Aula 11 e 12 - Medição de Potência Ativa
Aula 11 e 12 - Medição de Potência Ativa
Aula 11 e 12 - Medição de Potência Ativa
PROF. FABRICIO P. S.
MEDIÇÃO DE POTÊNCIA ATIVA EM CC
MÉTODO INDIRETO
Pode-se medir a potência de um circuito de corrente contínua utilizando-
se um amperímetro e um voltímetro, calculando-se a potência através da
equação (1).
𝐖 = 𝐕. 𝐈 (1)
Este método leva os resultados a terem menos precisão do que uma
medida direta, pois além dos erros de leitura, é envolvida, ainda, uma
operação matemática.
Outro problema é a disposição dos aparelhos que será realizada a
seguir. 2
MEDIÇÃO DE POTÊNCIA ATIVA EM CC
A. Derivação Longa
A medida de potência feita pela
derivação longa é mostrada na
figura 1.
Figura 1 – Medida de Potência (Derivação Longa)
A. Derivação Longa
Este tipo de disposição é indicada
quando se tem tensões elevadas e
correntes reduzidas, pois o efeito da
queda de tensão no amperímetro e
atenuada. Figura 1 – Medida de Potência (Derivação Longa)
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MEDIÇÃO DE POTÊNCIA ATIVA EM CC
A. Derivação Curta
A medida de potência feita pela
derivação curta é mostrada na
figura 2.
Figura 2 – Medida de Potência (Derivação Curta)
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EXEMPLO 1
Calcular o erro obtido na medição de potência utilizando-se um
amperímetro e um voltímetro, nos dois tipos de derivação
apresentados.
Nota-se que para este caso, a
Dados: Resistência do amperímetro: RA = 0,01Ω derivação curta é mais eficaz na
Resistência do voltímetro: RV = 1.000Ω medição do que a derivação longa,
que apresentou um valor incompatível.
Resistência da carga: R = 0,1Ω
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MEDIÇÃO DE POTÊNCIA ATIVA CC E CA
MÉTODO DIRETO
Na medida direta de potência utiliza-se um wattímetro.
Os wattímetros eletromecânicos pertencem à uma classe de instrumentos
denominados instrumentos eletrodinâmicos.
Os instrumentos eletrodinâmicos possuem dois circuitos independentes que permitem
que os mesmos sejam utilizados como amperímetros, voltímetros, wattímetros
(medidores de potência ativa) e varímetros (medidores de potência reativa)
dependendo da maneira como as bobinas são conectadas.
O torque produzido nestes instrumentos surge de forças magnéticas produzidas por
correntes elétricas que circulam em duas bobinas, sendo que uma bobina é fixa e a
outra é móvel.
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MEDIÇÃO DE POTÊNCIA ATIVA CC E CA
OBS.:
• Bc - é fixa e de poucas espiras de fio grosso;
• Bp - é móvel e está em série com resistência não indutivas
Instrumentos Eletrodinâmicos (manganina) de alto valor.
Onde:
Lc e Lp são respectivamente, as indutâncias
próprias das bobinas Bc e Bp;
M é a indutância mútua devido ao
acoplamento magnético entre as bobinas.
As correntes ic e ip são, respectivamente, as
correntes nas bobinas Bc e Bp. Figura 3 – Esquema de um
instrumento eletrodinâmico. 11
EXPRESSÃO DO TORQUE PARA INSTRUMENTOS
ELETRODINÂMICOS
O torque instantâneo, ao qual é submetida a bobina Bp, é dado
por:
Na equação anterior 𝜃 é a posição angular do ponteiro que está
acoplado à bobina Bp.
