Avaliação Do Ensino e Da Aprendizagem Apostila
Avaliação Do Ensino e Da Aprendizagem Apostila
Avaliação Do Ensino e Da Aprendizagem Apostila
Complementação Pedagógica
Coordenação Pedagógica – IBRA
2
SUMÁRIO
Apresentação
Definições de avaliação
Instrumentos de avaliação;
Auto Avaliação;
3
Unidade V – Planejamento e Avaliação ...........................................
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4
APRESENTAÇÃO
5
UNIDADE I
BASE CONCEITUAL
6
são tomadas as decisões sobre o currículo e o que representa em sua
implementação.
No segundo, o professor vem a ser um aplicador de técnicas e
recursos cuja elaboração ele não participa diretamente, mas lhe são
assegurados altos níveis de eficiência e de eficácia raramente
demonstrável no emprego de técnicas de programação e avaliação.
No âmbito educativo, a avaliação deve ser entendida como
atividade crítica de aprendizagem, porque se assume que a avaliação
é aprendizagem no sentido de que por meio dela adquirimos
conhecimento.
O professor aprende para conhecer e para melhorar a prática
docente em sua complexidade, bem como para colaborar na
aprendizagem do aluno, conhecendo as dificuldades que deve superar
o modo de resolvê-las e as estratégias que coloca em funcionamento.
O aluno aprende sobre e a partir da própria avaliação e da
correção, da informação contrastada que o professor oferece-lhe, que
será sempre crítica e argumentada, mas nunca desqualificada, nem
punitiva.
Necessitamos aprender sobre e com a avaliação. Ela atua,
então, a serviço do conhecimento e da aprendizagem, bem como dos
interesses formativos aos quais essencialmente deve servir.
Aprendemos com a avaliação quando a transformamos em atividades
de conhecimento e em ato de aprendizagem o momento da correção.
Apenas quando asseguramos a aprendizagem, também
podemos assegurar a avaliação – a boa avaliação que forma –
transformada ela mesma em meio de aprendizagem e em expressão
7
de saberes. Só então poderemos falar com propriedade em avaliação
formativa.
Consciente de que o fracasso escolar está aí, o professor que
age com rigor e razoavelmente a favor de quem aprende, trabalha
com o ânimo de superá-lo. Nesse sentido, não o aceita como
inevitável devido a causas que obedeceram unicamente e de um
modo determinante às capacidades naturais dos sujeitos – questão de
dons inatos – sem levar em conta fatores socioculturais, econômicos,
sem também descartar os fatores didáticos e os institucionais.
Entendida a educação como o acesso à cultura e à ciência –
bens comuns historicamente construídos, o desafio de cada professor
é não deixar ninguém de fora. Tomar consciência desse fato é
comprometer-se com modos razoáveis de agir com cada sujeito que
se encontre nessa situação delicada para não excluir ninguém da
participação do saber.
Definições de Avaliação
8
“Avaliação é um processo contínuo, sistemático, compreensivo,
comparativo, cumulativo e global, que permite avaliar o
conhecimento do aluno”. ( Juracy C. Marques, 1976)
Concluindo:
9
É voltada para o aluno, não para os conteúdos;
Democrática:
11
A avaliação deve ser um exercício transparente em todo seu trajeto,
no qual seja garantida a publicidade e o conhecimento dos critérios
que serão aplicados.
12
Se fazemos da avaliação um exercício contínuo, não há razão
para o fracasso, pois sempre chegaremos a tempo para agir e intervir
inteligentemente no momento oportuno, quando o sujeito necessita de
nossa orientação e de nossa ajuda para evitar que qualquer falha
detectada torne-se definitiva.
Atividades:
----------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------
13
UNIDADE II
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:
15
O número de questões desse tipo não deve ultrapassar a dez.
16
Por exemplo:
17
CONCEPÇAO CURRICULAR E PRÁTICA DE AVALIAÇAO:
A COESÃO DESEJÁVEL
18
Não apenas dentro da sala de aula, nem apenas restrito ao
cognitivo, mas significativo em e para sua vida dentro e, sobretudo,
fora da sala de aula. Nessa dinâmica, as formas tradicionais de avaliar
ou de avaliação através de testes, de qualquer tipo que seja, não
servem para desempenhar essas funções, nem para refletir aqueles
atributos e critérios que definem a nova situação, nem as condições de
qualidade que são proclamadas.
Elas tampouco ajudam outras formas tão anunciadas de
trabalhar em sala de aula, como, por exemplo, a aprendizagem
cooperativa, o trabalho em equipe, a aprendizagem crítica e
autônoma, traduzida ou concretizada no mágico lema de aprender a
aprender. Ou mudamos as formas de fazer, ou então mudamos as
formas nas quais se expressa o novo discurso educativo.
19
Esse passo é essencial na formação e esclarece o campo de
avaliação: os testes de rendimento ou os exames conhecidos como
tradicionais carecem de interesse e de valor formativo, porque não nos
dizem nada que nos ajude a entender esses processos.
Os maus resultados são, às vezes, indícios de que algo não
funciona, mas não nos dizem nada sobre as causas que os provocam,
que podem ser muitas e nem todas devido à negligência ou à falta de
habilidade de quem aprende. Eles tampouco nos dizem algo sobre a
qualidade do processo que desemboca na aprendizagem, nem sobre
a qualidade do que damos por aprendido. Outrossim, os professores
não podem aprender muito com os resultados para melhorar suas
práticas. Compreendendo os modos de aquisição e de assimilação,
pode agir razoavelmente bem no plano didático.
