DESMISTIFICANDO AS SERPENTES NO ENSINO FUNDAMENTAL II

BRUNO FERREIRA DOS PRASERES¹, CAMILLA GOMES GERMANO DO NASCIMENTO²,

MARCUS VINÍCIUS DO NASCIMENTO ROSA³; LUCIANA RIBEIRO LEDA4

¹ Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Grande Rio -UNIGRANRIO;² Docente do curso de Ciências Biológicas da
Universidade do Grande Rio - UNIGRANRIO. *brunopraseres@unigranrio.br, Rua Professor José de Souza Herdy, 1160. CEP 25071-200,
Duque de Caxias, RJ.

Resumo

O presente trabalho teve como propósito a conscientização dos alunos envolvidos na pesquisa sobre a
importância das serpentes para o meio ambiente e por desdobramento para a humanidade. O objetivo secundário
é a desmistificação das serpentes que são vistas como animais nocivos sendo associados muitas vezes ao mal.
O estudo foi desenvolvido com alunos do Ensino Fundamental em uma escola da rede pública do Município de
Duque de Caxias, RJ.
Para tanto foi elaborada uma oficina pedagógica onde foi aplicado um formulário preliminar buscando aferir o
conhecimento dos alunos sobre as serpentes, bem como a visão que possuíam a respeito desses animais.
Posteriormente foi apresentado uma aula com diversas informações relacionadas ao tema. Após a apresentação
foi proposto a participação dos alunos em um jogo denominada "corrida biológica" com perguntas sobre o tema.
Finalizamos com a aplicação de um novo questionário buscando aferir o conhecimento adquirido pelos alunos e
também se houve mudança na visão que possuíam sobre as serpentes.
Palavras chave: serpentes, Educação Ambiental, Ensino Fundamental II.

Abstract

The present work aims to raise awareness among students involved in research on the importance of snakes for
the environment and for unfolding for humanity. The secondary objective is the demystification of snakes that
are seen as harmful animals being often associated with evil.
The study was developed with elementary school students in a public school in the city of Duque de Caxias, RJ.
For this purpose, a pedagogical workshop was elaborated where a preliminary form was applied, seeking to
gauge the students' knowledge about the snakes, as well as the view they had about these animals.
Later a lecture was presented with various information related to the theme. After the presentation it was
proposed the participation of the students in a game called "biological race" with questions about the theme.
We ended with the application of a new questionnaire seeking to gauge the knowledge acquired by the students
and also if there was a change in their view of the snakes.
Keywords: snakes, Environmental Education, Elementary School II.
Introdução

O Ensino Fundamental foi, durante a maior parte do século XX, o único grau de ensino a que teve acesso
a grande maioria da população. Em 1989, já na virada da última década, portanto, a proporção de suas matrículas
ainda representava mais de ¾ do total de alunos atendidos pelos sistemas escolares brasileiros em todas as etapas
de ensino. Em 2009, o perfil seletivo da nossa escola havia se atenuado um pouco, com a expansão do acesso às
diferentes etapas da escolaridade. Contudo, entre os 52,6 milhões de alunos da Educação Básica, cerca de 66,4%
estavam no Ensino Fundamental, o que correspondia a 35 milhões de estudantes, incluídos entre eles os da
Educação Especial e os da Educação de Jovens e Adultos (conforme a Sinopse Estatística da Educação Básica,
MEC/INEP 2009).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 baseia-se essencialmente no princípio do direito

universal à educação, desse modo ela ao incluir a educação infantil (creches e pré-escolas) como primeira etapa
da educação básica. Desse modo Minto afirma: "trata-se de uma Lei “enxuta”, “minimalista”, que pouco diz
sobre questões essenciais da educação, mas que deixou abertas muitas brechas para serem preenchidas em
momentos oportunos, fazendo jus ao princípio do Estado mínimo neoliberal. Uma das questões tratadas na LDB,
e que reflete diretamente o caráter limitador da “democracia” brasileira, foi a manutenção da exclusão do setor
privado com relação ao cumprimento do princípio constitucional da gestão democrática, numa medida que se
preocupava em fazer concessões aos fortes lobbies dos representantes dos interesses privados, em sua ânsia pelo
lucro. No mais, ao definir (pobremente) os termos da gestão democrática da escola pública, a LDB pouco fez
além de repetir a Constituição, isto é, manteve o caráter genérico das medidas (remetendo-as aos sistemas de um
ensino para as suas definições), apenas afirmando mecanismos óbvios de participação e limitando o tipo de
participação da comunidade nas instâncias decisórias, que sequer são mencionadas" (MINTO, 2006, p.13-14)

A LDB/96 moldou a educação em níveis, etapas e modalidades educativas. Dividiu a educação em dois
níveis (educação básica e superior) e a educação básica por sua vez foi dividida em educação infantil, ensino
fundamental e médio.

