Carneiro, Vinicius
Carneiro, Vinicius
Carneiro, Vinicius
GOIÂNIA
2011
ii
CDU: 78.087.68:377.36
iii
GOIÂNIA
2011
v
AGRADECIMENTOS
Ao Criador, pela dádiva da vida, pela oportunidade do labor, e pela renovação das
forças a cada dia.
Aos alunos do curso técnico em Instrumento Musical do IFG, pela participação neste
trabalho.
Keith Swanwick
vii
RESUMO
O presente estudo relata a experiência do autor enquanto regente do Coro do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, na medida em que apresenta os conteúdos
trabalhados na disciplina Canto Coral do Curso Técnico em Instrumento Musical, e ressalta a
ocorrência de aspectos integradores disciplinares. Tomou-se como ponto de partida o
programa da referida disciplina, no ano letivo de 2010, relacionando-a às demais disciplinas
técnicas do curso. O estudo se norteou pela avaliação de questionários elaborados aplicados
aos sujeitos, pelo resultado das avaliações curriculares da disciplina, bem como pela
verificação do desenvolvimento musical da turma no período. Verificou-se que, embora
presente, a integração disciplinar ainda ocorre de forma parcial na referida instituição, não
tendo ainda alcançado a totalidade do potencial a ela reservado entre as disciplinas de música.
Palavras-chave: Música coral; Canto coral; Coro juvenil; Ensino técnico; Integração
disciplinar.
viii
ABSTRACT
The present study investigates the curriculum integration aspects provided by youth choir
practice, as a curricular component in the study of music at the technical (High School) level.
The starting point was the course program of the discipline Choral Singing, in the Technical
Course in Instrument at the Goias Federal Institute (IFG), class of 2010, as it related to the
rest of the program. This investigation was based upon the evaluation of applied
questionnaires, as well as upon the artistic results obtained. The investigation is to be guided
by evaluation of questionnaires during the search. Part of this work is dedicated to report the
author's experience as a conductor of the IFG, with emphasis on the occurrence of curriculum
integration elements throughout. It was possible to verify that the curriculum integration, still
occurs in a partial manner at the above mentioned institution. Therefore, the full potential of
this integration has not been achieved as yet.
Keywords: Choral music; Choral singing; Youth choir; Technical education; Curriculum
integration.
ix
SUMÁRIO
PARTE B – ARTIGO............................................................................................................ 10
Introdução .............................................................................................................................. 11
1 – A prática coral no ensino médio profissionalizante...................................................... 17
1.1 Cursos técnicos de música na Rede Federal de Ensino Tecnológico ................................ 17
1.2 O Curso Técnico em Instrumento Musical do IFG ........................................................... 18
1.3 O coro do Curso Técnico em Instrumento Musical do IFG .............................................. 21
2 – Relato de Experiência...................................................................................................... 24
2.1 Primeiro semestre de 2010 ................................................................................................ 24
2.2 Segundo semestre de 2010 ................................................................................................ 26
2.2.1 Procedimentos utilizados durante os ensaios ................................................................. 27
2.2.2 Trenzinho do Caipira ...................................................................................................... 28
2.3 Aspectos integradores........................................................................................................ 32
2.3.1 Disciplina Teoria Musical – 1º ano ................................................................................ 32
2.3.2 Conjuntos de Flautas-Doces ........................................................................................... 33
2.4 Avaliações ......................................................................................................................... 33
2.5 Questionários ..................................................................................................................... 36
2.5.1 Discentes......................................................................................................................... 37
2.5.2 Docentes ......................................................................................................................... 42
Conclusão ............................................................................................................................... 45
Referências ............................................................................................................................. 47
Anexos..................................................................................................................................... 48
1
PROGRAMA
PARTE I
Italo Izzo:
• João Balalão (1944)
Conjunto de Flautas-doces
Direção: Prof. Vinícius Carneiro
Flauta-doce sopranino: Pedro Henrique Ribeiro
Flauta-doce soprano: Alexandre Xavier, Habsarai Caiado, Lucas Gregory
Flauta-doce contralto: Habsarai Caiado, Igor César, Lucas Gregory
Flauta-doce tenor: Pedro Henrique Ribeiro, Alexandre Xavier, Felipe Nakagima
Flauta-doce baixo: Igor César, Felipe Nakagima
PARTE II
Coro do IFG
Preparador vocal: Prof. Edson Marques
Pianista: Profa. Marina Machado
Regente: Prof. Vinícius Carneiro
4
RECITAL DE MESTRADO
Coro do IFG
Vinícius Carneiro, regência
PROGRAMA
• Franz Schubert (1797 – 1828): Missa em Sol Maior, D.167 – Kyrie & Gloria
Adrielly Fontes, soprano
Edson Marques, barítono
Coro do IFG
• Franz Peter Schubert (1797 – 1828) foi um compositor austríaco do final da era clássica.
Embora não tivesse alcançado grande reconhecimento durante sua curta vida, é hoje celebrado
como grande compositor, tendo escrito mais de 600 Lieder, além de música para piano, trios,
quartetos e quintetos. Sua produção também abrange os gêneros sinfônico, coral-sinfônico e
dramático. A Missa em Sol Maior, D.167 é a segunda das seis missas escritas por Schubert.
Obra repassada pelo vigor impetuoso da juventude, foi concluída em apenas seis dias, no ano
de 1815. Sua instrumentação original, pensava-se, contava apenas com orquestra de cordas e
órgão. Posteriormente, na década de 1980, foi encontrado em Klosterneuburg, Áustria, outro
manuscrito da missa, com data posterior à original, trazendo pequenas alterações do
compositor nas partes já conhecidas, além do acréscimo de partes para trompete e tímpanos.
• Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959) destacou-se por ter sido o principal responsável pela
descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior
expoente do modernismo musical no país. Suas obras enaltecem deixam transparecer o
espírito nacionalista que apenas surgia, incorporando elementos folclóricos, populares e
indígenas, alcançando com isso grande reconhecimento internacional. Dentre as várias
versões escritas por Villa-Lobos para o texto da Ave Maria, esta, de 1916, é um cânone a duas
vozes mistas, a cappella. Já Trenzinho do Caipira é o último movimento da Bachianas
Brasileiras nº 2, e caracteriza-se por imitar os sons característicos de uma locomotiva com os
instrumentos da orquestra. O maranhense Ferreira Gullar (n. 1930) escreveu, em 1975, um
poema pensando na melodia de Villa-Lobos, ainda que, segundo o escritor, sem a intenção
real de que a letra fosse algum dia agregada à música existente. Posteriormente, o cantor e
compositor Edu Lobo realizou a primeira gravação do Trenzinho do Caipira com a inclusão
da poesia de Gullar. O presente arranjo (SATB) foi elaborado livremente sobre a música de
Villa-Lobos, valendo-se de técnicas de composição como fragmentação melódica, recursos
imitativos e o emprego de cluster.
• Ronaldo Miranda (n.1948) nasceu no Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira como crítico de
música no Jornal do Brasil e intensificou seu trabalho como compositor a partir de 1977. Sua
produção musical engloba obras para orquestra, banda, coro e piano, além de música de
câmara. Atualmente é professor de composição na Escola de Comunicações e Artes da USP.
Cantares foi composta em 1969, como uma simples canção, sobre o texto do poeta Walter
Mariani. Na década de 1980, a peça foi adaptada para voz, flauta-doce, cravo e viola da
gamba, seguindo-se de uma adaptação para voz e piano. Em 1987, Miranda faz a versão para
coro misto, que foi dedicada à grande regente brasileira Elza Lakschevitz e ao Coral Canto em
Canto.
• Carlos Guastavino (1912 – 2000), um dos mais destacados compositores da Argentina, por
vincular a chamada música culta à música popular, foi aluno de Manuel de Falla. Sua
produção, que atinge mais de 200 obras, é quase totalmente dedicada ao piano e voz.
Guastavino compôs Se equivocó la paloma em 1941, sobre texto do poeta espanhol Rafael
Alberti. A peça, posteriormente, integrou a Suíte Argentina¸ música para o Balé Espanhol de
8
Isabel López, em versão para orquestra de cordas, coro feminino e tímpanos. Apresentamos a
versão coral (SATB) realizada pelo próprio compositor.