Portanto, a partir da equação da energia armazenada no campo
magnético, o torque instantâneo em função de 𝜃 será escrito como
sendo:
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EXPRESSÃO DO TORQUE PARA INSTRUMENTOS
ELETRODINÂMICOS
Observe que a derivada dos dois primeiros termos da equação da
energia armazenada no campo magnético é nula devido a
indutância mútua ser uma função de 𝜃 mas as correntes ic e ip e as
indutâncias próprias Lc e Lp não.
em
teremos:
1 𝑇
ou 𝜃𝑎𝑣 = 𝐾 ∙ න 𝑖𝑐 ∙ 𝑖𝑝 ∙ 𝑑𝑡
𝑇 0
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MEDIÇÃO DE POTÊNCIA ATIVA EM CA
A potência em circuitos de
corrente alternada é dada por:
𝑊 = 𝑉. 𝐼 cos 𝜑
Portanto, somente com a leitura
da tensão e corrente não se
obtém a potência ativa, há
necessidade do uso de
wattímetro.
Figura 4 – Wattímetro eletrodinâmico.
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O WATTÍMETRO ELETRODINÂMICO
A. Princípio de Funcionamento
Seja:
i = corrente instantânea na bobina
amperimétrica;
id = corrente instantânea na bobina
voltimétrica;
Rad = Resistência adicional;
Para um instrumento eletrodinâmico temos:
𝑚 = 𝑘1 . 𝑖. 𝑖𝑑
Onde: 𝑚 = conjugado motor; Figura 4 – Wattímetro eletrodinâmico.
𝑘1 = constante.
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O WATTÍMETRO ELETRODINÂMICO
𝑣
Mas: 𝑖𝑑 = 𝑅
𝑑
Onde:
𝑣 = tensão instantânea do circuito;
𝑅𝑑 = é a resistência do circuito voltimétrico do wattímetro.
𝑘
𝑚 = 𝑘1 . 𝑖. 𝑖𝑑 ∴ 𝑚 = 𝑅1 . 𝑣. 𝑖 = 𝑘 ′ . 𝑣. 𝑖
𝑑
Mas:
𝑖 = 𝐼𝑀Á𝑋 . sin 𝜔𝑡
𝑣 = 𝑉𝑀Á𝑋 . sin 𝜔𝑡 + 𝜑
Então:
𝑚 = 𝑘 ′ . 𝑉. 𝐼. 2(𝑠𝑖𝑛2 𝜔𝑡. cos 𝜑 + sin 𝜔𝑡. sin 𝜑 . cos 𝜔𝑡)
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O WATTÍMETRO ELETRODINÂMICO
Resolvendo:
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O WATTÍMETRO ELETRODINÂMICO
A bobina móvel do wattímetro (bobina voltimétrica) é provida de uma mola que tem dupla
função:
1. conduzir corrente e oferecer conjugado resistente ao movimento da bobina ou do
ponteiro.
2. Quando se estabelece o equilíbrio entre o conjugado motor e o conjugado resistente,
estabelece-se a relação:
𝑘 " . 𝑉. 𝐼 cos 𝜑 = 𝜏. 𝛼
Onde:
𝜏 = constante da mola; O desvio do ponteiro é proporcional a potência
𝛼 = desvio do ponteiro. ativa que o wattímetro “enxerga”. Ele serve
para corrente contínua também.
Então:
𝜏
𝑉. 𝐼 cos 𝜑 = . 𝛼 = 𝑘. 𝛼
𝑘"
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O WATTÍMETRO ELETRODINÂMICO
B) Erro de fase: Bobina voltimétrica
C. Erros do Wattímetro Eletrodinâmico não é perfeitamente resistiva (forma
um ângulo θ [em minutos]):
A) Erro devido à derivação da bobina
voltimétrica:
configuração A
configuração B
D. Constante do Wattímetro
É dada por W/divisão, por exemplo: um wattímetro de 5 A, 300 V com 150 divisões na
escala.
Figura 8 – (a) Conexão do wattímetro na configuração A; (b) sentido das correntes nas bobinas.
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CONEXÃO DE UM WATTÍMETRO EM CIRCUITOS
MONOFÁSICOS
A Figura 8 ilustra um wattímetro conectado na configuração A para
medir a potência ativa da carga.
Na figura, os terminais 1 e 2
correspondem aos terminais
da bobina de corrente
enquanto os terminais 3 e 4
são os terminais da bobina de
potencial.