Conforme destaca a LDB/96: "a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando e assegurar-
lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores" (Lei 9.394/96, Capítulo II, Artigo 22).

Além disso a LDB/96 destaca a preocupação do legislador (materializando a preocupação da sociedade)

em forjar cidadãos conscientes e comprometidos com o respeito e a preservação do meio ambiente conforme
assevera: "o ensino fundamental terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: (...) II – a
compreensão do ambiente natural e social do sistema político, da tecnologia das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade" (Lei 9.394/96, Capítulo II, Artigo 32).

Desse modo a LDB resgata o papel da educação como agente transformador da sociedade forjando
cidadãos conscientes, críticos, não apenas interessados em suprir suas necessidades, mas também da sociedade
onde estão inseridos como assevera Paulo Freire: "é necessário entender a educação não apenas como ensino,
não o sentido de habilitar, de “dar” competência, mas no sentido de humanizar". (FREIRE,1984, p. 23).

Em conformidade com as orientações contidas na LDB foram criados os Parâmetros Curriculares

Nacionais que são um conjunto de textos, versando cada um a respeito de uma área de ensino, que serve para
nortear a elaboração dos currículos escolares em todo o país. Como assevera Bittencourt: os Parâmetros
Curriculares Nacionais surgem no Brasil, na década de noventa, inseridos em um esforço político para organizar
propostas curriculares norteadoras das práticas docentes, de modo a consolidar indicativos importantes para a
educação brasileira futura" (Bittencourt, 2004, p. 75).

Assim: considerando os aspectos gerais da educação no Brasil a LDB 9394/96 ofereceu condições para a
construção dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), cujo objetivo é garantir um currículo mínimo para a
educação brasileira, porém, "com propostas inovadoras, como por exemplo, a incorporação da
transdisciplinaridade nas práticas pedagógicas" (MEKSENAS, 2005, p. 103).

No ensino de ciências naturais, os alunos devem aprender a observar, tirar conclusões, formular hipóteses,
experimentar e verificar suas conclusões, desde o início do ensino fundamental. “A curiosidade natural e a
criatividade dos alunos devem ser estimulados. Esse é um processo lento – incompatível com programas de
conteúdo extenso – mas que deixa uma base sólida sobre a qual o futuro poderá ser construído. ” (ACADEMIA
BRASILEIRA DE CIÊNCIAS, 2008).
 Assim ainda de acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). 2. Ciências naturais: Ensino
de primeira à quarta série. I. Título. pág. 35: "em coerência com os princípios da educação ambiental (tema
transversal Meio Ambiente), aponta-se a necessidade de reconstrução da relação homem-natureza, a fim de
derrubar definitivamente a crença do homem como senhor da natureza e alheio a ela e ampliando-se o
conhecimento sobre como a natureza se comporta e a vida se processa".

A maioria das pessoas possui medo de serpentes em algum grau, desde pessoas que possuem um leve temor
até aqueles que desenvolvem fobia por serpentes, o que é chamado de ofidiofobia. Diversas pesquisas buscam
descobrir a origem desse medo. Existem pesquisas que asseveram que o medo de cobras é um sentimento inato
(nasce com o indivíduo) sendo transmitido de geração em geração geneticamente.

No entanto pesquisas mais recentes demonstram que o medo de serpentes é cultural. Somos ensinados a
temê-las desde a nossa infância. Em artigo da Association for Psychological Science pesquisadores demonstram
que bebês e crianças pequenas não possuem medo de serpentes, pelo contrário se sentem atraídos e curiosos em
relação a elas.

Mitos e crendices sobre as serpentes dificultam o conhecimento real sobre esses animais pela população e
a forma fantasiosa como são descritas por alguns setores da mídia e por alguns filmes, acabam por reforçar no
imaginário popular a ideia de que serpentes são animais malignos "como resultado, observa-se em diversas
regiões do Brasil a aceitação de um estereótipo negativo para todas as serpentes, que são geralmente
consideradas como “animais perigosos”. Tal situação, associada a alguns aspectos da cultura popular, pode
potencializar conflitos entre a espécie humana e as serpentes" (ARGÔLO, 2004. p.129).

