...
Visando a uma revisão ilustrativa, relacionada com a nomenclatura dos alcanos, você deve acessar o se-
Para se aprofundar um pouco mais no assunto nomenclatura dos hidrocarbonetos, acesse o seguinte site:
http://www.youtube.com/watch?v=MSKMlS61BTA&NR=1&feature=endscreen
Agora, se você quer se aprimorar bem mais na nomenclatura dos compostos orgânicos, principalmente, os
ture=related
Lembra que falamos sobre isomeria nesta unidade? Para saber mais sobre este tema, acesse o seguinte
endereço: http://www.coladaweb.com/quimica/quimica-inorganica/isomeria
Referências
KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M.; WEAVER, G. C. Química Geral e Reações Químicas. 6.ed., volume 1, São Paulo:
KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M.; Química Geral e Reações Químicas. 5.ed., volume 2, São Paulo: Cengage Lear-
ning, 2009
SOLOMONS, T.W.G.; FRYHLE, C.B. Química Orgânica. 7.ed., Rio de Janeiro: LTC Editora, 2001
FARAH, M. A., Petróleo e seus derivados, 1.ed., Rio de Janeiro: LTC, 2012
SOUZA, A. C.; GONÇALVES, A. Química Orgânica – Coleção Química Hoje, 4.ed. Vol 3. Rio de Janeiro:
Guia IUPAC para a Nomenclatura de Compostos Orgânicos, 1 ed. Lisboa: Lidel – edições técnicas,
Ida, 2002
296
Atividade 1
a. CH3–CH2–CH2–CH2–CH3 C5H12
b. CH3–CH(CH3)–CH(CH3)–CH3 C6H14
c. CH2=CH−C(CH3)2−CH3 C6H12
f. C5H10
Atividade 2
Atividade 3
(ll)) +
b. C6H6(l /2 O2(g) 6 CO2(g) + 3 H2O(v) + calor
15
a. butano
b. pentano
c. pent-1-eno
d. pent-2-eno
e. pent-2-ino
f. pent-1-ino
g. penta-1,3-dieno
h. penta-1,4-dieno
i. ciclobutano
j. ciclobuteno
Atividade 5
Atividade 6
298
Funções
oxigenadas
Para início de conversa...
Você sabe como o álcool pode interferir na nossa saúde? Não? Então, va-
mos conversar sobre isso.
orgânicas oxigenadas, e o álcool é uma delas, bem como suas características estruturais, as regras de nomenclatura e
Objetivos de aprendizagem
300
Seção 1
Funções oxigenadas
Diversas substâncias orgânicas são importantes no nosso cotidiano, tais como os álcoois, os éteres, a acetona
e o formol. Elas possuem em suas fórmulas apenas átomos dos elementos carbono, hidrogênio e oxigênio. A forma
como os átomos dessas moléculas estão ligados determina as diferentes funções oxigenadas.
Álcoois
O principal álcool da economia brasileira é o etanol, também conhecido como álcool comum.
É vendido em supermercados como produto de limpeza, nos postos de gasolina brasileiros como combustível,
O álcool hidratado é o combustível dos carros a álcool que circulam no Brasil. Esse álcool não é puro, é uma
mistura que contém etanol a 96ºGL, o que significa 96% de etanol e 4% de água.
Figura 1: O etanol é utilizado como combustível de motores de explosão. A foto destaca uma bomba de etanol em um posto
de gasolina. Foto: Marcus André
do álcool hidratado usado nos veículos movidos a álcool, é anidro, o que significa que não tem água.
Anidro
É um termo geral utilizado para designar uma substância de qualquer natureza que não contém (ou quase não contém) água na
sua composição. O álcool anidro possui características de pureza na ordem de 99,95ºGL, com 0,05% de água. Ou seja, é consi-
derado isento de água.
Diferentemente dos combustíveis derivados do petróleo, que vêm de uma fonte não renovável, as fontes de
etanol, como a cana-de-açúcar no caso do Brasil, são renováveis. Basta plantar a cana para se obter mais etanol.
As bebidas alcoólicas são misturas contendo etanol. Quando uma pessoa ingere uma bebida alcoólica, rapi-
damente começa a absorção do etanol pelo estômago e no intestino delgado. Tomar leite ou comer alimentos gor-
durosos dificulta a absorção do etanol pelo organismo, mas se o estômago estiver vazio, a absorção ocorrerá muito
mais rapidamente.
Parte do etanol ingerido vai para o sangue e, à medida que aumenta a concentração de etanol no sangue, os efei-
tos sobre o corpo humano também variam. Café forte e banho frio, ao contrário do que muitos pensam, não diminuem
os efeitos do álcool no organismo. Veja na tabela 1 os efeitos do etanol em função da concentração de etanol no sangue.
Tabela 1: Efeitos do etanol em função da concentração de etanol no sangue em uma pessoa de massa corporal igual a 70 kg.
determinado intervalo de tempo e a quantidade de alimento ingerido antes da bebida, entre outros.
Outro álcool muito importante é o metanol ou álcool metílico, considerado o mais tóxico dos alcoóis. Se inge-
rido, mesmo em pequenas doses, causa cegueira e até morte, como ocorreu em Salvador, no início de 1999, quando
40 pessoas morreram devido ao consumo de aguardente contaminada com metanol.
302
O metanol é inflamável, a chama produzida durante sua combustão é de cor azul muito clara, de modo que se
torna praticamente invisível quando está sob forte luminosidade (é um perigo adicional).
Figura 2: As figuras de uma chama e de uma caveira no rótulo do metanol (álcool metílico) significam que o material é infla-
mável e tóxico. Foto: Marcus André
O metanol pode ser usado como combustível em motores a explosão, como os carros de corrida da Fórmula
Os álcoois são identificados através do grupo hidroxila (—OH), ligado a um átomo de carbono saturado (isto é,
A nomenclatura oficial, de acordo com as regras da IUPAC, é feita como nos hidrocarbonetos, mas com a termi-
Nos álcoois de estrutura mais simples pode ser utilizado uma nomenclatura usual, ou seja, não oficial, usando
a palavra álcool, seguida do nome do radical orgânico (metil, etil etc.) ligado à hidroxila, acrescido da terminação ico.
Exemplo 1:
Estrutura: H3C— OH
Exemplo 2:
Estrutura: H3C—CH2—OH
Fenóis
No século XIX, o médico inglês Joseph Lister (1827 – 1912) leu alguns trabalhos de Louis Pateur (1822 – 1895) a
respeito da existência de micro-organismos causadores de algumas doenças. Em 1861, ele observou que 45-50% dos
A partir desse estudo, Lister levantou a hipótese de que os micro-organismos seriam os causadores das fre-
A partir disso, admitiu-se que tais micro-organismos pudessem vir dos próprios médicos e de seus instrumen-
tos. Assim, no hospital em que Lister trabalhava, foi instituída a prática de lavar as mãos e os instrumentos com soluções
de fenol antes e após as cirurgias. Com essa simples medida, ele reduziu a mortalidade para 15% nos hospitais ingleses.
304
Figura 3: O cirurgião Joseph Lister (terceiro, da direita para a esquerda) reduziu as taxas de mortalidade em hospitais britâni-
cos, usando o fenol como antisséptico.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chirurgiens-allemands.gif
O fenol, apesar de bom antisséptico, foi substituído por outros, pois é tóxico e provoca queimaduras.
Os fenóis são identificados por meio do grupo hidroxila (—OH) ligado diretamente a um átomo de carbono
A nomenclatura oficial dos fenóis apresenta o prefixo hidróxi seguido do nome do hidrocarboneto correspondente.
O hidróxi-benzeno, ou fenol comum, é o fenol mais simples e o mais importante, pois é usado como matéria-
Éteres
Quando se fala em éter, podemos lembrar imediatamente do éter comum (etoxietano). Esse composto come-
çou a ser usado como anestésico por inalação, em 1846, pelo dentista William Morton. Antes disso, as cirurgias eram
Durante muito tempo, o éter comum foi usado como anestésico por médicos e dentistas, mas devido ao mal-
-estar que provocava após a anestesia, e ao fato de ser altamente inflamável, o éter comum foi substituído gradativa-
frio que sua evaporação proporciona, o éter provoca uma diminuição da sensibilidade desse órgão, tornando menos
Éteres são compostos que possuem um átomo de oxigênio ligado a dois carbonos.
A nomenclatura oficial dos éteres contém a palavra OXI intercalada nos nomes dos dois grupos formadores
do éter:
Prefixo + oxi + hidrocarboneto correspondente
(Menor grupo) (Maior grupo)
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Estrutura: CH3 — O —
A maconha é uma droga que contém uma variedade de substâncias químicas, mas
Fumar maconha pode causar sérios danos à saúde, como bronquite crônica, distúr-
306
Estrutura de uma molécula de THC
Aponte e escreva os nomes das funções orgânicas presentes em cada molécula de THC.
