Trocadores de Calor - Final

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Trocadores de Calor

Brasília-DF.
Elaboração

Heber Castro Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR.................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
TIPOS DE TROCADORES DE CALOR........................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
EQUAÇÃO BÁSICA DE PROJETO DE UM TROCADOR DE CALOR............................................... 33

CAPÍTULO 3
COEFICIENTES INDIVIDUAIS DE CONVECÇÃO.......................................................................... 53

UNIDADE II
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR.............................................................. 64

CAPÍTULO 1
COMO DIMENSIONAR UM TROCADOR DE CALOR.................................................................. 64

CAPÍTULO 2
INSPEÇÃO E COMISSIONAMENTO DE TROCADORES DE CALOR............................................... 70

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 79
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
Caro aluno,

Você se lembra da última refeição que você fez?

Não importa sua resposta, mesmo assim, é bem provável que ela não seria a mesma se
o tipo de equipamento que vamos estudar a seguir não tivesse sido inventado.

Nessa disciplina, vamos abordar os trocadores de calor. Esses equipamentos estão


presentes em aplicações que tornam nossa vida mais confortável e têm importante papel
em qualquer tipo de indústria, especialmente naquelas que envolvem transformação
de produtos por meio de processos térmicos como, a indústria alimentícia, química,
farmacêutica, tratamentos térmicos, entre outros. Portanto, mesmo que você tenha
respondido que sua última refeição tenha sido uma maçã, ela provavelmente foi
cultivada com adubos e defensivos agrícolas que passaram por processos térmicos.
Portanto, à menos que tenha sido uma maçã procedente de cultivo orgânico certificado
e colhida nas proximidades de onde você a consumiu e não tenha sido conservada em
câmara fria nem em sua geladeira, o argumento acima é válido.

Objetivos
»» Definir um trocador de calor.

»» Aprender a classificar os trocadores de calor segundo sua forma


construtiva.

»» Identificar as principais variáveis que influenciam a performance de um


trocador de calor.

»» Aprender algumas técnicas de dimensionamento de um trocador de calor.

»» Abordar o processo de comissionamento de trocadores de calor.

Tomara que esses conhecimentos sejam úteis no seu crescimento profissional.

Bons estudos!

7
8
FUNDAMENTOS SOBRE UNIDADE I
TROCADORES DE CALOR

CAPÍTULO 1
Tipos de trocadores de calor

Caro aluno,

No material que estudaremos a seguir vamos entender como funciona e como se


dimensiona um dispositivo chamado trocador de calor. Esse dispositivo está presente
em aplicações que:

»» nos proporcionam conforto e praticidade no dia a dia, como aquecedores


e aparelhos de condicionamento de ar residenciais, refrigeradores
domésticos e permitem o funcionamento adequado de aparelhos
eletrônicos dissipando o calor gerado nas placas de processadores.

»» Permitem a realização de processos de industriais de preparação de


alimentos. Trocadores de calor são dispositivos utilizados para permitir
a transferência de calor de um meio para outro. Por exemplo, um fluido
a temperatura maior troca energia com uma superfície metálica com
temperatura menor que, por sua vez troca energia com outro fluido a
temperatura menor. Esse processo é utilizado desde aplicações simples
como um aquecedor de ambientes residencial até trocadores de calor
utilizados em motores de diversos tipos, processos industriais ou plantas
de energia nuclear.

Com uma quantidade tão grande e diversa, podemos esperar que os tipos de trocadores
de calor sejam igualmente numerosos. Para escolher o mais adequado entre eles, é
necessário considerar aspectos como:

»» Desempenho característico: a troca térmica do tipo de trocador de


calor escolhido deve atender ao desempenho especificado no projeto
do sistema do qual ele vai fazer parte. Na análise do desempenho

9
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

característico devem ser considerados fatores como os limites de


temperatura estabelecidos, além de restrições como a perda de carga.

»» Resistência a condições operacionais: ao selecionar o tipo de


trocador de calor para um projeto, devemos verificar quais são as
condições operacionais às quais o equipamento estará sujeito. Fatores
como, presença de elementos corrosivos, depósito de incrustações,
tensões e esforços mecânicos aos quais o equipamento terá que suportar.
Os tipos de elementos corrosivos presentes devem ser considerados na
fase de seleção do material do equipamento. Porém, a escolha do material
correto não é suficiente para controlar a corrosão. Além do material
correto, deve-se prestar atenção às velocidades dos fluidos nos bocais e
nas mudanças de direção de escoamento. A seleção do trocador também
deve considerar a possibilidade de incrustações se depositarem ao longo
do trocador nas suas consequências. Com relação aos esforços e tensões
mecânicas, é necessário considerar os efeitos gerados por dilatações,
vibrações etc.

»» Formas de manutenção: os trocadores de calor estão sujeitos a


diminuição de sua performance pelo acúmulo de incrustações sobre
as superfícies de troca térmica, além da degradação de superfícies
por corrosão. Por isso, é necessário que, no projeto do sistema, seja
considerado a possibilidade de realização de limpeza química e a
facilidade de substituição de peças danificadas.

»» Flexibilidade Operacional: o tipo de trocador de calor selecionado


deve operar de forma satisfatória em toda a faixa operacional especificada
(velocidades de escoamento, limites de temperatura etc.), sem a formação
excessiva de incrustações, vibrações excessivas, ruído etc.

»» Custo global: além do custo inicial de aquisição do equipamento, deve-


se considerar o custo operacional. No custo operacional devem estar
incluídos principalmente os gastos com manutenção e energia.

»» Dimensões: deve-se considerar as limitações de espaço para instalação,


comprimento e diâmetros padrões de tubo. Além disso, aspectos
logísticos como transporte e operação de instalação também devem ser
considerados.

»» Perda de Carga: quando um fluido escoa por um trocador de calor, pare


da energia do fluido é utilizada para que o mesmo vença as restrições e

10
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

atrito ao longo do caminho. A energia associada à perda de carga deve


ser considerada no dimensionamento do equipamento pois, quanto
maior a perda de carga, maior a energia gasta para movimentar o fluido.
Geralmente, maiores perdas de carga implicam em um maior coeficiente
de película e, portanto, uma maior taxa de transferência de calor. Como a
perda de carga aumenta o gasto de energia com movimentação do fluido
e melhora a troca térmica, é necessário achar um ponto de equilíbrio, que
reduza a energia dispendida ao menor valor possível (maior eficiência do
sistema).

Os trocadores de calor podem ser classificados de acordo com seu tipo de construção e
de acordo com o processo de transferência utilizado, conforme a Figura 1.

Figura 1. Classificação dos trocadores de calor.

Trocadores
de calor

Processos de Tipo de
transferencia construção

Contato Contato
Tubular De placa
direto indireto

Trasferencia Carcaça e Placa e


direta tubo gaxeta

Tipo de
Tubo duplo Espiral
armazenamento

Serpentina

Fonte: Adaptado de Bohorquez (2019).

Classificação quanto ao tipo de transferência

Trocadores de calor de contato direto

Os trocadores de calor de contato direto se caracterizam por promover a mistura dos


dois fluidos que estão trocando calor.

11
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Um exemplo tipo desse tipo de equipamento são as torres de resfriamento (ver Figura
2). As torres de resfriamento sevem para resfriar um fluido que foi aquecido durante a
troca térmica em algum processo industrial ou de condicionamento de ar. No interior
da torre de resfriamento, o fluido que foi aquecido pelo processo anterior (nesse caso
geralmente utiliza-se água) troca calor com o fluxo de ar que é forçado a entrar na torre
de resfriamento. Como a temperatura do fluido é maior que a do ar, o fluido se resfria
e o ar esquenta. O ar que adentrou a torre, frio e seco, deixa a torre de resfriamento a
uma temperatura e umidade maiores que as de entrada. Esse processo é ilustrado na
Figura 3.

Figura 2. Torre de resfriamento.

Fonte: Stewart (2018)

Figura 3. Torre de resfriamento (trocador de calor de contato direto).

Ar quente
Água
saindo da torre
aquecida no
processo
Processo
Torre de Ar frio industrial
resfriamento insuflado
para a torre

Água
resfriada na
torre
Fonte disponível em: <http://www.aguavivatec.com.br/assuntos-tecnicos/torres-de-resfriamento/>. Acesso em: 17 maio 2019.

12
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Trocadores de calor de contato indireto

Neste tipo de trocador de calor há uma parede separando o fluido quente e frio. Não havendo
mistura entre eles, pois cada corrente permanece em passagens diferentes.

Os trocadores de calor de contato indireto podem ainda ser subdivididos trocadores de


calor de transferência direta e de armazenamento.

Nos equipamentos de transferência direta, o calor entre os dois fluidos é trocado


continuamente por meio da parede que os separam. Eles também são chamados de
trocadores de calor de recuperação ou simplesmente recuperador.

Um exemplo desse tipo de equipamento são as torres de resfriamento de circuito


aberto. Conforme ilustrado na 4, nas torres de resfriamento de circuito aberto o fluido
refrigerante circula no interior de uma serpentina. O fluido refrigerante passa por algum
processo industrial (por exemplo, resfriando máquinas injetoras em uma fábrica de
plásticos ou o evaporador de um sistema HVAC em um prédio), e retorna para a torre
de resfriamento aquecido. No interior da torre, a água é borrifada sobre as serpentinas
e absorve calor da parede, que foi aquecida pelo contato com o fluido refrigerante.

Figura 4. Torre de resfriamento de circuito fechado – trocador de calor de contato indireto.

Ar quente e úmido
saindo da torre

Ar frio insuflado
na torre Ar frio insuflado
na torre

Fluido refrigerante
resfriado no interior
da torre

Fluido refrigerante
aquecido no processo

Fonte disponível em: <http://www.abrava.com.br/palestradnpc18/c2brunobonaldi.pdf.pdf>. Acesso em: 17 maio 2019.

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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Já nos trocadores de calor de armazenamento, os dois fluidos percorrem as mesmas


passagens de troca de calor em momentos diferentes. Nesse tipo de equipamento, a
energia não é trocada continuamente, mas sim armazenada em um fluido ou em
uma estrutura composta de superfícies de troca de calor chamada matriz. Por essa
característica, esses equipamentos também são chamados de regeneradores.

A troca de calor nesses equipamentos ocorre da seguinte forma. Para o caso de um


processo de resfriamento, o fluido quente atravessa a superfície de troca térmica
(matriz) e cede energia para ela. O fluido se resfria e a matriz se aquece. Em seguida, o
fluido frio atravessa a mesma superfície que, desta vez, cede energia para o fluido. Desta
vez, o fluido se aquece e a para o fluido mais frio e o aquece. Posteriormente, outro
fluido que se deseja resfriar passa por essa matriz e cede energia para ela. O processo
de aquecimento ocorre ao contrário.

Figura 5.Trocador de calor de armazenamento.

Matriz de armazenamento

Fluido

Entrada Saída

Fonte disponível em: <https://www.mundomecanico.com.br/wp-content/uploads/2014/01/Trocadores-de-calor.pdf> Acesso em: 17


maio 2019.

Os trocadores de calor de armazenamento podem ser estáticos ou dinâmicos. Os do tipo


estáticos não possuem partes móveis e os dois fluidos, quente e frio passam pela matriz
em momentos alternados.

Os trocadores do tipo estático não têm partes móveis. As superfícies de troca de calor,
ou matriz, consistem em uma massa porosa (como bolas, seixos, aletas etc.), por meio
da qual os fluidos quente e frio passam de forma alternada. O controle da passagem
alternada dos fluidos é regulado por uma válvula. Quando o fluido quente está
escoamento, a energia na forma de calor é transferida do fluido quente para o a matriz do
trocador regenerativo. A seguir, o fluido quente para de escoar, e se inicia o escoamento
do fluido frio. Durante a passagem do fluido frio, a energia térmica armazenada na
matriz é transferida para o fluido frio. Esse tipo de equipamento não é considerado
muito compacto quando usado para altas temperaturas (de 900 a 1.500°C).
14
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Como exemplos de suas aplicações podemos citar os pré-aquecedores de ar utilizados


na fabricação de coque e nos tanques de fusão de vidro.

As matrizes de troca térmica dos regeneradores dinâmicos têm o formato de um tambor.


O tambor gira em torno de um eixo fazendo com que um componente entre em contato de
forma alternada com uma corrente quente e, em seguida, com uma corrente fria. A energia
armazenada na matriz durante o contato com o gás quente é transferida para o gás frio
durante o contato com a corrente fria. Um exemplo característico dos regeneradores
rotativos é o pré-aquecedor regenerativo de ar Ljungstrom, mostrado na Figura 6. Esse tipo
de equipamento pode operar em temperaturas de até 870°C. Para as temperaturas mais
altas podem ser utilizadas matrizes constituídas de material cerâmico. Os regeneradores
rotativos são empregados apenas em aplicações nas quais há trocas térmicas entre dois
gases devido às características de troca térmica das matrizes. Sua capacidade calorífica,
geralmente é maior que a da maioria dos gases utilizados nos sistemas de aquecimento,
mas muito menores que a da maioria dos líquidos utilizados para transferência térmica.

Figura 6. Pré-aquecedor de ar Ljungstrom.

Gás frio Gás quente

Tambor rotativo

Fonte:de Özisik,1990

Figura 7. Típico pré-aquecedor de ar (APH).

Fonte disponível em: <https://www.powermag.com/air-preheater-seal-upgrades-renew-plant-efficiency/> Acesso em: 17 maio 2019.

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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Outros exemplos desse tipo de equipamento são os trocadores de calor de tubo e casco
ou de chapa, que veremos logo a seguir.

Alguns dos tipos de trocadores de calor mais comuns são apresentados a seguir.

Classificação dos trocadores de calor quanto


à forma construtiva

Trocador de calor de duplo tubo

O projeto dos trocadores de calor de tubo duplo é um dos mais simples que podemos
encontrar.

Eles são construídos com dois tubos circulares montados de forma concêntrica. Um dos
fluidos circula no tubo interno e o outro fluido circula no espaço entre a parede externa
do tubo maior e a parede interna do tubo menor ou espaço anelar.

O tubo interno pode ser liso ou aletado. O tubo aletado com aletas longitudinais
externas, é indicado quando o fluido que escoa pelo espaço anular apresenta coeficiente
convectivo muito baixo, cerca de menos da metade do coeficiente do lado interno do
tubo. As aletas aumentam assim a área de troca de calor.

Esse tipo de construção é muito utilizado para aplicações de altas pressões, pois não
requer, em geral, espessuras de tubos muito espessas. Algumas aplicações comuns
podem ser encontradas na indústria de alimentos, no processamento de alimentos
líquidos com baixa ou média viscosidade, como sucos, polpas, vinhos e purês.

