Trocadores de Calor - Final
Trocadores de Calor - Final
Trocadores de Calor - Final
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR.................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
TIPOS DE TROCADORES DE CALOR........................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
EQUAÇÃO BÁSICA DE PROJETO DE UM TROCADOR DE CALOR............................................... 33
CAPÍTULO 3
COEFICIENTES INDIVIDUAIS DE CONVECÇÃO.......................................................................... 53
UNIDADE II
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR.............................................................. 64
CAPÍTULO 1
COMO DIMENSIONAR UM TROCADOR DE CALOR.................................................................. 64
CAPÍTULO 2
INSPEÇÃO E COMISSIONAMENTO DE TROCADORES DE CALOR............................................... 70
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 79
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Caro aluno,
Não importa sua resposta, mesmo assim, é bem provável que ela não seria a mesma se
o tipo de equipamento que vamos estudar a seguir não tivesse sido inventado.
Objetivos
»» Definir um trocador de calor.
Bons estudos!
7
8
FUNDAMENTOS SOBRE UNIDADE I
TROCADORES DE CALOR
CAPÍTULO 1
Tipos de trocadores de calor
Caro aluno,
Com uma quantidade tão grande e diversa, podemos esperar que os tipos de trocadores
de calor sejam igualmente numerosos. Para escolher o mais adequado entre eles, é
necessário considerar aspectos como:
9
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
10
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Os trocadores de calor podem ser classificados de acordo com seu tipo de construção e
de acordo com o processo de transferência utilizado, conforme a Figura 1.
Trocadores
de calor
Processos de Tipo de
transferencia construção
Contato Contato
Tubular De placa
direto indireto
Tipo de
Tubo duplo Espiral
armazenamento
Serpentina
11
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Um exemplo tipo desse tipo de equipamento são as torres de resfriamento (ver Figura
2). As torres de resfriamento sevem para resfriar um fluido que foi aquecido durante a
troca térmica em algum processo industrial ou de condicionamento de ar. No interior
da torre de resfriamento, o fluido que foi aquecido pelo processo anterior (nesse caso
geralmente utiliza-se água) troca calor com o fluxo de ar que é forçado a entrar na torre
de resfriamento. Como a temperatura do fluido é maior que a do ar, o fluido se resfria
e o ar esquenta. O ar que adentrou a torre, frio e seco, deixa a torre de resfriamento a
uma temperatura e umidade maiores que as de entrada. Esse processo é ilustrado na
Figura 3.
Ar quente
Água
saindo da torre
aquecida no
processo
Processo
Torre de Ar frio industrial
resfriamento insuflado
para a torre
Água
resfriada na
torre
Fonte disponível em: <http://www.aguavivatec.com.br/assuntos-tecnicos/torres-de-resfriamento/>. Acesso em: 17 maio 2019.
12
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Neste tipo de trocador de calor há uma parede separando o fluido quente e frio. Não havendo
mistura entre eles, pois cada corrente permanece em passagens diferentes.
Ar quente e úmido
saindo da torre
Ar frio insuflado
na torre Ar frio insuflado
na torre
Fluido refrigerante
resfriado no interior
da torre
Fluido refrigerante
aquecido no processo
13
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Matriz de armazenamento
Fluido
Entrada Saída
Os trocadores do tipo estático não têm partes móveis. As superfícies de troca de calor,
ou matriz, consistem em uma massa porosa (como bolas, seixos, aletas etc.), por meio
da qual os fluidos quente e frio passam de forma alternada. O controle da passagem
alternada dos fluidos é regulado por uma válvula. Quando o fluido quente está
escoamento, a energia na forma de calor é transferida do fluido quente para o a matriz do
trocador regenerativo. A seguir, o fluido quente para de escoar, e se inicia o escoamento
do fluido frio. Durante a passagem do fluido frio, a energia térmica armazenada na
matriz é transferida para o fluido frio. Esse tipo de equipamento não é considerado
muito compacto quando usado para altas temperaturas (de 900 a 1.500°C).
14
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Tambor rotativo
Fonte:de Özisik,1990
15
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Outros exemplos desse tipo de equipamento são os trocadores de calor de tubo e casco
ou de chapa, que veremos logo a seguir.
Alguns dos tipos de trocadores de calor mais comuns são apresentados a seguir.
O projeto dos trocadores de calor de tubo duplo é um dos mais simples que podemos
encontrar.
Eles são construídos com dois tubos circulares montados de forma concêntrica. Um dos
fluidos circula no tubo interno e o outro fluido circula no espaço entre a parede externa
do tubo maior e a parede interna do tubo menor ou espaço anelar.
O tubo interno pode ser liso ou aletado. O tubo aletado com aletas longitudinais
externas, é indicado quando o fluido que escoa pelo espaço anular apresenta coeficiente
convectivo muito baixo, cerca de menos da metade do coeficiente do lado interno do
tubo. As aletas aumentam assim a área de troca de calor.
Esse tipo de construção é muito utilizado para aplicações de altas pressões, pois não
requer, em geral, espessuras de tubos muito espessas. Algumas aplicações comuns
podem ser encontradas na indústria de alimentos, no processamento de alimentos
líquidos com baixa ou média viscosidade, como sucos, polpas, vinhos e purês.
Fluxo do tipo concorrente: nesse arranjo, o fluido circulando no tubo interno e o fluido
circulando no espaço anelar entre os dois tubos fluem no mesmo sentido.
16
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Fluxo do tipo contracorrente: nesse tipo de arranjo os dois fluidos circulam em sentido
contrário. Como o potencial térmico nesse arranjo é maior, esse é o tipo de arranjo
mais comum.