Aldeídos
O formol é uma solução aquosa, contendo cerca de 40% em massa de metanal (aldeído que possui apenas um
temente, com glutaraldeído ou pentanodial. Este último 10 vezes mais tóxico que o formol.
Desde 2005, a ANVISA se mostrou contrária ao uso dessas substâncias como alisantes, mas só publicou a Reso-
lução RDC 36 em 17 de junho de 2009, que proíbe a comercialização do formol em estabelecimentos como drogarias,
farmácias e supermercados.
ANVISA
A sigla significa Agência Nacional de Vigilância Sanitária. É o órgão que atua em todos os setores relacionados a produtos e
serviços que possam afetar a saúde da população brasileira.
A proibição do uso do formol e seus derivados como alisante capilar foi necessária, pois pode causar sérios da-
nos a quem usa e ao profissional que aplica o produto, tais como alergia, coceira, queimadura, inchaço, descamação
e vermelhidão do couro cabeludo, quebra da haste capilar, ardência e lacrimejamento dos olhos, falta de ar, tosse,
dor de cabeça, ardência e coceira no nariz. Tudo isso devido ao contato direto com a pele ou com sua vaporização
na hora da aplicação do produto. Várias exposições podem causar também boca amarga, dores de barriga, enjoos,
vômitos, desmaios, feridas na boca, narina e olhos e câncer nas vias aéreas superiores (nariz, faringe, laringe, traqueia
A legislação sanitária permite o uso de formol e glutaraldeído em produtos cosméticos apenas na função de
conservantes (com limite máximo de 0,2% e 0,1%, respectivamente), ou do formol como endurecedor de unhas no
limite máximo de 5%. A adição de formol, glutaraldeído ou qualquer outra substância a um produto acabado, pronto
para uso, constitui infração sanitária, estando o estabelecimento que adota essa prática sujeito às sanções administra-
tivas, cíveis e penais cabíveis. E mais: a adulteração desses produtos configura crime hediondo.
Crime hediondo
Crimes que o legislador (quem faz a lei) entendeu necessitar de maior reprovação por parte do Estado e cuja lesão causada é
acentuadamente expressiva e de maior aversão à coletividade. Os crimes ditos hediondos são aqueles expressamente listados
na Lei 8072/90, tais como latrocínio (roubo seguido de morte), estupro, extorsão mediante sequestro e outros.
308
Os aldeídos são compostos que possuem o grupo carbonila (C=O) ligado a pelo menos um átomo de hidrogênio.
A nomenclatura oficial é feita como nos hidrocarbonetos, mas com a terminação funcional al em lugar do
sufixo o.
Exemplo 1:
H—C—H
H—
Estrutura:
||
O
Exemplo 2:
H— C—CH
— 2—CH2—CH2 —
—C—H
Estrutura: || ||
O O
Cetonas
A cetona mais importante e de maior uso comercial é a propanona, mais conhecida como acetona. Líquido
inflamável, incolor e de cheiro agradável, é usada principalmente como removedor de esmalte das unhas.
Figura 5: A solução de acetona é comumente utilizada como removedor de esmalte. Foto: Marcus André.
As cetonas são compostos que possuem o grupo carbonila (C=O) entre átomos de carbono.
A nomenclatura oficial é feita como nos hidrocarbonetos, mas com a terminação funcional ona em lugar do
sufixo o.
Exemplo:
H3C—C—CH
— — 3
Estrutura: ||
O
Ácidos carboxílicos
Os ácidos carboxílicos são responsáveis por vários odores típicos e, em geral, desagradáveis. Assim, por exem-
plo, o ácido butanóico ou ácido butírico (do latim butirum, “manteiga”) tem cheiro de manteiga rançosa.
O odor de nossa transpiração é também devido, em parte, aos ácidos carboxílicos. Acredita-se que um cão re-
conheça o seu dono pelo cheiro graças aos ácidos carboxílicos presentes na pele humana. O faro apurado do animal
O vinagre, utilizado como tempero para saladas, é solução aquosa de ácido etanóico ou ácido acético. O ácido
etanóico ou ácido acético é o responsável pelo sabor azedo (do latim acetum) e cheiro penetrante do vinagre.
Figura 6: O vinagre, utilizado para temperar saladas, é uma solução aquosa de ácido etanóico. Foto: Marcus André.
310
A reação seguinte é também a responsável pelo fato de um vinho “azedar” (estar se transformando em vi-
nagre); decorre daí a recomendação de guardar garrafas de vinho deitadas, o que umedece a rolha, dificultando a
O
||
CH3 — CH2— OH + O2 (ar) → CH3 — C—OH + H2O
etanol (álcool ácido etanóico
do vinho) (no vinagre)
Os ácidos carboxílicos são compostos que possuem o grupo carboxila, ou seja, junção de uma carbonila com
uma hidroxila.
—C—OH
||
O
carboxila
A nomenclatura oficial é feita como nos hidrocarbonetos, mas com a terminação funcional óico em lugar do
sufixo o.
Exemplo 1:
H3C—C—OH
—
Estrutura: ||
O
Exemplo 2:
valérico (do latim valere, “planta valeriana”). O nome oficial IUPAC desse ácido é pentanóico.
O condutor que consumiu uma quantidade de bebida alcoólica superior a 0,1mg de álcool por litro de
ar expelido no exame do bafômetro fica sujeito à multa, suspensão da carteira de habilitação e, depen-
dendo da quantidade de álcool consumida, ele pode até ser preso.
O tipo mais simples e antigo de bafômetro contém um cartucho com K2Cr2O7, depositado sobre partí-
culas de sílica gel umedecidas com H2SO4. Se o ar nele soprado contiver álcool, ocorrerá a mudança de
cor de acordo com a seguinte reação:
312
Ésteres
Os ésteres apresentam grande importância na indústria alimentícia. Essas substâncias aparecem no perfume
das flores e no aroma e sabor dos frutos. Atualmente, as indústrias produzem grandes quantidades de ésteres, que
são usados como sabores e aromas artificiais em doces, balas, sorvetes etc.
Figura 7: As balas de goma são aromatizadas com auxílio de substâncias orgânicas que pertencem ao grupo dos ésteres.
Foto: Marcus André.
Ésteres são substâncias derivadas de ácidos carboxílicos nas quais o hidrogênio da carboxila foi trocado por
um grupo orgânico.
Para fazer a nomenclatura dos ésteres é necessário reconhecer a parte da molécula que veio do ácido e o grupo
Exemplo:
Exemplo:
H3C—CH2—C—OH + HO— CH2—CH3 → H3C—CH2—C— O— CH2—CH3 + H2O
|| etanol || água
O O
ácido propanóico propanoato de etila
Agora me diga se você não está impressionado com a diversidade dos compostos orgânicos e de como eles
envolvem a nossa vida e nem nos damos conta. Mas ainda temos muitos mais para discutir.
Na próxima unidade veremos a funções orgânicas que estão presentes, principalmente, na nossa alimentação.
Veremos que os compostos orgânicos são imprescindíveis para nos mantermos vivos e saudáveis.
Resumo
|
Álcool —C—OH
|
AR—OH
Fenol
AR é um anel aromático
R—O—R´
Éter
R e R´ são radicais orgânicos
O
||
Aldeído
R—C—H
R é um radical orgânico ou H
314
O
||
Cetona
R—C—R´
R e R´ são radicais orgânicos
O
||
Ácido carboxílico
R — C—OH
R é um radical orgânico ou H
O
||
Éster
R—C—O—R´
R e R´ são radicais orgânicos
Veja ainda
Etanol: a revolução verde e amarelo, de Décio Fischetti e Oziris Silva. São Paulo: Bizz Comunicação, 2008.
Plantas e Perfumes, as essências mais usadas, de Antonieta Barreiro Cravo. São Paulo: Editora Hemus, 1986.
Referências
FELTRE, Ricardo; Química volume 3 – Química Geral. São Paulo: Editora Moderna, 2009.
Fenol e éter.
Atividade 2
Então:
H3C—CH2— CH2—CH2—C— OH
||
O
316
O que perguntam por aí?
Questão 1 (UNESP 2005)
Por motivos históricos, alguns compostos orgânicos podem ter diferentes denominações aceitas como corre-
tas. Alguns exemplos são o álcool etílico (C2H6O), a acetona (C3H6O) e o formaldeído (CH2O). Esses compostos podem
Gabarito: Letra C.
Comentários: Etanol = álcool etílico – é um álcool com dois carbonos, ou seja, a nomenclatura oficial apresen-
ta prefixo et e sufixo ol.
Propanona = acetona – é uma cetona com três carbonos, ou seja, a nomenclatura oficial apresenta prefixo
Metanal = formaldeído – é um aldeído com apenas um carbono, ou seja, a nomenclatura oficial apresenta
Na tabela a seguir, são relacionados quatro hormônios esteroides e suas correspondentes funções orgânicas.
a b.
c. d.
Gabarito e comentários:
318
b. Estradiol, pois apresenta as funções fenol e álcool.