Os trocadores de calor de tubo duplo são construídos na forma de módulos, também


chamados de módulos, que são conectados sequencialmente em quantidade
correspondente ao comprimento e, consequentemente a área de troca térmica,
especificadas em projeto. Essa forma de construção permite grande flexibilidade
de execução de projeto, sendo necessário apenas conectar-se um número maior ou
menor de grampos.

Podemos separar os trocadores de calor de tubo duplo em dois tipos de arranjo, de


acordo com o fluxo dos fluidos em seu interior.

Fluxo do tipo concorrente: nesse arranjo, o fluido circulando no tubo interno e o fluido
circulando no espaço anelar entre os dois tubos fluem no mesmo sentido.

16
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Fluxo do tipo contracorrente: nesse tipo de arranjo os dois fluidos circulam em sentido
contrário. Como o potencial térmico nesse arranjo é maior, esse é o tipo de arranjo
mais comum.

Além dos arranjos em concorrente e em contracorrente, é possível montar os módulos


em série ou em paralelo, permitindo várias configurações finais.

Como os trocadores de calor de tubo duplo não são muito compactos eles não são os
mais competitivos economicamente em aplicações para as quais grandes áreas de troca
térmica sejam necessárias (áreas maiores que 20m2). Para essas aplicações, o número
de módulos necessários geralmente torna sua aplicação inviável do ponto de vista
econômico ou devido ao espaço requerido para instalação.

Outra restrição do uso desse tipo de trocador de calor se refere à natureza dos fluidos.
Dependendo da natureza dos fluidos, pode ocorrer erosão considerada excessiva na
região das curvas de ligação dos grampos.

A limpeza mecânica dos tubos desse tipo de trocador de calor é feita com o uso de escovas
de aço, após a desmontagem das curvas de conexão dos grampos. Esse procedimento
é ineficiente para o espaço anular entre o tubo maior e o tubo menor. Portanto, é
importante considerar esse fator na escolha dos fluidos que circulam no trocador de
calor. Na indústria alimentícia, por exemplo, é preferível que o produto alimentício
círculo no tubo interno e que no espaço anular circule o fluido de resfriamento ou
aquecimento (também chamado de fluido de serviço).

Um tipo particular dos trocadores de calor de tubo duplo são os trocadores de calor de
superfície raspada.

Os trocadores de calor de superfície raspada possuem um eixo rotativo no centro do


tubo interno. Ao eixo estão ligadas lâminas raspadoras com a função de misturar o
fluido e raspar continuamente o fluido aderido na superfície do tubo. O fluido aderido
à superfície do tubo geralmente está a uma temperatura mais próxima à temperatura
de equilíbrio com a parede do tubo e, portanto, o processo de raspagem e remoção do
fluido aderido ao tubo melhora a troca térmica.

Essa configuração é encontrada principalmente na indústria alimentícia, no


processamento de alimentos líquidos de média ou alta viscosidade como xaropes,
chocolates, molhos, polpas de frutas ou carne processada. Nesse tipo de aplicação, o
processo de raspagem também evita que o produto fique aderido à parede do tubo por
mais tempo que o trocador de calor de casco e tubos

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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Trocadores de calor tubulares: do tipo casco e tubos, tubo


duplo e serpentina

Figura 8. Trocador de calor do tipo casco e tubo.

Fonte: Thulukkanam (2013)

Os trocadores de calor do tipo casco e tubos também são chamados de trocadores de


calor de feixe tubular. Nesse tipo de construção, um feixe de tubos é preso em um disco
(também chamado de espelho), que serve de suporte para os tubos, e montado dentro
de um corpo cilíndrico (também chamado de casco), conforme mostrado nas Figura 9,
No interior do feixe de tubos circula um dos fluidos e por fora do feixe de tubos e no
interior do corpo cilíndrico circula o segundo fluido. No interior do casco muitas vezes
são montadas placas que forçam o fluido a mudar de direção, aumentando a troca
térmica. Essas placas são chamadas de chicanas.

Figura 9. Principais componentes do trocador de calor do tipo casco e tubo.

Casco
Conexão
Chicanas

Junta

Base
Feixe tubular
Tampa Espelho fixo
Fonte disponível em: <https://media.licdn.com/dms/image/C5112AQGZYMr7xbpA3A/article-inline_image-shrink_400_744/0?e=156219
8400&v=beta&t=h-gjnUbpVmCihO1j6I_rLbQDhHWgCUCSYMPA1mWJsfk>. Acesso em: 1 maio 2019.

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FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Figura 10. vista lateral de um feixe de trocador de calor típico.

Fonte: Sabino (2008)

Com relação à sua forma construtiva, podemos encontrar dois tipos de trocadores de
calor de casco e tubos. No primeiro tipo, o feixe de tubos é apoiado em dois espelhos,
que podem ser fixos ao casco ou deslizar junto a um cabeçote flutuante. Os trocadores
de calor com cabeçote flutuante permitem a retirada do feixe de tubos para limpeza e
manutenção. No segundo tipo, o feixe de tubos é apoiado em apenas um espelho. Nesse
caso, os tubos fazem uma curva de 180º na extremidade oposta ao espelho.

Em aplicações em que há grandes diferenças entre as temperaturas de entrada e saída do


fluido, (acima de 100 ºC), é preferível que se utilize a forma construtiva do tipo cabeçote
flutuante ou de tubos em U, para evitar que problemas de dilatação térmica provoquem
vazamentos. Além disso, o projeto deve considerar juntas de expansão adequadas.

Com relação a seu custo, os trocadores de calor com cabeçote flutuante é o mais caro
deles e o de espelho fixo o mais barato entre os três.

Devido à presença de gaxetas internas, os trocadores de calor de cabeçote flutuante


também têm mais elementos com potencial para causar vazamentos.

A forma construtiva dos trocadores de calor de casco e tubo permite um design


compacto e facilmente desmontável. Por outro lado, ajuste da área de troca térmica em
um equipamento já existente é muito difícil.

A configuração dos trocadores de calor de casco e tubo também permite que o fluido
circulando por dentro do feixe de tubos passe mais de uma vez pelo trocador de calor.
Cada passagem do fluido é chamada de passe. O fluido circulando pelo casco também
pode passar pelo trocador mais de uma vez. Para isso, o interior do casco é dividido por
placas longitudinais ao cilindro que forma o casco.

Quando esse tipo de trocador de calor é utilizado para mudar a temperatura de um


produto, como no caso da indústria alimentícia, é aconselhável que o projeto considere
19
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

sempre o fluido de trabalho circulando pelo casco e o produto circulando pelos tubos
pois, o acesso ao lado do casco para manutenção e limpeza é mais difícil que o acesso
aos tubos.

Figura 11. (a) Trocadores de calor de casco e tubos com espelhos fixos; (b) Trocador de calor com feixe de tubos
em U.

Entrada casco
Entrada dos tubos
Espelhos

Saída casco Saída tubos


(a)

Entrada casco
Entrada dos tubos

Cabeçote

Chicanas
Saída tubos
Saída casco

(b)
Fonte: Tadini et al. (2018)

A maior parte dos Trocadores de Calor do tipo casco e tubo seguem os critérios de projeto
e fabricação da norma publicada por uma associação chamada “Tubular Exchanger
Manufacturers Association”, ou Associação de fabricantes de trocadores de calor,
também conhecida como TEMA. A Norma TEMA específica critérios a manufatura,
projeto, ensaios, instalação e manutenção dos trocadores de calor de tubo e casco.

20
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

De acordo com essa norma, os trocadores de calor de tubo e casco podem ser classificados
de acordo com a severidade de sua aplicação.

»» Classe R: são trocadores de calor destinados a aplicações na indústria de


processamento de Petróleo. Esse tipo de aplicação é considerado de uso
severo.

»» Classe B: os trocadores de calor utilizados na indústria química de forma


geral seguem a Classe B.

»» Classe C: são trocadores de calor aplicados em outras indústrias, em


serviço considerado moderado na indústria em geral.

A norma TEMA está (no momento da edição desse material) na sua nona edição, e
apresenta os seguintes tópicos:

1. Nomenclatura.

2. Tolerâncias de fabricação.

3. Informações de fabricação e performance.

4. Instalação, Operação e Manutenção.

5. Normas mecânicas.

6. Vibrações induzidas pelo fluxo do fluido.

7. Relações térmicas.

8. Propriedades físicas dos fluídos.

9. Informações gerais.

10. Boas práticas.

O tipo de junta de vedação utiliza no projeto do trocador de calor é um ponto importante


no projeto do trocador de calor. A norma TEMA especifica o tipo de junta correspondente
para cada classe de equipamento.

Os trocadores de calor da Classe R devem utilizar juntas de dupla camisa ou metal sólido
para os cabeçotes flutuantes internos, para pressões de 300 psi ou maior e para todas as
juntas em contato com hidrocarbonetos. Apesar de comum o uso de outros tipos de juntas
como Grafite Flexível com inserção metálica e PTFE expandido para trocadores de calor da
classe R, essa não é uma prática recomendada e está em desacordo com a Norma TEMA.

21
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Para os trocadores de calor da Classe B ou C também são especificadas juntas dupla


camisa ou metal sólido para os cabeçotes flutuantes internos para pressões de 300 psi
ou maior. Já para as juntas externas permite-se o uso de juntas não metálicas, desde
que seja assegurada a compatibilidade térmica e química com o fluido. Caso se utilize
de soldagem é necessário que a junta seja uniforme em toda a sua periferia. A norma
também recomenda que, sempre que o aparelho for aberto, o fechamento seja com
juntas novas, independentemente do tipo ou material.

A Norma TEMA também traz algumas recomendações de características construtivas.


Por exemplo:

»» Diâmetro do casco: os diâmetros padrão mínimo para casco é 205 mm e


o máximo, 1524 mm.

»» Comprimento dos tubos: os comprimentos padrão, segundo a norma


TEMA, são 2438,4; 3048; 3657,8; 4876,8; 4978,4 e 6096 mm.

»» Diâmetro dos tubos: os diâmetros dos tubos recomendados pela norma


são 1/4,3/8, 1/2, 5/8,3/4,1, 1 1/4, 1 1/2e 2 polegadas.

Um trocador de calor de tubo duplo é composto de dois tubos concêntricos, dois


conectores em formato “T”, um cabeçote de retorno e uma curva de retorno. O tubo
interno e o externo são conectados por meio de buchas de apoio.

Nesse equipamento, o fluido entra no tubo interno por uma conexão rosqueada localizada
fora da seção útil do trocador de calor. As conexões T são construídas com roscas ou
flanges em suas extremidades para permitir a entrada do fluido que vai circular na
parte anular do trocador. O fluido que circula pela parte anular do trocador passa de
um ramo a outro pelo cabeçote de retorno. Já os tubos internos estão conectados de um
ramo a outro por uma curva de retorno que geralmente é exposta e não fornece uma
superfície de transmissão de calor efetiva. Na Figura 12 podemos ver um exemplo desse
tipo de equipamento.

No projeto de trocadores de calor de tubo duplo, é possível aumentar a eficiência de troca


térmica do equipamento pelo controle do regime de escoamento no interior dos tubos.
Por meio da conformação mecânica dos tubos, é possível produzir perfis específicos
em sua parede. Os tubos assim conformados passam a se chamar tubo corrugado.
As protuberâncias criadas no tubo interferem no escoamento fazendo com que o mesmo
passe de laminar para turbulento, aumentando o coeficiente de troca térmica global.
Além disso, o tempo de contato do fluido com o tubo também aumenta e o acúmulo de
incrustações na superfície do tubo diminui.

22
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Figura 12. Trocador de calor de tubo duplo.

Fonte: Solution Controles (2019).

Figura 13. Escoamento em regime linear e turbulento no interior de trocador de calor.

Fonte: Solution Controles (2019).

Nos trocadores de calor do tipo serpentina, uma ou mais serpentinas são montadas
em uma carcaça. Enquanto um dos fluidos é escoa pela serpentina, o outro circula no
interior da carcaça do equipamento. Dessa forma, pode-se obter uma grande superfície
de troca de calor acomodada em um espaço relativamente pequeno. A desvantagem
desse tipo de trocador é a operação de limpeza, que se torna bastante inconveniente.

Pode ser configurado em vários formatos. Por exemplo, podem ser utilizadas as formas
helicoidal, espiral, com tubos lisos ou aletados. Assim, é possível adequar a troca térmica
necessária para o projeto ao espaço físico que disponível para a aplicação. 

Alguns exemplos típicos da aplicação desse tipo de equipamento são o controle de


temperatura em vasos circulares com agitadores mecânicos, tanques de armazenagem
de óleo combustível, tanques de soluções salinas, para evitar cristalização, tanques de
fusão, entre outros.

23
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Figura 14. Trocador de calor de serpentina.

Tqe Tfe

Tfs Tqs
Fonte disponível em: <https://www.mundomecanico.com.br/wp-content/uploads/2014/01/Trocadores-de-calor.pdf> (pág.7). Acesso
em: 1 maio 2019.

Trocador de calor de placa: Placa e gaxeta


e trocador espiral

A competitividade entre indústrias é um grande motivador da otimização de processos


e da criação e aperfeiçoamento de equipamentos que reduzem custos operacionais e
resultam em aumento de receitas. Os equipamentos de transferência de calor têm grande
importância na minimização de custos fixos e operacionais de vários tipos de indústria
e são responsáveis por boa parte da energia consumida nas mesmas. Por isso, trocadores
de calor mais econômicos, compactos e de maior eficiência têm sido desenvolvidos para
suprir as crescentes demandas industriais.

Nesse contexto, os trocadores de placa têm um importante destaque. O uso desse tipo de
trocador de calor tem se intensificado desde a década de 1930 na indústria farmacêutica,
alimentícia e outras que a escolha tradicional era o trocador de calor de caso e tubo.
Com os constantes aperfeiçoamentos, os trocadores de calor de placas são intensamente
empregados em operações do tipo líquido-líquido e temperaturas e pressões moderadas,
em processos que demandam flexibilidade e alta eficiência térmica.

Os trocadores de calor de placas são formados por pacotes de placas metálicas. O espaço
entre duas placas metálicas forma um canal de escoamento e o fluido quente e frio
escoam por esses canais de forma alternada.

Para aumentar a resistência mecânica dos conjuntos e melhorar a troca térmica,


normalmente são empregadas chapas corrugadas. As ranhuras das chapas corrugadas
podem seguir vários padrões como, ranhuras diagonais, verticais ou horizontais.

