DE - Escolas Inovadoras - Escuela Puklasunchis - Peru PDF
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2ª Temporada
RELATÓRIO DE PESQUISA
Peru "Colégio Pukllasunchis"
Peru
A República do Peru fica a oeste da América do Sul, fazendo fronteira ao norte com o Equador e a
Colômbia, a leste com o Brasil, e ao sul com a Bolívia e com o Chile. A oeste, fica o Oceano Pacífico. O
Peru é um dos 17 países chamados de "megadiversos" porque tem 70% da biodiversidade do planeta
e abriga cerca de 73 milhões de hectares de floresta.
É o oitavo maior país da América em termos de população. Em números gerais, no Peru, 50,1% das
pessoas são homens e 49,1%, mulheres. A densidade populacional é de 24,5 habitantes por km². A
capital, Lima, concentra 30% da população total. Existem 55 povos indígenas que falam 47 idiomas
no país. A grande maioria desses povos fica na selva e na cordilheira. No entanto, a configuração
demográfica vem mudando nas últimas décadas. Atualmente, cerca de 75% das pessoas vivem em
áreas urbanas e 25%, em regiões rurais. A população hoje é composta por uma maioria mestiça
(44%), seguida por ameríndios (31%), brancos (15%), mulatos (7%), afrodescendentes (2%) e
asiáticos.
Diversidade cultural e identidades nacionais
O Peru foi o berço das civilizações. Na região chamada de “nortecostera” [costa norte], ficava a
cidade mais antiga da América, Caral, com 5.000 anos (3.000 e 1.800 anos a.C.), que era
contemporânea de civilizações como Egito, Suméria e China. Após Caral, são desenvolvidas
civilizações importantes, antes de loc inkas, como Chavín, Paracas, Nazca, Mochica,
Tiahuanaco, Wari e Chimú. O período incaico (1150 - 1533 d.C.), de certa forma, "unifica" por
meio do Tahuantinsuyu [império inca] territórios do Equador, Colômbia, Peru, Bolívia,
Argentina e Chile. O período colonial reconfigura o território e marca o início das identidades
no Peru1. Com a independência, o poder colonial e gamonal [espécie de coronelismo quando
se compara com o Brasil] se instala como uma configuração política que origina então regimes
oligárquicos e define a cena política de grande parte do século XX. Degregori faz uma descrição
interessante para chegar a uma aproximação da configuração de culturas e identidades no
país. Havia uma tradição excludente, que negava a identidade cultural das maiorias indígenas e
mestiças. Para esses setores, que são maioria no país, a luta para obter uma cidadania de
"primeira classe" continua sendo a semente a partir da qual os laços sociais e os traços de
identidade são formados.
Atualmente, essas dinâmicas sociais continuam conflitantes e são expressas de forma muito
clara em estruturas de discriminação com comunidades de nativos, comunidades andinas cuja
língua materna é Quechua ou Aymara, imigrantes de áreas rurais em centros urbanos. Os
arquétipos ocidentais dos séculos passados ainda estão presentes no imaginário nacional e na
mídia. No entanto, na última década, o país tem olhando para si mesmo e está descobrindo
que sua diversidade cultural, biológica e territorial é um meio para alcançar o
desenvolvimento. Primeiro o mercado, impulsionando essa diversidade em produtos
turísticos; e depois o Estado, desenvolvendo políticas nacionais que levem em conta e
protejam a diversidade cultural do país. Nesse sentido, com a criação do Ministério da Cultura
(2010), foi estabelecido um vice-ministério de "Interculturalidade", capacitando povos e
comunidades historicamente marginalizados e garantindo que o Estado e suas instituições
adotem relevância cultural em todos os seus setores. Segundo a Constituição Política do Peru,
"o Estado peruano reconhece a pluralidade étnica e cultural da Nação".
Economia
Moeda: Sol peruano (PEN)
PIB 2016: US$ 195 milhões
PIB per capita: US$ 6.045
Salário mínimo: US$ 246
População economicamente ativa: 54%
Índice de pobreza: 21,8%. Pobreza extrema: 1,9% (PNUD, 2016)
Economia que, na exportação, é baseada na produção de matéria-prima, liderada pelo setor
de mineração, petróleo e gás. É um modelo econômico de longa data, que tem sua origem nos
tempos coloniais.
1
Degregori, Carlos Ivan.“Del mito de Inkarrí al mito del progreso. Migración y cambios culturales”. Instituto de Estudios
Peruanos, Lima, 2013
Cusco
É chamada de capital histórica do Peru, porque era o centro da civilização Inca. Está localizada
no sudeste do país, na vertente oriental da Cordilheira dos Andes. É um vale a 3.399 metros de
altitude, atravessado pelo rio Huatanay. Oitava cidade mais populosa do país, sempre foi uma
das mais importantes política e administrativamente. Foi declarada Patrimônio da
Humanidade (UNESCO, 1983). A província de Cusco é composta por oito distritos (Cusco, San
Sebastián, Santiago, Wanchaq, San Jerónimo, Poroy, Saylla e Ccorca).
Patrimônio cultural
Na região de Cusco fica o centro arqueológico mais importante do país, Machu Picchu (que recebeu
1,344 milhão de visitantes nacionais e estrangeiros em 2016). Além desse complexo arqueológico, há
cem outros sítios arqueológicosna cidade dos períodos pré-inca, inca e colonial. Ao mesmo tempo, o
patrimônio cultural intangível de Cusco tem uma diversidade de expressões e manifestações em
artes plásticas, tecnologias produtivas, espaços ritualísticos, medicina tradicional, sistemas de
autoridades,música, dança, entre outros. A Ponte Q'eswachaka e a peregrinação ao Santuário do
Senhor de Qoyllurit'i foram declaradas Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade.
Aproximadamente 45% da população fala quechua como primeira ou segunda língua; mas a
tendência indica uma redução constante de falantes ao longo dos anos. Cusco tem duas regiões
naturais: a andina e a amazônica. Nestes espaços geográficos coexistiram ao longo dos séculos,
culturas diversas que são mantidas até hoje. Na área da selva estão os grupos étnicos Yine,
Matsiguenka, Wachiperi, Kakinte, Nahua, Nanti e Asháninka, e na área andina, os Quechuas e
Aymaras na fronteira com Puno, ao sul da região.