Usado como solvente de vernizes, o etanoato de etila é um éster que, ao reagir com a água, fornece etanol
a. C4H8O2.
b. C2H6O3.
c. C2H4O2.
d. C4H10O3.
e. C2H6O.
Comentários:
Questão 4 (UNIFOR)
O ácido málico é um ácido orgânico encontrado naturalmente em algumas frutas, como a maçã e a pera. É uma
substância azeda e adstringente, sendo utilizada na indústria alimentícia como acidulante e aromatizante. Na estrutu-
ra do ácido málico mostrada a seguir, estão presentes respectivamente os grupos funcionais e as funções orgânicas:
Gabarito: E
Comentários:
320
Questão 5 (UFRRJ)
Uma das várias sequelas causadas por níveis elevados de glicose no sangue de pacientes diabéticos, que não
seguem o tratamento médico adequado, envolve o aumento da concentração de sorbitol nas células do cristalino
ocular, que pode levar à perda da visão. Com base na transformação mostrada na equação a seguir, na qual os átomos
Não?! Então deveria, pois é a nossa alimentação que fornece energia e subs-
Quer um exemplo? Então, vá até a sua cozinha e pegue algum alimento que
esteja embalado. Pode ser qualquer coisa: um pacote de biscoito, de arroz, de óleo,
de suco industrializado ou qualquer outro alimento. Preste atenção em seu rótulo.
sua embalagem:
Essa medida simples é uma orientação do Ministério da Saúde para que a população possa escolher consumir
produtos mais adequados à sua alimentação diária.
Perceba que os valores informados no rótulo de um alimento devem ser apresentados por porção, ou seja, “um
pacote” ou “100 g” ou “2 biscoitos” ou “1 copo” e assim por diante. Assim, cada consumidor pode avaliar quanto está
consumindo de cada nutriente e pode comparar entre produtos semelhantes.
Outras informações (se o produto é light ou diet, se contém ômega 3, gordura trans, dentre outras) também
estão presentes nos rótulos dos alimentos. Preste atenção nelas!
O rótulo mostrado na Figura 1, além de apresentar a quantidade de quilocalorias (Kcal) que você consome
por porção ingerida, também nos informa a quantidade de carboidratos, vitaminas, gorduras e proteínas que esses
alimentos nos fornecem.
Essas substâncias orgânicas, em conjunto com a água e os sais minerais, são chamadas de nutrientes, pois
possuem funções biológicas específicas e essenciais ao nosso organismo.
Por isso, de acordo com o nosso metabolismo, devemos consumir quantidades adequadas de cada um deles.
Você já deve ter ouvido falar em pirâmide alimentar, não?
A pirâmide alimentar nos fornece informações sobre a quantidade e a qualidade dos alimentos que devemos
consumir, do ponto de vista nutricional. Veja na Figura 2, um exemplo.
Figura 2: A Pirâmide Alimentar relaciona os nutrientes mais adequados para uma alimentação saudável. Na base, estão os
alimentos que devemos ingerir em maiores quantidades, já no topo estão os que devemos ingerir pouco.
324
Mas, falando quimicamente, o que são carboidratos, proteínas e lipídios?
Vamos aprender um pouco sobre eles? Esta aula irá lhe mostrar que algumas substâncias são essenciais para a
Boa leitura!
Objetivos de aprendizagem
Identificar a presença das funções orgânicas nas estruturas de lipídios, carboidratos e proteínas.
Nesse grupo de substâncias, temos os açúcares, o amido e a farinha, presentes em pães, bolos e massas. Ou
Isso porque uma alimentação rica em carboidratos pode resultar em obesidade e no aumento da possibilidade
Diabete
Doença metabólica na qual a pessoa fica com alta taxa de açúcar na corrente sanguínea. Isso pode ser causado pela dificuldade
do pâncreas em produzir insulina, um hormônio responsável por facilitar a entrada de açúcar nas células.
Mas fique você sabendo que a ingestão de uma baixa quantidade de carboidratos provoca modificações em
nosso metabolismo, levando a fraqueza, dificuldade de raciocínio, tonturas e até desmaios. Isso porque eles são usa-
dos pelo nosso organismo para produção de energia, fornecendo em média, 4,0 kcal/g.
Então, você deve estar se perguntando: “Qual será a quantidade adequada de consumo de carboidratos para
uma pessoa?”.
Tal avaliação leva em consideração a condição de saúde da pessoa (a sua taxa de glicose no sangue, por exem-
plo), a faixa etária, se é homem ou mulher, a atividade física, dentre outras questões. Por isso, fica o aviso: cuidado com
dietas que você lê nas revistas, pois cada indivíduo possui um metabolismo próprio.
Os carboidratos, também chamados de glicídios ou açúcares, são compostos orgânicos formados por
átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, que pertencem às funções aldeído ou cetona, e apresen-
tam vários grupos hidroxila (-OH), logo, também contendo a função álcool.
326
O nome carboidrato, originalmente, está associado às substâncias que possuem uma fórmula geral do tipo
Cn(H2O)n, também chamadas de hidratos (água) de carbono, como a fórmula geral indica. Por exemplo, a molécula
de glicose, apresentada mais a frente nesta unidade, tem fórmula molecular C6H12O6, o que poderia ser representada
por C6(H2O)6.
Figura 3: Repare nas moléculas de carboidrato... Os grupos que caracterizam a função aldeído e a função cetona estão em
destaque. Mas perceba também os vários grupos hidroxila (-OH) presentes, em negrito, que caracterizam a função álcool.
Fonte: Andrea Borges
Os carboidratos podem ser moléculas simples, chamados de monossacarídeos (como a glicose e a frutose) ou
1.1 Os Monossacarídeos
Como exemplos de monossacarídeos temos a glicose, presente em nosso sangue e nas massas, e a frutose,
A glicose e a frutose possuem a mesma fórmula molecular: C6H12O6. Isso quer dizer que moléculas desses açú-
cares possuem 6 átomos de carbono, 12 de hidrogênio e 6 de oxigênio. A diferença entre elas é o arranjo das ligações
Isômeros
São compostos que possuem a mesma fórmula molecular, mas os átomos estão em arranjos diferentes.
Figura 4: Fórmula estrutural da glicose (figura A) e da frutose (figura B). Repare que, apesar dos átomos serem os mesmos,
estão organizados de forma diferente. Fonte: Andrea Borges
anel), uma vez que a hidroxila (-OH) reage com a carbonila (C=O), formando um grupamen-
to éter, além de ciclizar (fechar) a cadeia. Veja as estruturas da glicose e da frutose, abertas
e fechadas, na tabela 1.
Glicose
α-glicose β-glicose
328
Cadeia aberta Cadeia fechada
Frutose
α-glicose β-glicose
Como você pode perceber, as estruturas químicas são diferentes, produzindo fun-
ções orgânicas diferenciadas. Vamos descobrir as funções orgânicas presentes nessas es-
cada uma das fórmulas estruturas e cite, nas linhas a seguir, os nomes das funções encon-
Cadeia aberta da glicose: _____________________________________
Cadeias fechadas da glicose: __________________________________
Cadeia aberta da frutose: _____________________________________
Cadeias fechadas da frutose: __________________________________
Nesse caso, estamos nos referindo à sacarose, que é um dissacarídeo, ou seja, composto de dois monossacarí-
Figura 5: Ligando os monossacarídeos forma-se um dissacarídeo. A união de uma molécula de glicose com uma molécula de
frutose forma a sacarose, açúcar presente na cana-de-açúcar, com uma ligação glicosídica. Fonte: Andrea Borges
Outros exemplos de dissacarídeos são a maltose, presente no malte, e a lactose, presente no leite. Eles são
Os Polissacarídeos
Os polissacarídeos são moléculas que possuem centenas ou milhares de monossacarídeos ligados, formando
O amido e a celulose são formados pela união de unidades de glicose. Mas você consegue digerir o amido sem
problemas em seu organismo, enquanto que a celulose não. Por que será?
330
O amido é obtido através da repetição de α-glicoses de maneira linear e ramificada, enquanto que a celulose
é obtida através da união de vários monossacarídeos de β-glicose de forma apenas linear. Pequenas alterações no
Em nosso organismo, a celulose presente nas frutas e nos vegetais atua como uma fonte de fibras que pos-
suem um papel muito importante em nossa alimentação. Elas absorvem água, aumentando de tamanho e prolon-
Como você acabou de ler, os carboidratos podem assumir diferentes estruturas que resultam em dife-
rentes funções em nosso organismo.
Aprenda um pouco mais sobre os diferentes carboidratos, acessando o portal do Projeto Condigital
da PUC-RJ, no link abaixo, e assista à animação “Carboidratos – Moléculas semelhantes com funções
diferentes”
http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/software/objetos/T1-02/T1-02-sw-a1/Condigital.html
Você já sabe que no papel tem celulose, certo?! Mas você acredita que ele pode
Alguns tipos de papel recebem amido como aditivo. Vamos descobrir que tipos de
papel recebem tal aditivo e tentar descobrir para que serve?
Tintura de iodo.
Conta-gotas.