As serpentes estão incluídas na ordem Squamata juntamente com os lagartos e anfisbenídeos (Subordem
Sauria) e constituem em números o segundo maior grupo de répteis atuais, estando apenas atrás dos lagartos
(VITT & CALDWELL, 2009). Segundo Uetz (2012) já foram descritas 9.547 espécies de répteis em todo o
mundo, sendo 3.378 espécies de serpentes, uma diversidade que supera a classe dos anfíbios e até mesmo dos
mamíferos. De acordo com Bérnils (2010), o Brasil possui a segunda colocação na relação de países com maior
riqueza de espécies de répteis, com registro de 721 espécies naturalmente ocorrentes e se reproduzindo no
território nacional, sendo 371 serpentes.

O conhecimento popular relacionado às serpentes varia muito em relação à idade, localidade e fatores
socioeconômicos havendo, no entanto, um consenso em relação ao perigo que todas elas representam (Moura et
al., 2010) e, consequentemente, contribuindo com o declínio na diversidade do grupo, já que a principal atitude
ao se encontrar com uma serpente é matá-la (FERNANDES-FERREIRA et al., 2011; QUIRINO et al., 2009).

Estudos relacionados à percepção dos estudantes sobre serpentes no Brasil foram/estão sendo realizados
na educação formal, tanto do ensino fundamental quanto médio (Nascimento et al., 2008; VASCONCELOS,
2014; ALVES et al., 2014; ALMEIDA et al., 2013). Estas pesquisas constataram a necessidade de uma
abordagem sobre a importância das serpentes com os estudantes, buscando uma interação sobre o conhecimento
que os discentes possuem e o conhecimento científico, com o intuito de promover ações que levem à
compreensão do papel destes animais no meio ambiente.

As serpentes são animais que sempre estiveram associados ao imaginário da humanidade despertando
superstições e fascinação pela sua beleza e mistério. Civilizações antigas como astecas, maias, incas, egípcios,
japoneses, chineses, hindus, gregos, romanos e muitos outros povos endeusavam ou idolatravam esses animais.
Tal animal está representado no bastão de Esculápio que simboliza a Medicina, na Grécia Antiga representando a
fertilidade e na Medusa como algo demoníaco (PRATES, 2002).

Adicionalmente, nessa região, as serpentes inspiram muitos mitos, provérbios e histórias que são
transmitidos oralmente, e que influenciam a forma como as pessoas locais se relacionam com estes animais
(ALVES et al., 2012b; FERNANDES-FERREIRA et al.,2012b), geralmente provocando atitudes negativas,
tornando esses animais alvo medo e aversão por parte das pessoas.

Por causa da percepção negativa e aversão às cobras, muitas pessoas conhecem pouco sobre esses animais
e frequentemente acabam perpetuando mitos relacionados as mesmas (ALVES et al., 2012b; MOURA et al.,
2010b). Essa falta de conhecimento representa um perigo tanto para as pessoas quanto para as serpentes, visto
que as pessoas assustadas adotam decisões irracionais que muitas vezes resultam na morte do animal e/ou um
aumento do risco de acidentes provocados por estes (ALVES et al.,2012b; CHRISTOFFEL, 2007).
 Elas excitam a imaginação humana mais do que qualquer outro grupo animal e são relacionadas com o
mais variado leque de fatores, como medo, coragem, respeito, gratidão, poder, virilidade,criação, destruição,
sorte, azar, cura, bondade, maldade, entre outros (Oliver 1968). No entanto, o sentimento de temor natural do ser
humano ao se deparar com um ofídio é o mais representativo nessa relação. Wilson (1984) afirma que a
ofidiofobia possa ser inclusive um produto da própria evolução humana. Esse temor pode ser expresso tanto por
uma simples postura de defesa como por fobias psicopatológicas graves, comuns em todas as regiões do mundo
(SMITH & DAVIDSON 2007).

O sentimento de aversão justificado pelo risco de letalidade de algumas serpentes, associado ao fato de
algumas delas serem potencialmente predadoras de animais domésticos, acaba motivando o abate indiscriminado
desses animais em todo o mundo, causando inclusive depleção populacional de algumas espécies em
determinadas regiões (OLIVER 1958; MORRIS & MORRIS 1965; GREENNE 1997; ANDREU 2000; AlVES
et al. 2010)

Considerando que o desconhecimento da importância das serpentes, seja no âmbito do meio ambiente ou
de sua relevância para a saúde humana, somados à ideia de que são animais essencialmente nocivos com toda
uma mística que os situa no imaginário popular como seres malignos, acaba por causar o extermínio desses
animais de forma indiscriminada.
Considerando que a escola tem papel de não apenas fornecer informações mas forjar no educando senso
crítico, habilitando-o como agente transformador da sociedade, atuando de forma consciente na realidade onde
está inserido.