• Oscar Zander (1928 – 1985) nasceu em Serro Largo, Rio Grande do Sul. Bacharelou-se em
piano e em composição pela UFRGS e, posteriormente, fixou residência na Alemanha, onde
estudou regência com W. Bruckner-Ruggberg, regente da Ópera de Hamburgo. No Brasil,
desenvolveu intensa atividade como docente e maestro, tendo dirigido e fundado importantes
grupos. Publicou, em 1979, o livro Regência Coral, um dos poucos tratados sobre o assunto
no Brasil, que, até os dias atuais, ainda é considerado como o mais completo. Moteto de Coral
é uma peça dividida em três partes, baseada na melodia coral Lobe den Herren, de Joachim
Neander, datada de 1680. A primeira parte apresenta a melodia em uníssono. Em seguida, as
vozes femininas apresentam um contracanto à melodia executada pelos homens. Na última
parte, em quatro vozes (SATB), o baixo apresenta o tema, que se desenrola com o
contraponto das vozes superiores.
• Tribalistas foi o nome dado ao trio formado por Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e
Marisa Monte, que resultou na gravação de um único CD, em 2002. O arranjo para Velha
Infância foi elaborado em 2005 para soprano, contralto e um naipe de vozes masculinas, com
livre acompanhamento de piano ou violão e percussão, com tessitura apropriada às
características vocais de grupos juvenis.
• Pato Fu é uma banda de rock mineira, formada em 1992. A canção Sobre o Tempo recebe
uma refinada caracterização com o arranjo para coro a três partes do maestro Eduardo
Lakschevitz. Nele, a melodia transita pelas vozes, há solo, além da possibilidade de
improvisos. O acompanhamento instrumental, embora não indicado na partitura, fica implícito
no arranjo, devido à escrita musical.
• Orlando di Lasso (c.1532 – 1594), compositor dos Países Baixos, foi um dos mais versáteis
do século XVI, transitando confortavelmente entre o sacro e o profano, tanto no estilo
italianizado quanto no franco-flamengo. Escreveu mais de 2000 obras, em quase todos os
gêneros correntes, incluindo missas, motetos, salmos, hinos, Paixões responsoriais e peças
seculares em italiano, francês e alemão. O occhi, manza mia, madrigal com texto em italiano,
recebe aqui uma adaptação para mezzo-soprano e conjunto de flautas-doces.
• Italo Izzo, maestro e compositor paulista, viveu em meados do século XX. Escreveu trilhas
sonoras para filmes, e foi parceiro de composição de Capitão Furtado. É também autor da
9
música para o Hino da cidade de Tietê (SP). O conjunto de flautas-doce interpreta o arranjo de
Izzo para coro a quatro vozes (SATB) da canção folclórica João Balalão.
PARTE B: ARTIGO
INTRODUÇÃO
De forma geral, é sabido que a prática coral engloba aspectos que transcendem a
atividade puramente vocal. FUCCI-AMATO (2008, p. 15) afirma que os corais se
estabelecem, a um só tempo, como grupos de aprendizagem musical e desenvolvimento vocal
que propiciam integração e inclusão social, neles se manifestando complexas relações
interpessoais e de ensino-aprendizagem. Contudo, é possível observar que, por vezes, a
prática coral em cursos de música é tratada apenas como mais uma disciplina isolada ou
prática complementar, até mesmo restringindo-se à elaboração de repertório com o propósito
de cumprir o calendário acadêmico e realizar apresentações em datas comemorativas ou nos
finais de semestre. Tal realidade encontra-se em perfeita consonância com a assertiva de
BARRETO (1973, p. 8), que há quase quatro décadas já alertava para o fato de que o canto
coral era tratado como matéria complementar sem finalidade definida, fugindo à formação
musical do corista, objetivo que a autora considerava como o principal. Por despreparo ou
preocupação principalmente com a produção exaustiva de repertório, é comum que
profissionais da área acabem por reforçar tal incompreensão, desperdiçando valiosas
oportunidades no processo de ensino-aprendizagem por meio do canto coral, sobretudo em se
tratando de cursos de música, nos quais a possibilidade de integração entre as disciplinas
musicais tende a favorecer a sedimentação de conteúdos adquiridos pelo estudante.
12
A verdadeira atuação do regente acontece nos ensaios, na medida em que ele coloca
seus conhecimentos e habilidades em prática para a construção da performance. (OAKLEY,
1999, p. 113) Sendo os cantores o seu instrumento, o regente dispõe de tempo determinado
com o grupo, ao contrário de um pianista ou violinista, que podem ter seus instrumentos à
disposição com muito mais flexibilidade de horários para realizar seus estudos
individualmente. Assim, o tempo torna-se um elemento determinante no trabalho do regente,
delimitando com justeza quando e onde este estará à frente de seu instrumento. Portanto, o
regente deve realizar um minucioso planejamento do ensaio, a fim de que, junto ao grupo,
alcance os objetivos propostos em um encontro que – há exceções – não passará de uma ou
duas horas. Se o foco do regente recair exclusivamente na elaboração de repertório, sem a
devida preocupação com a formação musical e intelectual de seus cantores, seu ensaio poderá
se tornar um processo repetitivo e exaustivo. Ao contrário, se durante a preparação do
repertório, o regente mantém a preocupação em contextualizar o que está sendo ensaiado, em
âmbito musical, histórico, filosófico e literário, isso contribuirá com a produtividade, ao passo
que se oferece um ensinamento global. O trabalho se torna estimulante e vocalmente mais
13
do regente é ensinar música musicalmente, mais do que brilhar nas viagens do ego e do gosto
popular”, mantendo a qualidade na escolha e na execução musical em compromissos que não
sejam primordialmente artísticos.
É preciso que haja um trabalho do regente, junto à direção da instituição a que se filia,
no sentido de mudar atitudes e perspectivas. A visão do coro como coadjuvante deve ser
revista, evidenciando-se a importância do trabalho no aspecto artístico, sobretudo pedagógico;
a necessidade de tempo apropriado para a preparação do repertório; e a abertura de
oportunidades para realização de concertos formais. Outras formas de incentivo educacional
podem ser a participação em encontros, concursos e festivais corais. Adicionalmente, na
perspectiva do coral como disciplina em cursos de música, regentes e demais professores
devem se empenhar para que haja uma constante integração dos conteúdos apreendidos nas
diversas disciplinas técnicas.
1
A interdisciplinaridade, enquanto conceito, visando à conexão e inter-relação entre domínios diferentes da
ciência, não é alvo de discussão do presente trabalho.
15
Observa-se, entretanto, que a compreensão da prática coral como linguagem e como meio de
expressão artística, por parte dos alunos novatos, não ocorre imediatamente. Grosso modo, em
virtude de uma série de variantes técnicas que permeiam esta prática pedagógica, é possível
que o êxtase da sonoridade coral possa até ocorrer de forma mais profunda em um cantor
leigo do que em um estudante de música recém-ingresso no curso técnico. Em contrapartida,
o estudo progressivo dos elementos de linguagem característicos desta prática permite ao
aluno veterano, em longo prazo, uma fruição rica em detalhes que escapariam à percepção
consciente do leigo. Isso porque, se determinados elementos sonoros causam esta sensação de
prazer ao amador, passando pelo inconsciente, para um ouvinte familiarizado com a
linguagem musical, tais elementos passarão, invariavelmente, pelo consciente.
O presente estudo teve como propósito relatar a experiência do autor enquanto regente
do Coro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, na medida em que
apresenta os conteúdos trabalhados na disciplina Canto Coral do Curso Técnico em
Instrumento Musical, ressaltando a ocorrência de aspectos integradores disciplinares. O ponto
de partida foi o perfil atual da disciplina Canto Coral do Curso Técnico em Instrumento
Musical do IFG, relacionando-a às demais disciplinas técnicas do curso, a fim de vislumbrar
suas futuras implicações no desenvolvimento artístico e humano do aluno do ensino
profissionalizante. O estudo se norteou pela aplicação e coleta de resultados obtidos de
questionários para os sujeitos2 nele envolvidos – discentes e docentes das matérias técnicas do
curso –, com o propósito de averiguar em que nível a disciplina Canto Coral se coloca como
integradora disciplinar em relação às demais matérias técnicas.
2
Como no presente trabalho os sujeitos abrangem dois grupos distintos, tais sujeitos serão designados pela
condição – alunos ou professores – quando houver necessidade.
16
Espera-se que o presente estudo possa criar perspectivas capazes de levar docentes e
músicos a uma reflexão mais aprofundada sobre o assunto, que tenda a um
redimensionamento da condição da atividade coral no contexto do ensino musical em nível
técnico.