Pingue uma gota de tintura de iodo sobre diversos tipos de papel – filtro de café,
papel para impressão, folhas de jornal ou de caderno, guardanapos, papel higiênico, lenços
de papel – e observe.
Assim como fizemos com o papel, você também pode usar o iodo para testar a pre-
sença de amido em comidas, como arroz, batata, milho, trigo e seus derivados. O iodo in-
Um alimento diet é aquele isento de um determinado nutriente (ou o apresenta em quantidade mui-
to pequena). É aqui que se encontra o perigo, pois essa retirada não acarreta redução de calorias
necessariamente.
Em alguns casos, quando há remoção de um determinado ingrediente, outro é adicionado para me-
lhorar o sabor, como os chocolates diets, que contêm muito mais gordura que o chocolate normal,
mas não possuem carboidrato.
Esses alimentos são indicados para pessoas que não podem ingerir determinados nutrientes, como
os diabéticos, que não podem ingerir açúcar.
Já os produtos light apresentam uma redução mínima de 25% de algum nutriente (carboidrato, por
exemplo) em sua composição, em relação à sua versão normal.
Preste atenção! Muitas pessoas cometem o erro de ingerir uma quantidade bem maior do alimento
light do que o fariam com a versão normal e, com isso, acabam consumindo uma quantidade bem
maior de calorias.
Por último, o alimento rotulado como zero pode ser tanto light como diet; ele foi apenas chamado de
forma diferente. É uma “jogada de marketing” para conquistar outro tipo de consumidor, um público
mais jovem e mais atento com a alimentação.
Por isso, veja os rótulos e compare os produtos em suas versões convencionais, light, diet e zero.
Preste muita atenção no que está consumido!
332
Seção 2
Agora é a vez dos lipídios!
As gorduras são os lipídios mais simples, como o óleo, o azeite, a manteiga, maionese, além de alimentos gor-
E, como você viu nas unidades de Termoquímica, a gordura apresenta alto teor calórico – cerca de 9 kcal/g –
por isso, constituem a maior forma de armazenamento de energia do organismo. Logo, os lipídios devem compor de
15% a 30% da nossa dieta, dependendo do metabolismo de cada indivíduo e do nível de sua atividade física.
Os lipídios apresentam uma importante função estrutural, protegendo os órgãos e os nervos contra lesões, e
uma função isolante, já que dificultam a troca de calor entre os ambientes interno e externo ao corpo.
Falando quimicamente:
Lipídios são substâncias gordurosas, insolúveis em água, que possuem a função éster em sua estrutura,
sendo os seus compostos mais simples, como os óleos e as gorduras, derivados de um ácido e um álcool.
Do ponto de vista químico, os lipídios mais simples são ésteres de ácidos de cadeia normal, saturados ou insa-
turados, e que possuem uma carboxila (-COOH) e um número par de átomos de carbono (superiores a dez). Ácidos
Além disso, o álcool que dá origem a esses ésteres é a glicerina (ou glicerol), um triálcool. Por isso, esses lipí-
dios são chamados de glicerídios, triglicerídeos ou triacilglicerois. Verifique, na Figura 6, exemplos dessas estruturas.
Triálcool
É uma molécula que contém três hidroxilas (-OH) que caracterizam a presença da função álcool.
Dê novamente uma olhada na Figura 1. Como você pode observar nas informações nutricionais disponibili-
zadas no rótulo, há dados sobre diferentes tipos de gordura: saturadas, insaturadas, gordura trans... Qual a diferença
entre elas?
Os tipos de gorduras dependem da combinação dos ácidos graxos, que podem ser saturados ou insaturados.
Além disso, os três ácidos graxos que se ligam a uma molécula de glicerol podem ser diferentes.
Vamos conhecê-los?
Muitos são retirados de gordura animais ou vegetais, como o palmítico, o esteárico e o oleico. Nomes estra-
334
Tabela 2 – Exemplos de ácidos graxos saturados, insaturados e poli-insaturados e exemplos de gorduras onde
eles podem ser encontrados em nossa alimentação.
Nome comum
Tipo Fórmula estrutural
(fonte alimentar)
Ácido araquidônico
(gordura animal)
Os números indicam a posição da primeira insaturação a partir da extremidade oposta do grupo fun-
cional. Assim, no ômega-6, a primeira dupla ligação ocorre no sexto átomo de carbono e no ômega-3,
no terceiro carbono. Reveja na Tabela 2 as fórmulas estruturais dessas moléculas.
Podemos obtê-los nos óleos de milho, soja e girassol, no caso do ômega-6, e em óleos de linhaça e
canola, em amêndoas, sementes de abóbora e em peixes, no caso do ômega-3.
É por isso que, em algumas embalagens de óleo de Canola, você encontra os seguintes dizeres como
propaganda:
Livre de gorduras trans e com menor teor de gordura saturada (50% a menos que no óleo de soja).
Contém poli-insaturados ômega-3.
Contém ácidos graxos monoinsaturados (como todo óleo de canola).
Como você viu na Figura 6, as moléculas de lipídios são formadas pela combinação
Você saberia dizer quais são os ácidos graxos que compõem essa molécula de trigli-
cerídeo? Escreva, então, a fórmula estrutural dos três ácidos graxos e classifique-os como
É muito simples... do ponto de vista químico, verifica-se que os óleos são formados, principalmente por ésteres
de ácidos graxos insaturados, enquanto as gorduras são formadas por ésteres de ácidos graxos saturados.
336
Como a insaturação é a única diferença química entre um óleo e uma gordura, é possível transformar óleos em
Isso é possível através de uma reação química chamada hidrogenação, método utilizado para obtenção de
Hidrogenação
Hidrogenação é uma reação química que adiciona átomos de hidrogênio nos átomos de carbono que
possuem a insaturação. O resultado é a quebra da ligação dupla e a formação de novas ligações entre
carbono e hidrogênio. Veja, a seguir, um exemplo desse tipo de reação.
As indústrias utilizam reações de hidrogenação para transformar óleos em gorduras. Essas reações
ocorrem na presença de catalisador metálico (em geral, níquel finamente pulverizado) e aquecimen-
to em torno de 150°C.
Dizem que o sabão foi descoberto por acaso, quando pessoas cozinhavam em fogo de lenha. Elas notaram que
as gorduras e óleos que pingavam da comida sobre as cinzas produziam uma substância que, na água, formava espuma.
Na linguagem química, a reação que ocorre quando triglicerídeos de gordura e óleos reagem com substâncias
Observe, a seguir, a molécula de sabão. Essa duplicidade na molécula, uma parte polar e uma parte
apolar, possibilita a solubilização de gordura na água.
As gorduras saturadas, derivadas de ácidos graxos saturados, estão presentes em carnes gordas, manteiga,
laticínios. O consumo excessivo desse tipo de gordura pode obstruir artérias, comprometendo a atividade do coração.
338
Já as gorduras monoinsaturadas abaixam o nível de colesterol do nosso sangue, sendo encontradas, por exem-
Ainda temos as gorduras com ômega-6 e ômega-3 que podem reduzir o nível de triglicerídeos e o colesterol
total, mas o consumo alto pode baixar a taxa de HDL, o colesterol considerado benéfico.
O colesterol....
Essa molécula apresenta uma função muito importante em nosso corpo. O problema é que produzi-
mos quantidade necessária dessa substância em nosso organismo, mas acabamos ingerindo quanti-
dades extras em nossa dieta alimentar.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essa importante molécula presente no nosso organismo? Aces-
se o endereço eletrônico abaixo do projeto Condigital da Puc-RJ:
http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&view=article&id=477
&Itemid=91
Além das gorduras saturadas e insaturadas, também temos as gorduras trans. Você já escutou falar nelas, não?
As moléculas de gorduras cis e trans possuem a chamada isomeria geométrica. A existência de uma ligação
dupla na cadeia do ácido graxo fornece rigidez a uma molécula, impedindo a rotação. Faça uma pequena pausa e
veja a Figura 8.
Essa pequena diferença no modo como os vários grupos e átomos estão arranjados em torno da ligação dupla
tem consequências no formato da cadeia carbônica, logo, nas propriedades dos ácidos graxos. Os ácidos graxos trans
possuem moléculas “retas”, que se sobrepõem com facilidade, ao contrário dos ácidos cis que possuem moléculas curvas.
Qual a consequência dessa pequena diferença na geometria da molécula? As gorduras trans se acumulam em
nosso organismo, provocando o entupimento de veias e artérias, aumentando o risco de doença cardíaca.
Alguns alimentos normalmente ricos em gordura trans (conforme o rótulo) são biscoitos, pipocas para micro-
-ondas, chocolates diets, margarinas industrializadas. Mais uma vez, fica a dica: preste atenção nos rótulos dos alimen-
Agora que você já sabe sobre os diferentes tipos de gordura, escreva quais os ali-
mentos gordurosos que você ingere em seu dia a dia. Você saberia dizer que tipo de gor-
der pedir orientação a um nutricionista, ou médico, encontre quais seriam alguns substitu-
Lembre-se de que você pode e deve se alimentar de gorduras, afinal são elas a nossa
340
Seção 3
Enfim, as proteínas!