24
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Há três tipos de trocadores de calor de placas.

O primeiro tipo de equipamento que estudaremos é chamado de calor de placas de


espiral ou espiralado (SHE, spiralheatexchanger).

Devido à sua forma construtiva compacta, os trocadores de calor do tipo SHE utiliza
um menor espaço quando comparado a outros tipos de trocador de calor para realizar
um mesmo tipo de trabalho. Dessa forma, o capital relacionado às instalações que
os trocadores de calor serão utilizados ter um montante menor. Em outro cenário, o
trocador de calor pode ser sobre dimensionado e, com isso, ter uma menor queda de
pressão e, consequentemente, consumir menos energia de bombeamento dos fluidos,
maior eficiência térmica e menor custo relacionado ao consumo de energia.

Ainda com relação ao espaço ocupado pelos trocadores de calor SHE, o desenho,
tamanho e forma dos canais espirais podem ter diferentes configurações, de acordo com
as demandas do processo. Por exemplo, na 4 temos um trocador de calor de espirais
com eixo na posição horizontal. Já na 7 temos um trocador de calor com o eixo montado
na posição vertical.

Outra possível variação de configuração dos trocadores de calor em espiral diz respeito
ao número de estágios. Na Figura 19 podemos observar um trocador de calor configurado
com um único estágio. Já na Figura 20 observamos um trocador de calor configurado
em múltiplos estágios.

Também podemos considerar diferentes configurações dos equipamentos SHE com


relação à disposição dos fluidos que circulam no seu interior.

1. Fluxo em contracorrente ou em paralelo (co-corrente): O fluido


quente e o fluido frio circulam em direções paralelas na espiral dupla,
opostas ou de mesmo sentido. As principais aplicações desse tipo de
configuração estão relacionadas a troca de calor entre dois líquido ou ainda
condensação e arrefecimento de gás. As carcaças geralmente são montadas
verticalmente nas aplicações de condensação de vapor e horizontalmente
quando a aplicação envolve altas concentrações de sólidos.

2. Fluxo em espiral ou fluxo cruzado: nessa configuração, um dos


fluidos segue um em espiral e o outro em fluxo cruzado. Esse tipo de
configuração é adequado sobretudo para aplicações com gases de baixa
densidade. Dessa forma, evita-se que os gases percam pressão quando
passam pelo fluxo cruzado. Essa configuração também é utilizada
na troca de calor entre dois líquidos quando um deles tem uma vazão
consideravelmente maior do que o outro.

25
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

3. Vapor distribuído ou fluxo em espiral: essa configuração funciona


como um condensador. Geralmente a carcaça do equipamento é
montada na posição vertical. Os equipamentos com essa configuração
são projetados para atender a sub-resfriamento tanto de condensado e
não condensáveis. O fluido refrigerante move-se em uma espiral e sai
através do topo. Gases quentes que entram deixam condensado que sai
através da saída inferior.

As três diferentes configurações de disposição dos fluidos são representadas na Figura 10.

Conforme veremos mais adiante, ao longo da vida útil e operação normal dos trocadores
de calor, formam-se incrustações nas superfícies de troca de calor deles, reduzindo
a eficiência das trocas térmicas até um ponto em que se faz necessário a parada do
equipamento para limpeza e manutenção, e reestabelecimento das condições iniciais
de operação. A maior ou menor velocidade de formação das incrustações depende de
vários fatores operacionais como o tipo de fluido, velocidades, temperaturas e regime
de escoamento, entre outras.

A presença de sólidos em suspensão nos fluidos que circulam no trocador de calor é


um dos fatores que favorecem a formação de incrustações. Em um trocador de calor de
espiral a queda de pressão é baixa comparada aos demais tipos de trocadores de calor.
Portanto, as superfícies sujas (superfícies com início de formação de incrustações)
causam um aumento localizado da velocidade do fluido, aumentando o atrito com o
fluido, fazendo com que sua força de arreste seja maior. Podemos considerar esse efeito
como um efeito de autolimpeza para esse tipo de trocador de calor. Mesmo assim,
quando a formação de incrustação atingir um nível inaceitável a limpeza das superfícies
de troca de calor pode ser feita facilmente pois, para acessá-las, basta que a porta frontal
do equipamento seja aberta, como se fosse a porta de um forno ou máquina de lavar
roupas com abertura frontal.

Figura 15. Trocador de calor de espirais – aberto.

Fonte: Scientia. Disponível em:<https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/_/rsrc/1468741810160/trocadores-de-calor-espirais/


troc-espiral-3.jpg>. Acesso em: 1 maio 2019.

26
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Figura 16. Trocador de calor de espirais – fechado.

Fonte: Scientia. Disponível em:<https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/_/rsrc/1468741810160/trocadores-de-calor-espirais/


troc-espiral-3>.jpg . Acesso em: 1 maio 2019.

Figura 17. Representação das correntes de fluido em trocador de calor de espirais.

Fluido em aquecimento
Fluido em resfriamento

Fonte: Scientia. Disponível em: <https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/_/rsrc/1468741807340/trocadores-de-calor-


espirais/she%20operacao.JPG> . Acesso em: 1 maio 2019.

Figura 18. Trocador de calor de espiral com eixo vertical.

Fonte: Scientia. Disponível em: <https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/_/rsrc/1468741807720/trocadores-de-calor-


espirais/troc-espiral-1.jpg> . Acesso em: 1 maio 2019.

27
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Figura 19. Trocador de calor em espiral e único estágio.

Fonte: Scientia. Disponível em: <https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/_/rsrc/1468741803112/trocadores-de-calor-


espirais/cond%20estagios.JPG> . Acesso em: 1 maio 2019.

Figura 20. Trocador de calor em espiral e múltiplos estágios.

Fonte: Scientia. Disponível em: <https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/_/rsrc/1468741803112/trocadores-de-calor-


espirais/cond%20estagios.JPG> . Acesso em: 1 maio 2019.

Figura 21. Diferentes configurações de disposição de fluxo de fluidos no trocador de calor em espiral - (1) Fluxo
em contracorrente ou paralelo ,(2) Fluxo em espiral ou cruzado, (3) Vapor distribuído ou fluxo em espiral.

1 2 3

Fonte: Scientia. Disponível em: <https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/_/rsrc/1468741811023/trocadores-de-calor-


espirais/she%20correntes.JPG> . Acesso em: 1 maio 2019.

28
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

O segundo tipo de equipamento em nosso estudo é o trocador de calor a placas


com gaxetas, também conhecido pela sigla PHE (do inglês Plate Heat Exchanger) e
apresentados na Figura 23 e Figura 24.

Uma das grandes vantagens da configuração em placas é a maior facilidade de


desmontagem. A facilidade de desmontagem permite que as operações de limpeza
mecânica e higienização sejam feitam de forma mais prática quando comparada a
outras formas construtivas. Essa característica é uma grande vantagem quando se trata
de processos sanitários como aqueles utilizados na indústria alimentícia, farmacêutica
e química.

A facilidade de desmontagem também faz com que a área de troca térmica dos trocadores
de calor de placa possa ser facilmente ajustada com o aumento ou redução do número
de placas, dependendo da necessidade ou demanda do processo. Assim como os
trocadores de calor de tubos concêntricos, os de placas apresentam boa flexibilidade
no ajuste da área de troca térmica (acrescentando ou retirando placas), em função da
demanda do processo.

As possibilidades de configuração dos trocadores de calor de placas são inúmeras


considerando o número de canais de escoamento e a distribuição dos fluidos quente e
frio por um deles. A corrente de um fluido pode escoar de forma sequencial pelos canais,
em um arranjo chamado arranjo em série. Nesse caso, o fluido realiza diversos passes
no equipamento. Ainda, a corrente de fluido pode ser dividida entre os canais para
realizar apenas um passe pelo trocador em um arranjo chamado arranjo em paralelo.

As diferentes combinações das correntes de escoamento são determinadas pelos tipos e


posições das gaxetas utilizadas, pela perfuração das placas e pela localização dos bocais
de alimentação dos fluidos, conforme mostrado na Figura 4 e Figura 5.

Figura 22. Possíveis desenhos e posições da gaxeta de um trocador de calor de placas.

Placa Fluxo Fluxo Fluxo Fluxo


furada diagonal I diagonal vertical vertical
final II (esquerda) (direita)

Fonte: Gut (2003)

29
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Figura 23. Possíveis configurações de furação de uma placa.

1 2

3 4
1234 01111 1011 1110 1101 0011 0110 1234

1010 1001 1100 1000 01000 0001 0010 0000

Fonte: Gut (2003)

Como os lados quente e frio dos trocadores de calor podem ser configurados de maneira
praticamente independente, as possibilidades de combinações são ainda maiores.

Além disso, o coeficiente global de troca térmica dos trocadores de calor de placa chega
a ser cinco vezes maior do que o obtido em um trocador de calor de casco e tubos
considerando as mesmas condições. Portanto, a área de troca térmica de um trocador
de placas para uma mesma aplicação pode ser bem menor do que aquela necessária para
outros tipos de trocador e o volume de metal usado na construção também é menor.
Assim, especialmente em equipamentos construídos com material mais nobre, como
aço inoxidável, o trocador de calor de placas pode ter uma boa vantagem em termos
de custo.

O elevado coeficiente de troca térmica também resulta em equipamentos compactos e


peso reduzido e vantagens operacionais.

A eficiente troca térmica torna possível a operação de sistemas com diferenças de


temperatura dos fluidos quente e frio (approach) entre 2oC e 3oC. Além disso, o volume
retido dentro do equipamento também pode ser menor em comparação com outros
tipos de trocador. Essa característica é vantajosa quando um dos fluidos é um produto
termo-sensível (que pode se degradar com a temperatura). A menor quantidade de
produto retido também diminui perdas do processo em caso de paradas para ajustes
de processo ou manutenções.

Assim sendo, podemos considerar que os trocadores de calor do tipo placa apresentam
várias vantagens em relação às demais formas de trocadores de calor em termos de
simplicidade de manutenção, limpeza, flexibilidade e eficiência.

30
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Por outro lado, é necessário considerar a forma construtiva desse tipo de trocador
de calor não suporta pressões superiores a 2000k Pa ou temperaturas superiores a
300oC. Esse tipo de trocador também não é recomendado para produtos com fibras ou
partículas em suspensão, que podem provocar entupimentos. A operação com líquidos
de alta viscosidade também não é recomendada pois a perda de carga pode tornar o
processo proibitivo.

Figura 24. Trocadores de calor de placa.

Fonte: Tadini et al. (2018).

Figura 25. Principais componentes dos trocadores de calor de placa.

Fonte: Tadini et al. (2018).

Figura 26. Arranjo de placas em um trocador de calor.

quente frio

Arranjo de 31
passes 2/4 ou
2x2/4x4
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR
quente frio

Arranjo de
passes 2/4 ou
2x2/4x4

Fonte: Tadini et al. (2018)

No projeto e especificação de um trocador de calor é comum encontrarmos três


variáveis que indicam sua configuração. São elas, o número de placas térmicas (nPL),
número de canais de escoamento (nc) e o número de canais passes (np). A razão entre as
variáveis nc e np, que representa o número de canais por passe, representa a velocidade
de escoamento. Considerando que a vazão do escoamento no trocador é dividida pelos
canais que compõem o passe, quando menor for o número de canais por passe, maior
será a velocidade de escoamento. Na Figura 6, podemos ver um exemplo de configuração
utilizando essas variáveis.

Considerando que as placas nas extremidades do equipamento não fazem troca térmica,
o número efetivo de placas é igual a sete (nPL=7).

O número de canais é igual de escoamento é igual a oito. O fluido quente ocupa quatro
canais e o fluido frio ocupa os quatro canais restantes. Na configuração mostrada, o
fluido frio faz quatro passes pelo trocador, de forma que np=4 e cada passe tem apenas
um canal (nc/np=1). Por sua vez, o fluido quente faz dois passes, de forma que np=4 e
cada passe tem apenas um canal (nc/np=2).

A forma de representação dos tipos de arranjo geralmente seguem o formato:


np(lado quente)Xnc(lado quente)/Xnp(lado frio)Xnc(lado frio). Assim, podemos representar o exemplo da
Figura 26., como um arranjo 2X2/4X1 (lado do fluido quente com dois passes de dois
canais e lado do fluido frio com quatro passes de um canal).

32
CAPÍTULO 2
Equação básica de projeto
de um trocador de calor

O objetivo do projeto de um trocador de calor é buscar a geometria do equipamento que


resulte em um valor ótimo de coeficiente global de troca térmica, dadas as condições
de operação do processo e qualquer restrição aplicável. Nessa fase, o projetista tem
vários graus de liberdade no projeto. A carga térmica é desejada e em condições de
processo como, vazões e temperatura de entrada dos fluidos, são dados de entrada
do projeto. O tamanho da área de troca térmica do trocador de calor e o desenho do
mesmo para atender a carga térmica especificada geralmente são as variáveis que se
deseja determinar.

Em algumas situações, também pode ser necessário que o projetista conduza avaliações
de equipamentos já existentes, com o objetivo de avaliar seu desempenho, traduzido
pelo coeficiente global de troca térmica, temperaturas de saída dos fluidos e carga
térmica. Nesse caso, o estudo se inicia pelo levantamento da geometria e tamanho
do trocador de calor. Nesse caso, sendo conhecidos os parâmetros de operação como,
vazões e temperaturas de entrada dos fluidos, procura-se determinar a carga térmica
proporcionada pelo trocador de calor em estudo.

De forma simplificada, podemos representar a forma de operação de um trocador


de calor contracorrente de acordo com a Figura 27. O fluido com maior temperatura
percorre o equipamento de uma extremidade a outra cedendo calor de forma contínua
ao fluido de menor temperatura. O fluido de menor temperatura também percorre o
equipamento, mas em sentido contrário ao fluido de maior temperatura.

Figura 27. Funcionamento de um trocador de calor.

Saída de Fluido frio Entrada de Fluido


(ff) Frio (ff)
Tffs Tffe
q Af
m ffe
m ffs
m
 fqe m
 fqs
Entrada de Fluido Saída de Fluido
quente (fq) Aq quente (fq)
Tfqe Tfqs
Fonte: autor.

33
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

A área de troca térmica do lado quente (chamaremos de Aq) e a área de troca térmica
do lado frio (chamaremos de Af) dos trocadores de calor do tipo tubular, sejam eles
de tubo duplo, de superfície raspada ou de casco e tubos, possuem valores diferentes.
A área total de troca térmica é a soma da área de todos os tubos do feixe.

