Resumo - Cap 7 Livro Introdução Às Ciências Do Mar

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Livro: Introdução às ciências do mar

Resumo cap 7

Pressão é definida como força por unidade de área. A pressão atmosférica nada mais é do que
a força exercida pelo peso de uma coluna de ar por unidade de área na superfície da Terra

O ar é composto por vários gases e quando aquecido expande e fica mais leve, processo
chamado de expansão térmica. Quando a densidade do ar fica menor, devido ao aquecimento,
a pressão torna-se mais baixa (FIG. 7.2). Igualmente, se o ar é resfriado, torna-se mais denso e
a pressão aumenta. Tanto o ar quanto a água fluem de regiões de maior pressão para regiões
de menor pressão. No caso do ar, esse fluxo cria correntes de ar, que são os ventos. A
mudança de pressão, a uma distância horizontal, é chamada de gradiente horizontal de
pressão (gradiente significa a taxa de variação de um parâmetro em função da distância).
Quanto maior for o gradiente (variação) mais fortes serão os ventos. Pode-se comparar um
gradiente a uma rampa de skate (neste caso, um gradiente topográfico). Quanto mais íngreme
for uma rampa, maior será a velocidade do skate em descida. No caso dos oceanos, a água
pode ser empilhada na costa, causando um aumento de pressão (maior peso) nesta área. Da
mesma forma, a água vai fluir da região de maior pressão para a de menor pressão, criando
uma corrente marinha. Tanto na atmosfera como nos oceanos, o vento e a corrente tentam
eliminar gradientes de pressão ou restabelecer o equilíbrio. A natureza sempre tenta, senão
eliminar, pelo menos minimizar esses gradientes (diferenças).

O aquecimento nos trópicos (contorno vermelho) faz com que o ar fique menos denso
(moléculas mais espaçadas) e suba, gerando uma baixa pressão. Resfriamento nos polos
(contornos azuis) faz com que o ar fique mais denso (moléculas mais agrupadas) e desça,
gerando alta pressão. Devido ao gradiente estabelecido é gerada uma circulação do ar
conhecida como células de Hadley.

As correntes ou os ventos não fluem exatamente da maior para a menor pressão. A rotação da
Terra causa uma deflexão nesses fluxos de grande escala, chamada de efeito de Coriolis.

No Hemisfério Sul (HS), ventos e correntes defletem para a esquerda, enquanto no Hemisfério
Norte (HN) defletem para a direita. Isso porque a rotação da Terra relativa ao Polo Sul é
horária. Já em relação ao Polo Norte, a rotação da Terra é anti-horária

Quando alcança um valor crítico nas latitudes médias fica instável, apresentando então um
caráter ondulatório. As instabilidades associadas ao fluxo são responsáveis por manter as
células meridionais de Hadley confinadas até próximo das latitudes de 30°S e 30°N. Essas
instabilidades quebram as células de Hadley, que se estenderiam do Equador aos polos, se a
Terra não girasse (ou seja, se o efeito de Coriolis não existisse) e criam as células de Ferrel, que
se estendem de 30° até aproximadamente 60° de latitude nos dois hemisférios (FIG. 7.5d).

Dessa circulação geral emergem os principais padrões de ventos. Assim, os ventos alísios são
os fluxos de níveis baixos das células de Hadley, que sopram de sudeste no HS e de nordeste
no HN (FIG. 7.6). Esses ventos encontram-se aproximadamente na linha do Equador, formando
o que se conhece como Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Uma vez que a ZCIT recebe
o ar quente e úmido das zonas trópicas dos dois hemisférios aliado à alta convecção,
caracteriza-se por elevada precipitação. As regiões entre as células de Hadley e Ferrel, por
serem regiões de alta pressão, estão associadas à subsidência de ar frio e seco e à divergência
dos ventos próximo à superfície (FIG. 7.2). Como consequência, são regiões secas, de baixa
precipitação. Os cinturões de vento de oeste sopram entre 30° e 60° de latitude. Note que há
uma variação longitudinal nesse padrão geral de ventos, devido à alternância de continente e
oceanos, principalmente no HN. Isso causa um aquecimento/resfriamento diferencial. Nas
regiões polares do HN, os oceanos são relativamente mais quentes do que os continentes; por
esse motivo, áreas de baixas pressões são encontradas sobre os oceanos, caracterizadas por
movimentos na forma de giros ciclônicos. O cinturão de ventos de oeste não é contínuo. Já nas
regiões subtropicais, os oceanos são relativamente mais frios que os continentes. Portanto,
altas pressões são encontradas sobre os oceanos na forma de giros anticiclônicos.

