1 - Artigo Dimensionamento de Sarjetas
1 - Artigo Dimensionamento de Sarjetas
1 - Artigo Dimensionamento de Sarjetas
10.5020/23180730.2020.10757
Abstract
This paper aims at evaluating the hydraulic capability of street gutters in terms of rainwater
conduction considering two different situations: the design one, in which the sizing hydraulic
and hydrologic parameters are followed, and that one found in a field, where it is perceived
that several interventions disfigure this element and, therefore, harm its required conduction
capability. Thus, an area containing eight blocks located in Aldeota, in Fortaleza city, was
selected to be studied in this paper, with high demographic density. The area was visited
for locating its storm drains. Besides, for aiding the calculation needed for this paper,
cartographic material was collected when visiting Infrastructure Secretary of Fortaleza. With
the possession of this data, boundary flow rates were obtained for both situations and when
simulating the interventions found in a field by reducing the street gutters’ cross-sectional
area, it could be observed that the intended drained area begins to present bigger flooding
risk. Thereby, it is shown that the physical execution in strict accordance with the project
Resumen
Este trabajo tiene el objetivo de evaluar la capacidad hidráulica de alcantarillas urbanas
en la cuestión de conducción de aguas pluviales considerando dos situaciones distintas:
la del proyecto, en que son obedecidos los parámetros hidráulicos e hidrológicos de
dimensionamiento, y aquella encontrada en campo, en que son observadas muchas
intervenciones que desfiguran este elemento y, por lo tanto, perjudican su capacidad de
conducción requerida. Así, fue seleccionado un área compuesto por ocho cuadras en el barrio
Aldeota, en Fortaleza (CE), con alta densidad demográfica. Los locales de estudio fueron
visitados para ubicación de las alcantarillas, y la Secretaria de Infraestructura de Fortaleza,
para obtención de material cartográfico para dar soporte a la realización de los cálculos.
Con estos datos, fueron hechos los cálculos de caudal límite para las dos situaciones,
observándose que, con la simulación de las intervenciones encontradas en campo por la
reducción del área transversal de las alcantarillas, el área presuntamente drenada pasa a
tener mayor riesgo de inundación. De este modo, se evidencia que la ejecución física en
estricta conformidad al proyecto constituye factor determinante para su rendimiento efectivo.
Palabras-clave: Drenaje urbano. Alcantarillas urbanas. Conducción hidráulica.
Résumé
L’objectif de ce travail est de réaliser une évaluation de la capacité hydraulique des caniveaux
urbains en termes de conduction des eaux pluviales en considérant deux situations distinctes:
1) la conception du projet, dans laquelle les paramètres hydrauliques et hydrologiques
de dimension sont respectés et 2) celle qui est trouvée au le terrain, dans laquelle sont
observées plusieurs interventions qui défigurent cet élément et, par conséquent, altèrent
sa capacité nécessaire de conduction. Ainsi, On a sélectionné une zone avec haute densité
démographique, composée de huit blocs dans l’arrondissement Aldeota, à Fortaleza, Brésil.
Des visites ont été effectuées dans la zone d’étude, pour louer des bouches de loups.
On a aussi visité la Secrétariat des infrastructures de Fortaleza, pour obtenir le matériel
cartographique pour qu’on puisse en appuyer des calculs. Avec ces données, des calculs
de débit limite ont été effectués pour les deux situations, et on peut constater qu’avec la
simulation des interventions trouvées au terrain en réduisant la surface transversale des
caniveaux, la zone supposée drainée devient plus à risque d’inondation. Ainsi, il est évident
que l’exécution physique en stricte conformité avec le projet est un facteur déterminant pour
sa performance effective.
Mots-clés: Drainage urbain. Caniveaux urbains. Conduction hydraulique.
1 Introdução
A importância sanitária do manejo das águas pluviais, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2007, p.
287), se dá como uma forma de escoar a água no intuito de combater a propagação de doenças de veiculação
hídrica.
De forma geral, os centros urbanos tendem a se expandir sem a devida atenção aos estudos necessários
para impactar de forma mais amena o sistema natural pré-existente e, portanto, influenciando diretamente
no comportamento hidrológico das bacias hidrográficas, agravando ainda mais o cenário de cobertura de
saneamento básico. (TEIXEIRA, 2017, p. 15). Dessa forma, com a redução de áreas permeáveis, faz-se
necessária a concepção adequada de projeto para drenar o volume de escoamento excedente.
