Profetas e o Profético
Profetas e o Profético
Profetas e o Profético
A raiz da palavra “profeta” (Nabi) é “nb” = ferver em água. Nabi = O que ferve (borbulha) com
inspiração e mensagem divina.
Temos então dois tipos básicos de profetas – os “nabi” que falam inspirados, declaram a
palavra profética e o Espírito Santo faz com que seus espíritos “borbulhem”, “fervam” com a
palavra, e os videntes, que quando profetizam muitas vezes se assemelham com alguém que
descreve um quadro, uma paisagem. Podemos ter uma mistura dos dois também. Esses então
são dois tipos de profetas quanto a forma como profetizam, mais adiante veremos alguns dos
diferentes mandatos, ou áreas de atuação dos profetas.
Em Ex 7:1 “Então disse o Senhor a Moisés: Eis que te tenho posto como Deus a Faraó, e Arão,
teu irmão, será o teu profeta”.
O significado é de alguém que fala autorizado pelo Senhor. É importante frisar que o profeta
pode ou não falar de eventos futuros.
TIPOS DE PROFETAS
Pregação e ensino – profetas no ofício que juntamente com os apóstolos lançam fundamentos
de Cristo na igreja sejam pregando ou ensinando.
Intercessor, atalaia – Embora todo profeta esteja intimamente ligado com a intercessão, nem
todos são chamados a pregar ou ensinar, senão a ficar na retaguarda, sobre a torre de vigia,
como atalaias proféticos, alertando o Corpo sobre os movimentos do inimigo e as estratégias
do Senhor. São específicos e claros, geralmente antevendo eventos e intercedendo para trazer
à luz o que vem do Senhor e desbaratar o que vem do inimigo.
Guerreiro de oração – Um tipo de profeta que recebe graça do Senhor para discernir e
desbaratar espíritos demoníacos não só em igrejas, mas também em cidades e regiões, até
mesmo nações inteiras, como Daniel.
Adoradores – embora nem todos sejam profetas no ofício, todos são chamados a se mover na
adoração profética, abrindo os céus, atraindo a Glória, discernindo e transformando ambientes
espirituais, profetizando com os instrumentos, etc.
Diferença - Ofício profético, dom de profecia e o falar inspirado .
Nem todos operam no ofício profético, mas todos podem se mover no profético.
Ef 4:11 – “...para o aperfeiçoamento dos santos”. O papel principal dos ofícios (cinco
ministérios) é treinar os santos, aperfeiçoar os santos para a obra do ministério. Qual? O deles.
O principal papel do profeta não é ouvir tudo sozinho, é ensinar a igreja a ouvir melhor e
profetizar. Em meio aos santos, eles descobrirão outros com os mesmos chamados, cabe
então ao profeta treinar e equipar esses para executarem bem seus chamados (assim como os
outros quatro dons ministeriais devem fazer).
1Co 14:3 - Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação.
- Isso se confirma com o sentimento geral de toda profecia do AT , confirmado nas palavras de
Jesus – apesar de um passado manchado pelo pecado e a ameaça de castigo no presente, um
forte sentimento de esperança.
- Os próprios profetas não alcançavam muitas vezes a amplitude de suas palavras, mas
entendiam pelo Espírito Santo que haveria de vir um que seria perfeito e iria não só cumprir
todas as profecias, como revelar com perfeição o coração do Pai.
- Sempre que Deus está por fazer algo novo, efetuar transições, Ele levanta profetas e vozes
proféticas. Alguns nunca vão ver o que anunciam, outros estão sobre duas épocas.
No paganismo, quanto mais inconsciente, melhor, para que o espírito maligno pudesse se
expressar sem a interferência da mente. No Reino de Deus, o profético sempre esteve ligado
com a pureza e santidade.
Jr 15:19 Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te restaurarei, para estares diante
de mim; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles a ti, mas
não voltes tu a eles.
O profético enxerga o coração e as motivações das pessoas, quando prega pode parecer
assistemático, consegue enxergar o pecado onde todos acham que está tudo bem. É ele que
arranca o câncer para que a igreja não morra. HÁ CERTO TEMOR diante de profetas, há uma
sensação de que ele vai descobrir tudo sobre sua vida... O ideal é que não tenhamos realmente
nada a esconder, isso é andar na luz, mas o profeta só vê e sabe o que Deus quer revelar, e
Deus não revela tudo sobre todos o tempo todo, mesmo porque o profeta não o suportaria, e
poderia acabar como Elias dentro de uma caverna pedindo a Deus para morrer...