Desse modo o presente trabalho tem como escopo apresentar uma perspectiva diferente daquela originada
no senso comum e estimulada pelos meios midiáticos e por películas cinematográficas; demonstrando que as
serpentes possuem papel relevante para o meio ambiente, observando que entre algumas de suas contribuições as
serpentes possuem papel de grande relevância para os ecossistemas onde estão inseridas, além de colaborarem
com o ser humano agindo no controle de pragas e ainda contribuem para a produção de medicamentos de uso
humano.

Metodologia

Está oficina pedagógica foi realizada no Colégio Adventista localizada no bairro 30 de agosto no
município Duque de Caxias.

Está oficina foi realizada em dois dias diferentes, tendo como público alunos do ensino fundamental II,
do 7º ano do turno da tarde. Esta atividade foi dividida em 4 etapas, a execução de dois questionários
investigativo semiestruturado tratando-se de um antes da intervenção e um após a realização do método lúdico e
uma aula sobre o tema.

No primeiro dia da aplicação do projeto que ocorreu no dia 28 de outubro de 2019 foi executado um questionário
investigativo semiestruturado para 29 discentes contendo 10 questões com intuito de diagnosticas o
conhecimento prévio dos alunos sobre conceitos e preconceitos relacionados às serpentes, posteriormente houve
uma aula sobre as características das serpentes suas simbologias e mitos com a finalidade de apresentar a
relevância das serpentes para a biodiversidade assim como. No segundo dia, que sucedeu no dia 11 de novembro
de 2019 foi efetuado um jogo de tabuleiro denominado “Corrida Biológica’’ com o propósito de avaliar a
eficiência de um jogo lúdico sobre as serpentes e cobra. Após o termino da partida empregou-se outro
questionário investigativo semiestruturado para 28 estudantes com 11 perguntas referentes a aula e o jogo para
que eles possam demonstrar o que foi apreendido com toda a intervenção. O jogo Corrida Biológica foi baseado
no jogo Serpenteando (Pontes, B. E.S. et al. 2017)
 Resultado e Discussão

Resultados questionário pré

O gráfico de número 1 indica que os a maioria dos alunos estão dentro da faixa etária sendo um
percentual mínimo de alunos que estão fora do ano ideal, observa-se no gráfico número 2 todos os alunos
afirmaram possuir algum conhecimento sobre o assunto sendo a cascavel a cobra maus popular, provavelmente
devido a característica marcante do chocalho como mostra o gráfico de número 3.

O gráfico número 4 demonstrou que os alunos possuem algum tipo de medo referente as serpentes,
provavelmente advindo de um história repassada pela população como ficou claro no gráfico de número 5 que
atesta que 40% dos alunos já ouviram alguma história sobre serpentes, muitas vezes vinculada a religião já que a
maioria dos alunos ouviram o mito de Adão e Eva como ficou expresso no gráfico de número 6,

Para agravar esse cenário temos a mídia que veicula filmes que apresentam uma imagem totalmente
mistificada das serpentes como por exemplo no gráfico de número 7. O filme anaconda que foi visto por 80%
dos alunos, porém curiosamente o gráfico° 8 nos mostra que os alunos não acreditam que os ataques de serpente
tem alguma correlação com sua agressividade, um resultado inesperado tendo em vista a quantidade de
informações equivocadas que são transmitidas pela própria população e pela mídia. Os alunos acreditam que as
serpentes só atacam quando estão ameaçadas como atesta o gráfico número 9. Uma informação que só confirma
que os mesmos apresentam um conhecimento prévio sobre as serpentes.

O gráfico de número° 12 também confirma que os alunos entendem a importância das serpentes para
ecossistema sendo parte do estudo prévio dos mesmos sobre cadeia trófica.

Os gráficos de número13 e 14 denotaram novamente a mesma sistemática: os alunos entendem e

conseguem responder ao questionamento, mas não sabem explicar o porquê da resposta. Fica demonstrado assim
que apesar de terem algum conhecimento sobre o assunto o mesmo é muito superficial faltando um estudo mais
profundo sobre a questão.