Figura 9 – (a) Conexão do wattímetro na configuração B; (b) sentido das correntes nas bobinas.
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CONEXÃO DE UM WATTÍMETRO EM CIRCUITOS
MONOFÁSICOS
Comparando as conexões para as configurações A e B observa-se
que, independente da conexão das bobinas, as correntes ic e ip
sempre entram pelos terminais 1 e 3, respectivamente.
Esta é uma convenção utilizada pelos fabricantes de wattímetros
analógicos para a conexão das bobinas do equipamento.
O valor mostrado pelo instrumento, nas conexões A ou B,
desprezando as perdas do equipamento, será o valor médio da
potência ou potência ativa em Watts fornecida para a carga, ou
seja:
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CONEXÃO DE UM WATTÍMETRO EM CIRCUITOS
TRIFÁSICOS SEM NEUTRO
A. Carga Y Equilibrada com Nó Comum Acessível
Onde:
Condições: R1 = R3 = R2 + Rv
Onde:
Se, por exemplo, o ponto “o” estiver ligado ao ponto b, a bobina de tensão no wattímetro
W2 apresenta uma leitura zero e P2 = 0, indicando que o wattímetro W2 é desnecessário.
Portanto, dois wattímetros são suficientes para medir a potência total.
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CONEXÃO DE UM WATTÍMETRO EM CIRCUITOS
TRIFÁSICOS SEM NEUTRO
C. Carga Equilibrada ou Não, Tensões Simétricas ou Não
Seja o sistema sem neutro com três wattímetros:
Tem-se:
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CONEXÃO DE UM WATTÍMETRO EM CIRCUITOS
TRIFÁSICOS SEM NEUTRO
Mas para um circuito sem neutro:
Portanto:
Lembramos que cada tensão de linha está adiantada em relação à tensão de fase correspondente a 30°.
Portanto, a diferença de fase total entre a corrente de fase 𝐼𝑎 e a tensão de linha 𝑉𝑎𝑏 é 𝜃 + 30° e a
potência média lida pelo wattímetro W1 e W2 são: 𝑃 = 𝑉 𝐼 cos 𝜃 + 30° = 𝑉 𝐼 cos 𝜃 + 30°
1 𝑎𝑏 𝑎 𝐿 𝐿
𝑃2 = 𝑉𝑐𝑏 𝐼𝑐 cos 𝜃 − 30° = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 − 30°
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𝑃1 = 𝑉𝑎𝑏 𝐼𝑎 cos 𝜃 + 30° = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 + 30°
𝑃2 = 𝑉𝑐𝑏 𝐼𝑐 cos 𝜃 − 30° = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 − 30°
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MÉTODO DOS DOIS WATTÍMETROS QUANDO SE TEM
CARGA EQUILIBRADA
Utilizando as identidades trigonométricas:
cos 𝐴 + 𝐵 = cos 𝐴 cos 𝐵 − sin 𝐴 sin 𝐵 e cos 𝐴 − 𝐵 = cos 𝐴 cos 𝐵 + sin 𝐴 sin 𝐵
Para determinar a soma e a diferença das leituras dos dois wattímetros nas equações de P1 e
P2:
𝑃𝑇 = 𝑃1 + 𝑃2 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 + 30° + cos 𝜃 − 30°
𝑃𝑇 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 cos 30° − sin 𝜃 sin 30° + cos 𝜃 cos 30° + sin 𝜃 sin 30°
𝑃𝑇 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 2 cos 30° cos 𝜃 uma vez que 2 cos 30° = 3.