Com essa expansão territorial, sem fiscalização para direcionar o adequado uso e ocupação do solo, os
problemas de alagamento e enchentes agravam-se ao longo das linhas naturais de escoamento superficial,
seguindo a topografia da cidade. (LIMA, 2019, p. 22).
Entre os elementos de microdrenagem, destacam-se as sarjetas, foco deste trabalho, pelo fato de serem
o primeiro elemento com o qual as águas pluviais entram em contato. Além disso, de forma geral, nos centros
urbanos brasileiros há negligência no que diz respeito à importância desse elemento.
As sarjetas urbanas devem ser concebidas de forma a permitirem a adequada condução das águas pluviais
aos demais elementos de microdrenagem urbana dimensionados pelos projetistas. Entretanto há fatores que
prejudicam o seu correto funcionamento, como: o subdimensionamento, relacionado a problemas de projeto
ou de concepção; a má execução, que pode estar associada, também, à execução do concreto asfáltico
adjacente, podendo haver deslizamento e redução da seção da sarjeta; e a manutenção após a finalização
do serviço de implantação desse elemento, que tem relação com a limpeza correta do lixo despejado sobre as
sarjetas e também com a conservação e reparo de danos causados pelo uso ao longo do tempo. (TEIXEIRA,
2017, p. 16). Portanto, a seção transversal prevista em projeto deve ser obedecida na execução, assim como
mantida durante a vida útil da estrutura.
No município de Fortaleza, devido às exigências da Lei Federal n.° 12.587 (BRASIL, 2012) no tocante
à melhoria dos serviços de circulação viária, a prefeitura municipal demonstrou interesse, nos últimos anos,
na implantação de ciclofaixas para promover a multimodalidade de transportes. Apesar de ser relevante para
a urbanização, a forma como esse elemento está sendo implantado tende a desfigurar a seção transversal
das sarjetas, danificando o abaulamento necessário à correta condução da vazão (TEIXEIRA, 2017, p. 16).
Assim, este trabalho se destina a avaliar o desempenho hidráulico de sarjetas em oito quadras localizadas
no bairro Aldeota, na cidade de Fortaleza (CE), comparando a situação ideal de projeto com aquela encontrada
em campo. A escolha da área se justifica pelo elevado adensamento populacional e pela presença de edifícios
comerciais, fatores que contribuem diretamente para a maior geração de escoamento superficial.
2 Método
Descrição da área C
Área comercial
Central 0,70 – 0,90
Bairros 0,50 – 0,70
Área residencial
Residências isoladas 0,35 – 0,50
Unidades múltiplas (separadas) 0,40 – 0,60
Unidades múltiplas (conjugadas) 0,60 – 0,75
Lotes com >2.000 m² 0,30 – 0,45
Áreas com apartamentos 0,50 – 0,70
Fonte: Bidone e Tucci, 1995, adaptado, p. 88.
No âmbito deste trabalho, o coeficiente C se refere a área comercial central, sendo considerado o valor
médio de 0,80.
A intensidade de chuva foi estimada aplicando-se a relação IDF de Fortaleza. Essa equação foi elaborada
por Silva, Júnior e Campos (2012), que analisaram 30 anos de registros de chuva e 611 hietogramas da estação
climatológica da Universidade Federal do Ceará, utilizando durações de 5, 10, 20, 30, 45, 60 e 120 minutos.
A relação IDF de Fortaleza é a Eq. (2):
(2)
Sendo i a intensidade de chuva (mm/h), Tr o período de retorno (anos) e t o tempo de duração da chuva
(min).
Para Bidone e Tucci (1995, p. 89-90), “o tempo de concentração inicial nos trechos de cabeceira de
rede, que corresponde ao tempo de escoamento superficial pelos quarteirões, vias e sarjetas, é, muitas
vezes, adotado como sendo de 10 minutos”. Além disso, para pequenas bacias, considera-se que o tempo de
duração da chuva é igual ao tempo de concentração. Segundo Tomaz (2002, p. 381), o valor de 10 minutos
pode estar superestimado no caso de bacias muito impermeáveis e com grande declividade. Neste trabalho,
considerou-se o tempo de concentração de partida de 5 minutos, haja vista a maior intensidade de chuva
para menor duração.
O período de retorno a ser utilizado foi extraído da Tab. (2):
Dessa forma, foi adotado período de retorno de 25 anos, relativo à drenagem urbana para grandes cidades.