17
Instituída em 2008, a Rede Federal de Ensino Tecnológico tem suas raízes nas antigas
Escolas de Aprendizes e Artífices, criadas pelo então presidente Nilo Peçanha, através do
decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909. Num total de dezenove, inclusive uma em
Goiás, estas foram as primeiras instituições de ensino técnico criadas pelo Governo Federal,
que mais tarde dariam origem às Escolas Técnicas Federais e Escolas Agrotécnicas Federais.
Após reformulações, essas unidades passaram a receber, em 1999, o nome de Centros
Federais de Educação Tecnológica e, no final de 2008, Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia. Atualmente, a Rede Federal de Ensino Tecnológico é composta pelos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, pela Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, pelos Centros Federais de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro e de
Minas Gerais e pelas escolas técnicas vinculadas às Universidades Federais.
A Rede Federal de Ensino Tecnológico conta com cinco cursos técnicos de música nos
Institutos Federais, sendo três subsequentes (IFCE, Campus Fortaleza, IFPI, Campus
Teresina, e IFPB, Campus João Pessoa) e dois integrados ao Ensino Médio (IFPB, Campus
João Pessoa, e IFG, campus Goiânia). Dentre os Institutos Federais, o primeiro a oferecer o
curso técnico em música foi o do Ceará, no Campus Fortaleza, em 2002. As atividades de
canto coral no Instituto Federal do Ceará funcionam como extensão, portanto, não fazem parte
da matriz do curso técnico nesta instituição. Dentre as Universidades Federais, as que ofertam
curso técnico em música são a Universidade Federal de Alagoas, a Universidade Federal do
Pará e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os dados aqui apresentados são do
18
primeiro semestre de 2010 e foram obtidos através de consulta direta realizada junto às
instituições que integram a Rede Federal de Ensino Tecnológico.
Ensino
Ensino Técnico Estágio Curricular TOTAL
Propedêutico
2.259 horas 1.188 horas 108 horas 3.555 horas
Desde sua implantação até o final do primeiro semestre de 2010, houve um índice de
desistência do curso de 9,2%, aproximadamente.
3
Dados de agosto de 2010.
19
4
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a adolescência é o período entre 10 e 20 anos, sendo chamado de pré-
adolescência dos 10 aos 12 anos.
21
que respeitasse as características vocais do coro juvenil, ainda limitadas em certos aspectos,
mas ricas em possibilidades musicais e humanas para se atingir uma prática coral plena.5
No Brasil, a grande maioria dos grupos corais é formada por cantores leigos, sem o
domínio da linguagem musical escrita ou de embasamento teórico, o que não implica,
necessariamente, em um impedimento para o desenvolvimento de suas atividades. Ao
contrário, a prática coral se firma como uma excelente porta de entrada para quem pretende
aprender música, ou apenas vivenciar a prática musical. Tocar um instrumento exige um
mínimo de habilidade do executante, conhecimentos teóricos sobre a produção de som do
instrumento, dedilhado, embocadura etc., peculiares a cada um. Para cantar em conjunto,
basta que, inicialmente, o aspirante tenha interesse em colocar em ação suas habilidades de
cantor, as quais foram adquiridas desde a mais tenra idade, na escola ou em casa, além de
possuir um aparelho vocal/fonador/auditivo em perfeitas condições. O fato de o indivíduo não
ser formalmente musicalizado não pressupõe que ele não seja musical ou não tenha
compreensão musical, pois a música permeia seu cotidiano e concede-lhe a chamada
musicalidade. Esta musicalidade se expressa através dos gestos, da fala, dos movimentos, e
pode também ser observada nos fenômenos da natureza, como o ritmo presente no ciclo do
dia ou nas mudanças das estações do ano. SWANWICK (2010, p. 66-67) explica que o aluno
chega às escolas com um domínio de compreensão musical, que estão bem familiarizados
com a música, embora de forma diferente dos métodos de análise que os professores julgam
importantes para o desenvolvimento do aluno.
Na prática coral, é notável que, na maioria dos casos, o cantor sem a devida bagagem
de conhecimentos teórico-musicais específicos, às vezes se sinta sem estímulo para aprender
uma obra cujo nível de complexidade esteja acima de sua capacidade de entendimento. Texto
em língua desconhecida, fórmulas melódicas, rítmicas e harmônicas estranhas ao seu nicho
cultural e musical podem, sim, se tornar fatores desestimulantes ao aprendizado do cantor.
Todavia, o regente atento a estas questões busca alternativas para que seu grupo sinta prazer
em aprender o repertório escolhido, desde que esteja ajustado ao seu nível de desafio.
DEMAREE & MOSES (1995, p. 212) asseveram que todos os regentes são educadores
musicais, e que têm como objetivo básico primordial receber os músicos como tal e tentar
55
A Coleção Coro Juvenil da FUNARTE está disponível para download (partituras e gravações) no
sítio: <http://www.funarte.gov.br/portal/2010/04/20/serie-de-coro-juvenil>
22
As condições de estrutura física para os ensaios gerais do Coro do IFG não podem ser
consideradas ideais. Parte do problema deve-se à demanda de espaço físico que a Instituição
vem enfrentando com a abertura de novos cursos, entre técnicos, licenciaturas, bacharelados,
pós-graduações, mestrados e doutorados interinstitucionais – após a sua transformação de
23
Centro Federal de Ensino Tecnológico em Instituto Federal. Isso criou, também, uma
demanda maior para o corpo de servidores técnico-administrativos. Em acréscimo, o auditório
atualmente destinado aos ensaios do coro é o único na Instituição, dentre os espaços fechados,
que comporta três turmas simultaneamente, não estando em permanente disponibilidade para
o coro.
Se por um lado, as atuais condições físicas para a realização dos ensaios do coro ainda
não são ideais, por outro lado, o Coro do IFG conta com um corpo de profissionais que está
fora da realidade de diversos grupos. Nesses, além das atribuições que cabem essencialmente
ao regente, este acumula as funções de preparador e correpetidor do grupo. O conhecimento e
o domínio para desempenhar todos esses atributos são imperativos para um bom profissional.
Entretanto, no IFG, o coro do curso técnico dispõe de regente, correpetidor e preparador
vocal, ao invés de apenas um regente desempenhando vários papéis. Divergências de
opiniões e atitudes em relação ao trabalho de técnica vocal aplicado ao coro raramente
ocorrem entre regente e preparador vocal no ambiente do IFG. Isso porque os papéis são
claramente assumidos e delimitados. Com a presença do professor de canto em todos os
ensaios, quaisquer problemas técnicos de ordem vocal sofrem a intervenção deste
profissional. O correpetidor atua durante a leitura das peças, e, no caso de peças a cappella, o
quanto antes, este deixa de acompanhar e apoiar o coro, de modo que este se firme por si na
afinação das vozes e na manutenção da tonalidade. A intervenção do profissional só ocorre,
então, quando solicitado pelo regente. Nessas condições, o trabalho tende a se tornar mais
satisfatório e produtivo, evitando que o regente seja sobrecarregado.
Como citado anteriormente, o aluno novato do curso de música do IFG inicia seu
aprendizado no que denominamos marco zero, mesmo que alguns deles tragam certa bagagem
24
2 – Relato de Experiência
O grupo base com o qual o estudo foi realizado compôs-se pelas turmas de 1º, 2º e 3º
anos de 2010. Como a maioria da turma de 1º ano não possuía experiência com o canto coral,
bem como familiaridade com a escrita musical, observou-se que a atividade em conjunto com
os veteranos gerou desconforto aos novatos que, com visível timidez, apresentaram
dificuldade em relação à navegação na partitura nos primeiros encontros, não obstante
orientações prévias dadas pelo regente. Quanto ao repertório, foram introduzidas,
inicialmente, peças com nível de complexidade baixa, em relação à melodia, tessitura, ritmo e
harmonia. Se os novatos enfrentaram dificuldades técnicas nos ensaios, em face de sua
inexperiência, os veteranos se queixaram pela paciência exigida perante os iniciantes.