Elas fornecem a mesma quantidade de energia que os carboidratos: 4,0 kcal/g e também possuem funções im-
portantes dentro do nosso organismo. São os constituintes básicos dos músculos, do sangue, dos tecidos, da pele, dos
hormônios, dos nervos, dos anticorpos e das enzimas que catalisam as reações que colocam nosso corpo funcionando.
Consumindo elementos como carnes, peixes, ovos, leite, queijo, feijão, lentilha, estamos fornecendo ao orga-
Falando quimicamente, as proteínas são compostos formados pela ligação de um número muito grande
de aminoácidos, entre 100 e 10.000 unidades, formando macromoléculas de massas molares, variando
entre 10.000 g/mol e mais de 1.000.000 g/mol.
Os aminoácidos são compostos orgânicos de função mista: amina e ácido carboxílico. Tem algo estranho, não? A
função orgânica, chamada ácido carboxílico, você conheceu na Unidade "Funções Oxigenadas", mas e a função amina?
As aminas
As aminas são compostos nitrogenados obtidos pela substituição dos hidrogênios da amônia (NH3) por ca-
deias carbônicas. Dependendo do número de substituições, formamos aminas diferentes. São elas:
Em nosso sistema nervoso, muitas substâncias que pertencem às classes das aminas
res. Eles atuam em seu organismo, em determinadas situações, como, por exemplo, quan-
em situações de estresse.
produzida: a serotonina.
Conheceu? Agora envolva a função amina presente nas fórmulas estruturais dessas
substâncias.
Agora que você conhece a função amina, podemos falar mais um pouco sobre os aminoácidos.
342
Voltando aos aminoácidos...
Valina (Val)
Leucina (Leu)
Triptofano (Trp)
Prolina (Pro)
Isoleucina (Ile)
Fenilalanina (fen)
Alanina (Ala)
Figura 9: Existem vinte aminoácidos diferentes que dão origem a todas as proteínas existentes, mas, nesta figura, represen-
tamos apenas 8 deles, suas estruturas e abreviações. Fonte: Andrea Borges
Dos vinte aminoácidos existentes nas proteínas, o organismo humano não é capaz de sintetizar nove tipos,
Mas, como já dissemos, as proteínas são formadas pela ligação entre os aminoácidos. Quer saber como ela se dá?
Cada aminoácido é ligado a outro por meio de ligações peptídicas, caracterizadas pela reação do grupo carbo-
xílico de um aminoácido com o grupo amino de outro. Entenda melhor o processo na Figura 10.
Figura 10: As ligações entre os aminoácidos são chamadas de ligações peptídicas e ocorrem entre o grupo hidroxila (-OH) da
função ácido carboxílico de um aminoácido com o hidrogênio (-H) da função amina de outro aminoácido. Fonte: Andrea Borges
Nesse tipo de reação, ocorre a formação de uma nova função orgânica nitrogenada: as amidas.
344
Falando quimicamente, amida é todo composto orgânico que possui o nitrogênio ligado diretamente a
um grupo carbonila (C=O).
Brincando de detetive
ção peptídica entre os aminoácidos Glu (ácido glutâmico), Ala (alanina) e Leu (Leucina):
6
ciente, lendo sempre os rótulos dos alimentos e fazendo opções mais saudáveis.
A próxima aula é sobre um grupo de compostos muito importante no mundo moderno: os polímeros! Você
conhece alguns materiais constituidos por eles: garrafas PET, copos descartáveis, borrachas, pneus, PVC.... e tantas
outras coisas! Que tal nos encontrarmos na próxima unidade para bater esse papo?
Resumo
Nesta aula, você pôde conhecer um pouco mais sobre os nutrientes presentes nos alimentos. Dentre eles,
destacam-se:
• Os carboidratos: também chamados de glicídios ou açúcares, são compostos orgânicos formados por
átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, que pertencem às funções aldeído ou cetona, apresentando
• Os lipídios: são substâncias gordurosas, insolúveis em água, que possuem a função éster em sua estru-
tura, sendo os seus compostos mais simples, como os óleos e as gorduras, derivados de um ácido e um
álcool.
• As proteínas: são compostos formados pela ligação de um número muito grande de aminoácidos, entre
100 e 10.000 unidades, formando macromoléculas de massas molares variando entre 10.000 g/mol até
pessoa desenvolver um tipo específico de diabete, mas uma ingestão inadequada de carboidratos provoca
Além de ser uma fonte de armazenamento de energia, os lipídios apresentam uma importante função es-
trutural, protegendo os órgãos e os nervos contra lesões e uma função isolante, já que dificultam a troca de
As proteínas também possuem funções importantes dentro do nosso organismo. São os constituintes bá-
346
sicos dos músculos, do sangue, dos tecidos, da pele, dos hormônios, dos nervos, dos anticorpos e das enzi-
Os lipídios mais simples podem ser formados por ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insatu-
Existem dois tipos principais de funções orgânicas nitrogenadas: as aminas (derivadas pela substituição
dos hidrogênios do NH3 por cadeias carbônicas) e as amidas (com possui um átomo de nitrogênio ligado
Veja Ainda
wcm/connect/662e6700474587f39179d53fbc4c6735/manual_consumidor.pdf?MOD=AJPERES (acessado
em novembro de 2012)
Aprenda um pouco mais sobre os alimentos light ou diet, lendo o artigo da revista Química Nova na Escola:
em novembro de 2012)
Vamos aprender um pouco mais sobre os sabões? Acesse o site clubedaquímica.com e aprenda um pouco
mais sobre eles e a diferença entre sabões e detergentes. Acesse o link: http://goo.gl/87PLh (acessado em
novembro de 2012)
O índice glicêmico indica a velocidade com que o carboidrato ingerido eleva a taxa de açúcar no sangue,
por isso, deve-se priorizar o consumo de alimentos com baixo índico glicêmico. Quer saber que alimentos
são esses? Acesse o site da Sociedade Brasileira de Diabetes e aprenda mais sobre o índice glicêmico dos
vembro de 2012)
ATKINS, Peter William. Moléculas; tradução Paulo Sérgio Santos, Fernando Galembeck. – São Paulo: Editora
Le COUTEUR, PENNEY. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história; tradução, Ma-
ria Luiza X. de A. Borges. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. 343p.
LISBOA, JULIA CEZAR FOSCHINI. Química, 3° ano: Ensino Médio. 1ª. Edição – São Paulo: Edições SM, 2010.
PERUZZO, Francisco M., CANTO, Eduardo L. Química na abordagem do cotidiano. V.3. São Paulo: Moder-
FONSECA, Martha R. M. da. Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia; v.3. São Paulo: FTD, 2010. 416p.
LEVORATO, Anselmo et al. Química – Ensino Médio. Curitiba: SEED-PR, 2006. P. 248.
MATEUS, Alfredo Luis. Química em Questão. 1ª. Edição. São Paulo: Claro Enigma, 2012.163p.
MORTIMER, Eduardo Fleury, MACHADO, Andréa Horta. Química, 3: Ensino Médio. São Paulo: Scipione,
2010. 296 p.
SILVA, E. Roberto. NÓBREGA, O. Salgado. SILVA, R. R. Hashimoto. Química – transformações e energia. São
MÓL. G.S., SANTOS, W.L.P. dos. Química Cidadã: Química Orgânica, Eletroquímica, Radioatividade,
Energia Nuclear e a Ética da Vida. Volume 3. 1ª. Edição – São Paulo: Nova Geração, 2010. 384 p.
348
Atividade 1
Glicose
α-glicose β-glicose
Frutose
α-frutose β-frutose
Atividade 2
O resultado obtido dependerá do tipo de papel que você escolheu. Por isso, para
descobrir a resposta, faça o experimento proposto.
Além de seu uso como alimento, o amido é muito utilizado na indústria de papel
como aditivo. Ele é adicionado para aumentar a resistência do papel. Posteriormente,
quando a folha já está formada, ele é aplicado em sua superfície como uma cobertura que
melhora suas propriedades para a impressão.
[1] monoinsaturado
[2] saturado
[3] poli-insaturado
Atividade 4
Sua resposta pode ser a mais variada possível, pois alimentação é algo muito parti-
Para os que gostam bastante de alimentos fritos em óleo de soja (como batata frita,
sardinha frita, bife de carne ou de frango à milanesa), saibam que eles são ricos em gordu-
ras saturadas, que tendem a ser metabolizadas lentamente pelo organismo. Elas podem,
ainda, quando viajando na corrente sanguínea, aderir com mais facilidade às artérias e
veias e, com o tempo, provocar uma doença chamada de arteriosclerose (entupimento dos
vasos sanguíneos).
Alimentos fritos podem e devem ser substituídos por tipos grelhados ou que são co-
zidos no forno. Mas se você fizer bastante questão de frituras, procure usar outro óleo que
não seja o de soja; use óleo de canola, que é o que possui menor taxa de gordura saturada.