(3)
Características n
Canais retilíneos com grama de até 15 cm de altura 0,30 - 0,40
Canais retilíneos com capins de até 30 cm de altura 0,30 - 0,060
Galerias de concreto pré-moldado com bom acabamento 0,011 - 0,014
Galerias de concreto moldado no local com formas metálicas simples 0,012 - 0,014
Galerias de concreto moldado no local com formas de madeira 0,015 - 0,020
Sarjetas em asfalto suave 0,013
Sarjetas em asfalto rugoso 0,016
Sarjetas em concreto suave com pavimento de asfalto 0,014
Sarjetas em concreto rugoso com pavimento de asfalto 0,015
Sarjetas em pavimento de concreto 0,014 - 0,016
Pedras 0,016
Fonte: Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiente, 2002, p. 103.
Para este trabalho, foi adotado o coeficiente de rugosidade de 0,016, referente ao pavimento de concreto.
O raio hidráulico para as sarjetas, cuja seção transversal é aproximadamente um triângulo, é comumente
adotado como a razão entre a área molhada e o perímetro molhado. Já a declividade longitudinal das ruas foi
obtida pela razão entre a diferença de cotas do terreno e respectivo comprimento das ruas.
Assim, para averiguar se as sarjetas conseguem conduzir a água gerada pela chuva de projeto, é feita
uma comparação entre as vazões de projeto e as capacidades teóricas das sarjetas. Caso as sarjetas consigam
conduzir a água de forma eficiente, mas não haja boca de lobo em determinado trecho, a vazão será somada
ao trecho subsequente, seguindo a orientação dada pelas cotas do terreno.
2 3 Área de estudo
A área selecionada para o estudo se localiza na Bacia da Vertente Marítima, compreendendo a faixa ao
longo do litoral entre os rios Cocó e Ceará, inserida totalmente na área urbana de Fortaleza.
A topografia dessa bacia favorece o escoamento das águas para o mar, diretamente ou através de riachos.
Os conflitos entre urbanização e meio natural são evidenciados por seu grande adensamento residencial.
A Figura 2 abaixo ilustra a localização da área de estudo.
A sub-bacia compreende oito quadras cuja via central é a avenida Santos Dumont. Paralelas a esta estão
rua Maria Tomázia, rua Desembargador Leite Albuquerque e a rua Joaquim Siqueira. Perpendicularmente,
estão: avenida Desembargador Moreira, rua Barbosa de Freitas, rua Leonardo Mota, rua Vicente Leite e a rua
Coronel Linhares. Essa configuração pode ser visualizada na Figura 3.
A sub-bacia tem área total de, aproximadamente, 100.300 m². As quadras apresentam aspectos geométricos
bem semelhantes, cada uma delas com área de 10.600 m².
Para o dimensionamento, aplicou-se a Eq. (3) assumindo regime de escoamento permanente uniforme.
As cotas (em metro) de cada encontro das vias da sub-bacia, as áreas das quadras e as larguras das
vias (12 metros na avenida Santos Dumont e 8 metros nas demais vias), foram obtidas na Secretaria de
Infraestrutura de Fortaleza (Seinf), conforme pode ser visualizado na Figura 4.
A área de contribuição para as sarjetas foi obtida considerand-se 25% da área das quadras, ou seja,
aproximadamente 2.650 m², assim como a área referente às ruas.
3 Resultados e discussão
Assumindo, de acordo com a Figura 1, a altura da lâmina d’água de 0,15 m e declividade transversal de
3%, as capacidades teóricas das sarjetas calculadas estão dispostas na Tab. (4):
Tabela 4 - Capacidade teórica das sarjetas por trecho de acordo com a declividade longitudinal
Capacidade
Declividade Declividade Capacidade teórica
Identificação teórica das Identificação
(m/m) (m/m) das sarjetas (m³/s)
sarjetas (m³/s)
T1 0,0105 0,418 T15 0,0027 0,214
T2 0,0035 0,241 T16 0,0372 0,788
T3 0,0044 0,270 T17 0,0237 0,630
T4 0,0148 0,498 T18 0,0351 0,765
T5 0,0035 0,241 T19 0,0211 0,594
T6 0,0096 0,400 T20 0,0353 0,767
T7 0,0006 0,101 T21 0,0321 0,733
T8 0,0073 0,350 T22 0,0141 0,486
T9 0,0132 0,469 T23 0,0375 0,791
T10 0,0217 0,603 T24 0,0369 0,785
T11 0,0026 0,209 T25 0,0254 0,651
T12 0,0101 0,411 T19/T20 0,0268 0,668
T13 0,0086 0,380
T22/T23 0,0237 0,628
T14 0,0245 0,639
Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.