Como os trocadores de calor de tubo duplo não são muito compactos eles não são os
mais competitivos economicamente em aplicações para as quais grandes áreas de troca
térmica sejam necessárias (áreas maiores que 20m2). Para essas aplicações, o número
de módulos necessários geralmente torna sua aplicação inviável do ponto de vista
econômico ou devido ao espaço requerido para instalação.
Outra restrição do uso desse tipo de trocador de calor se refere à natureza dos fluidos.
Dependendo da natureza dos fluidos, pode ocorrer erosão considerada excessiva na
região das curvas de ligação dos grampos.
A limpeza mecânica dos tubos desse tipo de trocador de calor é feita com o uso de escovas
de aço, após a desmontagem das curvas de conexão dos grampos. Esse procedimento
é ineficiente para o espaço anular entre o tubo maior e o tubo menor. Portanto, é
importante considerar esse fator na escolha dos fluidos que circulam no trocador de
calor. Na indústria alimentícia, por exemplo, é preferível que o produto alimentício
círculo no tubo interno e que no espaço anular circule o fluido de resfriamento ou
aquecimento (também chamado de fluido de serviço).
Um tipo particular dos trocadores de calor de tubo duplo são os trocadores de calor de
superfície raspada.
17
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Casco
Conexão
Chicanas
Junta
Base
Feixe tubular
Tampa Espelho fixo
Fonte disponível em: <https://media.licdn.com/dms/image/C5112AQGZYMr7xbpA3A/article-inline_image-shrink_400_744/0?e=156219
8400&v=beta&t=h-gjnUbpVmCihO1j6I_rLbQDhHWgCUCSYMPA1mWJsfk>. Acesso em: 1 maio 2019.
18
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Com relação à sua forma construtiva, podemos encontrar dois tipos de trocadores de
calor de casco e tubos. No primeiro tipo, o feixe de tubos é apoiado em dois espelhos,
que podem ser fixos ao casco ou deslizar junto a um cabeçote flutuante. Os trocadores
de calor com cabeçote flutuante permitem a retirada do feixe de tubos para limpeza e
manutenção. No segundo tipo, o feixe de tubos é apoiado em apenas um espelho. Nesse
caso, os tubos fazem uma curva de 180º na extremidade oposta ao espelho.
Com relação a seu custo, os trocadores de calor com cabeçote flutuante é o mais caro
deles e o de espelho fixo o mais barato entre os três.
A configuração dos trocadores de calor de casco e tubo também permite que o fluido
circulando por dentro do feixe de tubos passe mais de uma vez pelo trocador de calor.
Cada passagem do fluido é chamada de passe. O fluido circulando pelo casco também
pode passar pelo trocador mais de uma vez. Para isso, o interior do casco é dividido por
placas longitudinais ao cilindro que forma o casco.
sempre o fluido de trabalho circulando pelo casco e o produto circulando pelos tubos
pois, o acesso ao lado do casco para manutenção e limpeza é mais difícil que o acesso
aos tubos.
Figura 11. (a) Trocadores de calor de casco e tubos com espelhos fixos; (b) Trocador de calor com feixe de tubos
em U.
Entrada casco
Entrada dos tubos
Espelhos
Entrada casco
Entrada dos tubos
Cabeçote
Chicanas
Saída tubos
Saída casco
(b)
Fonte: Tadini et al. (2018)
A maior parte dos Trocadores de Calor do tipo casco e tubo seguem os critérios de projeto
e fabricação da norma publicada por uma associação chamada “Tubular Exchanger
Manufacturers Association”, ou Associação de fabricantes de trocadores de calor,
também conhecida como TEMA. A Norma TEMA específica critérios a manufatura,
projeto, ensaios, instalação e manutenção dos trocadores de calor de tubo e casco.
20
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
De acordo com essa norma, os trocadores de calor de tubo e casco podem ser classificados
de acordo com a severidade de sua aplicação.
A norma TEMA está (no momento da edição desse material) na sua nona edição, e
apresenta os seguintes tópicos:
1. Nomenclatura.
2. Tolerâncias de fabricação.
5. Normas mecânicas.
7. Relações térmicas.
9. Informações gerais.
Os trocadores de calor da Classe R devem utilizar juntas de dupla camisa ou metal sólido
para os cabeçotes flutuantes internos, para pressões de 300 psi ou maior e para todas as
juntas em contato com hidrocarbonetos. Apesar de comum o uso de outros tipos de juntas
como Grafite Flexível com inserção metálica e PTFE expandido para trocadores de calor da
classe R, essa não é uma prática recomendada e está em desacordo com a Norma TEMA.
21
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Nesse equipamento, o fluido entra no tubo interno por uma conexão rosqueada localizada
fora da seção útil do trocador de calor. As conexões T são construídas com roscas ou
flanges em suas extremidades para permitir a entrada do fluido que vai circular na
parte anular do trocador. O fluido que circula pela parte anular do trocador passa de
um ramo a outro pelo cabeçote de retorno. Já os tubos internos estão conectados de um
ramo a outro por uma curva de retorno que geralmente é exposta e não fornece uma
superfície de transmissão de calor efetiva. Na Figura 12 podemos ver um exemplo desse
tipo de equipamento.
22
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Nos trocadores de calor do tipo serpentina, uma ou mais serpentinas são montadas
em uma carcaça. Enquanto um dos fluidos é escoa pela serpentina, o outro circula no
interior da carcaça do equipamento. Dessa forma, pode-se obter uma grande superfície
de troca de calor acomodada em um espaço relativamente pequeno. A desvantagem
desse tipo de trocador é a operação de limpeza, que se torna bastante inconveniente.
Pode ser configurado em vários formatos. Por exemplo, podem ser utilizadas as formas
helicoidal, espiral, com tubos lisos ou aletados. Assim, é possível adequar a troca térmica
necessária para o projeto ao espaço físico que disponível para a aplicação.