circulação forçada pelo vento, que domina as camadas superiores do oceano, entre a
superfície e aproximadamente 1.000 m, e circulação termo-halina, que domina nas camadas
mais profundas, abaixo de 1.000 m de profundidade.

A circulação gerada pelo vento resulta da interação entre o arrasto (fricção) do vento sobre a
superfície do mar, gradientes horizontais de pressão e a deflexão de Coriolis.

No HS, a corrente da camada superficial move-se à esquerda da direção do vento. A camada


abaixo desta também deflete para a esquerda em relação à direção da corrente superficial e,
sucessivamente, para as camadas inferiores. Como resultado, desenvolve-se uma corrente
espiralada. Esse padrão de correntes é chamado de Espiral de Ekman (FIG. 7.7). Essa espiral
pode se estender até profundidades maiores que 100 m. A camada que tem a influência direta
do vento recebe o nome de Camada de Ekman de Superfície. A corrente na superfície é a 45° à
esquerda do vento no HS e à direita no HN. Repare que a uma determinada profundidade, o
sentido da corrente será oposto àquele da superfície, porém de menor intensidade. Ao
considerar a coluna de água afetada pela Espiral de Ekman, verifica-se que o transporte total
integrado verticalmente é a 90° à esquerda do vento no HS e à direita no HN.

Para entender a circulação oceânica de larga escala gerada pelo vento, começamos com o
efeito dos ventos alísios, entre 20 °S e 30 °S, e os de oeste, entre 30 °S e 40 °S, na região
subtropical do Atlântico Sul. Os ventos alísios, que sopram de sudeste, causam um transporte
de Ekman para a esquerda, ou seja, para o sul. Por sua vez, os ventos de oeste causam um
transporte de Ekman para o norte. Como resultado, há uma convergência de água na região,
entre os ventos alísios e os ventos de oeste, criando uma elevação de água no centro (FIG.
7.8). Isso leva ao surgimento de um gradiente de pressão, mais alta no centro, onde a água
está empilhada. A água vai tentar voltar, ou seja, ir da alta pressão no centro de volta para as
extremidades de onde veio. Porém, o efeito de Coriolis deflete esse fluxo de retorno para a
esquerda. Na região dos alísios a água flui para oeste e na região dos ventos de oeste a água
flui para leste. Nesse momento, a deflexão de Coriolis contrabalança a força de gradiente de
pressão e o sistema entra em equilíbrio dinâmico. Essas correntes estacionárias decorrentes
do balanço entre o gradiente de pressão e a deflexão de Coriolis são chamadas de correntes
geostróficas.

O giro subtropical do Atlântico Sul é constituído pela Corrente do Brasil (corrente de contorno
oeste), a Corrente do Atlântico Sul (corrente transversal na porção sul do giro), a Corrente de
Benguela (corrente de contorno leste) e, finalmente, a Corrente Sul Equatorial (corrente
transversal na porção norte do giro)

As correntes horizontais geradas pelo vento na camada de Ekman de superfície podem induzir
movimentos verticais. Quando esse movimento é de ascensão de águas de subsuperfície para
a superfície, dá-se o nome de ressurgência (upwelling); quando é de cima para baixo, chama-
se de subsidência (downwelling).

