A Organização Dos Exércitos Do Norte de Moçambique
A Organização Dos Exércitos Do Norte de Moçambique
A Organização Dos Exércitos Do Norte de Moçambique
Introdução…………………………………………………………………………………3
Equipamento…………………………………………………………………………….…4
Aprendizagem e treino……………………………………………………………………..6
Conclusão……………………………………………………………………………….….8
Bibliografia…………………………………………………………………………….…...9
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Introdução
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1. A ORGANIZAÇÃO DOS EXÉRCITOS DO NORTE DE MOÇAMBIQUE
1.1. Equipamento
De acordo com Santos (1609, I:255) Stucky, Pires e Gamito 1850) na Zambézia as armas usadas
eram arcos, flechas, machadinhas, lanças, com cabo longo para arremesso de azagaias de cabo
curto para luta corpo a corpo, espingardas, mocas, catanas.
Mais para o norte, em Cabo delgado no contexto da defesa e resistência a penetração colonial
portuguesa, em Nangade e planalto de moeda, as aldeias dos nativos eram protegidas pela
vegetação cerrada e espinhosa nos locais mais densos do mato e cercando-as com fortes
paliçadas, cujas entradas trancavam todas as noites. Havia aldeias com cercas intrasnponíveis
feitas de árvores e arbustos espinhosos. Os aldeões abriam covas no mato, ao fundo das quais
colocavam estacas ponteagudas, disfarçadas com ramos e capim e transformavam os trilhos de
acesso as aldeias em autênticos labirintos onde os estranhos se perdiam. Em suma, em cabo
delgado, os bravos guerreiros do planalto de moeda opuseram aos portugueses a vegetação
cerada, o terreno, a embuscada e as suas fortes paliçadas.
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1.2. Organização e técnica de combate
a) A grande guerra:
A grande hoste de guerra possuía um centro (“Ntundu”) e duas alas: a direita (“m’ségure môno
mulopuana”) e a esquerda (“M’ségure mônom’tiana”). No centro, marchava “o dono da guerra”,
acompanhado de amuene subordinados e de outros homens de estatuto social elevado; nas alas,
iam os cazembes, furriéis e cabos. Quando fossem varias linhagens ou chefaturas coligadas, as
três mais importantes constituíam o grosso de dada uma das partes da hoste centro e alas
avançavam em coluna de marcha, com grandes intervalos ligados por patrulhas visto com o
inimigo, o centro progredia lentamente e logo que as alas tivessem posições vantajosas para o
envolvimento, desencadeava-se o assalto, primeiro com fogo de espingardas e depois , no caso
de êxito, com armas brancas. Se a investida com espingarda fracassa-se, a hoste retirava em
dispersão refugiando-se em pontos antecipadamente escolhidos.
b) A pequena guerra:
Em cabo delgado existiram, marcadas pelo factor surpresa, dois tipos de guerra:
- “Livenda”, acção de retaliação por causa de um homicídio cujo autor ou autores não foram
descobertos;
- “Inondo”, acção mais generalizada contra outras linhagens ou grupos rivais.
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1.4. Amplitude das operações
Grosso modo, na zona norte, os exércitos não devem ter possuído grandes efectivos.
Mesmo na “guerra grande”, onde entrava em jogo aliança temporária de varias linhagens e/ou
chefaturas, o exército-tipo não deve ter possuído mais de 1000 homens.
A organização militar, nas lutas entre moçambicanos, situava no pequeno grupo (de 10 à 100
homens) e no médio (até 500, o máximo).
São os seguintes factores que concorreram para este fenómeno:
A estrutura fortemente segmentar das comunidades;
A falta de coesão das hierarquias e das lealdades dinásticas, amplificadas nas lutas pela
hegemonia comercial e pelos territórios de caça de escravos;
A própria natureza no terreno acidentado e da vegetação fechada contribuíram para que a
organização militar no norte tivesse se limitado a pequenos efectivos;
A formação de um exército com efectivos militares consideráveis foi ainda impedida pela
inexistência de um sistema formal de abastecimento.
Por outro lado, os pequenos e médios grupos de combate estavam adequados ao grande objectivo
das guerras, as quais visavam a não ocupação de territórios para neles exercer uma determinada
soberania ou se cobrarem tributos, como aconteceu no centro e no sul, mas antes, expulsar ou
causar ao inimigo ou aos inimigos um prejuízo geral, doloroso como, por exemplo, devastar os
campos, queimar as palhotas, deitar a baixo as árvores de fruto, sobretudo, capturar mulher e
fazer escravos.
No norte, a existência das linhagens e dos chefes militares, carentes em geral de uma estrutura
política de base territorial, onde os chefes governavam menos súbditos do que parentes, a guerra
não visava, por norma, a ocupação de territórios e a imposição de tributos as populações
subjugadas.
2. Conclusão
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No entanto, de um modo geral podemos constatar que a organização dos exércitos do norte do
país, era mais eficaz e forte na ofensiva e na sua defensiva em relação aos outros cantos do país,
sul e centro, e que apesar de utilizarem armas ou equipamentos rudimentares, nunca foi fácil para
os portugueses transporem o exército do norte. A sua táctica combinava o factor surpresa no
combate, emboscada e aproveitamento do terreno nas lutas contra os moçambicanos, e contra os
portugueses, a emboscada, tendo o máximo proveito da vegetação fechada. Os combates
travados constantemente constituíam uma boa escola de aprendizagem e treino.
De salientar que os exércitos do norte não possuíam grandes efectivos, tanto nas grandes, assim
como nas pequenas guerras.
3. Bibliografia
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FRANZE, Francisco Daniel, ZINDUIA, Castigo João, FERMEIRO, Gabriel, texto
de apoio de história militar, Nampula, 2012
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