A taxa de analfabetismo em Cusco é de 15%, (6,7% entre os homens e 21% entre as mulheres).
A população de crianças da cidade, de 5 a 9 anos, representa 9% do total; 10 a 14 anos, 10% e
15 a 19 anos, 11%. A maior parte da população (31%) tem entre 15 e 29 anos. A população
com ensino médio atinge 77%.
Aproximadamente 11% das mulheres jovens, entre 15 e 19 anos, são mães. Esse alto índice
está relacionado à falta de serviços de informação aos adolescentes em relação ao
planejamento familiar. No que tange a educação, a grande maioria das escolas de Cusco
ensina a religião católica, cujas instituições (em nível nacional e local) defendem que o
currículo não fale sobre sexualidade e questões de gênero. Isso é ecoado em uma
porcentagem da população que podemos definir como conservadora no que diz respeito a
essas questões e outras, relacionadas ao aborto, alcoolismo, etc. As políticas desenvolvidas
com foco na juventude sempre caminharam junto com preconceitos conservadores e
paternalistas e, portanto, não têm resultado sobre a dinâmica e os problemas dessas
populações.
2
Este é um fenômeno nacional que começa com a privatização da educaçãona década de 1990 e que continua
atualmente, de modo que o Estado não tem capacidade de controle sobre a oferta privada de educação e padrões de
certificação. Isso gerou uma proliferação de escolas improvisadas que de modo geral não têm condições mínimas de
ensino, como infraestrutura e qualidadede ensino.
Administração escolar
O Ministério da Educação do Peru (MINEDU) é o órgão que dita a Política Nacional de
Educação em nível nacional. Para isso, a organização do MINEDU é implantada em nível
regional por meio das Diretorias Regionais de Educação, que têm suas operações locais nas
Unidades Locais de Gestão Educacional (UGEL). O objetivo das UGE Lé acompanhar a gestão
administrativa e gestão pedagógica e prestar assistência técnica às instituições educacionais
de seu território. E, na lógica dos resultados, este é um elo importante na cadeia do processo
de entrega do serviço educacional aos cidadãos (Lei de Educação Geral nº 28044). Além disso,
o funcionamento das UGEL está relacionado à execução e à concretização das diferentes
etapas da prestação do serviço educacional, o que exige que tenham resultados em nível de
gerenciamento (materiais educacionais, determinação da infraestrutura, gerenciamento de
professores e diretores, etc.) para que o nível pedagógico possa ser dado e a aprendizagem
dos alunos seja melhorada. A UGEL Cusco é a entidade encarregada de fornecer licenças de
funcionamento para escolas e, para isso, é necessário que a escola cumpra as diretrizes do
Currículo Nacional de Educação, que estabelece as matérias oferecidas por níveis.
O salário mínimo de um professor está em torno de US$ 475, o que faz com que a carreira não
seja atraente no mercado de trabalho. Es Essee salário impede o treinamento especializado
contínuo de professores que sempre buscam se estabelecer em uma escola urbana em vez de
rural, já que os incentivos para o ensino nas áreas rurais não são efetivos. Isso resu
resulta em uma
alta rotatividade de professores em áreas rurais, mais que nos centros urbanos, dificultando a
sustentabilidade de projetos de educação rural com professores.
Colegio Pukllasunchis3
Escola Colegio
gio Pukllasunchis
3
O termo em quechua “pukllasunchis” significa “brinquemos”
Horário de Entrada dos professores: 7h30
funcionamento Entrada dos alunos: 7h50
Recreio inicial: 10h30 – 11h
Recreio primária: 10h30 – 11h
Recreio 1o y 2o da secundária: 12h30 – 13h
Recreio 3o a 5o da secundaria: 11h30 am – 12h
Média de Inicial: 12
alunos/professor Primária: 15
Secundária: 9
https://www.facebook.com/asociacion.pukllasunchis/
Além da natureza, a paisagem também conta com construções urbanas feitas por habitantes
dessas áreas (de setores socioeconômicos baixos), normalmente para habitação e instalação
de pequenas empresas. Ao norte, na parte superior da bacia, há um centro recreativo cuja
música é possivel ouvir algumas vezes.
Acesso
Poderíamos dizer que a localização da escola é muito boa, pois ao mesmo tempo fica em um
espaço natural e próxima de uma das principais vias da cidade de Cusco, a Avenida de la
Cultura que segue na direção sul, rumo às cidades de Arequipa e Puno. Ou seja, é uma estrada
de tráfego intenso pela qual se pode chegar à escola. O lugar onde é preciso parar nessa
estrada para pegar o desvio para a escola é chamado de ENACO, que são as iniciais da Empresa
Nacional de la Coca S.A.. Ela é responsável por monopolizar o mercado legal de folhas de coca
no país. A partir desse ponto, é preciso pegar a estrada que leva à comunidade de Pumamarka
(que fica a dez minutos de carro) ea 60 metros fica o desvio para a escola, que é uma estrada
de terra muito curta que terminaem uma área onde os carros estacionam nos horários de
entrada e saída da escola.
Arquitetura
A área total da escola é de 2,5 hectares. O colégio foi construído após um concurso de projetos
vencido por dois pais, que reuniram as idéias de pais, professores e alunos da escola. O
resultado é um colégio aberto, feito com materiais e um design arquitetônico que se adaptam
ao ambiente natural do vale, à idade dos alunos (os níveis iniciais são mais próximos da porta
de entrada e o nível secundário fica mais longe) e aos espaços de trabalho coletivos e cuja
organização permite a acessibilidade de crianças deficientes (rampas).
Conceito: uma aprendizagem de interação
"Somos uma escola que promove uma atmosfera de alegria e carinho, onde trabalho, esforço e
criatividade são a base para formar um ser humano feliz; propositivo e comprometido com o
coletivo; crítico e responsável consigo mesmo, com sua comunidade e com o futuro."(Folheto
do Colégio 2017)
A escola de Pukllasunchis parte da premissa de que somos todos diversos e que essa
diversidade enriquece e é o embrião da apredizagem. Nesse sentido, ela entende que o
dialógo é o elemento dinamizador dos processos básicos de troca e construção de
conhecimento e da coexistência cotidiana. A proposta pedagógica da Pukllasunchis é então
construída a partir desse elo e é baseada em quatro eixos transversais: interculturalidade,
igualdade de gênero, conscientização ambiental e valores e atitudes.
