Sísifo Migueltorga

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Sísifo

Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga TORGA, M., Diário XIII.


Estrutura Interna:
A nível da estrutura interna o poema tem duas partes distintas.
A primeira parte, que corresponde à primeira estrofe, diz
respeito ao momento em que o sujeito poético nos incentiva a
sermos ambiciosos e a nunca desistirmos de nada, sugerindo o
exemplo de uma caminhada: “ E os passos que deres/Nesse
caminho duro”.
Na segunda parte, que corresponde à segunda estrofe, é nos
sugerido pelo autor que nunca deixemos de satisfazer as nossas
vontades, os nossos sonhos, apesar de eles serem meras ilusões
causadas pela vida, pela maneira de ser de cada ser humano em
geral: “E, nunca saciado, / Vai colhendo/ Ilusões sucessivas no
pomar”
Estrutura Externa:
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia
e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,

Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

A primeira estrofe é irregular porque tem 11 versos e a


e a segunda estrofe do poema é uma sétima porque tem 7 versos;
Recursos Estilísticos:

Ao longo do poema vamos encontrando diversos recursos


estilísticos, tais como a metáfora
- “Vai colhendo,/ Ilusões sucessivas no pomar” em que “pomar” é
uma metáfora para Vida-;
a antítese - “Sempre a sonhar/ E vendo,/”, uma vez que procura
aproximar duas realidades totalmente opostas-; e um oxímoro - “Só é tua
a loucura,/ Onde, com lucidez, te reconheças.”, em que através de duas
palavras que são opostas se constrói uma realidade impossível para
formar uma nova interpretação.

O autor aconselha-nos a nunca desistir dos nossos sonhos e a sermos


sempre ambiciosos.

João Torres, 7º A, n.13


Sísifo

O título - “Sísifo”: Sísifo diz respeito à personagem principal de um


mito grego. Neste mito, Sísifo, que era considerado o mais
habilidoso e perspicaz de todos os homens, dizia-se “pai de
Ulisses”.
Sísifo despertou a ira de Zeus quando contou ao deus dos rios,
Asopo, que Zeus tinha sequestrado a sua filha Egina e este
mandou que fosse perseguido até à morte.
Ao aperceber-se de que o seu fim estava perto pediu à mulher
que não lhe fizesse qualquer tipo de honras fúnebres. Quando
chegou ao mundo dos mortos, queixou-se a Hades da
“negligência da mulher que nenhuma honra lhe tinha concedido”
e pediu para voltar ao mundo dos vivos, por um curto período,
para a castigar; mas quando cá chegou, não quis mais voltar ao
mundo
dos mortos. Por esse motivo, Hermes (o deus mensageiro)
aplicou-lhe um castigo mais pesado que a própria morte: Sísifo foi
condenado, para todo o sempre, a empurrar uma pedra desde o
sopé da montanha até ao seu cume, caindo a pedra pela
montanha cada vez que atingia o seu cume. Este processo seria
repetido por toda a eternidade.

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