Resultados questionário pós

Os dados levantados no questionário realizado após a intervenção mostraram que os alunos passaram a ter outra
percepção sobre as serpentes e isso é corroborado ao se analisar o gráfico de nº 11, onde 89,28% dos
interrogados afirmaram que tiveram sua visão sobre este animal modificada. Contudo quando foram
questionados sobre o que os levaram a essa mudança 73,07% não souberam responder, todavia 7,69%
responderam que a visão errônea que tinha sobre este animal era devido a falta de conhecimento sobre ele
(gráfico nº. 11 continuação). Portanto verifica-se que a proposta do jogo lúdico e da aula ministrada foram
alcançadas mesmo que 71,42% dos discentes confirmarem que as perguntas do jogo estavam moderadamente
compreensíveis.

Quando se é analisado o gráfico 3 relacionado a temática que mais os chamaram atenção, foi constatado que
20% relataram que foi dentição e isso é ratificado no gráfico 6, onde 100% dos alunos confirmaram que as
cobras não possuem o mesmo tipo de dentição. Também se constata que a classe entendeu sobre o assunto
correspondente sobre cobras peçonhentas e não peçonhentas, no qual 100% dos entrevistados responderam que
nem todas cobras possuem peçonha, mas ao observar o gráfico 7 entende-se que eles ainda não sabem distinguir
uma serpente peçonhenta de uma não peçonhenta, isto é confirmado ao ver que só 48,08% souberam responder
de forma correta quando foi pedido para citarem duas serpentes não peçonhentas.

Sobre os assuntos dado em aula relacionado a simbologia das serpentes na medicina constata-se que apenas
6,90% souberam responder de forma correta e os 93,10% ou não souberam responder, ou responderam à
pergunta de forma incorreta. Apesar disso fica detectado que eles entenderam a importância dos ofídios na
indústria farmacêutica quando 27,58% relacionaram elas a produção de medicamento, isto foi atestado no
gráfico 9 no qual 92,86% da turma confirmaram que elas podem produzir medicamentos.
De acordo com o resultado do gráfico nº 8 nota-se que os alunos possuem alguma distinção entre as espécies de
serpentes e suas respectivas características morfológicas.

Conclui-se com o presente trabalho que os alunos possuem algum conhecimento prévio sobre as
serpentes, conforme é observado no gráfico nº. 2 todos os alunos afirmaram possuir algum conhecimento sobre o
assunto.

No entanto constatou-se que tal conhecimento era vinculado ao senso comum, às suas crenças religiosas,
fatores sociais e culturais.

Constata-se então que esses conhecimentos estão vinculados ao conhecimento popular que é repassado,
em geral, oralmente o que acaba deturpando o papel das serpentes e mistificando-as.

Tendo em vista este cenário a escola tem como incumbência desvincular essa visão negativa que foi
criada sobre a imagem das serpentes através do conhecimento científico, criando desta maneira uma conexão
entre cotidiano do aluno e o conhecimento formal apresentado pelo professor.

Desse modo esse trabalho tem o intuito não só de apresentar o conhecimento formal sobre o assunto, mas
também propiciar um pensamento crítico sobre as serpentes.

As respostas do questionário vinculadas à historias ouvidas pelos alunos em maioria fizeram menção a
adão e Eva. Conclui-se que tal resultado deveu-se ao fato de que o colégio é uma instituição de ensino de cunho
religioso.

Os resultados obtidos colaboram com as hipóteses presentes na introdução indicando mudanças na

conscientização dos alunos sobre as serpentes, as atitudes em relação às cobras e a eficácia das intervenções
utilizadas. Nas mudanças de percepção, os resultados do questionário pós tiveram uma ocorrência de atividades
educativas executadas e uma melhora dos alunos em relação ao seu conhecimento sobre as serpentes.

Observa-se que um fator digno de nota é o medo das serpentes. Conforme pode ser observado no gráfico
nº. 4 mais de 70% dos alunos afirmaram possuir medo desses animais. Devido ao medo e à antipatia das pessoas,
as cobras e as anfisbenas geralmente são mortas quando encontradas (Rodrigues, 2005, pag. 89).

Os estudos com os alunos do Ensino fundamental sobre a desmistificação das serpentes verificaram, após
as intervenções em sala de aula, uma resposta positiva dos alunos em relação a importância que as serpentes
possuem. Segundo o trabalho constatamos que tanto antes quanto após os questionários, uma grande parte dos
alunos já possuíam a consciência que os ofídios têm uma importância para a sociedade e para ecossistema,
contudo, antes das palestras muitos não tinham uma justificativa sobre o porquê de as serpentes serem
importantes.