Uma questão-chave que os professores devem fazer-se ao falar
de avaliação, como de tantos outros aspectos que a educação
abrange, é sobre a sua própria concepção ou visão do conhecimento,
da educação, do ensino, da aprendizagem, do desenvolvimento do
currículo, da avaliação
As mudanças no processo de avaliação devem ser parte de um
programa muito mais amplo de inovação, abrangendo currículo e
didática tanto quanto avaliação.
20
MUDAR AS PRÁTICAS, MUDAR A MENTALIDADE: NOVOS
DESAFIOS, NOVOS COMPROMISSOS
21
Se isso é aceito, a avaliação que valorizará aquele conhecimento
deve ser necessariamente respeitosa com o que este é e com a
maneira de construí-lo. Do contrário, à confusão que invade a
avaliação educativa, devemos acrescentar a pouca vontade para
entendê-la e propor soluções ousadas que rompam tamanha
burocracia que vai contra toda a força que possa surgir da
compreensão desse fenômeno social que é a avaliação.
22
Seleção/exclusão ou ascensão das pessoas pelo acesso ao
saber via aprendizagem e melhoria e aperfeiçoamento da
competência individual.
A que tipo de objetivos serve a avaliação?
A todos ao mesmo tempo, sem estabelecer prioridades?
23
projeção prática (formação didática) para tomar decisões justas e agir
inteligentemente a favor de quem aprende.
Para agir razoavelmente, segundo tal premissa, necessitamos
transformar o exercício de avaliação em atividade de conhecimento
sobre a qual asseguramos a formação contínua, tanto de quem
aprende quanto da tarefa própria da profissão docente. Na medida em
que ocorre uma, ocorre a outra. Isoladas, simplesmente nos servem
para “encher o expediente”, que é o mesmo que negar a própria
atividade docente. Ao integrá-las, a avaliação torna-se uma atividade
didática que busca prioritariamente o conhecimento.
Nessa perspectiva, avaliar é conhecer, é contrastar, é dialogar, é
indagar, é argumentar, é deliberar, é raciocinar, é aprender. Em
termos gerais, realmente comprometidos com a racionalidade prática e
crítica, quem avalia quer conhecer, valorizar, ponderar, discriminar,
discernir, contrastar o valor de uma ação humana, de uma atividade,
de um processo, de um resultado. Avaliar é construir o conhecimento
por vias de descobrimento. Quem avalia com intenção formativa quer
conhecer a qualidade dos processos e dos resultados obtidos pelos
seus alunos.
Em educação, no ensino, quem avalia quer conhecer os
processos que produzem determinados resultados para valorizá-los.
Do mesmo modo, o avaliador deseja conhecer os resultados aos quais
se chega depois de seguir sequencialmente um processo, idealizado e
inspirado em princípios didáticos nos quais o componente moral está
permanentemente presente.
Por meio da avaliação, queremos conhecer a qualidade dos
processos e dos resultados. E, em educação, queremos conhecer
24
para valorizarmos processos que produzem certos resultados e intervir
a tempo, se necessário, com a sincera intenção de assegurar o êxito
dos que participam do mesmo processo educativo – decisão que brota
da própria atividade avaliadora. Este deverá ser o sentido da avaliação
formativa, que também será necessariamente contínua e pessoal.
Queremos conhecer para comprovar o que faz com que certos
processos ocorram com garantia de qualidade e sejam satisfatórios
para todas as partes. Pela mesma razão, queremos conhecer para
aprender porque ocorrem certos resultados que não foram previstos
ou desejados em processos pensados para assegurar a compreensão
e a aprendizagem.
Na avaliação de aprendizagens, percebe-se tradicionalmente
uma tendência em avaliar sempre com a intenção de corrigir,
penalizar, sancionar, qualificar. Precisamos recuperar o sentido
positivo da avaliação educativa e deparamo-nos com ela tornando-a
como uma atividade que convida a continuar aprendendo. Precisamos
acercar-nos dela com uma atitude construtiva e torná-la sempre, e em
todos os casos, um modo de aprendizagem, uma parte da
aprendizagem.
Assim, poderá agir a serviço da prática docente. Precisamos
descartar a idéia de que a avaliação é um apêndice do ensino que “se
anexa” à aprendizagem e que só tem a ver com a aprendizagem
acumulada. Não tem sentido falar da avaliação educativa se não está
a serviço da melhoria da prática de formação.
Quem aprende conteúdos concretos, aprende simultaneamente
a valorizar aquele conhecimento. Como a avaliação mais comum e
mais centrada em técnicas tradicionais ou do tipo teste, como são as
25
provas objetivas, não chega a níveis de pensamento complexo nem a
habilidades mentais superiores, a capacidade de avaliar nunca entra
nos planos de ensino e nem faz parte das tarefas de aprendizagem.
Foca a atenção em preocupações que requerem – e premiam – a
memória mais episódica, a lembrança parcelada sobre o imediato, a
repetição automática. Por isso mesmo, é tão fácil programar e delinear
segundo técnicas precisas. Basta prescindir dos interesses, da
situação na qual se aplicam e dos sujeitos aos quais se destina, que
são tratados como recipientes – educação bancária na expressão de
Paulo Freire -, e não como pessoas de comunicação que reagem e
posicionam-se em relação às mensagens que lhes chegam, quando
lhes é dada a oportunidade.