É por isso que os profetas e os que se movem no profético precisam andar em amor e na
dependência do Espírito para não se aproximarem da mesa de cirurgia com um machado. Mas
precisam arrancar o câncer.
Pv 26:24 - Aquele que odeia dissimula com os seus lábios; mas no seu interior entesoura o
engano. 25 -Quando te suplicar com voz suave, não o creias; porque sete abominações há no
seu coração. 26 -Ainda que o seu ódio se encubra com dissimulação, na congregação será
revelada a sua malícia.
Esse texto fala de um trabalho desconfortável, mas necessário, que geralmente é confiado por
Deus aos profetas e intercessores – revelar a malícia dos enganadores em meio à congregação.
O pastoral é o oposto disso: o pastor tem uma paciência muito grande, e um tipo de
compaixão especial pelas pessoas. Está sempre dando uma nova chance, buscando as
desgarradas, e por isso precisa aprender a se abrir para a correção profética, que é o que vai
curar de fato as ovelhas. No entanto, o pastor é aquele que corrige toda a “dispersão” que a
ministração profética possa vir a criar. Os dois precisam reconhecer isso e em um ambiente de
honra e trabalhar como Corpo.
Ageu e Zacarias profetizaram para que o Templo fosse reconstruído. Amós profetizou a
restauração do Tabernáculo de Davi, etc.
PROFETAS E APÓSTOLOS
Os dois únicos ofícios que são sempre citados juntos no NT são o Apóstolo e o Profeta. São os
dois ministérios de fundamento, como diz Efésios 2:20 “edificados sobre os fundamentos dos
apóstolos e profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina”. Vemos no NT
por exemplo o Apóstolo Paulo sempre andando com profetas, como foi o caso de Barnabé, e
mesmo após os dois terem tomado caminhos diferentes, Paulo chama Silas, também profeta,
para o acompanhar nas outras viagens missionárias. Alguém já disse que se o Apóstolo é o
motorista, o profeta é o GPS...Ou piloto e navegador. O Apóstolo é o que provê paternidade
ministerial, o que tem autoridade e o que implementa a visão de Deus. O Profeta ajuda o
Apóstolo a discernir a mente e o coração de Deus e trazer correções de curso. O profeta vê, o
Apóstolo tem autoridade para executar. Mesmo que compartilhem muitas vezes
características espirituais, como no caso de um profeta de guerra territorial, a diferença entre
apóstolos é profetas é evidente, basicamente no que tange à paternidade espiritual que o
apóstolo provê, contra um certo “isolamento” do profeta – o que na verdade não deve ser mal
compreendido (e nem exagerado pelo próprio profeta), pois é parte de seu chamado passar
mais tempo em comunhão com Deus do que com as pessoas.
O profeta não pode transigir, deixando de denunciar o pecado, e nem se tornar duro, sem
exercer misericórdia, porque Deus é assim, Ele é duro com os que não se humilham e manso
com os quebrantados de coração. João Batista batizava mansamente os que se arrependiam,
mas chamava de raça de víboras os fariseus que olhavam de longe seu batismo de
arrependimento. O Evangelho, segundo Isaías 61, é boas novas para os MANSOS, e a unção de
João Batista, que na verdade é a unção de Elias profetizada em Malaquias 4, é explicada em
Isaías 40 onde a Palavra diz que os vales serão exaltados e os montes aplainados e então a
Glória do Senhor se manifestará.
NÃO HÁ COMO SER PURO SEM SIMPLICIDADE. SINCERIDADE, E NÃO DUAS ATITUDES. A
SIMPLICIDADE ESTÁ EM SER RETO, ABERTO, AUTÊNTICO.
Quando somos simples, abertos, dedicados a amar Jesus, atrairemos pessoas que buscam a
Deus, e ao mesmo tempo provocaremos desprezo naqueles que não desejam se aproximar
Dele. Quando a Palavra de Deus avança com pureza, ela penetra até a divisão da alma e do
espírito, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hb 4:12
O ORGULHO tropeça no profético e faz pouco caso da profecia. O mesmo Jesus que faz com
que os que creem nunca sejam confundidos (I Pe 2:6), se torna um obstáculo que confunde os
que se recusam a crer (Mt 13:57,58).
