NOS MARES DO FIM DO MUNDO - Bernardo Santareno
NOS MARES DO FIM DO MUNDO - Bernardo Santareno
NOS MARES DO FIM DO MUNDO - Bernardo Santareno
00 FIM 00 MUNDO
BeRNARDO SANTAReNO
NOS MARES
O O FIM 00 MUNDO
(Doze mcaca com 06 pcacadorC6 bacalhoeiro6
e da Gronelândia)
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EXPO'Q8°
de Bernardo 'Santareno
Ilustração c Design
Tiragem
sooo exemplares
COIIII>OSição
Fotoco11I11ogrli fiei'!
Selecçílo de Cor
Grnflseis
Impressão e Ac.'lbamenlo
Prinlcr Portuguesa
Depósito Legal
115 '40/97
ISBN
97,z·0396-Jl-J
meira viagem.
1105 MA RES 00 fiM 0 0 MU II O O
mácula . . .
ir... "
E, subitamente sério, o Zé Claro preparava-se já para
- «Rais os partam!»
E sentou-se em cima do saco, agora triste, quase a
chorar:
ziam a mesma graça aos «verdes», que aquilo era coisa pa
ra rir . . .
de tojo e alecrim...
Avó, juntou:
dizem já desaparecido.
Se lhes pudesse ser bom . . . Mas não podia. Enfim, uma des
movediço e feroz.
pelo navio. Mas ele nunca mais quis falar. E mal comia.
sempre.
tembro.
mas esperanças. . .
to!: ele, ele, seu pai! é que era o culpado. Tão novinho, a
era de arrepiar.
deiro valente!
uma parede.
truoso e desgrenhado!
acreditar!
ravam.
negra!
Funeral marítimo
lívido.
Na ponte, o capitão leu e fez assinar por oficiais e
daquela alma.
ram-se arrepiados.
foguete de festa.
Era o momento:
quejandas, mas. . .
sempre.
volveu-nos a todos.
aças . . .
frederik6haab6
gelado . . .
cia.
viu . . .
tinga.
nuvens cinzentas.
continha:
solo . . .
ra que. . .»
e tornam a ir!!"
O ti'Rufino, de cabeça baixa, a olhar para o chão, a
seguiu articular:
- "Nada, só capitão, na veja nisto calquer ofensa con
ca!!!»
sário.
bravio, o Zé Cravo.
bém . . .
aquele mais não fazia que somar lanços nulos com sacos
superfície,
O lobisome é ele!"
Todos se vestiram, rapidamente. O rumor, surdo e
largava fogo:
odientos . . .
suas razões: Que tinha de ir ele, que não podia mesmo ser
trava . . .
Os outros esperavam-no:
- "Picaste-o 7. . ...
surpresa. . . ?
não.
A6 mulhere6 d06 «mai6 rijo6
navegadore6 do mundo,,'
destino da gente.
inquietação: a filha.
uma casita também: Será capaz, terá ele ainda forças para
isso?
51 ti O S M A R E S D O F I M 0 0 M U tl O O
idade de meses.
Então . . .
oiro . ..
Com duas filhas assim, daqui a pouco casado iras, o
Cristóvão não se pode descuidar. E a mulher, lá em terra,
vai ajudando, está bem de ver: Vende peixe, pois então!
Como as do Félix, do Formiga, do Chita, dos primos Mur
raças . . . Que há-de fazer a mulher dum pescador, senão
vender o pescado? Na Nazaré, é assim.
E, na arca grande do Cristóvão, as saias, as blusas
multicolores, as arrecadas e os cordões, os lençóis borda
dos, cada vez ocupam um espaço maior. . .
guinte telegrama:
«Filhinhos vão vesitar senhora mãe. Tragos sempre
dentro meu coração. Escrevão-me. Não fação coisas más.
por mor de Deus.»
A mulher do Cruz. a «senhora mãe». está. desde há
dois meses. internada no manicómio. À testa da casa. cui
dando dos quatro ou cinco pequenitos. a filha mais velha:
velha de treze anos.
O Cruz vive crucificado. De quando em quando. deixa
-se cair. doente de depressão. Depois. lá vem uma carta
da filha e ele recobra alento.
15 II O S M A R E S D O F I M D O M U N D O