Precisamos aprender de e com a avaliação. A avaliação age,
então, a serviço do saber e das pessoas que aprendem. Ela deveria
ser o momento no qual quem ensina e quem aprende encontram-se
com a sã intenção de aprender.
Avaliamos para conhecer e aprendermos com a avaliação.
Somente assegurando a aprendizagem podemos assegurar a
avaliação, isto é, a boa avaliação, que forma continuamente, que seria
também significativa e catalisadora de novas aprendizagens.
Avaliamos enquanto aprendemos, aprendemos enquanto avaliamos.
Quando a avaliação e aprendizagem ocorrem simultaneamente,
quem é avaliado produz, cria, discrimina, imagina, analisa, duvida,
necessita contrastar, erra e corrige, elabora resposta, formula
perguntas quando surgem dúvidas, pede ajuda, busca em outras
fontes, avalia. Ou seja, põe em prática o conhecimento e a sua
26
capacidade de argumentar. Age de um modo consciente e
responsável sobre sua própria aprendizagem.
O objetivo é que quem aprende, utilize em suas avaliações os
critérios destinados a justificar a sua própria valorização, o seu próprio
juízo. Ao fazê-lo, necessariamente deverá pôr em prática o seu
conhecimento. A partir dessa proposta, as finalidades e os objetivos
da avaliação adquirem outro sentido e devem levar, necessariamente,
a outras formas de ação.
Atividades:
O processo de ensinar
O processo de aprender
27
UNIDADE III
28
la em um meio pelo qual os sujeitos que aprendem expressam seu
saber não sobre o imediato, mas sim sobre o saber acumulado e
integrado habitualmente aos modos de raciocinar e de agir em um
estudo (de formação) que é dinâmico, variável, aberto, inseguro,
imaturo, provisório, cheio de dúvidas e de contradições, de
sobressaltos, de curiosidades.
A avaliação deve constituir uma oportunidade real de demonstrar
o que os sujeitos sabem e como o sabem. Somente assim o professor
poderá detectar a consistência do saber adquirido e a solidez sobre a
qual vai construindo seu conhecimento.
Quando este se manifesta, o professor poderá intervir
inteligentemente, seja para reorientá-lo, seja para estimulá-lo ou
assegurá-lo, seja para corrigi-lo e valorizá-lo. Em todos os casos, e se
aceitamos o tempo de escolarização como tempo de formação
contínua, será sempre com intenção formativa.
Evidenciar erros, e também penalizá-los, não serve para esse
propósito; este modo de agir equivale a deter, e inclusive romper, a
própria dinâmica do processo.
Quando esse processo não ocorre, o fato de averiguar as razoes do
bloqueio faz da tarefa docente um importante trabalho de
investigação.
29
A AVALIAÇAO A SERVIÇO DE QUEM APRENDE
30
Avaliamos para conhecer, em qualquer contexto e em todos os
casos. Nos processos educativos de ensino e de aprendizagem,
queremos conhecer para agir intencionalmente de um modo que
consideramos correto, moral e intelectualmente valioso.
Porque queremos conhecer, e quem aprende conosco precisa
conhecer, necessitamos avaliar de forma educativa, que é a intenção
honestamente formativa.
Nessa dinâmica, a avaliação converte-se em atividade de
aprendizagem estreitamente ligada à pratica reflexiva e crítica,
atividade da qual todos saem beneficiados precisamente porque a
avaliação é – e deve ser – fonte de conhecimento e impulso para
conhecer. Porque participa de um exercício intencional que trata de e
com pessoas, precisamos avaliar de um modo justo, que não convém
confundir com um desejo desmedido em ser objetivos.
Quando avaliamos um trabalho ou um exame com o intuito de
apreciar a qualidade da resposta e o saber sobre a matéria de quem o
realiza, o que devemos buscar é conhecer o processo de elaboração
que o aluno seguiu, compreender a utilização das estratégias de
resolução que põe em jogo, a capacidade de argumentação que
mostra as causas e os motivos que provocam os erros.
Devemos considerar igualmente os acertos para discriminar
entre as respostas elaboradas e aquelas que obedecem a acertos
casuais, questão de azar. Se agirmos apenas com a intenção de
qualificar o trabalho ou o exame para quantificar aquele saber,
introduzimos elementos ou critérios que desviam a atenção do que
vale a pena ser considerado em processo de formação intelectual e
alteramos o valor da própria correção e da interpretação que o autor
31
tenha feito do trabalho. Conhecemos – ou imaginamos que
conhecemos – porque pretendemos ajudar, que é a tarefa que
honestamente nos deve caracterizar como professores que
intencionalmente formam.
Quando avaliamos apenas para confirmar ignorância e, como
consequência, qualificamos negativamente, aquele conhecimento
torna-se fiscalizador, episódico, superficial, encobridor das próprias
fragilidades e empobrecedor de uma atividade que em si deveria ser
gratificante, além de estimulante para novas aprendizagens, para
novas descobertas de conhecimentos.
Com o conhecimento adquirido podemos tomar decisões justas e
razoavelmente fundamentadas. Aí está a base que justifica a escolha
das técnicas que podemos empregar no momento de avaliar.
Por esse motivo é tão importante reconhecer o que, como professores,
precisamos saber além da tarefa habitual de ensinar.