Naturalmente, tais dificuldades e conflitos foram gradativamente superados com a aplicação
dos conhecimentos adquiridos pela turma de 1º ano nas aulas de teoria e de técnica vocal, pela
vivência da prática coral em si, e pela convivência nos ensaios com os veteranos. A
25
Com o apoio do grupo proveniente do ano letivo de 2009, foi possível elevar o nível
de complexidade do repertório estudado mais rapidamente, o que não aconteceria se o grupo
fosse formado essencialmente por alunos sem experiência com a atividade coral que, para os
quais, tudo ainda era novo, (des) conhecido. As peças preparadas no 1º semestre de 2010
foram:
A peça Come Again, de John Dowland (SATB) foi lida com o coro, sem o texto.
6
Peça ensaiada pela Dra. Noemi Lugo, professora da Universidade do Kentucky (EUA) e que, por ocasião da
visita à Universidade Federal de Goiás, durante o primeiro semestre letivo de 2010, ofereceu masterclasses de
canto aos alunos do IFG, tendo sido convidada a trabalhar também com o Coro do Instituto.
26
daquela cidade, e a outra, em que o coro participou do XXIII Encontro Nacional de Coros de
Anápolis7.
Por ocasião dos aniversários de dois Campi da Instituição, o Coro do IFG realizou
apresentações nas cidades goianas de Uruaçu e Itumbiara, em agosto, e também em Ouro
Preto, Minas Gerais. Esta última se deu por ocasião de convite feito à Banda do IFG para
participação no IX Festival Ouropretano de Bandas, promovido pelo Museu da Inconfidência.
Como a banda é formada pelas turmas do curso técnico, assim como o coro, também foi
oportunizado a este divulgar sua atividade em duas apresentações na localidade: no Instituto
Federal de Ouro Preto, aos alunos e servidores, e na Praça Tiradentes, à comunidade local.
7
Um fato marcante aconteceu na viagem de volta do XXIII Encontro Nacional de Coros de Anápolis, na noite
do dia 03 de julho de 2010. Estimulados pela apresentação do grupo e pela oportunidade de assistir à
performance de outros corais, e a despeito do cansaço gerado pelas atividades e provas de final de semestre,
pequena parte do grupo começou a cantarolar uma peça do repertório apresentado na noite. Resolvi participar da
brincadeira, ora cantando a voz do contralto, ora a do tenor ou do baixo. Em poucos instantes, a maioria se
engajou no exercício entre eles, o preparador vocal e a pianista. Alguns decidiram que cantariam a voz de outro
naipe. Assim, foi necessário que cada qual fizesse uso de sua apostila, a fim de ler a melodia escolhida. Sugeri
que lêssemos algo inédito – parte do material reservado para o segundo semestre. Em poucos instantes
solfejamos e adicionamos a letra do Moteto de Coral, de Oscar Zander, a quatro vozes mistas. Tal experiência foi
instigante, dada a evidente motivação dos alunos em um processo lúdico. Nossa brincadeira reforçou o que
sempre é aconselhado aos estudantes: o estudo em conjunto fora da sala de aula a fim de colocar em prática a
troca de conhecimentos e experiências, que são importantes ferramentas para a aprendizagem.
27
Durante o período deste estudo foi produzido um arranjo coral com a colaboração dos
alunos do coro. Criar um arranjo para Trenzinho do Caipira9, de Villa-Lobos, com poesia10 de
Ferreira Gullar era um anseio relativamente novo, e que teve seu momento propício no
trabalho com o Coro do IFG. Propus aos alunos que, juntos, construíssemos o arranjo. Para
8
Audiação – tradução proposta em versão portuguesa da obra Music Learning Theory, de E. Gordon em 1980, e
significa “a capacidade de ouvir e compreender musicalmente quando o som não está fisicamente presente”,
conforme Caspurro (2007, p. 6).
9
Melodia da tocata das Bachianas Brasileiras nº 2 (1930).
10
Trecho do Poema Sujo, de 1975.
28
tanto, teríamos que descobrir como seria o som do nosso trenzinho. A cada ensaio geral,
durante a fase de elaboração, foram reservados 10 minutos para a obtenção e trabalho de
elementos que pudessem ser empregados na peça.
Por ocasião da apresentação da Banda e Coro do IFG em Ouro Preto, Minas Gerais,
em agosto de 2010, dez alunos tiveram a oportunidade de fazer um passeio até a cidade de
Mariana, a fim de conhecer e ouvir o órgão da Sé.11 O percurso, com duração aproximada de
uma hora foi realizado de trem. Nenhum dos alunos presentes havia tido, até então, tal
experiência. Durante o trajeto foram observados alguns sons característicos. Solicitei aos
alunos que tentassem reproduzir alguns desses sons, a fim de utilizarmos posteriormente no
nosso arranjo.
As ideias surgidas durante os ensaios, bem como os sons coletados na viagem de trem
foram adaptadas e empregadas na peça. Em um dos ensaios, no momento destinado à
elaboração conjunta, foi entregue aos alunos um pequeno trecho do que havia sido escrito,
ainda sem texto. O trecho, partindo do uníssono (Lá m), atinge um cluster, seguido de uma
ponte harmônica a fim de se alcançar a tonalidade inicial (Mi) (figura 1).
Figura 1: cluster/ponte
11
Órgão ArpSchnitger, construído em 1701, na Europa, e doado à catedral de Mariana por D.João V, em 1753.
A Sé de Mariana abriga o único exemplar, fora da Europa, dentre os órgãos manufaturados por Schnitger.
29
12
O passado se faz presente./ A vida passa/ O trem passa/ E eu continuo ausente./ O tempo passa/ E as coisas/
Passam pelo tempo. – poema elaborado por dois integrantes do Coro do IFG.
30
Villa-Lobos, integra uma obra maior, cujo título é Poema Sujo. Ele foi escrito em 1975,
durante um dos momentos mais dramáticos da vida de Gullar, enquanto este esteve exilado na
Argentina. Considerado sua obra mais ousada, teve sua publicação em 1976, em livro
homônimo, ainda com o poeta no exílio.
Os poucos versos que Gullar emprestou à melodia de Villa-Lobos não dão, sequer de
longe, a mínima dimensão do poema em sua íntegra. Abordando, explicitamente, ora a
impureza no cotidiano humano13, ora a temática erótica14, o escritor cede espaço às
recordações da infância: as viagens que fazia de trem com seu pai – comerciante ambulante –
de São Luís, no Maranhão a Teresina, no Piauí.
Em crônica publicada na Folha de São Paulo, GULLAR (2009) conta que, durante os
anos vividos em São Luís, não se lembra de ter ouvido alguma música de Villa-Lobos.
Somente depois de casado teve contato com a obra do compositor pelos discos de sua esposa.
Em certa ocasião, ao ouvir a tocata da Bachianas Brasileiras nº 2, veio o ímpeto de colocar
letra na música, motivado pela lembrança das viagens feitas com o pai:
(...) ao escrever o Poema Sujo, em Buenos Aires, evoco aquelas viagens que fazia com
meu pai e, então, enquanto, antes, era a música de Villa-Lobos que me fazia lembrar
das viagens, agora elas é que me fizeram lembrar da Bachiana nº 2 e, assim, a letra
que não conseguira escrever em 20 anos, escrevi em 20 minutos.
13
(...) tua gengiva igual a tua bocetinha que parecia sorrir entre as folhas de/ banana entre os cheiros de flor e
bosta de porco aberta como/ uma boca do corpo (...)
14
(...) e os carinhos mais doces mais sacanas/ mais sentidos/ para explodir como uma galáxia/ de leite/ no centro
de tuas coxas no fundo/ de tua noite ávida/ cheiros de umbigo e de vagina/ graves cheiros indecifráveis/ como
símbolos/ do corpo/ do teu corpo do meu corpo (...)
15
Campo de Perizes, Maranhão.
32
Uma das formas de estabelecer a integração de conteúdos nas disciplinas Canto Coral
e Teoria Musical do 1º ano foi o intercâmbio de materiais didáticos empregados nessas
disciplinas. Foi solicitado ao professor desta última que utilizasse parte do repertório do coral
para o treinamento de solfejo em sala. No coro, foram constantemente reforçados os
conteúdos teóricos e reestudados os solfejos dados na classe de teoria. Embora algumas das
peças do coro estivessem em tonalidades afastadas de dó maior ou lá menor – as duas
tonalidades estudadas no primeiro ano – a prática mostrou-se proveitosa para as duas
disciplinas, uma vez que, em Teoria Musical, com a ação comedida do professor e sem fugir
ao conteúdo programático, a turma pôde perceber a relação intervalar das escalas maiores e
menores em diversos tons. No coro, houve sensível melhora em relação à leitura do
repertório. Notou-se crescente interesse dos alunos pelos elementos teórico-musicais na
medida em que novas notações ou fórmulas rítmicas apareciam na partitura, tais como
quiálteras, dobrado-sustenido ou dobrado-bemol. Explicações pertinentes para a execução
eram dadas no ensaio e o conteúdo era reforçado nas aulas de teoria, conforme a necessidade.
