Resumo - O Fim Da História e o Último Homem
Resumo - O Fim Da História e o Último Homem
Resumo - O Fim Da História e o Último Homem
Para mostrar a importância disso, ele usa Hegel para refutar a concepção
materialista da história e afirmar que o homem não é apenas um animal
econômico, um animal que produz riquezas, mas é também um ser que luta por
reconhecimento. Esse desejo de reconhecimento leva os homens à luta por prestígio
e a reivindicarem para si valor e dignidade.
Ele explica que a história não precisa nem deve abrir mão de uma explicação
econômica e a concepção do “reconhecimento” pode corrigir e ampliar a
perspectiva econômica uma vez que permite recuperar uma visão histórica não-
materialista, no sentido da versão marxista, e mais completa como compreensão da
motivação humana.
Mas nem sempre a religião se mostra inclinada à tolerância e à igualdade, e ela não
cria per se sociedades livres. Na Inglaterra, por exemplo, o liberalismo político levou
ao fim as guerras religiosas entre católicos e protestantes e desarmou a religião, que
se tornou tolerante. E não ocorreu apenas na Inglaterra: o liberalismo, ele diz,
derrotou a religião na Europa.
Em relação aos hábitos mentais, a América Latina produziu classes extremamente
estratificadas, mutuamente hostis, voltadas para si mesmas. Isso se reflete na
duração da escravidão no Brasil, por exemplo, com uma classe de senhores
violentos e ociosos e um amplo contingente de escravos ociosos com pouca noção
de liberdade.
A outra causa do fracasso do desenvolvimento econômico da América Latina ele
chama de “explicação de natureza programática”, isto é, a América Latina, assim
como outras partes do Terceiro Mundo, nunca tentou o capitalismo seriamente.
Esses países são prejudicados por tradições mercantilistas que herdaram de suas
ex-metrópoles da Península Ibérica dos séculos XVII e XVIII, além de o poder do
Estado ser usado para favorecer as classes superiores, que sempre procuraram
imitar as classes superiores da Europa, diferentemente de países como a Inglaterra,
onde emergiu uma classe média empreendedora.
Para ele, no decorrer da história, a humanidade viveu uma luta permanente entre
diferentes formas de organização política e social, o que levou sempre ao triunfo de
umas sobre outras, ao diálogo e refutação de umas às outras. O resultado disso é
que parece não haver alternativa viável à democracia liberal porque essa forma de
governo se mostrou a única em que as pessoas não demonstram descontentamentos
radicais com seu modo de vida. Isso parece ter levado a história a um desfecho no
sentido de que chegamos a uma conclusão desse diálogo. Há outro fator que pesa a
favor das democracias liberais: as guerras entre elas são raras, ou inexistentes. As
relações entre nações democráticas são predominantemente pacíficas.
Considerações finais
Vinte e cinco anos depois, o livro de Fukuyama continua atual em muitos aspectos.
Não há dúvida de que se trata de uma obra de primeira importância sobre o mundo
contemporâneo, uma interpretação histórica erudita e perspicaz que deve
permanecer como uma referência. Longe de esgotar a obra, esse resumo objetivou
apenas esclarecer alguns pontos de maior relevância tratados ali.
Ele tem o mérito de não propor uma nova utopia social e de entender até que ponto
podemos construir uma sociedade mais ou menos igualitária depois das tragédias
que representaram o fascismo e o comunismo. Também não idealiza o capitalismo.
Sua proposta de entender a história a partir do conceito de “luta pelo
reconhecimento”, sem com isso abrir mão de outros horizontes, como a história
econômica, é bem justificada e bem desenvolvida com um diálogo que vai de Platão,
passando por Hobbes, Locke, Hegel, Nietzsche, entre outros.