Quanto à importância das serpentes para o meio ambiente e a sociedade, observamos que no gráfico das
perguntas prévias que mais de 60% dos alunos afirmaram que as serpentes possuem importância para a saúde
humana, porém quando questionados do porquê da importância delas mais de 50% não souberam responder e
apenas 20% dos alunos sabiam que é possível fabricar medicamentos com o veneno das serpentes.

Quanto à importância das serpentes para o meio ambiente apenas 38% dos alunos responderam que as
serpentes são importantes para o equilíbrio ecológico. Respostas como "proteger os animais da floresta", "se
defender dos animais da floresta" e outros conceitos equivocados representam 31% das respostas enquanto 17%
dos alunos não souberam responder e 14% deles não acreditavam que as serpentes fossem importantes.

Desse modo constatou-se que a maioria da turma (62%) não possuía conhecimento sobre a real
importância das serpentes para o meio ambiente.

Após a apresentação do seminário da aplicação do questionário pós foi possível perceber uma expressiva
melhora no conhecimento sobre a importância das serpentes principalmente no que diz respeito à saúde humana
observando-se que 92,86% dos alunos compreendeu que as serpentes podem ser utilizadas para a produção de
medicamentos.Apesar dessa ser uma visão utilitarista conforme salienta Bonotto: a natureza é destituída de
valores outros que não os utilitaristas: as entidades não humanas, como plantas e animais, são entendidas apenas
do ponto de vista de sua adequação às necessidades do homem (DOS SANTOS; BONNOTO, 2012, pag. 13). A
visão utilitarista a respeito desses animais não deixa de ser um avanço levando-se em conta que antes a maioria
dos alunos percebia as serpentes apenas como animais perigosos, nocivos às pessoas e a partir do seminário
passaram a vê-las como animais úteis à humanidade.

Nossos resultados demonstraram que houve uma pequena redução das atitudes negativas, corroborando a
hipótese de que após as atividades educativas os alunos mudariam suas ações em relação aos ofídios. Tal
resultado sugere que quanto maior a consciência que o sujeito possui sobre o animal, melhor será sua atitude em
relação a este (MOURA et al., 2010).

Quanto às respostas relacionadas à pergunta se o ataque das serpentes estaria relacionado à agressividade
dos animais 59% dos alunos compreendia que não era esse o fator determinante para os ataques. Porém apenas
48% dos alunos percebiam que os ataques estavam relacionados à autodefesa dos animais enquanto 30% não
souberam responder.

Percebe-se dessa forma que uma parcela expressiva dos alunos desconhece os mecanismos que levam
uma serpente a atacar um ser humano. Desse modo infere-se que o desconhecimento desses fatores é um forte
componente, juntamente com as histórias ouvidas sobre ataques de serpentes e as informações equivocadas
disseminadas pela mídia e películas cinematográficas para criar um cenário de aversão a esses animais
potencializando a ideia no senso comum de que as serpentes são animais perigosos.

Após a apresentação do seminário e com a aplicação do questionário pós percebe-se pelo teor das
respostas melhorou qualitativamente no que tange ao conhecimento geral das serpentes. Respostas tais como a
da pergunta nº 8 do questionário pós demonstram que 89% dos alunos poderiam ao menos identificar mesmo que
superficialmente uma cobra coral. Além disso todos os alunos compreenderam que nem todas as serpentes são
venenosas e que possuem diferentes dentições.

O resultado demonstra que a maioria adquiriu conhecimentos básicos sobre as serpentes o que vai auxiliar
na desmistificação desses animais.

Gráficos do questionário pré

Faixa Etária
100.00%
89.70%
90.00%

80.00%

70.00%

60.00%

50.00%

40.00%

30.00%

20.00%
10.30%
10.00%

0.00%
FI FII

Gráfico 1 Faixa etária

O gráfico de número 1 indica que os a maioria dos alunos estão dentro da faixa etária sendo um percentual
mínimo de alunos que estão fora do ano ideal, observa-se no gráfico número

Conhecimento sobre o nome de algum tipo de cobra ou serpente

120%

100%

80%

60%

40%

20%

0%
Sim Não

Gráfico 2 Conhecimento sobre o nome de algum tipo de cobra ou serpente

observa-se no gráfico número 2 todos os alunos afirmaram possuir algum conhecimento sobre o assunto

Nomes de cobras ou serpentes conhecidas

50%

45%

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
Coral Jararaca Cascavel Jibóia Píton Mama-negra

Gráfico 3 Nomes de cobras ou serpentes conhecidas.