2.4 Avaliações
A peça utilizada para a primeira avaliação foi Sicut Cervus, moteto em quatro partes
de Palestrina com o propósito de garantir maior empenho dos alunos no estudo individual de
cada melodia – estas, individualmente, não apresentam complicadores melódicos ou rítmicos,
individualmente. Uma vez definido o conteúdo, a avaliação foi marcada para dali a duas
semanas. Compreensivelmente, os alunos do 1º ano tiveram maior dificuldade quanto à
leitura, entretanto, a preparação para a avaliação foi para eles um desafio enriquecedor, tanto
tecnicamente, como no relacionamento com os alunos das demais turmas do curso. A peça
estava bem preparada pelo grupo, em função do longo tempo de ensaio que a ela já havíamos
dedicado. Fora de sala, durante as duas semanas que antecederam a avaliação, se ouvia
bastante o Sicut Cervus, cantado nos corredores e no pátio pelos alunos novatos, ajudados
pelos do 2º e 3º anos. Eu havia pedido o estudo integral da peça, entretanto, selecionei quatro
trechos por voz para a avaliação. Cada aluno cantou um dos trechos selecionados. Foram
avaliados três itens: melodia, ritmo e memória tonal, cada qual valendo de zero a 10. No item
melodia os resultados foram obtidos pela percentagem de acerto em relação ao total de notas
do trecho cantado. O mesmo se deu em relação à avaliação do item ritmo, levando-se em
conta as figuras musicais. A pontuação conferida no item memória tonal teve critério
subjetivo do avaliador, dada a natureza do item avaliado. Desses valores, foi extraída uma
média geral. Dos resultados das médias da avaliação individual têm-se os seguintes
percentuais:
35
Pontuação até 5 6 – 10
Percentual 15% 85%
Os alunos que obtiveram pontuação média até cinco apresentaram maior dificuldade
quanto à melodia e memória tonal. Entretanto, foi possível observar que a questão musical
nesses itens – que são de base técnica – foi afetada por outro aspecto prático que também
precisa ser levado em consideração nessas circunstâncias: os alunos em muda vocal são
prejudicados em sua execução pela instabilidade na emissão vocal. Com o instrumento ainda
em fase de consolidação, nem sempre é possível levar a termo sonoramente as notas que
ocorrem de maneira correta em nível cerebral. A limitação quanto à afinação, neste caso, é
plenamente justificável. A partir dos resultados obtidos na avaliação, foi construído um mapa
de disposição para os cantores no ensaio, de modo que os que obtiveram média menor
ficassem cercados pelos cantores com média maior.
Para a avaliação do terceiro bimestre foi solicitado aos alunos o estudo de dois
movimentos da Missa em Sol, de Schubert: Kyrie e Credo. Durante a avaliação, foram
selecionados dois trechos de cada movimento, que foram ouvidos individualmente. Em
relação à primeira avaliação bimestral, observou-se elevação da média geral de pontuação,
proporcionado, em grande parte, pelos alunos que apresentaram dificuldade anteriormente,
notadamente pelos que obtiveram nota baixa no item consistência tonal. Parte da melhora
dessa pontuação se deve ao fato de que os alunos, por terem tido experiência semelhante no
primeiro bimestre, se mostraram menos tímidos ao cantarem sozinhos. Contudo, dentre as
36
médias abaixo de cinco, a maioria se deu por falta de estratégia de estudos por parte de alunos
cuja capacidade havia sido comprovada anteriormente, na primeira avaliação. O quadro a
seguir mostra o comparativo entre os percentuais da primeira e terceira avaliações.
Pontuação até 5 6 – 10
Percentual 1ª bimestre 15% 85%
Percentual 3º bimestre 7% 93%
2.5 Questionários
O questionário direcionado aos discentes (Anexo II), contendo oito questões abertas,
teve como objetivo avaliar o nível de interesse pela disciplina Canto Coral e os benefícios que
37
ela poderia promover em relação às demais disciplinas do curso técnico, bem como detectar o
grau de inserção da prática coral na esfera pessoal do indivíduo. Aos alunos foi entregue um
termo de consentimento, para que tomassem ciência da natureza do estudo e autorizassem sua
participação. No caso de menores de idade, o termo foi lido e assinado pelos responsáveis. Do
total de 59 alunos, 44 concordaram em participar do estudo. É digno de nota um fato que pode
explicar a não adesão de alguns deles. Apesar do termo de consentimento trazer todas as
informações sobre a segurança e clareza do estudo em andamento – conforme as normas e
com a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UFG –, talvez pelo ineditismo da
empreitada, alguns pais buscaram informações adicionais, inclusive preocupados com os
possíveis riscos nela envolvidos. O índice de abstenção de participação foi de,
aproximadamente, 25%.
O questionário direcionado aos docentes (Anexo III), contendo três questões abertas,
objetivou averiguar: a) em que nível a disciplina Canto Coral se qualifica como facilitadora
do aprendizado do aluno nas demais disciplinas técnicas; b) a forma como são aplicados os
conhecimentos nela adquiridos; c) quais elementos do conteúdo ministrado nessas disciplinas
podem contribuir com o aprimoramento da prática do canto coral.
2.5.1 Discentes
Prática coral
Tiveram
Não tiveram
Sobre a influência da prática coral na vida do aluno, 34% das respostas apontaram
para aspectos sociais, como: mudança de comportamento, melhoria no convívio com colegas,
melhoria de disciplina e auxílio na perda da timidez. 66% das respostas apontaram para
aspectos técnicos, como melhoria de afinação, de leitura e de técnica vocal.
Direcionamento a
aspectos técnicos
Direcionamento a
aspectos sociais
Matérias teóricas
Instrumento
a prática coral como fortalecedora no exercício do solfejo (52,3%); duas apontaram que o
fortalecimento do aprendizado em relação aos itens se deu pelo fato de cantar com pessoas
mais experientes (4,53%); duas respostas em branco.
Fortalecimento
Fortalece solfejo
do aprendizado
Não responderam
Desenvolvimento da leitura/prática
Aspectos mais construtivos em conjunto
Repertório
Dinâmica de ensaio
Vocalise/técnica vocal
Desenvolvimento da musicalidade
Formação ética/profissional
Perda do medo/vergonha
Outros
Aplicação da disciplina e
organização Ambientes social/escolar
Trabalho em equipe/ambiente
profissional
Outras
Não responderam
Na avaliação das condições de trabalho disponíveis para a prática coral no IFG, temos:
satisfatórias: 29 respostas (65,9%); parcialmente satisfatórias: seis respostas (13,65%);
insatisfatórias: seis respostas (13,65%); três respostas em branco (6,81%).
Condições de trabalho
Satisfatórias 65,9%
Parcialmente
satisfatórias 13,65%
Insatisfatórias 13,65%
Gráfico 7: avaliação das condições de trabalho disponíveis para a prática coral no IFG
Com as respostas obtidas foi possível notar que o nível de interesse pelos discentes à
prática coral se demonstrou elevado, e que esta atividade vem proporcionando intercâmbio no
aprendizado das demais disciplinas técnicas, notadamente em Teoria Musical. No entanto, a
disciplina História da Música foi citada em apenas duas respostas. Possivelmente isso se deve,
em parte, ao fato de que esta disciplina é oferecida no 3º ano do curso, e, durante o estudo, a
turma correspondente contou com 12 alunos, conforme vimos anteriormente. Outra
possibilidade na integração disciplinar se dará com a disciplina História da Música Brasileira,
oferecida no 4º ano do curso.
2.5.2 Docentes
Cinco dos sete professores das disciplinas técnicas do curso participaram do estudo.
As respostas dos participantes se ativeram essencialmente a aspectos técnicos em relação aos
benefícios proporcionados pela disciplina Canto Coral, tendo o aperfeiçoamento da leitura
musical como principal elemento de ajuda às demais disciplinas técnicas. Segue abaixo uma
súmula das respostas obtidas.