A área de troca para o fluido que escoa no interior do(s) tubo(s) pode ser calculada como:

Equação 1 – área interna do trocador de calor.

A  n.π.Di .L

Já a área de troca para o fluido que escoa no casco ou no ânulo é calcula da como:

Equação 2 – área externa do trocador de calor.

A  n.π.De .L

Sendo que:

»» Di= diâmetro interno do tubo [m]

»» De= diâmetro externo do tubo [m]

»» L= comprimento de um tubo [m]

»» n= número de tubos do feixe.

A espessura (e) das paredes do tubo pode ser calculada.

Equação 3 – espessura das paredes de um tubo:

D e − Di
e=
2

A área de referência a ser utilizada no caso dos trocadores de calor tubulares é a maior
área, calculada a partir do diâmetro externo do tubo.

No caso dos trocadores de placa, Aq e Af possuem os mesmos valores e a área total de


troca térmica é a soma das áreas das placas térmicas, ou seja:

Equação 4 – área de troca térmica para um trocador de calor de placas:

A A=
= f A=
f Aln
= n pl .A ep

Onde:

»» npl=número de placas térmicas

»» Aep= área efetiva de troca de uma placa [m2].


34
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

A taxa de transferência de calor entre o fluido de maior temperatura e o fluido de


menor temperatura do trocador de calor, também chamada de carga térmica, pode ser
encontrada a partir da aplicação de um balanço global de energia no lado do trocador
que escoa o fluido frio e pode ser expressa da seguinte forma:

Equação 5 – taxa de transferência de calor, lado frio:


 
 
     

Onde:

»» q = taxa de transferência de calor [W];

»» m ff = vazão do fluido frio [kg.s−1]

»» Hffe= entalpia específica do fluido frio na entrada do trocador de calor


[J.kg−1]

»» Hffs= entalpia específica do fluido frio na saída do trocador de calor


[J.kg−1].

Da mesma forma, podemos aplicar o balanço de energia do lado do fluido de maior


temperatura. Nesse caso, a equação do balanço térmico é expressa como:

Equação 6 – taxa de transferência de calor, lado quente:


 
 
      

»» q = taxa de transferência de calor [W]

»» m fq = vazão do fluido quente [kg.s−1]

»» Hfqe= entalpia específica do fluido quente na entrada do trocador de calor


[J.kg−1]

»» Hffs= entalpia específica do fluido quente na saída do trocador de calor


[J.kg−1]

As equações de balanço térmico como apresentadas anteriormente consideram a


possibilidade de mudança de estado dos fluidos. Se restringirmos essa possibilidade
e considerarmos apenas o caso particular em que não há mudança de estado e
desprezarmos a variação do calor específico em função da temperatura, é possível
reescrever a Equação 5 e a Equação 6 na seguinte forma:

Equação 7 – carga térmica em um trocador de calor.

35
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

=  ff Cpff ( Tffs − Tffe )


q m

Onde:

»» Cpff = calor específico a pressão constante do fluido frio [J.kg-1]

 ff Cpff
Considerando que: Cf = m

Onde:

»» Cff= capacidade térmica do fluido frio[J.s-1]

Podemos considerar que:

 ff Cpff ( Tffs − Tffe=


q m
= ) Cff ( Tffs − Tffe )
Da mesma forma, podemos aplicar o cálculo do balanço térmico considerando o fluido
mais quente:

=  q Cpq ( Tqs − Tqe )


q m

 q Cpfq
Cfq = m

=  q Cpfq ( Tfqs − Tfqe )


q m

Equação 8 -

=q Cfq ( Tfqs − Tfqe )

Onde:

»» Cpfq=calor específico a pressão constante do fluido quente [J.kg-1]

»» Cff= capacidade térmica do fluido quente [J.s-1]

Também podemos calcular a carga térmica pela determinação do coeficiente global


de troca térmica entre os fluidos quente e frio. Para a determinação do coeficiente
global de troca térmica, devemos considerar que as trocas térmicas entre o fluido
quente e o fluido frio ocorrem de três formas: por condução pelas paredes metálicas,
por convecção no fluido frio e por convecção no fluido quente. Podemos visualizar
os três tipos de troca térmica no circuito representado na Figura 28, no qual os
coeficientes de troca térmicas por condução e convecção são apresentadas na forma
de três resistências.

36
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Figura 28. Analogia entre fluxo de calor e elétrico.

Fluido A Fluido B

TA

T1
T2

TB

α1 k α2

Fluxo de calor

RA RP RB

TA T1 T2 TB

Fluxo de calor
Fonte: autor.

Da mesma forma que a corrente elétrica circula em um circuito elétrico devido à


diferença de potencial elétrico, a energia térmica flui de um meio para o outro devido
à diferença de temperatura. Quanto maior for a diferença de temperatura entre os
meios e menor for a resistência térmica, maior vai ser o fluxo de calor. Então podemos
representar essa relação pela Figura 19.

Equação 9 – Fluxo de calor em função da diferença de temperatura e resistência térmica.

∆T
q =
Rt

37
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Onde:

»» Rt=Resistência térmica total [K.W−1]

»» ∆T =Tfq-Tff

O valor de Rt compreende a soma dos valores da resistência à troca térmica por convecção
do fluido quente, à resistência à troca térmica por condução da parede do trocador de
calor e da resistência à troca térmica por convecção do fluido frio. Lembrando que o
valor total de uma resistência pode ser obtido pela soma do inverso dos valores das
resistências parciais, podemos obter o valor de Rt pelaEquação 10, obtendo-se o valor
do coeficiente global de troca térmica (U):

Equação 10 – Coeficiente global de troca térmica (U).

1 1 e 1
Rt = = + ≡
+
UA h q A q K A h f Af
M ln

Onde:

»» Āln= média logarítmica entre Aq e Af [m2];

»» hq= coeficiente de convecção no lado quente [W.m−2.K−1];

»» hf= coeficiente de convecção no lado frio [W.m−2.·K−1];

»» KM= condutividade térmica do metal [W.m−2.·K−1];

»» U=coeficiente global de troca térmica [W.m−2.K−1].

O cálculo do coeficiente global de troca térmica (U) como apresentado na Equação


10 não leve em consideração as incrustações que se acumulam nas paredes dos
trocadores de calor ao longo do tempo. Ele é chamado de coeficiente global de troca
térmica “limpo”. Adiante vamos aprender a considerara as incrustações no cálculo do
coeficiente global de troca térmica e obter o valor de U “sujo”.

Podemos expressar a associação das resistências térmicas por meio da Equação 11,
conhecida como equação básica do projeto de trocadores de calor. Ela relaciona a área
de troca do equipamento com sua carga térmica e temperaturas de saída. De acordo
com ela, a área de troca térmica de um trocador térmico necessária para atender a
uma determinada demanda é inversamente proporcional ao potencial térmico médio
e do coeficiente global de troca térmica. Dessa forma, quanto maio for a diferença
de temperaturas entre o fluido quente e o fluido frio ou maior for o valor de U,

38
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

menor pode ser a área de troca térmica, resultando em equipamentos mais compactos
e com menor custo.

Equação 11 – Equação básica do projeto de um trocador de calor.

∆T
q
= = UA ∆Tm
Rt

Onde

»» ∆Tm =
potencial térmico médio no trocador

O potencial térmico do trocador utilizado na Equação 11 é uma média logarítmica da


diferença de temperatura ao longo da extensão do trocador de calor (MLDT). A definição
e forma de cálculo de MLDT para um trocador de calor com escoamento concorrente e
contracorrente será apresentada na sequência dos nossos estudos.

A análise de um trocador de calor deve ainda levar em conta a eficiência ou efetividade


térmica, definida como a razão entre a carga térmica do trocador de calor e a carga
térmica máxima que ele poderia atingir se a área fosse infinitamente grande e em
escoamento contracorrente. A eficiência térmica pode ser calculada de acordo com a
Equação 12:

Equação 12 – Eficiência térmica de um trocador de calor.


 

  
   
 
      
Onde:

»» ηe= eficiência energética do trocador [adimensional].

Tipos de escoamento

A forma como os fluidos escoam em um trocador de calor tem uma grande influência
potencial térmico (ΔT = Tfq – Tff) do sistema. Por isso, utilizamos esse critério como
uma das formas de classificar os trocadores de calor.

De acordo com esse critério, há dois tipos de equipamentos mais comuns: aqueles com
escoamento concorrente e aqueles com escoamento em contracorrente.

39
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Figura 29. Perfil de temperatura ao longo de um trocador de calor com arranjo concorrente.

Tfqe Tfqs

Tffe Tffs

Tfqe

Tfqs
Tffs

Tffe

Comprimento da área de troca


Fonte: Adaptado de Tadini et al. (2018)

Nos trocadores com escoamento do tipo concorrente, os fluidos escoam de forma


paralela e no mesmo sentido. Como os dois fluidos (quente e frio) entram em uma mesma
extremidade do equipamento e saem juntos na outra extremidade com temperaturas
muito próximas, o potencial térmico do equipamento sofre uma grande variação ao
longo do percurso de escoamento. Deve-se observar que a temperatura de saída do
fluido de maior temperatura não pode ser inferior à temperatura de saída do fluido de
menor temperatura e podem ser no máximo iguais.

Já nos trocadores com escoamento do tipo contracorrente, os fluidos escoam de forma


paralela e em sentidos opostos, conforme mostrado na Figura 30, de forma que, o potencial
térmico normalmente tem pouca variação ao longo do equipamento. Nesse tipo de
equipamento, a temperatura do fluido quente é sempre maior do que a do fluido frio
em qualquer seção transversal do equipamento. Mesmo assim, como a saída dos fluidos
quente e frio está em extremidades distintas do trocador, é possível que os parâmetros
de operação sejam tais que a temperatura de saída do fluido quente seja menor do que
a temperatura de saída do fluido frio. O perfil de distribuição de temperatura dentro do
trocador de calor é dependente da relação de capacidades térmicas entre o fluido frio (Cff)
e do fluido quente (Cfq), como podemos observar na Figura 31, Figura 32 e Figura 33.

40
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Figura 30. Desenho esquemático de trocador de calor em configuração contracorrente.

Tffs T Teff

Tefq Tsfq

Fonte: autor.

Figura 31. Distribuição de temperatura de um trocador de c’alor em contrafluxo com Cff>Cfq.

T
Cff>Cfq

Tfqe

Tffs Tfqs

Tffe

Comprimento da área de troca

Fonte: adaptado de Tadini et al. (2018) e Thulukkanam (2013).

Figura 32. Distribuição de temperatura de um trocador de calor em contrafluxo com Cff=Cfq.

Cff=Cfq
Tffe

Tffs

Tfqs
Comprimento da área de troca

Fonte: adaptado de Tadini et al. (2018) e Thulukkanam (2013).

41
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Figura 33. Distribuição de temperatura de um trocador de calor em contrafluxo com Cff>Cfq.

Cq>Cf
Tfqe

Tfqs
Tffs

Tfqs

Comprimento da área de troca


Fonte: adaptado de Tadini et al. (2018) e Thulukkanam (2013).

Embora menos comuns, também podemos encontrar os equipamentos com fluxo


cruzado, nos quais os fluidos escoam em sentido perpendicular um ao outro e os mistos,
nos quais os fluidos escoam em arranjo concorrente e contracorrente em diferentes
partes do equipamento.

Dadas as temperaturas de entrada e saída dos fluidos frio e quente, o valor médio do
potencial térmico de um equipamento com escoamento em contracorrente é sempre
maior do que o potencial térmico de um equipamento com escoamento concorrente.
Portanto, os trocadores de calor com escoamento em contracorrente requerem uma
menor área de troca térmica, são mais compactos e geralmente têm menor custo quando
comparados aos equipamentos com escoamento concorrente em mesmas condições
de serviço. Dessa forma, quando não existem restrições operacionais que influenciem
uma decisão diferente, os trocadores com escoamento concorrente normalmente são os
mais utilizados.

Apesar das vantagens dos equipamentos que operam em escoamento contracorrente,


algumas condições de aplicação podem acabar direcionando a escolha para um
equipamento com escoamento concorrente. Por exemplo, na indústria alimentícia,
muitas vezes um dos fluidos do trocador de calor é o próprio alimento sendo processado.
Em alguns casos o fluido possui uma alta viscosidade e requer uma grande quantidade
de energia para o acionamento dos bombeadores que induzem a movimentação

42
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

do fluido. Nesses casos, quando o alimento entra no trocador de calor pela mesma
extremidade que o fluido quente, ele se aquece rapidamente e sua viscosidade é reduzida.
Com a redução da viscosidade a potência necessária para o bombeamento cai e o
coeficiente de transporte de energia por convecção aumenta, melhorando o desempenho
do equipamento.

Potencial térmico médio

A Equação 11 estudada anteriormente define o fluxo de calor em trocador de calor em


função da média logarítmica da diferença de temperatura (MLDT) ao longo do trocador
de calor, também chamada de potencial térmico médio, representado como . ∆Tln .

Para um trocador de calor com escoamento em contracorrente, ∆Tln . Pode ser calculada
de acordo com a Equação 13.

Equação 13 – Média Logarítmica da Diferença de Temperatura para escoamento


contracorrente.
( Tqs − Tfe ) − ( Tqe − Tfs )
∆Tln =
ln
( Tqs − Tfe )
( Tqe − Tfs )
Já para um trocador de calor operando com escoamento concorrente, deve-se utilizar
a Equação 14:

Equação 14 – Média Logarítmica da diferença de Temperatura para escoamento


concorrente.
( Tqe − Tfe ) − ( Tqs − Tfs )
∆Tln =
ln
( Tqe − Tfe )
( Tqs − Tfs )
Para trocadores de calor de fluxo misto, utiliza-se um fator de correção, FMLDT de forma
que a Equação 11 pode ser reescrita na forma da Equação 15:

Equação 15 – Forma geral equação básica do projeto de um trocador de calor.

=q UAFMLDT ∆Tm

O valor de FMLDT para um trocador de calor com escoamento em contracorrente é sempre


igual a um (FMLDT=1,0). Para os trocadores de calor com escoamento misto, o valor de
FMLDT é sempre menor que um (FMLDT<1,0).

43
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

O valo de FMLDT pode ser obtido por meio de gráficos e tabelas disponíveis na literatura
(por exemplo Thulukkanam (2013)).