A cascavel se
apresentou como a
Medo de serpentes ou cobra cobra mais popular
80.00%
provavelmente a
característica marcante
70.00% do chocalho como
mostra o gráfico de
60.00% número 3.

50.00%

40.00%

30.00%

20.00%

10.00%

0.00%
Sim Não Mais ou menos
 Gráfico 4 Medo de serpentes ou cobra

O gráfico número 4 demonstrou que os alunos possuem algum tipo de medo referente as
serpentes, provavelmente advindo de um história repassada pela população

Conhecimento sobre alguma história sobre cobras e serpentes

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
Sim Não

Gráfico 5 Conhecimento sobre alguma história sobre cobras e serpentes

O gráfico de número 5 que atesta que 40% dos alunos já ouviram alguma história sobre serpentes.
 Histórias ouvidas sobre cobras e serpentes
60.00%

50.00%

40.00%

30.00%

20.00%

10.00%

0.00%
Cobra morta que Filme Adão e Eva Jibóia que matou Pessoa picada por
envenenou criança por constrição cobra

Gráfico 6 História ouvidas sobre cobras e serpentes

muitas vezes vinculada a religião já que a maioria dos alunos ouviram o mito de Adão e Eva como ficou
expresso no gráfico de número 6.

Conhecimento sobre algum filme que retratou as serpentes como monstros

53.00%

52.00%

51.00%

50.00%

49.00%

48.00%

47.00%

46.00%
Sim Não

Gráfico 7 Conhecimento sobre algum filme que retratou as serpentes como monstro
O gráfico de número 7 atesta o cenário atual onde a mídia que veicula filmes que apresentam uma imagem
totalmente mistificada das serpentes .
 Nome do filme onde a serpente foi retratada como monstro

90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Anaconda Não soube informar o nome do filme

Gráfico 8 Nome do filme onde a serpente foi retratada como monstro

O filme anaconda que foi visto por 80% dos alunos, porém curiosamente o gráfico° 8 nos mostra que os alunos
não acreditam que o ataque de serpente tem alguma correlação com sua agressividade, um resultado inesperado
tendo em vista a quantidade de informações equivocadas que são transmitidas pela própria população e pela
mídia.

Nome do filme onde a serpente foi retratada como monstro

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
Anaconda Não soube informar o nome do filme

Gráfico 9 Nome do filme onde a serpente foi retratada como monstro

Os alunos acreditam que as serpentes só atacam quando estão ameaçadas como atesta o gráfico número 9.
Uma informação que só confirma que os mesmos apresentam um conhecimento prévio sobre as serpentes.
 Se o ataque de serpentes tem alguma relação com a agressividade do animal
70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
Sim Não

Gráfico 10 Se o ataque de serpentes tem alguma relação com a agressividade do animal

Porque
60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
Atacam ao se Não soube Para se Porque é um Por conta do Por causa do Caça
sentirem responder alimentar animal veneno instinto
ameaçadas irracional

Gráfico 11 Porque
 Sobre a importância das serpentes para a nossa saúde
70.00%

60.00%

50.00%

40.00%

30.00%

20.00%

10.00%

0.00%
Sim Não

Gráfico 12 Sobre a importância das serpentes para a nossa saúde

Porque
60.00%

50.00%

40.00%

30.00%

20.00%

10.00%

0.00%
Não soube Porque atacam e Não tem porque ela pode O veneno é Não há relação
responder possuem veneno utilidade matar usado para
remédio

Gráfico 13 Porque
 Importância das serpentes para o meio ambiente
40.00%
30.00%
20.00%
10.00%
0.00%

das serpentes Gráfico 14Importância para o meio ambiente

Sobre a audição das serpentes

53.00%

52.00%

51.00%

50.00%

49.00%

48.00%

47.00%

46.00%
Sim Não

Gráfico 15 Sobre a audição das serpentes

 Porque
45.00%

40.00%

35.00%

30.00%

25.00%

20.00%

15.00%

10.00%

5.00%

0.00%
Não soube Elas não Péssima São surdas Porque Escuta Não produz Diferença Cobras
responder possui audição todo o ser chegada da órgão de audição possui uma
ouvidos tem sua presa audição
diferença melhor