Professor 02: Fixação dos preceitos da técnica vocal (respiração, emissão, ataque,
articulação, dicção, sustentação, condicionamento físico-vocal), no entendimento de
elementos musicais (fraseado, períodos, seções), melhora da leitura musical; maior noção em
relação a estilos musicais, definição de períodos e diferenças interpretativas.
Professor 02: Com a prática em conjunto é possível que se observe o que o companheiro está
fazendo de certo ou errado, servindo como parâmetro a fim de melhorar o desempenho
individual do aluno. A noção de equilíbrio vocal e o controle do individualismo exigidos na
prática coral são reforçados nas aulas de canto e música em conjunto.
Professor 03: Por meio da observação do repertório elaborado pelo coral são trabalhados
aspectos rítmicos e teóricos, com os alunos de 1º ano.
Professor 05: Tento trazer para a percepção musical a prática de solfejo realizada nos ensaios
do coro, no qual os alunos leem uma obra do começo ao fim, sem interrupção. A afinação
exigida na prática coral é refletida na análise sonora dos intervalos dados em aula. Também
são utilizadas células rítmicas extraídas de músicas do coro, para exemplificar e facilitar o
aprendizado do aluno.
Professor 01: Leitura à primeira vista, harmonia, música de câmara e a divisão entre melodia
e acompanhamento, e os diferentes estilos musicais, entre outros.
44
Professor 02: A técnica vocal (respiração, impostação vocal, emissão, articulação e dicção),
fraseados, estilos, leitura, postura interpretação, relacionamento aluno-aluno/aluno-professor.
Professor 03: Leitura rítmica, métrica e solfejos melódicos, elementos de teoria musical
(figuras, compassos, estruturas musicais etc.)
Professor 04: O uso dos exercícios preparatórios de respiração, o uso da consoante nas
articulações, o relaxamento antes e depois da atividade musical.
Professor 05: Todos os elementos da disciplina Percepção Musical contribuem para o canto
coral. Entretanto, o principal deles é o solfejo, onde se integra melodia e ritmo. O aluno com
bom solfejo facilita o desenvolvimento dos ensaios e contribui para uma melhor performance
na apresentação, dando ao maestro possibilidades de trabalhar demais elementos, como estilo,
fraseado e pontuação, fatores indispensáveis para a excelência de qualquer coral.
45
CONCLUSÃO
A constatação do desenvolvimento técnico do coro se deu por meio dos resultados das
avaliações bimestrais individuais e coletivas, pelas apresentações realizadas e, sobretudo, pela
progressiva melhora no desempenho do grupo durante os ensaios quanto ao solfejo e
desenvolvimento vocal.
REFERÊNCIAS
Anexo I
Anexo II
Prezado(a) aluno(a)
Sua colaboração é valiosa para esta pesquisa, pois contribuirá com a melhoria da qualidade
do trabalho de regentes e coros. Portanto, responda cuidadosamente as seguintes
perguntas.
1. Qual a influência que a prática coral tem exercido em sua vida? Você já havia tido
alguma experiência na área antes de seu ingresso no curso de música?
2. Como prática coral tem auxiliado sua experiência musical em outras disciplinas de
música no curso?
3. De que modo a prática coral fortaleceu seu aprendizado em relação a solfejo, leitura
rítmica, harmonia?
4. Quais aspectos do trabalho desenvolvido na disciplina chamaram mais sua atenção e
que você considera mais construtivos?
5. Como a disciplina e organização necessárias à pratica coral podem ser aplicadas em
outros campos de atuação pessoal e profissional?
6. Como você avalia as condições de trabalho disponíveis para o desenvolvimento da
prática coral no seu curso?
7. Apresente duas sugestões que possam ser empregadas para o fortalecimento do ensino
e aprendizado na atividade coral.
50
Anexo III
Prezado(a) colega,
O presente questionário faz parte do meu projeto de pesquisa de mestrado, junto ao Colegiado
de Pós-graduação da Escola de Música e Artes Cênicas, da Universidade Federal de Goiás,
intitulado “A Prática do Canto Coral Juvenil Como Recurso Integrador Para o Ensino
Técnico em Música”. As questões abaixo foram elaboradas de modo a avaliar o nível de
interesse pela disciplina Canto Coral, bem como os benefícios que essa disciplina pode
promover em relação às demais disciplinas do curso técnico. Sua colaboração é muito
importante para esta pesquisa, pois contribuirá com a melhoria da qualidade do trabalho de
regentes e coros. Em suas respostas, procure se fixar a aspectos técnicos quantificáveis.
1. De que forma o aprendizado dos alunos na disciplina canto coral tem sido um
facilitador no processo de ensino de sua(s) disciplina(s)?
Anexo IV
Trenzinho do Caipira
Música: Heitor Villa-Lobos(1887 – 1959)
Texto: Ferreira Gullar (n. 1930)
Arranjo: Vinícius Carneiro (2010)
Elaborado carinhosamente com e para o Coro do IFG,
Trenzinho do Caipira
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) / Ferreira Gullar (n.1930)
b
q = 60
U
Soprano & b b 44 Œ Ó ‰ œ œj ˙ ‰ œj œ j
œ Jœ ˙ œ
pe - la pe... ra
b U
& b b 44 Œ j
‰ j j œj œ . j j
Contralto
œ œ ˙ œ œ œ œ œ œ œ œ
do vai la pe... mar
b 4 U̇
Vbb 4 Œ Œ ‰ œ ˙ œ œ ˙. œ œ
J J J
Tenor
vai ra vai lo
w ˙ U̇
? b b 44 ‰ œ ˙ ˙
Baixo
b J
cor - ren... ter.. ser..
4
b U̇
&bb Œ ‰ Jœ ˙ Œ ‰ Jœ ˙ Œ ‰ Jœ ˙ . ‰ œj
U
trem trem trem vai... Lá
b j ‰ œj ˙ . ‰ œj ˙ . ‰ j
& b b ‰ œ ˙. ˙. œ
vai vai vai vai... Lá
b U̇.
Vbb Œ ˙. Œ ˙. Œ ˙. ‰ œj
U
o o o vai... Lá
? bb
b w w w ˙. ‰ œJ
lá lá lá vai... Lá
b q = 100
j j
8
j j
&bb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
vai, lá vai, lá vai, lá vai o trem c'o me - ni - no, lá vai a vi - daIa ro -
b j
& b b œ. œ œ œ œ. œ œ œ
j
œ œ œ œ œ œ œ œ
vai, lá vai o trem, lá vai, lá vai a vi - da, vi - da, vi - da,
b j j j ‰ œj j
Vbb œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ
J
œ œ œ
vai o trem c'o me - ni - no, lá vai a vi - daIa ro -
? bb œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ
b J
œ œ
J J ‰ Jœ J œ
J
vai o trem c'o me - ni - no, lá vai a vi - daIa ro -
Trenzinho do Caipira - 2
j j
b ‰ œj
11
j
&bb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ
dar, ro - dar - ro - dar, ro - dar, lá vai ci - ran - daIe des - ti - no, ci -
b
& b b œj œ œ œ
j j
œ bœ œ œ œ
j j
œ œ œ œ œ œ
j
vi - da, ro - dar, lá vai ci - ran - daIe des - ti - no, lá vai, ci -
b ‰ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ ‰ Jœ
V b b ˙. J J
dar, lá vai ci - ran - da, an - da sem des - ti - no ci -
? b ˙. ‰ Jœ bœ. œ œ ‰ œJ œ œ œ œ œ œ œ œ
bb J
dar, lá vai, vai, lá vai ci - ran - da, an - da sem ci -
14
b j œ œ œ œ
& b b œJ œ œ œ œ ˙. ‰ œ
J J œ
J
da - deIe noi - teIa gi - rar. Lá vai o trem sem des -
b j j ‰ œj œj œ j
&bb œ œ œ œ œ ˙. œ œ œ
da - deIe noi - teIa gi - rar. Lá vai o trem sem des -
b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ‰ Jœ œ œ œ
Vbb œ J œ œ J
da - deIe noi - te, noi - te, noi - te, noi - teIa gi - rar. Lá vai o trem sem des -
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ j j
? bb
b ‰ Jœ œ œ œ œ œ
da - deIe noi - te, noi - te, noi - te, noi - teIa gi - rar. Lá vai o trem sem des -
17
b œ. œ œ œ œ œ j ˙. ‰ œj
&bb J ‰ œ
J J œ œ
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
b j
& b b œ. œ œ ‰ œj œ œ œ œ œ
j ˙. ‰ œj
J
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
b . ‰ Jœ œ œ œ.