𝑃𝑇 = 3𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃
Portanto, constatamos que a soma das leituras dos wattímetros fornece a potência média
total,
𝑃𝑇 = 𝑃1 + 𝑃2
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MÉTODO DOS DOIS WATTÍMETROS QUANDO SE TEM
CARGA EQUILIBRADA
De modo similar,
𝑃1 − 𝑃2 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 + 30° − cos 𝜃 − 30°
𝑃1 − 𝑃2 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 cos 30° − sin 𝜃 sin 30° − cos 𝜃 cos 30° − sin 𝜃 sin 30°
𝑃1 − 𝑃2 = −𝑉𝐿 𝐼𝐿 2 sin 30° sin 𝜃 uma vez que 2 sin 30° = 1
𝑃2 − 𝑃1 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 sin 𝜃
Portanto, a diferença entre as leituras do wattímetro é proporcional à potência reativa total,
ou seja, 𝑄𝑇 = 3(𝑃2 − 𝑃1 )
A potência aparente total pode ser obtida como segue: 𝑆𝑇 = 𝑃𝑇2 + 𝑄𝑇2
A tangente do ângulo do fator de potência pode ser obtida como segue:
𝑄 𝑃 −𝑃
tan 𝜃 = 𝑃𝑇 = 3 𝑃2 +𝑃1 sendo 𝐹𝑃 = cos 𝜃
𝑇 2 1
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MÉTODO DOS DOIS WATTÍMETROS QUANDO SE TEM
CARGA EQUILIBRADA
Logo, o método dos dois wattímetros não apenas fornece as potências reativa e real totais,
como também pode ser usado para calcular o fator de potência.
Das Equações (PT), (QT) e (tan 𝜃), concluímos que:
1. Se P2 = P1, a carga é resistiva.
2. Se P2 > P1, a carga é indutiva.
3. Se P2 < P1, a carga é capacitiva.
Embora esses resultados sejam derivados de uma carga conectada em estrela equilibrada,
eles são igualmente válidos para uma carga conectada em triângulo equilibrada.
Entretanto, o método dos dois wattímetros não pode ser usado para medição de potência
em um sistema trifásico quadrifilar a menos que a corrente através da linha neutra seja
zero. Usamos o método dos três wattímetros para medir a potência real em um sistema
trifásico quadrifilar.
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PARA A CONEXÃO
ARON PARA QUANDO SE TEM CARGA EQUILIBRADA
Seja a figura: Pelo diagrama fasorial considerando uma
carga indutiva com ângulo 𝜓.
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EXEMPLO DE APLICAÇÂO
Dois wattímetros são instalados conforme abaixo, para medir a potência da
carga desequilibrada constituída de um motor trifásico M, de 6 kW, cos(ψ) =
0,8 indutivo ligado em triângulo e de uma resistência de 4 kW entre fases A e
B. Determinar as leituras dos wattímetros W1 e W2.
Solução: O problema consiste em calcular as
correntes nas fases A e B e obter as tensões VAC e
VBC. Seja a figura, considerando só o motor.
Corrente na linha:
Corrente na fase:
Portanto:
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APLICAÇÂO
Finalmente:
As potências são dadas por:
𝑊𝑇 = 𝑊1 + 𝑊2 = 10.000 [𝑊]
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CONEXÃO DE WATTÍMETRO EM CIRCUITOS
TRIFÁSICOS COM NEUTRO
A. Carga Equilibrada ou Não, Tensões Simétricas ou Não: Método
dos Três Wattímetros
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CONEXÃO DE WATTÍMETRO EM CIRCUITOS
TRIFÁSICOS COM NEUTRO
C. Utilização de TP e TC
Cada wattímetro, dependendo das
conveniências, pode utilizar um
transformador de potencial e/ou um
transformador de corrente segundo a
transformação a seguir:
Mas,
Logo:
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BIBLIOGRAFIA
• Referências
• Alexander, Charles K. Fundamentos de circuitos elétricos I, Charles K. Alexander, Matthew N. O. Sadiku;
tradução: José Luci mar do Nascimento; revisão técnica: Antônio Pertence Júnior. - 5. ed. - Dados
eletrônicos. - Porto Alegre: AMGH, 2013.
• Medidas Elétricas: Fernando N. Belchior, UNIFEI.
• DE MEDEIROS FILHO, Solon. Fundamentos de medidas elétricas. Ed. da UFP, 1979.
• MEDEIROS FILHO, Sólon de. Medição de energia elétrica. Editora Universitária UFPE, Segunda edição,
Recife, 1980.
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