Os quatro eixos são desenvolvidos no cotidiano da escola em todos os seus espaços: aulas,
oficinas, recreios, espaços de diálogo coletivo, lanches, etc.
Interculturalidade
A Pukllasunchis recebe crianças de todos os contextos socioculturais (principalmente do médio
e baixo) e sua proposta pedagógica se enquadra nesta realidade. Um exemplo é a questão do
uso e do acesso das TIC [Tecnologia da Informação e Comunicação], que leva em consideração
essa diversidade e desigualdade no acesso; outro é o alimento preparado no lanche, em que
são usadas receitas simples e nutritivas, com produtos da região.
Alguns documentos e publicações da escola mencionam o lema "educar em e para uma prática
democrática", que pode refletir essa abordagem da interculturalidade. Essa idéia se
materializa, por exemplo, na geração de espaços de expressão com liberdade e igualdade (na
aula e em qualquer outro momento na escola), onde a discriminação e a marginalização são
questões abordadas e enfrentadas com honestidade e permanentemente.
Há frases que são ouvidas com frequência de professores e alunos: "somos diferentes", "nem
todos pensamos da mesma maneira", "cada opinião é valiosa e respeitável em si mesma".
Nesse sentido, a diferença é a marca e, portanto, as necessidades de desenvolvimento de cada
aluno são específicas. Isso é claro para o corpo docente da escola, que tenta manter uma
atitude de escutar e estar aberto para as diferenças que se traduzem em racionalidades
diferentes entre os estudantes. Cria-se, assim, um diálogo horizontal em vez de uma divisão
hierárquica entre professores e alunos. O diálogo e a interação produzem situações de
confronto e análise crítica entre o próprio e o outro e assim criam de forma intergeracional
uma atmosfera de respeito, curiosidade e tolerância.
Pessoal
Evitar por exemplo práticas de homogeneização (ausência de uniformes, desfiles cívicos e
patrióticos, estabelecimento do quechua como primeira língua e depois o inglês etc.) e/ou
discriminatórias (principalmente em relação à cultura andina).
Gerenciar um sistema de avaliação baseado nos processos de aprendizagem de cada
estudante, evitando parâmetros únicos nas avaliações. A escola também tem alunos com
necessidades especiais (aproximadamente duas crianças por série).
Relacionamentos
Prioriza-se o grupo, o coletivo. Isso significa um diálogo aberto e horizontal (por exemplo, o
momento chamado rimanakuy, onde professores e alunos abordam um tópico ou problema
do interesse de todos; pode ser conduzido por um aluno ou professor). Ou seja, prioriza-se o
grupo na aprendizagem, valorizando a contribuição de cada um e compartilhando
conhecimento e pontos de vista.
Currículo escolar
A cultura andina é posta como uma referência de conhecimento em várias atividades. Por
exemplo, no trabalho na horta, nas oficinas de medicina natural, nas noções sobre tempo e
espaço entre as áreas urbanas e rurais, no ensino do quechua (como segunda língua) a partir
do nível inicial. O quechua também está presente nos letreiros e placas da escola, em nomes
de árvores nativas, em cada sala de aula, lembrando palavras de cortesia na língua como "por
favor", "obrigado", "desculpe", "bom dia" etc.
Consciência ambiental
O trabalho agroecológico faz parte do currículo escolar, com o cultivo de produtos locais, o
gerenciamento dos resíduos sólidos (os orgânicos vão para a composteira da escola e servirão
para fertilizar os plantios, e os papéis vão para a oficina de reciclagem). Também são
difundidos os conceitos da cosmovisão andina, como o ayni, que se refere ao trabalho em
equipe, muito comum em atividades no campo; a natureza está relacionada aos ciclos
agrícolas, que por sua vez estão relacionados ao calendário festivo das comunidades andinas.
O trabalho na horta é feito por todos os alunos de todas a séries. Além disso, há campanhas de
reflorestamento de encostas (com professores e pais), ensino de criação de animais (a escola
tem uma pequena fazenda de animais: porquinhos da Índua, galinhas, patos e peixes entre
outros) e, de tempos em tempos, há um trabalho de limpeza do rio T'ikapata,etc.
Igualdade de Gênero
É dado muito destaque para os papéis de gênero, quebrando estereótipos. A escola tem o
cuidado de ter um número equilibrado de alunos e alunas por nível. Nesse sentido, a
participação ativa igualitária é incentivada. A escola aborda temas relacionados à sexualidade
e identidade sexual, nos espaços de orientação para adolescentes e também no rimanakuy. As
oficinas oferecidas na escola para todos os níveis também são para ambos os sexos.
Valores e Atitudes
As premissas deste pilar são:
O carinho e respeito a todas as pessoas e seres vivos que estão na escola;
O comunitário como forma de trabalho e de aprendizagem;
A reflexão coletiva e pessoal sobre valores como solidariedade, autonomia, trabalho,
organização e criatividade.
Para a Pukllasunchis, valores e atitudes são adquiridos por meio de uma sequência de
aprendizado que começa com o desenvolvimento de alguns hábitos. Por exemplo, escutar
quem está falando, chegar cedo à escola etc. Durante os estudos na escola, esses hábitos são
internalizados e, finalmente, se tornam atitudes como respeitar a opinião do outro, assumir
compromissos e responsabilidades, etc.
Metodologia
Para ter a licença do Ministério da Educação e prestar serviços educacionais, desde o início a
escola está alinhada com a Política Nacional de Educação do Estado peruano. Nesse sentido, a
escola Pukllasunchis segue o sistema de Educação Básica e os princípios gerais do Projeto
Curricular Nacional, nos três níveis: inicial, 4 e 5 anos; primário, de 6 a 11 anos, e secundário,
de 12 a 16 anos. Alcançada a última etapa do colégio, os alunos podem se candidatar a uma
universidade e finalmente obter o diploma de bacharel.
A escola inclui ainda neste currículo outras matérias que considera igualmente importantes:
quechua e cultura andina, filosofia, cinema, metodologia de estudo, humanística, orientação
vocacional, orientação para adolescentes, artes, horta, medicina natural, oficinas de ciências e
oficinas de produção.