Vbb œ œ œ
J J
œ œ œ
J
œ œ
J ‰ œ
J
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
? bb œ . œ œ ‰ Jœ œ œ j œ œ ‰ Jœ
b J J œ œ œ œ. J
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
Trenzinho do Caipira - 3
b j j j j nnn
20
&bb œ œ œ œ j j
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra, vai pe - lo
b nnn
&bb œ œ œ œ œ œ ˙ œ œ œ œ
j ‰ Ó
œ œ
ren - do pe - la ter - ra, vai, pe - la ser - ra...
b œ œ œ œ œ œ œJ œ œ œ œ œ œ œ Œ nnn
V b b œ. J J œ œ
J J
ren - do vai pe - la ter - ra, vai o trem...
? b œ œ œ œ œ j j
bb J œ œ J J œ œ œ œJ œ œ n œ œ nnn
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra, vai pe - lo
23 q = 120
& œ Œ Ó ∑ ∑
.
mar.
& ∑ ∑ Ó Œ ‰ j
œ
Lá
V œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
Não, ca - fé com pão, bo - la - cha não, ca - fé com pão, bo - la - cha não, chá não, chá não, ca - fé com
? œ Œ Ó ∑ ∑
.
mar.
26
& ∑ Ó ˙ ww
Lá vai!
j
& œj œ œ œ œ.
j
œ œ ‰ œj œ œ œ œ œ
j
œ
vai o trem c'o me - ni - no, lá vai a vi - daIa ro -
V œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
pão, bo - la - cha não, ca - fé com pão, bo - la - cha não, ca - fé com pão, bo - la - cha não, ca - fé com
? ∑ ∑ Ó ‰ œj œ œ
Bo - la - cha
Trenzinho do Caipira - 4
29
j
& Œ ‰ œ œ œ œœ ˙˙ .. Œ œ. b œœ œœ Œ
J
O trem! Lá vai!
& ˙. ‰ j j j j ‰ œj
œ œ œ œ œ œ œ. œ œ
dar, lá vai ci - ran - daIe des - ti - no, ci -
j
V œj ‰ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ
J
pão bo - la - cha não, bo - la - cha não, ca - fé com pão, bo - la - cha
? œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ‰ œ œ œ
J
não, ca - fé com pão, bo - la - cha não, ca - fé com pão, bo - la - cha não bo - la - cha
32
‰ œ œœ ˙˙ .. ‰ œj œ œ œ j
& Ó J œ œ
J
Vai o trem! Lá vai o trem sem des -
j j
& œ œ œ œ œ
j ˙. ‰ œj œJ œ œ œ œ
da - deIe noi - teIa gi - rar. Lá vai o trem sem des -
œ œ œ œ œ œ œ ‰ œj œ œ œ j
V nœ ‰ œ J J
œ œ
não, bo - la - cha não, chá não vai! Lá vai o trem sem des -
? œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ
J ‰ Jœ J J
não, ca - fé com pão, bo - la - cha não vai! Lá vai o trem sem des -
j
‰ œj œ œ
35
& œ. œ œ œ œ j ˙. ‰ œj
J œ
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
& œ. œ œ ‰ œj j j ‰ œj
J œ œ œ œ œ ˙.
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
V œ. œ œ ‰ œj œ œ œ œ œ ˙. ‰ œ
J J J J
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
? œ. œ œ
J ‰ œJ œ œ œ œ œ ˙. ‰ œj
J J
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
Trenzinho do Caipira - 5
38
& œj œ œ œ œ
j j
œ œ œ œ
j j j
œ œ œ œ œ œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la se - ra, vai pe - lo
& j j j j j j
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la se - ra, vai pe - lo
j j œ œ œ œ œ
V œ œ œ œ œ œ œ œ œ J œ
J J J
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la se - ra, vai pe - lo
? œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ j
J J J œ œ œ
J J
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la se - ra, vai pe - lo
‰ œj œ
41
j j
& œ œ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ œ œ
œ
mar. Lá vai o trem, lá vai o trem. Cor - ren - do
& ‰ œj œ ‰ j ‰ œj œ œ œ
œ #œ œ œ œ œ
œ
mar. Lá vai o trem, lá vai o trem. Cor - ren - do
‰ Jœ œ œ œ
V ˙. ‰ J œ œ ˙. ‰ Jœ
mar. Can - tan - do lá vai o trem. Cor -
?
˙. ‰ œj œ œ ‰ œ œ œ ˙. ‰ œj
J
mar. Can - tan - do trem. Cor -
j U
‰ œj ˙ ‰ œj ˙
44
& œ ‰ œ œ œ œ œ w
vai, vai pe - lo mar, lá vai, o trem.
‰ œ j ‰ œj ˙ ‰ œj ˙
& #œ œ œ œ œ w
vai, vai pe - lo mar, lá vai, o trem.
V œ œ ‰ Jœ œ œ ˙. œ ˙. œ w
ren - do, vai pe - lo mar, no ar, no ar.
? œ œ ‰ œ œ
J œ ˙. œ ˙. œ w
ren - do, vai pe - lo mar, no ar, no ar.
Trenzinho do Caipira - 6
48 q = 60
& ˙˙ ww
œ œ œ œ ˙˙
Ser - ras do lu - ar, lu - - - ar...
& w
œ œ œ œ ˙ ˙
Ser - ras do lu - ar, lu - - - ar...
V œ œ œ œ ˙ ˙ w
Ser - ras do lu - ar, lu - - - ar...
? œ œ œ œ œ œ œ œ w
Ser - ras do lu - ar, lu - - - ar...
51
& ˙˙ œœ œ œœ ˙˙ œ #w
œ
vai pe - lo ar, vai, o trem,
& ˙ œ œ œ œ ˙ #œ #œ œ œ œ œ œ
vai pe - lo ar, o trem, can - ta, can - ta, can - ta, vai,
V œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ #œ œ œ œ œ œ
vo - a, vo - a, vo - a, vo - a, trem, o trem, o trem, o trem, can - ta, can - ta, can - ta, vai,
? ˙ œ œ œ. œ ˙ #w
J
vai pe - lo ar, o trem vai,
bœ U
˙. bbb
54
& œ #œ œ œ w
can - ta pe - lo ar, no ar...
U
& #œ œ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ bw bbb
can - ta pe - lo... can - ta pe - lo ar, pe - lo ar...
U
V œ œ œ œ b˙. œ œ bw bbb
bUw
can - ta pe - lo ar, pe - lo ar...
? œ œ œ œ b˙ œ
bœ bbb
can - ta pe - lo ar, pe - lo ar...
Trenzinho do Caipira - 7
q = 100
˘
bbb
57
& ∑ ∑ œ. œ œ Œ
J
Ca - fé
b ˘
&bb ∑ ∑ œ. œ œ Œ
J
Ca - fé
b
Vbb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
Não, ca - fé com pão, bo - la - cha não (...)
? bb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
b
Fé com pão, bo - la - cha não, ca - fé com pão (...)
b b ˘œ . ˘ ˘
‰ œj
60
& b œ œ Œ œ. œ œ Œ œ. œ œ
J J J
com pão, ca - fé com pão... Lá
b ˘ ˘ ˘
j
& b b œ. œ
J
œ Œ œ. œ œ
J
Œ œ. œ
J
œ ‰
œ
com pão... ca - fé com pão... Lá
b
Vbb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
? b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
bb
b j j j
‰ œj œ œ j
63
&bb œ œ j œ œ
œ œ œ œ. œ œ œ
vai o trem c'o me - ni - no, lá vai a vi - daIa ro -
b ‰ œj œj œ
& b b œj œ œ œ
j
œ œ.
j
œ œ œ œ œ
j
vai o trem c'o me - ni - no, lá vai a vi - daIa ro -
b
Vbb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
? bb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
b
Trenzinho do Caipira - 8
b ‰ œj œj œ j ‰ œj
66
j
& b b ˙. œ œ œ œ. œ œ
dar, lá vai ci - ran - daIe des - ti - no, ci -
b
& b b ˙. ‰ œj œj œ œ œ
j
œ œ.
j
œ œ ‰ œj
dar, lá vai ci - ran - daIe des - ti - no, ci -
b
Vbb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
? b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
bb
q = 60
69
b j ritardando.......................................