23
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Tqe Tfe
Tfs Tqs
Fonte disponível em: <https://www.mundomecanico.com.br/wp-content/uploads/2014/01/Trocadores-de-calor.pdf> (pág.7). Acesso
em: 1 maio 2019.
Nesse contexto, os trocadores de placa têm um importante destaque. O uso desse tipo de
trocador de calor tem se intensificado desde a década de 1930 na indústria farmacêutica,
alimentícia e outras que a escolha tradicional era o trocador de calor de caso e tubo.
Com os constantes aperfeiçoamentos, os trocadores de calor de placas são intensamente
empregados em operações do tipo líquido-líquido e temperaturas e pressões moderadas,
em processos que demandam flexibilidade e alta eficiência térmica.
Os trocadores de calor de placas são formados por pacotes de placas metálicas. O espaço
entre duas placas metálicas forma um canal de escoamento e o fluido quente e frio
escoam por esses canais de forma alternada.
24
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Devido à sua forma construtiva compacta, os trocadores de calor do tipo SHE utiliza
um menor espaço quando comparado a outros tipos de trocador de calor para realizar
um mesmo tipo de trabalho. Dessa forma, o capital relacionado às instalações que
os trocadores de calor serão utilizados ter um montante menor. Em outro cenário, o
trocador de calor pode ser sobre dimensionado e, com isso, ter uma menor queda de
pressão e, consequentemente, consumir menos energia de bombeamento dos fluidos,
maior eficiência térmica e menor custo relacionado ao consumo de energia.
Ainda com relação ao espaço ocupado pelos trocadores de calor SHE, o desenho,
tamanho e forma dos canais espirais podem ter diferentes configurações, de acordo com
as demandas do processo. Por exemplo, na 4 temos um trocador de calor de espirais
com eixo na posição horizontal. Já na 7 temos um trocador de calor com o eixo montado
na posição vertical.
Outra possível variação de configuração dos trocadores de calor em espiral diz respeito
ao número de estágios. Na Figura 19 podemos observar um trocador de calor configurado
com um único estágio. Já na Figura 20 observamos um trocador de calor configurado
em múltiplos estágios.
25
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
As três diferentes configurações de disposição dos fluidos são representadas na Figura 10.
Conforme veremos mais adiante, ao longo da vida útil e operação normal dos trocadores
de calor, formam-se incrustações nas superfícies de troca de calor deles, reduzindo
a eficiência das trocas térmicas até um ponto em que se faz necessário a parada do
equipamento para limpeza e manutenção, e reestabelecimento das condições iniciais
de operação. A maior ou menor velocidade de formação das incrustações depende de
vários fatores operacionais como o tipo de fluido, velocidades, temperaturas e regime
de escoamento, entre outras.
26
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Fluido em aquecimento
Fluido em resfriamento
27
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Figura 21. Diferentes configurações de disposição de fluxo de fluidos no trocador de calor em espiral - (1) Fluxo
em contracorrente ou paralelo ,(2) Fluxo em espiral ou cruzado, (3) Vapor distribuído ou fluxo em espiral.
1 2 3
28
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
A facilidade de desmontagem também faz com que a área de troca térmica dos trocadores
de calor de placa possa ser facilmente ajustada com o aumento ou redução do número
de placas, dependendo da necessidade ou demanda do processo. Assim como os
trocadores de calor de tubos concêntricos, os de placas apresentam boa flexibilidade
no ajuste da área de troca térmica (acrescentando ou retirando placas), em função da
demanda do processo.
29
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
1 2
3 4
1234 01111 1011 1110 1101 0011 0110 1234
Como os lados quente e frio dos trocadores de calor podem ser configurados de maneira
praticamente independente, as possibilidades de combinações são ainda maiores.
Além disso, o coeficiente global de troca térmica dos trocadores de calor de placa chega
a ser cinco vezes maior do que o obtido em um trocador de calor de casco e tubos
considerando as mesmas condições. Portanto, a área de troca térmica de um trocador
de placas para uma mesma aplicação pode ser bem menor do que aquela necessária para
outros tipos de trocador e o volume de metal usado na construção também é menor.
Assim, especialmente em equipamentos construídos com material mais nobre, como
aço inoxidável, o trocador de calor de placas pode ter uma boa vantagem em termos
de custo.
Assim sendo, podemos considerar que os trocadores de calor do tipo placa apresentam
várias vantagens em relação às demais formas de trocadores de calor em termos de
simplicidade de manutenção, limpeza, flexibilidade e eficiência.
30
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Por outro lado, é necessário considerar a forma construtiva desse tipo de trocador
de calor não suporta pressões superiores a 2000k Pa ou temperaturas superiores a
300oC. Esse tipo de trocador também não é recomendado para produtos com fibras ou
partículas em suspensão, que podem provocar entupimentos. A operação com líquidos
de alta viscosidade também não é recomendada pois a perda de carga pode tornar o
processo proibitivo.
quente frio
Arranjo de 31
passes 2/4 ou
2x2/4x4
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
quente frio
Arranjo de
passes 2/4 ou
2x2/4x4
Considerando que as placas nas extremidades do equipamento não fazem troca térmica,
o número efetivo de placas é igual a sete (nPL=7).
O número de canais é igual de escoamento é igual a oito. O fluido quente ocupa quatro
canais e o fluido frio ocupa os quatro canais restantes. Na configuração mostrada, o
fluido frio faz quatro passes pelo trocador, de forma que np=4 e cada passe tem apenas
um canal (nc/np=1). Por sua vez, o fluido quente faz dois passes, de forma que np=4 e
cada passe tem apenas um canal (nc/np=2).