Precisamos saber o que os alunos estão aprendendo e o modo
como o estão fazendo, as estratégias de raciocínio, de argumentação
e de aplicação que utilizam. Precisamos saber se o que aprendem
está relacionado com o que ensinamos e de que modo podemos
ensinar com formas que estimulem e potencializem suas próprias
qualidades de aprendizagem: uma avaliação que vise mais aos
aspectos em que o aluno vai obtendo êxito do que o que vai deixando
de lado, mais o que aprende do que o que não sabe, ou ignora, ou
esquece. Precisamos conhecer quais os procedimentos, quais as
técnicas entre as disponíveis, servem-nos para tais propósitos, quais
os métodos ou recursos de avaliação podemos criar para responder
as nossas próprias idéias sobre o que é uma boa aprendizagem e uma
32
boa avaliação. Podemos descobrir por esse caminho, que muitos dos
procedimentos que são considerados normais não nos servem para
esses fins, tais como as provas objetivas de tipo teste, sejam provas
de múltipla escolha, sejam de verdadeiro/falso, sejam de preencher
espaços.
33
seu desenvolvimento pessoal, enriqueça o seu processo de
aprendizagem, se é que existe?
Um Exemplo:
34
tratamento médico necessário. Imaginemos os diferentes graus de
informação que possam ser dados a ele, desde a mais completa e
razoável até a mais incompreensível e “desinformadora”, passando
por aquela que diz sem explicar, descreve sem indicar caminhos a
serem seguidos, prescreve sem dar razões, deixa dito sem
possibilidades de que o destinatário compreenda a mensagem. Além
da sensação de vazio, invade-lhe uma sensação de ignorância,
quando não de estupidez, porque, diante da falta de compreensão do
que sente e padece, não lhe sobram mais opções do que a de
acreditar e de obedecer cegamente ao que lhe é indicado. Sendo ator,
transforma-se em espectador de sua própria representação.
Se investirmos o conhecimento que obtemos para melhorar
nossas práticas e para melhorar a aprendizagem de quem aprende
conosco, então a avaliação desempenhará a função formativa – uma
das funções mais enfatizadas nos discursos, que tão frequentemente
se deixa escapar ou se oculta na pratica. Ou, então, o que é mais
grave, é dada como função desempenhada, embora a evidência do
fracasso ou a comprovação das disfunções que produz, mostrem que
não contribui para a formação dos sujeitos envolvidos.
Avaliamos para conhecer. Com tal fim, precisamos coletar uma
informação valiosa, argumentada e fundamentada, na qual os sujeitos
que são fontes dos dados analisados, conheçam, por sua vez, os seus
conteúdos e os usos que serão feitos dela.
Será uma informação valiosa se aquele conhecimento provier de
bases sólidas; a partir daí, tomaremos decisões fundamentadas.
Para isso, é imprescindível assumir como valor moral o dever de
informar aos alunos tudo o que lhes corresponde, que lhes afete e que
35
lhes interesse para poderem melhorar e assegurar seu progresso
contínuo na apropriado saber.
Por um lado, evita-se ou previne-se contra o uso e o abuso
irracionais do poder; por outro lado, garantimos com isso o exercício
ético e justo da autoridade. As decisões serão de valor educativo se
beneficiarem prioritariamente quem aprende e quem ensina. Esse
deve ser o mérito da avaliação que pretenda desempenhar funções
essencialmente formativas, que estarão sempre, e em todos os casos,
a serviço da prática de ensino e de aprendizagem. Os dois estão
incluídos em um mesmo processo dinâmico, já que o êxito de um
(ensino) representa o êxito da outra (aprendizagem).
É necessário entender que, ao dever de aprender que o aluno
tem, assiste-lhe (segue-lhe) o direito de errar no mesmo processo
quando, honestamente, tenta desenvolver seu próprio pensamento,
que é produzido no mesmo momento que se vai fazendo. Penalizá-lo
por atrever-se a comprometer seu pensamento com uma resposta
própria é cortar pela raiz qualquer possibilidade de fortalecer e de
configurar a autonomia intelectual de que precisa para conviver em
sociedade dignamente.
Quando a resposta não está devidamente sustentada em razões,
a correção indicará o caminho adequado. Uma vez que a resposta é
reelaborada com as indicações pertinentes dadas pelo professor, não
há motivo para reprovar, nem sequer para baixar pontos. Se o que
realmente importa é que o aluno aprenda, este seria um bom
momento para comprovar que a aprendizagem já aconteceu.
36
IMPORTÂNCIA DAS PERGUNTAS PARA A AÇÃO REFLEXIVA E
CRÍTICA
37
critérios indicadores os fornecidos, sem outra intenção se não a de
incentivar a reflexão sobre práticas e críticas de avaliação.
Exemplo:
Aquelas perguntas que têm a mesma resposta entre os alunos
podem ser descartadas, pelo fato de que costumam basear-se nos
mesmos apontamentos, na mesma fonte de informação e só requerem
o esforço da memória comum, circunstancial, mínima, a curto prazo e
não-significativa.
Além disso, correm o risco de que, se o que os alunos
transcreveram em seus apontamentos não está correto, uma
porcentagem elevada deles pode fornecer o mesmo erro multiplicado.
Também evidenciam que, por trás desse tipo de respostas, cabe
apenas um pensamento simples, além de único, que chega a soluções
simples, descartando a elaboração de respostas próprias, elaboradas,
comparadas, argumentadas.
Se forem perguntas cujas respostas os alunos podem copiar
mecanicamente uns dos outros, deve-se revisá-las: desenvolvem mais
as habilidades próprias de fraude do que as que exigem o
desenvolvimento das capacidades do pensamento autônomo
fundamentado ou as que requerem entendimento ou aplicação de
saberes adquiridos, ou as possibilidades que têm de iniciativa, de
pesquisa, de exploração e de descoberta.