A Figura 34 mostra gráficos dos quais se pode extrair FMLDT para trocadores de casco e
tubos com um passe no casco número par passes no lado dos tubos (configurações 1/2,
1/4, 1/6 etc.) em função dos parâmetros P1, R1 e NUT1. Na figura, o índice 1 indica o lado
do casco e o índice 2 representa o lado dos tubos, independentemente do escoamento
dos fluidos quente e frio pelos lados 1 e 2. R1 representa a razão entre as capacidades
térmicas dos lados 1 e 2 do trocador e P1é um parâmetro auxiliar que representa uma
relação adimensional de temperaturas.

O parâmetro NTU, ou “número de unidades de transferência” é calculado conforme a


Equação 16, na qual o termo ( m Cp)min se refere ao menor valor da capacidade térmica
dentre os lados quente e frio do trocador. O valor de NTU indica o “tamanho térmico”
do trocador.

Equação 16 – Número de Unidades de Transferência.

UA
NTU = .
(m C p ) min

Figura 34. Valor de FMLDT para trocadores de calor de casco e tubos com um passe no lado do casco (índice 1) e
número par de passes nos tubos (índice 2) (arranjos 1/2, 1/4, 1/6 etc.).

Fonte: Tadini et al. (2018)

44
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Para utiliza o gráfico da Figura 34, primeiro determina-se a área e o coeficiente global
de troca térmica. Em seguida, calcula-se o valor de R1 a partir das temperaturas de
entrada e saída dos fluidos frios e quente. Calcula-se então o valor de NTU. Com o valor
de NTU e R1, pode-se obter o valor de P1 pelo gráfico inferior. Com o valor de P1 e R1,
pode-se extrair o valor de FMLDT por meio do gráfico superior.

Figura 35. Fator de correção FMLDT para trocadores de calor de casco e tubo com dois passes no lado do casco
(índice 1) e número de passes múltiplo de quatro nos tubos (índice 2) (arranjos 2/4, 2/8, 2/12 etc.).

Fonte: Tadini et al. (2018)

Na Figura 35, temos que:

(m .Cp )1 T2 e − T2 s
=R1 =
(m .Cp ) 2 T1s − T1e
T1s − T1e
P1 =
T2 e − T1e

EXEMPLO:

Um trocador de calor de casco e tubos com área de troca de 2,1 m2 opera resfriando
suco de abacaxi, com concentração de sólidos solúveis de 15 ºBrix. O suco percorre

45
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

o lado dos tubos fazendo dois passes. Já o casco é atravessado uma vez com água de
resfriamento que entra a 5,0 ºC. As vazões volumétricas de suco e de água são 1,0 m3.h−1
e 1,9 m3.h−1, respectivamente. Sensores de temperatura nos dutos de entrada e de saída
forneceram os seguintes valores médios: Tqe = 50 ºC e Tqs = 23 ºC.

Determine:

I. a carga térmica do trocador;

II. a temperatura de saída da água;

III. a eficiência térmica;

IV. o coeficiente global de troca térmica.

As propriedades médias para o suco de abacaxi 15º Brix são:

a. r = 1060 kg.m−3,

b. CP = 3770 J.kg−1.K−1.

As propriedades médias para a água de resfriamento são:

a. ρ = 1000 kg.m−3,

b. CP = 4200 J.kg−1.K−1.

Solução:

O primeiro passo da resolução desse tipo de problema consiste no cálculo das vazões
dos fluidos quente e frio em termos de massa por unidade de tempo a partir da vazão
volumétrica e densidade dos fluidos:
. .

m= ρQ
1060  kg .m  ×1[ m 3.h −1]
3
. ' .

m fq ρ fq fq m fq
= × Q =
> = = 0.29 kg
3600 s
1000  kg .m  ×1.9 [ m 3.h −1]
3
. ' .

m ff ρ ff ff m ff
= × Q =
> = = 0.53 kg
3600 s

Em seguida, podemos calcular a carga térmica do trocador de calor:

. .
m fq × C pq (T efq − T sfq )
q=

q= 0.29  kg  × 3770  J
.
 × 273 [ K ] − 296 [ K ]= 30.103W
 s   kg .K 
( )

46
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Com o valor da carga térmica, podemos calcular a temperatura de saída do fluido frio:
.
q
T= T eff +
sff
.
m ff .C pff
30 [ kW ]
278 +
T sff = 292 K
=
0.53  kg  × 4200  J 
 s   kg .K 

Agora, podemos calcular a eficiência térmica:


.
q
η=
 . 
 m C p  × (Tefq − Teff )
 min
30 ×103 [W ]
η=
 0.29  kg  × 3770  J   × 323 [ K ] − 278 [ K ]

 
 s 
 
 kg . K   ( )
η = 0.6 => 60%

=∆Tln
(Tsfq − Teff ) − (Tefq − Tsff )
=
( 296 − 278
=
) − ( 323 − 291,5) 24,1K
  (Tsfq − Teff )    ( 296 − 278 ) 
ln    ln  
  (Tefq − Tsff )    ( 323 − 291,5 ) 
 

Para obtermos o valor de FMLDT é necessário calcularmos os valores de R1 e P1 como a


seguir:
Tsff − Teff  K  ( 291,5 − 278 )
= P1 = = 0,3
T − T  K  ( 323 − 278 )
efq eff

( m × CP ) ff 0,529 × 4200  kg ⋅ s −1 ⋅ J ⋅ kg −1 ⋅ K −1 
=R1 = = 2
( m × CP ) fq 0, 294 × 37770  kg ⋅ s −1 ⋅ J ⋅ kg −1 ⋅ K −1 

Com os valores de P1 e R1, podemos consultar o gráfico da Figura 14.

Figura 36. Determinação de FMLDT a partir de P1 e R1.

47
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Fonte: adaptado de Tadini et al. (2018).

O valor de FMLDT extraído do gráfico é de 0.88.

Com o valor de FMLDT podemos utilizar a Equação 15 para calcular o valor do coeficiente
global de troca térmica:

q 30 ×103  W 
=U = = = 2  672W .m −2 ⋅ K −1
AFMLDT ∆Tln 2,1× 0,88 × 24,1  m ⋅ K 

Respostas:

I. a carga térmica do trocador: 30x103W

II. a temperatura de saída da água: 292K

III. a eficiência térmica: 60%

IV. o coeficiente global de troca térmica: 672W.m-2.K-1

Fator de incrustação

Ao longo dos ciclos de operação de um trocador de calor, os fluidos que escoam no


interior do equipamento normalmente contribuem para a degradação e formação
de depósito de materiais nas paredes do trocador. O depósito de material pode ser
proveniente de sólidos em suspensão, degradação térmica de compostos orgânicos,
coagulação e desnaturação de proteínas, corrosão do metal, crescimento de algas,
entre outros. Alguns fatores de projeto como a turbulência do fluido circulando no
equipamento podem influenciar na quantidade de depósitos formados. Por exemplo,
a formação de incrustações em trocadores de placas é inferior à incrustação formada
nos trocadores de casco e tubos devido à maior turbulência entre as placas corrugadas
e canais de pequena espessura.

48
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

O acúmulo de material nas paredes dos trocadores diminuem a eficiência de troca


de calor do equipamento. Em um sistema novo, em que ainda não se formaram
incrustações, a troca de energia pelas paredes do trocador é impulsionada pela diferença
de temperaturas e influenciada pelas resistências térmicas dos fluidos quente e frio e da
parede metálica. A formação de incrustações adiciona a resistência térmica do material
incrustado à equação do coeficiente global de troca térmica (U), diminuindo o valor
do mesmo e consequentemente diminuindo a taxa de transferência de calor ( q ). Caso
necessário, retorne às páginas para relembrar o conceito de taxa de transferência de
calor, coeficiente global de troca térmica e a equação básica do projeto de um trocador
de calor, Equação 6, Equação 10 e Equação 11 respectivamente.

Assim sendo, para se obter o valor do coeficiente global de troca térmica mais próximo
de valores práticos, é necessário alterar a Equação 10, incluindo os termos associados
às resistências térmicas dos depósitos formados nas superfícies de troca (lados quente
e frio do trocador), conforme representado na Equação 17.

Equação 17 – Coeficiente global de troca térmica com fator de incrustação.

1 R incq e R
Rt = = + ≡
+ incf
Us A h q Aq K A h f Af
M ln

Onde

»» Rincq= Fator de incrustação (fouling factor) do lado do fluido quente


[K.m2.W−1]

»» Rincf= Fator de incrustação (fouling factor) do lado do fluido frio [K.m2.


W−1]

»» Us= coeficiente global de troca térmica “sujo”

Durante a fase de projeto do trocador de calor, é importante lembrar que o desempenho


do equipamento no início de operação estará acima dos valores de considerados como
objetivo do projeto. Isso se deve ao fato de que o fator de incrustação considera uma
redução de capacidade de troca térmica e como as superfícies estarão limpas no início
do processo, a capacidade de troca térmica será maior que aquela do projeto. Assim
sendo, no início da operação podem ser necessários ajustes na vazão ou na temperatura
de entrada dos fluidos com o objetivo de atingir a temperatura de processo desejada.

Após o início de operação do equipamento e conforme as camadas de incrustação forem


sendo formadas, a carga térmica do trocador deve diminuir gradativamente e novos
ajustes devem ser realizados. Após um certo período de funcionamento, a formação de
incrustação pode afetar o funcionamento do trocador de calor, tal forma que, a carga
49
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

térmica projetada não é mais atingida mesmo após ajustes nas condições operacionais.
Nesse momento, é necessária a parada para manutenção e limpeza do equipamento.

Tabela 1. Exemplos de fator de incrustação para trocadores de calor de casco e tubos.

FLUIDO Rinc [K.m2.W−1]


Água destilada 9 × 10−5
Água de resfriamento (tratada) ou de poço 2 × 10−4
Água dura ou de rio 5 × 10−4
Água de cilindro de motores 2 × 10−4
Óleos de lubrificação 2 × 10−4
Óleos vegetais 5 × 10−4
Solução de etilenoglicol ou de etanol 4 × 10−4
Solução de cloreto de sódio 5 × 10−4
Gasolina, nafta e querosene 4 × 10−4 a 5 × 10−4
Líquidos refrigerantes 2 × 10−4
Vapor de água (sem arraste de óleo) 9 × 10−5
Vapores refrigerantes (com arraste de óleo) 4 × 10−4
Água destilada 9 × 10−6
Água mole 2 × 10−5
Água de resfriamento (tratada) 3 × 10−5
Água dura, de rio, de canal, de poço, do mar (costa) ou de estuário 4 × 10−5
Água de cilindro de motores 5 × 10−5
Óleos de lubrificação 2 × 10−5 a 4 × 10−5
Óleos vegetais 2 × 10−5 a 5 × 10−5
Solventes orgânicos 9 ×1 0−6 a 3 × 10−5
Fluidos de processo, geral 9 × 10−6 a 5 × 10−5

Fonte: Marriott (1971).

Exemplo:

Um fluido entra em um trocador de calor a temperatura de 30 oC (ao qual vamos nos


referir como fluido frio). O calor específico (Cpfq) do fluido a 1oC é igual a 1,87kJ.kg-1.K-1
e a 100oC é igual a 2.13kJ.kg-1.K-1. O fluido frio deve ser continuamente aquecido em
um trocador de calor de duplo tubo contracorrente usando água quente a 97 ºC(fluido
quente) como fluido de serviço no ânulo (vazão = 1,40 m3·h−1). O diâmetro externo do
tubo que escoa o fluido quente é De = 25,4mm e a espessura da parede é de 2,0 mm.
A vazão de fluido quente é de 0,21 kg.s−1. A temperatura de saída do fluido frio deve
ser de 80 ºC. Considerando um coeficiente global de troca térmica U = 600 W.K−1.
m−2 (trocador limpo) e fator de incrustação Rincf = 5 × 10−4 K.m2.W−1 para o fluido frio
Rincq = 2 × 10−4.K.m2.W−1 para a água quente. Qual é o aumento percentual no

50
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

comprimento do trocador de calor por causa da introdução dos fatores de incrustação


no projeto?

Solução:

Calcularmos a temperatura média do fluido frio:

80 + 30
Tmff
= = 55 oC
2

Em seguida, podemos obter o valor do calor específico médio do fluido frio interpolando
linearmente os valores do calor específico a 1oC e a 100oC:

100 K − 1K 2,13kJ .kg −1.K −1 − 1,87 kJ .kg −1.K −1


=Cp = =
100 K − 55 K 2,13kJ .kg −1.K −1 − C pff
99 0, 26
=
45 2,13 − C pff
11, 7 210,87 − 99C pff
=
C pff = 2, 01kJ .kg −1.K −1

Obtemos o valor de do calor específico médio do fluido frio: 2,01 kJ.kg−1.K−1.

A carga térmica desejada para o trocador é obtida aplicando a Equação 7:

=q m f .C pff (Tsff − Teff )


0, 21× 2010 × ( 353 − 303)  kg .s −1  .  J .kg −1.K −1  [ K ]
q = 21,1kW

A temperatura de saída da água quente pode ser determinada por meio da Equação
10.3, assumindo que o trocador é termicamente isolado do ambiente. Para determinar
o calor específico médio e a densidade média da água quente, foi assumida, a priori,
uma temperatura média de 90ºC. Para a obtenção dos valores de Cp e r, equações
correspondentes da Tabela 1 foram utilizadas, sendo: Cp = 4,21 kJ.kg−1.K−1 e r = 967
kg.m−3. A vazão mássica de água é:
 = Q ρ
m
 m3 kg 1h 
m
 1, 4 × 967  . 3 .
= 
 h m 3600 s 
m = 0,376kg.s −1
q
T=
sfq Tefq −
m fq C pfq

51
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Tsfq 370 K +
=
21,1×103 
.
( J .s −1 ) 

0,36 × 4210  ( kg .s −1 ) . ( J .kg −1.K −1 ) 
 
Tsfq 357
= = K 84o C

Para essa temperatura de saída, a temperatura média da água é de:

97 + 84
Tsff
= = 90,5 oC
2

Valor próximo daquele usado para estimar as propriedades da água. Caso o valor fosse
muito diferente, uma nova temperatura média deveria ser assumida para a determinação
de Cp e r.

A MLDT calculada pela Equação 10.7a é Δ = 31,9 K. Usando o valor fornecido do


coeficiente global de troca térmica, a Equação 10.8 fornece a área de troca do trocador:

q
A=
UFMLDT ∆Tln

21,1×103  W 
A= . 
( 600 ×1× 31,9 )  (W .m−2 .K −1 ) .K 
A = 1,1m 2

Conhecendo o diâmetro externo do tubo, podemos calcular seu comprimento:

A
L=
π De
1,1  m2 
L= . 
3,1416 × 0, 0254  m 
L = 13,8m

Considerando os fatores de incrustação, temos:

O valor encontrado de Usujo = 406 W.K−1m−2 é 32 % menor que o “limpo”. Com esse novo
coeficiente global, a área de troca deverá ser A = 1,62 m2 (Equação 10.8) e o respectivo
comprimento do trocador deverá ser L = 20,3 m (aumento de 48 %).