Geralmente as águas de subsuperfície são frias e ricas em nutrientes. Portanto, a


ressurgência traz as águas ricas em nutrientes para a zona eufótica (camada superior do
Oceano), que recebe a radiação solar, essencial para a produtividade primária, base da cadeia
alimentar nos oceanos. Por esse motivo, áreas de ressurgência são de alta produtividade
biológica

Ressurgência pode ocorrer em regiões costeiras (preferencialmente onde a plataforma


continental é estreita) ou ao longo do Equador. A ressurgência costeira ocorre quando o vento
sopra paralelo à costa, causando um movimento horizontal da costa em direção ao mar aberto
(FIG. 7.14a). Se a água é continuamente retirada da costa na horizontal, deve haver uma
reposição. Esta vem de águas de subsuperfície, o que gera o movimento vertical de ascensão
de água.

Observando a circulação atmosférica geral (FIG. 7.6), podem-se encontrar as condições


propícias à geração de ressurgência nas costas lestes dos oceanos subtropicais. Nessas áreas,
ventos intensos sopram paralelos à costa, de tal forma que o transporte de Ekman na camada
superficial é da costa em direção ao oceano aberto (à esquerda no HS e à direita no HN). Por
isso, as regiões das correntes de Benguela e das Canárias no Atlântico e das correntes do Peru
e da Califórnia no Pacífico são regiões de intensa ressurgência e, portanto, bastante produtivas
biologicamente. Como a costa do Brasil está no lado oeste do Oceano Atlântico Sul, não
existem essas grandes áreas de ressurgência intensa. Porém, em alguns pontos, ao longo da
costa, ocorrem situações propícias à ressurgência. A mais conhecida é a de Cabo Frio (RJ), local
onde a ressurgência de águas frias justifica o nome do acidente geográfico.

Ressurgência também pode ocorrer próximo ao Equador. Esse processo ocorre em todos os
oceanos e é chamado de ressurgência equatorial. A ressurgência é particularmente forte no
lado

Como dito anteriormente, a circulação termo-halina é dominante nas camadas mais


profundas, enquanto a circulação gerada pelo vento é dominante nas camadas superiores. A
circulação termo-halina é aquela que resulta de variações na densidade da água do mar, que,
por sua vez, estão associadas a ganhos ou perdas de calor e sal.

A água do mar pode ganhar calor da atmosfera e tornar-se menos densa, ou perder calor para
a atmosfera e tornar-se mais densa. Pode receber água doce proveniente de chuvas, descarga
de rios ou derretimento de gelo, tornando-se menos salina e, consequentemente, menos
densa. Por outro lado, a água do mar pode ainda evaporar e tornar-se mais salina e, portanto,
mais densa. Fica evidente que os processos que modificam a densidade da água do mar
ocorrem próximo à superfície, onde há contato com a atmosfera.

Depois que afundam, as águas perdem o contato com a atmosfera e mantêm praticamente
constante suas características de temperatura e salinidade. Pode-se dizer que suas
propriedades são conservadas. Isso é extremamente importante, porque permite caracterizar,
com pares de valores de temperatura e salinidade, corpos de grande volume de água,
formados em regiões distintas do globo, chamados massas de água. É bom salientar que as
características de temperatura e salinidade das massas de água mudam à medida que se
espalham no Oceano, devido aos processos de mistura e difusão entre diferentes massas de
água. Geralmente as massas de água podem ser caracterizadas, por um intervalo específico de
valores de temperatura e salinidade, em um diagrama T-S (FIG. 7.16a), em vez de por um único
par de valores.

Como as massas de água conservam suas características de temperatura e salinidade, mais


fáceis de serem medidas, esses parâmetros são usados para classificar os diferentes tipos de
massas de água, em quatro grandes grupos, de acordo com a posição na coluna de água: 1)
águas profundas ou de fundo (mais densas); 2) águas intermediárias; 3) águas centrais, e 4)
águas de superfície (menos densas). De todos os Oceanos, o Atlântico é o que apresenta o
mais complexo sistema de massas de água,

Portanto, as águas transportadas pela Corrente de Benguela são quentes e não frias, como
ocorre com as correntes de contorno leste dos outros oceanos. Isso tem uma consequência
curiosa para o Oceano Atlântico Sul, que é o único oceano em que o transporte de calor
resultante é em direção aos trópicos, ao invés de ser em direção aos polos. Mas esse calor não
fica nos trópicos: segue para o Atlântico Norte.

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