Gráfico 16 Porque

Gráfico – Questionário Pós

Faixa Etária

85.72%

14.28%

FI FII

Gráfico 17 Faixa etária

 Pergunta 2

71%
29%

0%
Si m Não M a i s o u m en o s

Gráfico 18 Pergunta 2

Pergunta nº 3
20%

14%
11%
9%

6%

6%

6%

6%
3%

3%

3%

3%

3%

3%

3%

3%

Gráfico 19 Pergunta 3
 Pergunta nº 4

58.62%

13.80%

10.34%
6.90%

6.90%
3.44%
N ão so u b er am Q u e fi c a a t r á s S eu v en en o é O s a n ti d o t o Qu e c o b ra U sad as p ar a
r es p o n d e r d a am b u l ân c i a p o ssí v el fazer d el as p od e c u r ar p r o d u zi r so ro
r e m éd i o s a n ti o fí d i c o n a
m ed i c i n a

Gráfico 20Pergunta 4

Pergunta nº 5

100%
0%

Si m Não

Gráfico 21Pergunta 5
 Pergunta nº 6

100%
0%

Si m Não

Gráfico 22 Pergunta 6

pergunta nº 7 40.38%

19.23%
15.38%

11.53%

5.77%
3.85%

1.93%

1.93%

J ararac a Coral Urutu C a s c a v el Jibóia Surucucu Píton C o r al fal sa

Gráfico 23 Pergunta 7
 pergunta nº 8

89%
11%
0%

0%

C asc av el J ar ar ac a Surucu cu Cor al

Gráfico 24 Pergunta 8

pergunta nº 9
92.86%

3.57%

3.57%

Si m Não N ã o s o u b e r es p o n d e r

Gráfico 25Pergunta 9
 pergunta nº 10

60.72%

39.28%
Si m Não

Gráfico 26Pergunta 10

Conti nuação da 10

50.00%
19.23%
7.69%

7.69%

7.69%
3.85%

3.85%

N ão so u b e P ara o P o rq u e n ão Não l em b r a Porque o P o rq u e n ão P or q u e o

r e s p o n d er o ven en o n ão ad i an t a o porque ven en o ti r a o v e n en o v en e n o
porque es p a l h a r c o n ti n u a p er c o r r e
c i r c u l an d o todo o corpo
em segu n d o s

Gráfico 27 Continuação da 10
 Pergunta nº 11

89.28%

10.72%
Si m Não

Gráfico 28 pergunta 11

Conti nuação da 11
73.07%

7.69%
3.84%

3.84%

3.84%

3.84%

3.84%

Gráfico 29 Continuação da 11

Conclusão

A intenção preliminar desse trabalho foi investigar o conhecimento dos alunos sobre as serpentes, bem
como compreender o possível nível de influência de historias contadas aos alunos e películas cinematográficas
nos conhecimentos prévios que eles possuíam. O escopo principal é propiciar aos discentes uma melhor
compreensão do papel desses animais com o uso de instrumentos e estratégicas didáticas diferenciadas e pouco
usuais em relação àquelas utilizadas na rotina escolar. A diferenciação não está apenas no que é visto, lido e
discutido, mas principalmente nas formas como o assunto é abordado e dos recursos que são utilizados.
Com a apresentação do questionário pré, apresentação da palestra, da atividade "Corrida Biológica" e
ainda com a aplicação do questionário pós foi possível aferir o conhecimento prévio dos alunos sobre o tema e
observar uma significativa mudança na visão dos discentes a respeito das serpentes conforme os dados
apresentados demonstram.
Cabe observar que a temática escolhida (serpentes) se mostrou desafiadora tendo em vista a aversão
apresentada pela maioria das pessoas a esses animais por conta do desconhecimento e falsas informações
disseminadas como verdades incontestáveis. A sociedade humana sempre estabeleceu valores estéticos
dominantes. Aquilo que se considera dotado de beleza é valorizado independentemente do papel que
desempenha. Trabalhos que se propõe a esclarecer o papel de animais cuja importância ecológica é ignorada ou
que a população em geral não associa a nenhum proveito para seu próprio bem-estar.
Assim produção de atividades educativas nos moldes desse trabalho e aqueles que foram utilizados como
referenciais são uma alternativa para estimular a formação da sensibilização ambiental dos discentes. Uma
formação escolar que esclareça os discentes a respeito dos seres vivos, e de sua relevância para o meio ambiente
bem como para a sociedade, é vital para que os alunos venham a desenvolver-se enquanto cidadãos dotados de
um caráter ético e social em relação ao meio ambiente entendendo que todo tem seu papel a desempenhar e que
todos os papeis são fundamentais para o equilíbrio e manutenção da vida no planeta.

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