Resposta: a introdução dos fatores de incrustação no projeto promove um aumento de


48 % no comprimento do trocador.

52
CAPÍTULO 3
Coeficientes individuais de convecção

Para o cálculo do coeficiente global de troca térmica por meio da Equação 10, são
necessários os coeficientes individuais de convecção nos lados quente e frio do trocador:
hq e hf [W. K−1.m−2]. O coeficiente de convecção depende das propriedades do fluido, de
sua velocidade média, da direção de escoamento e da geometria da superfície de troca
térmica. Consequentemente, as correlações para a determinação desses coeficientes
são próprias para cada tipo de trocador e faixa de propriedades dos fluidos. Ao longo
dessa seção, vamos estudar algumas dessas correlações. Porém, antes de partirmos
para as fórmulas de cálculo dos coeficientes de convecção, vamos recordar das outras
relações importantes utilizadas como dado de entrada para o cálculo dos coeficientes de
convecção: o número de Reynolds e o Número de Nusselt.

O número de Reynolds (Re) é uma grandeza adimensional utilizada para determinar o


tipo do escoamento, laminar, turbulento ou transitório. Por exemplo: se considerarmos
o fluxo de água em um tubo cilíndrico, quando Re é menor que 2.000, o fluxo é
considerado laminar e valores de Re maiores que 2.400 indica escoamento turbulento.
Para escoamentos com valores intermediários entre esses dois limites, o fluxo é
considerado transitório.

O Número de Reynolds pode ser calculado pela Equação 18.

Equação 18 – Número de Reynolds.


dνρ
N Re =
µ

O Número de Nusselt indica uma medida da transferência de calor por convecção na


superfície, sendo definido como pela Equação 19:

Equação 19 – Numero de Nusselt.

h.d
Nu =
k

Uma terceira relação importante é o Número de Prandt (Pr), um número adimensional


que representa a razão de viscosidade cinemática e difusividade térmica de um fluido.
Esse número quantifica a relação entre a difusão de quantidade de movimento e a difusão
de quantidade de calor dentro do próprio fluido, ou seja, uma medida da eficiência
destas transferências nas camadas limites hidrodinâmica e térmica. Quanto menor
53
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

for o valor de Pr mais facilmente o calor se difunde quando comparado à velocidade


(momento).

O Número de Prandt pode ser expresso pela Equação 20.

Equação 20 - Númeo de Prandt.

Cpµ
Nu =
k

Considerando o caso particular do escoamento dentro de tubos circulares, a dimensão


característica para o cálculo de NRE é o diâmetro interno (Di) e a velocidade a ser utilizada é
a velocidade média na seção transversal do tubo. Para um tubo de seção não circular, a
dimensão característica normalmente utilizada é o diâmetro hidráulico, definido pela

Equação 21 - Diâmetro hidráulico.

4 As
Dh =
Pw

Onde:

»» As= área molhada da seção transversal de escoamento.

»» Pw= perímetro molhado da seção transversal de escoamento.

Assim sendo, para um tubo com regime laminar desenvolvido (NRe ≤2100 e (L/D)/NRe.
NPr) ≤ 0.05), o número de Nusselt é constante e depende apenas do formato da seção
do tubo e da condição de temperatura na parede do tubo.

Para o regime laminar não transitório (NRe ≤2100 e (L/D)/NRe.NPr) ≤ 0.05), na porção
do tubo em que o regime de escoamento laminar ainda não é desenvolvido, a espessura
da camada limite muda em função da posição no tubo. Como consequência, o valor
de h também se altera, de acordo com a posição no tubo e o seu valor médio pode ser
calculado pela Equação 22

Equação 22 – Número de Nussselt para regime laminar não desenvolvido.

  0,34
 N .N  µ 
Nu = 1,86  Re Pr  .  
L
   µp 
 D 

Já para o regime turbulento, quando NRe≥104 e (L/D)≥10, podemos utilizar a Equação 23,
desde que a condição de 0,7≥NPr≤700.

54
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Equação 23 – Número de Nusselt para regime turbulento.

0,34
4
 µ
1

Nu = 0, 027.( N Re ) .( N Pr ) . 
5 3

µ
 p 

Trocador de calor de duplo tubo

A área de troca térmica em um trocador de duplo tubo corresponde à área da superfície


das paredes laterais de um cilindro e, portanto, pode ser calculada pela Equação 24:

Equação 24 — área lateral de um cilindro correspondente ao trocador de calor.

A =π ∗ De ∗ L

Onde:

»» A= área de troca térmica.

»» De= Diâmetro externo do tubo do trocador de calor.

»» L= Comprimento da área de troca térmica.

Figura 37. Area interna e externa do trocador de calor de tubo duplo.

Fonte: Tadini et al. (2018).

Para projetar o trocador, os diâmetros interno e externo dos dois tubos devem ser
especificados (Di e De na Figura 37), deixando como variável o comprimento do trocador,
L [m]. Note que, substituindo as áreas na Equação 10, tem-se o coeficiente global de
troca térmica independentemente do comprimento L.

55
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Para a determinação dos coeficientes convectivos do fluido no tubo interno podem ser
utilizadas as equações apresentadas para escoamento laminar e turbulento no interior
de tubos.

Os coeficientes de Nusselt e Reynolds podem ser obtidos pela Equação 18 e Equação 19,
considerando o diâmetro interno do tubo: d = Di como a dimensão característica.

No caso do fluido que escoa no ânulo há dois coeficientes convectivos: um relativo à


superfície do tubo no centro (De) e outro relativo ao maior diâmetro do ânulo ou o
diâmetro interno do casco (Dc). Entretanto, no escoamento turbulento é possível
assumir que esses dois coeficientes são iguais. Nesse caso, utiliza-se uma correlação
para escoamento turbulento no interior de tubos circulares (Equação 23, por exemplo)
adotando como dimensão característica o diâmetro hidráulico do ânulo (Equação 21).

Podemos simplificar a Equação 21 considerando o caso específico de um trocador de


tubo duplo.

Para esse caso, a área molhada pode ser escrita conforme a Equação 25.

Equação 25 – área molhada para caso de trocador de calor de tubo duplo.

p
As = ∗ ( Dc 2 − De 2 )
4

Da mesma forma, podemos especificar o perímetro molhado de acordo com a Equação 26.

Equação 26 – Perímetro molhado para caso de trocador de calor de tubo duplo.

Pw π ( Dc + De )
=

Substituindo a Equação 25 e a Equação 26 na equação Equação 21 temos que:

Equação 27 – Diâmetro hidráulico para caso de tubo de tubo duplo.

D=
h Dc − De

Trocador de superfície raspada

Podemos descrever os trocadores de calor de superfície raspada como um trocador


bitubular curto e de grande diâmetro. Esse tipo de trocador também possui um eixo
com lâminas raspadoras no centro do tubo. A área de troca de calor desse equipamento
é a mesma da Equação 38, que utilizamos inicialmente para representar a área de troca
um trocador de tubo duplo.

56
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

Os trocadores de calor de superfície raspada são muito utilizados no processamento


de fluidos de alta viscosidade. Como exemplo da aplicação desse tipo de equipamento
podemos citar a alimentícia no processamento de alimentos como pastas, purês,
chocolates, geleias e a indústria farmacêutica, no processo de géis, pastas, cremes entre
outros. Nesse tipo de configuração, geralmente o ânulo externo é preenchido com um
fluido de serviço como água fria, fluido de refrigeração, vapor d’água ou água quente
enquanto o produto processado flui pelo tubo central.

Figura 38. Vista em corte de um trocador de calor de superfície raspada.

Produto

Fluido de
trabalho

Rotor
Lâminas
raspadoras

Fonte: Tosi (2017)

Devido à alta viscosidade do fluido, pomos considerar que ele tem o comportamento
de um sólido, trocando calor com a superfície de troca por determinado intervalo de
tempo. A cada vez que a lâmina raspadora passa pela superfície do trocador, o fluido em
contato com a superfície de troca é renovado. Durante o intervalo de tempo entre duas
passadas da lâmina, o fluido permanece na superfície de troca de calor, trocado calor
da mesma forma que um sólido. Por isso, podemos calcular o coeficiente de convecção
pela Equação 28.

Equação 28 - Coeficiente de troca térmica para trocador de calor de superfície raspada.

4k ρ C pω ni
h=
π

Onde:

»» ω=velocidade angular do eixo [s-1]

»» ni= número de laminas na circunferencia do eixo

57
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Trocador de calor de casco e tubos

A área de troca de um trocador de calor de casco e tubos é dada pela Equação 29

Equação 29 - Área de troca térmica de um trocador de calor de casco e tubo.

A = nt ∗ π ∗ De ∗ L

Onde:

»» nt é o número total de tubos no feixe;

»» De é o diâmetro externo de um tubo [m]

»» L é o comprimento de um tubo [m].

Para calcular o coeficiente de convecção de um fluido no interior dos tubos do trocador


de calor, podemos utilizar as equações apresentadas anteriormente (Equação 18
a Equação 23), de acordo com o regime, laminar ou turbulento, considerando o
diâmetro interno do tubo: d = Di como dimensão característica. Para determinar o
valor do número de Reynolds, é necessário calcular a velocidade média no interior
de cada tubo pois a vazão total é dividida entre os tubos do passe, de acordo com a
Equação 30:

Equação 30 - velocidade média no interior dos tubos.

Q
ν =
 nT  π .Di2  
 . 
 n p  4  

Onde:
.

»» Q = vazão volumétrica de alimentação [m3. s−1]

»» np=é o número de passes no lado dos tubos.

»» nT= número de passes

»» nt/np=número de tubos por passe (considerando que a vazão é dividida


igualmente entre todos os tubos do passe).

Os números de Reynolds e Nusselt podem ser calculados utilizando o diâmetro externo


de do tubo: d = De como diâmetro característico. O termo (μ/μp) representa a razão

58
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

entre a viscosidade média do líquido e a sua viscosidade é avaliada na temperatura da


parede do tubo.

Assim sendo, obtemos a

Equação 31 – Número de Nusselt para trocador de calor de casco e tubos.

0,14
0,6 0,33
 µ 
N NU = 0, 2.( N RE ) .( N Pr )  
 µp 

A velocidade média para calcular o Número de Reynolds pode ser obtida pela razão
entre a vazão volumétrica no casco e a área geométrica média, de acordo com a
Equação 32.

Equação 32 – Vazão média para um trocador de calor de casco e tubos.

Q
ν =
Agm

Onde:

»» Q = vazão em [m3. s−1]

»» Āgm

Desenvolvendo a Equação 32 de acordo com os termos ilustrados na = área disponível


para escoamento vertical, cruzando o banco de tubos, entre duas chicanas vizinhas
(Ac2).

Figura 39, obtemos a Equação 33.

Equação 33 – Vazão média para trocador de calor de casco e tubos (desenvolvida).

Q
ν =
Ac1 . Ac 2

Onde:

»» Ac1= área disponível para escoamento horizontal, paralelo aos tubos, na


janela de uma chicana.

»» Ac2= área disponível para escoamento vertical, cruzando o banco de


tubos, entre duas chicanas vizinhas (Ac2).

59
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Figura 39. Principais dimensões de um trocador de calor de casco e tubos para càlculo da velocidade media
de escoamento.
Entrada do
casco
Chicanas

Chicanas
Tubos

Sc

Dc De ST

Janela
Fonte: Tadini et al. (2018)

Na Figura 39. Principais dimensões de um trocador de calor de casco e tubos para


càlculo da velocidade media de escoamento Figura 39, Dc é o diâmetro interno do
casco [m]; De é o diâmetro externo de um tubo [m]; sT é o passo entre os centros dos
tubos [m]; sc é o passo entre as chicanas transversais [m]; nTi é o número de tubos que
atravessam a janela deixada pela chicana e Aj é a área da janela deixada pela chicana
[m2]. A área dessa janela é normalmente expressa como uma fração da área da seção
transversal do casco e normalmente corresponde a 20 % da área da seção transversal.

Trocador de calor de placas

A área de troca de um trocador de calor de placas é dada pela:

Equação 34 - Área de troca térmica de um trocador de calor de placas.

A n pl ∗ Aep
=

Onde:

»» npl= número de placas térmicas (total de placas no pacote menos as duas


placas das extremidades que não trocam calor).

»» Aep= área efetiva de troca de uma placa [m2].

60
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

É importante lembrarmos que a área de troca térmica de uma placa não corresponde à
sua área projetada, pois o padrão ondulado das placas aumenta a área efetiva de troca
de calor.

Normalmente o fabricante do trocador de calor ou das placas fornece o valor da área


efetiva de troca ou o fator de correção da área da placa.

Figura 40. Principais dimensões de um trocador de calor de placa.

Fonte: Tadini et al. (2018)

Na Figura 40, as seguintes dimensões características das placas do trocador de calor do


tipo placa são mostradas:

»» LP=comprimento da parte corrugada.

»» wg=largura entre as gaxetas.

»» ϕ =ângulo do perfil corrugado.

»» eP=espessura da placa.

»» ec=espessura do canal.

Na prática, o valor de ec deve ser obtido após a prensagem do pacote de placas entre os
pedestais do trocador. Do comprimento medido do pacote de placas subtrai-se (npl + 2)
e divide-se o resultado por (npl – 1) para ter o valor real de ec.
61
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR

Tabela 2. Parâmetros de troca térmica para um trocador de calor de placas com padrão espinha de peixe.

Φ NRe b1 b2
≤ 10 0,718 0,349
≤ 30°
> 10 0,348 0,663
< 10 0,718 0,349
45° 10 – 100 0,400 0,598
> 100 0,300 0,663
< 20 0,630 0,333
50° 20 – 300 0,291 0,591
> 300 0,130 0,732
< 20 0,562 0,326
60° 20 – 400 0,306 0,529
> 400 0,108 0,703
< 20 0,562 0,326
≥ 65° 20 – 500 0,331 0,503
> 500 0,087 0,718

Fonte: Saunders (1988).