32
CAPÍTULO 2
Equação básica de projeto
de um trocador de calor
Em algumas situações, também pode ser necessário que o projetista conduza avaliações
de equipamentos já existentes, com o objetivo de avaliar seu desempenho, traduzido
pelo coeficiente global de troca térmica, temperaturas de saída dos fluidos e carga
térmica. Nesse caso, o estudo se inicia pelo levantamento da geometria e tamanho
do trocador de calor. Nesse caso, sendo conhecidos os parâmetros de operação como,
vazões e temperaturas de entrada dos fluidos, procura-se determinar a carga térmica
proporcionada pelo trocador de calor em estudo.
33
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
A área de troca térmica do lado quente (chamaremos de Aq) e a área de troca térmica
do lado frio (chamaremos de Af) dos trocadores de calor do tipo tubular, sejam eles
de tubo duplo, de superfície raspada ou de casco e tubos, possuem valores diferentes.
A área total de troca térmica é a soma da área de todos os tubos do feixe.
A área de troca para o fluido que escoa no interior do(s) tubo(s) pode ser calculada como:
A n.π.Di .L
Já a área de troca para o fluido que escoa no casco ou no ânulo é calcula da como:
A n.π.De .L
Sendo que:
D e − Di
e=
2
A área de referência a ser utilizada no caso dos trocadores de calor tubulares é a maior
área, calculada a partir do diâmetro externo do tubo.
A A=
= f A=
f Aln
= n pl .A ep
Onde:
Onde:
35
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Onde:
ff Cpff
Considerando que: Cf = m
Onde:
q Cpfq
Cfq = m
Equação 8 -
Onde:
36
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Fluido A Fluido B
TA
T1
T2
TB
α1 k α2
Fluxo de calor
RA RP RB
TA T1 T2 TB
Fluxo de calor
Fonte: autor.
∆T
q =
Rt
37
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Onde:
»» ∆T =Tfq-Tff
O valor de Rt compreende a soma dos valores da resistência à troca térmica por convecção
do fluido quente, à resistência à troca térmica por condução da parede do trocador de
calor e da resistência à troca térmica por convecção do fluido frio. Lembrando que o
valor total de uma resistência pode ser obtido pela soma do inverso dos valores das
resistências parciais, podemos obter o valor de Rt pelaEquação 10, obtendo-se o valor
do coeficiente global de troca térmica (U):
1 1 e 1
Rt = = + ≡
+
UA h q A q K A h f Af
M ln
Onde:
Podemos expressar a associação das resistências térmicas por meio da Equação 11,
conhecida como equação básica do projeto de trocadores de calor. Ela relaciona a área
de troca do equipamento com sua carga térmica e temperaturas de saída. De acordo
com ela, a área de troca térmica de um trocador térmico necessária para atender a
uma determinada demanda é inversamente proporcional ao potencial térmico médio
e do coeficiente global de troca térmica. Dessa forma, quanto maio for a diferença
de temperaturas entre o fluido quente e o fluido frio ou maior for o valor de U,
38
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
menor pode ser a área de troca térmica, resultando em equipamentos mais compactos
e com menor custo.
∆T
q
= = UA ∆Tm
Rt
Onde
»» ∆Tm =
potencial térmico médio no trocador
Tipos de escoamento
A forma como os fluidos escoam em um trocador de calor tem uma grande influência
potencial térmico (ΔT = Tfq – Tff) do sistema. Por isso, utilizamos esse critério como
uma das formas de classificar os trocadores de calor.
De acordo com esse critério, há dois tipos de equipamentos mais comuns: aqueles com
escoamento concorrente e aqueles com escoamento em contracorrente.
39
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Figura 29. Perfil de temperatura ao longo de um trocador de calor com arranjo concorrente.
Tfqe Tfqs
Tffe Tffs
Tfqe
Tfqs
Tffs
Tffe
40
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Tffs T Teff
Tefq Tsfq
Fonte: autor.
T
Cff>Cfq
Tfqe
Tffs Tfqs
Tffe
Cff=Cfq
Tffe
Tffs
Tfqs
Comprimento da área de troca
41
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Cq>Cf
Tfqe
Tfqs
Tffs
Tfqs
Dadas as temperaturas de entrada e saída dos fluidos frio e quente, o valor médio do
potencial térmico de um equipamento com escoamento em contracorrente é sempre
maior do que o potencial térmico de um equipamento com escoamento concorrente.
Portanto, os trocadores de calor com escoamento em contracorrente requerem uma
menor área de troca térmica, são mais compactos e geralmente têm menor custo quando
comparados aos equipamentos com escoamento concorrente em mesmas condições
de serviço. Dessa forma, quando não existem restrições operacionais que influenciem
uma decisão diferente, os trocadores com escoamento concorrente normalmente são os
mais utilizados.
42
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
do fluido. Nesses casos, quando o alimento entra no trocador de calor pela mesma
extremidade que o fluido quente, ele se aquece rapidamente e sua viscosidade é reduzida.
Com a redução da viscosidade a potência necessária para o bombeamento cai e o
coeficiente de transporte de energia por convecção aumenta, melhorando o desempenho
do equipamento.
Para um trocador de calor com escoamento em contracorrente, ∆Tln . Pode ser calculada
de acordo com a Equação 13.
43
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
O valo de FMLDT pode ser obtido por meio de gráficos e tabelas disponíveis na literatura
(por exemplo Thulukkanam (2013)).
A Figura 34 mostra gráficos dos quais se pode extrair FMLDT para trocadores de casco e
tubos com um passe no casco número par passes no lado dos tubos (configurações 1/2,
1/4, 1/6 etc.) em função dos parâmetros P1, R1 e NUT1. Na figura, o índice 1 indica o lado
do casco e o índice 2 representa o lado dos tubos, independentemente do escoamento
dos fluidos quente e frio pelos lados 1 e 2. R1 representa a razão entre as capacidades
térmicas dos lados 1 e 2 do trocador e P1é um parâmetro auxiliar que representa uma
relação adimensional de temperaturas.