1. Artes
No inicial e do primeiro ao quinto ano da educação primária, todas as crianças têm aulas de
música e artes visuais. Da sexta série até o final da secundária, os estudantes têm a opção de
escolher entre artes plásticas, criação literária e audiovisual, música e teatro. Nesta área,
procura-se desenvolver a capacidade criativa, a imaginação e a sensibilidade, através da
comunicação de pensamentos, sentimentos, emoções e sensações com critérios estéticos,
bem como o prazer de se expressar artisticamente.
2. Ciências sociais
Esta área procura desenvolver habilidades, conceitos, procedimentos e atitudes que permitam
conhecimento e compreensão do homem e do ambiente social, localizando e interpretando
fenômenos sociais em certos espaços e tempos, orientando os alunos a agir de forma crítica e
responsável em sociedade, com base em valores que promovem a democracia e a identidade
cultural. Também estão incluídas nesta área a filosofia, que a partir do nível primário procura
desenvolver habilidades cognitivas de raciocínio, observação, pesquisa, questionamento e
análise conceitual bem como atitudes de escuta, respeito e tolerância a partir da expressão de
idéias e de pontos de vista sobre assuntos como "vida", "existência", "morte", "amor",
"verdade" etc. e humanística, que aborda conceitos como cidadania, religião, civismo,
antropologia e história de culturas humanas, valorizando o conhecimento da diversidade
cultural em contextos de interculturalidade.
3. Comunicação
4. Jogo e movimento
Esta área compreende o movimento que procura o equilíbrio físico e psíquico da criança para
que ela possa se relacionar com segurança em seu ambiente - em outras palavras, o
desenvolvimento da saúde mental e física. Promove a prática de várias disciplinas esportivas
que dão opções aos alunos e alunas de acordo com seus gostos e habilidades. Para a
Pukllasunchis, este é outro meio para alcançar habilidades e atitudes sociais, como empatia,
tolerância, cooperação, resolução de conflitos, carinho em relacionamentos e esforço
individual e coletivo acima da competição.
5. Matemática
6. Ciências naturais
A avaliação da vida em todas as suas formas é o foco desta área. O mesmo acontece com a
avaliação do conhecimento e as técnicas andinas que permitem interagir com equilíbrio no
meio ambiente das crianças. Isso gera interesse, respeito e compromisso com o meio
ambiente, dinâmicas ecológicas e sua conservação. Promove o desenvolvimento de
habilidades básicas para pesquisa científica que lhes permita compreender não só o mundo
atual, mas também as implicações das novas tecnologias e os avanços no conhecimento
científico. Paralelamente, a escola promove o programa Kawsay, a fim de disseminar,
sensibilizar e colocar em ação aspectos de cuidados e conservação do meio ambiente. Este
programa inclui visitas de outras escolas às instalações do Pukllasunchis, como a horta, a
fazenda e a produção de medicamentos naturais. A escola também tem uma oficina de
ciências, onde alguns aspectos da aprendizagem teórica em química, física e biologia são
colocados em prática. Nesses laboratórios, há muita atenção à a consciência de não poluir o
meio ambiente.
7. Produção
8. Tutoria
De acordo com o trabalho de campo realizado, é uma área à qual a escola e os professores
dedicam muito esforço e tempo. Cada sala, desde o início até o último nível do ensino médio,
tem um tutor ou uma tutora, cuja função é ser a principal referência para o aluno, para o
grupo e para os pais. Para muitos tutores, o envolvimento afetivo é forte e vários têm
dificuldades de estabelecer limites entre a tutoria e a vida pessoal. Nos níveis inicial e primário,
o professor da sala de aula também é tutor. Ele passa a maior parte do tempo com as crianças
e organiza a maioria das atividades do grupo, o que lhe permite entender melhor a dinâmica
dentro da sala de aula, tanto na aquisição de conhecimento como no desenvolvimento afetivo,
emocional e de atitudes.
No nível secundário, onde é necessária uma especialização nos assuntos, o mesmo professor
não pode cuidar de todas as matérias. Nesses casos, as tutorias são distribuídas pelos
professores que ficam na escola em tempo integral e têm experiência no colégio. Os tutores
são responsáveis por cinco espaços que diferenciam a Pukllasunchis: tutoria, rimanakuy,
orientação para adolescentes, leitura e escrita por prazer e orientação vocacional (visando
estudantes nas séries finais do nível secundário). Todas as manhãs, os tutores dedicam dez a
quinze minutos da primeira hora do dia para expôr questões urgentes para a sala de aula, para
organizar responsabilidades como a limpeza da sala, a distribuição do lanche etc.
O rimanakuy é um momento em que os alunos da sala de aula se reúnem para discutir vários
tópicos ou questões de interesse do grupo, como às relações entre estudantes ou entre alunos
e outras pessoas na escola, apresentar propostas e fazer sessões de avaliação. É um espaço
importante para a Pukllasuchis, à medida que as crianças exercem o direito de expressar
opiniões e construir e formular seus pontos de vista e idéias, além de ser um momento
privilegiado para resolver conflitos em sala de aula, aberta e coletivamente.
Para estudantes de nível secundário, espaços de orientação vocacional com diálogo e uma
proposta de aconselhamento são desenvolvidos individual e coletivamente. São abordados os
seguintes tópicos: adolescência, sexualidade (ciclo menstrual, amor, gravidez, doenças
sexualmente transmissíveis, maternidade e paternidade responsáveis, aborto, abuso sexual,
identidade de gênero, questões religiosas, etc.), drogas e álcool , saúde e higiene, entre outros.
A parte de leitura e escrita por prazer é desenvolvida a partir do nível inicial, incentivando o
gosto pela leitura (embora nessa idade as crianças ainda não saibam ler) por meio de
“rincones” [algo como cantos ou “espaços”] com histórias adequadas à idade dos alunos. Da
primeira série do primário à quinta do secundário, há um tempo diário de 15 minutos
chamado "tempo de leitura". No primário, este momento é dado imediatamente após o
recreio, e no secundário, após a tutoria. As leituras coletivas são desenvolvidas e cada criança
também pode escolher um livro de seu interesse e lê-lo individualmente naquele momento.