Somente quando são esperadas respostas uniformes e repetidas
das perguntas, há a possibilidade de cópia. Aumenta, então, o risco
de fraude, que supõe dar uma resposta que não seja de elaboração
própria, que seja copiada diretamente de outros alunos, que seja
38
automatizada ou armazenada mecanicamente na memória a curto
prazo do aluno, que a “despeja” irrefletidamente sobre o papel.
Quando a pergunta obriga a reflexão, desafia a capacidade de
raciocínio de quem deve responder e exige elaboração de
pensamento, então cada resposta obedece a formas diferentes de
argumentar, de pensar e de mostrar o que cada um realmente sabe ou
interpreta, isto é, estilos distintos na expressão das próprias idéias. A
cópia, nesses casos, é impossível ou, se ocorre, será mais difícil de
ser sustentada e justificada argumentativamente. Se você pretende
desenvolver o pensamento criativo, crítico, autônomo, formule
perguntas que “obriguem” a argumentar as respostas de um modo
criativo, crítico e autônomo. Consequentemente, não espere respostas
uniformes.
Reconhecemos que, para ter acesso ao conhecimento, não há
um único caminho válido, como também devemos reconhecer que
não deve haver uma única resposta válida expressa ou redigida nos
mesmos termos. Quando isso acontece, só podemos garantir que
quem responde simplesmente copia, seja a partir do baú de
recordações ou da memória mais insignificante, seja a partir de
qualquer outra fonte.
Como avaliador, você deverá centrar seus esforços em analisar
criticamente o valor implícito de cada resposta, argumentando seus
pontos de vista de um modo razoável. Se o que pretende é
desenvolver a inteligência de quem aprende com você, formule
perguntas que a estimulem, não que a adormeçam, ou a obriguem a
um exercício de obediência a palavras emprestadas ou a
simplesmente transmitidas. Você também poderá testar fórmulas que
39
consistem não tanto em dar respostas a questões formuladas, mas
que seja o próprio sujeito da aprendizagem que formule as perguntas.
A ciência avança movida pelas perguntas e é a natureza delas que os
cientistas se propõem a resolver.
Sem dúvida, quem está capacitado para perguntar é porque
conhece o terreno no qual se move; então, poderá comprovar que vale
a pena responder a perguntas estimulantes, perguntas inteligentes
que desafiam as certezas que repousam em respostas alheias.
Pela mesma razão, poderá comprovar como perguntas triviais
revelam um conhecimento medíocre, pouco sustentado, mal copiado,
deficiente em sua formulação, pobre em interpretação e nulo em
integração nos esquemas do próprio conhecimento de quem aprende.
Ao contrário, também poderá dar-se conta da capacidade para gerar
idéias criadoras, características de quem aprende de modo
significativo, seja no contexto de sala de aula, seja para aplicá-lo fora
dela, incorporando-as às formas habituais de ser inteligente. Nessa
maneira crítica de agir, todos acabam aprendendo, porque avançam
sobre caminhos nos quais a compreensão é estimulada e reforçada.
40
afirmar certezas, divergir fundamentalmente e valorizar (avaliar) as
próprias respostas e as que são dadas pelos demais componentes
do grupo de trabalho. A própria atividade de avaliar torna-se, assim,
uma aprendizagem de atividade compartilhada e solidária que
traduz em mais aprendizagem e em aprendizagens novas.
O diálogo, como já indiquei, desempenha uma função formativa
importante quando facilita a descoberta do conhecimento que, pouco a
pouco, vai sendo construído. É a razão pela qual, nas palavras de
Morin, “temos necessidade de um diálogo permanente com a
descoberta”.
41
Centrada no docente, porque faz suas as responsabilidades que
derivam de sua profissão. Como bem menciona Nevo, ao falar de
avaliação de programas, “ninguém pode ter a autoridade para avaliar
se não está disposto a compartilhar a responsabilidade pelas
consequências da avaliação.
42
UNIDADE IV
FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
43
Possibilitar a seleção e a classificação de pessoal
(professores, alunos e especialistas)
Ajustar políticas e práticas curriculares.
FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
Diagnóstica Formativa Classificatória
Determinar a Informar professor e Classificar os alunos
presença ou aluno sobre o ao fim de um
ausência de rendimento da semestre, ano ou
Propósi- habilidades e/ou aprendizagem durante curso, segundo níveis
tos pré-requisitos. o desenvolvimento das de aproveitamento.
atividades escolares
Identificar a Localizar deficiências
causa de na organização do
repetidas ensino de modo a
dificuldades na possibilitar
aprendizagem. reformulações.
Geralmente
Objeto comportamento
de Comportamento Comportamento cognitivo, às vezes
44
Medida Cognitivo e cognitivo, afetivo e comportamento
Psicomotor psicomotor psicomotor e
ocasionalmente
comportamento
afetivo.
No inicio de um
semestre, ano Durante o Ensino Ao final de um
letivo ou curso; semestre, ano letivo
Época ou curso.
Durante o
ensino, quando o
aluno evidencia
incapacidade em
seu desempenho
escolar.
Instrumentos
Pré-teste especificamente Exame, prova ou teste
planejados de acordo final.
com os objetivos
Instru- propostos.
mentos Teste
padronizado de
rendimento
Teste
diagnóstico
Ficha de
observação
45
Instrumento
elaborado pelo
professor
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Caracterização
46
seus motivos, quais as razões para agir como o fazem – por que não
perguntar a elas?”