A Tabela 5 traz as vazões de projeto (Qp), assim como as capacidades teóricas das sarjetas na situação
de projeto e nas simulações, em que foi reduzida a altura da lâmina d’água, antes considerada 0,15m na
situação de projeto, adotando-se, a depender da gravidade de danificação às sarjetas, 0,13m, 0,12m ou 0,10m.
Tabela 5 – Comparativo entre as vazões de projeto e capacidades teóricas das sarjetas de cada quadra
A Quadra 1 possui nove bocas de lobo e a capacidade teórica das sarjetas é superior às vazões de
projeto, acarretando em condução de água superficial eficiente pelas sarjetas ao assumir os parâmetros
considerados para a situação de projeto. Com a simulação das intervenções de campo, os trechos T1, T6 e T15
se encontraram danificados, sendo suas lâminas d’água reduzidas para 0,13m, 0,13m e 0,10m, respectivamente.
Devido a essa redução, o trecho T15 passa a não comportar a vazão gerada pela água precipitada, gerando
escoamento superficial excessivo. Apesar disso, essa condição é amortecida pela quantidade de bocas de
lobo existentes no trecho.
No caso da Quadra 2, o trecho T10 consegue conduzir a vazão de projeto, mas, pelo fato de não haver
boca de lobo, a vazão soma-se à do trecho seguinte, que, nesse caso, é o T14. As vazões de projeto de T10
e T14 somadas (aproximadamente 0,235m³/s) não superam a capacidade teórica de T14, e são conduzidas a
duas bocas de lobo encontradas em campo. Assim, não há pontos de alagamento nesses dois trechos. Com
as simulações realizadas para a situação encontrada em campo, o trecho T10 ainda consegue comportar a
vazão de projeto, apesar de ter havido uma redução da lâmina d’água de 0,15m para 0,10m. Além disso, as
vazões somadas de T10 e T14 não superam a capacidade teórica de T14, já que esse trecho se encontra
numa situação conservada, conforme observado em campo. O trecho T6, que se encontra danificado e foi
simulado com uma redução de 0,15m para 0,12m, não consegue comportar as vazões somadas de T6 e T16.
Para a Quadra 3, foram selecionados dois trechos para averiguar a situação das sarjetas na situação de
projeto. A vazão de projeto no trecho T7 supera a capacidade teórica, gerando alagamentos. Como não há boca
de lobo no trecho, a vazão será somada à do trecho T19/T20. As duas vazões somadas (aproximadamente
0,244m³/s) não superam a capacidade teórica de T19/T20, não havendo, teoricamente, pontos de alagamento.
Para a situação de campo, o trecho T7 apresenta problemas ainda maiores de alagamento quando comparado
à situação de projeto com a simulação das intervenções. Como não há boca de lobo, a vazão será somada à
de T19/T20, o que não supera a capacidade teórica da sarjeta, apesar das simulações de redução de 0,15m
para 0,13m.
Na Quadra 4, a sarjeta do trecho T7 não comporta a vazão de projeto, gerando alagamentos. Pelo fato
de não haver bocas de lobo encontradas in loco, toda a quadra apresenta pontos de inundação, mesmo com a
capacidade de condução hidráulica das sarjetas dos demais trechos funcionando adequadamente. Ao realizar-
se as simulações, o problema de inundações por ausência de bocas de lobo é ainda mais evidenciado com a
redução do desempenho hidráulico das sarjetas, mesmo com as capacidades teóricas dos trechos T16 e T18
sendo maiores que as vazões de projeto. O trecho T11 não comporta a vazão gerada pela precipitação após
a simulação de redução da lâmina d’água de 0,15m para 0,12m.
Na Quadra 5, na situação de projeto considerada, os trechos conseguem escoar a água adequadamente
pelas sarjetas até as bocas de lobo. Os trechos T8 e T22 comportam as vazões de projeto, mas não há bocas
de lobo na Quadra 6, o que gera pontos de alagamento. Na situação de campo, nos trechos analisados da
Quadra 6, como não há bocas de lobo, os problemas de alagamento são ainda mais agravados. Apesar das
reduções, as sarjetas conseguem comportar as vazões geradas pela precipitação, mas não têm condições
de direcionar a água para escoamento nas bocas de lobo.