Evita-se fazer controle de leitura e dar notas. A Pukllasunchis procura dar a esta atividade o
mesmo prestígio que tem qualquer outra atividade lúdica; procura-se mostrar que a palavra
"leitura" seja sinônimo de "diversão". No final dos estudos, a escola pretende deixar nas
crianças uma bagagem de histórias e romances considerados como "leitura obrigatória" na
literatura peruana, latino-americana e mundial. Desde 2004, a escola vem incorporando a
"escrita por prazer" (de dez a quinze minutos), que é um momento de produção de textos
breves sobre questões da atualidade, reflexões pessoais sobre o contexto atual, etc.
Material didático
Uso da tecnologia
Como a Pukllasucnhis tem uma população diversificada (estudantes de diferentes estratos
sócio-culturais e econômicos), há uma porcentagem importante de alunos que não usam ou
não têm telefone celular. Uma parte tem telefones celulares que só servem para fazer
chamadas, enviar e receber chamadas. Nas séries finais, há uma maior porcentagem de alunos
com smartphone. Nesse sentido, para os coordenadores pedagógicos, não há um uso padrão
das TIC entre estudantes dos diferentes níveis.
Por outro lado, Raúl Chiappe, coordenador geral da escola, menciona que cerca de 30% das
famílias não têm acesso à internet em suas casas e, portanto, a ausência de computadores,
tablets e outros equipamentos também é importante.
Dentro dessa realidade, a escola não pode impôr um único padrão de tecnologia. Nesse
aspecto, evidencia-se a vocação da Pukllasuchis: na proposta pedagógica prevalece a natureza,
o vínculo entre estudantes, jogos e atividades ao ar livre muito mais do que a implementação
de plataformas de estudo e de comunicação com os pais de família, uso de aplicativos para
aprendizagem infantil ou laboratórios para experimentação e criação de realidades virtuais.
No entanto, o Pukllasunchis não é uma escola que vai contra essas novas tecnologias ou a
necessidade de criar capacidades e habilidades para o uso de rejeições interativas ou virtuais.
O colégio conta com a matéria de informática em uma sala com PCs (aproximadamente 20
PCs). Na biblioteca também há um espaço com quatro PCs para realizar pesquisas
bibliográficas.
Para que a escola atenda seus objetivos de promover o aprendizado com a interação, é
proibido o uso de smartphones no nível secundário. No primeiro momento em que entram na
sala de aula, os alunos deixam seus smartphones em uma caixa destinada isso, que é guardada
pelo tutor da sala de aula ao longo do horário escolar e recuperada na saída.
O acesso à Internet via wi-fi para os professores é gratuito e os melhores espaços de sinal
(tendo em conta o tamanho da escola) estão nas salas de professores (três salas de
professores, uma para cada nível de estudos), onde também estão disponíveis PCs,
impressoras, fotocopiadoras etc.
Espaços abertos como locais de aprendizagem
O espaço natural que envolve e integra na escola contribui para implementar espaços abertos
onde o currículo de cada sala de aula é desenvolvido: para os níveis iniciais existem jogos e
estruturas para o desenvolvimento da atividade física que buscam o contato com diversos
materiais e de diferentes texturas. Para os níveis primário e secundário, os espaços vão sendo
cada vez mais abertos: o "moraycito", um espaço que copia a arquitetura do Centro
Arqueológico de Moray e serve para desenvolver atividades como o rimanakuy; a horta, onde
são ensinadas técnicas andinas de cultivo, o calendário agrícola e ritualístico de Cusco, e a
importância de cultivar produtos orgânicos, etc. Ao lado da horta, há um espaço para
reciclagem de resíduos orgânicos para conversão em fertilizantes para plantas e a granja, com
diversos animais domésticos (patos, porquinhos-da-Índia, galinhas, etc.)
Para os Pukllasunchis, os “espaços” são importantes para que os professores conheçam mais
profundamente cada um de seus alunos, seus interesses, talentos, potencialidades e
dificuldades para que possam acompanhar seu crescimento de forma personalizada.
Biblioteca de sala de aula
Para os níveis inicial e primário, as salas de aula têm um espaço com vários textos, revistas,
livros de referência, dicionários, contos, histórias em quadrinhos, jornais, etc. que pode
motivar as crianças na sala de aula. O uso deste espaço pode ser no tempo de leitura por
prazer, quando a criança termina alguma atividade antes de seus companheiros etc.
Na educação secundária, a biblioteca central é muito próxima das salas de aula e, portanto,
nenhum pequeno espaço de textos é implementado em cada sala de aula, usando-se o
principal.
A brinquedoteca tem vários jogos de tabuleiro que procuram contribuir para habilidades e
atitudes como concentração, memória visual, velocidade de cálculo, raciocício lógico,
habilidades motoras finas, perseverança, respeito às regras, saber ganhar e perder, percepção
e coordenação entre outras.
a. Acampamentos de integração
Crianças e adolescentes, desde a sexta série da educação primária até a quinta da secundária,
no início do ano letivo, têm dois dias e uma noite de compartilhamento e diversão na escola.
Isso é importante para o Pukllasunchis, porque nestes dias os alunos se conhecem melhor,
criam laços de amizade e proteção dos mais velhos com os menores. Entre as questões
abordadas nestes dois dias estão: discriminação, participação, consumismo, cuidado com a
escola, uso de tecnologia e corrupção, entre outros.
Os professores viram que esta é uma das atividades mais esperadas e desejadas pelos alunos
e, portanto, uma das atividades gerais mais produtivas no desenvolvimento de atitudes no
nível secundário.