350
Atividade 5
Atividade 6
As milhares de proteínas existentes nos organismos vivos são formadas pela combinação de apenas vinte tipos
de moléculas. Observe a seguir as fórmulas estruturais de diferentes moléculas orgânicas, em que R1 e R2 representam
radicais alquila.
As duas fórmulas que, combinadas, formam uma ligação química encontrada na estrutura primária das
proteínas são:
a. I e V
b. II e VII
c. III e VIII
d. IV e VI
Comentário: Para formar as proteínas, precisamos unir aminoácidos, que são moléculas orgânicas que pos-
Quando ingerimos mais carboidratos do que gastamos, seu excesso é armazenado: uma parte sob a forma
de glicogênio, e a maior parte sob a forma de gorduras. As gorduras são, na sua maioria, ésteres derivados de ácidos
carboxílicos de longa cadeia alifática, não ramificada. Essa cadeia contém um número par de carbonos - consequência
(Adaptado de MORRISON, R. e BOYD, R. “Química orgânica”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1981.)
Um ácido carboxílico, com as características estruturais citadas no texto, apresenta a seguinte fórmula:
a.
b.
c.
d.
Gabarito: Letra C.
Comentário: Segundo o próprio texto, os ácidos graxos possuem cadeia não ramificada e com o número par
de átomos de carbono, critérios encontrados apenas a molécula da letra C, que possui 16 átomos de carbono e é uma
354
Questão 3 (UERJ 1999)
“Um modo de prevenir doenças cardiovasculares, câncer e obesidade é não ingerir gordura do tipo errado. A
gordura pode se transformar em uma fábrica de radicais livres no corpo, alterando o bom funcionamento das células.
As consideradas boas para a saúde são as insaturadas de origem vegetal, bem como a maioria dos óleos. Qui-
micamente, os óleos e as gorduras são conhecidos como glicerídeos, que correspondem a ésteres da glicerina, com
radicais graxos.”
A alternativa que representa a fórmula molecular de um ácido graxo de cadeia carbônica insaturada é:
a. C12H24O2
b. C14H30O2
c. C16H32O2
d. C18H34O2
Gabarito: Letra D.
Comentário: Um ácido graxo insaturado possui duas ligações duplas, uma da insaturação e a outra na carbo-
xila (-COOH). Logo, a quantidade de átomos de hidrogênio deve ser o dobro da quantidade de átomos de carbono,
nosso dia a dia? Pesquisas estimam que a produção mundial de plásticos seja de
cerca de 200 milhões de toneladas por ano. Por isso, podemos afirmar que esta-
mos vivendo na “Era dos Plásticos”, pois a maior parte dos objetos que utilizamos
de triunfo da Química Industrial, uma vez que a maioria dos materiais, anterior-
mente feita de metais, é, agora, constituída por plásticos. Além do menor custo
envolvido na sua fabricação, eles (os plásticos) são mais leves (possuem menor
tas vezes podemos pensar que a autossuficiência desse recurso está relacionada à
Mas afinal, você sabe de que material os plásticos são constituídos? Se sua resposta foi “sim”, parabéns! Porém,
se sua resposta foi “não” prepare-se para conhecer mais profundamente a constituição dos principais plásticos.
Bons Estudos!!
Objetivos de aprendizagem
Classificar os polímeros.
358
Seção 1
Polímeros e Plásticos? É tudo farinha do
mesmo “saco”?
Desde os primórdios, os humanos usam polímeros naturais, como couro, lã, algodão, madeira. Na verdade,
os polímeros (do grego poly: muitos; meros: partes) são macromoléculas constituídas pela união de pequenas partes,
denominadas de monômeros (mono: único; mero: parte), que estão ligados entre si através de ligações covalentes.
O DNA, a celulose (madeira) e os carboidratos são classificados como polímeros naturais, enquanto que os
plásticos são denominados polímeros sintéticos.
Esta unidade irá estudar os polímeros sintéticos, ou seja, aqueles produzidos pelo homem.
Muitos são os processos químicos de produção dos polímeros, mas, basicamente, todos eles têm como obje-
tivo aumentar o tamanho de uma molécula. Do ponto de vista conceitual, o polímero mais simples é o polietileno
(ou polieteno), cuja molécula é formada por muitas centenas de unidades CH2, unidas por ligações covalentes. No
exemplo a seguir, observe que as moléculas menores, monômeros de eteno, “abrem” suas ligações duplas, pela ação
de um catalisador (catal.) e sob influência de determinada temperatura (T) e pressão (P), de forma que elas possam se
ligar umas às outras, formando uma molécula maior (macromolécula), no caso o polietileno.
catal., P e T
n CH2 ═ CH2 (—CH2—CH2—)n
eteno polietileno
(monômero) (polímero)
Observe que o n é o número de repetições da unidade molecular básica que está situado entre parênteses na
representação da macromolécula e está na casa de centenas. Cada macromolécula de um polímero contém milhares
de átomos que se repetem. Entretanto, temos de ter em mente que nem toda macromolécula será um polímero, uma
vez que nem todas são constituídas de partes iguais que se repetem!
Figura 2: Em uma reação química, com o auxílio de um catalisador e em determinadas temperatura e pressão, o eteno “abre”
a sua dupla ligação, permitindo a ligação de outros átomos à molécula. O polímero produzido é o principal constituinte dos
galões de 20L de água mineral. Fonte: Claudio Costa
Elastômeros
Os elastômeros, popularmente conhecidos como borrachas, são polímeros de alta elasticidade, que podem,
Mas a borracha natural se rompe quando submetida a tensões muito grandes e tem relativamente pouca du-
rabilidade, pois sofre oxidação quando exposta ao ar atmosférico por longos períodos (borracha melada). O problema
foi solucionado com o processo de vulcanização, no qual o enxofre é usado para ligar cadeias poliméricas vizinhas,
dando maior resistência ao tensionamento (impedindo sua ruptura), além de aumentar sua resistência à oxidação no
ar e à abrasão.
Abrasão
Ato de remoção de parte de um material, localizado na superfície, por atrito. A ação de lixar uma parede é um processo de
abrasão!
As borrachas são aplicadas na fabricação de pneus, nas solas de sapatos e em terminais e junções de peças que
360
Fibras
As fibras são materiais constituídos geralmente por macromoléculas lineares, estirados em filamento, por isso
a elevada razão entre seu comprimento e as dimensões laterais. Possuem alta resistência mecânica, pois resistem a
Sua grande aplicabilidade é na indústria têxtil, sendo que essas fibras podem ser subdivididas em três grupos:
Plásticos
Os plásticos, por sua vez, são materiais poliméricos encontrados, na sua composição final, no estado sólido à
temperatura ambiente. Atualmente, conhecem-se mais de 60 mil plásticos diferentes, e, dentre os cinquenta produ-
Seção 2
Polímeros e suas estruturas químicas!
A cada dia, os cientistas avançam em seus estudos e no desenvolvimento da ciência, atualmente a variedade
de polímeros existente é muito grande. Para facilitar o estudo destes materiais, os polímeros foram classificados tam-
Ramificada
Figura 4: Na figura acima, observam-se as diferenças estruturais entre os três tipos de cadeias poliméricas. Observe que
as moléculas dos polímeros de cadeia linear estão mais soltas quando comparadas às de cadeia ramificada e mais ainda
quando comparadas às que apresentam ligações cruzadas. Quanto mais solta uma cadeia, menor é sua elasticidade. Fonte:
Claudio Costa
Quanto mais ramificada ou cruzada uma cadeia, maior será sua elasticidade. Por exemplo, o Nylon (material
muito utilizado em meias-calças femininas) apresenta grande elasticidade, uma vez que suas estruturas moleculares
Figura 5: Foto de algumas meias femininas de alta elasticidade. São formadas por Nylon que é um polímero sintético.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pile_of_pantyhose.jpg
362
Moldagem ao calor
Termorrígidos.
Termoplásticos.
Polímeros termorrígidos são aqueles formados por cadeias cruzadas e não podem ser remodelados, pois o re-
aquecimento leva à sua decomposição, ou seja, eles não retornam ao seu formato original. Por isso, eles não podem
Termoplásticos são formados por cadeias lineares ou ramificadas, e podem ser remodelados, pois o reaqueci-
mento degrada parcialmente o polímero. Na indústria, são aplicados na produção de embalagens, eletrodomésticos,
Seção 3
Os polímeros e suas reações poliméricas!
Pesquisas indicam que, por exemplo, a utilização de sacolas plásticas é de quase 1,5 bilhão por dia, isto é, um pouco
mais de 500 bilhões por ano. Você já reparou que (infelizmente!) não vivemos sem sacolas plásticas?
Os polímeros sintéticos são produzidos através da reação de polimerização entre seus monômeros. Estas rea-
Polímeros de condensação
Os polímeros de condensação são aqueles formados pela eliminação de uma molécula menor, normalmente
de água.
Já os chamados copolímeros são polímeros de cadeias heterogêneas, formadas pela reação de condensação.