AUTO-AVALIAÇÃO
47
favoráveis à aprendizagem, pois só assim este se sentirá seguro,
confiante e manifestará autenticidade.
Quanto à forma, a auto-avaliação poderá ser expressa
livremente ou obedecendo critérios que podem ser registrados em
fichas.
48
UNIDADE V
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO
49
Princípios Universais da Avaliação Mediadora
50
Acreditar que toda a aprendizagem se dá na relação de
saber consigo mesmo, com os outros e com os objetos do
saber. E isso concomitantemente. Portanto, desenvolver uma
prática avaliativa de modo a privilegiar a expressão própria do
pensamento dos alunos, a oportunizar-lhes vivências em
ambientes interativos, a tornar disponíveis múltiplas e ricas
fontes de informação sobre os objetos do saber.
51
E, de fato, o que se observa na investigação da prática avaliativa
dos três graus de ensino é, ao contrário de uma evolução, um
fortalecimento da prática de julgamento de resultados alcançados pelo
aluno e definidos como ideais pelo professor.
Alguns fatores parecem contribuir para a manutenção de tal
concepção: a autonomia didática dos professores, decorrente de suas
especializações em determinadas disciplinas e/ou áreas de pesquisa,
que dificulta a articulação necessária entre os docentes, a ponto de
suscitar uma reflexão conjunta sobre essa questão; a estrutura
curricular, por exemplo, do 3° Grau, com o regimento de matrícula por
disciplinas que, desobrigando à seriação conjunta dos alunos, impede
os professores de avaliarem a trajetória do estudante em seu curso
superior, em termos do acompanhamento efetivo de seus avanços e
de suas dificuldades; além desses, a natureza da formação didática
dos professores, que se revela, na maioria das vezes, por um quadro
de ausência absoluta de aprofundamento teórico em avaliação
educacional.
Tomando ainda mais grave a postura conservadora dos
professores, observamos que a avaliação é um fenômeno com
características seriamente reprodutivistas, ou seja, a prática que se
instala nos cursos de Magistério e Licenciatura é o modelo que vem a
serseguido no 1° e 2° Graus. Muito mais forte do que qualquer
influência teórica que o aluno desses cursos possa sofrer, a prática
vivida por ele enquanto estudante passa a ser modelo seguido quando
professor.
O que tal fenômeno provoca é, muitas vazes, a reprodução de
práticas avaliativas ora permissivas (a partir de cursos de formação
52
que raramente reprovam os estudantes), ora reprovativas (a partir de
cursos, como os de Matemática, que apresentam abusivos índices de
reprovação nas disciplinas).
Muitos professores nem mesmo são conscientes da reprodução
de um modelo, agindo sem questionamento, sem reflexão, a respeito
do significado da avaliação na Escola.
Aponto, então, algumas perguntas relacionadas à complexidade
dessa questão:
Como superar o descrédito de muitos professores relativo a
sua perspectiva de avaliação enquanto ação mediadora?
Quais serão as questões emergências na discussão dessa
perspectiva, levando-se em conta a superficialidade da
formação dos professores nessa área?
Em que medida prevalece uma visão de conhecimento
positivista fortalecedora da concepção classificatória da
avaliação?
O que se pretende é refletir sobre as origens desse descrédito e
sobre o impacto que tal postura pode causar nas relações que se
estabelecem entre professor e aluno e em todas as estruturas do
ensino.
"Uma vez estabelecidos os procedimentos de avaliação, os
instrumentos e as medidas, a atribuição de conceitos e sua aplicação,
ou seja, as classificações segundo determinados padrões, passam
(esses procedimentos) a ser vistos como atividades técnicas e neutras
ao invés de formas interpretativas e expressivas das relações sociais
que estão incorporadas dentro da própria idéia de
avaliação."(BARBOSA)
53
Considero reveladoras de tal postura de resistência dos
professores algumas perguntas formuladas por eles em seminários e
encontros para discussão do tema Avaliação. Algumas questões,
repetidamente formuladas, serão ponto de partida dessa análise:
Não estaremos nós, professores, sendo responsabilizados
pelo fracasso de alunos desinteressados e desatentos?
Como é possível alterar nossa prática, considerando o
número de alunos com que trabalhamos e o reduzido tempo
em que permanecemos com as turmas?
Não é necessário, nessa proposta, uma enorme
disponibilidade do professor para atendimento aos alunos?
Em que medida formaremos um profissional competente sem
uma prática avaliativa exigente e classificatória (competitiva)?
Será possível alterar o paradigma da avaliação diante das
exigências burocráticas do sistema? Não se deveria começar
por alterá-las?
Pretendo, inicialmente, analisar o conteúdo das perguntas que
vêm sendo formuladas pelos professores e refletir sobre suas
concepções. É preciso dizer que serão apontadas algumas hipóteses
sobre concepções implícitas às perguntas formuladas como tentativa
preliminar de análise do seu significado. Outras hipóteses, sem
dúvida, poderão ser sugeridas, ampliando-se essa discussão.
A primeira pergunta e a hipótese apontada poderiam introduzir a
análise da relação entre a concepção de avaliação e a visão de
conhecimento do professor. Ou seja: em que medida o repensar sobre
a avaliação exigiria investigar como o professor concebe a relação
sujeito-objeto na produção de conhecimento?