O projeto do perfil corrugado das placas do trocador de calor, sobretudo pelo ângulo do
perfil em relação ao eixo transversal da peça afeta significativamente o seu desempenho
térmico e hidráulico. O padrão de perfil mais comum é aquele que se assemelha a
uma espinha de peixe. Para esse design, a perda de carga e o coeficiente convectivo
diminuem conforme o ângulo ϕ aumenta. Para facilitar o entendimento, considere ϕ
com seu valor máximo de 90º: nesse caso as ranhuras são paralelas à direção do fluxo
e têm pouca influência no coeficiente convectivo e perda de carga. Já um valor baixo
de ϕ eleva a turbulência e, consequentemente, aumentando o coeficiente convectivo e a
perda de carga. No projeto do trocador de calor de placas podemos alternar placas com
diferentes valores de ϕ para ter um desempenho intermediário, considerando a média
aritmética dos ângulos ϕ.

O valor do coeficiente de convecção para um trocador de calor de placas com ranhuras


em formato de espinha de peixe pode ser calculado de com a Equação 35. Para resolvê-
la, podemos selecionar o valor de b1 na Tabela 2.

Equação 35 – coeficiente de convecção para trocador de calor de placas com ranhuras e


formato de espinha de peixe.

0,14
 µ 
N Nu = b1 ( N Re )b 2 ( N Pr )0,33  
µ
 p 

62
FUNDAMENTOS SOBRE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE I

O número de Reynolds pode ser calculado pela Equação 18, lembrando que o diâmetro
hidráulico pode ser calculado pela Equação 21. Nesse caso:

As = ec*wg

Pw= 2 ( f ' × AP × wg + ec )

Pw  2 f ' AP × wg
=

Assim sendo, o diâmetro hidráulico pode ser escrito de acordo com a Equação 36:

Equação 36 – Diâmetro hidráulico para trocador de calor de placas com ranhuras em


formato de espinha de peixe.
2ec
Dh =
f `AP

A velocidade média de escoamento no canal em um dos lados do trocador pode ser


calculada.

Equação 37 – velocidade média de escoamento em um trocador de calor.

Q
ν =
 n  
 c  × As 
 n p  

63
PROJETO, ENTREGA
E INSPEÇÃO DE UNIDADE II
TROCADORES
DE CALOR

CAPÍTULO 1
Como dimensionar um trocador
de calor

Para calcular os coeficientes convectivos de transferência de calor, o número de


Reynolds é necessário.

Os coeficientes de transferência de calor, a, são dependentes do número de Reynolds,


Re, da velocidade do fluxo, w, no lado do tubo e da casca, respectivamente.

Portanto, as áreas da seção transversal devem ser conhecidas para determinar o


fluxo, velocidades e os números de Reynolds. Para um trocador de calor existente,
isso não é um problema se um desenho estiver disponível. No caso do projeto de
um novo trocador de calor, o fluxo e as seções transversais não são conhecidos.
Então, inicialmente, uma estimativa da área necessária tem que ser feito e, em seguida,
um equipamento apropriado deve ser selecionado para a seleção, os seguintes critérios
devem ser aplicados:

»» A velocidade do fluxo em ambos os lados deve ser da ordem de 0.5e1 m / s


para líquidos e o intervalo de 15 a 20 m/s para gases.

»» A área necessária do trocador de calor deve ser alcançada com um


comprimento de tubo de 3 a 6 m.

Na Figura 41 é apresentado um fluxograma para o projeto do trocador de calor.

A seguir, o procedimento do projeto do trocador de calor é explicado em detalhes:

1. Determine as taxas de fluxo, temperaturas e as propriedades do fluido.

2. Determine as cargas térmicas do lado do tubo e da carcaça utilizando a Equação 8.

64
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II

Quadro 1. Valores de referência para coeficientes de transferência de calor.

Valores de referência para coeficientes de transferência de calor α (W;m2K)

Convecção Natural

Gases a pressão atmosférica 4-6

Óleo (viscosidade =100mm2/s 10-20

Água 250-500

Hidrocarbonetos, baixa viscosidade 170-300

Condensação

Vapor 5000-10000

Solventes orgânicos 100-3000

Óleos leves 1000-1500

Óleos pesados 100-300

Vaporização

Água 4000-10000

Solventes orgânicos 1000-2500

Óleos leves 700-1400

Valores de referência para coeficientes de transferência) U (W;m2K)

Condensação

Água Água 1000-2000

Solventes orgânicos 600-1000

Solventes orgânicos + gases inertes 100-500

Hidrocarbonetos pesados 50-200

Evaporação

Vapor Água 2000-4000

Solventes orgânicos 500-1000

Solventes orgânicos + gases inertes 250-800

Hidrocarbonetos pesados 120-400

Fonte: Saunders (1988).

3. Cálculo da diferença de temperatura efetiva corrigida (FMLDT) para a carga térmica


utilizando-se o procedimento foi descrito no item T1.T2Potencial térmico médio.

65
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

Figura 41. Fluxograma para o projeto de um trocador de calor.

Coletar dados

Determinar carga térmica no lado


do tubo e do casco

Calcular a diferença de
temperatura efetiva

Selecionar uma configuração de


trocador de calor baseada no valor
de U: diâmetro do casco, tamanho
do tubo, espaçamento dos
defletores, número de passes e
tubos

Calcular os coeficientes de troca


de calor e os coeficientes de troca
de calor (U)

O equipamento
satisfaz a
condição de
projeto?
Não

Sim

Desenvolver especificações
técnicas

Fonte: Nietsche e Gbadamosi (2016).

4. Estimativa da área necessária do trocador de calor.

Para calcular a área necessária do trocador de calor, podemos partir da Equação 11


– Equação básica do projeto de um trocador de calor, isolar a variável que queremos

66
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II

calcular (área), e trocar a temperatura média logarítmica pela temperatura efetiva


corrigida (FMLDT), reescrevendo-a da seguinte forma:

Equação 38 – Área do trocador de calor.

q
A=
U.FMLDT

5. Seleção de um equipamento apropriado da Tabela 41 a partir da área de troca de


calor necessária (A), representada na coluna, AS em [m2 / m]

Sendo conhecidos o fluxo requerido no lado do tubo e do casco, selecionamos o tipo de


trocador de calor recomendado na Tabela 41

Por exemplo, para um trocador de calor cuja área de troca de calor necessária, calculada
de acordo com os passos anteriores seja 55m2. Vamos considerar também que o fluxo
de fluido de troca de calor necessário para o processo utilizado, como exemplo, seja
de 40m3/h no lado do tubo (Vt) e 80m3/h no lado do casco (Vc). Com esses dados,
selecionamos o trocador de calor tipo 12, com 18.2m2/m (metros quadrados de
área de troca de calor por comprimento de comprimento de tubo) e 232 tubos em
8 passes.

Esse trocador pode ser construído com 4m de comprimento, de forma que, sua área de
troca de calor seja igual a 72.8m2 (4x18.2=72.8 m2), com 32% de reserva ou sobra de área.

6. Determinação do coeficiente global de transferência de calor, U, considerando a


resistência da parede do tubo e revestimento potencial e camadas de incrustação.

7. Cálculo da carga de calor real (Ureal) do trocador de calor selecionado e comparação


com o valor Urequerido para a carga de térmica necessária.

Até aqui, calculamos a área necessária do trocador de calor (A) pela Equação 38,
selecionamos um tipo de trocador de calor pela Tabela 2 e obtivemos um novo valor de
área de acordo com os parâmetros recomendados pela norma DIN 28184 (Acalc). Com
os de Acalc, voltamos à Equação 38 e calculamos o novo valor do coeficiente global de
troca térmica, Ur.

q
A=
U.FMLDT

Portanto:

q
Ur =
A calc .FMLDT

67
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

8. Verificar o valor excedente de U, que pode ser considerado uma reserva para a
diminuição de eficiência devido à incrustação:

Equação 39 – reserva do coeficiente global de troca térmica.

U real
Reserva =
U requerido

Tabela 3. Fatores geometricos para trocadores de calor de acordo com DIN 2884 parte 1 com 25x2 tubos.

Tipo DN Z Da B n AE AR AS fw
1 150 2 168 30 14 1770 2425 1.1 0.251
2 200 2 219 40 26 2288 4503 2 0.366
3 250 2 273 50 44 5520 7620 3.5 0.259
4 300 2 324 60 66 5088 11,430 5.2 0.375
5 350 2 355 70 76 6230 13,162 6 0.397
6 350 4 355 70 68 6230 5888 5.3 0.381
7 400 2 406 80 106 11,072 18,357 8.3 0.319
8 400 4 406 80 88 9072 7620 6.9 0.382
9 500 2 508 100 180 14,600 31,172 14.1 0.360
10 500 4 508 100 164 12,100 14,201 12.9 0.430
11 600 2 600 120 258 19,560 44,681 20.3 0.389
12 600 8 600 120 232 22,560 10,044 18.2 0.348
13 700 2 700 140 264 22,560 63,038 28.6 0.456
14 700 8 700 140 324 25,760 14,028 25.4 0.395
15 800 2 800 160 484 29,440 83,819 38 0.454
16 800 8 800 160 432 37,440 18,703 33.9 0.367
17 900 2 900 180 622 41,400 107,718 48.9 0.407
18 900 8 900 180 556 41,400 24,072 43.7 0.416
19 1000 2 1000 200 776 46,000 134,388 61 0.452
20 1000 8 1000 200 712 56,000 30,826 55.9 0.373
21 1100 2 1100 220 934 55,220 161,750 73.4 0.460
22 1100 8 1100 220 860 60,720 37,234 67.5 0.420
23 1200 2 1200 140 1124 72,240 194,655 88.3 0.416
24 1200 8 1200 240 1048 78,240 45,373 82.3 0.390

Tipo fw VR VM
1 0.251 8.73 6.37
2 0.366 16.21 8.34
3 0.259 27.43 19.87
4 0.375 41.15 18.32

68
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II

5 0.397 47.38 22.43


6 0.381 21.20 22.43
7 0.319 66.09 22.43
8 0.382 27.43 39.86
9 0.360 112.22 32.66
10 0.430 51.12 52.56
11 0.389 160.85 43.56
12 0.348 36.16 70.42
13 0.456 226.94 81.22
14 0.395 50.50 80.14
15 0.454 301.75 92.74
16 0.367 67.33 105.98
17 0.407 387.79 134.78
18 0.416 86.66 149.04
19 0.452 483.80 165.60
20 0.373 110.97 201.60
21 0.460 582.30 198.79
22 0.420 134.05 218.59
23 0.416 700.76 260.06
24 0.390 163.34 281.66

Fonte: Tadini et al. (2018)

Equação 40 – reserva do coeficiente global de troca térmica.

U real
Reserva =
U requerido

69
CAPÍTULO 2
Inspeção e Comissionamento de
trocadores de calor

Processo de comissionamento
Fazer o comissionamento de um equipamento significa executar um processo estruturado
com o intuído de assegurar que todos os aspectos de um equipamento adquirido, incluindo
os sistemas e componentes foram manufaturados, instalados, testa dose mantidos de
acordo com as especificações de projeto e operacionais estabelecidas no contrato de
aquisição. Esse processo se aplica tanto a equipamentos e instalações novas quanto a
unidades que já estejam em operação e aqueles sujeitos a ampliações ou reformas.

O processo de comissionamento compreende a aplicação conjunta de uma série


de técnicas de engenharia e qualidade para de controlar, inspecionar e testar cada
componente operacional do sistema e as funções individuais dos sistemas e subsistemas
tais como instrumentos e equipamentos.

Conforme podemos observar na Figura 42 o processo de comissionamento de um


equipamento constitui a última fase do processo de projeto, antes da entrega do produto
ao cliente.

Figura 42. Fases do projeto de um trocador de calor.

PROJETO

CONTRATAÇÃO

CONSTRUÇÃO FABRICAÇÃO

INSTALAÇÃO

CONDICIONAMENTO

COMISSIONAMENTO

ENTREGA

Fonte: Fiorillo e Martins (2010)

70
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II

Focando nossa atenção especificamente ao aspecto de comissionamento, podemos


considerar os aspectos da Figura 43.

Figura 43. Aspectos importantes do processo de comissionamento de trocadores de calor.

CONHECIER NORMAS E PADRÕES DO EMPREENDIMENTO

CONHECER
REQUISITOS
NORMATIVOS,
TECNICOS E
ESTATUTÁRIOS E DE CONHECER O
ENGENHEIROS COM
CLIENTES. POR EX. EMPREENDIMENTO
EXPERIÊNCIA MÍNIMA
N-466(PETROBRAS),
ASME, TEMA, NR, ISA,
ABNT

INICIAR O PROCESSO DE COMISSIONAMENTO

Fonte: Fiorillo e Martins (2010)

Considerando o aspecto normativo do projeto e comissionamento dos vasos de pressão,


devemos lembrar que, devido às suas características de projeto e funcionamento, os
trocadores de casco e tubo são considerados vasos de pressão. Eles possuem reservatórios
não sujeitos à chama, e geralmente contêm fluidos em pressão manométrica igual ou
superior a 103 kPa (1,05 kgf/cm2). Portanto, as normas referentes a vasos de pressão
também devem ser observadas na construção desses equipamentos

Assim sendo, os trocadores de calor de casco e tubo devem possuir a documentação


listada a seguir, atualizada e disponível no estabelecimento que estiver instalado,
conforme requerido pela de acordo com a norma NR 13

a. “Prontuário do Vaso de Pressão”, fornecido pelo fabricante, contendo as


seguintes informações:

›› Código de projeto e ano de edição;

›› Especificação dos materiais;

›› Procedimentos utilizados na fabricação, montagem e inspeção final e


determinação da PMTA;

›› Conjunto de desenhos e demais dados necessários para o


monitoramento da sua vida útil;

›› Características funcionais;
71
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

›› Dados dos dispositivos de segurança;

›› Ano de fabricação;

›› Categoria do vaso.

b. “Registro de Segurança”, em conformidade com o subitem 13.6.5;

c. “Projeto de Instalação”, em conformidade com o item 13.7;

d. “Projetos de Alteração ou Reparo”, em conformidade com os subitens


13.9.2 e 13.9.3;

e. “Relatórios de Inspeção”, em conformidade com o subitem 13.10.8.

Alguns ensaios realizados durante o processo de comissionamento podem são


comentados a seguir, mas não constituem uma lista completa ou plano de validação de
um trocador de calor.

»» Ensaios não destrutivos em juntas soldadas como ensaios visuais e de


líquido penetrante ou partículas magnéticas.

»» Testes de impacto.

»» Ensaios dimensionais.

»» Teste de estanqueidade.

»» Teste hidrostático.

O processo de comissionamento também deve verificar se as exigências de transporte


do equipamento foram atendidas, com o intuito de evitar danos ao equipamento e
facilitar a montagem do mesmo, quando entregue ainda desmontado é comum que
os contratos de fornecimento especifiquem as condições em que as peças devem ser
marcadas e acondicionadas durante o transporte.