Dentre os principais copolímeros existentes atualmente, destacam-se o Poli (tereftalato de etileno) – PET, utili-
zado para garrafas de bebida, de óleos vegetais, de produtos de limpeza; e o Policarbonato – PC, que é utilizado para
fabricação dos compacts-Discs (CD’s), das garrafas retornáveis, do escudo da polícia antichoque, entre outros.
Você sabia que o PET e o PC são conhecidos na indústria como plásticos de engenharia? Esses políme-
ros, por apresentarem propriedades superiores, comparados a outros polímeros, possuem processo
de fabricação com custos mais elevados; logo, os preços destes polímeros são mais caros.
Polímeros de adição
Os polímeros de adição são produzidos pela junção simples de pequenas moléculas que possuem ligação du-
pla. Essas ligações duplas se quebram, possibilitando uma arrumação que possibilita a união destas unidades.
A principal matéria-prima utilizada para produção destes polímeros são os alcenos, devido à sua insaturação.
Neste processo, ocorre a quebra destas ligações para união dos monômeros, que pode ser superior a 100.000, for-
Cl Cl
cloreto de vinila cloreto de polivinila
(PVC)
364
Teflon: Poli (tetrafluoretileno) O politetrafluoretileno foi descoberto acidentalmente, em 1938,
por Roy J. Pumklett. É utilizado como revestimento em panelas, pois
evita a aderência. Atualmente é conhecido mundialmente pelo seu
nome comercial, Teflon.
tetrafluoretileno teflon
(monômero)
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:100_0783.JPG
Autor: Andrevan
PE: Polietileno O polietileno é um dos principais polímeros que são produzidos
mundialmente.
eteno polietileno
(monômero) (polímero)
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Plastiktueten.
jpg Autor: Tim Simms
PP: Polipropileno Utilizado em tubos para carga de caneta esferográfica, tapetes e
carpetes, seringas de injeção, armas e peças para máquina de lavar.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Expanded_
polystyrene_foam_dunnage.jpg Autor: Acdx
Em 1998, 50% dos plásticos produzidos no Brasil foram de PE, aproximadamente 22% de PP e PVC, e
em torno de 5% de PS.
Que tal fazermos uma experiência? Para isso, pegue o material discriminado (rea-
Reagentes
366
Procedimento
1. Dilua 04g (01 colher rasa de sobremesa) de bórax em um copo com 100mL de água.
2. No segundo copo, coloque 50mL de cola branca e adicione 50mL de água, misture
bem com o palito de picolé. Em seguida, adicione algumas gotas de corante à
mistura e agite.
3. Misture a solução de bórax à mistura da cola com água, e, com o auxílio do palito,
agite bem a solução. Observe o que acontece.
Identificando polímeros
Devido à sua utilidade, leveza, praticidade, durabilidade e baixo custo, os plásticos constituem quase que a
totalidade dos utensílios que utilizamos no dia a dia. Pare e observe ao seu redor; quantos objetos possuem o plástico
Hoje em dia, quase todos os materiais são embalados em plásticos, pois, devido à sua impermeabilidade e
resistência a ataques de produtos químicos, esse material se tornou o “xodó” das indústrias.
Segundo dados, no Brasil, são produzidas 210 mil toneladas, ou seja, 210.000.000.000 gramas anuais de plásti-
Atualmente, ainda não existem dados, sobre o tempo exato da decomposição de materiais plásticos; o que
se conhece é que este processo é muito lento e demora mais de 500 anos. Isso pode ocasionar sérios danos ao meio
ambiente, pois o plástico jogado no lixo pode obstruir galerias de água e esgoto, o que irá ocasionar enchentes, além
de ser uma grande ameaça para os animais marinhos, pois muitos plásticos acabam no mar e sendo ingeridos por
Aqui no Brasil, já em 1997, o plástico representava 6% de todo lixo produzido, e estimava-se que cada brasileiro
Mas então, o que fazer com todo esse material que é descartado nos lixões? Quais as possíveis soluções para
este problema?
A sociedade nos últimos anos vem tentando solucionar esse problema através da reciclagem e da conscienti-
Reciclagem
É o processo no qual ocorre a reutilização de materiais que passarão a atuar como fonte de matéria-prima para fabricação de
novos produtos.
368
No Brasil, a reciclagem anual tem crescido cerca de 15%; entretanto o que dificulta esse processo é a grande
variedade de materiais plásticos existentes, pois como vimos nas seções acima, cada polímero é constituído por um
monômero diferente, o que ocasiona propriedades físicas diferentes. Portanto, para reciclá-los primeiro é necessário
Para facilitar o processo de separação dos plásticos reutilizáveis, foi estabelecido no Brasil, pela ABNT (Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas), na Norma NBR 13.230, um sistema de codificação de produtos plásticos que
consiste em um símbolo com três setas em sequência, identificando o tipo de plástico com o qual o produto foi fabri-
Figura 7: Simbologia empregada pelas empresas produtoras de embalagens plásticas para diferenciar os vários tipos de
plásticos utilizados.
Olhando para a simbologia descrita na Figura 7, vemos números e siglas, não é mesmo? O que será que elas
Além disso, os diferentes plásticos também podem ser separados uns dos outros através da diferença entre
suas propriedades físicas, como a tensão superficial, a solubilidade, características elétricas e até mesmo densidade.
cesso no qual eles utilizam tanques, contendo água e/ou soluções alcoólicas ou salinas.
simples experiência.
Reagentes
Água
Álcool
Cloreto de sódio
Pedaços de PET, PEAD, PP, PS
Recipientes plásticos
Procedimento
370
Alternativas aos plásticos comuns
Plásticos biodegradáveis podem ser feitos a partir do petróleo, mas com aditivos que permitem que
sejam completamente degradados no ambiente. Elas custam 10% a 15% mais que as sacolas de plás-
tico comuns. Além disso, também podem ser feitas com amido de milho/mandioca/batata, possuem
um custo mais alto e podem exigir o aumento do desmatamento para produção desses alimentos
para a geração de sacolas. Essas matérias-primas são quimicamente modificadas em fábricas quími-
cas tradicionais ou em reatores biológicos. O tempo de decomposição em média dessas sacolas são
de seis meses, sendo a utilização das mesmas permitidas por Lei.
Você sabia que o Ministério do Meio Ambiente possui uma campanha para o uso consciente das saco-
las plásticas no Brasil?
se você procurar por informação estará sempre aprendendo algo mais. Informação é poder, busque-a sempre!
Espero que você tenha aproveitado bastante as nossas conversas e que se sinta estimulado a desvendar tantos
outros mistérios dessa ciência tão importante para a vida e que ajuda a mover o mundo.
Boa sorte!
Resumo
Polímeros são macromoléculas, formadas pela união de pequenas moléculas através de ligações covalentes.
Essas pequenas moléculas que se repetem na cadeia polimérica são chamadas de monômeros.
Por não serem formados de um único constituinte, os polímeros são chamados de materiais.
A reação entre os inúmeros monômeros para a produção da cadeia polimérica é denominada de Reação
de Polimerização.
A reação de polimerização pode ser de adição, quando possui somente um monômero e o polímero é o
único produto da adição, ou de condensação quando possui dois ou mais monômeros, e além do polímero
Os polímeros podem ser classificados de acordo com o seu comportamento mecânico: plásticos termorrí-
Veja Ainda....
Para saber um pouco mais sobre a biodegradação de materiais plásticos, veja o artigo da Química Nova na
372
Referências
SANTOS, W. MÓL, G.: Química Cidadã. São Paulo: Nova Geração, V.3, 2010. P.132-162
DEMARQUETE, N. R. Estrutura e Propriedade de Polímeros. Rio de Janeiro: UFRJ PMT 2100 - Introdução à
WAN, E., GALEMBECK, E., GALEMBECK, F. Polímeros Sintéticos. Cadernos Temáticos da Química Nova na
Escola, 2001.
LIMA, M.E., SILVA, N., S. Estudando os Plásticos: Tratamento de problemas autênticos no Ensino de
CANGEMI, J. M., SANTOS, A. M., NETO, S. C. Biodegradação: Uma alternativa para minimizar os impactos
MARIA, L.C.de S., et all. Coleta Seletiva e Separação de Plásticos. Química Nova na Escola nº 17, 2003.
VIANA, M. B. Sacolas Plásticas: Aspectos Controversos de seu uso e Iniciativas Legislativas. Biblioteca
maior elasticidade.
Atividade 2
a. Polietileno
b. CH2=CHCl
=CHC
c. Revestimento de panelas
Atividade 3
restantes.
374
O que perguntam por aí?
Questão 1 (UNICAMP-SP)
O estireno é polimerizado formando o poliestireno (um plástico muito utilizado em embalagens e objetos
Dos compostos orgânicos abaixo, qual deles poderia se polimerizar em uma reação semelhante? Faça a equa-
Gabarito comentado:
O propileno é o único composto, dentre os apresentados, que também poderia se polimerizar formando o
Outra possibilidade para o sequestro do CO2 atmosférico é sua transformação, por fotossíntese, em açúcar, que,
por processos de fermentação, é convertido em etanol. O etanol, por sua vez, é submetido a uma reação de desidra-
tação, formando etileno; o etileno pode ser transformado em diversos polímeros, como mostra a ilustração a seguir.