A Quadra 7 apresenta situação semelhante à da Quadra 4, com ausência de bocas de lobo. Assim,
mesmo com as sarjetas conduzindo a água precipitada de forma eficiente, há pontos de alagamento na quadra.
A Quadra 8, em situação de projeto assumida, consegue conduzir adequadamente a água pelas sarjetas,
pois a ausência de bocas de lobo em T22/T23 e T9 é suprida pelas dos trechos subsequentes, sendo as vazões
somadas com valor inferior à capacidade teórica das sarjetas. Ao simularem-se as intervenções encontradas
em campo, observa-se que a sarjeta do trecho T4 se encontra conservada e, portanto, consegue comportar as
vazões somadas de T4 e T22/T23. Com a redução de 0,15m para 0,10m no trecho T25, ocorrem situações de
alagamento não observadas na situação de projeto, pois a capacidade teórica da sarjeta no trecho é superada
pelo somatório das vazões de T9 e T25.
Na Quadra 9, os trechos T13 e T24 conseguem conduzir a água precipitada, sendo suficiente uma boca
de lobo (encontradas in loco para cada um dos trechos) para comportar o escoamento superficial gerado. O
trecho T21 também comporta a vazão de projeto e sua vazão é somada ao trecho T9, resultando em 0,244m³/s
aproximadamente. A capacidade teórica da sarjeta do trecho é superior ao somatório de vazões, que consegue
conduzir a água até a boca de lobo. Portanto, não há pontos de alagamento na quadra na situação de projeto.
Realizando as simulações de redução de seção transversal, observa-se que não há alagamentos nos trechos
T13, T21 e T24, mas, como não há boca de lobo em T21, sua vazão é somada ao trecho T9. A redução da
lâmina d´água nesse trecho, de 0,15m para 0,10m, faz com que as vazões somadas superem a capacidade
teórica da sarjeta, que apresenta problemas de inundação, não observados na condição anterior.
Figura 8 - Comparação entre as capacidades teóricas das sarjetas nas duas situações
consideradas
As simulações realizadas levaram em conta as reduções existentes nas seções transversais das sarjetas
que influenciam na área molhada e, por consequência, no raio hidráulico e na capacidade de escoamento.
Observando a Figura 8 e fazendo a correlação com a Tab. (4), pode-se notar que os trechos com maior
redução de capacidade hidráulica são os que apresentam as maiores declividades, já que a área molhada
é diretamente proporcional à capacidade teórica das sarjetas. Portanto, os trechos de menores declividades
não tiveram uma redução significativa em sua capacidade de condução, não sendo afetados por problemas
de enchentes como os demais.
Outra forma de realizar comparações entre as duas situações é através da Eq. (4):
(4)
Em que é a dispersão entre os resultados, Qproj é a capacidade teórica das sarjetas na condição de
projeto assumida e Qexist é a capacidade na condição existente.
O resultado da aplicação da Eq. (4), considerando a média dos trechos pertencentes a cada quadra,
pode ser observado na Figura 9:
Quanto menor a dispersão , mais próxima a sarjeta consegue operar com sua capacidade de condução
hidráulica, conforme a Figura 1. Portanto, pelo que se depreende da Figura 12, a Quadra 2 é aquela cujas
sarjetas mais se aproximam das condições de projeto consideradas, conseguindo alcançar o desempenho
hidráulico previsto de forma mais satisfatória. Em situação mais precária, por outro lado, encontram-se as
sarjetas das Quadras 8 e 9, que conseguem escoar, em média, pouco mais de 55% da vazão de projeto –
nesse caso, o volume excedente do escoamento superficial passa a ocupar parte significativa da via de tráfego,
comprometendo, consequentemente, a circulação veicular e de pessoas.
4 Conclusão
Referências
BIDONE, Francisco R. A.; TUCCI, Carlos E. M. Microdrenagem. In: TUCCI, Carlos E. M. (org.); PORTO,
Rubem La Laina (org.); BARROS, Mário T. de (org.). Drenagem urbana. 1. ed. Porto Alegre: Editora da
Universidade, 1995. cap. 3. p. 77-105.
BRASIL. Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade
Urbana. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm. Acesso em:
7 abr. 2020.
BRASIL. Manual de Saneamento. 3. ed. Brasília: Funasa, 2007. 408 p. Disponível em https://wp.ufpel.edu.
br/ccz/files/2016/03/FUNASA-MANUAL-SANEAMENTO.pdf. Acesso em: 9 abr. 2020.
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