UA
NTU = .
(m C p ) min
Figura 34. Valor de FMLDT para trocadores de calor de casco e tubos com um passe no lado do casco (índice 1) e
número par de passes nos tubos (índice 2) (arranjos 1/2, 1/4, 1/6 etc.).
44
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Para utiliza o gráfico da Figura 34, primeiro determina-se a área e o coeficiente global
de troca térmica. Em seguida, calcula-se o valor de R1 a partir das temperaturas de
entrada e saída dos fluidos frios e quente. Calcula-se então o valor de NTU. Com o valor
de NTU e R1, pode-se obter o valor de P1 pelo gráfico inferior. Com o valor de P1 e R1,
pode-se extrair o valor de FMLDT por meio do gráfico superior.
Figura 35. Fator de correção FMLDT para trocadores de calor de casco e tubo com dois passes no lado do casco
(índice 1) e número de passes múltiplo de quatro nos tubos (índice 2) (arranjos 2/4, 2/8, 2/12 etc.).
(m .Cp )1 T2 e − T2 s
=R1 =
(m .Cp ) 2 T1s − T1e
T1s − T1e
P1 =
T2 e − T1e
EXEMPLO:
Um trocador de calor de casco e tubos com área de troca de 2,1 m2 opera resfriando
suco de abacaxi, com concentração de sólidos solúveis de 15 ºBrix. O suco percorre
45
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
o lado dos tubos fazendo dois passes. Já o casco é atravessado uma vez com água de
resfriamento que entra a 5,0 ºC. As vazões volumétricas de suco e de água são 1,0 m3.h−1
e 1,9 m3.h−1, respectivamente. Sensores de temperatura nos dutos de entrada e de saída
forneceram os seguintes valores médios: Tqe = 50 ºC e Tqs = 23 ºC.
Determine:
a. r = 1060 kg.m−3,
b. CP = 3770 J.kg−1.K−1.
a. ρ = 1000 kg.m−3,
b. CP = 4200 J.kg−1.K−1.
Solução:
O primeiro passo da resolução desse tipo de problema consiste no cálculo das vazões
dos fluidos quente e frio em termos de massa por unidade de tempo a partir da vazão
volumétrica e densidade dos fluidos:
. .
m= ρQ
1060 kg .m ×1[ m 3.h −1]
3
. ' .
m fq ρ fq fq m fq
= × Q =
> = = 0.29 kg
3600 s
1000 kg .m ×1.9 [ m 3.h −1]
3
. ' .
m ff ρ ff ff m ff
= × Q =
> = = 0.53 kg
3600 s
. .
m fq × C pq (T efq − T sfq )
q=
q= 0.29 kg × 3770 J
.
× 273 [ K ] − 296 [ K ]= 30.103W
s kg .K
( )
46
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Com o valor da carga térmica, podemos calcular a temperatura de saída do fluido frio:
.
q
T= T eff +
sff
.
m ff .C pff
30 [ kW ]
278 +
T sff = 292 K
=
0.53 kg × 4200 J
s kg .K
=∆Tln
(Tsfq − Teff ) − (Tefq − Tsff )
=
( 296 − 278
=
) − ( 323 − 291,5) 24,1K
(Tsfq − Teff ) ( 296 − 278 )
ln ln
(Tefq − Tsff ) ( 323 − 291,5 )
( m × CP ) ff 0,529 × 4200 kg ⋅ s −1 ⋅ J ⋅ kg −1 ⋅ K −1
=R1 = = 2
( m × CP ) fq 0, 294 × 37770 kg ⋅ s −1 ⋅ J ⋅ kg −1 ⋅ K −1
47
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Com o valor de FMLDT podemos utilizar a Equação 15 para calcular o valor do coeficiente
global de troca térmica:
q 30 ×103 W
=U = = = 2 672W .m −2 ⋅ K −1
AFMLDT ∆Tln 2,1× 0,88 × 24,1 m ⋅ K
Respostas:
Fator de incrustação
48
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Assim sendo, para se obter o valor do coeficiente global de troca térmica mais próximo
de valores práticos, é necessário alterar a Equação 10, incluindo os termos associados
às resistências térmicas dos depósitos formados nas superfícies de troca (lados quente
e frio do trocador), conforme representado na Equação 17.
1 R incq e R
Rt = = + ≡
+ incf
Us A h q Aq K A h f Af
M ln
Onde
térmica projetada não é mais atingida mesmo após ajustes nas condições operacionais.
Nesse momento, é necessária a parada para manutenção e limpeza do equipamento.
Exemplo:
50
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Solução:
80 + 30
Tmff
= = 55 oC
2
Em seguida, podemos obter o valor do calor específico médio do fluido frio interpolando
linearmente os valores do calor específico a 1oC e a 100oC:
A temperatura de saída da água quente pode ser determinada por meio da Equação
10.3, assumindo que o trocador é termicamente isolado do ambiente. Para determinar
o calor específico médio e a densidade média da água quente, foi assumida, a priori,
uma temperatura média de 90ºC. Para a obtenção dos valores de Cp e r, equações
correspondentes da Tabela 1 foram utilizadas, sendo: Cp = 4,21 kJ.kg−1.K−1 e r = 967
kg.m−3. A vazão mássica de água é:
= Q ρ
m
m3 kg 1h
m
1, 4 × 967 . 3 .
=
h m 3600 s
m = 0,376kg.s −1
q
T=
sfq Tefq −
m fq C pfq
51
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Tsfq 370 K +
=
21,1×103
.