‰ Jœ œJ œ œ œ
& b b œJ œ œ œ œ ˙. œ
J
da - deIe noi - teIa gi - rar. Lá vai o trem sem des -
b j j ‰ œj j j
&bb œ œ œ œ œ ˙. œ œ œ œ œ
da - deIe noi - teIa gi - rar. Lá vai o trem sem des -
b ‰ Jœ œ œ œ œ œ
Vbb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ J J
não, ca - fé com pão... Lá vai o trem sem des -
? bb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
œ œ ˙ ‰ J J J
b
ca - fé com pão... Lá vai o trem sem des -
b . j
‰ œj
72
&bb œ œ œ
J ‰ Jœ œ œ
J
œ œ œ ˙.
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
‰ œj œ œ
b j j j j ‰ œj
& b b œ. œ œ œ œ œ œ. œ œ
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
b . ‰ Jœ œ œ
Vbb œ œ œ
J J œ œ œ
J
˙. ‰ œ
J
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
? b œ. œ œ
J
œ
‰ J
œ œ
J
œ œ œ
J
˙. ‰ Jœ
bb
ti - no pro di - a no - voIen - con - trar. Cor -
Trenzinho do Caipira - 9
b œj œ j j
75 morendo...........................
b j j j
& b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ Œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra vai...
b
& b b œj œ œ œ
j j
œ œ œ œ œ œ
j j
œ œ œ œ
j Œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra vai...
b
V b b œJ œ œ œ œ
J œ œ
J
œ œ œ
J
œ
J
œ œ œ
J
Œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra vai...
? b œJ œ œ œ œ
J
œ œ œ œ œ œ œ œ œ Œ
bb J J J J
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra vai...
bb b Óq = 100
78
& Œ ‰ œj œj œ j
œ œ œ œ ‰ œj
œœ ˙.
can - tan - do pe - las ser - ras do lu - ar, cor -
b ‰ œj œj œ j
&bb Ó Œ œ œ œ œ œœ
‰ j
˙. œ
can - tan - do pe - las ser - ras do lu - ar, cor -
b œ œ œ œ œ œ œ œ
V b b ‰ œJ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
Ca - fé com pão, bo - la - cha não, ca - fé com pão bo - la - cha não, ca - fé com pão bo - la - cha
? b ‰ œj œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
bb
não, ca - fé com pão bo - la - cha não, ca - fé com pão bo - la - cha
b j
81
j
&bb œ œ œ œ œ œ œ œ ˙. œ œ
˙.
ren - doIen - treIas es - tre - las a vo - ar, no ar, no
b
& b b œj œ j
œ œ œ œ œ œ ˙. œ œ
˙.
ren - doIen - treIas es - tre - las a vo - ar, no ar, no
b œ ‰ œ ‰ œ ‰ œ ‰ œ ‰ œ ‰ œ ‰ œ ‰
Vbb œ œ œ œ œ œ œ œ
J J J J J J J J
não, ca - fé com pão bo - la - cha não, ca - fé com pão, bo - la - cha
? bb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
b
não, ca - fé com pão bo - la - cha não, ca - fé com pão bo - la - cha não, ca - fé com pão bo - la -cha
Trenzinho do Caipira - 10
bbb
84 ritardando.......................................
& Œ Ó ‰ j w
œ. ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿
ar. Ca - fé com pão, bo - la - cha não!
b w
&bb Œ Ó ‰ j
œ. ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿
ar. Ca - fé com pão, bo - la - cha não!
b
V b b œJ ‰ Jœ ‰ Jœ ‰ Jœ ‰ ‰ ¿ ¿
J
¿ ¿ ¿ ¿ ¿ w
não, bo - la - cha Ca - fé com pão, bo - la - cha não!
? b œj ‰ œj ‰ œj ‰ œj ‰ j w
bb ‰ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿ ¿
não, bo - la - cha Ca - fé com pão, bo - la - cha não!
q = 100
bbb
87
& ∑ ∑ ∑
b
&bb
œ œœ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œœ œ
Tem, va-le quem tem, va-le quem tem, va - le quem tem, va - le quem tem, va-le quem tem, va-le quem
b j j j
V b b œ. œ ˙ œ. œ ˙ œ. œ ˙
Quem tem, quem tem, quem tem,
? bb ‰œ œ ‰ œ œ ‰ œ œ
b ˙. ˙. ˙.
Tem, só quem tem, só quem tem, só quem
b j ‰ j œj œ
90
&bb Ó Œ ‰ œj œjœ œ œj
œ œ œj œ . œ œ œ œ
Uh! uh!
b
&bb
œ œ œ œ ˙ w w w
tem, va - le quem tem. Uh!
b j j j j
V b b œ. œ ˙ œ. œ ˙ œ. œ ˙ œ. œ ˙
quem tem. Uh!
? b w w w w
bb
tem. Uh!
Trenzinho do Caipira - 11
(Falado:) O passado se faz presente. O trem passa, a vida passa e eu continuo ausente. O tempo passa
bb
94
& b ˙. ‰ j j j j ‰ œj
œ œ œ œ œ œ œ. œ œ
uh! uh!
b
&bb . j j j
œ ˙
œ nœ ˙ œ. nœ ˙ œ.
uh!
b
Vbb w w w
uh!
? b w w w
bb
uh!
b b œj œ œ
e as coisas passam pelo tempo. (texto: Adrielly Fontes / Flávia Andressa)
‰ œj œ œ œ
97
& b œ œ j œ œ œ ‰ J
œ ˙
Lá vai o trem, o trem, o
b j ‰ œj j œ
& b b œ. j
œ ˙ œ. œ œ œ œ œ œ J
uh! lá vai! Lá vai o trem c'o me -
b œ. ‰ œj œ œ œ œ œ
Vbb w œ œ
J J J
uh! lá vai! Lá vai o trem c'o me -
? b ˙ ‰ Jœ œ œ ˙. ‰ œJ
bb w
uh! Lá vai o trem, o
b œ œ3 œ œ3 œ œ œ ‰ œj
100
œ œ œ œ œ œ œ.
&bb œ
3 3
J
trem c'o me - ni - no, pro di - a no - voIen - con - trar. cor -
b
3
‰ j
3 3
&bb ˙ œ ˙
3
œ œ œ œ œ œ ˙. œ
œ
ni - no pro di - a no - voIen - con - trar. cor -
b
Vbb ˙ œ ˙ œ œ œ œ œ œ œ ˙. ‰ œ
3 3 3 3
J
ni - no pro di - a no - voIen - con - trar. cor -
? bb œ œ3 œ œ œ3 œ œ œ ˙. ‰ Jœ
3 3
b œ œ œ œ
trem c'o me - ni - no, pro di - a no - voIen - con - trar. cor -
Trenzinho do Caipira - 12
b œj œ j j
103
b
& b œ œ j j j
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra, vai pe - lo
b j
& b b œj œ œ œ
j j
œ œ œ œ œ
j j
œ œ œ
œ œ œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra, vai pe - lo
b j œ
V b b œJ œ œ œ œ
J
œ œ
J
œ œ œ
J
œ œ œ œ J
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra, vai pe - lo
? b œJ œ j œ œ
œ œ
j
œ œJ œ
j
bb œ œ œ J œ œ œ
ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la ser - ra, vai pe - lo
b ‰ œj œj œ j
106
& b b ˙. œ œ j œ œ œ j
œ œ œ
mar, cor - ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la
b ‰ œj œj œ j
& b b n˙. œ œ œ
j œ œ œ j
œ œ
mar, cor - ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la
b œ œ
V b b ˙. ‰ œ
J
œ œ
J
œ
J
œ œ
J
œ œ œ
J
mar, cor - ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la
? bb j j œ œ œ
b ˙. ‰ œ œJ œ œ œ œ œ œ J
J
mar, cor - ren - do vai pe - la ter - ra, vai pe - la
b j
109
&bb œ œ œ j w
œ œ ˙. bœ œ b˙ œ
ser - ra, vai pe - lo mar, no mar, vai no ar!
b
&bb j j w
œ œ œ œ œ ˙. bœ œ b˙ œ
ser - ra, vai pe - lo mar, no mar, vai no ar!
bb j j w
V b œ œ bœ œ œ n˙. bœ nœ b˙ œ
ser - ra, vai pe
w
- lo mar, no mar, vai no ar!
? bb b œ œ bœ œ œ ˙. bœ œ b˙ œ
b J J
ser - ra, vai pe - lo mar, no mar, vai no ar!