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A Watia é uma maneira natural de cozinhar batatas e tubérculos em geral. É parte de uma
forma de entender a terra, seus frutos, o homem e o calendário ritualístico dos Andes e data da
era pré-colombiana, é muito popular em toda a região de Cusco e em outras regiões dos Andes
sulamericanos. A watia é coletiva por excelência e sua forma simples de consumo e
preparação (batata assada em um forno de barro, acompanhada de um molho picante a base
de ervas da região) diz muito sobre as culturas andinas.
c. Feira de Ciência e Tecnologia
Esta atividade é integrada aos encontros escolares de e ciência e tecnologia desenvolvidos em
nível regional e nacional.
d. Festival de Artes
Atividade anual onde as crianças que participaram durante o ano mostram seus progressos e
produções em artes plásticas, criação literária, música e teatro. O objetivo é que as crianças
exponham suas produções ao público.
d. Festidanza [Festidança]
Esta atividade é realizada a cada dois anos, e seu objetivo é fortalecer a identidade cultural da
comunidade educacional do Pukllasunchis, por meio do conhecimento e da valorização da
música e de danças da cultura andina. Esta atividade começa com a pesquisas feitas por cada
uma das séries sobre uma dança andina ou peruana e a música que a acompanha. Esta
pesquisa envolve crianças, pais e responsáveis. A ideia é compreender o significado de cada
dança por meio da sua coreografia, etapas e vestimenta, contexto e experiências da
comunidade que representa. Nesta atividade, nenhum estudante é excluído. Crianças que não
querem dançar, participam fazendo música ou de uma imagem representativa.
f. Festival da diversidade
Uma semana por ano na qual se socializa e se compartilha o mundo pessoal familiar e cultural
por meio de atividades de expressão, criação e produção sobre diversos assuntos.
g. Festival do Quechua
Realiza-se de dois em dois anos, com o objetivo de sensibilizar os alunos e os pais sobre a
importância desta língua que canaliza uma cultura andina milenar. Cada nível apresenta uma
dança, peça, dramatização ou outra criação onde expressa seus conhecimentos e sentimentos
em relaçãoao aprendizado do Quechua.
h. Jogos da amizade
Para o Pukllasunchis, a interação com outras escolas da cidade é importante. Essa atividade é
realizada por uma semana (geralmente na semana do Puklla). É um espaço esportivo onde
meninas e meninos de várias escolas privadas e públicas de Cusco participam das disciplinas de
futebol, voleibol e basquete.
i. Jogos florais
Espaço para promover o desenvolvimento da criação e a expressão escrita nos alunos por
meio da produção individual e coletiva de vários tipos de textos em torno de um tema
significativo. Também é organizado a cada dois anos e envolve alunos de todos os níveis.
k. Kuska (juntos)
É um espaço de trabalho coletivo, no qual todos os níveis da escola abordam o mesmo tema,
em torno do qual se trabalha dentro de cada sala de aula. Em seguida, o trabalho é
compartilhado com toda a escola, em elementos que unem os trabalhos de todos e que fazem
alusão à cultura andina: mantos incas, conjunto de quadrados contendo ideogramas etc.
O trabalho começa com a geração de reflexão coletiva por série. Como resultado desta
reflexão, cada aluno (em grupo ou individualmente) expressa seu ponto de vista sobre o
assunto, de várias maneiras: produzindo textos, desenhando, pintando, compondo músicas
etc.
l. Semana da Terra
Celebra o Dia Internacional da Terra (22 de abril). São realizadas diferentes atividades:
projeções de filmes e fóruns de vídeos, elaboração de materiais didáticos, campanhas de
limpeza, medição do impacto que cada um causa no meio ambiente etc. Trata-se de
sensibilizar os alunos para o cuidado e conservação do planeta com ações concretas.
Organização do ensino
Para cada série, há duas salas de aula (verde e azul), cerca de trinta alunos por sala, que são
são misturados a cada três meses ou a cada ano, de acordo com as necessidades de integração
de cada grupo.
Em cada série, há dois tutores que responsáveis, cada um de uma sala (verde ou azul). Ambos
fazem uma dupla de trabalho, coordenando e agendando atividades em conjunto.
Além das séries que os constituem, cada ciclo tem uma equipe de tutoria, docentes e um
coordenador eleito democraticamente pela equipe de professores. Essas equipes têm espaços
para organização, formação, capacitação e discussão.
A escola como um todo tem uma coordenação geral composta pelos coordenadores dos
quatro níveis e um coordenador geral.
Não há uma "prova final", cujo resultado pode estar sujeito a vários fatores relacionados à
escola, à família ou mesmo aos processos psíquicos de cada aluno. É por isso que a escola leva
em consideração a vida cotidiana dos estudantes, com base no seu progresso pessoal.
No início do ano, os professores elaboram uma lista de indicadores de realização para cada
capacidade (acadêmica e de atitudes). No final de cada trimestre, os alunos auto-avaliam sua
aprendizagem de acordo com cada indicador e também de seus desafios pessoais, enquanto o
professor o faz permanentemente ao longo do período de trabalho.
Esta avaliação trimestral é então compartilhada com mães e pais em uma reunião particular de
aproximadamente trinta minutos de duração (ou seja, uma maratona de reuniões muito
inetensas para tutores e professores, que dura entre uma e duas semanas) . A reunião é
baseada nas avaliações do aluno para cada área do currículo escolar e os principais destaques
delas são discutidos com os pais.
Em seguida, os professores devem fazer uma "tradução" desta avaliação personalizada, para
adaptá-la aos padrões de avaliação e acreditação do Ministério da Educação. Assim, os alunos
têm uma caderneta com as notas, o que lhes permite mudar para outras escolas e/ou certificar
a conclusão da etapa escolar para passar para o ensino superior.
PERSONAGENS
Professora 1: Evelyn Guzman, 48 anos Evelyn se formou em educação artística, mas não
queria necessariamente seguir esse caminho.
Porém, ao fazer a entrevista para a escola
Pukllasunchis, ficou muito interessada na proposta
educativa e assim sua vocação aflorou.
Formação contínua:
O Pukllasunchis dá treinamento aos professores,
além de oferecer estágios e cursos em outras
cidades e países. Para Evelyn, no final das contas,
isso resulta em uma capacidade e prática
profissional de querer se capacitar ou não.
A rotina da escola:
Entramos na escola, no mais tardar, às 7h50 e
prontamente começamos a tutoria até as 8h10;
que é um momento para leitura e para se
organizar um pouco o dia. “Em seguida, se eu não
estiver dando aula, discutimos entre os
coordenadores assuntos relacionados à minha área
de coordenação”
Metodologia:
“Acredito que em geral o Puklla propõe que os
alunos construam seu aprendizado, o que significa
que o professor não é o protagonista. Dessa forma,
minha metodologia é preparar uma aula que lide
primeiro com os interesses deles. Eu sempre digo,
‘vamos detonar a bomba e então vemos o que
fazer com isso’. E então proponho assuntos e
matérias com os quais eles começam a trabalhar.”