( J .s −1 )
0,36 × 4210 ( kg .s −1 ) . ( J .kg −1.K −1 )
Tsfq 357
= = K 84o C
97 + 84
Tsff
= = 90,5 oC
2
Valor próximo daquele usado para estimar as propriedades da água. Caso o valor fosse
muito diferente, uma nova temperatura média deveria ser assumida para a determinação
de Cp e r.
q
A=
UFMLDT ∆Tln
21,1×103 W
A= .
( 600 ×1× 31,9 ) (W .m−2 .K −1 ) .K
A = 1,1m 2
A
L=
π De
1,1 m2
L= .
3,1416 × 0, 0254 m
L = 13,8m
O valor encontrado de Usujo = 406 W.K−1m−2 é 32 % menor que o “limpo”. Com esse novo
coeficiente global, a área de troca deverá ser A = 1,62 m2 (Equação 10.8) e o respectivo
comprimento do trocador deverá ser L = 20,3 m (aumento de 48 %).
52
CAPÍTULO 3
Coeficientes individuais de convecção
Para o cálculo do coeficiente global de troca térmica por meio da Equação 10, são
necessários os coeficientes individuais de convecção nos lados quente e frio do trocador:
hq e hf [W. K−1.m−2]. O coeficiente de convecção depende das propriedades do fluido, de
sua velocidade média, da direção de escoamento e da geometria da superfície de troca
térmica. Consequentemente, as correlações para a determinação desses coeficientes
são próprias para cada tipo de trocador e faixa de propriedades dos fluidos. Ao longo
dessa seção, vamos estudar algumas dessas correlações. Porém, antes de partirmos
para as fórmulas de cálculo dos coeficientes de convecção, vamos recordar das outras
relações importantes utilizadas como dado de entrada para o cálculo dos coeficientes de
convecção: o número de Reynolds e o Número de Nusselt.
h.d
Nu =
k
Cpµ
Nu =
k
4 As
Dh =
Pw
Onde:
Assim sendo, para um tubo com regime laminar desenvolvido (NRe ≤2100 e (L/D)/NRe.
NPr) ≤ 0.05), o número de Nusselt é constante e depende apenas do formato da seção
do tubo e da condição de temperatura na parede do tubo.
Para o regime laminar não transitório (NRe ≤2100 e (L/D)/NRe.NPr) ≤ 0.05), na porção
do tubo em que o regime de escoamento laminar ainda não é desenvolvido, a espessura
da camada limite muda em função da posição no tubo. Como consequência, o valor
de h também se altera, de acordo com a posição no tubo e o seu valor médio pode ser
calculado pela Equação 22
0,34
N .N µ
Nu = 1,86 Re Pr .
L
µp
D
Já para o regime turbulento, quando NRe≥104 e (L/D)≥10, podemos utilizar a Equação 23,
desde que a condição de 0,7≥NPr≤700.
54
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
0,34
4
µ
1
Nu = 0, 027.( N Re ) .( N Pr ) .
5 3
µ
p
A =π ∗ De ∗ L
Onde:
Para projetar o trocador, os diâmetros interno e externo dos dois tubos devem ser
especificados (Di e De na Figura 37), deixando como variável o comprimento do trocador,
L [m]. Note que, substituindo as áreas na Equação 10, tem-se o coeficiente global de
troca térmica independentemente do comprimento L.
55
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Para a determinação dos coeficientes convectivos do fluido no tubo interno podem ser
utilizadas as equações apresentadas para escoamento laminar e turbulento no interior
de tubos.
Os coeficientes de Nusselt e Reynolds podem ser obtidos pela Equação 18 e Equação 19,
considerando o diâmetro interno do tubo: d = Di como a dimensão característica.
Para esse caso, a área molhada pode ser escrita conforme a Equação 25.
p
As = ∗ ( Dc 2 − De 2 )
4
Da mesma forma, podemos especificar o perímetro molhado de acordo com a Equação 26.
Pw π ( Dc + De )
=
D=
h Dc − De
56
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
Produto
Fluido de
trabalho
Rotor
Lâminas
raspadoras
Devido à alta viscosidade do fluido, pomos considerar que ele tem o comportamento
de um sólido, trocando calor com a superfície de troca por determinado intervalo de
tempo. A cada vez que a lâmina raspadora passa pela superfície do trocador, o fluido em
contato com a superfície de troca é renovado. Durante o intervalo de tempo entre duas
passadas da lâmina, o fluido permanece na superfície de troca de calor, trocado calor
da mesma forma que um sólido. Por isso, podemos calcular o coeficiente de convecção
pela Equação 28.
4k ρ C pω ni
h=
π
Onde:
57
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
A = nt ∗ π ∗ De ∗ L
Onde:
Q
ν =
nT π .Di2
.
n p 4
Onde:
.
58
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
0,14
0,6 0,33
µ
N NU = 0, 2.( N RE ) .( N Pr )
µp
A velocidade média para calcular o Número de Reynolds pode ser obtida pela razão
entre a vazão volumétrica no casco e a área geométrica média, de acordo com a
Equação 32.
Q
ν =
Agm
Onde:
»» Q = vazão em [m3. s−1]
»» Āgm
Q
ν =
Ac1 . Ac 2
Onde:
59
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Figura 39. Principais dimensões de um trocador de calor de casco e tubos para càlculo da velocidade media
de escoamento.
Entrada do
casco
Chicanas
Chicanas
Tubos
Sc
Dc De ST
Janela
Fonte: Tadini et al. (2018)
A n pl ∗ Aep
=
Onde:
60
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
É importante lembrarmos que a área de troca térmica de uma placa não corresponde à
sua área projetada, pois o padrão ondulado das placas aumenta a área efetiva de troca
de calor.