54
Se concebe a aprendizagem do ponto de vista
comportamentalista, o professor define como uma modificação de
comportamento produzida por alguém que ensina em alguém que
aprende. O conhecimento do aluno vem dos objetos e cabe ao
professor organizar os estímulos com os quais o aluno entrará em
contato para aprender. A prática pedagógica consistirá, então, na
transmissão clara e explícita dos conteúdos pelo professor,
apresentando exemplos concretos (organização de estímulos). Essa
situação, por si só, promoverá a aprendizagem, desde que o aluno
entre em contato com tais estímulos, esteja atento às situações.
Assim, se o professor oferecer explicações claras, textos
explicativos consistentes e organizar o ambiente pedagógico, o aluno
aprenderá, exceto se não estiver presente, ou se não estiver atento às
explicações, ou não memorizar os dados transmitidos pelo professor,
ou não cumprir as tarefas de leitura solicitadas.
A hipótese que anuncio é que uma tal visão de conhecimento
positivista vincula-se a uma prática avaliativa de observação e registro
de dados. Assim como supervaloriza as informações que transmite ao
aluno e exige que ele permaneça alerta a tais informações, o professor
também o toma como seu objeto de conhecimento, ou seja,
permanece atento aos "fatos objetivos": o aluno passa a ser um objeto
de estudo do professor, que o capta apenas em seus atributos
palpáveis, mensuráveis, observáveis. Sua prática avaliativa revela
intenções de coleta de dados em relação ao aluno, dele registrando
dados precisos e fidedignos.
Dessa forma, o professor não assume absolutamente a
responsabilidade em relação ao fracasso do aluno. Em primeiro lugar,
55
porque representaria assumir sua incompetência na organização do
trabalho pedagógico, uma apresentação inadequada de estímulos à
aprendizagem.
Em segundo lugar, porque aquilo que faz geralmente se traduz
em resultados positivos. Ou seja, alguns alunos, ou a maioria,
aprendem. Se a ação produz modificação de comportamentos em
alguns alunos, então o problema está nos alunos e não na ação do
professor. Sem ultrapassar a visão comportamentalista de
conhecimento, nenhuma outra hipótese é levantada pelo professor
sobre as dificuldades que os alunos apresentam, senão a sua
desatenção e desinteresse.
Em terceiro lugar, porque, coerente com tal visão de
conhecimento, o avaliar reduz-se, para ele, à observação e ao registro
dos resultados alcançados pelos alunos ao final de um período. Tal
visão não absorve uma perspectiva reflexiva e mediadora da
avaliação.
O que pretendo argumentar é que a visão comportamentalista
dos professores parece manifestar-se de forma radical em sua prática
avaliativa, e é muito grave a sua resistência em perceber o
autoritarismo inerente a tal concepção. Sem considerarem possíveis
outras explicações para o fracasso dos estudantes que não o
comprometimento deles (o que também é importante, mas não razão
absoluta), não podem evoluir no sentido de dois princípios presentes a
uma avaliação enquanto mediação: o do acompanhamento reflexivo
e o do diálogo.
Introduzindo esses princípios, estaríamos, assim, analisando as
concepções implícitas às seguintes perguntas dos professores:
56
Como é possível alterar nossa prática, considerando o
número de alunos com que trabalhamos e o reduzido tempo
em que permanecemos com as turmas?
Não é necessário, nessa proposta, uma enorme
disponibilidade do professor para atendimento aos alunos?
As hipóteses que aponto dizem respeito a uma percepção de
que os professores estariam considerando a perspectiva de avaliação
mediadora uma prática impossível, ou difícil, porque tal perspectiva
exigiria deles uma relação intensa em tempo com seus alunos e direta,
a partir de um atendimento que se processaria individualmente e
através de uma comunicação verbal por meio de explicações,
orientações e encaminhamentos. Tal prática seria dificultada, assim,
pelo panorama da Escola atual: número de alunos por turma, carga
horária das disciplinas, tempo disponível do professor para
atendimento individual aos alunos etc.
É preciso investigar, então, a compreensão pelos professores
dos termos acompanhamento e diálogo.
O termo diálogo, por exemplo, pode significar simplesmente
conversa, não querendo,contudo, dizer que haja entendimento entre
as pessoas que conversam. Ora, se compreendido dessa forma, o
princípio do diálogo como linha norteadora de uma avaliação
mediadora pode provocar um sentimento de impossibilidade nos
professores, principalmente a partir da 5ª série. Isto porque é
impossível haver tempo para conversar com todos os alunos de todas
as turmas, sobre todas as questões que levantam. Suspeito daí que
alguns professores considerariam possível tal prática apenas no 1°
57
Grau, nas séries iniciais por exemplo, pelo contato permanente dos
professores com suas crianças.
Da mesma forma, o significado do termo acompanhar também
pode ser o de estar junto a, caminhar junto de. E isto exigiria
igualmente do professor maior tempo com seus alunos.
Estes dois termos, atrelados a uma visão de conhecimento
positivista, podem estar sendo utilizados de forma reducionista.
Através do diálogo, entendido como momento de conversa com os
alunos, o professor despertaria o interesse e a atenção pelo conteúdo
a ser transmitido.
O acompanhamento significaria estar junto aos alunos, em
todos os momentos possíveis, para observar passo a passo seus
resultados individuais. O que significa que tanto o acompanhamento
quanto o diálogo, assim concebidos, não conduziriam o professor,
obrigatoriamente, a uma prática avaliativa mediadora.