Apresente, usando a representação em bastão, a estrutura do polímero formado pela reação de quatro monô-
meros de etileno.
Gabarito:
376
Anexo I • Volume 2 • Módulo 4 • Química
Lista de exercícios
Aqui estamos disponibilizando uma lista com exercícios para você testar seus novos conhecimentos. Os exer-
Lembre-se, praticar é uma das melhores maneiras de aprender. As respostas você encontrará ao final, mas dei-
xe para consultá-las apenas depois de resolver os desafios. Mas não deixe de tentar, ok? Mãos à obra!
1 - UESPI 2009
Atualmente, o gás natural está sendo usado nas indústrias, na geração de energia elétrica e, cada vez mais,
Considerando que:
Determine a massa de gás carbônico produzida pela queima de 5 m3 de gás natural. Dados: Massa molar em
2 – ENEM 2012
O rótulo de um desodorante aerossol informa ao consumidor que o produto possui em sua composição os
gases isobutano, butano e propano, dentre outras substâncias. Além dessa informação, o rótulo traz, ainda, a inscrição
“Não contém CFC”. As reações a seguir, que ocorrem na estratosfera, justificam a não utilização de CFC (clorofluorcar-
Cl +O₃ → O₂ + ClO
A preocupação com as possíveis ameaças à camada de ozônio (O₃) baseia-se na sua principal função: proteger a
matéria viva na Terra dos efeitos prejudiciais dos raios solares ultravioleta. A absorção da radiação ultravioleta pelo
ozônio estratosférico é intensa o suficiente para eliminar boa parte da fração de ultravioleta que é prejudicial à vida.
a) Substituir o CFC, pois não reagem com o ozônio, servindo como gases propelentes em aerossóis.
b) Servir como propelentes, pois, como são muito reativos, capturam o Freon existente livre na atmosfera,
c) Reagir com o ar, pois se decompõem espontaneamente em dióxido de carbono (CO₂) e água (H₂O), que não
atavam o ozônio.
d) Impedir a destruição do ozônio pelo CFC, pois os hidrocarbonetos gasosos reagem com a radiação UV, libe-
rando hidrogênio (H₂), que reage com o oxigênio do ar (O₂), formando água (H₂O).
e) Destruir o CFC, pois reagem com a radiação UV, liberando carbono (C), que reage com o oxigênio do ar (O₂),
3 – ENEM 2012
Para diminuir o acúmulo de lixo e o desperdício de materiais de valor econômico e, assim, reduzir a exploração
de recursos naturais, adotou-se, em escala internacional, a política dos três erres: Redução, Reutilização e Reciclagem.
378
4 – ENEM 2012
hidrocarboneto.
c) A mistura desses reagentes provoca a combustão do hidrocarboneto, o que diminui a quantidade dessa
substância na natureza.
e) O reagente adicionado provoca uma solidificação do hidrocarboneto, o que facilita sua retirada do ambiente.
5 – ENEM 2012
Uma dona de casa acidentalmente deixou cair na geladeira a água proveniente do degelo de um peixe, o que
deixou um cheiro forte e desagradável dentro do eletrodoméstico. Sabe-se que o odor característico de peixe se deve
Na tabela são listadas as concentrações hidrogeniônicas de alguns materiais encontrados na cozinha, que a
Concentração de H₃O+
Material
(mol/L)
Suco de limão 10-²
Leite 10-⁶
Vinagre 10-³
Álcool 10-⁸
Sabão 10-¹²
Carbonato de sódio/barrilha 10-¹²
a) Álcool ou sabão.
6 – ENEM 2011
Um dos problemas dos combustíveis que contêm carbono é que sua queima produz dióxido de carbono.
Portanto, uma característica importante, ao se escolher um combustível, é analisar seu calor de combustão (∆Hcº)
O quadro seguinte relaciona algumas substâncias que contêm carbono e seu ∆Hcº.
Neste contexto, qual dos combustíveis, quando queimado completamente, libera mais dióxido de carbono no
A) Benzeno.
B) Metano.
C) Glicose.
D) Octano.
E) Etanol
380
7 – UERJ 2008
Algumas doenças infecciosas, como a dengue, são causadas por um arbovírus da família Flaviridae.
São conhecidos quatro tipos de vírus da dengue, denominados DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN 4; os três primeiros
A doença, transmitida ao homem pela picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti, não tem trata-
mento específico, mas os medicamentos frequentemente usados contra febre e dor devem ser prescritos com caute-
(A) Éter
(B) Amida
(C) Cetona
(D) Aldeído
Utilizando fórmulas estruturais planas, apresente a equação química correspondente à hidratação descrita e
9 – UNICAMP 1999
O ácido para-amino-benzóico (PABA) já foi muito utilizado em protetores solares, por conseguir absorver uma
parte da radiação ultravioleta oriunda da luz solar. O PABA pode ser considerado como derivado do benzeno no qual
um hidrogênio foi substituído por um grupo carboxila e outro por um grupo amino.
b) Um di-peptídeo é uma molécula formada pela união entre dois amino-ácidos através de uma ligação peptí-
dica. Escreva a fórmula estrutural de uma molécula que seria formada pela união de duas moléculas de PABA através
10 – UFPR 2012
Armadilhas contendo um adsorvente com pequenas quantidades de feromônio sintético são utilizadas para
controle de população de pragas. O inseto é atraído de grandes distâncias e fica preso no artefato por meio de um
adesivo. O verme invasor do milho europeu utiliza o acetato de cis-11-tetradecinila (Figura I) como feromônio de atra-
ção sexual. Isômeros de posição e geométrico desse composto têm pouco ou nenhum efeito de atração.
382
Responda:
b) Forneça o nome oficial pela norma IUPAC do isômero geométrico do feromônio da Figura I.
Questão 1
Gabarito: C
Comentário:
0,60 kg ---------------- 1 m3
x -------------------- 5 m3
2º PASSO: Combustão do CH4
1 CH4 + 2 O2 => 1 CO2 + 2 H2O
x = 6,6 kg de CO2
Gabarito: A
estratosfera. Diante da necessidade de evitar esse mecanismo prejudicial à camada de ozônio tornou-se necessário
a substituição do CFC, que por muito tempo foi utilizado como propelente (material utilizado para mover um objeto
aplicando uma força sobre ele) em aerossóis. Enfim, a utilização dos hidrocarbonetos isobutano, butano ou propano
nos aerossóis é uma maneira de manter as mesmas características dos desodorantes sem agredir a camada de ozônio.
Questão 3
Gabarito: B
Comentário: A utilização de latas de alumínio como material para fabricação de lingotes desse elemento carac-
teriza um processo de reciclagem, no qual esse material pode ser usado, por exemplo, na produção de novos objetos
de alumínio.
Questão 4
Gabarito: D
Comentário: Você sabe que os hidrocarbonetos são compostos orgânicos que apresentam em sua constitui-
ção, basicamente, os elementos C e H, logo, são substâncias com características apolares. Sendo assim, uma possibili-
dade acertada para a solução desse evento seria a utilização de um tensoativo sintético. Nesta questão, era importan-
Os detergentes (ou surfactantes) são substâncias anfifílicas, ou seja, apresentam em sua estrutura molecular
uma parte polar e outra apolar, o que dá a estas moléculas a propriedade de acumularem-se em interfaces de dois
O detergente citado foi o para-dodecil-benzenossulfonato, cuja estrutura é essa da figura a seguir. Veja que o
composto possui uma parte apolar (a esquerda) e outra apolar (a direita) que é capaz de solubilizar o hidrocarboneto.
386
Questão 5
Gabarito: C
Comentário: O cheiro de peixe é causado pelas aminas, mais precisamente, por um composto cuja fórmula
composto é uma base parecida com a amônia (NH₃). Portanto, os materiais mais indicados para amenizar esse odor
Questão 6
Gabarito: C
Comentário: Esta é uma questão que mistura química orgânica com termoquímica. Para resolvê-la é preciso
calcular a quantidade de CO2 produzido na obtenção de 1000 kJ de energia para cada combustível. Vejamos:
Podemos observar que, para uma mesma quantidade de energia obtida, o combustível que libera a maior
Questão 7
Gabarito: B
Questão 8
Comentário: Com base nas informações, o hidrocarboneto X corresponde ao benzeno com duas ramificações
X Y
O composto Y é o para-etil-metil-benzeno e os dois isômeros de posição possíveis são o orto-etil-metil-benze-
no e o meta-etil-metil-benzeno.
Questão 9
Comentário:
A)
B)
Questão 10
Comentário:
b) O nome oficial segundo a IUPAC do isômero é etanoato de trans-tetradec-11-em-1-ila (ou etanoato de trans-
-tetradec-11-enila).