»» eP=espessura da placa.
»» ec=espessura do canal.
Na prática, o valor de ec deve ser obtido após a prensagem do pacote de placas entre os
pedestais do trocador. Do comprimento medido do pacote de placas subtrai-se (npl + 2)
e divide-se o resultado por (npl – 1) para ter o valor real de ec.
61
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
Tabela 2. Parâmetros de troca térmica para um trocador de calor de placas com padrão espinha de peixe.
Φ NRe b1 b2
≤ 10 0,718 0,349
≤ 30°
> 10 0,348 0,663
< 10 0,718 0,349
45° 10 – 100 0,400 0,598
> 100 0,300 0,663
< 20 0,630 0,333
50° 20 – 300 0,291 0,591
> 300 0,130 0,732
< 20 0,562 0,326
60° 20 – 400 0,306 0,529
> 400 0,108 0,703
< 20 0,562 0,326
≥ 65° 20 – 500 0,331 0,503
> 500 0,087 0,718
O projeto do perfil corrugado das placas do trocador de calor, sobretudo pelo ângulo do
perfil em relação ao eixo transversal da peça afeta significativamente o seu desempenho
térmico e hidráulico. O padrão de perfil mais comum é aquele que se assemelha a
uma espinha de peixe. Para esse design, a perda de carga e o coeficiente convectivo
diminuem conforme o ângulo ϕ aumenta. Para facilitar o entendimento, considere ϕ
com seu valor máximo de 90º: nesse caso as ranhuras são paralelas à direção do fluxo
e têm pouca influência no coeficiente convectivo e perda de carga. Já um valor baixo
de ϕ eleva a turbulência e, consequentemente, aumentando o coeficiente convectivo e a
perda de carga. No projeto do trocador de calor de placas podemos alternar placas com
diferentes valores de ϕ para ter um desempenho intermediário, considerando a média
aritmética dos ângulos ϕ.
0,14
µ
N Nu = b1 ( N Re )b 2 ( N Pr )0,33
µ
p
62
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I
O número de Reynolds pode ser calculado pela Equação 18, lembrando que o diâmetro
hidráulico pode ser calculado pela Equação 21. Nesse caso:
As = ec*wg
Pw= 2 ( f ' × AP × wg + ec )
Pw 2 f ' AP × wg
=
Assim sendo, o diâmetro hidráulico pode ser escrito de acordo com a Equação 36:
Q
ν =
n
c × As
n p
63
PROJETO, ENTREGA
E INSPEÇÃO DE UNIDADE II
TROCADORES
DE CALOR
CAPÍTULO 1
Como dimensionar um trocador
de calor
64
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II
Convecção Natural
Água 250-500
Condensação
Vapor 5000-10000
Vaporização
Água 4000-10000
Condensação
Evaporação
65
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR
Coletar dados
Calcular a diferença de
temperatura efetiva
O equipamento
satisfaz a
condição de
projeto?
Não
Sim
Desenvolver especificações
técnicas
66
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II
q
A=
U.FMLDT
Por exemplo, para um trocador de calor cuja área de troca de calor necessária, calculada
de acordo com os passos anteriores seja 55m2. Vamos considerar também que o fluxo
de fluido de troca de calor necessário para o processo utilizado, como exemplo, seja
de 40m3/h no lado do tubo (Vt) e 80m3/h no lado do casco (Vc). Com esses dados,
selecionamos o trocador de calor tipo 12, com 18.2m2/m (metros quadrados de
área de troca de calor por comprimento de comprimento de tubo) e 232 tubos em
8 passes.
Esse trocador pode ser construído com 4m de comprimento, de forma que, sua área de
troca de calor seja igual a 72.8m2 (4x18.2=72.8 m2), com 32% de reserva ou sobra de área.
Até aqui, calculamos a área necessária do trocador de calor (A) pela Equação 38,
selecionamos um tipo de trocador de calor pela Tabela 2 e obtivemos um novo valor de
área de acordo com os parâmetros recomendados pela norma DIN 28184 (Acalc). Com
os de Acalc, voltamos à Equação 38 e calculamos o novo valor do coeficiente global de
troca térmica, Ur.
q
A=
U.FMLDT
Portanto:
q
Ur =
A calc .FMLDT
67
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR
8. Verificar o valor excedente de U, que pode ser considerado uma reserva para a
diminuição de eficiência devido à incrustação:
U real
Reserva =
U requerido
Tabela 3. Fatores geometricos para trocadores de calor de acordo com DIN 2884 parte 1 com 25x2 tubos.