Em uma investigação sobre o significado do termo acompanhar,
29 professores de 1º Grau, dentre 32 respondentes, disseram que
acompanhavam os alunos todos os dias, continuamente, em todas
as situações de sala de aula.
Entretanto, todos os 32 professores definiram avaliação por
verificação de resultados alcançados (através de enunciados
diversos). Quero dizer que se os professores disseram acompanhar os
alunos, o sentido do seu acompanhar pode ter sido o de observar e
registrar todo o tempo o que o aluno é capaz de demonstrar.
Estudos buscam contrapor-se a essa perceptível resistência de
muitos professores, hipoteticamente justificada por uma compreensão
58
reducionista e positivista de alguns princípios essenciais da avaliação
mediadora.
A avaliação, enquanto relação dialógica, vai conceber o
conhecimento como apropriação do saber pelo aluno e também pelo
professor, como ação-reflexão-ação que se passa na sala de aula em
direção a um saber aprimorado, enriquecido, carregado de
significados, de compreensão. Dessa forma, a avaliação passa a exigir
do professor uma relação epistemológica com o aluno - uma conexão
entendida como reflexão aprofundada a respeito das formas como se
dá a compreensão do educando sobre o objeto do conhecimento.
59
Ao contrário, o diálogo deve ser entendido como algo que faz
parte da própria natureza histórica dos seres humanos. É parte de
nosso progresso histórico, do caminho para nos tornarmos mais
humanos. (...) o diálogo é o momento em que os humanos se
encontram pare refletir sobre sua realidade tal como a fazem e re-
fazem". (SHOR, FREIRE).
60
positivo, um elemento fundamental à produção de conhecimento pelo
ser humano. A opção epistemológica está em corrigir ou refletir sobre
a tarefa do aluno. Corrigir para ver se aprendeu reflete o paradigma
positivista da avaliação.
Refletir a respeito da produção de conhecimento do aluno para
encaminha-lo à superação, ao enriquecimento do saber significa
desenvolver uma ação avaliativa mediadora.
O termo acompanhamento, conforme o entendermos,
complementa ou não esse significado. Acompanhar pode ser definido
por favorecer, e não simplesmente por estar junto a.
Ou seja, o acompanhamento do processo de construção de
conhecimento implica favorecer o desenvolvimento do aluno,
orientá-lo nas tarefas, oferecer-lhe novas leituras ou explicações,
sugerir-lhe investigações, proporcionar-lhe vivências
enriquecedoras e favorecedoras à sua ampliação do saber. Não
significa acompanhar todas as suas ações e tarefas para dizer que
está ou não apto em determinada matéria. Significa, sim,
responsabilizar-se pelo seu aprimoramento, pelo seu "ir além".
De forma alguma é uma relação puramente afetiva ou emotiva;
significa uma reflexão teórica sobre as possibilidades de abertura do
aluno a novas condutas, de elaboração de esquemas de
argumentação, contra-argumentação, para o enfrentamento de novas
tarefas.
Complementando a análise das falas dos professores, restam-
nos duas últimas perguntas apontadas no início deste estudo:
Em que medida formaremos um profissional competente sem
uma prática avaliativa exigente e classificatória?
61
Será possível alterar a prática avaliativa diante das exigências
burocráticas do sistema? Não se deveria começar por alterá-
las?
Parece-me que a concepção positivista de Educação, aliada a
uma função capitalista e liberal da sociedade, reforça a prática
avaliativa em sua feição de "competência", através das armas da
classificação e da competição.
Os professores dizem perseguir uma "Escola de qualidade",
sendo exigentes na avaliação; no entanto, contribuem sobremaneira
para o afastamento de milhares de crianças e jovens da Escola e da
Universidade através do fator de reprovação continuada.
Escolas públicas de 1°. Grau iniciam seu ano letivo com dez
turmas de 1ª série e, concomitantemente, com turmas únicas de 8ª
série (com poucos alunos).
Há uma discrepância enorme entre o número de escolas
públicas de 1a. Grau e a oferta de vagas no 2°- Grau. A reprovação no
vestibular, por sua vez, é maciça, além de ocorrer um alto índice de
evasão nos cursos universitários. Esse panorama é representativo de
um "ensino de qualidade"?
As exigências avaliativas, desprovidas muitas vezes de
significado quanto ao desenvolvimento efetivo das crianças e dos
jovens, favorecem a manutenção de uma Escola elitista e autoritária.
Os pronunciamentos dos professores formam um todo vinculado e
consistente em torno de um mesmo significado liberal.
No aprofundamento desse fenômeno, proponho a tomada de
consciência dos educadores quanto ao sentido da avaliação na
Escola. Hoje é difícil até mesmo iniciar essa discussão. Muitos
62
professores nem chegam a participar dessas discussões, porque não
se sentem sequer incomodados diante desse panorama.
As questões e considerações deste estudo pretendem,
justamente, delinear uma investigação que julgo necessária. Ou seja,
sobre a força da relação entre concepções do aprender e do avaliar
nos três graus de ensino; uma relação que ainda não percebo em sua
total complexidade, mas que se refere essencialmente ao descrédito
que se estabelece quanto a uma perspectiva de avaliação mediadora
devido à postura comportamentalista e conservadora dos educadores.
O que busco enunciar é uma necessária investigação no que diz
respeito ao significado da avaliação enquanto relação dialógica na
construção do conhecimento, privilegiando a feição de mediação sobre
a de informação na avaliação do aluno e buscando a compreensão da
prática avaliativa dos professores.
63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
64