Algumas das fraquezas dos profetas que precisam ser combatidas e vencidas são: Isolamento
(para proteger-se) exclusivismo (junto vem orgulho, desprezo e crítica) – se somos profetas e
não nos preocupamos com as necessidades dos outros, há algo muito errado conosco.
Perfeccionismo (temos que aprender a nos alegrar com as coisas simples – e não nos
concentrar nos erros). PROFETA VERDADEIRO NÃO FICA SÓ DIZENDO O QUANTO OS OSSOS
ESTÃO SECOS, MAS PROFETIZA VIDA SOBRE ELES. PARA CONSTRUIR PRECISAMOS DE
HABILIDADE E UNÇÃO, PARA DERRUBAR QUALQUER UM CONSEGUE. JESUS É O DEUS DOS
ESPÍRITOS DOS PROFETAS (Ap 22:6), O PROFETA POR EXCELÊNCIA, E ELE É MANSO E
HUMILDE, ALÉM DE SER O AMOR EM PESSOA!
CONTROVÉRSIAS
João Batista João 1:31 em diante – André e Pedro transicionaram, Natanael teve dúvidas, mas
Jesus tirou suas dúvidas. João não transicionou, e acabou perdendo a fé...
MAS NÃO QUER DIZER que se ouvirmos comentários ruins sobre algo, tem que
necessariamente haver algo de bom aí. Mas temos que saber que o profético e apostólico, por
serem levantados por Deus para INSTITUIR E REFORMAR atraem especial ataque das trevas –
Atos 17:6 – “Estes que tem alvoroçado o mundo chegaram aqui também”
IDENTIDADE
Cabe aqui uma última palavra geral sobre dons e chamados. Dons e chamados não se
inventam, se descobrem! Servir como profeta envolve muitas responsabilidades e muitos não
suportariam o peso. Temos que tomar cuidado com a “teologia da consagração” como o Ap.
Peter Wagner a chamava. É basicamente o pensamento de que se eu me consagrar mais,
automaticamente vou ter as mesmas experiências e fluir nos mesmos dons de homens e
mulheres de Deus que se consagraram e assim as tiveram. Embora consagração deva ser uma
prática diária de todos os santos, independentemente de seu chamado, temos que ter em
mente que ser profeta é um dom ministerial e um chamado, e muito mais do que desejar ser
algo, temos que desejar descobrir quem somos no Reino. Deus é bom, e por isso via de regra
somos chamados e capacitados para fazer aquilo que gostamos de fazer, que temos graça para
fazer, mas por pressões externas, “projeção de dons” e expectativas padronizadas, muitas
vezes podemos nos pegar tentando ser e fazer o que não temos nem graça nem unção nem
autoridade para fazer. Temos que saber que mesmo dentro dos mesmos dons ministeriais,
existem diferentes níveis de graça e autoridade e até mesmo mandatos diferentes, como
vimos nos diferentes tipos de profetas. Mesmo entre profetas atalaias, um pode ser chamado
a operar dentro da igreja, enquanto outro será levantado como um intercessor governamental
por exemplo. Um profeta adorador pode ser chamado a servir dentro da igreja, mas outro
pode ser enviado para tomar o monte das artes na sociedade. É uma busca longa descobrir
quem de fato somos no Reino, mas vale o tempo e esforço para descobrir, porque a
autoridade e os recursos de Deus estão nos esperando lá. Todos nós temos tarefas em comum
(testemunhar, ganhar almas, discipular, orar por enfermos, ensinar, etc), mas alguém chamado
a ser pastor nunca vai ganhar tantas almas como um evangelista, por exemplo, e um
evangelista nunca vai conseguir cuidar das vidas que ganha como um pastor, e nenhum dos
dois deve se culpar por essas deficiências, devem sim procurar crescer um com o outro (pois os
cinco ministérios servem os santos para ensiná-los a obra do ministério), e trabalhar como
Corpo. Essa é uma das essências do exército de Joel 2, o exército dos últimos tempos, onde os
soldados “não empurram uns aos outros, marcham cada um pelo seu carreiro...”(v.8) ou seja,
não precisam disputar com outros uma posição, pois sabem muito bem quem são e qual é sua
missão.
BIBLIOGRAFIA
EKMAN, Ulf. Ministério Profético. 1ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Adhonep, 1997.
MPINGA, Patrick. Estrutura Apostólica. Belo Horizonte: Ed. Sete Montes, 2012.