Nos últimos três anos, Evelyn tem tomado como
ponto de partida o calendário festivo, climático e
agro-ritualístico da cidade, onde há eventos
bimestrais (festividades andino-religiosas, desfiles,
comemorações, tempo de “secas”, etc.) e ela
considera que essas festividades não podem ser
desconectadas do conteúdo abordado na escola.
“E para as atividades de artes é muito rico, você
pode ensinar a fazer pipas para a estação de
ventos, que é em agosto, e também fazer
esculturas pequenas que voem com as pipas e, a
partir daí, você desenvolve as habilidades e
competências do currículo.”
As atividades pedagógicas são organizadas
semanalmente, e geralmente são as próprias
disciplinar que as planejam. No caso de Evelyn é a
área de artes, de forma que todos estão cientes do
que será desenvolvido em cada especialidade
(teatro, música, etc.). Durante o ano há projetos
desenvolvidos em conjunto com outras disciplinas.
No entanto, ela considera que há alguns anos a
conexão e a relação com as outras disciplinas eram
muito mais frequentes. Talvez isso tenha ficado
subentendido nos últimos anos, pensa.
Evelyn tem um caderno onde registra quase todas
as suas atividades pedagógicas e se considera uma
pessoa de sorte por poder trabalhar com grupos de
15 alunos no máximo, o que resulta em um
trabalho interessante. Nesse caderno, ela anota
todas as conquistas de seus alunos. Por isso não
precisa fazer avaliações pontuais para aferir o
progresso de cada um. “Se pudéssemos abolir as
notas, todos nós no Pukllasunchis ficaríamos
felizes. Um número não reflete o esforço de um
aluno… fazemos uma avaliação qualitativa (a cada
três meses) que nos mostra quanto cada aluno
evoluiu. É um trabalho que demanda muita
energia, porque você tem que pensar em cada um
dos seus alunos e enumerar todas as suas
conquistas, com base nas competências que você
propôs. Então é uma avaliação individualizada,
tanto em termos de conteúdo quanto das
habilidades, competências e atitudes que os alunos
vão adquirindo. Paralelamente eles fazem uma
auto-avaliação, baseada nos desafios propostos no
começo do ano. Tudo isso nos dá material e na
minha opinião é a melhor forma de se trabalhar.
Mesmo que seja cansativo."
Dificuldades na inovação:
Uma das maiores dificuldades é que muitas vezes
os pais não estão em sintonia com a dinâmica de
trabalho da escola. Ele entende que é difícil para os
pais já que muitos trabalham o dia inteiro, tem um
ritmo de vida diferente, etc. Outra dificuldade para
Oscar é o aspecto financeiro. Os salários de
professor são baixos. “Eu gostaria de ler mais, por
exemplo. Não encontro aqui em Cusco a
informação necessária para meu nível profissional.
Mesmo quando encontro um livro a preço
acessível na Espanha o custo de envio ao Peru faz
com que o preço final seja proibitivo.”
Planejamento de ensino:
Liliana nos explica que existem duas formas de se
planejar, uma é a de ciclo (primeiro e segundo ano
do nível secundário) considerando valores e
atitudes e a outra considerando a matéria para
reforçar o conteúdo. As tutorias sempre
acontecem com uma dupla de professorespara
cada série.
Os professores se reúnem às terças e quintas.
Nessas reuniões fazem o planejamento mensal
geral e para os ciclos, de forma que todos os
professores estão sempre a par dos objetivos
mensais.
Atualmente ensina matemática (que ocupa uma
carga horária grande) e ciências naturais, para o
primeiro e segundo ano do secundário.
Metodologia:
Não há uma forma única para as matérias. Diz que
seria fácil fazer um programa único, baseado nos
muitos anos de experiência no Pukllasunchis; mas
que ela prefere analisar o grupo de alunos primeiro
e assim ir definindo sua metodologia. Identifica as
crianças com dificuldade de aprendizagem, no
trabalho de tutoria, o que a ajuda a conhecer
melhor seus alunos. “Quando você ensina uma
matéria e também é tutor, conhece melhor seus
alunos, não só o lado acadêmico, mas também o
emocional. Um professor que leciona e que
também faz o trabalho de tutoria é um professor
mais completo, na minha opinião”, afirma.
Ela avalia os estudantes com dificuldade de acordo
com seu progresso pessoal e procura desenvolver
tarefas mais adequadas ao ensino deles.
A vida na escola:
Chega às 7h50, os professores já estão na escola
para dar boas-vindas a todos os alunos, eles
conversam com os alunos, perguntam “Como você
está? Está tudo bem?" O que Fabián acha “muito
bacana!” porque se sente à vontade para abraçar
os professores, contar a eles o que está
acontecendo. Em seguida eles vão para a sala de
aula e se sentam em um círculo com o tutor.
Chama-se “rimanakuy”. Conversam sobre a escola,
leem textos juntos, falam sobre algumas questões
da série, etc. E então começam com as matérias.
Fabián diz que agora o Ministério da Educação
exige que os tempos da escola sejam de 45
minutos. Algumas aulas podem tomar dois tempos,
o que dá 1h30. A maioria das aulas dele são de 45
minutos.
O que Fabián mais gosta de fazer na escola é
passar tempo com seus amigos, jogando basquete
por exemplo, ou nas aulas de arte (que é do que
mais gosta, depois do recreio). Sente que os
amigos da escola são especiais, são diferentes. Ele
se sente mais querido aqui do que nas outras
escolas onde estudou, onde não teve um grande
amigo, um "patasa" (na gíria jovem do local). Além
disso, em Pukllasunchis, reencontrou alguns
amigos que tinha feito quando estudou na escola a
primeira vez.
Rotina diária:
Aluna 2: Samanta Puma Usca, 12 anos Acorda às 5h30. Ajuda sua mãe a preparar o café
da manhã de todos (incluindo seu tio, que está
trabalhando em uma obra comunitária de
instalação de água potável), apronta-se e sai para a
escola às 6h30. Pega o ônibus público “Señor del
Huerto” até o ponto da Escola Garcilaso (distrito
de Wanchaq), de lá pega qualquer ônibus que siga
pela avenida La Cultura em direção a San
Jerónimo. Desce em “Enaco” e anda dez minutos
até a escola. Chega às 7h50 no máximo, que é a
hora limite de entrada na escola.