Tipo DN Z Da B n AE AR AS fw
1 150 2 168 30 14 1770 2425 1.1 0.251
2 200 2 219 40 26 2288 4503 2 0.366
3 250 2 273 50 44 5520 7620 3.5 0.259
4 300 2 324 60 66 5088 11,430 5.2 0.375
5 350 2 355 70 76 6230 13,162 6 0.397
6 350 4 355 70 68 6230 5888 5.3 0.381
7 400 2 406 80 106 11,072 18,357 8.3 0.319
8 400 4 406 80 88 9072 7620 6.9 0.382
9 500 2 508 100 180 14,600 31,172 14.1 0.360
10 500 4 508 100 164 12,100 14,201 12.9 0.430
11 600 2 600 120 258 19,560 44,681 20.3 0.389
12 600 8 600 120 232 22,560 10,044 18.2 0.348
13 700 2 700 140 264 22,560 63,038 28.6 0.456
14 700 8 700 140 324 25,760 14,028 25.4 0.395
15 800 2 800 160 484 29,440 83,819 38 0.454
16 800 8 800 160 432 37,440 18,703 33.9 0.367
17 900 2 900 180 622 41,400 107,718 48.9 0.407
18 900 8 900 180 556 41,400 24,072 43.7 0.416
19 1000 2 1000 200 776 46,000 134,388 61 0.452
20 1000 8 1000 200 712 56,000 30,826 55.9 0.373
21 1100 2 1100 220 934 55,220 161,750 73.4 0.460
22 1100 8 1100 220 860 60,720 37,234 67.5 0.420
23 1200 2 1200 140 1124 72,240 194,655 88.3 0.416
24 1200 8 1200 240 1048 78,240 45,373 82.3 0.390
Tipo fw VR VM
1 0.251 8.73 6.37
2 0.366 16.21 8.34
3 0.259 27.43 19.87
4 0.375 41.15 18.32
68
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II
U real
Reserva =
U requerido
69
CAPÍTULO 2
Inspeção e Comissionamento de
trocadores de calor
Processo de comissionamento
Fazer o comissionamento de um equipamento significa executar um processo estruturado
com o intuído de assegurar que todos os aspectos de um equipamento adquirido, incluindo
os sistemas e componentes foram manufaturados, instalados, testa dose mantidos de
acordo com as especificações de projeto e operacionais estabelecidas no contrato de
aquisição. Esse processo se aplica tanto a equipamentos e instalações novas quanto a
unidades que já estejam em operação e aqueles sujeitos a ampliações ou reformas.
PROJETO
CONTRATAÇÃO
CONSTRUÇÃO FABRICAÇÃO
INSTALAÇÃO
CONDICIONAMENTO
COMISSIONAMENTO
ENTREGA
70
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II
CONHECER
REQUISITOS
NORMATIVOS,
TECNICOS E
ESTATUTÁRIOS E DE CONHECER O
ENGENHEIROS COM
CLIENTES. POR EX. EMPREENDIMENTO
EXPERIÊNCIA MÍNIMA
N-466(PETROBRAS),
ASME, TEMA, NR, ISA,
ABNT
›› Características funcionais;
71
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR
›› Ano de fabricação;
›› Categoria do vaso.
»» Testes de impacto.
»» Ensaios dimensionais.
»» Teste de estanqueidade.
»» Teste hidrostático.
72
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II
Processo de Inspeção
O documento API 571 comenta esses modos de falha e as regiões mais prováveis de
cada das falhas para aplicações de trocadores de calor em refinarias petroquímicas.
73
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR
Caso esses defeitos não sejam detectados a tempo, pode haver perda de pressão
interna, que comprometeria a eficiência do processo e até mesmo a parada total de
funcionamento do equipamento. No caso de operações em indústria farmacêutica,
química ou alimentícia, o rompimento dos tubos por um desses defeitos também
provocaria a perda de produtos devido à contaminação com o fluido de trabalho.
Há vários métodos de ensaios não destrutivos para verificação da integridade dos tubos dos
trocadores de calor, dependendo principalmente do material construtivo do equipamento.
Por exemplo, para inspeções em materiais não ferrosos, geralmente se emprega a técnica
das correntes parasitas (ECT) e para materiais ferrosos pode-se utilizar as técnicas de
campo remoto (RFT) e fuga do campo magnético (MFL). Para cada tipo de defeito a ser
investigado, também é possível o uso de diferentes técnicas e equipamentos de teste.
Bobina de
detecção
Bobina de indução Tubo ensaiado
Figura 47. Sonda evidenciando trinca circunferencial (em preto) e correntes parasitas circunferenciais (em vermelho).
Tubo ensaiado
Bobina
Trinca
74
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II
Os trocadores de calor podem ser classificados de acordo com seu tipo de construção e
de acordo com o processo de transferência utilizado:
Processos de transferência
»» Contato direto.
»» Contato indireto:
›› Transferência direta.
›› Tipo de armazenamento.
75
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR
Tipo de construção
»» Tubular.
›› Carcaça e tubo.
›› Tubo duplo.
›› Serpentina.
»» De placa.
›› Placa e gaxeta.
›› Espiral.
A = Af = Aln = npl.Aep
ÿ ÿ
=
»» Equação 5 – taxa de transferência de calor, lado frio: q H=
ffs .m ff H ffe m ff
=
»» Equação 7 – carga térmica em um trocador de ff Cpff ( Tffs − Tffe )
calor: q m
76
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II
1 R incq e R
Rt = = + ≡
+ incf
Us A h q Aq K A h f Af
M ln
77
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR
No estudo de trocadores de calor vimos que para o cálculo do coeficiente global de troca
térmica são necessários os coeficientes individuais de convecção nos lados quente e frio
do trocador: hq e hf [W. K−1.m−2]. O coeficiente de convecção depende das propriedades
do fluido, de sua velocidade média, da direção de escoamento e da geometria da
superfície de troca térmica. Sendo assim, as correlações para a determinação desses
coeficientes são próprias para cada tipo de trocador e faixa de propriedades dos fluidos.
Ao longo dos nossos estudos vimos algumas dessas correlações. Não podemos também
se esquecer da importância para o cálculo dos coeficientes de convecção do Número de
Reynolds e do Número de Nusselt; e uma terceira relação importante é o Número de
Prandt (Pr), um número adimensional que representa a razão de viscosidade cinemática
e difusividade térmica de um fluido.
78
Referências
E.A.D. Saunders (1988). Heat Exchangers: Selection Design And Construction Longman
Scientific and Technical ISBN 0-582-49491-engineering, 78, April 5, pp. 127–134.
MARRIOTT. Where and how to use the plate heat exchanger. Chemical (1971).
79
REFERÊNCIAS
TOSI, Milena Martelli. Operações unitárias ii aula 3.: São Paulo: USP, 2017. Color.
80