Além das partes mecânicas do trocador de calor, é importante que os dispositivos de


medição e controle do sistema seja devidamente inspecionado e, quando aplicável,
também calibrados. Por exemplo, os transmissores e válvulas de controle geralmente
passam pelo processo de calibração. Para as válvulas de controle, levanta-se uma curva
de abertura e fechamento, ou assinatura da válvula. Com essa curva, que relaciona a
energia gasta pela válvula versus a posição de sua haste, é possível diagnosticar defeitos
como atrito excessivo e agarramento.

Quando a operação do sistema for automatizada, é importante que o sistema como um


todo seja testado durante o processo de comissionamento. Fazem parte do teste do
sistema automatizado, entre outros, os testes de simulação de falhas e de controle.

72
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II

Processo de Inspeção

O processo de inspeção de trocadores de calor é de extrema importância para garantir o


funcionamento do mesmo de forma segura e para evitar paradas inesperadas, resultando
em perda de produto processado e perda de produtividade. Portanto, apesar de ser
um processo que envolve um longo tempo de parada do equipamento, o processo de
inspeção e manutenção periódica dos trocadores de calor não deve ser negligenciado.

Por suas características construtivas e operacionais, os trocadores de calor de casco e


tubo são difíceis de serem inspecionados pelos métodos de inspeção não destrutivos
mais simples como medição de espessura por ultrassom ou por radiografia. Portanto,
vamos nos concentrar no processo de inspeção desse tipo de equipamento.

Os problemas maios comuns em trocadores de calor de casco e tubo são as cavidades


nas paredes internas e externas do tubo provocadas por corrosão (é muito comum
se referenciar a esse defeito pelo seu nome em inglês –pitting, ver Figura 45), a
corrosão das paredes, trincas axiais e circunferenciais que ocorrem principalmente
junto as placas finais (espelhos), a erosão e a perda de material ( ver Figura
44), fragilização pelo revenido, fragilização a 885°F, fadiga, cavitação, corrosão
microbiológica, corrosão ou fragilização cáustica, corrosão seletiva, corrosão galvânica,
corrosão sob-tensão, fragilização por hidrogênio, corrosão por ácido clorídrico, corrosão
por ácidos politiônicos.

O documento API 571 comenta esses modos de falha e as regiões mais prováveis de
cada das falhas para aplicações de trocadores de calor em refinarias petroquímicas.

Figura 44. Exemplo de tubos de um trocador de calor com perda de material.

Fonte: Sabino (2008)

73
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

Figura 45. Exemplo de tubo apresentando furos por corrosão (pit).

Fonte: Sabino (2008).

Caso esses defeitos não sejam detectados a tempo, pode haver perda de pressão
interna, que comprometeria a eficiência do processo e até mesmo a parada total de
funcionamento do equipamento. No caso de operações em indústria farmacêutica,
química ou alimentícia, o rompimento dos tubos por um desses defeitos também
provocaria a perda de produtos devido à contaminação com o fluido de trabalho.

Há vários métodos de ensaios não destrutivos para verificação da integridade dos tubos dos
trocadores de calor, dependendo principalmente do material construtivo do equipamento.
Por exemplo, para inspeções em materiais não ferrosos, geralmente se emprega a técnica
das correntes parasitas (ECT) e para materiais ferrosos pode-se utilizar as técnicas de
campo remoto (RFT) e fuga do campo magnético (MFL). Para cada tipo de defeito a ser
investigado, também é possível o uso de diferentes técnicas e equipamentos de teste.

Figura 46. Representação da sonda utilizada durante o ensaio de correntes parasitas.

Bobina de
detecção
Bobina de indução Tubo ensaiado

Fonte: Sabino (2008).

Figura 47. Sonda evidenciando trinca circunferencial (em preto) e correntes parasitas circunferenciais (em vermelho).

Tubo ensaiado

Bobina

Trinca

Fonte: Nogueira (2015).

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PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II

Na inspeção dos tubos de um trocador de calor, para ter-se garantia de detecção de


todos os tipos de defeitos, nem sempre o emprego de apenas uma técnica de ensaio é
suficiente. É necessário que a equipe de ensaio investigue e estabeleça a combinação de
técnicas mais adequada.

Figura 48. Processo de inspeção de tubo de um trocador de calor.

Fonte: Nogueira (2015).

Considerações finais sobre Trocadores de Calor

Chegamos ao final da disciplina de Trocadores de Calor e vimos muitos conceitos e


aplicações importantes para sua aplicação e problemas associados a essa temática.

Estudamos como funciona e como se dimensiona um dispositivo chamado trocador


de calor. Vimos que para escolher o mais adequado entre eles, é necessário considerar
aspectos como: desempenho característico, resistência a condições operacionais,
formas de manutenção, flexibilidade operacional, custo global, dimensões e perda
de carga.

Os trocadores de calor podem ser classificados de acordo com seu tipo de construção e
de acordo com o processo de transferência utilizado:

Processos de transferência

»» Contato direto.

»» Contato indireto:

›› Transferência direta.

›› Tipo de armazenamento.

75
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

Tipo de construção

»» Tubular.

›› Carcaça e tubo.

›› Tubo duplo.

›› Serpentina.

»» De placa.

›› Placa e gaxeta.

›› Espiral.

Vimos que o objetivo do projeto de um trocador de calor é buscar a geometria do


equipamento que resulte em um valor ótimo de coeficiente global de troca térmica,
dadas as condições de operação do processo e qualquer restrição aplicável.

De forma simplificada, mostramos que podemos representar a forma de operação


de um trocador de calor segundo o qual o fluido com maior temperatura percorre o
equipamento de uma extremidade à outra cedendo calor de forma contínua ao fluido de
menor temperatura. O fluido de menor temperatura também percorre o equipamento,
mas em sentido contrário ao fluido de maior temperatura.

As equações gerais dos trocadores de calor são as seguintes:

»» Equação 1 – área interna do trocador de calor: A=n.π.Di.L

»» Equação 2 – área externa do trocador de calor: A=n.π.De.L

»» Equação 3 – espessura das paredes de um tubo: e= (De - Di)/2

»» Equação 4 – área de troca térmica para um trocador de calor de placas:

A = Af = Aln = npl.Aep
ÿ ÿ
=
»» Equação 5 – taxa de transferência de calor, lado frio: q H=
ffs .m ff H ffe m ff

»» Equação 6 – taxa de transferência de calor, lado quente:


ÿ ÿ
= q H=
fqs .m q H fqe m fq

=
»» Equação 7 – carga térmica em um trocador de  ff Cpff ( Tffs − Tffe )
calor: q m

»» Equação 8 – balanço térmico considerando o fluido mais quente:


= q Cfq ( Tfqs − Tfqe )

76
PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR │ UNIDADE II

»» Equação 9 – Fluxo de calor em função da diferença de temperatura e


resistência térmica:
∆T
q =
Rt

»» Equação 10 – Coeficiente global de troca térmica (U):


1 1 e 1
Rt = = + ≡
+
UA h q A q K A h f Af
M ln

»» Equação 11 – Equação básica do projeto de um trocador de calor:


∆T
q
= = UA ∆Tm
Rt

»» Equação 12 – Eficiência térmica de um trocador de calor:


ÿ
q q
ne =
= ÿ
q max ( mC
 ) p min ( Tfqe − Tffe )
»» Equação 13 – Média Logarítmica da Diferença de Temperatura para
escoamento contracorrente:

( Tqs − Tfe ) − ( Tqe − Tfs )


∆Tln =
ln
( Tqs − Tfe )
( Tqe − Tfs )
»» Equação 14 – Média Logarítmica da diferença de Temperatura para
escoamento concorrente:

( Tqe − Tfe ) − ( Tqs − Tfs )


∆Tln =
ln
( Tqe − Tfe )
( Tqs − Tfs )
»» Equação 15 – Forma geral equação básica do projeto de um trocador de
calor:
=q UAFMLDT ∆Tm
UA
»» Equação 16 – Número de Unidades de Transferência: NTU = .
(m C p ) min
»» Equação 17 – Coeficiente global de troca térmica com fator de incrustação:

1 R incq e R
Rt = = + ≡
+ incf
Us A h q Aq K A h f Af
M ln

77
UNIDADE II │ PROJETO, ENTREGA E INSPEÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

Essas dezessete (17) equações resumem o equacionamento básico necessário para se


dimensionar qualquer trocador de calor. Não esquecendo, porém, das demais relações
que vimos nesta disciplina; relações (equações) essas, fundamentais para a plena
compreensão do funcionamento e da prática de projetar um trocador de calor.

No estudo de trocadores de calor vimos que para o cálculo do coeficiente global de troca
térmica são necessários os coeficientes individuais de convecção nos lados quente e frio
do trocador: hq e hf [W. K−1.m−2]. O coeficiente de convecção depende das propriedades
do fluido, de sua velocidade média, da direção de escoamento e da geometria da
superfície de troca térmica. Sendo assim, as correlações para a determinação desses
coeficientes são próprias para cada tipo de trocador e faixa de propriedades dos fluidos.
Ao longo dos nossos estudos vimos algumas dessas correlações. Não podemos também
se esquecer da importância para o cálculo dos coeficientes de convecção do Número de
Reynolds e do Número de Nusselt; e uma terceira relação importante é o Número de
Prandt (Pr), um número adimensional que representa a razão de viscosidade cinemática
e difusividade térmica de um fluido.

Finalizamos nossos estudos detalhando os seguintes tipos de trocadores de calor:

»» trocador de calor de duplo tubo;

»» trocador de superfície raspada;

»» trocador de calor de casco e tubos;

»» trocador de calor de placas.

Estudamos, por fim, a Inspeção e Comissionamento de trocadores de calor.

Vale salientar que a disciplina de Trocadores de Calor se complementa com a disciplina


de Transferência de Calor que irá abordar a parte Termodinâmica de forma mais
conceitual, enquanto aqui vimos a aplicação dessa mesma Termodinâmica em projetos.

Os estudos referentes à Trocadores de Calor não se esgotam nesses conteúdos, porém,


o que aqui foi estudado teve como objetivo fornecer subsídios fundamentais para o
entendimento dos fenômenos que envolvem esses equipamentos. Recomenda-se
aprofundar os estudos nas Bibliografias aqui indicadas!

78
Referências

BOHORQUEZ, Prof. Dr. Washington Orlando Irrazabal. Trocadores de calor: Aula


23. Disponível em: <http://www.ufjf.br/washington_irrazabal/files/2014/05/Aula-
23_Trocadores-de-Calor.pdf>. Acesso em: 16 abril 2019.

E.A.D. Saunders (1988). Heat Exchangers: Selection Design And Construction Longman
Scientific and Technical ISBN 0-582-49491-engineering, 78, April 5, pp. 127–134.

FIORILLO, David; MARTINS, Paulo Nascimento. Comissionamento de trocadores


de calor do tipo casco e tubos. 2010. 145 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia
Mecânica, Centro Tecnológico, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitoria, 2010.
Disponível em: <http://mecanica.ufes.br/sites/engenhariamecanica.ufes.br/files/
field/anexo/david_fiorillo_e_paulo_nascimento_martins.pdf>. Acesso em: 14 abril
2019.

GUT, Jorge Andrey Wilhelms. Configurações Ótimas para Trocadores de


Calor a Placas. 2003. 268 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Química,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/3/3137/tde-22102003-093322/publico/Tese_Jorge_A_W_Gut.pdf>.
Acesso em: 16 abril 2019.

MARRIOTT. Where and how to use the plate heat exchanger. Chemical (1971).

NITSCHE, M.; GBADAMOSI, R.O. Heat Exchanger Design Guide: a Practical


Guide for Planning, Selecting and Designing of Shell and Tube Exchangers. Waltham:
Elsevier Inc., 2016.

NOGUEIRA, Renato. Inspeções em trocadores de calor. 2015. Disponível em:


<https://bcend.com.br/inspecoes-em-trocadores-de-calor/>. Acesso em: 28 abril
2019.

ÖZISIK, M. N. Transferência de Calor. Editora Guanabara Koogan S.A., 1990.

PERISSÉ, Felipe. Corrosão nas Tubulações de Entrada e Saída dos Trocadores de


Calor por Placas. Disponível em <https://www.linkedin.com/pulse/corros%C3%A3o-
nas-tubula%C3%A7%C3%B5es-de-entrada-e-sa%C3%ADda-dos-calor-por-
periss%C3%A9/>. Acesso em: 1 maio 2019.

79
REFERÊNCIAS

SABINO, Ricardo Schayer. Inspeção de feixes tubulares de trocadores


de calor. 2008. 115 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Mecânica,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MDAD-
7W7JCC/disserta__o_mestrado___inspe__o_de_feixes_tubulares_de_troca.
pdf?sequence=1>. Acesso em: 25 abril 2019.

SCIENTIA. Trocadores de calores espirais. Disponível em <https://sites.google.


com/site/scientiaestpotentiaplus/trocadores-de-calor-espirais> Acesso em: 1 maio
2019.

SOLUTION CONTROLES (Org.). Trocador de Calor Sanitário Casco e Tubo


Corrugado – 05. Disponível em: <http://solutioncontroles.com.br/produtos/
trocador-de-calor-sanitario-casco-e-tubo/trocador-05/>. Acesso em: 26 abril 2019.

STEWART, Douglas. Roof top. Disponívelem: <https://www.freeimages.com/photo/


roof-top-1232128>. Acesso em: 20 dezembro 2018.

TADINI, Carmen Cecilia et al. Volume I. Rio de Janeiro: Ltc, 2018.

THULUKKANAM, Kuppan. Heat Exchanger Design Handbook. 2. ed. Boca


Raton: Crc Press, 2013. p.1245.

TOSI, Milena Martelli. Operações unitárias ii aula 3.: São Paulo: USP, 2017. Color.

TROCADOR de calor. Disponível em: <http://www.trocadordecalor.com.br/trocador-


de-calor>. Acesso em: 14 abril 2019.

TROCADORES de calor. 2018. Disponível em: <https://www.mundomecanico.com.


br/wp-content/uploads/2014/01/Trocadores-de-calor.pdf>. Acesso em: 26 abril 2019.

TROCADORES de calor espirais: Uma nova geometria de trocadores de calor, altamente


eficientes e compactos. Uma nova geometria de trocadores de calor, altamente eficientes
e compactos. Disponível em: <https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/
trocadores-de-calor-espirais>. Acesso em: 26 abril 2019.

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