Fica na escola até 14h30, que é o horário de saída.
Daí faz o caminho de volta até “Enaco” a pé,
segueaté o ponto do Colegio Garcilaso, onde desce
para tomar o ônibus público “Señor del Huerto”,
Local de nascimento: Comunidade rural de que a deixa perto de sua casa. Chega em casa
Yuncaypata, Cusco, Peru depois das 15h30, almoça e descansa um pouco.
Série: Primeiro ano do secundário. Depois começa a fazer os deveres, o que em geral
Vive na comunidade de Yuncaypat com a mãe e a leva uma hora e meia.
avó. Não tem muitas atividades à tarde. Ela faz o dever
de casa e quando é sua vez (em geral, uma vez por
Observações: mora em uma zona rural próxima da semana) vai para o pasto ajudar a recolher as
cidade de Cusco ovelhas da família e dos vizinhos.
Não tem irmãos, tem meios-irmãos (um bebê, a Gosta de ler, de escutar música, de brincar de
irmã mais nova estuda na escola Clorinda Mato de esconde-esconde, de polícia e ladrão e de pular
Turner e o outro irmão mais novo mora em Lima corda.
com a mãe e o padrasto). Ajuda nas tarefas domésticas: no café da manhã,
sempre arruma seu quarto, às vezes lava a louça e
arruma a casa.
Contato: +51 976641893 (mãe, Sra. Purificación)
História escolar:
Samanta estuda na Pukllasunchis desde os cinco
anos. Apesar de nunca ter estudado em escolas
tradicionais, imagina como elas devem ser por
causa dos relatos de suas primas e de suas amigas
na comunidade Yuncaypata, que estudam na
escola pública “Clorinda Mato de Turner”...“Eu sei
como é essa escola. Eles lhe dão muitas tarefas
que você precisa fazer de um dia para o outro. Se
você não fizer, eles brigam. Eles brigam por
qualquer coisa". Quando Samanta terminou o
jardim de infância na escola da comunidade, sua
mãe começou a procurar escolas em Cusco. Uma
prima recomendou a escola Pukllasunchis, onde
sua filha estava estudando. A mãe de Samanta se
convenceu a matricular a filha lá porque, entre
outros motivos, procurava uma escola que não
fosse tão rígida.
A vida na escola:
Entra às 7h50, a primeira aula com seus colegas é a
“Tutoria”, depois teve aula de cinema -- conta que
já viu Amelie Poulin e Forrest Gump--, em seguida
aula de quechua e depois o lanche (neste dia
foram duas frutas, banana e pêssego). Volta às
aulas com matemática e por fim “CTA” (Ciência,
Tecnologia e Ambiente). Suas aulas favoritas foram
matemáticas e cinema.
O que mais gosta de fazer na escola é brincar e
também estudar porque tem a impressão de que
nessa escola se estuda de uma forma diferente das
escolas tradicionais.
Rotina diária:
Aluna 3: Mía Fernanda Galindo Aranzábal, 10 Mía acorda por volta das 6h e faz os deveres até as
anos 7h, quando toma café. Em seguida vai para a
escola com seu irmão. Pega o transporte público
da empresa “Illary” que os leva até o ponto
“Enaco” e andam de lá até a escola. Fica na
Pukllasunchis até 14h30 e faz o mesmo caminho
de volta (sozinha, porque seu irmão fica na escola,
onde faz outras atividades). Quando chega em
casa, almoça com a a mãe. Durante a tarde, ás
vezes vai brincar em um parque perto de casa e ás
vezes fica em casa brincando com a mãe.
Seus esportes favoritos são basquete, futebol e
vôlei. Também gosta de ver filmes e de escutar
música. Seus músicos preferidos são Rihana e
Maroon 5. Ela osconhece porque seu pai tem os
CDs deles. Conta que sua mãe gosta de Michael
Jackson.
Lugar de nascimento: Cusco, Peru
Gosta de jogar Roblox no computador.
Série: quinto ano do primário. A mãe a ajuda com os deveres de casa.Ela diz que
Mora em Cusco, distrito de San Sebastián, em um
apartamento com o pai, a mãe e o irmão. ajuda a mãe com as tarefas domésticas: limpar,
cozinhar (Mía gosta de cozinhar com seu pai). Ela
Observações: seu irmão Nicolás (14 anos) estuda diz que as vezes é um pouco preguiçosa e não
na Pukllasunchis e cursa o terceiro ano do arruma seu quarto.
secundário. Ela está se recuperando de uma
História escolar:
infecção no sangue e por isso não participou dos
Mía entra na Pukllasunchis aos 4 anos; mas meses
acampamentos de sua série. depois se muda para Urubamba (Valle Sagrado,
província de Cusco) onde fica por um ano. Em
seguida volta a Cusco com a a família e ingressa na
Contato: +51 984102457 (mãe, Sra. Eliza) Pukllasunchis no primeiro ano do primário.
Lembra-se do tempo em que morou em
Urubamba, e de sua professora do nível inicial.
Mas ficou pouco tempo na escola porque sua mãe
decidiu tirá-la do jardim de infância devido a
desentendimentos com a diretora e passou a dar
aulas para ela em casa.
A vida na escola:
Mía acha que o que está aprendendo melhor na
escola é matemática e que isso acontece porque
em casa estuda com a mãe. Também sente que
aprende na aula de “projetos” pois pode pesquisar
sobre as plantas, por exemplo.
O que mais lhe agrada na escola são as aulas de
música e de artes em geral.
Lógico- Matemática
Áreas Relação Lógico-matemática
mate-
Curricu- consigo mática Comunicação
mesmo
lares Comunicação Integral
Língua Estrangeira/Nativo
Comu-
Educação pela Arte
nica- Educação pela Arte
ção
Integral Pessoal Social
Ciências Sociais
Comunicaç
ão Integral Educação Física
Pessoa, família e relações
Pes- humanas
soal Educação Religiosa
Social Educação Física
Ciência e Ambiente
Ciência Educação Religiosa
Relação
e
com o meio
Ambi-
natural e Ciência, Tecnologia e Ambiente
ente
social
Educação para o trabalho